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Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 1 Anais X SECIC SEMANA DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS I SEMINÁRIO DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E EDUCAÇÃO CONTABILIDADE: CIÊNCIA A SERVIÇO DA SOCIEDADE 10 a 14 de junho de 2013 UNEMAT UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO Campus Universitário de Tangará da Serra MT ORGANIZADOR EUGÊNIO CARLOS STIELER

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Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 1

Anais X SECIC

SEMANA DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS I SEMINÁRIO DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E EDUCAÇÃO

CONTABILIDADE: CIÊNCIA A SERVIÇO DA SOCIEDADE

10 a 14 de junho de 2013

UNEMAT UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO Campus Universitário de Tangará da Serra – MT

ORGANIZADOR EUGÊNIO CARLOS STIELER

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10ª SEMANA DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS (SECIC) 1º SEMINÁRIO DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E

EDUCAÇÃO CONTABILIDADE: CIÊNCIA A SERVIÇO DA SOCIEDADE

10 a 14 de junho de 2013

CURSO DE CIENCIAS CONTÁBEIS Campus de Tangará da Serra - MT

Universidade do Estado de Mato Grosso Brasil

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FICHA CATALOGRÁFICA X SECIC - Semana de Ciências Contábeis I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação; Contabilidade: Ciência a Serviço da Sociedade - 10 a 14 de junho de 2013 - Campus Universitário de Tangará da Serra - Universidade do Estado de Mato Grosso-MT – Brasil.

1. Resumos. 2. Trabalhos Acadêmicos. 3. UNEMAT. 4. Mato Grosso. I.

Título

Ilustração: Eugênio Carlos Stieler Página da web da X SECIC - Semana de Ciências Contábeis: http://www2.unemat.br/contabeistga/secic/10secic/index.html Construção da página: Eugênio Carlos Stieler

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Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 4

COMISSÃO ORGANIZADORA Cleci Grzebieluckas Eugênio Carlos Stieler

COMITÊ CIENTÍFICO Carlos Edinei de Oliveira – UNEMAT Cleci Grzebieluckas - UNEMAT Maria Helena Rodrigues Paes – UNEMAT

ADMINISTRAÇÃO DA UNEMAT Adriano Aparecido Silva Reitor Dionei José da Silva Vice-Reitor Sergio Baldinotti Diretor de Unidade Regionalizada Político-Pedagógica e Financeira Eugênio Carlos Stieler Diretor da Faculdade de Ciências Sociais, Aplicadas e da Linguagem Alex Sabino dos Santos Diretor de Unidade Regionalizada Administrativa Cleci Grzebieluckas Coordenadora do Curso de Ciências Contábeis Ana Maria Di Renzo Pró-Reitora de Ensino e Graduação Áurea Regina Alves Ignácio Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação Vera Maquêa Pró-Reitora de Extensão e Cultura Walter Gustavo Danzer Pró-Reitor da Administração Ariel Lopes Torres Pró-Reitor de Gestão Financeira Weily Toro Machado Pró-Reitor de Planejamento e Tecnologia da Informação Celso Fanaia Teixeira Pró-reitor de Assuntos Estudantis

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SUMÁRIO COMISSÃO ORGANIZADORA ................................................................................................................ 4

COMITÊ CIENTÍFICO ................................................................................................................................ 4

ADMINISTRAÇÃO DA UNEMAT ............................................................................................................. 4

SUMÁRIO .................................................................................................................................................... 5

BREVE HISTÓRICO DA X SECIC ........................................................................................................... 6

O TEMA ........................................................................................................................................................ 7

PROGRAMAÇÃO ....................................................................................................................................... 7

ARTIGOS ..................................................................................................................................................... 8

A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL E A QUALIDADE DOS GASTOS COM PESSOAL, UMA ANÁLISE DOCUMENTAL NO MUNICÍPIO DE CÁCERES – MT, NO PERÍODO DE 2005 A 2011 ....................................... 8

A REPRESENTAÇÃO DO TCC PARA OS ACADÊMICOS DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS NA UNEMAT DE TANGARÁ DA SERRA – MT ........................................................................................................................... 21

ANÁLISE DO DESEMPENHO ECONÔMICO APÓS A IMPLANTAÇÃO DAS LICENÇAS AMBIENTAIS: UM ESTUDO EM UMA EMPRESA DO SETOR MECÂNICA- HIDRÁULICA ............................................................. 34

ANÁLISE DO IMPACTO DAS DESPESAS DE MANUTENÇÃO DO HOSPITAL MUNICIPAL ROOSEVELTH FIGUEIREDO LIRA DE BARRA DO BUGRES-MT NO ORÇAMENTO DO MUNICÍPIO ....................................... 46

APURAÇÃO DO CUSTO DA DIÁRIA DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR: UM ESTUDO DE CASO ........................ 59

BALANÇO SOCIAL: UMA ANÁLISE NAS 100 MAIORES EMPRESAS BRASILEIRAS ......................................... 72

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BREVE HISTÓRICO DA X SECIC

A semana de Ciências Contábeis vem sendo realizada desde 1997 exceto nos períodos de

1998 a 2001, 2005, 2006 e 2008. Desde sua primeira edição, sempre teve como principal foco os

acadêmicos do próprio curso, a fim de oportunizá-los condições de adquirir novos conhecimentos

através de palestras e debates com especialistas na área contábil.

Os temas e as palestras proferidas nas semanas de Ciências Contábeis sempre estiveram

de acordo com os assuntos em evidência da época. Em 2002, na II Semana de Ciências

Contábeis o tema foi: “A Contabilidade Pública e a Responsabilidade dos Gestores”. Em 2003 na

III Semana de Ciências Contábeis teve como Tema: “Contabilidade: Transparência com

Responsabilidade Social”.

Em 2004 foi realizada a IV Semana de Ciências Contábeis com o Tema: “A Contabilidade

como instrumento para as tomadas de decisão”. No encerramento foi oferecida à comunidade o

serviços de Declaração Anual de Isento – CPF, onde foram feitas 810 (oitocentos e dez)

declarações.

Em 2007 foi realizada a V Semana de Ciências Contábeis, com o tema “Tributo,

Contabilidade e Responsabilidade Social”. Estiveram presentes autoridades do município,

representantes de Secretaria de Fazenda do Estado, e professores do Departamento de Ciências

Contábeis. O evento contou com aproximadamente 200 inscritos. A palestra proferida pelo

contador Odenor Aquino da Silva, Coordenador do Programa Consciência Fiscal da SEFAZ/MT,

que teve como tema “Tributo, contabilidade e responsabilidade social”. Além de palestras, o

evento contou com várias mesas redondas.

Em 2009 foi realizada a VI SECIC – Semana de Ciências Contábeis, com o tema:

“Contador: Atuação e Inteligência Corporativa”. O evento contou com apresentação de minicursos

e exposições de trabalhos por parte dos acadêmicos do curso de Ciências Contábeis. Em 2010 foi

realizada a VII SECIC – Semana de Ciências Contábeis com o tema: “O perfil Ideal para o

Contador que as Empresas Procuram”. Entre as palestras foram realizadas várias apresentações

culturais. Estiveram presentes 335 participantes entre professores e acadêmicos da UNEMAT e

outras instituições locais.

Em 2011 a VIII SECIC abordou sobre o tema “Tecnologia e Meio Ambiente: Novas

Tendências da Contabilidade”. O evento foi contemplado com palestras sobre ICMS Ecológico,

Projetos e o Mercado de Créditos de Carbono e também sobre o Exame de Suficiência para os

futuros profissionais contábeis. Contou ainda com uma mesa redonda sobre o uso da tecnologia

na contabilidade e na gestão. Foram realizadas oficinas sobre Metodologia de Pesquisa, Micro

Empresário Individual, Imposto de Renda Pessoa Física, Economia Pessoal, Contabilidade e o

Agronegócio, Iniciando com a calculadora HP12, Estatística Básica Usando o R, e Sped Fiscal e

Contábil. Também foram apresentados trabalhos de pesquisas dos acadêmicos e professores dos

cursos de Administração e Ciências Contábeis gerando assim o primeiro Cadernos de Resumo

impresso.

A IX SECIC – Semana de Ciências Contábeis em 2012 teve como tema: “Contador Global:

Tendências, Desafios e Oportunidades”. O evento propôs uma discussão sobre as novas

tendências desafios e oportunidades para o profissional contábil no tocante a exportação de

produtos, uma vez que cada vez mais se abrem novas oportunidades de mercados internacionais.

Oportunizou aos acadêmicos do Curso de Ciências Contábeis palestras sobre a

importância da preparação para o Exame de Suficiência, atributo necessário para a atuação

profissional contábil.

Abriu também um importante espaço para a comunidade científica publicar suas pesquisas

de trabalhos de Conclusão de Curso e/ou outras modalidades.

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No decorrer dessa trajetória percebe-se que houve um crescimento significativo na

participação tanto da comunidade interna quanto externa, destacando-se, portanto, a necessidade

de dar continuidade dessa modalidade de evento.

O TEMA

A 10ª Semana de Ciências Contábeis (SECIC) teve como tema: “Contabilidade: Ciência a

Serviço da Sociedade”. Junto a X SECIC foi realizado o 1º Seminário de Pesquisa em

Administração, Contabilidade e Educação, oportunidade que propiciou aos acadêmicos e

professores a divulgarem suas pesquisas realizadas nos trabalhos de Conclusão de Curso e/ou

outras modalidades.

PROGRAMAÇÃO

Dia 10 de junho, Segunda feira LOCAL: CENTRO CULTURAL 18h às 19h - Entrega de Material 19h às 20h - Abertura e Apresentação Cultural 20h às 22h Palestra de Abertura: CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR Palestrante: Prof. Dr. Wilson Toshiro Nakamura – MACKENZIE Dia 11 de junho, Terça feira LOCAL: Campus da Unemat Tangará da Serra - MT. 19h às 23h - Seminário de pesquisas em Contabilidade, Administração e Educação. Dia 12 de junho, Quarta-feira LOCAL: Campus da Unemat Tangará da Serra - MT. 19h às 23h - Minicursos (4 horas)

Saber Falar. Uma nova competência gerencial Prof. Me. Ivon de Mello Trelha (UNEMAT)

Usando a calculadora HP12C Prof. Me. Eugênio Carlos Stieler (UNEMAT)

Imposto de Renda Pessoa Física Prof. Me. Adervaldo Chaves Ribeiro (UNEMAT)

Do Projeto de Pesquisa ao TCC Prof. Me. Sergio José Both

Dia 13 de junho, Quinta-feira LOCAL: Centro Cultural 19h às 20h. Apresentação cultural

20h às 22h Palestra: A FUNÇÃO SOCIAL DA UNIVERSIDADE NO CONTEXTO ATUAL Palestrante: Dra. Leonice Alves Mourad – UFSM 14 de junho, Sexta-feira LOCAL: Campus da Unemat Tangará da Serra - MT. 19h às 22h Mesa Redonda: A PESQUISA NA UNIVERSIDADE Palestrantes: Prof.ª Dra. Leonice Alves Mourad – UFSM Prof. Dr. Sergio Both

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ARTIGOS

A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL E A QUALIDADE DOS GASTOS COM PESSOAL, UMA ANÁLISE DOCUMENTAL NO MUNICÍPIO DE CÁCERES – MT, NO PERÍODO DE

2005 A 2011

Simone Alves Nascimento [email protected]

Marta de Oliveira Correia

[email protected] Patrícia Gomes Mussato

[email protected] Nivaldo Teodoro de Mello

[email protected]

Área de conhecimento: Ciências Contábeis

RESUMO

O presente estudo tem por objetivo avaliar a qualidade dos gastos público pertinente a despesa com pessoal na prefeitura Municipal de Cáceres-MT, por meio de análise documental, do período de 2005 a 2011, possibilitando uma melhor compreensão dos demonstrativos das despesas com pessoal à luz da Lei Complementar 101/2000. Quanto à abordagem do problema, a pesquisa é qualitativa e insere-se como estudo documental e bibliográfico, através de análise dos dados extraídos de documentos contábeis da prefeitura, referente aos exercícios financeiros de 1999 a 2000 e 2005 a 2011. O referido estudo possibilitou concluir que, em regra, o município manteve os seus gastos com pessoal no limite máximo estabelecido pela LRF, realidade recorrente no âmbito da municipalidade até mesmo em épocas anteriores ao advento da Lei Complementar 101/2000. Alguns fatores podem ser decisivos para que o município se envolva nessa realidade, dentre os quais se destaca a arrecadação tributária incipiente auferida frequentemente pelo poder público municipal. No exercício financeiro de 2005 a despesa com pessoal, ultrapassou o limite estabelecido pela LRF (54%) infringindo, dessa forma, frontalmente a Lei Complementar 101/2000. Nesse sentido, pode-se constatar que embora a LRF tenha como princípio básico impactar de forma positiva na qualidade dos gastos públicos, pode-se constatar que na administração municipal de Cáceres essa realidade, na forma de bem gerir o erário, não ocorreu.

Palavras-chave: Lei de Responsabilidade Fiscal; Qualidade de Gastos; Despesas com Pessoal;

1 INTRODUÇÃO

A Administração Pública se destina a atender o interesse público e garantir o

acompanhamento das finalidades institucionais que a Constituição e as leis infraconstitucionais

determinam para todo o aparato da Administração Pública (PREFEITURA, 2011, p.02).

A gestão a ser exercida pelo administrador público deve zelar pela correta aplicação e

gerenciamento dos recursos públicos, na forma da lei, cabendo, ainda, observar a supremacia do

interesse público, bem como os princípios aplicáveis à Administração Pública, em especial os

relacionados no art. 37 da Constituição Federal de 1988, tais como legalidade, moralidade,

impessoalidade, economicidade e eficiência (CASTILHOS et al., 2009, p.19).

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Neste contexto, a Lei Complementar, nº 101, de 04 de maio de 2000, conhecida como Lei

de Responsabilidade Fiscal, estabelece normas de finanças públicas voltadas para a

responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição Federal.

De acordo com os artigos 19 e 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal, na esfera municipal, a

despesa total com pessoal em cada período de apuração não poderá exceder os percentuais da

receita corrente líquida de 60%, sendo 54% para o Executivo, e 6% para o Legislativo, incluído o

Tribunal de Contas do Município, quando houver.

As limitações das despesas com pessoal na gestão pública contribuem para o equilíbrio

das contas públicas e aumenta a responsabilidade do gestor que passa a ter limites e regras

definidas para conseguir administrar as finanças de maneira transparente (FREITAS e

DAMASCENA, 2011, p.02).

O presente estudo tem por objetivo avaliar a qualidade dos gastos na folha de pagamento

da Prefeitura Municipal de Cáceres-MT, por meio de análise documental, do período de 2005 a

2011, possibilitando uma melhor compreensão dos demonstrativos das despesas com pessoal,

estes analisados em conformidade com a Lei de Responsabilidade Fiscal.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Administração Pública

Administração Pública é o conjunto de órgãos e entes que exercem funções

administrativas, compreendendo as pessoas jurídicas e órgãos públicos incumbidos dessas

funções, no âmbito da Administração Direta e Indireta. No sentido funcional ou objetivo, consiste

no conjunto de atividades do Estado, as quais não podem ser classificadas nas funções

legislativas e judiciárias (CASTILHOS et al. 2009, p.45).

Toda atuação do agente público deve ter uma finalidade pública, ou seja, se destina a atender o interesse público e garantir a observância das finalidades institucionais que a Constituição e as leis determinam para todo o aparato da Administração Pública. A lei, ao atribuir competência ao agente público, veda que o ato administrativo seja contrário à finalidade pública, sob pena de ficar caracterizada improbidade administrativa por desvio de finalidade” (PREFEITURA, 2011, p.02).

Neste sentido, Brandião et al. (2007, p.12) ressalta que a administração pública

desenvolve atividades no intuito de suprir às necessidades da população, esta que é a

mantenedora do Estado por meio da contribuição de impostos. Esta contribuição deve ser

restituída à população por meio de bens e serviços, os quais devem ter sua gestão realizada pelos

administradores públicos comprometidos em servir à comunidade.

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Castilhos et al. (2009, p.45-46) enfatiza que a função administrativa deve ser

desempenhada predominantemente pelo Poder Executivo, porém, irregularmente, os demais

poderes constitucionais também a desempenham. Relata também que a atividade administrativa

pode ser exercida de forma centralizada, diretamente pelos entes políticos – União, Estados,

Distrito Federal e Municípios –, e de forma descentralizada, quando estes instituem novos entes,

dotados de personalidade jurídica própria, os quais passarão a desempenhar algumas de suas

atividades. Castilhos et al. (2009, p.19) também ressalta que:

(...) a administração a ser exercida pelo Gestor deve zelar pela correta aplicação e gerenciamento dos recursos públicos, na forma da lei, cabendo, ainda, observar a supremacia do interesse público, bem como os princípios aplicáveis à Administração Pública, em especial os relacionados no art. 37 da Constituição Federal de 1988 e 19 da Constituição Estadual de 1989, tais como legalidade, moralidade, impessoalidade, economicidade e eficiência” (CASTILHOS et al., 2009, p.19).

