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ANAIS ELETRÔNICOS DO
II ENCONTRO ESTADUAL DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO DA BAHIA
I SEMINÁRIO DE ESTUDOS PESQUISAS EM
EDUCAÇÃO DE CAMAÇARI
Organizadores:
Almerinda Luedy Maria Couto Cunha Penildon Silva Filho
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ANAIS ELETRÔNICOS DO II ENCONTRO ESTADUAL DE POLÍTICA
E ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO DA BAHIA
e
I SEMINÁRIO DE ESTUDOS E
PESQUISAS EM EDUCAÇÃO DE CAMAÇARI
Universidade Federal da Bahia
29 e 30 de julho de 2016
Almerinda Luedy
Maria Couto Cunha
Penildon Silva Filho
(Org.)
Salvador
2016
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ANAIS ELETRÔNICOS DO II ENCONTRO ESTADUAL DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO DA BAHIA e I SEMINÁRIO DE ESTUDOS E
PESQUISAS EM EDUCAÇÃO DE CAMAÇARI
Organização Geral
Almerinda Luedy
Maria Couto Cunha
Penildon Silva Filho
Apoios
Realização
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Elaboração: Fábio Andrade Gomes - CRB-5/1513
E56 Encontro Estadual de Política e Administração da Educação da Bahia (2. : 2016 : Salvador, BA)
Anais Eletrônicos do II Encontro Estadual de Política e Administração da Educação da Bahia e I Seminário de Estudos e Pesquisas em Educação de Camaçari [recurso eletrônico], 29 e 30 de julho de 2016 / Almerinda Luedy, Maria Couto Cunha, Penildon Silva Filho, organização ; Almerinda Luedy, coordenação geral. -- Dados eletrônicos (1 arquivo). -- Salvador : UFBA, 2016.
584 p. Acesso em: < https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/21190>.
1. Educação - Bahia - Congressos. 2. Educação - Camaçari (BA) - Congressos. I. Luedy, Almerinda, org. II. Cunha, Maria Couto, org. III. Silva Filho, Penildon, org. IV. Título. V. Seminário de Estudos e Pesquisas em Educação de Camaçari (1. : 2016: Salvador, BA).
CDU: 37(813.8)
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ANAIS ELETRÔNICOS DO II ENCONTRO ESTADUAL DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO DA BAHIA e I SEMINÁRIO DE ESTUDOS E
PESQUISAS EM EDUCAÇÃO DE CAMAÇARI
UFBA, ANPAE, SEDUC
Coordenação Geral
Almerinda Luedy (UFBA) Ana Paula Nunes Melo (EDUREGE/UNEB)
Cláudia Bailão Opa (SEDUC) Juipurema Sandes (SEDUC) Maria Couto Cunha (UFBA)
Olenêva Sanches Sousa (SEC/BA) Penildon Silva Filho (UFBA)
Comissão Organizadora
Almerinda Luedy (UFBA) Ana Paula Nunes Melo (EDUREGE/UNEB)
Cláudia Bailão Opa (SEDUC) Josileide dos Anjos (UFBA) Juipurema Sandes (SEDUC) Maria Couto Cunha (UFBA)
Olenêva Sanches Sousa (SEC/BA) Penildon Silva Filho (UFBA)
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Comissão Científica e Avaliadora
Almerinda Luedy Ana Paula Nunes Melo Antonia Almeida Silva Cecilia Maria Ghedini
Christiane Andrade Regis Tavares Cláudia Bailão Opa
Claudio Reynaldo Barbosa De Souza Cristina Elyote
Daélcio Ferreira Campos Mendonça Diva Conceição Ribeiro Emília Peixoto Vieira Eudes Oliveira Cunha Fábio Lisboa Barreto Fernanda Lima Souza
Gabriela Sousa Rego Pimentel Gilvanice Barbosa Da Silva Musial
Gláucia Maria Costa Trinchão Jacqueline Nunes Araújo Jean Mário Araújo Costa
Jesusa Rita Fidalgo Sanchez Jocelma Rios
José Jackson Reis Dos Santos Josefa Sônia Pereira Da Fonseca
Katia Siqueira De Freitas Leandro Gileno Militao Nascimento
Leila Pio Mororó Maria Amélia Silva Nascimento
Maria Aparecida Rodrigues Da Silva Cézar Maria Luiza Heine
Marta Lícia Teles Brito De Jesus Maura Da Silva Miranda
Micaela Balsamo De Mello Nádia Fialho
Nilton De Oliveira Oliveira Olenêva Sanches Sousa
Paula Arcoverde Cavalcanti Penildon Silva Filho
Roberto Da Cruz Melo Rosane Souza Vilaronga
Rosemeire Baraúna Meira de Araújo Silvia Maria Leite
Suede Mayne Pereira Araújo Tereza Kelly Carneiro
Ubirajara Couto Lima Uilma Rodrigues De Matos
Vanessa De Oliveira Santana
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SUMÁRIO
PREFÁCIO
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APRESENTAÇÃO
13
A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO DEFICIENTE FÍSICO, SENSORIAL E MENTAL: A INTEGRAÇÃO PELO TRABALHO NA SOCIEDADE DA EXCLUSÃO Maiusa Ferraz Pereira Santos e Arlete Ramos dos Santos
15
A RELEVÂNCIA DA AFETIVIDADE PARA O TRABALHO PEDAGÓGICO Leandro de Assis Duarte
28
CONSTRUINDO MATERIAL DIDÁTICO APOIADO NA CULTURA DO CORDEL Adriana Leite Campos, Rosângela da Luz Matos e Lucimeire Barbosa Santos
36
DIMENSÃO MULTIRREFERENCIAL DA FORMAÇÃO: A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA DA UFBA Uilma Rodrigues de Matos e Regina Lucia Portela
43
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE: MATERIAL ADAPTADO PARA O ENSINO DE ALUNOS CEGOS - RELATO DE EXPERIÊNCIA NO SUL DA BAHIA Silmária Andrade dos Santos e Silvana Sousa Andrade
55
EDUCAÇÃO INCLUSIVA E SAÚDE MENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR: UM ESTUDO NA REDE MUNICIPAL DE LAURO DE FREITAS – BA……… Nataly Farias de Goes e Rosângela da Luz Matos
67
O ELO ENTRE O DISCURSO OFICIAL E O DISCURSO PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA LEI 10.639/03 NO MUNICÍPIO DE JEQUIÉ/BA Janyne Barbosa de Souza
79
POLÍTICA EDUCACIONAL PARA AS CRIANÇAS DO CAMPO: ELEMENTOS ESTRATÉGICOS PARA A ORGANIZAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DAS TURMAS MULTISSERIADAS Maria Fernanda Lima Souza e Elizabete Conceição dos Santos
92
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UM ESTUDO SOBRE AS ESCOLAS DO CAMPO DO MUNICIPIO DE VALENÇA - BAHIA. Débora Pereira dos Santos e Jeanes Martins Larchert
104
ALFABETIZAÇÃO: RUMO A LIBERDADE DO SER SOCIAL Isabel Maria Ramos Souza
115
ATIVIDADES SOCIOCULTURAL EDUCATIVAS DE EDUCAÇÃO INTEGRAL: A QUEM PODE INTERESSAR? Olenêva Sanches Sousa
123
A PRODUÇÃO SOBRE GESTÃO DEMOCRÁTICA E COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA: O QUE DIZEM OS ARTIGOS, TESES E DISSERTAÇÕES NACIONAIS Isabel Cristina Rodrigues Brito da Silva
135
CONTEÚDO MUSICAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA: A IMPORTÂNCIA DA LEI 11.769/2008 Isamar Marques Cândido Pales
147
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA: ESPAÇO DE EXERCICIO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVO NA ESCOLA Glassuede Venesa dos Santos Silva e Luciene Matos de Souza
160
ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS E A CONSTRUÇÃO DE COMPETÊNCIAS NA ÁREA DE LINGUAGENS: O LETRAMENTO E AS PRÁTICAS DE ESCRITA NO ENSINO MÉDIO Lucimere Barbosa Santos, Rosângela da Luz Matos e Adriana Leite Campos
168
O ATO DE LER: PAPEL DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO-LEITOR-CRÍTICO Fabiola Chafin Gomes de Pinho
178
OBRIGATORIEDADE, REALIDADE LOCAL, ESPAÇOS PRÉ-EXISTENTES: A EXPERIÊNCIA DE GESTÃO EM UMA ESCOLA PÚBLICA DO SUL DA BAHIA Érico José dos Santos, Neísa Pereira dos Santos Castro e Cândida Maria Santos Daltro Alves
185
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OS DESAFIOS DA GESTÃO PEDAGÓGICA: OBJETIVOS E PRINCÍPIOS PARA CONSTRUÇÃO DE UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA Zângela Bomfim Moço, Daiane Soares Santos e Luciene Matos de Souza
197
“TODOS CUIDAM, TODOS EDUCAM”: UMA EXPERIÊNCIA IMPACTANTE NO MUNICÍPIO DE UNA – SUL DA BAHIA Carla dos Reis Santos, Geane Silva dos Santos de Andrade e Emília Peixoto Vieira
209
UMA REFLEXÃO ACERCA DA INFRAESTRUTURA ESCOLAR NAS UNIDADES ESCOLARES DO SUL DA BAHIA Louise Lamony Gomes Ramos e Emília Peixoto Vieira
220
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL E A POLÍTICA NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES: o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) em foco Jussara Borges da Silva
232
FATORES INFLUENCIADORES DA EVASÃO DISCENTE NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: IDENTIFICANDO O PAPEL DO TUTOR NESSA MODALIDADE DE ENSINO AO PROPOR ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO Angelo Mendes Ferreira, Ismael Oliveira de Araújo e Maria Luiza Figueiredo Heine
243
O GESTOR ESCOLAR LÍDER: UMA NECESSIDADE DA EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE Raniéri Rodrigues Leal
255
O USO DE PORTFÓLIO DIGITAL COMO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA LICENCIATURA EM MATEMÁTICA NO IFBA CAMPUS CAMAÇARI Lidiane Santana Fraga, Milena Vergne de Abreu Oliveira e Sousa e Sheila Anjos do Carmo Santos
267
A EQUALIZAÇÃO E O REGIME DE COLABORAÇÃO: DUAS EXPERIÊNCIAS DE ARRANJOS TERRITORIAIS COLABORATIVOS NA ÁREA DE EDUCAÇÃO Ubirajara Couto Lima
277
A POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL E SEUS EFEITOS NO FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO PÚBLICA DO ESTADO DA BAHIA (2009-2013) Jean Mário e Maria Couto Cunha
290
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A PRODUÇÃO ACADÊMICA EM POLÍTCAS EDUCACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL (2000 – 2005) Manuela Monteiro dos Santos Macêdo e Faní Quitéria Nascimento Rehem
