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I Encontro Metropolitano de Pedagogia em Ambientes Não Escolares e I Encontro Metropolitano de Educação Ambiental Participativo 1 ANAIS BELÉM PA 2013

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I Encontro Metropolitano de Pedagogia em Ambientes Não Escolares e I Encontro Metropolitano de Educação Ambiental Participativo

1

ANAIS

BELÉM – PA 2013

I Encontro Metropolitano de Pedagogia em Ambientes Não Escolares e I Encontro Metropolitano de Educação Ambiental Participativo

2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – GEAM INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – SALA VERDE POROROCA/LABIO

INSTITUTO DE TECNOLOGIA – FACULDADE DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL

Coordenação

Profa. Dra. Maria Ludetana Araújo

Profa. Dra. Luiza Nakayama

Comitê técnico-científico

Profa. Dra. Luiza Nakayama

Prof. MSc. Zedeki Fiel Bezerra

Apoio

SALA VERDE POROROCA

I Encontro Metropolitano de Pedagogia em Ambientes Não Escolares e I Encontro Metropolitano de Educação Ambiental Participativo

3

SUMÁRIO

O REAPROVEITAMENTO DE ALIMENTOS PERECÍVEIS DESPERDIÇADOS

NO COMPLEXO DE ABASTECIMENTO DO GUAMÁ

04

A DINÂMICA SOCIOECONÔMICA E AMBIENTAL DA COOPERATIVA DE

CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS (CONCAVES) – PA

05-08

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE SANEAMENTO BÁSICO NO BAIRRO DO

GUAMÁ, BELÉM-PA

09

A PERCEPÇÃO DE GRADUANDOS DE PEDAGOGIA SOBRE O LIXO NO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, DA UFPA

10

NAS ÁGUAS DO PIRACICABA: TELA VERDE COMO INSTRUMENTO DE

ENSINO E APRENDIZAGEM

11-14

TEATRO NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL ANEXO

PEDRA BRANCA, COMO FERRAMENTA PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

15-18

A RECICLAGEM DE PAPEL NO CONTEXTO DA FUNDAÇÃO CURRO

VELHO, BELÉM-PA

19

SANEAMENTO E CRESCIMENTO ECONÔMICO, NO COMPLEXO DE

ABASTECIMENTO DO GUAMÁ-PA

20

ALIMENTAÇÃO NA UFPA: CONSTRUINDO NOVOS OLHARES SOBRE

CIDADANIA UNIVERSITÁRIA

21-25

SALUBRIDADE AMBIENTAL, NA COMUNIDADE DE MARACAJÁ, PARÁ 26-28

DESTINO FINAL DO LIXO EM UMA ESCOLA DE BELÉM: UM PROBLEMA A

SER RESOLVIDO

29

PESCADORES DO RIO TAPAJÓS, OESTE DO PARÁ: UMA PERCEPÇÃO

SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

30

A PROBLEMÁTICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BAIRRO DO GUAMÁ:

VISÃO DO PESQUISADOR PAULO FERNANDO NORAT CARNEIRO

31-33

I Encontro Metropolitano de Pedagogia em Ambientes Não Escolares e I Encontro Metropolitano de Educação Ambiental Participativo

4

O REAPROVEITAMENTO DE ALIMENTOS PERECÍVEIS DESPERDIÇADOS NO

COMPLEXO DE ABASTECIMENTO DO GUAMÁ

Adriana Moreira de Lima

1*; Sâmia Rafaela Maracaípe Lima

1; Luiza Nakayama

2; Maria Ludetana

Araújo2; Márcia Francineli da Cunha Bezerra

2

1Graduanda de Engenharia Sanitária e Ambiental, UFPA;

2Sala Verde Pororoca/GEAM, UFPA

*E-mail: [email protected]

RESUMO O bairro do Guamá é o mais populoso do município de Belém, chegando a ter, de acordo

com o último censo do IBGE (2010), um total de 94.610 habitantes, sendo considerado

um dos mais carentes da cidade. Este bairro, por sua vez, abriga o Complexo de

Abastecimento do Guamá, onde foi observado um grande desperdício de alimentos que

ainda apresentavam boas condições de consumo, que serviria ao menos para um parcial

aproveitamento. O objetivo deste estudo foi realizar um levantamento sobre o

reaproveitamento de alimentos perecíveis, desperdiçados no Complexo de Abastecimento

do Guamá, por meio de entrevistas com questionário, contendo perguntas

semiestruturadas, em uma amostra de dez feirantes, no dia 26 de fevereiro de 2013. Foi

constatado que cada feirante comercializa em média 10 caixas de alimentos

semanalmente, das quais, pelo menos, o equivalente a uma caixa ia diretamente para o

lixo (40% do alimento são descartados). Para evitar o desperdício, alguns feirantes tomam

algumas medidas preventivas: faz poupa para venda (10%); baixa o preço ao final da feira

(20%); já compra de acordo com a demanda (10%); doa para os criadores de animais do

bairro, que vem buscar as sobras na feira (10%) e leva a sobra para consumo próprio

(10%). A maioria declarou saber o significado da palavra saneamento. Alguns alegaram

que: “a maioria não cuida do lixo e não respeitam o horário da coleta de lixo”; “alguém

poderia nos ensinar maneiras de como aproveitar os alimentos”. Considerou-se

interessante o fato dos feirantes manifestarem o desejo de aproveitar cascas, talos de

frutas, raízes e vegetais, o que propiciaria aos residentes e vendedores do bairro, uma

estratégia nutricional mais saudável de alimentos perecíveis, uma maior economia e

melhor relação ecológica com o meio ambiente em que vivem. Além disso, reduziria o lixo

no complexo e construiria novos hábitos alimentares, evitando problemas de saúde

pública, com graves consequências para o desenvolvimento local e assegurando uma

melhor qualidade de vida para todos.

Palavras-chave: Alimentos. Feira. Reaproveitamento. Meio Ambiente. Salubridade.

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A DINÂMICA SOCIOECONÔMICA E AMBIENTAL DA COOPERATIVA DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS (CONCAVES) – PA

Alessandro Farias de Matos

1; Ben – Hur Rufino de Lima

1; Lais Caroline Feitosa da Silva

1; Luiza

Nakayama2; Maria Ludetana Araújo

2; Thaís Santos

2*

1Graduando(a) de Engenharia Sanitária e Ambiental, UFPA;

2Sala Verde Pororoca/GEAM, UFPA

*E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO A Política Nacional de Resíduos Sólidos (2010) veio reforçar o viés social da reciclagem com a participação dos catadores, organizados em cooperativas ou associações, um modelo que está sendo exportado pelo Brasil para outros países em desenvolvimento. Com relação à eficiência das cooperativas a sua instalação, elevou-se a quantidade de material coletado, à medida que mais recursos, como: a aquisição de veículos de coleta e de equipamentos de separação e transformação, os quais agregam valor aos materiais, e, consequentemente, aumentam a renda gerada. Cabe ressaltar, que a implementação de campanhas de conscientização e sensibilização disponibilizadas em todos os meios de comunicação também agregou valor às cooperativas (CEMPRE, 1997). Em vista do exposto, o objetivo do presente trabalho foi analisar a dinâmica socioeconômica e ambiental da Cooperativa de Catadores de Materiais Reciclaves – Concaves, instalada em Belém –PA. METODOLOGIA Inicialmente realizamos uma entrevista com o presidente da Concaves e aproveitamos para solicitar permissão para entrevistar, com perguntas semiestruturadas, os cooperados. As perguntas deste questionário versaram sobre o perfil socioeconômico e ambiental dos cooperados e sobre a própria Concaves. Consideramos esta pesquisa de caráter qualitativo, descritivo e exploratório. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os Concaves possuem custos fixos, que basicamente são os impostos como: IPTU, telefone, internet, água e luz. A cooperativa possui 30 cooperados cadastrados, mas apenas 15 estão em atividades. Desse percentual, só conseguimos entrevistar 9, em vista de estes trabalhadores passarem a maior parte do tempo fora da cooperativa. O perfil socioeconômico e ambiental do catador de material reciclado Os catadores entrevistados possuem em média 10 anos de experiência de trabalho e 89% são do sexo feminino. A faixa etária é 33% de 18 a 25 anos; 11% de 26 a 35 anos; 11% de 35 a 45 anos; 33% de 45 a 55 anos e 11% acima de 65%. Todos os catadores, com o trabalho na cooperativa, recebem menos de um salário mínimo e por isso são unânimes em declarar que “essa quantia de dinheiro não dá para sustentar a família, por isso quase todos os membros da família necessitam trabalhar”. Assim, como estes catadores normalmente não possuem renda fixa, fazem outros trabalhos-“bicos”- para completar sua renda mensal. Quanto à escolaridade (Figura 1), aproximadamente 20% se autodenominou analfabeto e aproximadamente 45% informou que possuía ensino médio completo ou incompleto. Consideramos surpreendente este fato, pois profissões que não exigem instrução formal tais como caranguejeiros (MELLO et al., 2006) e pescadores artesanais (RIBEIRO et al,

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2009; CARVALHO Jr. et al., 2009, 2011; SANTOS FILHO et al., 2011) nos estados do Pará e Amapá é composta, em sua maioria, de profissionais com baixa escolaridade.

Figura 1. Grau de escolaridade dos catadores da Concaves, em 2013.

Desses catadores entrevistados, 89% moram no bairro da Terra Firme e o restante no

bairro do Guamá, os quais são adjacentes. Estes entrevistados em sua maioria (56%)

moram em casa alugada e 44% em casa própria, sendo essas residências construídas de

madeira (67%) e o restante (33%) de alvenaria. Além disso, nestas residências moram em

torno de 2 a 5 pessoas (66%). Estes dados corroboram com os de outras profissões

consideradas de baixa renda como catadores de caranguejo e pescadores ornamentais

(MELLO et al., 2006; RIBEIRO et al, 2009; CARVALHO Jr. et al., 2009, 2011; SANTOS FILHO et

al., 2011).