Assim, o administrador público tem em sua gestão a responsabilidade de gerir interesses

dos cidadãos, assim, a Administração pública é a gestão de bens e interesses da comunidade,

visando o bem comum da coletividade (BRANDIÃO et al. 2007, p.12).

2.2 Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF

A falta de controle nos gastos públicos, especificamente nos gastos com pessoal, propicia

que os gestores muitas vez não alcance êxito na sua função por utilizarem de forma inadequada

os recursos públicos, comprometendo, assim, um grande percentual de sua receita, inviabilizando

investimentos em outras áreas, a exemplo de saúde, educação e moradia, assim a Lei de

Responsabilidade Fiscal (LRF) busca o equilíbrio das contas públicas e uma gestão fiscal

responsável (FREITAS e DAMASCENA, 2011, p.03).

Neste sentido, Gadelha (2011, p.66) destaca que a LRF, sancionada em 4 de maio de

2000, é uma lei de finanças públicas tem como objetivo garantir o controle dos gastos públicos e

transparência na gestão fiscal. Enfatiza que:

(...) Concebida como uma legislação abrangente sobre Finanças Públicas que incide sobre todas as esferas de governo, a LRF ratifica o processo de controle de gastos, bem como a estabilidade das contas públicas. No âmbito mais geral, a LRF estipulou para Estados e Municípios um limite superior para gastos com pessoal em 60% da receita corrente líquida. Para evitar o endividamento excessivo, também estipulou uma relação de 1,2 entre a dívida consolidada líquida e a receita corrente. Além disso, definiu metas fiscais anuais e a exigência de apresentação de relatórios trimestrais de acompanhamento. Estabeleceu, ainda, mecanismos de controle das finanças públicas em anos eleitorais e proibiu socorro financeiro entre a União e os governos subnacionais, além de estabelecer punições caso as normas estabelecidas não sejam cumpridas. (GADELHA, 2011, p.66).

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2.3 Despesa com Pessoal

A LRF disciplina a gestão fiscal e esta amparada no tripé: Transparência, planejamento e

controle das contas públicas. Uma de suas metas primordiais é a redução dos gastos com pessoal

ao estabelecer limites com a finalidade de disciplinar à gestão dos recursos públicos, onde as

transparências das contas é obrigatoriedade dos poderes a quem ela compete (FREITAS e

DAMASCENA, 2011, p.05).

Freitas e Damascena (2011, p.05) enfatiza que os gastos com pessoal é um assunto que

já vem sendo regulamentada desde 1995, a partir da Lei Complementar nº 82 (Lei Camata) e sua

reedição, a Lei Complementar nº 96, revogada pelo artigo 75 da LRF.

A lei de responsabilidade fiscal impõe assim uma significativa e rigorosa melhoria no

controle das contas públicas no Brasil, destacando sobremaneira, o comprometimento dos

governantes com a elaboração de seus orçamentos e o cumprimento da meta fixada, quando da

operacionalização da atividade financeira estatal (ALVES, 2011, p.21).

O artigo 18 da LRF estabelece que despesa total com pessoal consiste na soma dos

gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos

eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros do Poder, com quaisquer

espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens fixas, subsídios, proventos da

aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens

pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições pelo ente às

entidades de previdência (FREITAS e DAMASCENA, 2011, p.05)

Cruz (2001) apud Freitas e Damascena (2011, p.05), destaca que “as despesas com

pessoal são as que mais despertam a atenção da população e dos gestores públicos, em razão

de serem as mais representativas em quase todos os entes públicos, entre os gastos realizados”.

Assim, a despesa com pessoal torna-se um dos assuntos mais inquietantes entre os

gestores públicos, em controlar as despesas no setor público e, principalmente, em relação à folha

de pagamento (FREITAS e DAMASCENA, 2011, p.05).

2.4 Exigências da LRF e suas Penalidades a Respeito do Limite da Despesa com Pessoal

A LRF prevê penalidades ao não cumprimento da mesma, conforme o quadro abaixo:

Quadro 1: LRF versus Penalidades

LRF Penalidades

Ultrapassar o limite de despesa total com

pessoal em cada período de apuração (art.

19 e 20, LRF).

Cassação do mandato

(Decreto-Lei nº 201/1967, art. 4º,

incisoVII).

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Expedir ato que provoque aumento da

despesa com pessoal em desacordo com a

lei (art. 21, LRF).

Reclusão de um a quatro anos

(Lei nº 10.028/2000, art. 2º).

Expedir ato que provoque aumento da

despesa com pessoal nos cento e oitenta

dias anteriores ao final do mandato do titular

do respectivo Poder ou órgão (art. 21, LRF).

Reclusão de um a quatro anos

(Lei nº 10.028/2000, art. 2º).

Deixar de adotar as medidas previstas na

LRF, quando a despesa total com pessoal

do respectivo Poder ou órgão exceder a

95% do limite (art. 22, LRF).

Reclusão de um a quatro anos (Lei nº

10.028/2000, art. 2º).

Deixar de adotar as medidas previstas na

lei, quando a despesa total com pessoal

ultrapassar o limite máximo do respectivo

Poder ou órgão (art. 23, LRF).

Reclusão de um a quatro anos (Lei nº

10.028/2000, art. 2º).

Manter gastos com inativos e pensionistas

acima do limite definido em lei (art. 18 a 20,

art. 24, § 2º, art. 59, § 1º, inciso IV, LRF).

Cassação do mandato (Decreto-Lei nº

201/1967, art. 4º, inciso VII).

Não cumprir limite de despesa total com

pessoal em até dois anos, caso o Poder ou

órgão tenha estado acima desse limite em

1999 (art. 70, LRF).

Cassação do mandato (Decreto-Lei nº

201/1967, art. 4º, inciso VII).

Fonte: Sítio da Secretaria do Tesouro Nacional/Ministério da Fazenda (BRASIL, 2011) adaptado por FREITAS e DAMASCENA (2011).

2.5 Dos Limites para Gasto com Pessoal de Acordo com a LRF

O controle dos gastos com pessoal é um dos mecanismos utilizados pela LRF para

estabelecer ao gestor público uma responsabilidade com os bens públicos com a finalidade de

manter o equilíbrio das contas públicas (FREITAS e DAMASCENA, 2011, p.06)

Limites estabelecidos com gasto de pessoal no âmbito municipal é assunto tratado antes

da LRF, pelos gestores públicos. A lei complementar 101/2000 vem regulamentar os artigos 162 e

169 da CF/88, que não são autorreguláveis, porem já havia uma previsão de normas

infraconstitucionais que regulasse a matéria com os seguintes dizeres: “a despesa com pessoal

ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os

limites estabelecidos em lei complementar”.

Os limites estabelecidos pela LRF no artigo 19, para fim do disposto na Constituição

Federal, a despesa total com pessoal, em cada ente da federação, não poderá ultrapassar os

percentuais de RCL, isto é, 50% para União, 60% para os Estados, 60% para os Municípios.

A nível de governo municipal, o inciso III do artigo 20 da LRF diz que a repartição dos

limites globais do artigo 19 não poderá exceder os seguintes percentuais: 6% para o Legislativo,

incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver e 54% para o Executivo.

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O artigo 19, § 1º, da Lei Complementar 101/2000 estabelece o que deve ser excluído desta

despesa para fins de apuração, isto é, na verificação do atendimento dos limites definidos neste

artigo, não serão computadas as seguintes despesas: Indenização por demissão de servidores ou

empregados, relativas ao incentivo à demissão voluntária, decorrentes de decisão judicial e da

competência de período anterior ao da apuração das despesas com pessoal a que se refere o §

2º do artigo 18 e de inativos custeados com recursos de fundos próprios.

Conforme o parágrafo único do artigo 22 da referida lei, se os gastos com pessoal em

relação à RCL exceder 95% (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão

referido no art. 20 que ocorrer no excesso:

I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título,

salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a

revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição;

II - criação de cargo, emprego ou função;

III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;

IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título,

ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de

educação, saúde e segurança;

V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da

Constituição e as situações previstas na lei de diretrizes orçamentárias.

O art. 23 da referida lei destaca que, se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão

referido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas

previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres

seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro. Conforme o § 3º, incisos I, II, III, do artigo 23

da LRF, não alcançada à redução no prazo estabelecido, e enquanto pendurar o excesso, o ente

não poderá: receber transferências voluntárias; obter garantia direta ou indireta, de outro ente;

contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária

e as que visem à redução da despesa com pessoal.

Conforme o § 1º, inciso II, do artigo 59 da LRF, o Poder Legislativo, diretamente ou com

auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério

Público fiscalizarão o cumprimento das normas dessa Lei Complementar, com ênfase no que se

refere ao montante da despesa total com pessoal que ultrapassar 90% do limite. Interpretado

como limite de alerta aos entes, não cabe penalização, servindo apenas como uma alerta, para

chamar a atenção dos gestores públicos de que o limite prudencial e máximo está próximo de

serem ultrapassados (FREITAS e DAMASCENA, 2011, p.8).

2.6 Receita Corrente Líquida

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Freitas e Damascena (2011, p.5) ressalta que no inciso IV do artigo 2º da LRF cita que a RCL

consiste no somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais,

agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes,

consideradas algumas deduções. De acordo com a LRF, nos Municípios, da RCL são deduzidas:

a) A contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência

social;

b) As receitas provenientes da compensação financeira dos vários regimes de previdência

social, na contagem do tempo de contribuição na Administração Pública e em atividades

privadas, rural e urbana.

Serão computados, também, os valores pagos e recebidos em decorrência do fundo

estabelecido no artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), como o

Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos

Profissionais da Educação) (FREITAS e Damascena, 2011, p.5-6).

O conceito da receita corrente liquida instituído pela LRF consiste no somatório das

receitas tributárias de contribuições patrimoniais, industriais, agropecuárias de serviços,

transferências correntes e outras receitas também correntes deduzidos (art. 2º inciso IV), o cálculo

da receita corrente líquida deve ser apurado, somando – se as receitas arrecadadas no mês em

referencia e nos anos anteriores, excluindo – se as duplicidades (JUND, 2006, p.165).

3 METODOLOGIA

O presente estudo tem como objetivo, avaliar a qualidade dos gastos na folha de pagamento

da Prefeitura Municipal de Cáceres-MT, no período de 2005 a 2011. Buscou-se, através de

análise documental e levantamento bibliográfico, analisar a qualidade dos gastos com pessoal em

conformidade com a LRF, no município de Cáceres - MT. A coleta de dados primários foi extraída

de documentos contábeis (relatórios de gestão fiscal) da prefeitura municipal de Cáceres - MT

referente aos exercícios financeiros de 1999 e 2000; 2005 e 2011. Para a realização dos

objetivos, a investigação será estruturada em duas fases. A primeira através de fundamentação

teórica com base na literatura sobre o assunto, a segunda fase será a análise de dados relativos

às despesas e receitas com vistas a responder a indagação do estudo e atingir os objetivos

determinados.

3.1 Método

Foram utilizados os exercícios financeiros acima citados sobre os quais, foram

comparados os principais índices em relação aos gastos com pessoal, com o intuito de avaliar a

qualidade dos gastos com pessoal civil no município de Cáceres – MT.

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Para determinar a qualidade dos gastos com pessoal do município foram utilizados dados

dos anos de 1999, 2000, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011, os dados foram agrupados

em grupos em relação às receitas.

E do ponto de vista da forma de abordagem do problema a pesquisa apresenta

características qualitativas, pois considera a relação dinâmica entre a política pública e o

desenvolvimento, que muitas vezes não pode ser traduzido em números e assim não requer o uso

de métodos e técnicas estatísticas.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para um melhor entendimento e uma análise do que foi declarado em estudo, como

ilustração, foram reproduzidos a seguir os demonstrativos da despesa com pessoal (Anexo I do

RGF – Relatório de Gestão Fiscal) nos anos compreendidos entre 1999 a 2000 e 2005 a 2011, do

Município de Cáceres – MT.

A Tabela 1 demonstra o valor gasto com a folha de pagamento no ano de 1999 que

corresponde a 43,83%. Esse percentual representa um valor significativo no gasto com pessoal

em relação à receita líquida, é oportuno ressaltar que no exercício financeiro em análise as

prefeituras não eram reguladas pela LRF lei 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), porém

era regulado pela Lei Complementar n. 96 de 31 de maio de 1999 – conhecida como Lei Rita

Camata. No exercício financeiro de 2000 observou-se que o gasto com pessoal no referente ano

corresponde a 49,69% da receita corrente liquida. Percebe-se que houve uma ligeira majoração

nos gastos de pessoal civil ressalta-se que o ano de 2000 é o ano em que a lei 101/2000 entra em

vigor. Pode-se observar que as despesas com pessoal apesar ter acorrido um aumento na folha

de pagamento não ultrapassa o limite máximo imposto pela lei.

No exercício financeiro de 2005 observou – se que os gastos com pessoal foram na ordem

de 54,37% da receita corrente líquida, dessa forma fica caracterizado que o poder executivo

municipal efetuou despesas com pessoal acima do limite máximo permitido pela legislação

vigente, conforme estabelecido no art. 20 da LRF. Essa situação leva o gestor a responder

perante a lei ordinária 10.028/2000 e decreto- lei nº 201/1967, art. 4º.

Tabela 1 – Demonstrativa da Despesa com pessoal (LRF, art. 55, I, “a” – Anexo I) Poder Executivo – Cáceres – MT 1999 – 2000 – 2005.

Despesa Com Pessoal

Despesa Líquida de Jan. a Dez.

1999

Despesa Líquida de Jan. a Dez.

2000

Despesa Líquida de Jan. a Dez.

2005

Despesa Liquida com Pessoal (I) R$ 23.686.395,75

Pessoal Ativo R$ 24.187.023,57

Pessoal Inativo e Pensionista R$ 649.899,58

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Outras Despesas de Pessoal

Decorrentes de Contratos de

Terceirização (art.18, § 1º da LRF)

(II)

- - -

Despesas Não Computadas (art.

19, § 1º da LRF) II.

R$ 1.150.527,40

Indenizações por Demissão e

Incentivos à Demissão Voluntária.

-

Decorrentes de Decisão Judicial. R$ 370.705,84

Despesas de Exercícios

Anteriores.

-

Inativos e Pensionistas com

Recursos Vinculados.

R$ 779.821,56

Outras Despesas de Pessoal (art.

18, § 1º, LRF (II)

R$ 234.750,00

Total da Despesa com Pessoal

(I+II)

R$

8.040.416,32

R$

9.625.073,76

R$ 23.921.145,75

Receita Corrente Liquida - RCL (V) R$

18.343.248,64

R$

19.370.640,94

R$ 43.996.056,30

% do Total da Despesa com

Pessoal sobre RCL (IV) = (I+II)/(III)

43,83% 49,69% 54,37%

Limite Máximo (art. 20, incisos I, II

e III, LRF) -54%.

R$ 23.757.870,40

Limite Prudencial (art. 22,

parágrafo único, LRF) 51,3%.

R$ 22.569.976,88

Fonte: Dados adaptados da Prefeitura Municipal de Cáceres/MT (2013).

No exercício financeiro de 2006, o percentual dos gastos com pessoal sobre a RCL foi de

49,88%, este valor demonstra que o município reconduziu os gastos com pessoal dentro do

estabelecido pela legislação não ultrapassando nem mesmo o limite prudencial, também

conhecido como limite de alerta, ou seja, houve uma adequação por parte do chefe do executivo

em manter os gastos com a folha de pagamento conforme estabelece o art. 20, incisos I, II e III,

LRF.

Conforme indica a Tabela 2 nota-se que, no exercício financeiro de 2007 o Município

cumpriu com as exigências dentro do limite imposto pela LRF em seu (artigo 22, LRF) e (incisos I,

II, III, artigo 20, LRF). Não foi ultrapassado o limite prudencial conforme o artigo (artigo 22, § 1º,

inciso II, da LRF), resultado este que reflete o cumprimento da lei pelo gestor municipal.

Tabela 2 – Demonstrativa da Despesa com pessoal (LRF, art. 55, I, “a” – Anexo I) Poder

Executivo – Cáceres – MT 2006 – 2007.

Despesa Com Pessoal

Despesa Líquida de Jan. a Dez.

2006

Despesa Líquida de Jan. a Dez.