303
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL: LIMITES E OSSIBILIDADES DE CUMPRIMENTO DO PISO SALARIAL NACIONAL Eliara Cristina Nogueira da Silva e Cláudio Pinto Nunes
315
O DISCURSO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL EM INSTRUMENTOS PÚBLICOS DE PLANEJAMENTO: O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (PNE) 2014-2024 E O PLANO PLURIANUAL (PPA) 2016-2019 Luzinete Barbosa Lyrio, Renata Lorena Ribeiro e Wheliton Chiang Shung M. Ferreira
327
O PAPEL DO CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO NA FORMULAÇÃO, ACOMPANHAMENTO, CONTROLE E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS Clarice Santos Ferraz Araújo
340
O PLANO DE AÇÕES ARTICULADAS (PAR) EM SERRINHA-BA: DIFICULDADES NA DEFINIÇÃO DE SUAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS Maria Aparecida Rodrigues da Silva Cézar
349
O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DOS INDICADORES DA QUALIDADE NOS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL DE SALVADOR: UMA EXPERIÊNCIA DE GESTÃO DEMOCRÁTICA Roberta Carmo
361
O REGIME DE COLABORAÇÃO E O REGIME DE COOPERAÇÃO NO FEDERALISMO BRASILEIRO NO CONTEXTO DO PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO: CONFLITOS CONCEITUAIS Maura da Silva Miranda
273
O SIMEC (MÓDULO PAR) A PARTIR DE UMA ANÁLISE DO PODER DISCIPLINAR Vanusa Ruas Freire Viana e Sandra Márcia Campos Pereira
380
POLÍTICAS PÚBLICAS DE ESPORTE NO GOVERNO DE LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA (2003 A 2010): CONTRADIÇÕES E POSSIBILIDADES DE SUPERAÇÃO Paulo José Riela Tranzilo
389
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ESTRATÉGIAS DE PERMANÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR: UM ESTUDO DE CASO SOBRE OS ESTUDANTES DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Jane Mara Ferreira e Uilma Rodrigues de Matos
401
GESTÃO DE PESSOAS EM IES PÚBLICAS: A PROPOSTA DA GESTÃO POR COMPETÊNCIA EM DISCUSSÃO Márcio Alessandro Teles Fonseca
412
UM OLHAR PRELIMINAR SOBRE A PERMANÊNCIA DE ESTUDANTES COTISTAS DE PEDAGOGIA DA UFBA. Uilma Rodrigues de Matos e Idenilton Mário de Jesus Barbosa
423
JOVENS DE ESCOLAS PÚBLICAS E A PREPARAÇÃO PARA O ENEM: O caminhar de um Projeto de Extensão da Faculdade de Educação/UFBA Marta Lícia Brito de Jesus e Tailson Lima Bomfim
436
UMA REFLEXÃO SOBRE A PRÁXIS PEDAGÓGICA DA EDUCAÇÃO INFANTIL INDÍGENA TUPINAMBÁ DE OLIVENÇA, ILHÉUS/BA Marcineia Vieira de Almeida Santos, Emília Peixoto Vieira e Flávia Cristina de Mello
446
A IMPORTÂNCIA DE GRUPOS DE PESQUISA PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES/PESQUISADORES: O GRUPO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO EDUCACIONAL PPeGE DA UESC Maricélia de Souza Pereira Moreira
460
A PRODUÇÃO ACADÊMICA EM POLÍTICAS EDUCACIONAIS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL (2000-2005). Andressa Cerqueira Gonçalves e Faní Quitéria Nascimento Rehem
468
BASES INSTITUCIONAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS POLÍTICAS DE FORMAÇÃO E VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL Maria Couto Cunha e Jean Mário Araújo Costa
473
EXPERIÊNCIA NA GESTÃO DA ESCOLA MUNICIPAL ALTO DE COUTOS Cássia Silva Santos Góes
485
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GESTÃO DO ENSINO SUPERIOR: DETERMINANTES DA FIXAÇÃO DE VAGAS DE DOCENTES NOS CURSOS DE LICENCIATURA E BACHARELADO NA UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB Lília Maria Carvalho Mattos, Angelo Mendes Ferreira e Maria Luiza Heine
495
GRADUAÇÃO DE MONITORAS DE CRECHES PÚBLICAS: O IMPACTO DO PARFOR NA FORMAÇÃO DOCENTE Geaní Oliveira Motta
502
O ESTÁGIO SUPERVISIONADO ENQUANTO PRÁTICA DOCENTE INTEGRADORA COM A COMUNIDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA LICENCIATURA EM MATEMÁTICA DO IFBA CAMPUS CAMAÇARI Édila Rodrigues Rocha Barreto, Eneida Santana Baumann e Tereza Kelly Gomes Carneiro
511
O MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS DE FORMAÇÃO DO GESTOR ESCOLAR NO MUNICÍPIO DE SALVADOR/BA Leandro Gileno Militão Nascimento
524
POLÍTICAS PÚBLICAS DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE DOCENTES: DOS MARCOS LEGAIS À REALIDADE DA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE ENSINO DE VITÓRIA DA CONQUISTA-BA Margareth Pinheiro Carvalho e Leila Pio Mororó
537
O PLANO DE CARREIRA DO MUNICÍPIO DE CANAVIEIRAS/BA: primeiros apontamentos Emília Cristina Augusto dos Santos e Emília Peixoto Vieira
546
POLÍTICAS EDUCACIONAIS COM ÊNFASE NO PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA (PNAIC) EM JAGUAQUARA/BA Regivane dos Santos Brito e Claudio Pinto Nunes
558
O PARFOR COMO POLÍTICA EMERGENCIAL DE FORMAÇÃO PARA PROFESSORES EM EXERCÍCIO Silvana Sousa Andrade
570
INICIAÇÃO CIENTÍFICA E FORMAÇÃO ACADÊMICA: RELATOS DE EXPERIÊNCIA SOBRE A PARTICIPAÇÃO NO GRUPO DE PESQUISA POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO EDUCACIONAL – PPeGE DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ – UESC Stephanie Santana Oliveira, Thamilles Chaves Santos e Fabrine Ferreira
578
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11
PREFÁCIO
A realização do IIº Encontro Estadual da ANPAE na Bahia foi bem-sucedida ao
apresentar as pesquisas feitas por professores, pesquisadores e gestores da Educação baianos,
relatos de casos de professores da rede pública e concomitantemente no sentido de uma
aproximação da entidade com as secretarias municipais de Educação.
O Encontro transcorreu em um momento ímpar da conjuntura nacional e estadual,
assistimos a uma onde conservadora no plano da Política, com a posse de um presidente após
um processo controverso de impeachment; no plano da Economia, com a concatenação de
esforços de setores das elites econômicas para promover a diminuição do Estado e do
financiamento das políticas públicas visando especificamente aumentar o comprometimento
do orçamento com o pagamento dos dividendos rentistas no país; e finalmente no plano
cultural e comportamental, com o crescimento de campanhas de criminalização dos
movimentos sociais, banimento do debate nas escolas através de uma lei da mordaça com o
projeto do Escola sem Partido, e uma reação fundamentalista muito forte contra o debate
sobre as diversidades, de gênero, étnico-raciais, de orientação social, cultural. Some-se a isso
um processo de escalada da intolerância e da violência no debate público nacional, que em
nada contribuem para a Democracia e para o espaço público que deveria ser aberto às
diferenças.
A Educação, na acepção mais ampla de formar o indivíduo e o ser político a viver em
Sociedade, de sedimentar os direitos humanos de forma geral, é convocada a refletir sobre
essa conjuntura, que afeta as políticas públicas de Educação e demais políticas sociais com a
proposta enviada ao Congresso Nacional de congelamento dos gastos em todas as políticas
sociais, o que destrói o preceito constitucional duramente conquistado em 1988, que
estabelecia a vinculação orçamentária aos gastos com a Educação. No Brasil, tivemos um
período de aumento dos investimentos em Educação, do Fundeb às universidades, que ainda
precisavam de aprimoramentos, entretanto mais recentemente os recursos das políticas
públicas foram sangrados pela proposta da volta da Desvinculação de Receitas da União (a
DRU), contingenciamentos foram diminuindo o ritmo das políticas sociais, mas agora
estamos num novo patamar, com a apresentação de uma proposta de emenda constitucional
que muda o essencial da manutenção das políticas públicas de Saúde, Educação, Assistência
Social, habitação e estímulo ao crescimento econômico, congelando os gastos sociais e
provocando uma paulatina diminuição do percentual investido ao longo de 20 anos.
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12
O Encontro da ANPAE, além de contar com trabalhos de qualidade acadêmica e
promover a integração da academia com o mundo da Educação Básica, teve diversas
contribuições que abordaram todas essas temáticas: financiamento, inclusão e diversidade,
papel dos movimentos sociais no controle social, especialmente nos conselhos, currículo,
planos estadual e municipal de Educação, cumprimento das metas do PNE e outros.
Esperamos que a partir desse encontro possamos ter uma repercussão nas
universidades, secretarias de Educação e comunidades sobre essa temática das políticas
públicas, com debates, seminários e simpósios sobre todos esses temas, o que está também no
escopo de atuação da ANPAE. Esse tema deve ser socializado para o conjunto da Sociedade
e permitir que a contribuição acadêmica e científica possa ser também para a promoção de
uma Educação e uma Sociedade mais inclusivas e democráticas.