Portanto, os dois bairros são caracterizados como local habitado por pessoas de “baixa

renda”, que, de certa forma, estigmatiza os moradores, citando Freitas (2003) que afirma

ser o endereço um dos critérios de diferenciação, complementando: Para as gerações passadas, o endereço é apenas um indicador de estratificação social, indicador de renda e mesmo pertencimento de classe. Hoje, o endereço não é apenas um indicador de subalternidade econômica ou de estratificação social. Certos endereços também trazem consigo o estigma das áreas urbanas subjugadas pela violência e a corrupção dos traficantes e da polícia. (FREITAS, 2003, p.122).

Para os catadores o significa sua profissão? Inicialmente indagamos os catadores sobre: “O que é lixo para você?” e 90% responderam: “é o que não dá para me aproveitar”. Consideramos que para o catador, o lixo seria o que ele realmente não consegue aproveitar/reciclar. Quanto à questão: “Qual a maior dificuldade que você encontra na sua profissão?” Dos entrevistados, 10% responderam a timidez; 20% reconhecimento e 70% o preconceito da sociedade para com as pessoas trabalham com a catação dos resíduos sólidos. Em relação a: “Qual a importância da sua profissão para o meio ambiente?” Os catadores foram unânimes em afirmar que “eles ajudam muito o meio ambiente, recolhendo os resíduos sólidos da natureza”. Percebemos pelas respostas obtidas às três perguntas que os catadores têm percepção sobre a importância da sua profissional, embora sofra com a falta de reconhecimento pela sociedade, fato já destacado por Oliveira et al. (2013). A dinâmica econômica da Concaves Basicamente o ciclo produtivo do Concaves consiste em: catação, triagem e comercialização (Figura 2).

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Figura 2. Ciclo produtivo da coleta seletiva do Concaves. A= catação; B= triagem; C= comercialização.

A obtenção do material reciclável é feita por: 1. catação realizada diariamente pelos catadores e 2. doações e parcerias feitas com os órgãos estaduais, federais e empresas privadas; estas ações são beneficiadas pelo “marketing verde” favorecendo o recebimento de certificação ambiental para as empresas participantes (Figura 2A). Após o recebimento do material de diferentes origens, é realizada a triagem no galpão da cooperativa, selecionando o que será reaproveitado e vendido (Figura 2B). A comercialização para as empresas que trabalham com a reciclagem, a Ripel Reciclagem e a Plamax Empreendedora Social é realizada pelos atravessadores ou diretamente pela própria empresa. No entanto, as duas empresas só se deslocam para arrecadar o material reciclável na cooperativa, com condução própria (Figura 2C), se a Concaves tiver um estoque de no mínimo 5 toneladas. Os preços de cada material são tabelados pelas empresas. Os materiais recicláveis mais comuns arrecadados na cooperativa são: papel (a maior parte), papelão, plástico (principalmente garrafas pet) e metais como: alumínio e cobre, os quais são mais difíceis de serem encontrados e os mais rentáveis; por exemplo, o cobre no mercado custa em torno de 10 a 12 reais o quilograma, sendo que o papel não chega a 20 centavos o kg. Na hora do “rateio”, a distribuição da renda é feita por merecimento, ou seja, proporcional ao material coletado. Mas, apesar do “mundo trabalho e pouco dinheiro” alegado por um entrevistado, “considera que uma das vantagens de trabalhar na cooperativa, é a união, pois com o trabalho coletivo arrecadam um número maior de matérias recicláveis”. Além disso, consideramos que o catador sozinho não usufrui de benefícios, principalmente dos órgãos públicos, ou seja, o catador fora da cooperativa se torna invisível para a sociedade e para os órgãos públicos. Neste sentido, os antigos catadores de rua de Belém, se transformaram em profissionais e aprenderam a gerenciar suas tarefas, visando à produção, à sobrevivência e ao lucro, além de adquirirem auto-estima e respeito. Acreditamos que o desafio do momento é aparelhar a Concaves e mobilizar os catadores, no sentido de capacitar estes profissionais, uma vez que a maioria possui ensino médio, a fim de que eles possam exercer este importante papel, definido pela nova Política Nacional de Resíduos Sólidos (2010). CONSIDERAÇÕES FINAIS Consideramos que apesar de todos os problemas enfrentados pelos catadores, a Concaves traz à sociedade paraense um modo mais humanitário de se beneficiar dos resíduos sólidos. AGRADECIMENTO A Concaves por ter permitido que entrevistássemos seus associados.

C A B

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO Jr, J. R.; FONSECA, M. J. C. F.; SANTANA, A. R.; NAKAYAMA, L. O

conhecimento etnoecológico dos pescadores Yudjá, Terra Indígena Paquiçamba, Volta

Grande do Rio Xingu – PA. Tellus, n. 21, p. 123-147, 2011.

CARVALHO Jr., J. R.; CARVALHO, N. A. S. S.; NUNES, J. L. G.; CAMÕES, A.;

BEZERRA, M. F. C.; SANTANA, A. R.; NAKAYAMA, L. Sobre a pesca de peixes

ornamentais por comunidades do rio Xingu, Pará – Brasil: relato de caso. Boletim do

Instituto de Pesca, v. 35, n. 3, p. 521-530, 2009.

CEMPRE - COMPROMISSO EMPRESARIAL PARA A RECICLAGEM. 1997. Ficha Técnica 9. São Paulo: CEMPRE.

FREITAS, M. V.; CARVALHO, P. F. Políticas públicas: juventude em pauta. São Paulo:

Cortez, 2003.

MELLO, C. F.; BELÚCIO, L. F.; NAKAYAMA, L.; SOUZA, R. A. L. (2006). Perfil sócio-econômico dos tiradores de caranguejo-uçá nos manguezais de Marapanin, Pará - Brasil. Rev. ciênc. Agrár., Belém, n. 45. p. 223-233, jan./jun. ISSN. 1517-591X. OLIVEIRA, M. M.; LUDWIG, M. P.; GRIFFITH, J. J.; SILVA, P. F. G. Catadores de materiais recicláveis e suas representações sociais sobre lixo e trabalho. Disponível em: http://proex.pucminas.br/sociedadeinclusiva/Vseminario/Anais_V_Seminario/meio/comu/CATADORES%20DE%20MATERIAIS%20RECICLAVEIS%20E%20SUAS%20REPRESENTACOES%20SOCIAIS%20SOBRE%20LIXO%20E%20TRABALHO.pdf. Acesso em: 17.05.2013. POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS. Lei Nº 12.305, de 2 de agosto de 2010.

RIBEIRO, F. A. S.; CARVALHO Jr., J. R.; FERNANDES, J. B. K.; NAKAYAMA, L. Cadeia

produtiva do peixe ornamental. Panorama da Aqüicultura, v. 112, p. 1-10, 2009.

SANTOS FILHO, A. P.; SILVA, L. M. A.;; BITTENCOURT, S. C. S.; NAKAYAMA, L.;

ZACARDI, D. M. Levantamento socioeconômico da atividade pesqueira artesanal na Vila

do Sucuriju, Amapá, Brasil. Boletim Técnico-Científico do CEPNOR, n. 1, v. 11, 2011.

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ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE SANEAMENTO BÁSICO NO BAIRRO DO GUAMÁ, BELÉM-PA

Ananda Modesto1*

; Tainá Reis1; Maria Ludetana Araújo

2; Luiza Nakayama

2

1Graduanda de Engenharia Sanitária e Ambiental, UFPA;

2Sala Verde Pororoca/GEAM, UFPA *E-mail: [email protected]

RESUMO Com base no último censo do IBGE, o Guamá possui um total de 94.610 habitantes, sendo considerado um dos bairros mais populosos de Belém. Este trabalho tem como objetivo principal analisar as condições de saneamento básico e a qualidade dos serviços públicos no que se refere ao abastecimento de água, coleta de lixo e ao destino do esgoto doméstico ofertados no bairro do Guamá. Verificamos que, em geral, os moradores são atendidos pela Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), sendo que 45% disseram que a água não é transparente, 39% que ela tem um gosto e cheiro, mas não souberam descrevê-los e apenas 19% consideraram a água normal (sem cheiro, gosto ou sabor). Quanto à coleta de resíduos sólidos, 52% os entrevistados disseram que a coleta pela Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) é diária; 33% citaram 3 vezes por semana; 11% duas vezes e apenas 4% citaram 1 vez por semana, assim, consideramos que grande parte do bairro é atendida pela coleta frequente, apenas nos locais de difícil acesso (ruas estreitas ou muito esburacadas), que a coleta de resíduos sólidos fica prejudicada. Contudo, verificamos que os moradores não dispõem o lixo de forma adequada, podendo gerar, como eles mesmos citam, obstrução do sistema de drenagem, causando enchentes constantes e mau cheiro (58% dos moradores), quando chove; já 42% dizem não sofrerem com os problemas causados pela chuva. Outro fator considerado foi a limpeza urbana, que de acordo com os relatos dos moradores, é realizada: com frequência (24%) e 38% esporadicamente pelo órgão responsável; 21% citam que não é realizada e 17% que a limpeza dos logradouros é realizada pelos moradores, portanto, consideramos que o serviço de limpeza pública é deficitário no bairro. Conforme citado, existem serviços de saneamento mais frequentes nas ruas principais do bairro do Guamá, enquanto os moradores em logradouros mais afastados ainda não recebem o tratamento adequado de resíduos sólidos, tais como: coletas periódicas e disposição de contêineres nas ruas, para coleta de lixo. Vale considerar que a própria população, na maioria das vezes demonstra certo descaso com os serviços públicos e jogam, indiscriminadamente, seus resíduos no meio urbano, causando sérios impactos no meio ambiente. A situação evidencia que é necessário investimento por parte dos órgãos competentes, programas de planejamento urbano, além de medidas educativas contínuas, que despertem a sensibilização, promovendo a melhoria da qualidade de vida no bairro do Guamá. Palavras-chave: Saneamento. Água. Resíduos sólidos. Lixo. Saúde.