2007

Despesa Bruta Com Pessoal (I) R$ 27.127.941,19 R$ 28.979.160,23

Pessoal Ativo

R$ 25.949.312,70 R$ 27.502.606,36

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Pessoal Inativo E Pensionista R$ 1.178.628,49 R$ 1.476.553,87

Outras Despesas De Pessoal Decorrentes

De Contratos De

Terceirização (Art.18, § 1º Da LRF) (II)

R$ - R$ -

Despesa Não Computadas (Art. 19, § 1º

Da LRF) II.

R$ 1.936.857,75 R$ 2.213.209,79

Indenizações por Demissão E Incentivos À

Demissão Voluntária

R$ 147.179,73 R$ 47.609,91

Decorrentes De Decisão Judicial R$ 478.399,19 R$ 629.024,68

Despesas De Exercícios Anteriores R$ - R$ -

Inativos E Pensionistas Com Recursos

Vinculados

R$ 1.311.278,83 R$ 1.539.575,20

Outras Despesas De Pessoal (Art. 18, §

1º , LRF (II)

R$ - R$ -

Total Da Despesa Com Pessoal (I+II) R$ 25.616.628,70 R$ 26.765.950,44

Receita Corrente Liquida - Rcl (V) R$ 51.351.465,29 R$ 60.854.887,20

% Do Total Da Despesa Com Pessoal

Sobre RCL (IV) = (I+II)/(III)

49,88 % 43,98 %

Limite Máximo (Art. 20, Incisos I, II E III,

LRF) - 54 %.

R$ 27.729.791,26 R$ 32.861.639,09

Limite Prudencial (Art. 22, Parágrafo

Único, LRF) 51,3%

R$ 26.343.301,69 R$ 31.218.557,13

Fonte: Dados adaptados da Prefeitura Municipal de Cáceres/MT (2013).

No exercício financeiro de 2008 o percentual dos gastos com pessoal civil sobre a RCL foi

de 45,52% (conforme tabela 3), este percentual confirma que o município manteve a folha dentro

do estabelecido pela legislação não ultrapassando o limite prudencial, ou seja, houve um

cumprimento por parte do chefe do executivo em manter os gastos com a folha de pagamento

conforme estabelece a legislação em vigor (art. 20, incisos I, II e III, LRF).

No exercício financeiro de 2009 o poder executivo cumpriu com as exigências dentro do

limite imposto pela LRF em seu art. 20 I, II, III. Não foi ultrapassado o limite prudencial conforme o

art. 22, § 1º, inciso II, da LRF, esse resultado corrobora com os limites estabelecidos pela LRF e

demonstra que a gestão pública municipal está cumprindo com as determinações da Lei de

Responsabilidade Fiscal no que tange a despesa com pessoal.

Tabela 3 – Demonstrativa da Despesa com pessoal (LRF, art. 55, I, “a” – Anexo I) Poder

Executivo – Cáceres – MT 2008 - 2009

Despesa Com Pessoal

Despesa Líquida de

Jan. a Dez. 2008

Despesa Líquida de Jan. a Dez.

2009

Despesa Bruta com Pessoal (I) R$ 35.580.854,69 R$ 36.767.099,40

Pessoal Ativo R$ 33.823.821,82 R$ 34.558.188,61

Pessoal Inativo e Pensionista R$ 1.757.032,87 R$ 2.208.910,79

Outras Despesas de Pessoal Decorrentes de R$ - R$ -

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Contratos de Terceirização (art.18, § 1º da LRF)

(II)

Despesa Não Computadas (art. 19, § 1º da

LRF) II

R$ 2.494.556,12 R$ 2.909.207,81

Indenizações por Demissão e Incentivos à

Demissão Voluntária

R$ 126,67 R$ 1.943,79

Decorrentes de Decisão Judicial R$ 641.276,29 R$ 640.672,13

Despesas de Exercícios Anteriores R$ - R$ -

Inativos e Pensionistas com Recursos

Vinculados

R$ 1.853.153,16 R$ 2.266.591,89

Outras Despesas de Pessoal (art. 18, § 1º ,

LRF (II)

R$ - R$ -

Total da Despesa com Pessoal (I+II) R$ 33.086.298,57 R$ 33.857.891,59

Receita Corrente Liquida - RCL (V) R$ 72.692.586,10 R$ 75.953.709,21

% do Total da Despesa com Pessoal sobre RCL

(IV) = (I+II)/(III)

R$ 45,52 R$ 44,58

Limite Máximo (art. 20, incisos I, II e III, LRF) - 54

%

R$ 39.253.996,49 R$ 41.015.002,97

Limite Prudencial (art. 22, parágrafo único, LRF)

51,3%

R$ 37.291.296,67 R$ 38.964.252,82

Fonte: Dados adaptados da Prefeitura Municipal de Cáceres/MT (2013).

Verifica-se que o Município de Cáceres – MT, no exercício financeiro de 2010 conforme

tabela 4, obteve um percentual de 53,95% dos gastos de pessoal em relação à receita corrente

liquida não ultrapassando o limite máximo determinado pela LRF, no entanto ultrapassa o limite

prudencial na forma do art. 22, parágrafo único, LRF, equivalente a 51,30%.

Com relação ao exercício financeiro de 2011 o percentual alcançado com os gastos de

pessoal foi na ordem de 51,60%, na qual, esse resultado não infringe os limites estabelecidos na

Lei 101/2000, conforme menciona o art. 20 inciso III alínea b da LRF.

Tabela 4 – Demonstrativa da Despesa com pessoal (LRF, art. 55, I, “a” – Anexo I) Poder

Executivo – Cáceres – MT 2010 – 2011.

Despesa Com Pessoal

Despesa Líquida de

Jan. a Dez. 2010

Despesa Liquida de Jan. a Dez.

2011

Despesa Bruta com Pessoal (I) R$ 48.284.491,02 R$ 51.909.283,96

Pessoal Ativo R$ 45.610.991,90 R$ 48.692.074,64

Pessoal Inativo e Pensionista R$ 2.673.499,12 R$ 3.217.209,32

Outras Despesas de Pessoal Decorrentes de

Contratos de Terceirização (art.18, § 1º da

LRF) (II)

R$ - R$ -

Despesa Não Computadas (art. 19, § 1º da

LRF) II

R$ 4.235.223,58 R$ 4.652.108,11

Indenizações por Demissão e Incentivos à

Demissão Voluntária

R$ 701.512,23 R$ 553.264,87

Decorrentes de Decisão Judicial R$ 778.030,17 R$ 798.464,04

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Despesas de Exercícios Anteriores R$ - R$ -

Inativos e Pensionistas com Recursos

Vinculados

R$ 2.755.681,18 R$ 3.300.379,20

Outras Despesas de Pessoal (art. 18, § 1º ,

LRF (II)

R$ - R$ -

Total da Despesa Liquida com Pessoal (I+II) R$ 44.049.267,44 R$ 47.257.175,85

Receita Corrente Liquida - RCL (V) R$ 81.633.696,65 R$ 91.580.636,33

% do Total da Despesa com Pessoal sobre

RCL (IV) = (I+II)/(III)

53,96 % 51,60 %

Limite Máximo (art. 20, incisos I, II e III, LRF) -

54 %

R$ 44.082.196,19 R$ 49.453.543,62

Limite Prudencial (art. 22, parágrafo único,

LRF) 51,3%

R$ 41.878.086,38 R$ 46.980.866,44

Fonte: Dados adaptados da Prefeitura Municipal de Cáceres/MT (2013). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo da arrecadação tributária é fazer frente aos serviços públicos demandados pela

sociedade. Neste sentido o poder público não pode comprometer a maior parte da sua receita

corrente líquida em despesas de custeio ou manutenção da máquina pública. Através deste

trabalho percebe-se que, via de regra, o município de Cáceres - MT mantém os seus gastos com

pessoal próximo dos limites estabelecidos pela LRF. Esta realidade pode ser em razão da baixa

arrecadação tributaria auferida frequentemente pelo poder público municipal. Porém no exercício

financeiro de 2005 a despesa com pessoal, do poder executivo municipal, ultrapassou o limite

estabelecido pela LRF (54%) em virtude da baixa arrecadação tributária do corrente ano.

Nesse estudo pode-se constatar que a LRF impactou a administração pública na questão

orçamentária, apresentando a necessidade de um planejamento e controle efetivo e eficaz no

orçamento público municipal. Dessa forma a gestão municipal deve priorizar metas no sentido de

reduzir os gastos públicos com custeio e adotar políticas públicas voltadas para benefício da

sociedade em geral.

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Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 21

A REPRESENTAÇÃO DO TCC PARA OS ACADÊMICOS DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS NA UNEMAT DE TANGARÁ DA SERRA – MT

Autores: Luciano José Bettoni

[email protected]

Área de conhecimento: Ciências Contábeis

Resumo

Este estudo buscou identificar os modos de representação do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) entre os acadêmicos de Ciências Contábeis da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) - Tangará da Serra. A fim de alcançar tal objetivo foram coletados dados através de questionário misto, o qual foi aplicado a todos os acadêmicos matriculados no referido curso (do 1º ao 8º semestres) presentes em sala de aula na data da coleta. O estudo se desenvolveu a partir de pesquisa de campo tendo caráter exploratório, de modo que a análise de dados seguiu uma abordagem qualitativa. Em face os dados obtidos foi possível compreender as concepções dos acadêmicos a respeito do TCC, entendendo que os mesmos em sua maioria consideram esta ferramenta acadêmica como importante na sua formação e concordam com a existência do mesmo. O referencial que embasou a compreensão da investigação baseou-se em documentos disponibilizados pelo Departamento de Ciências Contábeis da UNEMAT, assim como referenciais teóricos que abordam a formação e o perfil do profissional neste campo de trabalho. Em se tratando do conceito de representação buscaram-se referenciais teóricos filiados aos Estudos Culturais. Os dados resultantes da aplicação do instrumento de pesquisa atenderam aos objetivos específicos descritos na metodologia deste estudo a assim também o objetivo principal supracitado. Palavras-chave: Ciências Contábeis; Formação Profissional; Representação; Trabalho de Conclusão de Curso. 1. INTRODUÇÃO

O Trabalho de Conclusão de Curso é de relevante importância para a formação

profissional nos cursos de graduação. Quando uma universidade opta por inserir o TCC como

requisito no curso de graduação, ela oportuniza ao acadêmico desenvolver visão crítica por meio

da produção cientifica, assim como proporciona ampliar habilidades inter e multidisciplinares. O

TCC se constitui como requisito parcial para obtenção de Grau no curso de Ciências Contábeis na

UNEMAT de Tangará da Serra – MT, sendo ofertado em duas disciplinas “TCC I e TCC II”, no

sétimo e oitavo semestres respectivamente.

Logo que ingressei no curso de Ciências Contábeis, não tinha noção clara sobre o que era,

nem mesmo para que serviria um TCC, tendo em vista que era um tema constante em conversas

entre os alunos das diferentes graduações no Campus da UNEMAT – Tangará da Serra. Durante

os anos na universidade pude observar outros estudantes pelos corredores, cantina, biblioteca,

salas de aula e redes sociais, tecendo comentários das mais diversas naturezas em relação ao

TCC. Comentários esses expressando a opinião de cada indivíduo sobre este recurso acadêmico,

muitas vezes revelando satisfação, dúvida, e por vezes desagrado. Muitos questionavam se o

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mesmo era realmente necessário para a conclusão do curso ou mera disciplina para cumprir a

carga horária. Outros, porém, defendiam que é imprescindível, tanto por agregar conhecimento

como pelo seu caráter preparatório para a educação continuada.

Tendo o acima exposto, pergunta-se: como os acadêmicos do curso de Ciências

Contábeis representam o TCC? Desta forma, o objetivo geral deste estudo buscou identificar os

modos de representação do TCC entre os acadêmicos de ciências Contábeis da UNEMAT-

Tangará da Serra. Considerando as opiniões divergentes em relação ao TCC e o fato de ter

encontrado poucos trabalhos que discorressem sobre a temática em questão, o estudo aqui

proposto foi pertinente e muito contribuirá com a Universidade no estabelecimento de políticas

acadêmicas em relação ao Trabalho de Conclusão de Curso, pois, mostra como os acadêmicos o

representam.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A Contabilidade, o profissional contábil, e a importância do TCC na formação acadêmica

A respeito da Contabilidade, Marion (2009 p.28) admite que: “a Contabilidade é o

instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora

da empresa”. Estudiosos como Sá (2006), Iudícibus e Marion (2006) mencionam que desde os

povos mais primitivos a contabilidade, mesmo que de maneira rudimentar era utilizada pelos seres

humanos para representar o patrimônio.

Acerca das transformações que a Contabilidade presenciou ao longo da história, Favero, et

al (2006) e Peleias e Bacci (2004) argumentam que o seu desenvolvimento deu-se de acordo com

as necessidades de informações da sociedade. Dessa forma em cada época conforme se

procurava suprir as necessidades de informação dos usuários, criavam-se novas teorias a fim de

proporcionar meios para o controle patrimonial e financeiro e a tomada de decisão. É possível

afirmar que a consolidação da Contabilidade como um campo científico se deu juntamente com o

processo de transformações econômicas, políticas e culturais pelo qual tem passado a

humanidade, em especial, com o fenômeno do acúmulo de riquezas e consequente aumento da

necessidade de controle patrimonial e financeiro.

As padronizações contábeis foram implantadas por intermédio do Estado, tendo caráter

obrigatório e visando principalmente facilidade no controle da arrecadação de tributos. A

fiscalização das atividades da profissão contábil conforme a Lei nº 12.249 cabe ao Conselho

Federal de Contabilidade (CFC) e aos Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs). A mesma

Norma em artigo 6º, estabelece que cabe ao CFC:

regular acerca dos princípios contábeis, do Exame de Suficiência, do cadastro de qualificação técnica e dos programas de educação continuada; e editar Normas Brasileiras de Contabilidade de natureza técnica e profissional.

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O Curso de Ciências contábeis iniciou suas atividades em Tangará da Serra no ano de

1990, sendo na época, mantido pelo Centro de Ensino Superior de Tangará da Serra (CESUT) e

ofertado pela Faculdade de Ciências Contábeis e Administração de Tangará da Serra

(FACCATS). A partir de 1994 a oferta do curso ficou sob responsabilidade da UNEMAT

(DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS/UNEMAT, 2012). O curso é ofertado em oito

semestres e oferece 50 vagas semestrais das quais 25% são destinadas a cotistas e as demais

vagas são de ampla concorrência, sendo que o ingresso à academia se dá por aprovação prévia

em vestibular. A carga horária total do curso é de 3.280 horas e se divide entre aulas presenciais,

estágio supervisionado e atividades complementares, informações estas que estão descritas na

Matriz Curricular, aprovada em 2008 pela resolução 137 do CONEPE, e disponível no site oficial

do Departamento de Ciências Contábeis.

É descrito no Projeto Político Pedagógico (2005, p. 18) que o curso de Ciências Contábeis

da UNEMAT tem como objetivo:

Formar contadores capacitados e qualificados ao exercício profissional, dotados de senso analítico crítico, comprometidos com os valores cristãos de nossa sociedade, e a missão da instituição, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento das sociedades, com a competência técnico-acadêmica desta profissão.

O curso de Ciências Contábeis também prevê em seu Projeto Político Pedagógico que o

profissional a ser formado deverá possuir competência para analisar as empresas sob influência

do contexto econômico nacional e internacional, administrativo e a situação sócio-legal do país.

Esclarece Lisboa (2007) que a universidade a fim de atingir a excelência acadêmica deve

orientar o estudo dos futuros contadores em dois níveis: um nível geral que contribuirá para

formação do profissional educado, em cujo foco deve figurar disciplinas de direito, ética, lógica e

história e um específico que formará um profissional com competências técnicas enfatizando o

ensino de disciplinas contábeis, administrativas e financeiras. A afirmação do autor é confirmada

pela Resolução nº10/2004 do Conselho Nacional de Educação ao estabelecer que a formação do

curso em Ciências Contábeis deve abranger conteúdos de formação básica de outras áreas,

assim como conteúdos de formação profissional essenciais à profissão, e indica também que

formação teórico-prática alcançada por exemplo por meio de estágios é de suma importância. A

UNEMAT atenta à qualidade da formação dos profissionais egressos do curso de Ciências

Contábeis prevê essas características no Projeto Político Pedagógico do curso e pode-se verificar

a aplicação das instruções do Projeto Político Pedagógico na Matriz Curricular disponível no site

oficial do Departamento de Ciências Contábeis. Na matriz curricular aparecem disciplinas

caracterizadas como gerais e também disciplinas específicas voltadas ao desenvolvimento

profissional.

Desde o surgimento do fisco, afirma Pugues (2008), a imagem do contador foi relacionada

com a realização de suas exigências. Admitia-se que funções contábeis eram restritas à

escrituração contábil e preenchimento de guias. Porém, ela adverte que em contexto atual não

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existe espaço no mercado para profissionais que se ocupem apenas destas atribuições.