Prof. Dr. Penildon Silva Filho
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APRESENTAÇÃO
A Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE) - Seção
Estadual ANPAE/Bahia, em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de
Educação (Undime), as Universidades Públicas do Estado da Bahia e seus Programas de Pós-
Graduação em Educação e a Secretaria de Educação de Camaçari (SEDUC) realizaram nos
dias 29 e 30 de julho de 2016, no município de Camaçari, o II Encontro Estadual de Política
e Administração da Educação da Bahia e o I Seminário de Estudos e Pesquisas em Educação
de Camaçari.
A Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE) é uma
associação civil de utilidade pública e natureza acadêmica no campo da política e da gestão
da educação, que congrega pesquisadores, docentes e estudantes de educação superior;
dirigentes e técnicos dos sistemas de ensino; e professores e diretores de escolas e outros
espaços sociais de educação e formação cidadã.
Tem como missão “lutar pelo efetivo exercício do direito à educação de qualidade
para todos, assegurada ao longo da vida, através de sua participação na formulação e
execução de políticas públicas de educação e na concepção e adoção de práticas de gestão
democrática, alicerçadas nos valores da justiça social, da liberdade e da igualdade de direitos
e deveres na educação e na sociedade”.
Buscando atender a missão institucional o evento teve como
objetivo geral promover reflexões sobre as políticas educacionais e de gestão da educação,
tendo em vista o atual momento político e educacional, com a discussão sobre a Base
Comum Curricular, e a implantação do Sistema de Colaboração na Educação e como
objetivos específicos: a) Divulgar a Associação Nacional de Política e Administração da
Educação (Anpae) nos ambientes universitários e junto aos gestores públicos, principalmente
da Educação, buscando ampliar o quadro de associados/as do nosso Estado; b) Promover
debates, encontros e seminários sobre as políticas públicas educacionais e os desafios da
Educação no Brasil de hoje; c) Discutir sobre a relação com os gestores públicos federais,
estaduais e municipais para a constituição de fóruns sobre as políticas públicas de Educação
e, e) Estimular o diálogo com gestores e instituições públicas, no sentido de promover e
planejar propostas de cursos de formação em Política e Administração da Educação.
Neste sentido, temas como política e gestão da educação básica, política e gestão da
educação superior, políticas e práticas de formação e valorização dos docentes e dirigentes
escolares, planejamento da educação, cooperação federativa e regime de colaboração entre
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sistemas na educação, políticas públicas e financiamento da educação, gestão pedagógica,
organização curricular e qualidade da educação, educação e direitos humanos, diversidade
cultural e inclusão social, educação no campo, educação especial, dentre outros foram
abordados e discutidos em conferências, mesas redondas e apresentações de trabalhos
científicos.
O evento contou com a participação de Secretários Municipais de Educação,
docentes, estudantes, servidores, além de autoridades e convidados nacionais.
Neste anais, gostaríamos de disponibilizar ao público leitor uma parte do que fora
produzido durante o evento.
Profª Drª Almerinda Luedy
Profª Drª Maria Couto Cunha
Prof. Dr. Penildon Silva Filho
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A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO DEFICIENTE FÍSICO, SENSORIAL E MENTAL: A INTEGRAÇÃO PELO TRABALHO NA SOCIEDADE DA EXCLUSÃO
Maiusa Ferraz Pereira Santos1
Arlete Ramos dos Santos2
Resumo Este artigo tem como escopo analisar as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência e sua inserção no mundo do trabalho, tendo em vista, os mecanismos de produção do sistema capitalista. Para tanto, com base em uma revisão bibliográfica, discute a interface existente entre educação, trabalho e deficiência partindo do ponto de vista histórico, procurando compreender os entraves e as possibilidades que foram apresentados neste processo de inclusão pelas diversas sociedades ao longo do tempo. Como resultado ficou evidente que garantir a formação básica da pessoa com deficiência, é condição principal para sua inclusão no mercado de trabalho e, portanto propõe que o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação e Jovens e Adultos - PROEJA, seja uma alternativa para a formação profissional do jovem e adulto com deficiência, porque o mesmo sugere uma relação direta entre teoria e prática, e com isso supera a dicotomia saber e saber fazer tão presente na educação apresentada pelo capitalismo. Palavras-chave: Deficiente. Educação Profissional e Trabalho.
INTRODUÇÃO
Este artigo partiu das inquietações que foram surgindo ao longo da nossa atuação
profissional na Educação Básica, na docência em classes de Jovens e Adultos, na Escola
Estadual Armando Ribeiro Carneiro e como pedagoga do Instituto Federal de Ciência e
Tecnologia, IFBA, no município de Eunápolis, no Estado da Bahia. Ao observarmos essas
instituições de ensino que atuamos, no convívio cotidiano com esses estudantes, percebemos
que existem alguns alunos com deficiência, geralmente, adultos, desempregados, com um
histórico de inclusão tardia na educação e com muitas dificuldades de se inserirem no mundo
do trabalho.
O problema da inclusão deste público é preocupante porque apesar de existir uma rica
legislação que garante a inclusão da pessoa com deficiência na educação e no mercado de
trabalho, tais como o Artigo 71, inciso 31, da Constituição Federal de 1988, a Lei nº 8.213, de
1991, que estabeleceu as cotas de contratação de pessoas com deficiência para empresas com
mais de cem funcionários e mesmo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº
1 Mestranda em Educação pelo programa PPGE – UESC/BA. Pedagoga do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia. [email protected] 2 Doutora em Educação pela FAE/UFMG [email protected]
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9.394/96. A desinformação e o consequente estigma associado ao deficiente e a deficiência
tem se constituído um obstáculo de tal modo cristalizado, que as conquistas nesse campo,
embora significativas, continuam tímidas.
O pressuposto do qual partimos para a compreensão desta problemática é de que as
sociedades ao organizarem as formas de trabalho produzem e sustentam ideias e diferenças
entre os homens, emergindo com isso, um paradigma educacional que atende as demandas
das relações de produção provenientes de cada momento histórico, ratificando, na maioria das
vezes, uma exclusão daqueles indivíduos que não se enquadram no perfil social aceito para
manutenção do modo de produção instituído.
Ao observar a história da humanidade, percebemos que o indivíduo deficiente sofreu
muito preconceito e, durante muito tempo, a sociedade buscou extirpá-lo do convívio social,
e mesmo quando ela colaborou para sua inclusão o fez por uma demanda das relações de
produção, para sustentar o sistema econômico vigente.
Nesta perspectiva, garantir a formação básica da pessoa com deficiência é condição
principal para sua inclusão no mercado de trabalho. Partindo desta premissa, buscou neste
estudo, compreender os mecanismos que foram utilizados ao longo dos anos, pelas
sociedades, para incluir o deficiente físico, sensorial e mental no mundo do trabalho por meio
da educação.
Para tanto, buscaremos, inicialmente, traçar um percurso histórico de como se deu a
conexão entre deficiência, trabalho e educação desde a constituição das primeiras sociedades,
posteriormente, procuraremos entender o processo de inclusão na sociedade moderna e, por
fim, será apresentado o PROEJA como uma alternativa de inclusão do deficiente na educação
profissional, porque entendemos que esse fosso existente entre a inclusão no mundo do
trabalho e a formação prévia do deficiente pode ser amenizado com uma formação integral
destes sujeitos.
O PERCURSO HISTÓRICO DA INTERFACE EDUCAÇÃO, TRABALHO E
DEFICIÊNCIA
A sociedade contemporânea atribui muito valor ao sucesso profissional, muitas vezes,
este êxito está vinculado a formação educacional e a conhecimentos específicos adquiridos
em instituições formais de ensino ou no convívio das relações sociais e de trabalho.
Entretanto, muitos indivíduos são excluídos socialmente, privados desta dimensão de
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construção existencial, impedidos de adquirirem qualificação profissional e acesso ao mundo
do trabalho porque apresentam alguma deficiência física, sensorial ou mental.
O trabalho constitui-se como um determinante nas relações estabelecidas entre os
homens, a representação social, a valorização do indivíduo, as oportunidades educacionais e
as relações econômicas dependem da capacidade em que o indivíduo possui em se apropriar
dos meios de produção. Portanto, analisando as relações de trabalho é possível compreender
as propostas educacionais que as diversas sociedades implementaram para a pessoa com
deficiência. Nas comunidades primitivas o trabalho era coletivo, mas havia uma necessidade
individual do homem prover seu sustento e defesa, o sujeito que apresentava alguma
deficiência era um incômodo, e, naturalmente havia uma tendência de eliminar estes
membros que não participavam ou não poderiam vir a participar das atividades que
assegurassem a vida material da comunidade (GUHUR, 1992).
Com o desenvolvimento de novas técnicas de trabalho e descoberta de uso de metais
para fabricação de instrumentos, o homem deixou de ser nômade e passou a instituir uma
relação direta com a terra, estabelecendo novas formas de realização social, promovendo uma
transição do modo comunitário para a sociedade de classes. A maioria das organizações
sociais antigas, a exemplo da espartana, que valorizava os atributos físicos e a estética,
praticava o extermínio de crianças que apresentavam deformidades, o infanticídio era comum
nesse período, isso ocorria porque o deficiente não atendia aos padrões sociais atribuídos ao
homem na época (SILVA, 1987).
Com o advento do cristianismo houve uma alteração na forma de pensamento do
homem, a igreja que definia ideologicamente os rumos econômicos e sociais da época, tinha
como filosofia a propagação da compaixão, da tolerância e do amor ao próximo, portanto, a
prática do abandono ou extermínio da pessoa com deficiência passou a ser condenada, já que
elas passaram a ser donas de almas e filhas de Deus como todos os outros indivíduos.
Salienta-se, contudo, que esta atitude da igreja visava, primordialmente, conter os
indivíduos para que mantivessem o modo de produção feudal que se baseava no sistema de
servidão, isto quer dizer que, a Igreja, aliada ideológica do modo de produção da ocasião,
difundia princípios morais e sanções religiosas que mantinham subordinadas as massas
camponesas num mundo assolado por injustiças e desigualdades sociais.