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A PERCEPÇÃO DE GRADUANDOS DE PEDAGOGIA SOBRE O LIXO NO INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, DA UFPA

Edilaine do S. Magno Bentes

1*; Neusani Oliveira Ives

2; Mayra da Silva Corrêa

2; Maria Ludetana

Araújo2; Luiza Nakayama

2

1Graduanda de Pedagogia, UFPA,

2Sala Verde Pororoca/GEAM, UFPA

*E-mail:[email protected]

RESUMO Considerando a Pedagogia um curso que enfatiza o processo de ensino-aprendizado em Educação Ambiental (EA), este estudo objetivou verificar como os graduandos concluintes de Pedagogia do turno da manhã da Universidade Federal do Pará percebem e lidam com o lixo no espaço do Instituto de Ciências da Educação (ICED-UFPA). Aplicamos um questionário piloto, o qual re-estruturamos algumas perguntas, após o analisarmos; também realizamos observações in loco. Assim os entrevistados, com o uso do questionário re-estruturado, apontaram o espaço externo às salas de aulas como limpos, contudo citaram que dentro das salas de aula, a maioria é displicente com seu lixo, deixando-o em cima das carteiras ou no chão: "Alguns colocam nas lixeiras, não vejo lixo pelo chão, mas na sala de aula os alunos da noite deixam a sala toda suja, quando chegamos pela manhã, temos que esperar a moça limpar para começarmos a aula". Para as pessoas pesquisadas contribuir com a separação do lixo é apenas colocar o material descartável nas lixeiras indicada pela coleta seletiva, nas falam citam: "Apenas colocam o lixo nas lixeiras da coleta seletiva quando estão próximos; às vezes tem algum trabalho desenvolvido por pequenos grupos que estão fazendo alguma disciplina relacionada à temática, mas não vejo grandes movimentos e envolvimento de todos". Sugeriram também a necessidade de maior divulgação de palestras e oficinas com atividades de sensibilização para as pessoas despertarem para o hábito de cuidarem do lixo que produzem, assim como maior apoio dos setores superiores - diretores das faculdades, reitoria - para retirarem os copos descartáveis dos restaurantes universitários, uma vez que o plástico é o material predominante nas lixeiras da universidade. Ao perguntarmos sobre uma experiência em que os alunos tenham presenciado ou observado sobre o lixo no ICED, ouvimos o seguinte depoimento: "Teve um dia que quando chegamos para assistir aula pela manhã, a sala estava muito suja, era muito lixo, acho isso uma falta de respeito. Se eles fazem isso na sala de aula imagine na casa deles." Sobre os produtos feitos com material reciclado, os entrevistados em sua maioria citaram o seu uso como acessórios, enfeites ou brinquedos, todavia, não apontaram uma utilidade que traga contribuições ao meio ambiente: "(...) eu ainda uso uma boneca feita com garrafa pet, uso como porta-jóias. As pessoas gostam acham diferente e interessante". Ao pedirmos três palavras que relacionassem com a educação ambiental responderam: "poluição, prejuízo com a natureza e destruição". Embora os sujeitos da pesquisa estejam concluindo o curso de Pedagogia ainda apresentam um conceito limitado sobre EA, o qual precisa ser percebido de forma holística, valorizando não só os aspectos biológicos, mas o sociocultural e sua relação com o meio ambiente. Assim, chamamos para o pedagogo, que recebeu em sua formação inicial bases teóricas para trabalhar a educação ambiental e que exercerá a função social de educar, a responsabilidade de proteger o meio ambiente e de educar outras pessoas para que o respeite. Palavras-chave: Meio ambiente. Sensibilização. ICED. Pedagogia. Educação Ambiental.

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NAS ÁGUAS DO PIRACICABA: TELA VERDE COMO INSTRUMENTO DE ENSINO E

APRENDIZAGEM

Thiago Monteiro da Silva1*

; Geyklin Campos Bittencourt1; Fernanda Mendes Rabelo

2; Carlynne China

Simões2; Luiza Nakayama

3; Suzana Carla da Silva Bittencourt

3

1Graduando de Oceanografia, UFPA;

2Graduando de Biologia;

3Sala Verde Pororoca/GEAM, UFPA.

*Email: [email protected]

INTRODUÇÃO O Projeto Tela Verde é um subprojeto do Programa Sala Verde Pororoca: espaço

socioambiental Paulo Freire e visa ampliar ações em Educação Ambiental na graduação da UFPA, tendo como um dos temas norteadores a água como um bem finito.

Todas as atividades neste projeto são baseadas no princípio do aprendizado pela vivência, em reflexões e discussões em grupo, viabilizadas por exibições de filmes enviados pelo Ministério do Meio Ambiente. De acordo com a IV Mostra Nacional de Produção Audiovisual Independente:

(...) os vídeos da Mostra são realizados com o intuito de denunciar situações ambientais adversas ou abordar aspectos das sociobiodiversidade brasileira, mas também retratam o cotidiano de populações em estreita relação com a natureza ou ainda recorrrem, de forma lúdica, a animações que retratam o consumo

sustentável e a biodiversidade (MMA, 2012, folder). Neste sentido, fizemos a exibição de um documentário para alunos de graduação

de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFPA, visando sensibilizar estes alunos sobre a necessidade de promover um melhoramento na qualidade das águas dos cursos hídricos paraenses.

Cabe ressaltar que este curso proporciona aos alunos uma visão holística sobre a relação entre a saúde pública, o saneamento e o meio ambiente, visando contribuir para a melhoria da qualidade Ambiental e para o Desenvolvimento Sustentável. Além disso, os graduados poderão atuar na preservação da qualidade da água e na prevenção e controle da poluição de mananciais. Podem também projetar grandes obras e avaliar os impactos causados pelas mesmas sobre o meio ambiente (Guia do Estudante, 2013). METODOLOGIA

Dentre os 32 filmes provenientes da IV Mostra Nacional de Produção Audiovisual Independente, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), escolhemos o filme/documentário “Nas Águas do Piracicaba”, uma vez que o filme aborda os processos de degradação do rio Piracicaba-SP e a mobilização da comunidade afetada para solucionar este problema. Também consideramos este filme importante, como exemplo para a prática profissional destes estudantes, porque mostra os meios utilizados para a revitalização do curso hídrico em questão.

Após a exibição do documentário, distribuímos um questionário com perguntas semiestruturadas, abordando questões tratadas no mesmo. As perguntas foram relacionadas aos processos de degradação de recursos hídricos de Piracicaba e a mobilização regional. Também foi proposto aos graduandos que expusessem medidas, as quais devem ser tomadas para despertar na sociedade em geral uma consciência ambiental, assim como conciliar o desenvolvimento com a manutenção sustentável dos recursos hídricos.

I Encontro Metropolitano de Pedagogia em Ambientes Não Escolares e I Encontro Metropolitano de Educação Ambiental Participativo

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Para o aprimoramento dos filmes propostos para exibição pelo MMA, elaboramos perguntas relacionadas à qualidade do documentário, em relação ao som, imagem e conteúdo. RESULTADOS

Na sessão compareceram: 17 graduandos de Engenharia Sanitária e Ambiental, além das duas professoras responsáveis pela disciplina Educação Ambiental (Figura 1A) e quatro monitores (Figura 1B). Em vista de o filme ser longo (54 minutos) não foi possível realizar uma roda de conversa.

Assim, resolvemos dar um esclarecimento sobre o questionário e sobre o filme

(Figura 2). Após distribuir os questionários, solicitamos que os devolvesse após uma semana.

Por meio da análise das respostas obtidas no questionário, verificamos que os

graduandos têm noção dos processos de degradação dos recursos hídricos, como a poluição das águas, decorrentes dos processos de lançamento de esgotos domésticos e industriais sem o devido tratamento; lançamento de agroquímicos, provenientes da agricultura local e a diminuição do volume dos rios, devido à construção de barragens. No entanto, não podemos afirmar que estes conhecimentos tenham sido adquiridos durante a exibição do filme.

Os alunos apresentaram propostas que podem despertar a sensibilização ambiental, tal como: “Medidas sócio-educativas que busquem educar a partir da idade infantil sobre a importância da manutenção dos rios para a sua vida”. Vários alunos de

Figura 1: Exibição do Filme “Nas águas do Piracicaba”. A) Professoras

responsáveis pela disciplina Educação Ambiental e B) Monitores da Tela

Verde.

Figura 2: Graduandos de Engenharia Sanitária e Ambiental atentos aos esclarecimentos prestados pelos monitores.

A B

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diferentes formas sugeriram a aplicação de multas ambientais como uma alternativa emergencial; um aluno utilizou o seguinte argumento para a necessidade de aplicação destas sanções: “haja vista que mudanças culturais e de costumes talvez seja o maior desafio”.

Também foram apresentadas medidas no intuito de que se possa conciliar o desenvolvimento com a manutenção sustentável dos recursos hídricos, entre elas a conservação de matas ciliares, estudos de impactos ambientais e a realização de atividades, domésticas e industriais, dentro de um padrão ecológico.