Atualmente as informações e os avanços tecnológicos transformam-se em velocidade vertiginosa

e as informações contábeis seguem a mesma linha e geram a necessidade de atualização

constante dos profissionais da área contábil no desempenho do seu papel, sugere Pugues (2008).

Ao discorrerem sobre o perfil do contador esperado pelo mercado, Nunes, Pfitscher e

Alberton (2005) afirmam que é possível perceber que atualmente o mercado exige contadores

com conhecimentos pluridisciplinares, com capacidades que vão além dos procedimentos

contábeis de rotina. Guimarães (2006) indica que na graduação um dos pressupostos a ser

privilegiado no curso é aprender sempre mais e quando se pretende perseverar no desempenho

da profissão contábil, assim, o aprendizado deve ser uma prática por toda a vida profissional.

Neste contexto:

[...] o acadêmico deverá estar consciente da necessidade do contínuo aperfeiçoamento profissional e capacitado a interpretar o conteúdo das propostas, dos regulamentos, dos textos legais etc. Para isto, o graduando deverá estar dotado de uma visão crítica, capaz de avaliar o seu potencial de desempenho, de ajustar-se com competência a estas novas demandas geradas. (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO/CIÊNCIAS CONTÁBEIS - UNEMAT. 2005, p.19).

Ao tratar da Graduação em Ciências Contábeis, Silva, Grabner e Bandeira (2004, p.21)

salientam que “é notável a importância do docente na formação dos novos contadores, a fim de

formar profissionais críticos, motivados, criativos, com raciocínio contábil e interesse pela

pesquisa”. Como acadêmico do curso de Ciências Contábeis, foi possível observar que os

professores visam desenvolver nos alunos a ideia de que os mesmos devem sempre buscar

conhecimentos além dos expostos em sala de aula. Neste sentido, os conhecimentos acerca da

prática da investigação científica, no caso em forma de TCC, vêm consolidar tal compreensão.

Esta cultura efetivada pelos professores é primordial em todos os cursos e não vale apenas para o

período da graduação, mas é pertinente ao longo da vida profissional. O Trabalho de Conclusão

de Curso pode-se dizer, proporciona aos acadêmicos conhecimentos na área de pesquisa que

lhes serão muito úteis ao longo de sua vida profissional, em especial na educação continuada em

Ciências Contábeis, postura defendida por Guimarães (2006). Assim, o graduando deve estar

ciente da necessidade de busca contínua de conhecimentos, visando o aperfeiçoamento

profissional, cuja ação pode ser evidenciada na postura da curiosidade científica, proporcionada

pela construção do Trabalho de Conclusão de Curso.

Ao se tratar do Trabalho de Conclusão de Curso, vale lembrar que “o TCC possui função

formativa nas diferentes áreas do conhecimento, visando à emancipação intelectual do discente”.

(INSTRUÇÃO NORMATIVA 001/2009 do Departamento de Ciências Contábeis). Neste sentido, o

Conselho Nacional de Educação, através do artigo 9º da Resolução nº10/2004 normatiza que a

inclusão do TCC na matriz curricular do curso é opcional para a instituição de ensino, e a

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instituição optando por inseri-lo deverá emitir regulamentação própria aprovada pelo Conselho

Superior Acadêmico.

O Trabalho de Conclusão de Curso é de grande importância para os acadêmicos do Curso de Ciências Contábeis devido à possibilidade de interação do acadêmico com a ciência e as técnicas de pesquisa, além de ser condição obrigatória para a conclusão do curso no Departamento de Ciências Contábeis na UNEMAT de Tangará da Serra – MT. Conforme estabelecido pelo Conselho de Pesquisa e Extensão da UNEMAT – CONEPE, Resolução nº30/2012. Vale comentar que no curso de Ciências Contábeis da UNEMAT de Tangará de Serra, o TCC é desenvolvido por meio de Artigo ao longo de 2 semestres nas disciplinas TCC I e TCC II. Norteia o Projeto Político Pedagógico do curso de Ciências Contábeis da UNEMAT, que o objetivo das disciplinas TCC I e TCC II é oferecer aos graduandos o estímulo à produção científica, a oportunidade de apresentar a vivência e aproveitamento do curso, além de aperfeiçoamento da capacidade de interpretação critica da Contabilidade por meio de aprofundamento temático e consulta em bibliografias especializadas. 2.2 A Representação

Acerca da Representação em seu texto “The Work of Representation”, Stuart Hall (1997,

apud SANTI e SANTI, 2008) descreve que mesmo muito depois da existência de fato ou da

observação empírica, ocorre em nossa mente a produção de significado e de conceito através da

linguagem, ao que chama de representação. Neste sentido, pode-se mencionar que a

representação é a forma como os indivíduos ou meios de representação conceituam ou significam

algo que é captado e também podem expressar esses conceitos ou significados representados

através da linguagem, não considerando apenas a linguagem falada ou escrita, contudo,

considerando que a linguagem pode se expressar de muitas formas.

Ainda a respeito de representação, menciona Woodward (2000, p. 17) que:

A representação inclui práticas de significação e os sistemas simbólicos por meio dos quais os significados são produzidos, posicionando-nos como sujeito. É por meio dos significados produzidos pelas representações que damos sentido à nossa experiência e àquilo que somos. Podemos inclusive sugerir que estes sistemas simbólicos tornam possível aquilo que somos e aquilo que podemos nos tornar.

Woodward (2000) inclusive menciona que ao ser entendida como um processo cultural, a

representação estabelece identidades individuais e coletivas, e que os sistemas simbólicos em

que a representação se baseia podem sugerir respostas para as questões: Quem eu sou? O que

poderia ser? Quem eu quero ser?

Desta forma, pode-se compreender que os modos como representamos as coisas, fatos e

sujeitos no mundo estão diretamente relacionados ao contexto cultural, assim como aos sistemas

de valores e significados aceitos como válidos pela sociedade. Ao tratar de representações

cinematográficas Paes (2008, p. 69) se utiliza das representações como “[...] construções

discursivas, encaixadas e regidas por regimes de poder, através das quais são validadas,

legitimadas e naturalizadas como verdadeiras em dado tempo e espaço, o que lhes confere

caráter de provisoriedade”. Neste sentido, Paes (2008) preferiu distanciar-se em seu estudo da

compreensão das representações como busca de uma realidade verdadeira. Ou seja, os sistemas

de representação se caracterizam como o modo que o sujeito compreende, significa, estabelece

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valores a respeito do mundo, de um dado fato ou “coisa”, cuja forma de compreensão pode sofrer

modificações e ser ressignificado conforme a experiência que sujeito estabelece e se relaciona

com o objeto da representação.

Neste estudo foi utilizada a mesma abordagem descrita por Paes (2008) e citada

anteriormente, tomando as representações como sendo a forma como o individuo produz

significados de alguma coisa, circunstância ou fato que lhe é apresentado, considerando que

estes significados ou conceitos são produzidos sob influência das concepções individuais como

também do contexto cultural a que está sujeito.

3. METODOLOGIA

O estudo aqui apresentado teve como ambiente de pesquisa o curso de Ciências

Contábeis na UNEMAT de Tangará da Serra – MT, abrangendo a população de 407 acadêmicos

devidamente matriculados no semestre de 2012/2, que estavam cursando do 1º ao 8º semestre. A

escolha desta população não se deu por acaso, já que a pesquisa propôs-se a compreender como

os acadêmicos do referido curso em todos os seus níveis estão representando o TCC e a

aplicação do instrumento de pesquisa à toda população escolhida pode fornecer informações mais

enriquecedoras.

A pesquisa aqui relatada, quanto aos fins, se caracterizou como exploratória, uma vez que

objetivou estudar um assunto ainda não abordado na amostra escolhida. Em se tratando dos

meios para realização desta investigação, partiu-se de uma pesquisa bibliográfica, que levantou a

base de conhecimento teórico para condução da pesquisa como um todo assim como para a

compreensão dos dados levantados, sendo esta realizada em títulos de autores renomados,

assim como em artigos científicos, dissertações e teses. Foi também utilizado o método de

pesquisa documental, sendo que neste, a pesquisa centrou-se principalmente em documentos

disponibilizados on-line pelo Departamento de Ciências Contábeis, legislações e dados

estatísticos. E com o propósito de atender aos objetivos de caracterizar os acadêmicos do

primeiro ao oitavos semestres, e suas representações acerca do TCC, foi utilizada a pesquisa de

campo.

A técnica escolhida para a pesquisa de campo foi o questionário que foi organizado com

questões fechadas e questões abertas, e foi apresentado impresso aos pesquisados por

abordagem direta nas salas de aula. As questões foram organizadas de forma a coletar

informações em três grandes categorias nas quais se buscou identificar o perfil pessoal do

acadêmico; caracterizar a situação de escolaridade do respondente assim como seu

conhecimento da caracterização do curso e perfil do profissional da área e, por fim, a

compreensão do acadêmico acerca do TCC.

A coleta de dados se deu partindo da referência de 407 acadêmicos matriculados,

conforme informação da Supervisão de Apoio Acadêmico (SAA). Entretanto, com a aplicação do

instrumento de pesquisa realizada em 29/08/2012, somente 257 acadêmicos atenderam ao

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convite para responder ao instrumento. Tais dados, em se comparando com o total de

matriculados, corresponde à 63,14% de acadêmicos matriculados. Os dados obtidos através do

questionário foram organizados e expressos em forma de tabelas e gráficos. Após esse processo

os dados passaram por um processo de análise e interpretação conforme segue.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os 257 acadêmicos que responderam ao questionário se configuram em 60,31% (155) de

mulheres e 39,69% (102) de homens, de forma que a maioria do total de pesquisados declarou ter

idade entre 15 e 25 anos. Dos acadêmicos pesquisados, um total de 213 acadêmicos (82,88%)

informaram estar empregados na oportunidade da coleta de dados. Em relação aos 44

acadêmicos (17,12%) que declararam não estar empregados, o primeiro semestre foi o que

apresentou o maior índice de acadêmicos desempregados (36,59%). Já no oitavo semestre

observou-se que somente 9,68% dos acadêmicos não trabalham. Essa diferença pode justificar-

se pelo caráter preparatório oferecido pelo curso, que proporciona aos graduandos ocupar vagas

em empresas principalmente nas áreas contábil e administrativa ainda durante seu processo de

formação profissional. Deste modo, constata-se que o número de estudantes que não trabalham

no primeiro semestre é maior que no oitavo semestre.

A partir das respostas dos acadêmicos, foi possível constatar que uma vez que os

semestres estão mais avançados, cresce também o número de acadêmicos que estão

trabalhando nas áreas relacionadas à contabilidade. Isso ocorre, pois, mesmo o acadêmico não

tendo concluído o curso superior já tem certo conhecimento específico e técnico, que aliado à

prática futura o torna competitivo ao concorrer para vagas nos setores contábil e administrativo

principalmente. Assim, é possível compreender que já a condição de estar cursando graduação

permite que as empresas percebam a construção deste diferencial para o mercado de trabalho.

As respostas indicaram que 36,58% dos respondentes assinalaram que estão até 1 ano

trabalhando na mesma empresa e 20,23% dos graduandos estão até 2 anos na mesma empresa.

É possível que a maioria dos acadêmicos tenha somente até 2 anos no mesmo emprego, pelo

fato de que 71,98% dos acadêmicos se declararem jovens com idade entre 15 e 25 anos, ou seja,

ainda estão em início de carreira no mercado de trabalho. Também pode estar relacionado ao fato

de que, como ainda não concluíram seu curso de graduação, encontram-se em construção de

estabilidade no mercado de trabalho.

Em se tratando da carga horária semanal de jornada de trabalho as respostas sinalizam

que os acadêmicos em grande parte (57,98%) exercem carga horária de entre 37 e 44 horas

semanais. A carga horária de jornada de trabalho desempenhada pelos profissionais registrados

em Mato Grosso, segundo a pesquisa “Perfil do Contabilista Brasileiro” publicada em 2009 pelo

CFC, está entre 41 e 60 horas semanais.

Quanto as faixas salariais, conforme assinaladas pelos acadêmicos, 40,85% deles

informaram que seus salários estavam entre R$623,00 e R$1.244,00 e 20,62% declararam

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receber entre R$1.245,00 e R$4.000,00, lembrando que 1 acadêmico informou receber salário

comissionado e apenas 1 acadêmico declarou receber acima de R$4.000,00.

Dos acadêmicos que responderam ao questionário, apenas 11 já tinham concluído outro

curso superior. No entanto os acadêmicos ao serem indagados se já haviam frequentado outro

curso superior e desistido, cerca de 20% deles relataram ter frequentado um ou mais cursos sem

tê-los concluído.

Também se investigou a respeito da época de ingresso dos acadêmicos de modo a

compreender se os mesmos tiveram acesso a informações a respeito da matriz curricular do curso

de Ciências Contábeis, ao que 58,75% deles responderam ter tido acesso ao conteúdo da matriz

curricular do curso. Nesta perspectiva, pode-se dizer que o conhecimento e a compreensão da

Matriz Curricular são importantes para que o aluno tenha informações previamente sobre as

disciplinas a cursar, assim como a carga horária e como elas estão dispostas ao longo dos

semestres, que incide diretamente na compreensão do perfil profissional desejado pelo Projeto do

Curso. Complementando os dados acima registrados, a pesquisa buscou compreender como os

acadêmicos representam o perfil do profissional de Ciências Contábeis, conforme estabelecido

pelo Departamento do curso foco da pesquisa. Neste sentido, 71,98% dos acadêmicos

investigados afirmaram conhecer o perfil em discussão.

Também foi solicitado ao respondente que assinalasse as habilidades e competências que

considerasse mais relevantes no exercício da profissão. As respostas podem ser verificadas na

tabela 02, de modo que a esta questão o acadêmico poderia assinalar três alternativas, todavia

observou-se que esta orientação não fora precisamente obedecida, pois alguns assinalaram

apenas uma ou duas alternativas e outros indicaram mais que três habilidades.

Tabela 2. Habilidades e competências relevantes no desempenho da profissão contábil1.

Habilidades selecionadas Total geral

Habilidade e competência para análise da empresa como um todo 181 (23,48%) Habilidade em cálculos 114 (14,79%) Conhecimento e compreensão do contexto econômico 94 (12,19%) Habilidade e competência para inovar 78 (10,12%) Habilidade e competência para relações interpessoais 72 (28,02%) Habilidade e competência para identificar novas práticas do trabalho 63 (8,17%) Conhecimento e compreensão do contexto sociocultural 45 (5,84%) Habilidade e competência para visão crítica do mundo 45 (5,84%) Habilidade e competência para orientar e ensinar 43 (5,58%) Habilidade e competência investigativa 36 (4,67%)

Total geral 771

Conforme a tabela acima se pode perceber que as respostas mostram que das habilidades

e competências mencionadas na questão, as que os graduandos consideraram mais importantes

foram: “habilidade e competência para análise da empresa como um todo”, “habilidade em

cálculos” e “conhecimento e compreensão do contexto econômico”. Estas características então

1 Para esta questão deveriam ser assinaladas três alternativas. A tabela apresenta quantas vazes cada alternativa foi

escolhida pelos respondentes.

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em consonância com o Projeto Político Pedagógico do Curso de Ciências Contábeis que sugere

habilidades e competências multidisciplinares ao profissional formado, a fim de atender às

necessidades do mercado no desempenho de sua profissão. No contexto atual as empresas

buscam contadores proativos, capazes para a tomada de decisão e que não se apeguem apenas

a lançamentos e cálculos. Neste sentido Pugues (2008, p.14) argumenta que as “[...] IES devem

proporcionar aos seus alunos uma formação adequada visando colocar profissionais no mercado

que sejam capazes e competentes para atuarem nas diversas áreas da profissão contábil”. É

possível perceber nas respostas dos acadêmicos que esse perfil esperado para o profissional das

ciências contábeis é percebido pelos mesmos.

Também foi perguntado se no decorrer do curso os professores das várias disciplinas

comentam sobre TCC. As respostas a esta questão indicam que 71,20% dos graduandos

confirmam que professores de várias disciplinas comentam sobre TCC em sala de aula. É

importante que os professores comentem sobre o TCC ao longo dos semestres, pois, o

acadêmico vai se preparando para esta etapa tão importante na conclusão do curso, podendo

adiantar-se na escolha do tema e início dos trabalhos, podendo assim desenvolver um trabalho

bem mais estruturado e concreto.