Desta forma, ao preconizar como comportamento cristão a tolerância, a prática de
boas obras e a caridade aos menos afortunados, tais como: miseráveis, doentes, deficientes e
idiotas, buscava enfatizar a ideologia religiosa que consistia na aceitação e predestinação dos
desígnios divinos para os fiéis, esta era uma forma de fazer com que os indivíduos aceitassem
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suas mazelas e não contestassem a divisão econômica e social que a eles era imputada
(PESSOTI,1984, p. 5).
Com essa nova concepção as pessoas deficientes passaram a ser segregadas em
igrejas, orfanatos e abrigos, onde recebiam teto e alimentação, e isolados, livravam a
sociedade de suas presenças incômodas devido suas condutas indecorosas e antissociais.
Neste sentido, estes locais não passavam de prisões, sem tratamento especializado e sem
programas educacionais, com um único fim assistencialista, a atitude ambígua de proteção-
segregação indicava a rejeição e o isolamento dos indesejáveis.
Por volta dos séculos XIV e XV ocorreu um processo de desintegração do feudalismo,
o crescimento do comércio com seus desdobramentos de postos de trabalho, atrelado ao
desenvolvimento da ciência, impulsionaram o êxodo rural e demarcaram uma nova
constituição de produção, pautada na acumulação de riquezas, uma prática muito condenada
na idade média pela igreja, e, que passa a ser a essência deste novo regime econômico,
chamado de capitalismo.
Nesse mesmo regime, o homem é livre e tem seu pensamento transformado no campo
religioso, político e moral. Portanto, a ordem não é mais estabelecida pelos princípios
religiosos, pelo sobrenatural, mas é demarcada pelo pensamento científico racional, assim, as
deficiências físicas e mentais deixam de ser explicadas por teorias teológicas e passa a ser um
problema médico digno de tratamento.
No início desse sistema econômico, a produção era manufatureira, onde um indivíduo
era responsável por todo processo de construção do produto e detinha o ritmo e o tempo de
trabalho, por conseguinte havia valorização excessiva do trabalho e da produtividade, neste
sentido, tinha-se uma censura a ociosidade, aqueles sujeitos que eram incapazes de
produzirem eram combatidos por esta nova formação social, e assim, mais uma vez o
deficiente foi segregado porque tinha limitações.
Num segundo momento, houve a introdução da máquina na produção gerando
mudanças nas relações de trabalho, o homem fica destituído do controle do que produz,
porque há o parcelamento de tarefas e ele passa a ser um acessório nesse processo. Este
mecanismo mais barato e rápido, dispensa a resistência física do trabalhador adulto,
mobilizando mão de obra não qualificada, inserindo, consequentemente, mulheres, crianças e
deficientes na produção.
Neste sentido, o deficiente tornou-se uma força de trabalho disponível ao capital,
justificando uma formação educacional destes sujeitos, porque com este novo parâmetro de
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trabalho, os mesmos seriam capazes de produzirem. Por conseguinte, foi nesse período que
nasceu a educação especial, fruto desta necessidade da sociedade.
É o nascimento da educação especial em nome da educabilidade dos idiotas e deficientes, com o objetivo de torná-los úteis á sociedade, ou seja, fazê-los produtivos: “O idiota deverá ganhar seu pão com o suor de sua fronte. Como? Aprendendo os bons costumes e algum tipo de trabalho no estabelecimento especial chamado asilo-escola. (PESSOTTI, 1980, p.184)
Entretanto, esta educação profissional para deficientes, consistia basicamente em um
aprendizado restrito, com o fim principal de atender a indústria, sendo assim, a maioria do
tempo escolar era destinado ao trabalho manual. Este tipo de formação profissional,
promovida em oficinas, assumia um caráter de adestramento da mão de obra e de adaptação
do produtor direto ao posto de trabalho. Nestes termos, a formação profissional oferecida ao
deficiente em oficinas, foi e ainda pode ser identificada como uma via de estigmatização
porque limita o trabalho à reprodução, impedindo que o sujeito promova sua efetiva inclusão
social. Glat faz a seguinte referência a este tipo educação.
A segregação do indivíduo com deficiências, em escolas ou instituições especiais, pode reduzir sua participação na vida da comunidade e excluí-los das relações tecidas nas várias instâncias sociais, inclusive de lazer, uma vez que a maioria das pessoas, de fato, tem pouca oportunidade de interagir com esse indivíduo e vice-versa. Consequentemente, quando ele chega ao mercado de trabalho, mesmo que esteja tecnicamente capacitado, socialmente é um estrangeiro. (GLAT, 1998, p, 98).
Assim, como no resto do mundo, aqui no Brasil também foi implantada esta
concepção de educação especial institucionalizada atrelada a uma educação profissional.
Entre 1854 e 1857 foram criadas as instituições que tinham como parâmetro esta filosofia. O
Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854 (hoje, Instituto Benjamin Constant – IBC), e
o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, (hoje, Instituto Nacional da Educação dos Surdos –
INES), ambos na cidade do Rio de Janeiro, foram as primeiras instituições com este perfil.
Nestes termos, até o início do século XX, a educação especial foi marcada pela
institucionalização, entretanto, com o final da 2ª Guerra Mundial surgiram inúmeros
indivíduos deficientes, oriundos de mutilações adquiridas durante o período de guerra, isto é,
uma nação de deficientes que também queria uma colocação na sociedade e que não se
enquadrava no ideal de indivíduo proposto pela ideologia capitalista. Essa insatisfação social
encadeou a promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que em sua
essência pronunciava o direito a ter direitos.
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Na década de 60, do século XX, resultados de pesquisas científicas mudaram a ótica
do determinismo com relação as deficiências, propuseram que distúrbios físicos e mentais
também poderiam ser oriundos de fatores socioculturais. Essa visão diferenciada pautava-se,
principalmente, nos indivíduos que adquiriam deficiência por fatores ambientais, um
exemplo disto era o grande número de deficientes produzidos por guerras mundiais.
E com isso, iniciaram-se mudanças nos paradigmas de reabilitação destes indivíduos,
que a partir da década de 1970, inspiraram movimentos de individualização, normalização e
integração que buscavam oferecer um convívio destas pessoas em ambientes menos
segregadores, iniciando um profícuo processo de inclusão social, na educação e no trabalho.
No campo educacional houve um significativo aumento do número de classes
especiais em escolas regulares e de alunos especiais em classes regulares, inseridos,
principalmente, por força das leis, provocadas pelos movimentos de integração, compostos
pelas minorias sociais que avançavam no processo de democracia e exigiam um tratamento
mais humanitário com direitos de acesso e participação, assim como, requisitavam suporte
social, econômico, físico e instrumental para o processo de inclusão.
Ressalta-se, contudo, que a partir da década de 1980 inúmeros documentos legais em
todo o mundo foram criados para garantir a efetivação desta tão solicitada inclusão. No
Brasil, o precursor jurídico legal foi a Constituição de 1988, que aponta que o atendimento
educacional especializado do deficiente deve ser, preferencialmente, na rede regular de
ensino. Em seguida, há a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990 e da
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, em 1996, que aponta novos caminhos
para a Educação Inclusiva e traça um percurso progressivo da educação infantil ao ensino
superior.
No contexto mundial, destacam-se: a Conferência Mundial sobre Educação para
Todos, realizada na cidade de Jomtien, na Tailândia, que solicita a universalização de acesso
e promoção de igualdade a Educação Básica. A Declaração de Salamanca, na Espanha, em
1994, da qual o Brasil é signatário, que reafirma a necessidade de educação para todos e
defende a criação de escolas integradoras para atender as especialidades dos alunos; e em
1999, a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra as Pessoas Portadora de Deficiência, realizada pela Organização dos Estados
Americanos -OEA, na Guatemala, que foi promulgada no Brasil, em 2001, e, cuja finalidade
foi reforçar medidas para redução de barreiras físicas e atitudinais enfrentadas pelas pessoas
com deficiência.
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No entanto, é uma visão ingênua acreditar que a igualdade conquistada apenas no
plano jurídico seria suficiente para sua efetivação no meio social, as representações sobre a
deficiência que permeiam tanto os ambientes educacionais quanto os profissionais não são e
nem serão desconstruídas unicamente por força de bases legais, mas, devem ser repensadas e
resignificadas cotidianamente nos contextos sociais, porque também foram construídas,
historicamente, com base nos parâmetros em que a sociedade estabeleceu por meio das
relações de trabalho.
A INCLUSÃO EXCLUDENTE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E O PROEJA
COMO ALTERNATIVA DE INCLUSÃO
A aparente inclusão proposta pela sociedade ao deficiente é engodo, visto que ao se
analisar, ideologicamente, a trajetória da humanidade, foi possível observar que em todos os
momentos a aparente inclusão educacional e profissional destinada ao deficiente serviu
mesmo para a manutenção das relações de produção. Sendo assim, toda vez que se
propunham inclusão ao indivíduo com deficiência, na verdade, o que delineava-se era um
pano de fundo de exclusão, e, quanto mais se deflagrou inclusão social mais se excluiu.
Contemporaneamente, o processo de inclusão, está pautado na democratização da
educação e dos postos de trabalho, que são idealizados pelo sistema capitalista, com base na
política de mundialização do capital, nascida da liberalização quase total do capital que para
desenvolver-se e valorizar-se, não tem regulamentação e consequentemente tende a promover
polarizações e desigualdades de distribuição a nível mundial. Estas diferenças de distribuição
de riquezas no mundo tende a acirrar o discurso em torno da integração, da equidade, da
tolerância e do respeito às diferenças, isto é, quanto mais excluídos do processo de
valorização do capital, maior é a retórica a favor da promoção de oportunidades educativas a
todos e do respeito à diversidade e da inclusão social.