Quanto aos parâmetros do filme em si (Figura 3), os alunos o consideraram como excelente conteúdo e uma boa imagem, o que facilitou a compreensão dos temas abordados. A qualidade do som foi considerada regular pela maioria dos estudantes, talvez devido à palestra proferida pelo Assessor Especial da Presidência e Coordenador de Projetos do Consórcio PCJ, Francisco Carlos Castro Lahöz que, embora pertinente, foi longa e pareceu ser “uma gravação de uma gravação”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Os estudantes conseguiram correlacionar os problemas causados no rio

Piracicaba- SP com os problemas dos cursos hídricos paraenses. Além disso, eles propuseram medidas de Educação Ambiental que poderiam ser adotadas, desde a tenra infância, no sentido de ampliar o conhecimento ambiental da população, levando em consideração, também, a conciliação entre desenvolvimento e a manutenção dos recursos hídricos.

Portanto, consideramos que o filme exibido oportunizou uma postura crítica sobre o tema, embora, na avaliação dos três parâmetros (som, imagem e conteúdo), os alunos tenham sugerido a necessidade de melhoria na qualidade do áudio. AGRADECIMENTOS

À Pró-reitoria de Extensão (PROEX) pela concessão de bolsa PIBEX ao segundo autor desta pesquisa.

Figura 3: Avaliação do filme “Nas Águas do Piracicaba”, pelos graduandos de

Engenharia Sanitária e Ambiental-UFPA, no ano de 2013.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Guia do Estudante, Editora Abril. Disponível em: http://guiadoestudante.abril.com.br/blogs/atualidades-vestibular/2013/01/. Acesso em: 25 de abril de 2013.

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TEATRO NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL ANEXO PEDRA BRANCA, COMO FERRAMENTA PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Jessica Abreu de Freitas

1*; Karen de Souza Tavares

1; Luiza Nakayama

2

1Graduanda de Licenciatura Plena em Pedagogia, UEPA;

2Sala Verde Pororoca/GEAM, UFPA. *E-mail: [email protected]

INTRODUÇÃO Dantas; Ribeiro; Nakayama (2012) citam que no âmbito da educação básica, o teatro pode auxiliar a criança a internalizar regras de conduta, valores, modos de agir e pensar de seu grupo social, ou seja, a ludicidade possibilita que a criança forme opiniões, estabeleça relações lógicas, integre percepções e socialize-se com outras crianças. A Escola Estadual de Ensino Fundamental Anexo Pedra Branca, aqui denominada de Escola Anexo Pedra Branca, está localizada na ilha de Cotijuba, que é a terceira maior ilha em dimensão territorial do arquipélago belenense (ficando atrás apenas de Mosqueiro e de Caratateua-Outeiro). A partir de 1994, a ilha vem sofrendo transformações significativas no que tange ao povoamento, atividades econômicas, como a agricultura de subsistência e instalação de novas atividades comerciais e de lazer (GUERRA e CARVALHO, 2003). Em vista do exposto, o objetivo deste trabalho foi uma apresentação teatral, a fim de promover reflexões sobre problemas ambientais detectados na ilha de Cotijuba. CAMINHOS METODOLÓGICOS Em março de 2012, aplicamos um questionário com perguntas semiestruturadas sobre o padrão socioeconômico, das famílias dos alunos que frequentam a Escola Anexo Pedra Branca. Também realizamos entrevistas, com questionário semiestruturado, a respeito do destino dos resíduos sólidos e sobre doenças infectocontagiosas presente, na comunidade do Poção. Aproveitamos a ocasião, para realizamos observação in loco, com intuito de conhecermos a realidade e o cotidiano das famílias. Após a análise quali-quantitativa das respostas dos questionários, constatamos o tema gerador e elaboramos as atividades pertinentes.

Figura 1. Escola Estadual de Ensino Fundamental Anexo Pedra Branca, Cotijuba-PA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Padrão socioeconômico Os residentes da Comunidade, em sua maioria, realizam trabalho informal: pesca artesanal, artesanato (ecojoias) e agricultura familiar, portanto, a renda mensal familiar é aproximadamente um salário mínimo. Como itens de despesas mensais citaram: gasolina para a rabeta1, quando necessitam de algum serviço ou atendimento na Ilha de Cotijuba ou em Icoraci, alimentação e remédios. As famílias são constituídas pela mãe, pai e por três a seis filhos.

1 Rabeta: embarcação utilizada na região amazônica, com motor a gasolina.

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Na entrevista foi comentado um caso de dengue em uma família, supostamente devido ao manejo inadequado de resíduos sólidos, pois os pais relataram a incineração incorreta, como forma de descarte do lixo, e aterro sanitário impróprio. Observações in loco Percebemos que não há coleta seletiva por parte da comunidade e do poder público. É bastante comum o acúmulo de resíduos sólidos nas vias públicas, sendo que esta situação piora no período das chuvas, na medida em que o lixo se mistura à água empoçada. Considerando estas observações e a presença de uma criança com dengue, preparamos um texto, valorizando as falas de forma lúdica, no qual além da dengue também foi inserido princípios da coleta seletiva, como alternativa para o mal acondicionamento do “lixo”. O Mosquitão A Escola Anexo Pedra Branca está localizada em área ribeirinha e é caracteriza como multisseriada, sendo a faixa etária dos alunos variando entre seis a treze anos, contudo, nem todas as crianças têm oportunidade de estudar na idade adequada, na medida em que precisam ajudar na renda mensal da família. O público-alvo desta ação foi composto de 23 alunos, sendo 13 meninas e 10 meninos. “O Mosquitão”, com duração aproximada de 5 minutos, foi encenada por componentes do nosso grupo, representando: o mosquitão, a criança, a mãe da criança, a médica e o agente de saúde. Na peça teatral (Figura 2), a mãe representa a dona de casa desatenta para vários objetos contendo água, jogados em seu quintal e seu filho, que pegou a dengue. O mosquitão (Aedes aegypt) tem um papel educativo de ensinar as crianças como se prevenirem da dengue; a médica de mostrar quais são os sintomas e a diferença da dengue clássica e hemorrágica, já o agente de saúde, de falar sobre prevenção e necessidade de não se jogar lixo, em locais inadequados. Durante a encenação percebemos um grande envolvimento das crianças com os personagens, devido o conteúdo ser contado/apresentado de forma acessível e engraçada. No decorrer de toda esta ação, percebemos que nos alunos foram apresentados a novos conhecimentos, sentimentos e atitudes. O clima de descontração permitiu também a socialização de novos pontos de vista, ampliando a capacidade dos alunos de dialogar, como pode ser exemplificado pelas falas, após a encenação: Aluno 1, cujo irmão adquiriu a dengue comentou: “Tia! lá em casa o mosquitão picou o meu irmão... Agora vou dizer pra mamãe que não se dever ter lixo e água parada no quintal.” e Aluno 2: “Eu enterro lá no quintal de casa o lixo, mas quando chove aí fica cheio de água no lixo e vem o mosquito, agora já sei o que devo fazer.”

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Figura 2. Encenação do “O Mosquitão”, na Escola Anexo Pedra Branca, PA

Em outro momento, realizamos uma prática com a metodologia ‘Bingo Ambiental’, a qual consiste em apresentar aos alunos cartelas com respostas escritas e desenhadas. Fazíamos as perguntas e as crianças marcavam a alternativa correta. Com esta estratégia didática, percebemos que a maioria sabia como prevenir-se da dengue e tratar o lixo. Esta aprendizagem significativa que constatamos, com os alunos da Escola Anexo Pedra

Branca, está de acordo com BAÍA; SANTANA; NAKAYAMA que afirmam que de todas as

atividades desenvolvidas (exibição de vídeo, mímica, gincana, jogo do passa bola e

contação de histórias): O Teatro de Fantoche como instrumento de ensino e aprendizagem em EA foi o mais eficiente em vista de ter despertado o interesse e a participação de todos, resultando em um bom nível de compreensão dos alunos de diferentes séries, portanto, concluímos que essa ferramenta pode ser introduzida, nas práticas pedagógicas das escolas (BAÍA; SANTANA; NAKAYAMA, 1999, p. 12).

CONSIDERAÇÕES FINAIS Consideramos que este trabalho, utilizando a linguagem teatral como instrumento para a Educação Ambiental, estimulou o alunado da Escola Anexo Pedra Branca a construir seu próprio conhecimento, a refletir sobre as suas atitudes e comportamentos cotidianos, principalmente em relação aos problemas ambientais do local e buscar formas de solucioná-los. A partir destas práticas educativas, pelo entusiasmo observado, esperamos que estes alunos se tornem agentes multiplicadores do conhecimento construído.

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AGRADECIMENTOS A toda equipe do eixo de educação ambiental do Projeto Pará Leitura Vai-Quem-Quer, da Universidade Estadual do Pará, pela dedicação e desempenho, pois cada integrante interpretou o seu papel com excelência. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAÍA, M. C. F.; SANTANA, A. R.; NAKAYAMA, L. Ludicidade: aprendendo a conservar o

Parque Ambiental de Belém para não acabar. Educação Ambiental em Ação, Novo

Hamburgo, n. 30, ano VIII. p. 1-12. 2009.

DANTAS, O. M. S.; SANTANA, A. R.; NAKAYAMA, L. Teatro de fantoches na formação

continuada docente em Educação Ambiental. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.38,

n. 3, p. 711-726, 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-

97022012000300012&script=sci_arttext. Acesso em: 10/05/2013.

GUERRA, G. A. D.; CARVALHO, V. R. V. Ruralidade na capital do estado do Pará: permanências e mudanças na ilha de Cotijuba. In: ARAGON, L. E. (Org.). Conservação e desenvolvimento no estuário e litoral amazônicos. Belém: UFPA/NAEA, 2003.