É possível encontrar congruência nas respostas dos acadêmicos quando indagados se os

professores comentam sobre o TCC em sala de aula, pois, ao serem questionados se sabiam

definir o que é TCC, 93,38% deles respondeu saber o que é TCC. Destes, 31,67% já declaram ter

intenção no que se refere a tema para pesquisa quando da aplicação do questionário. Pode-se

compreender através dos dados expressos na Tabela 9, que os acadêmicos afirmaram conhecer

as normas que regulamentam o TCC, destacando que destes, 118 graduandos (45,92%), julgam

ter conhecimento moderado. Vale destacar que o número de acadêmicos que conhecem bem ou

tem conhecimento moderado das normas aumenta conforme se aproxima dos últimos semestres.

Esse comportamento pode-se dizer que é influenciado pelo fato de que as abordagens em sala de

aula dos assuntos referentes ao TCC se intensificam nos últimos semestres de curso.

Tabela 1. Conhecimento dos entrevistados a respeito das normas que regulamentam o TCC.

Conhecimento do acadêmico 1º

sem. 2º

sem. 3º

sem. 4º

sem. 5º

sem. 6º

sem. 7º

sem. 8º

sem. Total Geral

Conheçe bem - - - - - 1 2 1 4 (1,56%)

Já ouviu falar 11 7 14 11 11 10 6 3 73 (28,40%)

Não Conhece 21 13 4 8 5 6 1 1 59 (22,95%)

Tem conhecimento moderado 8 9 12 11 19 13 20 26 118 (45,92%)

Não respondeu 1 1 - - - - 1 - 3 (1,17%)

Total Geral 41 30 30 30 35 30 30 31 257

Em se tratando da importância do TCC para a formação profissional, é mostrado na

Tabela 10 que a pesquisa apontou que a maioria dos acadêmicos considera o TCC importante

sob os seguintes aspectos: “Importante para a o desenvolvimento da habilidade de pesquisador

nos acadêmicos”, “Importante, pois, pode desenvolver trabalhos de relevância para a profissão e

para a sociedade”. Estes aspectos estão em parte de acordo com a resolução 30/2012 do

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Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão da UNEMAT (CONEPE) em seu artigo 5º onde está

articulado que:

O objetivo do TCC é proporcionar aos discentes a oportunidade de desenvolver uma pesquisa, demonstrando o aproveitamento do curso, aprimorando a capacidade de articulação, interpretação e reflexão em sua área de formação, estimulando a produção científica.

Tabela 2. Opinião dos entrevistados a respeito do TCC.2

É importante sob quais aspectos. Número de respostas

Importante para a o desenvolvimento da habilidade de pesquisador nos acadêmicos

152 (30,84%)

Importante, pois, pode desenvolver trabalhos de relevância para a profissão e para a sociedade

148 (30,03%)

Apenas para cumprir a matriz curricular 42 (8,52%)

É importante, pois, posso publicar o artigo e somar horas extracurriculares 38 (7,71%)

Incômodo por tomar muito tempo do acadêmico 32 (6,49%)

Interessante, pois, prepara para futura vida acadêmica 23 (4,66%)

Desnecessário, pois não se aprende muito de importante para a rotina profissional 22 (4,46%)

Não tenho qualquer opinião sobre o assunto 15 (3,04%)

Desnecessário, pois, estudos de caso se veem em outras disciplinas 12 (2,43%)

Desnecessário, pois, é uma repetição de estudos 9 (1,82%)

Total geral 493

Também se questionou se os acadêmicos consideram pertinente a oferta e,

consequentemente, a obrigatoriedade da atividade denominada TCC, ao que 43,58% dos

acadêmicos responderam que o TCC não deveria fazer parte da matriz curricular. É importante

ressaltar que no oitavo semestre foi possível observar que a maior parte dos acadêmicos

respondeu que o TCC deve sim fazer parte da formação profissional. É possível que essas

respostas tenham sido motivadas pelo conhecimento por parte dos acadêmicos da importância do

TCC, pois estes, já estão vivenciando o processo e podem fornecer uma opinião mais conclusiva.

Essa distribuição de respostas pode ser melhor entendida na Tabela 11.

Tabela 3. O TCC deve existir? (opinião dos entrevistados)

1º sem. 2º sem. 3º sem. 4º sem. 5º sem. 6º sem. 7º sem. 8º sem. Total de acadêmicos

NÃO 43,90% 33,33% 46,67% 26,67% 57,14% 60% 46,67% 32,26% 112 (43,58%)

SIM 56,10% 66,67% 53,33% 73,33% 42,86% 40% 53,33% 67,74% 145 (56,42%)

Total geral 41 30 30 30 35 30 30 31 257

Tais dados podem ser compreendidos a luz dos autores como Hall (1997, apud SANTI e

SANTI, 2008) e Woodward (2000), que abordam a temática da representação, cujo conceito nos

remete a questão da cultura, ou mesmo parte da experiência do sujeito. Neste sentido, é preciso

lembrar as argumentações de Paes (2008) a esse respeito, ao esclarecer que as representações

estão relacionadas ao sentido e valores que se constrói com o objeto e as relações que

2 Nesta questão deveriam ser assinaladas quantas alternativas fossem necessárias para expressar a opinião do acadêmico

em relação ao TCC. A tabela apresenta o número de vezes que cada aspecto citado na questão foi assinalado pelos

respondentes.

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estabelecemos com este. Assim, é possível compreender que os modos de representar o TCC

estão diretamente ligados com a experiência e proximidade que o acadêmico tem com tal

atividade.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O intuito deste estudo foi mostrar como os acadêmicos do Curso de Ciências Contábeis da

UNEMAT de Tangará da Serra representam o Trabalho de Conclusão de curso, assim como

averiguar se os mesmos conhecem o perfil profissional do contador. A pesquisa mostrou que os

acadêmicos em sua maioria admitiram a importância do TCC e ressaltaram que o mesmo deve

existir, destacando-se esta representação junto aos acadêmicos que mais se aproximam da

finalização do curso. Consideraram-no importante sob os aspectos de poderem desenvolver a

habilidade de pesquisadores e por poder fornecer pesquisas relevantes, de interesse para a

profissão e para a sociedade. Foi possível perceber que os graduandos conheciam o perfil

esperado para um profissional egresso do curso, perfil este, mencionado no Projeto Político

Pedagógico do Curso de Ciências Contábeis da UNEMAT de Tangará da Serra.

Em resumo, o objetivo da pesquisa foi atingido por meio de etapas descritas a seguir. Mais

especificamente o conceito de representação foi compreendido por meio de pesquisa bibliográfica

voltada aos estudos culturais. Também, foi pela pesquisa bibliográfica em artigos e legislações

que se pôde compreender os objetivos do TCC no curso de graduação. O conhecimento do curso

de ciências contábeis e das normas que regulamentam o TCC foi possível principalmente por

dados obtidos através de pesquisa documental, realizada em documentos disponibilizados online

pelo Departamento de Ciências Contábeis, assim como em legislações e outras fontes também de

acesso online. Com a análise e compreensão dos dados obtidos com a aplicação do questionário

foi possível caracterizar os acadêmicos do Curso de Ciências Contábeis da UNEMAT de Tangará

da Serra, assim como, viabilizou a verificação dos modos como os acadêmicos mencionados

representam o Trabalho de Conclusão de Curso.

Este estudo poderá ser utilizado como embasamento para pesquisas futuras, pois, quando

se trata de TCC, o campo de estudo ainda é pouco explorado em pesquisas acadêmicas. Neste

sentido, deverão ser investigados discentes e também docentes, sobre seus elogios, sugestões e

críticas sobre o TCC. Os resultados obtidos com base nos dados desta investigação sugerida

poderiam influenciar no processo de condução e construção do TCC, desde os semestres iniciais,

com o propósito de fortalecer os pontos positivos, inserir novas abordagens, perspectivas e

verificar pontos com inconsistências ou falhas. Estas resultariam na incrementação e otimização

deste instrumento de construção de conhecimento.

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ANÁLISE DO DESEMPENHO ECONÔMICO APÓS A IMPLANTAÇÃO DAS LICENÇAS AMBIENTAIS: UM ESTUDO EM UMA EMPRESA DO SETOR MECÂNICA- HIDRÁULICA

Alisson Dias Toniazzo Cleci Grzebieluckas

Régis Gonçalves Magno Alves Rocha

RESUMO: Este estudo verificou se a implantação das licenças ambientais em uma empresa do setor de mecânica hidráulica acarretou um aumento ou decréscimo da lucratividade. A pesquisa foi desenvolvida a partir de dados coletados no período de 2006 a 2012, compreendendo balanços patrimoniais, demonstrativos de resultados e relatórios internos. Foram realizados apurações de lucros por períodos distintos em momentos anteriores e posteriores a implantação das licenças. Os resultados apresentados apontam para uma tendência positiva de lucratividade e rentabilidade de acordo com os dados evidenciados no período estudado assim como convergência para os mesmos resultados para estudos em empresas que implantaram o sistema de gestão de qualidade ISO 14001. Palavras Chaves: Licenças Ambientais, Gestão da Qualidade, Lucratividade. 1. INTRODUÇÃO

O retorno financeiro e econômico está vinculado à atuação das forças competitivas

acirradas que influenciam as atitudes dos executivos, forçando-os a buscar estratégias para

sobressair e obter vantagem competitiva sustentável (PORTER, 1992). O crescente dinamismo do

mercado, os famigerados efeitos contínuos da globalização e as exigências dos consumidores

promovem competitividade entre as organizações. Não basta às organizações possuírem melhoria

contínua em seus produtos e serviços prestados, deve-se ir além, exigindo que estas sejam “[...]

socialmente responsáveis e ambientalmente sustentáveis ou „verdes‟ para se tornarem

competitivas e sobreviverem” (KINLAW, 1997, p. 15).

No processo de globalização, as informações são facilmente acessadas pelos usuários e

as empresas, enxergando este novo patamar, sentiram a necessidade de ter diferenciais para se

estabelecer no mercado. Para Costa e Carvalho (2006), as empresas possuem um papel mais

significativo após a globalização, ampliando seu escopo de atuação, atingindo a área social e

ambiental que se tornaram, evidentemente, uma vertente que deve ser trabalhada para atender as

demandas de mercado.

Andreoli (2002) enfatiza que até a década de 60, as questões ambientais não faziam parte

dos problemas concretos da sociedade, eram tratados por um limitado grupo de ecologistas

denominados de visionários e idealistas. Todavia, a Conferência das Nações Unidas, realizada em

Estocolmo em 1972, demonstrou que os problemas ambientais envolvem toda a sociedade e

exigem a participação de todos os agentes econômicos.

As empresas poderão agregar em seu marketing mais que um trabalho voltado aos 4P´s

de Kotler (2000) – Produto, Preço, Praça e Promoção – deverão estar alinhadas às novas

necessidades do mundo ao pensarem no tema meio ambiente. Christmann (2000) afirma que os

investimentos em gestão ambiental passaram a se tornar necessários para quase todas as áreas

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da economia, tornando indispensáveis as estratégias que afetam os custos, os quais podem ser

fontes determinantes de crescimento e sobrevivência para a firma.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o Licenciamento Ambiental é uma exigência legal

e uma ferramenta do poder público para o controle ambiental. Em muitos casos, apresenta-se

como um desafio para o setor empresarial. É o procedimento no qual o poder público,

representado por órgãos ambientais, autoriza e acompanha a implantação e a operação de

atividades que utilizam recursos naturais ou que sejam consideradas efetiva, ou potencialmente

poluidoras. Entretanto, há uma segmentação de empresas, geralmente de grande porte, que

exigem as licenças ambientais por questões de gestão de qualidade que, nesta situação, serão,

evidentemente, abordados neste projeto. Para Araújo (2002, p.03),

[...] as licenças ambientais, são estabelecidas as condições para que o empreendedor, pessoa física ou jurídica, de direito privado ou de direito público, implante, amplie ou opere o empreendimento sob sua responsabilidade. O licenciamento ambiental envolve potencialmente um enorme campo de iniciativas humanas, de graus de complexidade bastante diferenciados.

Henri e Giasson (2006) acreditam que a vantagem competitiva de uma organização é

alcançada por meio de um conjunto de iniciativas, que visem rentabilidade econômica unida com a

preservação ambiental para os vários stakeholders, que são todos os envolvidos na organização,

cliente, fornecedores, colaboradores, prestadores de serviços entre outros. Para atender estas

demandas empresa Nogueira Toniazzo e Cia Ltda., nome Fantasia Hidrautec, desenvolveu nos

últimos 04 (quatro) anos, o processo de implantação das Licenças Ambientais (LA) objetivando

transparência e efetividade nas ações relacionada às questões ambientais.

Para o Ministério de Meio Ambiente, os efeitos negativos no meio ambiente precisam ser

submetidos ao processo de licenciamento sendo a principal ferramenta que a sociedade tem para

controlar a manutenção da qualidade do meio ambiente, o que está diretamente ligado com a

saúde pública e com boa qualidade de vida para a população.

Naturalmente avaliar se as implantações tornaram um processo lucrativo para a empresa

verificando os resultados, torna-se uma necessidade no universo empresarial, visando evidenciar

os números apresentados. Por fim, são apresentadas as conclusões, com as considerações finais

a respeito da pesquisa, indicando-se limitações do trabalho e sugestões para estudos futuros.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 LICENÇAS AMBIENTAIS

Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

(IBAMA) em seu Manual de Procedimentos para o LA:

O licenciamento ambiental é o instrumento capaz de formalizar o papel pró-ativo do

empreendedor, garantindo aos detentores das licenças o reconhecimento público de que suas

atividades serão realizadas com a perspectiva de promover a qualidade ambiental e sua

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sustentabilidade. Cabe ressaltar que o licenciamento ambiental não exime o empreendedor ou

responsável pela atividade da obtenção de outras licenças legalmente exigíveis, conforme

determinado na Lei n° 6.938/81, no seu artigo 10, com a redação dada pela Lei n°7.804/89.

Para Ministério do Meio Ambiente – (MMA) o LA é o procedimento administrativo pelo qual

o órgão ambiental autoriza a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos

e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente

poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.

Para o Ministério do Meio Ambiente, o licenciamento ambiental é um importante

instrumento de gestão da Política Nacional de Meio Ambiente. Por meio dele, a administração

pública busca exercer o necessário controle sobre as atividades humanas que interferem nas

condições ambientais. Desta forma tem, por princípio, a conciliação do desenvolvimento

econômico com o uso dos recursos naturais, de modo a assegurar a sustentabilidade dos

ecossistemas em suas variabilidades físicas, bióticas, socioculturais e econômicas. Deve, ainda,

estar apoiado por outros instrumentos de planejamento de políticas ambientais como a avaliação

ambiental estratégica; avaliação ambiental integrada; bem como por outros instrumentos de

gestão - zoneamento ecológico econômico, planos de manejo de unidades de conservação,

planos de bacia, etc.

Conforme o guia de procedimentos de licenciamento ambiental do IBAMA, o

licenciamento ambiental foi colocado em prática a partir de 1975, inicialmente nos Estados do Rio

de Janeiro e São Paulo e foi estabelecido nacionalmente por meio da Lei Federal n° 6.938, de 31

de agosto de 1981, que estabeleceu a Política Nacional de Meio Ambiente e definiu os princípios

e os objetivos que norteiam a gestão ambiental. Para a obtenção da Licença Ambiental (LA), além

do atendimento aos padrões estabelecidos, os impactos ambientais negativos decorrentes da

implantação do empreendimento devem ser previstos, corrigidos, mitigados e compensados,

assim como introduzidas práticas adequadas de gestão na operação, assim, a legislação

estabeleceu os regulamentos que configuram o Sistema de licenciamento e o Controle das

Atividades Poluidoras, complementados pelas Normas e Padrões de Qualidade Ambiental. O

licenciamento inclui localização (LP), instalação (LI), ampliação e operação (LO) de atividades

utilizadoras de recursos ambientais que, sob qualquer forma, possam causar degradação

ambiental.

A licença prévia (LP) é concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento

ou atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e

estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a ser atendido nas próximas fases de sua

implementação conforme Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 1997). Sua concessão

depende das informações sobre a concepção do projeto, sua caracterização e justificativa, a

análise dos possíveis impactos ao ambiente e das medidas que serão adotadas para o controle e

mitigação dos riscos ambientais. A LP ainda estabelece as condições para a viabilidade ambiental

do empreendimento ou atividade, após exame dos impactos ambientais por ele gerados, dos

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programas de redução e mitigação de impactos negativos e de maximização dos impactos

positivos, permitindo, assim, que o local ou trajeto escolhido como de maior viabilidade tenha seus

estudos e projetos detalhados.

Em projetos de significativo impacto ambiental será exigida a realização de Estudo de

Impacto Ambiental (EIA) e correspondente Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (RIMA) como

condicionantes para obtenção da licença prévia. Estes instrumentos foram normalizados pela

Resolução nº 001/86 do CONAMA e complementarmente, pela Resolução nº 237/97.