Entretanto, outro fator a ser considerado é que o desenvolvimento da ciência e da
tecnologia trouxe uma acentuada automação dos processos produtivos, e assim, o que no
início do capitalismo foi uma alternativa para inserção do deficiente físico nos postos de
trabalho, devido a facilidade na manipulação das máquinas, agora, tornou-se uma justificativa
para redução do número de vagas nas indústrias e consequentemente a exclusão de inúmeros
trabalhadores da produção, porque há uma exigência maior de qualificação e conhecimento
específico para atender a demanda do capital. Produzindo consequentemente uma força de
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trabalho excedente, aumentando o desemprego e gerando uma precarização do trabalho em
todo o mundo.
Estas profundas alterações no mundo do trabalho, cria uma barreira intransponível aos
deficientes, dificultando o ingresso destes sujeitos no meio trabalhista, porque no confronto,
força de trabalho e capital é atribuída à educação o papel de qualificação para o mercado,
colocando a certificação e escolarização como fator preponderante de mudança de vida destes
indivíduos.
Segundo Frigotto, houve uma significativa alteração no sistema educacional, no que
tange a formação técnico-profissional. Essa mudança ocorreu no plano organizativo e no
político-pedagógico, suas consequências foram manifestadas nas forças econômicas e
políticas.
Nas décadas de 1970 e 1980 o que preponderava era teoria do capital humano:
Assim como no mundo da produção todos os homens são “livres” para ascenderem socialmente, e esta ascensão depende única e exclusivamente do esforço, da capacidade, da iniciativa, da administração racional dos seus recursos, no mundo escolar a não-aprendizagem, a evasão, a repetência são problemas individuais. Trata-se de falta de esforço, da “não-aptidão”, da falta de vocação. Enfim, a ótica positivista que a teoria do capital humano assume no âmbito econômico justifica as desigualdades de classe, por aspectos individuais; no âmbito educacional, igualmente mascara a gênese da desigualdade no acesso, no percurso e na qualidade de educação que tem as classes sociais (FRIGOTTO 2001, p .67)
No entanto, a partir dos anos 90, o que prepondera não é mais essa teoria, cujo
objetivo era buscar a integração de todos que fossem preparados e qualificados, e quando
estes obtivessem estes atributos garantiriam o posto de trabalho e ascensão numa determinada
carreira. Hoje, a ordem capitalista é outra, a perspectiva ideológica é de não buscar a inserção
de todos os qualificados, mas daqueles que obtiverem competência específica reconhecida
pelo mercado, é a chamada educação pautada na pedagogia das competências, a qual valoriza
aquilo que os indivíduos aprendem por si mesmos, tem-se como foco os processos de
aprendizagem, em detrimento dos conteúdos, o mais importante é o como e não o que se
aprende (RAMOS, 2002).
Esta ideologia educacional deu sustentação à teoria neoliberal capitalista, que
direcionava políticas públicas ajustando os critérios para os interesses das imposições do
capital internacional. A educação como um instrumento de poder do capital para sustentação
do modo de produção vigente utilizou e ainda utiliza do discurso ideológico da pedagogia das
competências para excluir a maioria da população dos bens socialmente produzidos.
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Logo, a onda de acordos internacionais, entre eles, a Conferência Mundial de
Educação par todos, a Declaração de Salamanca, entre outros, que já foram citados no texto,
foram intensificados na década de 1990 com a justificativa de preparação dos sistemas
educacionais para inserção no mundo globalizado, mas que, de fato, foram utilizados como
instrumentos para disseminação da manutenção do capitalismo, observem o que diz o Parecer
CNB/CEB n. 17/2001 sobre a educação profissional do aluno com necessidades educacionais
especiais:
A educação profissional é um direito do aluno com necessidades educacionais especiais e visa à sua integração produtiva e cidadã na vida em sociedade. Deve efetivar-se nos cursos oferecidos pelas redes regulares de ensino públicas ou pela regular de ensino privada, por meio de adequações e apoios em relação aos programas de educação profissional e preparação para o trabalho, de forma que seja viabilizado o acesso das pessoas com necessidades educacionais especiais aos cursos de nível básico, técnico e tecnológico, bem como a transição para o mercado de trabalho (BRASIL, 2001, p.60).
Este documento elaborado pelo MEC, está calcado claramente nos 4 pilares propostos
por Delors (1998) para educação do século XXI, estes princípios são os pilares da pedagogia
das competências, são eles: Aprender a Conhecer, aprender fazer, aprender a ser e aprender a
conviver. Segundo Duarte, trata de um lema que sintetiza uma concepção educacional voltada
à formação, nos indivíduos, da disposição para uma constante e infatigável adaptação à
sociedade regida pelo capital (2003, p.11).
No discurso capitalista, a educação torna um remédio para o desemprego, isto é,
ideologicamente, atribui a responsabilidade ao indivíduo pela falta de sucesso profissional,
pois aqueles que não conseguem se inserir no mercado de trabalho, devido há vários motivos
e inclusive pela falta de qualificação, são considerados os próprios culpados por sua situação.
Ressalta-se ainda, que este fenômeno é agravante no que diz respeito aos deficientes,
porque historicamente a formação a eles proposta limitava-se as oficinas de trabalhos
manuais, o que Kuenzer denomina de “certificação vazia”, estratégias de escolarização
constituídas em modalidades aparentes de inclusão que fornecerão a justificativa, pela
incompetência, para a exclusão do mundo do trabalho, dos direitos e das formas dignas de
existência (2002, p.93).
Em outros termos, é falsear a educação, ou seja, democratiza o processo de inserção
do indivíduo deficiente, através da matrícula, mas não garante uma formação ampla
intelectual para que este sujeito tenha uma efetiva inclusão profissional.
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Nesta perspectiva, a busca pela equidade e pela responsabilidade passa a ser uma
responsabilidade de cada indivíduo. Assim, se é difícil para uma pessoa dita normal, ingressar
no mundo do trabalho, neste contexto, a pessoa com deficiência enfrenta de forma mais
acentuada essa inserção enquanto trabalhador, haja vista que não tem as mesmas
oportunidades que os outros indivíduos têm em relação a formação intelectual e profissional,
assim como, não atende aos padrões de “beleza” comumente aceitos e valorizados.
Esta realidade, consequência de concepções teóricas, construídas com base no projeto
burguês de educação, impôs a dicotomia social do capital, embasada no conflito trabalhador
X capital ao meio educacional, disseminando, portanto, uma educação para o trabalhador,
submetida à necessidade do capital de reproduzir a força de trabalho como mercadoria, e de
uma educação de caráter geral, clássico e científico destinada à formação das elites dirigentes.
A dualidade, destas relações de produção, permeou não apenas a educação
apresentada ao deficiente, mas, este caráter excludente do ensino, colaborou para que uma
imensa gama de pessoas fossem excluídas da educação formal, marcando a vida de inúmeros
trabalhadores que não estão no perfil de normalidade física e psicológica, instituídos na
sociedade isto é, durante séculos muitos indivíduos foram privados de acesso à escola, e,
quando esta estava disponível, tinha o objetivo de manter os mecanismos econômicos
vigentes, porque apesar de permitir o acesso não garantia a permanência.
E foi neste ínterim, que a Educação de Jovens e Adultos, surgiu como uma política
compensatória para estes sujeitos que tiveram seu direito privado durante muitos anos. Esses
jovens retornam, por meio da EJA, certos da falta que faz a escolaridade em suas vidas,
acreditando que não conseguem postos de trabalho e lugares de emprego pela baixa
escolaridade, desobrigando o sistema capitalista da responsabilidade que lhe cabe pelo
desemprego estrutural. Entretanto, esta característica de compensação que marcou esta
modalidade de ensino, trouxe mais malefícios que benefícios, no afã de incluir esses jovens e
adultos, não houve a preocupação de oferecer uma educação apropriada para este público,
que possui peculiaridades educativas e sociais muito distintas da educação regular.
É nítida a semelhança de exclusão que tanto a Educação destinada ao deficiente como
a Educação proposta aos Jovens e Adultos sofreram em suas trajetórias históricas, já que
ambas vivenciaram uma realidade social de marginalidade, cujos direitos básicos foram
negados.
Desta forma, o PROEJA despontou como uma alternativa para uma efetiva inclusão,
cuja finalidade, é articular teoria-prática, entre o saber e o saber fazer. O pressuposto
referencial do Programa é preparar o aluno para uma formação integral em todos os níveis e
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não apenas um técnico para ingressar no trabalho. Pretende ser uma formação integral, focada
não no mercado produtivo, mas, em uma concepção de educação que possibilite o
desenvolvimento cultural, social e que atenda as exigências de ordem familiar, do mundo do
trabalho e do exercício da cidadania.
Salienta-se, que este programa busca atender a todos os indivíduos que foram
excluídos do sistema de educação ou a ele não tiveram acesso nas faixas etárias denominadas
regulares, seja por demandas socioeconômicas ou por outras especificidades, é o que diz o
documento.
...a construção de uma identidade própria para novos espaços educativos, inclusive de uma escola de/para jovens e adultos. Em função das especificidades dos sujeitos da EJA (Jovens, adultos, terceira idade, trabalhadores, população do campo, mulheres, negros, pessoas com necessidades educacionais especiais, dentre outros), a superação das estruturas rígidas de tempo e espaço presentes na escola é um aspecto fundamental. (BRASIL, 2007, p. 41).
Portanto, o PROEJA, apresenta-se como uma alternativa de inclusão para o deficiente
físico, sensorial e mental, que foi excluído do processo de educação, ou quando nele foi
incluído, desistiu, e tem uma formação apenas parcial, porque, por conta do próprio processo
de exclusão sofrido desde o início da humanidade, existe uma parcela muito grande destes
sujeitos que são jovens e adultos e não possuem formação básica, sendo assim, o PROEJA,
por apresentar uma característica integradora nasce como uma opção a estes sujeitos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto neste estudo, foi possível constatar que existe uma complexa teia de
elementos que interferem na relação deficiência e mundo do trabalho.