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A RECICLAGEM DE PAPEL NO CONTEXTO DA FUNDAÇÃO CURRO VELHO,

BELÉM-PA

Kelly Pinheiro Pantoja

1*; Cláudia Alves

1; Luiza Nakayama

2; Maria Ludetana Araújo

2; Suzana Carla da

Silva Bittencourt2

1Graduanda de Pedagogia, UFPA;

2Sala Verde Pororoca/GEAM, UFPA *E-mail: [email protected]

RESUMO A Fundação Curro Velho é uma instituição pública vinculada ao governo do Estado do Pará. O presente trabalho teve como objetivo compreender a proposta da oficina de reciclagem de papel desenvolvida nesta Fundação. Observamos e analisamos as oito etapas propostas para a produção do papel, fizemos observação in loco e entrevistas, além de aplicarmos questionários semiestruturados aos participantes da oficina. O público alvo foi constituído de doze pessoas (seis homens e seis mulheres), com faixa etária variando de 17 a 60 anos, sendo o nível de escolaridade: fundamental completo (60%), nível médio (30%) e superior completo (10%). Verificamos que as funções/profissões exercidas por estes participantes foram diversas como: estudantes, dona de casa, cozinheira, artista plástico e jornalista. Os alunos consideraram o método de ensino do professor de fácil assimilação e de acordo com a realidade dos participantes. Os alunos também gostaram da interação com o professor, o que facilitou o processo de ensino e aprendizagem. Todos os participantes tinham uma visão holística de meio ambiente (englobando os aspectos físicos, sociais, econômicos e culturais); todos tinham conhecimento da palavra reciclagem, mas nunca participaram de oficina semelhante, assim 70% fizeram a oficina para obter conhecimento sobre o processo e aplicar em suas atividades diárias e o restante, já sabiam do processo, mas ressaltaram que na prática é muito mais interessante. Cabe ressaltar que embora tenham conhecimento da problemática da reciclagem, na prática, não separam e nem reciclam seu lixo. Em todas as respostas que obtivemos sobre está nova experiência que vivenciaram, destacaram este conhecimento como um novo estímulo para preservar, cuidar e contribuir com o meio ambiente. Assim, destacamos a importância da reciclagem de papel, pois trás benefícios tanto econômico, social e ambiental; enfatizamos que práticas educativas como esta oficina de reciclagem proporcionou aos participantes uma melhor compreensão de mundo e um estímulo para ações que beneficie a si próprio e ao meio ambiente, capacitando também seus participantes- acrescentando uma nova experiência profissional na sua vida. Palavras-chave: Meio Ambiente. Educação Ambiental. Oficina. Ensino. Aprendizagem.

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SANEAMENTO E CRESCIMENTO ECONÔMICO, NO COMPLEXO DE

ABASTECIMENTO DO GUAMÁ-PA

Leandro Barbosa Mergulhão1*

; Paulo Rodrigo da Costa Pacheco1; Luiza Nakayama

2; Maria Ludetana

Araújo2; Bethânia Alves Sena

2

1Graduando de Engenharia Sanitária e Ambiental, UFPA;

2Sala Verde Pororoca/GEAM, UFPA

*Email: [email protected]

RESUMO

Após as obras feitas pela Prefeitura Municipal de Belém, em 2012, o Complexo de Abastecimento do Guamá melhorou nos aspectos da saúde ambiental, sendo adaptada às normas estabelecidas pela Diretoria de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon/PA), pela Vigilância Sanitária e pelo Ministério da Agricultura, específicas para os produtos comercializados no local. O objetivo do presente trabalho foi analisar se as ações de melhoria no saneamento na Feira Popular do Guamá melhoraram as condições financeiras dos comerciantes e o grau de satisfação dos clientes, utilizando para coleta de dados, entrevistas com questionários semiestruturados e observações in loco. A feira ganhou 387 boxes para a comercialização de produtos, sendo as principais atividades do novo complexo são produtos alimentícios. Os vendedores de carne e peixe citaram o aumento na qualidade dos produtos, devido à instalação de balcões frigoríficos adaptados, nestes boxes. Verificamos que o mercado conta com cerca de 70 boxes, os quais trabalham com carnes, pescados e alimentos prontos para o consumo, com serviço de micromedição, assim estes feirantes têm o gasto de água hidrometrado. Verificamos também estrutura de microdrenagem, com a presença de canaletas de drenagem e ralos, para o escoamento da água de lavagem do piso e dos boxes, além de estrutura de esgotamento sanitário, com a presença de coletores de esgoto conectados aos aparelhos sanitários do mercado. Também constatamos coletores de resíduos (contêineres) que estavam dispostos fechados, localizado em um ponto específico fora do mercado, a espera do serviço de transporte da Prefeitura; equipe que realiza a varrição das intermediações da feira, diariamente e um serviço proposto pela administração do mercado para desratização, a principal praga nas feiras. Tomamos conhecimento de que a Prefeitura realizou atividades de cunho de educação participativa, tendo como público-alvo os trabalhadores do Complexo, com o objetivo de: 1. incentivar a redução do desperdício de água no mercado, conscientizando os feirantes, já que o consumo de água já está sendo individualizado e contabilizado e 2. estimular novas maneiras de manipulação de alimentos e de tratamento de resíduos sólidos e esgotamento sanitário do local. Neste sentido, os feirantes aderiram ao projeto Feira Limpa, o que os torna responsáveis por cuidado pessoal de suas barracas e, coletivamente, por todo o Complexo. Consequentemente, a maioria dos consumidores afirmou um aumento significativo na qualidade de produtos oriundos de pescado e carne bovina e salientou que o Complexo com mais infraestrutura, inclusive com a instalação de pias para assepsia dos que se alimentam no local e a constante coleta e locais adequados para alocação do lixo, atraiu uma clientela mais exigente. Em vista destas declarações perguntamos aos feirantes se houve crescimento da renda mensal, após a reforma do Complexo, a maioria afirmou que sim; alguns disseram que houve pequenas mudanças e outros não quiseram posicionar sobre o assunto. Portanto, consideramos que as mudanças de infraestrutura realizadas no Complexo, assim como as ações de cunho socioambiental, as quais promoveram educação e sustentabilidade econômica foram essenciais para mudanças de atitudes dos feirantes e, consequentemente, atraindo mais clientes e aumentando as condições financeiras dos comerciantes. Palavras-chave: Sustentabilidade econômica. Ações socioeducativas. Educação Ambiental. Saúde. Higiene.

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ALIMENTAÇÃO NA UFPA: CONSTRUINDO NOVOS OLHARES SOBRE CIDADANIA UNIVERSITÁRIA

Luís Paulo Pereira Lima¹

*; Marcia Francineli da Cunha Bezerra

2; Bethânia Alves Sena

2;

Suzana Carla da Silva Bittencourt2; Luiza Nakayama

2

1Biólogo, UFPA;

2Sala Verde Pororoca/GEAM, UFPA

*E-mail: [email protected]

INTRODUÇÃO Na Cidade Universitária Prof. José da Silveira Neto – UFPA há diversos restaurantes e lanchonetes oficiais e também outros estabelecimentos distribuídos em pontos fixos, tais como os quiosques e os “Ver-o-pezinhos”, além de pontos estratégicos e improvisados, principalmente na saída dos institutos. De acordo com a Anvisa- Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a higiene pessoal dos manipuladores de alimentos, assim como do ambiente de trabalho e de utensílios utilizados para o preparo de alimentos são itens imprescindíveis para o cuidado com uma alimentação sem contaminação e de boa qualidade (BRASIL, 1999). Assim, o objetivo do presente trabalho foi tentar minimizar os problemas relacionados com a alimentação oferecida no Campus, por meio de estratégias socioambientais. Palavras-chave: Alimentação saudável. UAN. Higiene. Saúde. Segurança alimentar. METODOLOGIA No decorrer do ano de 2011, realizamos entrevistas em diferentes horários. Para os manipuladores de alimentos a conversa foi informal, cujos dados foram transcritos, assim que possível, para um diário de campo; já para os alunos-frequentadores de 3 Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN): Macacário, Ver-o-Pesinho do Setorial Básico e Ver-o-Pesinho do Setorial Profissional foi aplicado um questionário semiestruturado, baseado em Thiollent (1987). As perguntas foram referentes à infraestrutura e às condições higiênico-sanitárias, e o que poderia ser incrementado no cardápio destas unidades. Após a análise dos questionários e das entrevistas informais, espalhamos cartazes por pontos estratégicos da UFPA e distribuímos folders, convidando a comunidade universitária para uma palestra intitulada: “ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NA UFPA”, ministrada por uma nutricionista. Esta atividade foi seguida por uma roda de conversa, para sanar dúvidas e propor sugestões de melhoria de qualidade das UAN. RESULTADOS E DISCUSSÃO Entrevistas Entrevistamos, ao longo do ano de 2011, 50 pessoas em cada UAN, gerando um total de 150 questionários. Contabilizamos nestas unidades, atendimento de alunos-frequentadores de quarenta e dois cursos/atividades profissionais, sendo os Ver-o-Pesinhos: Básico e Profissionalizante (respectivamente, com 20 e 21 cursos) e oito cursos para o Macarário. O número maior de cursos nos Ver-o-Pesinhos se deve ao fato de que o Macarário é um ambiente mais reservado, atendendo mais aos cursos do ICB. No entanto, na Figura 1 estão apenas os cursos, nos quais os entrevistados responderam aos três quesitos: infraestrutura, limpeza e alimentos saudáveis. Todos os entrevistados reclamaram da infraestrutura precária, embora os alunos de Nutrição do Macarário (Figura 1A) foram o que menos reclamaram dos três itens analisados. Portanto, há urgência em organizar locais com infraestrutura que atenda às necessidades dos clientes da UFPA. Os mais diversos comentários foram registrados, principalmente o precário sistema de ventilação. Nos Ver-o-Pesinhos, os entrevistados citaram a falta de organização espacial das cabines dos pontos de venda, sendo que a maioria comentou que estão

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inconformados com a atual situação, solicitando melhorias para que estes ambientes sejam agradáveis tanto para o manipulador de alimento como para os consumidores.