A LI autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as

especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de

controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante. (CONAMA,

1997), precede os procedimentos de efetivo início de implantação da atividade ou

empreendimento.

A LI ao ser expedido após análise das especificações do Projeto Executivo do

empreendimento e da apresentação dos planos, programas e projetos, onde serão apresentados

o atendimento das condicionantes da LP e as informações detalhadas do projeto, processos e

tecnologias adotadas para a neutralização, mitigação ou compensação dos impactos ambientais

provocados, assim como os procedimentos de monitoramento ambiental.

Na visão da Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA) LI – Licença de

Instalação é concedida para autorizar a instalação do empreendimento ou atividade de acordo

com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as

medidas de controle ambiental e demais condicionantes (SEMA 2010).

A LI é emitida pela Coordenadoria de Infraestrutura – CEI, Coordenadoria de Mineração –

CM, Coordenadoria de Indústria – CI, Coordenadoria de Atividades Agropecuárias e Piscicultura –

CAAP e Coordenadoria de Gestão de Resíduos Sólidos – CGRS, todas vinculadas da

Superintendência de Infraestrutura, Mineração, Indústria e Serviços – SUIMIS.

A Licença de Operação autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a

verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de

controle ambiental e condicionantes determinados para a operação (CONAMA 1997).

Nesta fase é expedida para autorizar o início da operação da atividade ou

empreendimento, após as verificações necessárias do funcionamento de seus equipamentos de

controle de poluição e do atendimento das condicionantes constantes nas Licenças, Prévia e de

Instalação. As licenças ambientais poderão ser expedidas isoladas ou sucessivamente, de acordo

com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade. O CONAMA definirá,

quando necessário, licenças ambientais específicas, observadas, também neste caso, a natureza,

características e peculiaridades da atividade ou empreendimento, e, ainda, a compatibilização do

processo de licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e operação.

A Resolução CONAMA nº 237/97 também prevê o estabelecimento de critérios para

agilizar e simplificar os procedimentos de licenciamento ambiental das atividades e

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empreendimentos que implementem planos e programas voluntários de gestão ambiental, visando

a melhoria contínua e o aprimoramento do desempenho ambiental. Os prazos para emissão e

validade de cada licença poderão variar de acordo com a modalidade de licença e as normas

federais e estaduais vigentes. Entretanto, o artigo 18 da Resolução CONAMA nº 237/97

estabelece diretrizes e considerações sobre a determinação dos prazos de validade para as

licenças em geral.

Os prazos de análise poderão ser diferenciados para cada modalidade, observado o prazo

máximo de seis meses a contar do protocolo do requerimento até seu deferimento ou

indeferimento, ressalvado os casos em que houver EIA/RIMA e audiência pública, quando o prazo

máximo é de até 12 (doze) meses. A contagem do prazo é suspensa durante a elaboração de

complementações ou preparação de esclarecimentos pelo empreendedor e o atendimento às

solicitações de esclarecimentos ou complementações deve ser realizado em até 4 (quatro) meses,

a contar do recebimento da respectiva notificação.

Na Resolução normativa do Conselho Nacional de Meio Ambiente CONAMA nº 237/97, o

LA é definido como o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente

licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos.

As atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente

poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental,

considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

2.2 SGA – SISTEMA DA GESTÃO AMBIENTAL

O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é submetido as Normas Internacionais de gestão

ambiental e tem por objetivo prover às organizações os elementos de um sistema de gestão

ambiental eficaz, passível de integração com outros requisitos de gestão, de forma a auxiliá-las a

alcançar seus objetivos ambientais e econômicos (NBR ISO 14001:1996, p. 2).

Esta é a norma criada pela International Standard Organization (ISO), série ISO 14.000,

com o objetivo de trazer a variável ambiental para a gestão das empresas. No caso brasileiro, esta

certificação foi regulamentada por meio da NBR ISO 14.001/96, que especificou os requisitos para

a implementação de um SGA pelas empresas e os conceitos a serem aplicados ao ciclo completo

de gestão ambiental das atividades produtivas.

Por este sistema, cada setor da economia, de produção ou de serviços se torna

responsável pela adoção de processos de gestão ambiental adequados às suas atividades e que

os levem a atingir metas de qualidade ambiental cada vez mais elevadas. Essas metas são

estabelecidas em ciclos de gestão contínua, que incluem processos de planejamento,

implementação e revisão dos impactos ambientais gerados pela atividade (ISO 14001/96).

O conjunto de princípios passa a constituir a política ambiental da empresa e a produção

de serviços e produtos passa a estar orientada pela perspectiva de conservação dos recursos

naturais e pela sustentabilidade ambiental (ABNT, 1998). A existência de uma política ambiental

voluntária, de acordo com a NBR ISO 14.001, pressupõe que a empresa dirija seu processo de

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gestão ambiental em conformidade com a legislação ambiental vigente, podendo se guiar por

objetivos específicos de política ambiental que sobrepujem os requisitos da legislação ambiental

brasileira.

Para Ba e Sousa (2002 apud ALBERTON, 2003) a decisão de adotar a ISO 14001 não é

exclusividade das exigências contratuais ou melhoria na competitividade, mas é uma decisão

estratégica, de antecipações às pressões econômicas associadas a legislação ambiental.

A adoção e implementação de forma sistemática de um conjunto de técnicas de gestão

ambiental pode contribuir para obtenção de bons resultados para todas as partes interessadas,

pois, conforme A ISO 14001:2004 na cláusula 4.3.2 requer que a organização determine como os

requisitos legais e outros se aplicam aos aspectos ambientais onde a organização também deve

considerar estes requisitos no estabelecimento, implementação e manutenção do seu SGA.

2.3 DESEMPENHO ECONÔMICO

Para Savitz (2007), a sustentabilidade socioambiental está se transformando rapidamente

em tendência. Os trabalhos que tratam do relacionamento entre desempenho ambiental e

desempenho financeiro concluem que geralmente os resultados encontrados são contraditórios,

possuindo resultados negativos, outros são inconclusivos e na maioria, verificam-se resultados

positivos (GRIFFIN; MAHON, 1997). Os autores também revelam que o número de pesquisas que

apontam resultados desmotivadores é elevado, porém, numa mesma pesquisa, muitos trabalhos

têm apontado alguns resultados positivos.

Grzebieluckas et al. (2007), separaram as empresas que adotaram a certificação das que

não adotaram certificação no período de 1996 a 2002. Os autores compararam a média do

desempenho medida pela rentabilidade das vendas (ROS), rentabilidade do ativo (ROA) e o total

das vendas operacionais (VOP) e identificaram o efeito do desempenho ambiental sobre o

desempenho financeiro e assim como Alberton (2003), identificaram‟ aumento de receitas e

diminuição de custos uma tendência positiva para rentabilidade em empresas certificadas após 12

(doze) meses. Dessa forma, os autores ponderam que a diferença nos retornos econômico-

financeiros pode ser reflexos de outras variáveis ou de outros aspectos, em vez de simplesmente

desempenho superior. Por sua vez, retornos anormais no mercado não são esperados

independentes das ações ajustadas.

De maneira geral, a gestão dos tempos atuais é movida por resultados, então, caso ocorra

uma degradação que cause impacto ambiental, este também irá gerar um efeito econômico.

Orsato (2002) assevera que os investimentos devem gerar retornos econômicos ou se tornarem

vantagens competitivas e os administradores devem enxergar os cenários que os favoreçam.

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3. METODOLOGIA

A análise realizada compreende o período de 2006 a 2012, da empresa estudada,

verificando o universo de clientes que exigem LA. Proporcionaram resultados diferentes, positivos

e negativos, em períodos distintos, ou seja, anterior e posterior à implantação.

Para atender o objetivo desta pesquisa, os métodos utilizados foram exploratórios, pois

conforme Gil (1991) busca-se proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a

torná-lo explícito ou até mesmo construir hipóteses. Descritiva porque de acordo com Vergara

(2004), a pesquisa descritiva determina o estabelecimento da relação entre as variáveis e os

fatos.

Trata-se de uma pesquisa quantitativa que, segundo Richardson (1999), significa a escolha

de procedimentos sistemáticos para enumeração de dados. E, ainda, um estudo de caso, porque

se caracteriza como estratégia de pesquisa que permite estudar com profundidade fenômenos

dentro de seu contexto, ser adequado ao estudo de processos e explorar fenômenos com base

em vários ângulos (ROESCH, 1999).

Esta pesquisa foi desenvolvida visando à elaboração de uma sistemática para o

diagnóstico de lucratividade, Indicadores de Vendas e comparativos com empresas enquadradas

no SGA.Para tanto, os dados extraídos foram de Balanços Patrimoniais (BP), Demonstrativos de

Resultados (DRE) e relatórios internos de faturamento por cliente do período de 2006 a 2012.

Tendo em vista a implantação de licenças ambientais exigi-se a condição de avaliação

única e exclusivamente para o campo da LA, não levando em consideração as variáveis de, que é

essencial para o alcance dos objetivos. Significa que nenhuma outra variável, como qualidade de

serviço, nível de gestão, capacidade produtiva, eficiência e eficácia além da Licenças, foi objeto

de estudo deste trabalho, porque a premissa de implantação de licença ambiental para clientes

que exigem estas não haveria vendas para os mesmos, exceto por situações atípicas.

4. RESULTADOS

Conforme metodologia em primeiro momento apura-se dados econômicos do período

anterior à implantação da Licença Ambiental, verificados na tabela abaixo:

O faturamento apresentado na Tabela 1, só ocorrera, porque mesmo por exigências destas

empresas, não havia, na região, prestadores de serviço com LA aprovada, logo em situações de

emergências foram justificadas a necessidade de prestação de serviço e venda de produtos.

Tabela1: Faturamento (R$) para clientes que exigem LA - Período 2006 a 2008

Faturamento 2006 2007 2008

Cliente 1 - - -

Cliente 2 61.186,58 100.409,45 97.519,16

Cliente 3 - - 86.076,44

Cliente 4 382,31 - 800,00

Cliente 5 - - -

Total 61.568,89 100.409,45 184.395,60

Fonte:Dados da Pesquisa

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Verifica-se na tabela 2 que compreende o período subsequente do ano de 2009 a 2012.

Analisando os 05 (cinco) clientes que exigem LA, em 2009 a empresa obteve a

Licença Prévia, e neste ano, já se identifica variação positiva no faturamento dos clientes que

exigem LA, sendo superior a todos anos anteriores juntos de todos os clientes.

No segundo ano de LA implantada e neste momento consolidada, identifica-se um

aumento superior a 100% no faturamento dos clientes que exigem LA, ou seja, verifica-se

que após a implantação das licenças os clientes repassaram maior número de ordens de

compras de produtos e solicitações de serviços.

Quanto ao percentual de lucro verificam-se variações positivas e negativa referente

ao ano anterior. Mais uma vez a convoca-se a situação de singularidade de análise, pois

conforme informado não se leva em consideração critérios de gestão para este estudo, que é

essencial para uma análise efetiva da relação de (%) de Lucro para com o faturamento.

Verifica-se o gráfico:

Tabela 2: Faturamento (R$) para clientes que exigem LA - Período 2009 a 2012

Faturamento 2009 2010 2011 2012

Cliente 1 90,00 33.235,49 43.861,54

Cliente 2 128.432,47 128.888,75 167.718,50 142.074,70

Cliente 3 243.138,30 610.727,71 410.105,32 393.569,10

Cliente 4 5.916,42 3.405,49 68.287,92 19.191,49

Cliente 5 - 17.187,04 368.741,86 343.334,92

Total 377.487,19 760.298,99 1.048.089,09 942.031,75

Fonte:Dados da Pesquisa

Tabela 3 - Lucro (R$ e %) anual

Faturamento 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Produtos 477.768,34 888.619,43 546.624,07 592.313,39 1.267.378,22 1.450.285,03 1.604.107,10

Serviços 235.286,27 380.836,90 257.234,86 253.848,59 309.775,45 567.356,46 866.317,72

Total 713.054,61 1.269.456,33 803.858,93 846.161,98 1.577.153,67 2.017.641,49 2.470.424,82

Lucro (R$) 102.109,42 229.644,65 226.000,00 50.815,12 478.909,24 434.617,02 463.225,44

Lucro (%) 14,32% 18,09% 28,11% 6,01% 30,37% 21,54% 18,75%

Referência Ano Anterior 26,33% 55,41% -78,64% 405,64% -29,06% -12,95%

Fonte:Dados da Pesquisa

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Através da análise de (%) do lucro, algumas informações são interessante para uma

análise íntegra sobre o processo:

1. O ano de 2008 possui lucratividade maior que 2011 e 2012 onde já havia licenças,

entretanto em volume de capital foi quase a metade.

2. Exceto pelo ano de 2009 todos os anos subsequentes possuíram vulto de capital de

Lucro Líquido superior a qualquer ano sem as licenças.

3. No ano de 2009, foram necessárias adaptações para as exigências ambientais, ou

seja, necessidade de aporte para investimentos.

Evidencia-se que os dados de média e desvio padrão convergem para a mesma situação

abordada com o conceito de lucratividade ou seja, enquanto a participação de clientes

apresentaram uma participação significativa após a implantação das licenças a média apurou um

avanço significativo e o desvio padrão decresceu proporcionando sinergia entre os indicadores,

obtendo mais de uma variável, com a mesma tendência de resultado.

Para Matarazzo (1998), a lucratividade das vendas indica o quanto à empresa tem de

retorno a cada venda realizada, isto é, a eficiência da empresa em produzir lucro por meio de suas

vendas. Baseado neste conceito apura-se as informações de faturamento e lucro líquido de cada

período para obter a margem de lucro (ML) para efetuar-se as análises necessárias

Analisando a participação do faturamento dos clientes que exigem licenças ambientais

identifica-se que após a implantação das LA houve um aumento considerável no volume de

Gráfico 1: Lucratividade (%) por Ano

14,32%

18,09%

28,11%

6,01%

30,37%

21,54%

18,75%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Lucr

ativ

idad

e

Ano

Lucratividade Tendência

Tabela 4 - Participação (%) dos Clientes que Exigem LA no Faturamento

Clientes 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Cliente 1 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,01% 1,65% 1,78%

Cliente 2 8,58% 7,91% 12,13% 15,18% 8,17% 8,31% 5,75%

Cliente 3 0,00% 0,00% 10,71% 28,73% 38,72% 20,33% 15,93%

Cliente 4 0,05% 0,00% 0,10% 0,70% 0,22% 3,38% 0,78%

Cliente 5 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 1,09% 18,28% 13,90%

Total 8,63% 7,91% 22,94% 44,61% 48,21% 51,95% 38,13%

Média Sem Licenças 13,16%

Média Com Licenças 45,72%

Desvio Padrão sem Licenças 8,48 pp

Desvio Padrão com Licenças 5,88 pp

Fonte: Dados da Pesquisa

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recursos, sendo no primeiro ano, mais que dobro, na participação do faturamento alinhado ainda

com o aumento de faturamento Total visto na tabela 03.

Vale ressaltar ainda que mesmo com queda da lucratividade (%) no ano de 2012 o vulto de

recursos ainda foi maior que o ano anterior.

Comparando com Alberton (2003) e Grzebieluckas et al. (2007) verifica-se características

distintas no estudos, porém uma aproximação interessante.Enquanto os autores referenciados

buscaram comparar performance das empresas depois de implantar o SGA, este estudo buscou

resultados para implementação de licenças ambientais.Nos dois casos entende-se que possuíam

demandas por investimentos estruturais para adequações as exigências ambientais e nas duas

situações buscava-se apurações de resultados.

Segundo Matarazzo (1998), os índices de rentabilidade mostram qual a rentabilidade dos

capitais investidos, isto é, quanto renderam os investimentos e, portanto, qual o grau de êxito

econômico da empresa.A rentabilidade ou Retorno do investimento é fundamental para avaliar o

desempenho empresarial. Analisando o quesito investimentos para obtenção das licenças

ambientais verifica-se um valor aproximado de R$ 45.684,60 (Quarenta e cinco mil e seiscentos e

oitenta e quatro reais e sessenta centavos) comparado ao lucro dos períodos subsequentes

conforme Tabela 03 Lucro por ano verifica-se que o resultado apresentado foi positivo.

Ainda que os investimentos possuíam um período para serem resgatados onde poderia ser

verificado como nos indicadores de Payback e TIR (Taxa interna de retorno) mesmo que os

prazos de retorno fossem longos acima de cinco anos os indicadores de volume de vendas e

lucratividade apontam para uma tendência positiva para ajustes em licenças ambientais.

Considerações Finais:

A relação de implantação de Licença Ambiental versus resultados econômicos devem ser

cautelosamente interpretadas. Segundo, o faturamento, a implantação de Licenças Ambientais

provocou aumento de faturamento.