Embora se veicule o discurso da inclusão educacional e profissional para as pessoas
com deficiência, observa-se ao analisar os fatos históricos, que há uma continuidade na
situação de exclusão social que é acentuada pela política dos meios de produção que a
sociedade vem instituindo.
Apesar da relevante alteração quantitativa na inserção destes indivíduos ao processo
educacional e profissional, principalmente após o movimento mundial que se delineou em
torno da democratização da educação, há um fosso entre a abertura educacional e a efetiva
ascensão social destes sujeitos.
A democratização do ensino e do campo profissional não significa apenas o acesso
dos estudantes à escola, configurada em uma matrícula em um estabelecimento de ensino, ou
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mesmo a implantação de legislação que institui cotas para a entrada destes indivíduos nos
mecanismos de produção do capital, mas, sobretudo, democratizar é promover a permanência
destes sujeitos nos estudos e no mundo do trabalho, dando-lhes acessibilidade e
oportunidade de interferência para que possam promover mudanças sociais, econômicas e
culturais na sociedade.
Neste sentido, muitas propostas na educação profissional tidas como inclusivas,
serviram como mecanismos para reforçar a exclusão porque não consideraram o contexto
social em que as relações de produção se deram e não descortinaram para os alunos os
conflitos existentes na sociedade do capital.
Sendo assim, diante destes inúmeros equívocos que nossa sociedade impôs ao
deficiente é nossa responsabilidade assegurar ao jovem e adulto deficiente físico, sensorial ou
mental, mecanismos de permanência e ascensão social e profissional é uma obrigação legal e
histórica que a sociedade tem com esse indivíduo.
Portanto, o desafio deste estudo foi mostrar que a luta do trabalhador com deficiência
física, sensorial ou mental não deve ser compreendida em separado do processo de educação
e de construção dos mecanismos de produção, em que a sociedade esteve inserida, ao
contrário, deve ser entendida a partir desta lógica, favorecendo uma maior reflexão sobre as
contradições sociais e contribuindo para a elevação da consciência sobre o trabalho nesta
sociedade capitalista.
REFERÊNCIAS
BRASIL. CNE/CEB. Parecer nº 17. Dispõe sobre as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial em Educação Básica. Brasília, 2001. _______. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília. DF, Senado Federal, 1988. _______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, 20 de dezembro de 1996. _______.MEC/SETEC. Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos: Ensino Médio/Técnico – PROEJA: Documento Base. Brasília, 2007. DUARTE, Newton. Sociedade do conhecimento ou sociedade das ilusões? Quatro ensaios crítico-dialéticos em filosofia d educação. Campinas, SP: Autores Associados, 2003. FRIGOTTO, Gaudêncio. A produtividade da escola improdutiva. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2001.
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KUENZER, Acácia. Exclusão includente e inclusão excludente: a nova forma de dualidade estrutural que objetiva as novas relações entre educação e trabalho. In: LOMBARDI, José Claudinei; SAVIANI, Dermeval; SANFELICE, José Luis (Org.). Capitalismo, trabalho e educação. Campinas, SP: Autores Associados, HISTEDBR, 2002. GUHUR, M.L.P. Representação da deficiência mental: esboço de uma abordagem histórica. 1992. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba. GLAT, Rosana. Pesquisa em Educação Especial na Pós-Graduação. Viveiros de Castro Editora Ltda.: Rio de Janeiro, 1998. PESSOTTI, Isaias. Deficiência Mental: da Superstição à Ciência. São Paulo: Queiroz/EDUSP. 1984. RAMOS. Marise. A educação profissional pela pedagogia das competências e a superfície dos documentos oficiais. Educ. Soc., Campinas, vol. 23, n. 80, setembro/2002, p. 401-422. SILVA, Otto Marques da. A Epopéia Ignorada – a pessoa deficiente na história do mundo de ontem e de hoje – São Paulo: CEDAS, 1986.
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A RELEVÂNCIA DA AFETIVIDADE PARA O TRABALHO PEDAGÓGICO
Leandro de Assis Duarte3
Resumo
Este trabalho propõe uma revisão bibliográfica a respeito da afetividade vinculada ao trabalho docente e discente, sua relevância no tocante a suas implicações para com a educação em seus processos pedagógicos; em tempos de evolução tecnológica e cientifica sem precedentes na história, ainda ocorrem falhas quanto ao papel da educação e do fazer pedagógicos como elementos de efetiva humanização, de socialização positiva para promoção da justiça e consequente paz social enquanto totalidade. Para isso revisamos obras dos autores: Freire, Dussel, Vygotsky e Wallon; pensadores da educação, da filosofia e da psicologia; que são referenciais indiscutíveis na concepção de uma educação plena, pautada no objetivo de emancipação e libertação do homem; no contexto de uma situação ainda vigente de opressão e dominação do homem pelo homem na presente organização social; visão de educação como processo social e histórico libertador, do qual a afetividade não pode ser negada, e sim deve servir de mediação nas relações pedagógicas pautadas pela alteridade, vislumbrando a exterioridade e na busca dialética de uma nova totalidade. Palavras-chave: Afetividade. Pedagogia. Educação.
Falar da possível relação entre o trabalho pedagógico e o campo das relações afetivas
ou afetividade, não é algo de menor importância, ou um tema movido por certa ingenuidade
ou sentimentalismo. Parte da convicção de que o homem é um ser total, em seus aspectos:
biológico, psicológico, e social; ou seja, um ser integral; dotado de toda uma complexidade e
singularidade, totalidade e substantividade, ao considerarmos a diversidade apresentada por
cada ser. A educação deve contemplar essa integralidade do ser e não negligenciar nenhum
aspecto do desenvolvimento humano, incluindo a afetividade como fenômeno também
verificável no cotidiano das escolas e outros espaços de intervenção educacionais.
Nos últimos tempos temos observado um desenvolvimento científico e tecnológico
extraordinários, sem precedentes na história, a ciência tem conquistado inúmeros avanços,
novas descobertas com imenso potencial para benefício da humanidade, aumento da
capacidade de produção, avanços na medicina, uma verdadeira revolução na área de
tecnologias da informação. Vivemos na era digital, do compartilhamento de conhecimentos,
da comunicação de massa, do uso das redes sociais. Mas observamos também na atualidade
algumas mazelas graves, tais como: a incidência de doenças, com destaque para as patologias
da mente, tais como depressão, ansiedade e estresse; outras questões de saúde como o abuso
de drogas, tanto as lícitas como as ilícitas. Socialmente, a condição de pobreza persistente nas
periferias do mundo, também se faz presente. As questões de saúde decorrem de um estilo de 3 Prefeitura Municipal de Camaçari / CEPEC. [email protected]
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vida patológico, a chamada vida moderna, da correria, da falta de tempo. As questões sociais
emergem principalmente no campo das necessidades materiais, para o provimento das
condições de vida satisfatórias para grande parte da população mundial, que ainda não foram
resolvidas, não por uma condição de escarces, por deficiência econômica, e sim, por uma
questão de negação da possibilidade de uma divisão social da produção; e não temos
indicadores de esforços políticos com essa intencionalidade, de sanar tais questões, que teriam
como consequência um mundo mais justo, mais humano.
O mundo mudou, ou melhor, o modo de vida das pessoas mudou, é a questão do ter
ou ser? Mais enfática; determinada pelo sistema econômico dominante, o capitalismo. É a
situação de desvalorização do homem, o homem antes produtor, passa a condição de produto,
de mercadoria, e isso não se constitui uma novidade histórica, pois fomos marcados pela
prática da escravidão. Numa sociedade capitalista e tecnocrata, o homem é visto como um
abundante elemento; que compõe uma macroestrutura econômica, e, portanto, elemento de
fácil descarte e substituição. Anda muito em voga o discurso da humanização na educação, na
saúde, entre outros campos de atuação social. Mas será que o homem deixou de ser humano e
necessita ser humanizado novamente? Ou será que nunca chegamos a desenvolver todo nosso
potencial humano, na essência do termo? Tais questões possuem implicações para a educação
e passam pela esfera da afetividade como referência básica do ser humano.
A educação reflete sempre a sociedade que a estabelece, e que determina suas
demandas prioritárias, pois a educação não é hermética, os atores sociais que fazem a
educação, participam da vida social em geral. Além do fato da educação tradicional fazer
parte do aparelho ideológico do estado, e visar à manutenção de um modelo de sociedade;
numa perspectiva mais atualizada, o mercado é o grande determinante do ponto de vista
ideológico; da definição do modelo de educação e sociedade.
Dentro de uma análise mais sociológica, o mercado não educa, condiciona as pessoas,
objetivando a determinação de comportamentos, no âmbito do consumo prioritariamente. A
educação crítica, resultante de um trabalho concretamente pedagógico, deve superar tais
condicionamentos, oportunizando a dialogicidade, a livre escolha, a emancipação,
possibilitando o pleno desenvolvimento do ser, dentro de uma coletividade ou meio social.
Promover o debate sobre a relevância da afetividade no trabalho pedagógico, e
consequentemente na educação, é antes de tudo, potencializar a formação integral da pessoa
humana, em toda sua riqueza, subjetividade, diversidade, liberdade e beleza. O
desenvolvimento de relações afetivas no contexto das práticas pedagógicas se faz necessário
não apenas como aprendizagem de cunho socializante e vivencial, mas como opção
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pedagógica, que promove um elemento de mediação para a eficácia e eficiência do processo
de ensino aprendizagem. Mesmo quando o ensino é de cunho técnico e científico.
Outra ideia é tornar o ambiente da sala de aula mais harmônico, no que tange a
convivência dos atores envolvidos no fazer pedagógico, por um fator até mesmo fisiológico,
onde o gostar seja uma realidade presente, gostar do outro, gostar da escola, gostar das
atividades, gostar de estudar, gostar de debater, gostar de conhecer, gostar de si; gostar de
viver; gostar de estar junto com o outro. Aprendizagem afetiva que implique em benefícios
não apenas individuais, mas coletivos; com a promoção do bem-estar social, de tal forma que,
o conhecimento e a ciência estejam a serviço do homem, da melhoria do modo de vida das
pessoas, de uma vida mais salubre; educação convergente para a emancipação das pessoas, e
construção de uma nova realidade social de âmbito mundial; os meios já se encontram
disponíveis, falta à vontade, vontade política, vontade humanística, vontade afetiva.