Figura 1. Frequência de problemas detectado nas UAN, em relação aos curso/função dos entrevistados: A. Macacário (ICB- UFPA); B. Ver-o-Pesinho (Setorial Básico); C. Ver-o-Pesinho (Setorial Profissional).

Para uma análise mais detalhada, realizamos gráficos independentes, separando os dois itens: higiene e alimentos saudáveis. A maioria dos entrevistados do Macacário (Figura 2A) não está satisfeita com a higiene tanto do local quanto dos manipuladores (com 100% de frequência para os

B

A

C

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representantes de Engenharia de Pesca e Odontologia), no entanto, nos Ver-o–Pesinhos (Figuras 2B e 2C), alguns cursos não consideraram este item como problemático.

Figura 2. Frequência do tópico higiene obtido nas entrevistas. A. Macarário; B. Ver-o-Pesinho (Setorial

Básico); C. Ver-o-Pesinho (Setorial Profissional). A maioria dos entrevistados marcou a opção “regular e “ruim”, para o tópico higiene; em nenhuma UAN foi assinalado o item “excelente”. Apesar da higiene não ser o problema mais citado, em nossa observação in loco verificamos que a maioria dos manipuladores não utiliza material básico como touca, luva, máscara e afins. Além disso, os alimentos ficam expostos nos boxes, por várias horas, sem a refrigeração adequada. As paredes dos três locais estavam sujas, mas no Ver-o-Pesinho (Setorial Básico) é pior ainda, visto que há apenas tábuas para a divisão das cabines e não paredes com lajota, além dos boxes ficarem próximos a uma vala. A melhoria destas condições é o desejo dos usuários e dos comerciantes. Quanto ao item alimentos saudáveis (Figura 3), a maioria dos entrevistas consideram que é necessário ofertar menos alimentos industrializados e frituras, porém, alguns entrevistados de cursos, como Engenharia Naval e Administração, dentre outros não consideram que há necessidade de modificação na alimentação ofertada nos Ver-o-Pesinhos.

A B

C

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Figura 3. Frequência do tópico alimentos saudáveis obtido nas entrevistas: A. Macacário (ICB-UFPA); B. Ver-o-Pesinho (Setorial Básico); C. Ver-o-Pesinho (Setorial Profissional).

Quando perguntados o que lembravam ao escutar a frase “alimentação saudável”, as palavras mais frequentes no Macacário foram: frutas, higiene, sucos, salada e comida balanceada; no Ver-o-Pesinho (Setorial Básico) foram: frutas, higiene, saúde, qualidade, salada, legumes, verduras e natural e no Ver-o-Pesinho (Setorial Profissional) foram: saúde, higiene, qualidade, frutas, suco, natural, preparo, verdura e legumes. Consideramos, portanto, que as palavras norteadoras foram semelhantes, nas três UAN. Palestra “Alimentação Saudável na UFPA” Após a análise das entrevistas, propusemos uma palestra intitulada “Alimentação Saudável na UFPA”, direcionada às necessidades do nosso público-alvo. Para finalizar a palestra houve um debate bastante produtivo sobre nutrição saudável, doenças provocadas por alimentos, o açaí na alimentação e os casos de doenças de Chagas, dentre outros. Infelizmente, embora tenhamos nos preocupado com uma ampla divulgação na UFPA, só compareceram ao evento 15 alunos da graduação, apenas do curso de Biologia, e 5 de pós-graduação (um da SEDUC) e a professora orientadora desta pesquisa. Consideramos lamentável a ausência dos manipuladores de alimento, uma vez que esses profissionais lidam com nossa alimentação e seria uma oportunidade de divulgar os resultados desta pesquisa, a qual eles eram um alvo importantíssimo; além disso, seria a ocasião para alertá-los sobre os cuidados que devem ter com os alimentos e para divulgar

A B

C

B

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os tipos de alimento que os consumidores gostariam de ter nas UAN. No entanto já esperávamos esta ausência, pois Lippi et al. (2004) constataram que os manipuladores de alimentos do Restaurante Universitário da UFRRJ eram bastante resistentes quanto aos treinamentos e a todos os aspectos que se referia à atualização de conhecimentos, relacionados à manipulação alimentar. CONSIDERAÇÕES FINAIS No geral, não houve muita divergência nas respostas dos questionários, nas três UAN: a maior parte dos entrevistados considera que a infraestrutura dos locais de comercialização de alimento é o principal problema e as condições higiênico-sanitárias das UAN foram também insatisfatórias. Em vista do exposto, consideramos que é necessário, e urgente, novas tentativas de ministrar palestra sobre alimentação saudável, higiene e segurança alimentar para a comunidade universitária Prof. José da Silveira Neto. REFERÊNCIAS BRASIL. ANVISA – Centro de Vigilância Sanitária São Paulo. Portaria CVS-6/99. Doesp 12/03/1999. Regulamento Técnico sobre os Parâmetros e Critérios para o Controle Higiênico – Sanitário em Estabelecimentos de Alimentos. MS no326 [citado 1997 jul 30]. Disponível em: URL: HTTP://www.anvisa.com.br. Acesso em: 10 de mar. 2013. LIPPI, T. A. P.; AMARAL, T. G.; TABAI, K. C.; NASCIMENTO, M. R. F. Restaurante universitário: avaliação do serviço de alimentação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ. Rev. Univ. Rural, Sér. Ciências Humanas. Seropédica, RJ, EDUR, v. 26, n. 1-2, jan.- dez., 2004. p. 05-11. THIOLLENT, M. Crítica metodológica, investigação social e enquete operária. 5ª ed. São Paulo: Polis, 1987. AGRADECIMENTO À PROEX pela concessão de bolsa PIBEX, para o primeiro autor deste trabalho e a nutricionista Dra. Pricila Ferreira de Luna, pela palestra.

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SALUBRIDADE AMBIENTAL, NA COMUNIDADE DE MARACAJÁ, PARÁ

Luiza Nakayama

1*; Maria de Fatima Vilhena

2; Maria Ludetana Araújo

1

1Sala Verde Pororoca/GEAM;

2Instituto de Educação Matemática e Científica, IEMCI, UFPA

*E-mail: [email protected]

INTRODUÇÃO Considera-se como salubridade ambiental o estado de saúde normal em que vive uma população, tanto no que se refere a sua capacidade de inibir, prevenir ou impedir a ocorrência de endemias ou epidemias veiculadas ao meio ambiente, quanto ao seu potencial de promover o aperfeiçoamento de condições favoráveis ao pleno gozo de saúde e bem-estar (GUIMARÃES, CARVALHO e SILVA, 2013). Esta pesquisa buscou verificar a problemática da Saúde Pública, na comunidade Maracajá, principalmente relacionado à higiene, a qual subsidiou a realização de um trabalho de intervenção. Palavras-chave: Higiene. Saúde. Microorganismos. Aprendizagens significativas. Educação não formal. CAMINHOS METODOLÓGICOS Inicialmente conversamos com a líder comunitária, Dulce, para saber os principais problemas enfrentados pela comunidade Maracujá. A partir desta entrevista, ficou decidido que faríamos uma prática sobre microorganismos. No dia estipulado (01.09.2007) voltamos à comunidade, levando um microscópio óptico, cuja saída da UFPA foi previamente autorizada pela responsável pelo Laboratório de Biologia de Organismos Aquáticos (LABIO-UFPA). Realizamos uma oficina sobre Salubridade e Educação Ambiental, a qual foi dividida em duas etapas: 1. Aula sobre observação de organismos do Reino Monera e do Protista ao microscópio; 2. Mostra de exemplares de microorganismos em datashow e 3. Roda de conversa com os participantes. Nossa pesquisa tem cunho qualitativo, sendo percebida como pesquisa ação, que de acordo com Thiollent (2008, p. 14) é: “um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo”. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na oficina, compareceram 17 pessoas: a lider comunitária, quatro alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), sendo um homem; nove alunos do ensino fundamental (sendo quatro da segunda série, três da terceira e dois da quarta, com idade variando de 8 a 13 anos), 1 adolescente de 14 anos, que não frequentava a escola local e dois moradores da comunidade, sendo um homem. Na primeira etapa da atividade, explicamos aos ouvintes que havíamos trazido uma cultura de folha e raízes de alface, as quais não foram higienizadas. Colocamos uma gota da cultura em lâmina histológica- em algumas colocamos corantes e em outras não- e sobre esta uma lamínula e levamos a preparação histológica, para ser observado ao microscópio. Todos tiveram a oportunidade de examinar o material biológico presente nas lâminas. Os participantes ficaram espantados e intrigados com as bactérias e protozoários se movimentando freneticamente, quanto olharam a lâmina ao microscópio. Fizeram