Quanto à participação dos clientes que exigem LA variou positivamente comparado há

anos em que a empresa não possuía licenças. A participação de mercado da empresa se

Licenças Ambientais 680,00

Engenheiro 1.100,00

CREA 54,60

Acompanhamento de Licenças 1.350,00

Construção de Canaletas 8.000,00

Separador de Óleo 15.000,00

Área para Óleo Reutilizável 7.500,00

Segregação de Resíduos Sólidos 2.500,00

Treinamento 4.500,00

Lavador 3.500,00

Idenfificação Visual 1.500,00

Total 45.684,60

Fonte: Dados da Pesquisa

Tabela 5 - Investimentos (R$)

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solidificou, o lucro líquido em valores financeiros apresentou variações positivas e o % do lucro

líquido apesar de ter variações oscilantes apontaram tendências favoráveis.

Para as situações de implantação do SGA os autores também consideram que encontrar

significância estatística para um evento de cunho econômico é provável.Através desta pesquisa,

mesmo com inúmeros estudos e pesquisas com resultados diferentes pode-se afirmar que quando

a empresa optou por atender as exigências ambientais e fomentou a execução das licenças

ambientais foi uma decisão estratégica com resultados positivos.

Grandes lucros ou divergências econômicas dificilmente são evidenciados no mercado de

produção e comercial, pequenas economias ou trabalho constante em produção em vendas

proporciona juntos resultados satisfatório aos empresários e investidores.

Não apenas por tendências mas por uma clareza de vários interessados proporcionam

investimentos na gestão ambiental e no estudo de caso Hidrautec proporcionou de fato resultados

claros de que a exigência legal e o fato de os grandes grupos já aderirem ao valor desta nova

visão fazem ter a convicção de que as licenças além de impactarem positivamente nos resultados

promovem mudanças de cultura na empresa.

Naturalmente que muitos outros fatores intervém no resultado operacional e econômico de

uma organização por isso fatores além da implantação das licenças ambientais não foram levados

em consideração para este estudo, tornando sim relevante para novas análise em outras

pesquisas.

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ANÁLISE DO IMPACTO DAS DESPESAS DE MANUTENÇÃO DO HOSPITAL MUNICIPAL ROOSEVELTH FIGUEIREDO LIRA DE BARRA DO BUGRES-MT NO ORÇAMENTO DO

MUNICÍPIO

Autores: Denis Henrique Seconello Edinéia Souza Nunes Magno Alves Ribeiro

E-mail: [email protected]

[email protected] [email protected]

Área de conhecimento: CIENCIAS CONTÁBEIS

RESUMO Através da pesquisa propôs-se realizar análise sobre o impacto das despesas orçamentárias financeiras realizadas na manutenção do Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT, analisar o impacto dessas despesas no orçamento da saúde e orçamento geral do município de Barra do Bugres – MT, comparar os percentuais dessas despesas com outra unidade hospitalar localizada na mesma região de saúde, calcular o índice de gasto de saúde por habitante. Para atingir esses objetivos, foi realizado análise vertical dos relatórios contábeis das prefeituras municipais de Barra do Bugres e Tangará da Serra – MT. O estudo abordou uma pesquisa quantitativa, descritiva, bibliográfica e estudo de caso dos respectivos hospitais. Foi constatado que no ano de 2011, o Hospital Municipal de Barra do Bugres consumiu 56,42% do orçamento disponível da cidade de Barra do Bugres, enquanto que a Unidade Mista de Saúde de Tangará da Serra consumiu 27,58% do orçamento disponível da cidade de Tangará da Serra – MT. Constatou-se que o repasse Estadual e Federal destinados ao Hospital Municipal de Barra do Bugres não cresceram na mesma proporção que as despesas, inviabilizando assim a manutenção do hospital de referência regional somente com recursos diretos do município. Palavras-chave: Saúde. Planejamento, Gestão Hospitalar. Gestão Pública. 1 INTRODUÇÃO

A omissão, aliada a incompetência dos governantes brasileiros, na área de saúde, vem de longa

data, embora haja alguns lugares de excelência, a situação predominante na saúde pública no

país é ruim, com freqüência os meios de comunicação mostram pessoas sofrendo nas filas de

hospitais públicos, esperando atendimento, diante disso, aqueles que têm condições financeiras

optam por associar-se a um plano de saúde que lhes dê cobertura, pois do contrário, dependerão

da assistência precária do governo (CAMACHO; ROCHA, 2006).

Trazendo esse cenário para o Estado de Mato Grosso, uma pesquisa elaborada pelo Ministério da

Saúde no ano de 2010, a qual analisa o Índice de Desempenho do SUS (IDSUS), aponta Cuiabá

na décima posição, entre as piores capitais em saúde pública no Brasil, a capital de Mato Grosso

tirou nota 5,5 em uma pontuação que vai de 0 a 10. Nenhuma cidade do Estado apareceu no

ranking das melhores no setor. Para gerar a nota, o Ministério da Saúde levou em conta o acesso

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aos serviços do Sistema Único de Saúde – SUS e se esses serviços são prestados em sua

totalidade. Esses critérios, ponderados, resultaram na nota final.

O orçamento do Governo Federal aprovado destinado à saúde em 2011 foi de R$ 76 bilhões para

serem distribuídos aos estados e municípios brasileiros. No mesmo ano, em Mato Grosso esse

orçamento foi de R$ 940 milhões. Refinando esses números para os municípios de Barra do

Bugres e Tangará da Serra – MT, no mesmo período, os orçamentos foram respectivamente de

R$ 12 e R$ 31 milhões para serem gastos com saúde. Esses números são relativos ao orçamento

previsto, no entanto, os orçamentos realizados no ano de 2011, foram de mais de R$ 15 e R$ 36

milhões respectivamente.

O objetivo geral desta pesquisa é demonstrar o impacto das despesas com a manutenção do

Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT em relação às despesas fixadas na Lei de Orçamento

Anual (LOA). Com relação aos objetivos específicos a pesquisa propôs analisar o impacto e

participação das despesas com saúde do município de Barra do Bugres – MT no orçamento geral

do município; verificar a participação das despesas com a manutenção do Hospital Municipal de

Barra do Bugres – MT no orçamento da saúde do município; comparar as despesas com saúde

fixadas/orçadas com as despesas de outro hospital municipal localizado na mesma região de

saúde, e levantar um índice de gasto com saúde per capita.

A pesquisa se justifica principalmente pela ausência de informação sobre a análise do

impacto da manutenção de hospitais públicos nas despesas com saúde dos municípios, e pela

necessidade de verificar se os municípios estão aplicando o percentual exigido por lei. A pesquisa

auxiliará gestores públicos no planejamento orçamentário hospitalar, no questionamento da

viabilidade de se manter hospitais públicos de referência regional, no entendimento do impacto

dessa despesa nos respectivos orçamentos municipais. Visa, ainda, a busca de outras fontes de

receitas como, por exemplo, recursos federais e estaduais, na possibilidade de transformar esses

hospitais em outros tipos de instituições como as Organizações Sociais de Saúde (O.S.S.),

Fundações de Saúde, onde a gestão pública conta com o apoio do setor privado.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Orçamento e despesa pública

O orçamento público é uma lei de iniciativa do poder executivo de estabelecer as políticas

públicas para o exercício que se referir, terá como base o PPA e será elaborado respeitando-se a

LDO aprovada pelo poder legislativo, e seu conteúdo básico será a estimativa da receita e a

autorização (fixação) das despesas (ANGELICO, 1994; SLOMSKI, 2003).

Despesa constitui toda saída de recursos ou de pagamento efetuado, a qualquer titulo,

pelos agentes pagadores para saldar gastos fixados na LOA ou em lei especial e destinados à

execução de serviços públicos (ANGELICO, 1994; ANDRADE, 2002). Na definição de Baleeiro

(2002, p. 73) despesa pública é “a aplicação de certa quantia, em dinheiro, por parte da

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autoridade ou agente público competente, dentro de uma autorização legislativa, para execução

de fins a cargo do governo”.

2.2 Plano plurianual (PPA), Lei de diretrizes orçamentárias (LDO) e Lei orçamentária anual

(LOA)

O orçamento para a despesa/receita passará pelo processo de elaboração da LOA, de

estudo e aprovação, obedecido o PPA e a LDO, realizado pelo departamento de planejamento. O

PPA é uma lei que abrangera os respectivos poderes na União, nos Estados, no Distrito Federal e

nos Municípios, e será elaborada no primeiro ano de mandato (ANDRADE, 2002; SLOMSKI,

2003;).

A LDO compreenderá as metas e prioridades da administração pública, incluindo as

despesas de capital para o exercício financeiro subsequente e ainda orientara a elaboração para a

LOA (SLOMSKI, 2003). A LOA, também conhecida como “Lei de Meios”, é uma lei especial que

contém a discriminação da receita e da despesa pública, de forma a evidenciar a política

econômica financeira e o programa de trabalho do governo (ANDRADE, 2002).

2.3 Gestão de recurso hospitalar municipal

Para evidenciar a importância dos sistemas de controle gerencial, tanto para os gestores

como para as organizações, Anthony e Govindarajan (2002) definem o controle gerencial como

sendo um dos vários tipos de atividades de planejamento e de controle que ocorrem numa

organização.

Uma entidade hospitalar bem gerida não é fruto exclusivo de ações individuais, mas é

conseqüência de uma regência identificada com toda a equipe, no sentido do cumprimento dos

planos previamente estabelecidos. No entanto, quando se trata de entidades hospitalares, onde

ocorre a atuação de corporações profissionais, que detêm graus de autonomia, no exercício

profissional, diferenciados e particulares, tal diretriz se transforma em um verdadeiro desafio

(ALMEIDA, 1983; RIBEIRO FILHO, 2002).

3 METODOLOGIA

Esta pesquisa foi realizada no Hospital Municipal Roosevelth Figueiredo Lira, em Barra do

Bugres – MT, município localizado a 155 km a noroeste de Cuiabá, capital de Mato Grosso, e na

Unidade de Saúde Mista de Tangará da Serra – MT, localizado a 235 km a noroeste da referida

capital.

Com base nos objetivos, o trabalho se classifica como uma pesquisa descritiva, ou seja,

aquela que tem como objetivo principal a descrição das características de determinada população

ou fenômeno, estabelecendo relações entre as variáveis (MIRANDA, 2007), reafirmando esse

conceito, Silva (2010, p. 59) diz que “os dados coletados nesse tipo de pesquisa possuem

técnicas padronizadas”. Caracteriza-se como pesquisa bibliográfica, pois conforme Silva (2010)

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esse tipo de pesquisa explica e discute um tema ou problema com base nas referências teóricas

já publicadas, e estudo de caso, pois segundo Martins (1994, p. 04), no estudo de caso “dedica-se

a estudos intensivos do passado, presente e de interações ambientais de uma (ou de algumas)

unidade social: indivíduo, grupo, instituição, comunidade”, e por possibilitar uma analise detalhada

dos relatórios contábeis.

Quanto à abordagem do problema, o estudo classifica como pesquisa quantitativa. Os

dados foram coletados através de relatórios contábeis e gerenciais disponibilizados pelos

Departamentos de Contabilidade das respectivas prefeituras e pelos hospitais pesquisados, e

processados através da utilização do software Excel da Microsoft e organizados em planilhas,

possibilitando a elaboração das tabelas para melhor compreensão.

4 RESULTADOS

O Hospital Municipal de Barra do Bugres é uma instituição pública, vinculada ao Sistema

Único de Saúde, mantida com recursos federais, estaduais e municipais. De acordo com o

Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES, 2012), o hospital é compostos por 86

leitos, divididos entre as clínicas médicas, cirúrgicas, complementares, obstétricas, pediátricas e

outras especialidades.

A Unidade de Saúde Mista de Tangará da Serra é uma instituição pública, vinculada ao

Sistema Único de Saúde, mantida com recursos federais, estaduais e municipais. De acordo com

o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES, 2012), a unidade é compostos por 42

leitos, divididos entre as clínicas médicas, complementares e pediátricas. Ambos os hospitais

acima citados foram objeto de estudo da pesquisa e estão localizados na Micro Região de Saúde

Médio Norte do estado de Mato Grosso, que também contam com as cidades de Denise, Nova

Marilândia, Porto Estrela, Brasnorte, Sapezal, Campo Novo do Parecis, Santo Afonso e Nova

Olímpia.

Na análise dos relatórios contábeis das cidades de Barra do Bugres – MT e Tangará da Serra –

MT, aplicou a análise vertical, que é um processo comparativo, expresso em porcentagem, que se

aplica ao relacionar uma conta com um grupo de contas, e dessa forma, pode se apurar

facilmente a participação relativa de cada item e sua evolução no tempo (ASSAF NETO, 2010).

Observou-se que, no ano de 2011, o orçamento realizado da cidade de Tangará da Serra – MT

foi, praticamente, o dobro do orçamento realizado da cidade de Barra do Bugres – MT, com mais

de R$ 109 milhões, enquanto Barra do Bugres – MT teve pouco mais de R$ 46 milhões, conforme

demonstra a Tabela 1.

Com relação ao número de habitantes de ambas as cidades, os orçamentos mantêm o equilíbrio,

pois conforme o Censo de 2010 realizado pelo IBGE, a cidade de Tangará da Serra – MT conta

com uma população de 83.431 habitantes, e Barra do Bugres – MT conta com 31.793 habitantes,

com uma média de gasto de mais R$ 1.300,00/habitante em Tangará da Serra – MT e R$

1.400,00/habitante em Barra do Bugres – MT.

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Empenhado % Geral Empenhado % Geral

1.090.402,61 2,37% 3.242.162,35 2,97%

226.373,01 0,49% - -

207.171,44 0,45% - -

135.951,62 0,30% - -

4.579.120,49 9,95% 3.340.686,42 3,06%

- - 5.837.198,30 5,35%

604.197,68 1,31% 2.060.037,04 1,89%

12.207.629,83 26,52% 34.216.063,92 31,37%

- - 1.430.905,12 1,31%

15.593.977,83 33,87% 36.045.587,38 33,05%

2.051.458,88 4,46% 3.891.705,84 3,57%

1.036.980,49 2,25% 1.064.080,70 0,98%

- - 568.989,80 0,52%

7.703.276,18 16,73% 13.717.269,03 12,58%

- - 769.574,15 0,71%

600.193,01 1,30% 2.891.144,29 2,65%

46.036.733,07 100,00% 109.075.404,34 100,00%

Sec. Mun. de Agricultura

Barra do Bugres Tangará da Serra

Sec. Mun. de Esportes

Sec. Mun. de Fazenda

Sec. Mun. de Meio Ambiente

Sec. Mun. de Ind. Com. e Serviços

Tabela 1: Despesas realizadas por secretarias das Prefeituras Municipais de Barra do Bugres e

Fonte: Relatórios contábeis das Prefeituras Municipais de Barra do Bugres e Tangará da Serra, 2011.

Tangará da Serra no ano de 2011.

Sec. Mun. de Infra Estrut. Serv. Urban.

Sec. Mun. de Desenv. Econ. Turismo

Sec. Mun. de Desenv. Social

Sec. Mun. de Saúde

Secretarias

Sec. Mun. de Governo

Procuradoria Geral do Mun.

Control. Geral de Controle Interno

Gabinete do Prefeito

Sec. Mun. de Educação, Cult. e Desporto

Sec. Mun. de Planej., Orcam. E Cont.

Sec. Mun. de Adm. e Finanças

Total

Verificou-se que o orçamento da cidade de Tangará da Serra – MT é mais detalhado, pois existem

mais secretarias, o que facilita no entendimento e transparência dos gastos públicos. Por

exemplo, em Barra do Bugres – MT, a Secretaria Municipal de Administração e Finanças

consumiu 9,95% do orçamento, já em Tangará da Serra – MT, a mesma é dividida em duas,

Secretaria Municipal de Administração com 3,06% e a Secretaria Municipal de Fazenda com

5,35%, que somadas os percentuais se equilibram com os gastos da cidade de Barra do Bugres –

MT (TABELA 1).

Isso se aplicou às Secretarias Municipal de Educação, Cultura e Desporto com 26,52% em Barra

do Bugres – MT, já em Tangará da Serra – MT a mesma se dividiu em Secretaria Municipal de

Educação e Cultura com 31,37% e Secretaria Municipal de Esportes com 1,31%, onde se vê um

gasto maior na cidade de Tangará da Serra – MT (TABELA 1).

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo com 2,25% na cidade de Barra

do Bugres – MT, já em Tangará da Serra – MT ela se dividiu em Secretaria Municipal de Indústria,

Comércio e Serviços com 0,71%, Secretaria Municipal de Meio Ambiente com 0,52% e Secretaria

Municipal de Turismo com 0,98%, onde praticamente os percentuais se equilibraram (TABELA 1).