A dimensão humana da educação deve ter como base a consideração da relevância e
papel da afetividade como gênese da própria categoria humana. A afetividade deve ser a base
para a formação do senso ético e moral do ser; pois não se trata de um mero conhecimento
procedimental; como um estudante pode fazer escolhas éticas, sem antes ter vivenciado a
dimensão afetiva? A promoção de uma educação que considere o aspecto afetivo constitui
uma premissa de uma pedagogia que busca a totalidade e substantividade do ser (DUSSEL,
1997); educação não fragmentada ou dicotômica, como os condicionamentos mercadológicos,
mas uma pedagogia completa. O aspecto social da educação, a escola como um
desdobramento da vida social, a educação como processo histórico e social, percorre o
caminho da vida afetiva dos seus agentes. A afetividade como condição natural do homem, é
mais que uma questão de desenvolvimento fisiológico, pois o homem em suas interações com
o mundo, culturalmente, constrói todo um repertorio de conhecimento no que tange as
relações afetivas, as suas escolhas afetivas.
Segundo a psicologia do desenvolvimento, a construção inicial da afetividade ocorre
preliminarmente ao desenvolvimento cognitivo, sendo constante durante toda a vida humana,
e colaborando com o desenvolvimento motor e cognitivo em condição plena (WALLON,
2007). E ao considerarmos a dimensão sociointeracionista da educação (VYGOTSKY, 1991);
a experiência afetiva é condição para que tal processo seja executado, pois dela decorrem os
vínculos sociais, tão importantes para possibilitar interações, que resultam em aquisição de
conhecimentos. A afetividade serve como possibilidade de mediação para o próprio trabalho
pedagógico, e não se trata de uma estratégia metodológica, ou conteúdo procedimental; mas
se trata de uma práxis própria; cunhada para além da ética educacional, se trata de uma
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concepção de valorização humana, do ser em relação ao outro ser, da exterioridade como
defende (DUSSEL, 1997); da valorização da vida, da biofilia defendida por (FREIRE, 2013),
tais pressupostos indicam uma busca pela libertação do homem. Libertação no sentido mais
amplo; do oprimido, do opressor, do homem que deve ter o direito de ser feito humano.
A afetividade é uma ampla possibilidade no contexto educacional, além de servir como
meio, deve também ser objetivo da práxis pedagógica, como um dos fins da educação, o
desenvolvimento afetivo pleno das pessoas. Devemos ensinar afetividade nas escolas, educar
para além do conhecimento instrumental, como substancialidade da própria educação. No
Brasil, nas realidades sociais de severas condições de vida, dentro de um contexto de
desagregação familiar, até mesmo de violência doméstica; o educador de escola pública deve
estar atento a essas circunstancias, que demandam sim um trato mais humano, práxis
pedagógica que seja elemento gerador de emoções positivas, de satisfação do estudante em
sua tarefa de aprendizagem. Em muitos casos a escola constitui uma importante referência na
vida social do estudante, que constrói a sua identidade social, e define os elementos
constitutivos da sua personalidade. O foco na formação da pessoa humana deve extrapolar o
cognitivo, pois através da formação integral, supera-se a fragmentação da formação escolar
pela lógica do mercado. O discurso da inteligência emocional traz uma abordagem mais
psicológica, como recurso instrumental para a eficiência do processo de ensino e
aprendizagem, todavia não enfatiza a construção de uma saúde emocional, a partir das
relações sociais e afetivas, que devem ser ampliadas em todas as possibilidades e
potencialidades educacionais.
A sociedade capitalista foca o esforço individual, a competitividade; não educa para as
possibilidades de construções pautadas na cooperação, lastreadas na solidariedade, enquanto
um dos valores característicos da humanidade, valores por excelência. A competitividade
típica do mercado se faz presente na escola, competição institucionalizada de um sistema
seletivo e excludente, é a negação da própria justiça social. Educação dos processos seletivos
é a negação de oportunidades, pois não considera a diversidade pessoal. Uma educação
inclusiva, efetiva socialmente, deve ser pautada não numa tentativa de estabelecer a igualdade,
mas sim uma ideia de equidade, dentro da diversidade, numa tentativa de evitar grandes
distorções no que se refere ao desenvolvimento das pessoas, vai além da paz social, para o
estabelecimento de sociedades mais harmônicas. A educação é um campo de projetos, e,
portanto, deve objetivar intervenções de grandes proporções na estrutura social; a educação
sozinha não muda a sociedade, mas sem sua contribuição à sociedade não é modificada
(FREIRE, 2013).
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Quanto ao fazer pedagógico, a salubridade do meio é fundamental para a eficácia do
processo. Um ambiente de sala de aula deve favorecer a criação de situações de aprendizagens
mais agradáveis; e isso tem a ver com afetividade. A relação com o outro, também é muito
importante na construção dessa ambiência pedagógica; pois o outro constitui o objeto
principal dos afetos; cabe aos agentes pedagógicos, valorizar as atitudes de amizade,
cordialidade, respeito, solidariedade, cooperação, altruísmo. As relações interpessoais são
elemento-chave numa pedagogia afetiva, o tratamento que o professor dispensa ao aluno, a
receptividade, o acolhimento, a atenção, o interesse, o comprometimento; são percebidos
pelos alunos, e geralmente resulta numa maior proximidade, e no estabelecimento de uma
relação professor-aluno diferenciada; no sentido de um apuramento da percepção que o
professor tem dos alunos, e de uma maior atenção e interesse por parte dos alunos; elementos
inegavelmente convergentes para o sucesso do trabalho pedagógico. A dimensão afetiva no
contexto do trabalho pedagógico, contribui para o processo de ensino-aprendizagem; como já
dissemos, serve como mediação da própria ação educativa; e para além da mediação, constitui
também objeto do fazer pedagógico. A educação como fator de socialização e consequente
humanização, deve oportunizar a construção de relações afetivas. Essa abordagem não
desconsidera a finalidade técnica ou mesmo científica da educação, mas coloca a afetividade
como possibilidade indispensável na construção coletiva de conhecimentos, e não mera
instrução, como um dos objetivos da educação, enquanto processo histórico e social.
Quando o professor passa a dar mais atenção à questão da afetividade, não ocorre a
negação do caráter técnico do fazer pedagógico; e sim a criação de uma ambiência realmente
motivacional, estimulante, para a apreensão de saberes, incluindo os saberes relacionados à
vida afetiva. A essência da questão pedagógica é conhecer o que desperta o interesse de
aprender dos alunos; podemos inferir que os vínculos afetivos trazem essa possibilidade. O
despertar da aprendizagem abrange tanto o conteúdo, como também a forma. O compromisso
com o fazer pedagógico não é gerado pela pura disciplina, pela noção da importância da
formação escolar, a motivação deve ser antes de tudo, afetiva. A educação deve ser
estabelecida além da obrigatoriedade, escolhas devem ser oportunizadas dentro das
possibilidades curriculares, desertar o real interesse de aprender ainda constitui uma questão
central da pedagogia contemporânea.
É claro que o elenco dos conteúdos a serem estudados não pode ficar a critério dos
discentes, por não terem conhecimento suficiente para tal escolha; mas cabe estimular, o
despertar pelo real interesse de estudar; o que (FREIRE, 2013) chama de curiosidade
epistemológica, que pode ter a afetividade como um elemento desencadeador de tal situação.
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Muitos alunos relatam dificuldade em relação à determinada disciplina ou professor; outros
relatam facilidade em aprender determinada matéria ou com determinado professor, seria uma
questão apenas metodológica? A didática certamente percorre o caminho da dimensão afetiva
da educação, dos sujeitos da educação, dos educandos e educadores que todos somos
simultaneamente e constantemente. Cabe à pedagogia contemplar a totalidade e exterioridade,
conforme (DUSSEL, 1997), respaldando a opção pela ênfase na dimensão afetiva da
educação.
Quanto as nuances do trabalho pedagógico, o embasamento técnico e metodológico da
tarefa docente, devem ser completados pela construção de uma situação de caráter afetivo,
vale frisar que a vinculação afetiva entre os agentes pedagógicos, não se resume a criação de
um ambiente escolar mais harmônico, pois essa construção deve ser objeto constitutivo da
própria educação. A escola é o desdobramento social da família, e dentro de um contexto
atual, de crise da família, com as novas configurações; a escola deve estar mais atenta a sua
imediata função, ou função prioritária, a preparação para a vida em sociedade. A concepção
de escola está interligada ao modelo de sociedade. Dentro da dialética própria da pedagogia,
consta a base para a reformulação das próprias estruturas sociais. A educação tecnológica
contribuiu sim para o progresso mundial, embora esse progresso não se encontra ao alcance de
todos, falta a justa distribuição dos recursos decorrentes desses avanços. Uma questão ainda
por resolver, é a questão do desenvolvimento social, principalmente no contexto das periferias
do mundo, tendo como exemplos: a América latina, a África, e Ásia. Em um mundo
globalizado, constatamos que tal processo não ocorreu ainda no plano dos benefícios sociais
para a maioria da população do mundo, vale enfatizar, a periferia do mundo, os que se
encontram a margem das nações desenvolvidas.
A educação afetiva é ecológica e busca o equilíbrio das relações humanas, numa
tentativa de superação das meras relações de poder, da exploração do homem pelo homem;
tendo a cooperação e solidariedade como valores balizadores. O pleno desenvolvimento social
tem por decorrência, a contribuição para o enfrentamento de questões tais como
marginalização e desigualdade social. Outra possibilidade é um olhar mais próximo sobre o
outro, o outro que integra a nossa realidade social, o outro que sendo ajudado, pode colaborar
mais intensamente para a promoção do bem-estar social, que deveria ser objetivo primeiro da
sociedade. No Brasil, verificamos ainda um grande atraso no desenvolvimento social, e a
educação deve ter participação ativa para a superação desta realidade. O progresso deve estar
a serviço do homem, e não o homem a serviço do progresso. O progresso educacional efetivo
passa pelo desenvolvimento do homem, sua humanização, e, portanto, sua vinculação afetiva
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com os demais sujeitos da vida social. A opção pela atenção a afetividade no contexto
educacional, constitui uma educação de cunho social, o que vai de encontro ao sistema
vigente, o capitalismo, o neoliberal. As demandas sociais são gritantes, e os educadores por
terem acesso à base da sociedade, se deparam no dia a dia, com suas problemáticas, e suas
consequências imediatas, como a marginalidade e a violência extremas.