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comentários: “Engraçado! Tá vivo mesmo”; “Parece coisa de mágica, que a gente só vê neste aparelhinho?” Também fizeram reflexões mais profundas, como: “Não é porque a gente não vê que os bichinhos não existem”; “eles estão aí na nossa mão suja, no nosso pé descalço, no rio sujo”; “então nos rios que a gente joga lixo também pode nascer estes bichinhos”; “se a gente não lavar bem os alimentos a gente fica doente porque têm os bichinhos que a gente não vê”; “tem que cortar as unhas para não juntar sujeira e bichinhos”; “tem gente que trabalha com alimentos e tem unheiro; falta de higiene! Trata-se de constatações já verificadas por Nakayama, Farias e Araújo (2000); Farias et al. (2001) com participantes da mesma prática sobre microorganismos, em comunidades do entorno da UFPA. Comentamos que nos cursos hídricos há também microorganismos denominados plâncton, coletados por redes especiais, que são importantes porque servem de alimentos para outros organismos aquáticos, como os peixes. Em seguida, passamos uma apresentação em power point dos principais tipos de plâncton: fitoplâncton, zooplâncton e ictioplâncton (ovos e larvas de peixes), pertencentes ao acervo do LABIO e observados nos rios e igarapés paraenses. Após estas duas etapas, realizamos uma roda de conversa, para trocarmos ideia sobre os conhecimentos apreendidos. A líder comunitária perguntou se era possível analisar a água do igarapé próximo à escola, que está com uma grande quantidade de lixo e com assoreamento. Explicamos que poderíamos marcar outra oportunidade, na qual traríamos também os equipamentos de coleta de dados físico-químicos da água como peagâmetro, condutivímetro, disco de Secchi e oxímetro. Na ocasião, aproveitamos a oportunidade para explicar como fazer uma boa higiene dos alimentos para serem consumidos. Ao ser comentado sobre as desidratação em consequências das diarreias, uma senhora da comunidade comentou a respeito do soro caseiro: “É fácil, coloca em um litro de água fervida, 2 colheres de sopa rasa de açúcar e um pouco de sal”, outra senhora complementou: “a gente precisa dar para quem está com diarreia um pouquinho deste líquido de cada vez, se for muito a criança doente pode baldiar...”. Uma senhora da EJA comentou que “era necessário mais Educação Ambiental, para

melhorar a consciência do pessoal e não jogar imundíce no igarapé”, e o senhor da EJA

complementa “...se todos cooperassem e assistissem aula de Educação Ambiental, a

gente não teria tanto lixo jogado por aí”. Percebemos que no entendimento dos dois

alunos da EJA a EA vista como a solução para os problemas ambientais dentro de citado

por Sauvé (2005, p. 318) como “um processo que visa vincular “aqui e alhures, passado,

presente e futuro, local e global, as esferas política, econômica e ambiental, entre os

modos de vida, a saúde e o meio ambiente”.

Neste clima descontraído de trocas de informações, a líder comunitária sugeriu que,

houvesse uma próxima oficina sobre “higiene íntima da mulher, doenças sexualmente

transmissível”. Esta proposta recebeu anuência do público sexualmente ativo (mulheres e

homens).

Norteamos nossas atividades em um ambiente de confiança, com a valorização do

diálogo e da autonomia dos participantes, principalmente nas rodas de conversa “porque

os sujeitos dialógicos não apenas conservam sua identidade, mas a defendem e assim

crescem um com o outro. O diálogo, por isso mesmo, não nivela, não reduz um ao outro.

[...]. Implica, ao contrário, um respeito aos sujeitos nele engajados”. (Freire, 1993, p. 118).

Assim todos se sentiram valorizados e dispostos a expor suas vivências e dúvidas.

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Além disso, planejamos as atividades cuidadosamente para evitar que ficasse apenas

uma atividade desconectada da realidade dos participantes, aludindo à Saviani (2000)

que alerta para o fato de que não é suficiente que o conteúdo programático seja apenas

“ensinado”, é necessário uni-lo de forma indissociável à sua significação humana e à

realidade social concreta.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Consideramos que vista de termos feito um planejamento cuidadoso e executado junto e

para a comunidade, avaliamos a oficina de forma produtiva para todos os participantes.

Acreditamos que o emprego das três etapas de atividades sequenciais, constituiu em

situações de aprendizagens significativas, pois estimulamos estimular os participantes a

compartilharem dúvidas, opiniões e, literalmente, manusearem para construírem

respostas, vinculadas às apreensões dos conteúdos sobre higiene e saneamento.

Além disso, consideramos que esta oficina serviu para criar bases para outras ações em

Educação Ambiental e saúde.

AGRADECIMENTOS A MSc. Angela Pantoja, pelo apoio anotando todas as ações ocorridas na oficina de Saneamento e Educação Ambiental. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FARIAS, M. S. A.; ARAÚJO, M. L.; BELÚCIO, L. F.; NAKAYAMA, L. Educação Ambiental:

Universidade e Vida. Participação - Revista do Decanato de Extensão da Universidade de

Brasília. Novembro, no. 5, ano 10, p.80-91, 2001.

FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido (2a

ed.). São Paulo: Paz e Terra, 1993.

NAKAYAMA, L.; FARIAS, M. S. A.; ARAÚJO, M. L. Fazendo Educação Ambiental com

Ciência. 52a Reunião Anual da SBPC. CDRom, 2000.

GUIMARÃES, A. J. A.; CARVALHO, D. F.; SILVA, L. D. B. Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/deng/leonardo/ downloads/APOSTILA/Apostila%20IT%20179/Cap%201.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2013.

SAUVÉ, L. Educação Ambiental: possibilidades e limitações. Educação e Pesquisa, São

Paulo, v.31, n.2, p. 317-322, 2005.

SAVIANI, D. Educação, do senso comum à consciência filosófica. Campinas: Autores

Associados, 2000.

THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 2008.

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DESTINO FINAL DO LIXO EM UMA ESCOLA DE BELÉM: UM PROBLEMA A SER

RESOLVIDO

Maiane Cristina Pureza Ramos

1; Sâmela Rodrigues Cardoso

1; Luiza Nakayama

2; Ludetana Araújo

2;

Bethânia Alves Sena2

1Graduanda de Pedagogia;

2Sala Verde Pororoca/ GEAM, UFPA

*E-mail: [email protected]

RESUMO

A escola é um espaço propício para o aprendizado, pois é o local onde cidadãos em

formação podem colocar em prática o conhecimento adquirido sobre a conscientização e

conservação do meio ambiente. O objetivo do estudo foi verificar como está sendo

desenvolvida a coleta seletiva e qual o destino final do lixo coletado na Escola de Regime

e Convênio de Ensino Fundamental Madre Rosa Gattorno. Para tanto, entrevistamos,

com apoio de um questionário semiestruturado, o coordenador pedagógico e duas

professoras desta escola, do bairro do Guamá. As professoras disseram que “lecionam

relacionando com aquilo que é vivenciado pelo aluno” e a professora C.C. complementa:

“eu sempre trabalho a questão da interdisciplinaridade, ou seja, tento fazer a relação com

as outras disciplinas, buscando trazer a realidade dos alunos; eles dão suas sugestões e

assim vamos trabalhando as aulas”. Os entrevistados relatam que a comunidade externa

não coopera, o coordenador pedagógico A.S., por exemplo, afirma que: “Em relação à

comunidade nós temos uma grande dificuldade, pois existem algumas pessoas que

acabam jogando lixo na frente da escola, infelizmente nós não contamos muito com o

apoio dessa comunidade, é uma comunidade que não participa muito”. Além disso, A.S.

comenta: “Nós não temos parceria com nenhuma cooperativa ou associação, que possa

estar se deslocando até a escola para coletar esse lixo, é algo a se pensar, é uma

proposta bem interessante; eu ainda não havia me atentado para isso”. A escola também

não oferece nenhum tipo de preparação ou formação específica para que os professores

trabalhem a coleta do lixo com os alunos, a professora N.T. reclama que: “Não recebemos

formação alguma, nós que corremos atrás, pesquisamos através da internet e livros”.

Portanto, consideramos que é necessário que seja elaborado projetos pedagógicos e

atividades relacionadas ao meio ambiente, com o intuito de reunir a comunidade escolar

em atividades sobre a educação ambiental.

Palavras-chave: Coleta seletiva. Meio Ambiente. Educação Ambiental. Problemas

Ambientais. Consciência cidadã.

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PESCADORES DO RIO TAPAJÓS, OESTE DO PARÁ: UMA PERCEPÇÃO SOBRE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Luan Freitas Rocha

1; Liliane Campos Ferreira

2; Silvana Cristina Silva da Ponte

2; Adria Juliana Sousa

da Silva2; Suzana Carla da Silva Bittencourt

3; Diego Maia Zacardi

4*

1Graduando de Engenharia de Pesca, UFRA;

2Graduanda do Programa de Recursos Aquáticos e

Aquicultura, UFOPA; 3Secretaria de Educação, PA;

4Professor do Instituto de Ciência e Tecnologia

das Águas, UFOPA *E-mail: [email protected]

RESUMO Com o objetivo de avaliar a percepção de meio ambiente dos pescadores de Miritituba, às margens do rio Tapajós, no município de Itaituba, Oeste do Pará, entrevistamos 50 pescadores profissionais e amadores, considerados pela comunidade como os mais experientes. Dos pescadores artesanais entrevistados, a idade variou entre 16 e 74 anos, sendo que a maioria (72,27%) era do sexo masculino, sendo o nível de escolaridade baixo (apenas 40,91% dos pescadores entrevistados informaram ter concluído o 1° grau). Embora poucas mulheres sejam consideradas realmente pescadoras, observamos que elas exercem um papel importante, pois, com marido e filhos, dividem as funções da atividade pesqueira, como: pilotagem das embarcações, retirada dos peixes emalhados, seguido do seu evisceramento e “ticagem”; além disso, são as principais responsáveis pelos consertos das redes de pesca. Pela forma com que se expressam, percebemos que os pescadores estabelecem uma estreita relação com o exuberante cenário desta pesquisa, apresentando laços de topofilia, que entendemos ser relações de pertencimento e admiração pelo local, do qual retiram o sustento familiar. Constatamos que todos os entrevistados têm o conhecimento correto sobre o período de proibição da atividade pesqueira na região, no período de defeso. E quando questionados sobre o declínio dos estoques pesqueiros foram unânimes em responder que esta atividade vem diminuindo, correlacionando, corretamente, a pesca ilegal como o principal fator. Percebemos que a atividade de pesca pode estar se perdendo no tempo, pois a insatisfação é visível, devido os pescadores sofrerem com a ausência de políticas públicas para o setor pesqueiro. Citaram como sugestão para melhorar a cadeia produtiva, uma maior fiscalização por parte dos órgãos responsáveis, a retirada dos pescadores ilegais e o incentivo ao cultivo (piscicultura). Consideramos que a convergência desta percepção ambiental realista e inata se associada à Educação Ambiental, permitiria a busca de caminhos e mecanismos que favoreceriam o diálogo dessa comunidade com as autoridades competentes, na tentativa de propiciar melhores condições de trabalho, maior qualidade de vida e assim exercitar o respeito ao ambiente, para esta e gerações futuras. Sendo assim, concluímos que os saberes populares e o espaço de vida desses pescadores nos reportam a importância das diretrizes da educação ambiental na comunidade. Palavras-chave: Comunidade ribeirinha. Percepção Ambiental. Pesca artesanal. Amazônia. Educação.

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A PROBLEMÁTICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BAIRRO DO GUAMÁ: VISÃO DO PESQUISADOR PAULO FERNANDO NORAT CARNEIRO

Yasmin Coelho R. da Silva

1*; Evandro Costa da Silva

1; Luiza Nakayama

2; Maria Ludetana Araújo

2;

Zedeki Fiel Bezerra2

1Graduando(a) de Engenharia Sanitária e Ambiental, UFPA;

2Sala Verde Pororoca/GEAM, UFPA

*E-mail: [email protected]

INTRODUÇÃO Os resíduos sólidos, quando não tratados adequadamente, podem se tornar um problema de saúde pública, já que favorecerem a proliferação de vetores e roedores responsáveis por doenças, tais como: diarréias infecciosas, amebíases, salmoneloses e helmintoses, dentre outras (FUNASA, 2006). De acordo com Cunha; Caixeta Filho (2002) a quantidade de resíduos sólidos produzida por uma população é bastante variável e depende de uma série de fatores: renda, época do ano, modo de vida, movimento da população nos períodos de férias e fins de semana e novos métodos de acondicionamento de mercadorias, com a tendência mais recente de utilização de embalagens não retornáveis. Em vista ao exposto o objetivo do presente trabalho foi conhecer a situação dos resíduos sólidos do bairro do Guamá, por meio de entrevista com um professor do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental, da Universidade Federal do Pará. Palavras-chave: Resíduos Sólidos Urbanos. Engenharia Sanitária e Ambiental. Saneamento. Problemas Ambientais. Belém-PA. CAMINHOS METODOLÓGICOS Entrevistamos o Prof. MSc. Paulo Fernando Norat Carneiro, carinhosamente conhecido por seus alunos como prof. Norat, devido a sua atuação em vários projetos de pesquisa em nível local relacionado à temática dos resíduos sólidos, tais como: “Estudo e definição de um modelo de gestão ambiental compartilhado e participativo de limpeza urbana para a região metropolitana de Belém – RMB”; “Projeto de caracterização dos resíduos sólidos da cidade de Belém” e “Relatório ambiental da região metropolitana de Belém”. Além disso, o entrevistado é professor da UFPA, ministrando a disciplina “Gerenciamento de resíduos sólidos urbanos”, no curso de Engenharia Sanitária e Ambiental e, no ano de 2011, foi contemplado com a Medalha Doroty Stang, concedida pela Câmara Municipal de Belém a personalidades que se destacaram na defesa da preservação ambiental no Pará, nas causas agrárias e no desenvolvimento sustentável. Para a entrevista inicialmente elaboramos um roteiro de perguntas pertinentes ao assunto e, com o fim de levantarmos as informações sobre o tema, mantivemos contato telefônicos com o professor para a efetivação da entrevista (em 16 de março de 2013), a qual gravamos e, posteriormente, transcrevemos, para as análises.

Optamos pelas metodologias de pesquisa qualitativa que podem se entendidas como: (“...) aquelas capazes de incorporar a questão do SIGNIFICADO e da INTENCIONALIDADE como inerentes aos atos, às relações, e às estruturas sociais, sendo essas últimas tomadas tanto no seu advento quanto na sua transformação, como construções humanas significativas (Minayo, 1999, p. 10). RESULTADOS E DISCUSSÃO Solicitamos ao Prof. Norat que respondesse oito questões abertas, iniciando com a indagação: Quais são os problemas ambientais relacionados aos resíduos sólidos no

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bairro do Guamá e qual é o maior deles? De acordo com o pesquisador, o bairro tem algumas características específicas que influenciam na própria alteração do resíduo, primeiramente por ter elevada densidade populacional com condições socioeconômicas de média pra baixo, interferindo assim nos serviços prestados, visto que “um bairro central tem um melhor trato por parte do poder público do que um bairro de periferia”. Com relação aos problemas localizados, o pesquisador cita “o depósito de lixo gerado pela população no canal do Tucunduba e em um ponto de lixo que foi gerado do lado do muro da UFPA, na confluência da av. Augusto Corrêa com a av. Perimetral”. Ao questionarmos a quem cabia a principal culpa por este problema, o pesquisador respondeu que “a culpa é dividida, sendo a limpeza pública uma via de mão dupla”. Para ele: “o poder público tem que oferecer o serviço, mas a população tem que aceitar. Não adianta o primeiro se comprometer a coletar em um determinado período e a população não colocar o seu resíduo no devido lugar e, no sentido inverso do processo: a população cumpre o seu horário, mas o poder público não realiza a coleta adequadamente, fazendo com que a comunidade não cumpra com o seu papel, acarretando em depósito de lixo nos canais”. Além disso, o pesquisador afirma que “cabe mais responsabilidade do poder público, não só na questão operacional, mas também na questão preventiva, ou seja, em aplicação de trabalhos educativos, prá (sic) poder conscientizar a população do que deverá ser feito”. Com relação às consequências que este problema ambiental trás à população do bairro em estudo, o professor Norat alegou que:

“o mais agravante é a própria degradação do meio ambiente, ocasionando o extravasamento dos canais de drenagem, já que a população frequentemente deposita lixo, que tem como destino os canais, assoreando o mesmo. Na hora das grandes chuvas, o canal não tem área para receber aquela vazão de água, porque está ocupada por lixo”.

Indagamos o professor Norat com o seguinte questionamento: em sua opinião, de qual forma o poder público pode solucionar o problema dos resíduos sólidos neste bairro? Segundo o entrevistado:

“o primeiro passo seria uma campanha educativa séria seguida de trabalhos sistemáticos de retroalimentação dos projetos que são implantados, visto que se implanta um projeto atualmente, mas daqui a algum tempo esse projeto precisa ser ajustado, logo essa retroalimentação tem que ser feita periodicamente”.

Para o entrevistado, o poder público precisa fiscalizar a atuação das pessoas, pois “muitas vezes moradores de outros bairros próximos observam que existe um ponto de acúmulo de lixo e se deslocam para depositar seus resíduos no bairro do Guamá”. Ele conclui: “O poder público tem que cumprir as políticas públicas existentes e tentar adaptá-las para a realidade de cada local, sendo estas as medidas principais para resolver o problema”. Ao ser questionado sobre como a população poderia contribuir para a diminuição do problema ambiental, o professor Norat afirma que:

“primeiramente esta deverá se conscientizar, pois o poder público e os pesquisadores da área têm a capacidade apenas de sensibilização da comunidade, porém, a conscientização é uma questão pessoal, ou seja, esta depende de cada indivíduo. Então, a população começa a fazer seu papel, ajudando a prefeitura como fiscal do problema, ou seja, além de cumprir com seus deveres esta cobra responsabilidade das outras partes, participando ativamente do processo”.

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No que diz respeito aos projetos da autoria do professor Norat em andamento, exclusivamente para o bairro do Guamá, relacionado a resíduos sólidos, ele mencionou programas mais gerais para determinados setores da cidade que comtemplam o bairro do Guamá, tais como: o “Estudo de Impacto de Vizinhança da Bacia da Estrada Nova, onde o Guamá faz parte da sub-bacia IV, o “Plano de Gestão de Resíduos Sólidos da Região Metropolitana”, citados como os mais importantes. Ao perguntamos ao professor Norat se estes projetos trabalham com a comunidade e com alunos e a forma como é realizado este trabalho, o pesquisador respondeu que:

“existe uma participação bem interdisciplinar e plural, onde são envolvidas a comunidade universitária e a população, principalmente hoje com o advento da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, onde existe um envolvimento todo especial prás (sic) pessoas que trabalham no terceiro setor, como as cooperativas e associação de catadores de lixo”.

Por fim, indagamos o entrevistado respeito do perfil dos alunos convocados para auxiliá-lo, o professor respondeu que:

“tem o cuidado que estes tenham pelo menos alguma noção, ou seja, tenham cursado pelo menos a cadeira de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, que permite uma visão global do problema, porém, algumas vezes, já foram absorvidos alunos que ainda nem fizeram a cadeira, dependendo da necessidade”.

CONSIDERAÇÕES FINAS Os posicionamentos político pedagógicos do professor Norat são claros, quanto o papel das instituições públicas e do cidadão, para minimizar os problemas dos resíduos sólidos urbanos. Consideramos que a entrevista com o professor, devido as suas vivências com este tema, foi bastante esclarecedora e com conteúdo inédito e importantíssimo, não apenas para os alunos de Engenharia Sanitária e Ambiental, mas também para o público em geral. AGRADECIMENTOS Ao prof. MSc. Paulo Fernando Norat Carneiro, que gentilmente nos acolheu e nos deu a entrevista, objeto desta pesquisa. REFERÊNCIAS BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Manual de saneamento. 3. ed. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2006. CUNHA, VALERIANA; CAIXETA FILHO, JOSÉ VICENTE. Gerenciamento da coleta de resíduos sólidos urbanos: estruturação e aplicação de modelo não-linear de programação por metas. GESTÃO & PRODUÇÃO, v.9, n.2, p.143-161, 2002. MINAYO, MARIA CECÍLIA DE SOUZA. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em Saúde. 6 ed. São Paulo: HUCITEC-ABRASCO, 1999.