A educação não deve se prender a abordagens fixas, há a necessidade de reformulação
da práxis pedagógica sempre, cabe ao professor estar atento e sensível à realidade que emana
socialmente, reconstruindo a sua ação em prol de ganhos sociais e coletivos, que por
consequência beneficiam a cada sujeito em sua subjetividade enquanto indivíduos. Dentro do
contexto da escola pública, de realidades sociais tão graves, os educadores têm muito a
contribuir, com a formação humana plena das pessoas, pois o professor não é um mero
instrutor de técnicas e procedimentos pedagógicos, pautados pelo conhecimento científico. A
construção coletiva do conhecimento, pautada pela dimensão afetiva das relações sociais,
deve ser o grande referencial da educação. A educação inclusiva não se estabelece apenas ao
possibilitar o acesso de todos a escola, mas a inclusão efetiva deve ser condicionada pela
oportunidade de pleno desenvolvimento dos indivíduos, considerando suas especificidades, e
suas potencialidades diversas. A educação deve incluir também os indivíduos em situação de
vulnerabilidade social, a escola deve significar inclusão social de fato, não na perspectiva do
mero assistencialismo, mas dentro de uma conduta crítica e emancipatória da educação. A
condução da educação dentro de uma abordagem afetiva, potencializa o protagonismo dos
sujeitos, dos atores do processo educativo, rompendo com a caracterização dos sujeitos como
meros objetos do sistema educacional.
A construção coletiva do conhecimento, em uma concepção critica emancipatória,
pautada por uma abordagem afetiva; possibilita o dialogo efetivo entre toda a comunidade
escolar, considerando uma gestão escolar democrática e participativa. Sair do formato passivo
de educação e do modelo de apenas reprodução dos conhecimentos produzidos socialmente e
historicamente transmitidos, é afirmar o grau ativo dos sujeitos, dentro do cenário
educacional, é incentivar a própria dialética educacional, não se trata de um repertório teórico
novo, mas da aplicação desses pressupostos; tendo como elemento motivacional especial, a
referida afetividade.
A práxis pedagógica é eminentemente afetiva, o fazer diário do professor requer
dedicação, atenção, real interesse pelos alunos e suas realidades, dentro de uma finalidade
realmente educacional; não se trata de mera instrução científica, de condicionar
comportamentos; mas de educar, educação plena, totalizante. A escola constitui um
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microcosmos social, muito importante para o exercício da socialização e valorização dos
educandos, que muitas vezes apresentam situação de vulnerabilidade social; a educação
representa alternativas de vida para as pessoas. A educação como efetiva inclusão social,
promotora da justiça social e do bem-estar social, deve ter a dimensão do afeto entre os seres,
como elemento de mediação em toda atividade humana; colaborando com o processo de
conscientização das pessoas e da constante busca de uma vida melhor para todos, de afeto, de
amor!
REFERÊNCIAS
DUSSEL, Enrique. Filosofia da Libertação na América Latina. São Paulo: Loyola, 1997. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2005. ______. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2013. VYGOTSKY, Lev Semyonovich. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991. WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança / Henri Wallon; com introdução de Èmile Jalley; tradução Claudia Berliner; revisão técnica Izabel Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2007. – (Coleção psicologia e pedagogia)
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CONSTRUINDO MATERIAL DIDÁTICO APOIADO NA CULTURA DO CORDEL
Adriana Leite Campos4
Rosângela da Luz Matos5
Lucimere Barbosa Santos6 Resumo Projeto de intervenção desenvolvido com alunos 6º ano do Ensino Fundamental II, com o objetivo metodológico desenvolvido por cinco oficinas, trabalhando respectivamente a cultura Nordestina; exposição conceitual do cordel, origens, características, estrutura poética, elementos alegóricos e variações escrita; elaboração de poemas em cordel e xilogravuras que acompanhariam os poemas; finalizando com a produção de folhetos, poesias de cordel e xilogravuras. Deste projeto resultou a Revista dinâmica Cordel Encantado. Atualmente sou estudante do mestrado profissional Gestão e Tecnologias Aplicadas à Educação, no qual desenvolvendo materiais didáticos em forma de cordel, apoiados na cultura e história local fortalecendo o ensino de linguagens e literatura na rede de ensino fundamental II. Palavras-chave: Material didático. Cultura. Cordel.
JUSTIFICATIVA
Este projeto de intervenção pretende desenvolver materiais didáticos na forma de
Revista, utilizando a Literatura de Cordel como prática educacional nas disciplinas de
Português e Literatura Brasileira com a finalidade de trabalhar os conteúdos gramaticais,
variações e preconceitos linguísticos no ensino fundamental II do Colégio Estadual Juracy
Magalhães Junior na localidade de Chacha Pregos.
A pesquisa surgiu durante o primeiro estágio da disciplina de literatura do curso de
Letras7 e consistia na observação e desenvolvimento de projetos da Cultura Nordestina na
Escola Municipal Margarida Moreira no ano de 2011. Já no ano de 2012 cumpri um segundo
estágio complementar no Colégio Estadual Juracy Magalhães Junior, ambos situado na
localidade de Cacha Pregos em Vera Cruz – BA. Lá também foram desenvolvidas atividades
com a Cultura Nordestina.
O projeto Cultura Nordestina foi desenvolvido em duas etapas. A etapa um teve por
público alvo os professores das áreas de Português e Literatura e a etapa dois incluía alunos e
4 UNEB. [email protected] 5 UNEB. [email protected] 6 UNEB. [email protected] 7 FACE - Faculdade de Ciências Educacionais, 2010.1. Valença - BA.
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professores. As estratégias didáticas desenvolvidas foram: oficinas, seminários e outras
atividades dinâmicas que visavam à construção de rimas, folhetos de cordel e xilogravuras.
O objetivo do projeto Cultura Nordestina pretendia aproximar de alunos e professores
a cultura popular registrada na literatura de cordel, ressaltando a importância da oralidade,
bem como o olhar poético, artístico e crítico sem deixar de incorporar os aspectos sociais às
práticas de leituras e produção textual.
Esses professores e estudantes tiveram acesso a aulas de literatura envolvendo a
prática de construção de cordel, enfatizando a criatividade e recriação poética na utilização de
recursos tecnológicos diversificados, entre esses o cordel, a música popular nordestina, a rima
sertaneja e a arte na produção de xilogravura. Essas experiências foram recebidas por alunos e
professores com desenvoltura, principalmente na produção de folhetos e xilogravuras,
considerada uma inovação no contexto da sala de aula.
Desta experiência, deixo em anexo, o trabalho de uma aluna que produziu um folheto
de cordel com xilogravura com o título ´´A AIDS``8. Neste a jovem abre sua xilogravura com
um preservativo e desenvolve seu cordel apoiada na poética de Patativa do Assaré, um dos
autores apresentados aos alunos. Patativa usava de sua poética para citar fatos do cotidiano de
um povo de forma criativa.
Se analisarmos o cordel desta estudante percebe-se que a dinâmica desenvolvida na
produção da xilogravura, complementam-se com a vida e experiência cotidiana de um jovem,
e que o cordel elaborado por ela não descuidou dos aspectos ligados com a aprendizagem da
língua portuguesa, seja gramática sintática e variável. Este era um dos objetos do projeto
Cultura Nordestina, levar o estudante a interagir literariamente com a língua normativa
utilizando-se da produção de folhetos, cordéis e xilogravuras.
Esta prática resultou na elaboração de uma Revista de Cordel já no formato de material
didático instrucional e que pode ser utilizado junto ao fundamental l e II, e que agora
apresento como produto tecnológico a ser desenvolvido no mestrado profissional GESTEC.
8 Bárbara Caroline dos Santos. Título: ´´A AIDS``, ano 2013.
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OBJETIVOS
Objetivo Geral
Desenvolver materiais didáticos para o ensino de Língua Portuguesa e Literatura
Brasileira com alunos do ensino fundamental II utilizando a cultura do cordel.
Específicos
• Desenvolver oficinas de sensibilização com professores das disciplinas de Língua
Portuguesa e Literatura Brasileira do ensino fundamental II para fomentar a construção de
materiais didáticos apoiados na cultura do cordel.
• Desenvolver oficinas de construção de materiais didáticos com professores e alunos
das disciplinas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira do ensino fundamental II tendo a
cultura do cordel como referências: construção de rimas, folhetos de cordel e xilogravuras.
• Desenvolver uma Revista de Cordel no formato de material didático para integrar o
ensino de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira no ensino fundamental II.
PROPOSIÇÃO DA PROPOSTA DE TRABALHO
Este projeto de intervenção tem seus fundamentos na literatura de cordel que pode ser
definida por Cascudo (1994) e Araújo (2007) como uma crônica poética da história popular.
Uma narrativa, em verso, na qual um povo fala de seus modos de vida, suas experiências
históricas e origens.
Outro teórico que inspira o uso da literatura popular nos processos de ensino
aprendizagem é Paulo Freire, especialmente nos aspectos metodológicos. Este autor refere
que ´´educar é como viver, exige a consciência do inacabado`` e do mundo vivo, de modo tal
que a história e o cotidiano sejam contemplados nas metodologias e didáticas do ensino
praticadas.
Para Freire o aspecto central no processo educativo é a afirmação da liberdade e
autonomia e para alcança-lo é preciso apoiar-se na história, memória e cultura viva de um
povo. Para atingir estes objetivos, diz o autor, a prática educativa deve observa