O plano de contas da cidade de Barra do Bugres – MT compreendeu ainda a Secretaria Municipal

de Governo com 0,30%, a Controladoria Geral do Município com 0,49% e Procuradoria Geral do

Município com 0,45%, essas duas ultimas com status de Secretaria (TABELA 1).

O orçamento realizado somente das Secretarias Municipais de Saúde das cidades de Barra do

Bugres – MT e Tangará da Serra – MT, destacou-se o alto gasto da manutenção do Hospital

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Municipal de Barra do Bugres – MT, com mais de R$ 8 milhões, o que comprometeu metade do

orçamento disponibilizado para a saúde com 56,42%, enquanto a Unidade Mista de Saúde teve

gasto de aproximadamente de mais R$ 9 milhões, o que comprometeu 27,58% do orçamento

disponibilizado para a Saúde de Tangará da Serra – MT (TABELA 2).

Sendo essas duas atividades o alvo principal dessa pesquisa, na Tabela 2 foram detalhados

melhor esses gastos, o que possibilitou entendimento mais claro do porque o Hospital Municipal

de Barra do Bugres – MT consome parte significativa do orçamento realizado pela Saúde da

cidade.

Em análise aos dados obtidos na manutenção do Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT,

conforme Tabela 2, destacou-se o gasto de 24,55% nas dotações orçamentárias Vencimento e

vantagens fixas, e de 1,41% em Contratação por tempo determinado, que são os gastos com

folha de pagamento da unidade, juntamente com as Obrigações patronais – INSS com 0,31% e

Previdência municipal com 0,90%, destaca-se também os gastos com Outros serviços de terceiros

– Pessoa Física com 15,78%, onde engloba todos os serviços de pessoas que não possuem

empresa aberta (autônomos), e Outros serviços de terceiros – Pessoa Jurídica com 2,88%, que

são gastos com empresas que prestam serviços junto a unidade (TABELA 2).

O restante dos gastos representa os materiais de uso e consumo destinados ao custeio da

unidade que absorvem 10,38% do orçamento, e pelas Diárias civil com 0,24%, que são usadas

para o deslocamento de servidores para fora do município, conforme demonstra Tabela 2, todos

os percentuais referem-se ao orçamento destinado à saúde.

Por ser um Hospital Municipal de referência regional, o Hospital Municipal de Barra do Bugres –

MT atende à população das outras cidades contempladas pela Micro Região de Saúde do Médio

Norte, que tem como pólo a cidade de Tangará da Serra – MT. Em razão dessa demanda, é

compreensível o alto gasto com folha de pagamento, pois a população exige mão de obra

qualificada, com profissionais capacitados em seus atendimentos.

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Empenhado % Saúde % Total Empenhado % Saúde % Total

219.342,27 1,41% 0,48% - - -

3.827.878,70 24,55% 8,31% 3.589.998,05 9,96% 3,29%

- - - 1.896,41 0,01% 0,00%

48.687,25 0,31% 0,11% 298.716,04 0,83% 0,27%

140.321,90 0,90% 0,30% 278.162,31 0,77% 0,26%

- - - 71.747,67 0,20% 0,07%

38.080,00 0,24% 0,08% 13.545,00 0,04% 0,01%

- - - 300.114,82 0,83% 0,28%

30.552,73 0,20% 0,07% - - -

37.184,46 0,24% 0,08% - - -

69.398,57 0,45% 0,15% - - -

239.621,42 1,54% 0,52% - - -

13.407,73 0,09% 0,03% - - -

72.707,08 0,47% 0,16% - - -

68.465,33 0,44% 0,15% - - -

80.073,93 0,51% 0,17% - - -

834.115,90 5,35% 1,81% - - -

110.172,15 0,71% 0,24% 277.097,90 0,77% 0,25%

- - - 103.237,34 0,29% 0,09%

- - - 26.620,29 0,07% 0,02%

- - - 17.796,80 0,05% 0,02%

- - - 175.321,18 0,49% 0,16%

2.460.182,09 15,78% 5,34% 4.079.101,83 11,32% 3,74%

448.506,44 2,88% 0,97% 686.367,95 1,90% 0,63%

58.696,91 0,38% 0,13% 20.215,10 0,06% 0,02%

8.797.394,86 56,42% 19,11% 9.939.938,69 27,58% 9,11%

Fonte: Relatórios contábeis das Prefeituras Municipais de Barra do Bugres e Tangará da Serra, 2011.

Total

Gasolina

Diesel

Diárias civil

Equipam. e material permanente

Outros serv. de terceiros - p. fisica

Outros materiais de consumo

Material hospitalar

Material limp. e prod. de higien.

Outros serv. de terceiros - p. jurídica

Outros produtos famacológicos

Serviços de energia elétrica

Serviços de água e esgoto

Serviços de telecomunicações

Material de copa e cozinha

Material de cama, mesa e banho

Material de expediente

Gêneros alimenticios

Gás engarrafado

Indeniz. e restituições trabalhistas

Medicamentos

Barra do Bugres Tangará da Serra

Obrigações patronais - prev. mun.

Tabela 2: Despesas realizadas pelo Hospital Municipal de Barra do Bugres - MT e Unidade de Saúde Mista

de Tangará da Serra no ano de 2011.

Dotações Orçamentárias

Contrat. por tempo determiando

Vencim. e vantagens fixas - p. fisica

Salário família

Obrigações patronais - INSS

A pesquisa mostrou que Unidade Mista de Saúde de Tangará da Serra – MT, encontra-se com

gastos equilibrados, pois atingiu percentual de 27,58% do orçamento realizado na saúde.

Destacaram-se os gastos com vencimentos e vantagens fixas – P. Física com 9,96%, relativos à

folha de pagamento da unidade, junto com as Obrigações patronais – INSS com 0,83%,

previdência municipal com 0,77%, Indenizações e restituições com 0,20% e Diárias civis com

0,04% (TABELA 2).

Outros serviços de terceiros – P. Física com 11,32%, que são gastos com serviços de pessoas

que não possuem empresa aberta (autônomos), e Outros serviços de terceiros – P. Jurídica com

1,90%, que são gastos com empresas que prestam serviços junto à unidade, e completando,

estão os gasto relativo ao custeio e materiais de uso e consumo com 2,56% conforme Tabela 2.

Verificou-se um gasto relativamente baixo para uma cidade com pouco mais de 83 mil habitantes.

Com base nessas informações questiona-se o porquê da cidade de Barra do Bugres – MT, que

tem mais de 31 mil habitantes gasta 56,42% do orçamento disponibilizado para a saúde, ou

19,11% do orçamento geral do município com a Manutenção do Hospital Municipal, e a cidade de

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Tangará da Serra – MT, com mais de 83 mil habitantes consome menos orçamento, cerca de

27,58% do orçamento disponibilizado para a saúde, e apenas 9,11% do orçamento geral? A

resposta está no número de procedimentos realizados nas duas unidades conforme demonstrado

na Tabelas 3.

Nº Pacientes % Nº Pacientes %

- - 58.219 46,64%

3.760 1,77% - -

1.034 0,49% - -

611 0,29% - -

102.669 48,38% 13.041 10,45%

28.783 13,56% - -

- - 1.853 1,48%

- - 25 0,02%

- - 2.899 2,32%

- - 632 0,51%

- - 10.426 8,35%

- - 308 0,25%

- - 349 0,28%

- - 5.649 4,53%

- - 786 0,63%

436 0,21% - -

2.966 1,40% - -

13.513 6,37% 26.270 21,05%

- - 4.363 3,50%

58.456 27,54% - -

212.228 100,00% 124.820 100,00%

Saúde de Tangará da Serra, 2011.

Fonte: Relatórios gerenciais do Hospital Municipal de Barra do Bugres e da Unidade Mista de

Consultas no pronto socorro

Órtese

Internação

Cirurgias

Partos

Barra do Bugres Tangará da Serra

Mista de Saúde de Tangará da Serra no ano de 2011.

Exames laboratoriais

TOTAL

Consultas com nutricionista

Tabela 3: Procedimentos realizados no Hospital Municipal de Barra do Bugres e na Unidade

Consultas com cardiologista

Consultas com pneumologista

Consultas com neurologia

Atendimento médico ambulatorial

Pronto atend. amb. urgências

Procedimentos

Consultas com pediatra

Consultas com fonoaudiólogo

Consultas com cirurgiao

Eletrocardiograma

Raio-x

Ultrassonografia

Consultas com anestesista

Consultas com ortopedista

A Tabela 3 nos mostra que no ano de 2011, foram realizados no Hospital Municipal de Barra do

Bugres – MT, 212.228 procedimentos, em todas as áreas da unidade, onde se destacou os

procedimentos ambulatoriais com 48,38%, os exames laboratoriais com 27,54%, e as consultas

no pronto socorro com 13,56%. Ressalta-se que um paciente pode passar por várias áreas da

unidade, ou seja, realizando vários procedimentos.

Conforme Tabela 3, foram realizados na Unidade Mista de Saúde de Tangará da Serra – MT

124.820 procedimentos, os percentuais se aproximaram dos apresentados no Hospital Municipal

de Barra do Bugres – MT, com 46,64% de procedimentos realizados no pronto atendimento,

10.45% no atendimento médico ambulatorial, e 18,37% somando todas as consultas realizadas.

Destacou-se também o alto percentual na realização de Raio-x com 21,05%.

Verificou-se que o Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT realizou 87.408 procedimentos a

mais em relação à Unidade Mista de Saúde de Tangará da Serra – MT no ano de 2011, onde se

destacou a realização de procedimentos como cirurgias, partos, internações e exames

laboratoriais, consumindo assim, o percentual maior do orçamento.

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Mesmo com a ajuda de custo recebido dos governos federal e estadual, a viabilidade da

manutenção do Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT ficou comprometida, inviabilizando a

administração do mesmo, pois os valores gastos não cresceram na mesma proporção dos

repasses feitos, conforme Tabela 4.

Sobre organizações hospitalares, Teixeira; et al (2006, p. 42) comenta que “o

gerenciamento na área da saúde é mais complexo do que em qualquer outro tipo de organização”,

referindo-se ao conceito de Médici e Marques (1996), citados anteriormente, onde diz que o

indivíduo não procura a assistência médica por livre vontade, mas sim por necessidade, por

circunstâncias alheias ao seu desejo, e deseja encontrar um atendimento, ou melhor, um

tratamento de qualidade.

A tabela 4 mostra os repasses realizados pelos governos federal e estadual destinados ao

Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT nos anos de 2009, 2010 e 2011.

Repasse/Ano 2009 % 2010 % 2011 %

Federal 1.913.818,65 27,48% 2.490.165,60 32,39% 2.856.049,02 32,46%

Estadual 957.000,00 13,74% 1.218.000,00 15,84% 704.482,71 8,01%

Próprios 4.094.221,73 58,78% 3.979.090,63 51,76% 5.236.863,13 59,53%

Empenhado 6.965.040,38 100,00% 7.687.256,23 100,00% 8.797.394,86 100,00%

Tabela 4: Repasses destinado ao Hospital Municipal nos anos de 2009, 2010 e 2011

Fonte: Relatórios contábeis da Prefeitura Municipal de Barra do Bugres, 2009, 2010 e 2011.

No ano de 2011, os repasses orçados pelo governo federal foram todos efetuados, mas os

repasses do governo estadual só foram realizados nos meses de julho, agosto e setembro de

2011, o que colocou o Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT em greve, não atendendo

pacientes que eram de outras cidades por alguns meses, mas como a saúde é uma garantia

constitucional prevista no Art. 5º da Constituição Federal, o atendimento foi retomado por parte do

Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT.

Ao somar os repasses federais e estaduais (quando realizados), e descontar as despesas

realizadas no ano, conforme nos demonstrou a Tabela 4, a Prefeitura Municipal de Barra do

Bugres – MT teve gasto de 59,53%, ou seja, R$ 5.236.863,13 de receitas próprias no ano 2011,

bem acima do limite estabelecido pela Constituição Federal que é de 15% (EC-29), este limite é

para o gasto total com as despesas da saúde municipal, e, não somente com uma unidade

hospitalar.

A Tabela 4 ainda mostrou que as despesas do Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT

cresceram nos últimos três anos. Em 2009 as despesas foram de R$ 6.965.040,38, em 2010 R$

7.687.256.23 e em 2011 R$ 8.797.394,86. Em contrapartida, o repasse estadual não cresceu na

mesma proporção em 2011, que foi de R$ 704.482,71, o que corresponde a 8,01%, sendo mais

baixo que o repasse de 2009 que foi no valor de R$ 957.000,00, ou seja, 13,74%, consumindo

assim recurso próprio no valor de R$ 5.236.863.13, ou seja, 59,53%. Já o repasse federal teve

sim um crescimento, sendo R$ 1.913.818,65 ou 27,48% no ano de 2009, em 2010 foi de R$

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2.490.165,60, ou 32,39%, e em 2011 foi de 2.856.049,02, ou seja, 32,46%, a Figura 1 demonstra

melhor esse cenário de repasses.

Figura 1: Repasses destinado ao Hospital Municipal nos anos de 2009, 2010 e 2011

0,00

1.000.000,00

2.000.000,00

3.000.000,00

4.000.000,00

5.000.000,00

6.000.000,00

7.000.000,00

8.000.000,00

9.000.000,00

10.000.000,00

2009 2010 2011

Federal

Estadual

Próprios

Empenhado

A Tabela 4 e a Figura 1 evidencia que o repasse estadual não cresceu na mesma proporção que

cresceu as despesas na unidade Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT.

Lima (2007) nos relata que as decisões dos governos municipais em relação às formas de

organização e prestação do cuidado com a saúde são condicionadas pela disponibilidade de

recursos e pela importância relativa das várias fontes de receitas vinculadas à saúde em seus

orçamentos. Isso porque, devido à importância relativa dos diferentes tipos de recursos

vinculados, variações na composição orçamentária, refletem na disponibilidade de receitas

voltadas para saúde, oportunidades diferenciadas de obtenção e expansão de receitas e relações

intergovernamentais predominantes, tipos de despesa que podem ser efetivadas e maior ou

menor autonomia na alocação dos recursos.

Em análise ao comprimento da legislação onde os municípios são obrigados a aplicar um

percentual das receitas próprias nos gastos com saúde (EC-29), verificou-se conforme Tabela 5

que a cidade de Barra do Bugres – MT aplicou, no ano de 2011, 27,65% nas despesas com

saúde, e o Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT absorveu 15,70% desse gasto.

2009 2010 2011

Receitas 26.474.242,44 27.914.191,36 33.446.079,31

Despesa Saúde 12.151.070,15 14.093.291,27 15.593.977,83

Repasses Federais/Estaduais (3.174.311,51) (5.044.680,48) (6.347.536,90)

Total 8.976.758,64 9.048.610,79 9.246.440,93

% Gasto Saúde 33,91% 32,42% 27,65%

Despesa Hospital Municipal 4.094.221,73 3.979.090,63 5.236.863,13

% Gasto Hospital Municipal 15,46% 14,25% 15,66%

Tabela 5: Calculo da aplicação dos 15% (EC-29) na Saúde nos anos de 2009, 2010 e 2011

Fonte: Relatórios contábeis das Prefeituras Municipais de Barra do Bugres, 2009, 2010 e 2011.

Com base na Tabela 5, concluiu-se então que somente o Hospital Municipal de Barra do Bugres –

MT consome o percentual mínimo exigido pela Constituição Federal (EC-29).

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O estudo foi realizado em duas cidades com grandezas diferentes, como número de população,

orçamento realizado, número de atendimentos, ou seja, realidades diferentes. A cidade de

Tangará da Serra – MT deve investir mais no Programa de Saúde da Família - PSF, por ter um

maior número de habitantes, onde consegue implantar um número maior dessas unidades, uma

vez que para a sua implantação é necessário um número mínimo de famílias por região (média de

4.000 pessoas), conforme a portaria nº. 2.027 de 25 de agosto de 2011 do Ministério da Saúde,

com isso, descentralizam o atendimento na Unidade Mista de Saúde. Outro fator importante que

influencia nos gastos com saúde em Tangará da Serra – MT é o fato de que a cidade possui uma

estrutura hospitalar particular ampla em relação ao município de Barra do Bugres – MT, o que

permite descentralizar a demanda em sua Unidade Mista de Saúde, realidade essa que não

ocorre na cidade de Barra do Bugres – MT, visto que o município não conta com nenhum hospital

particular.

Ao analisar o número de habitantes e o valor do orçamento realizado em ambas as

cidades calculou-se o índice que demonstrou o valor gasto por cada cidade com saúde por

habitante, conforme Tabela 6. Soares (2011) diz que a utilização de índices na análise

orçamentária, seja na área pública ou na área privada, envolve a aplicação de cálculos de

quocientes que relacionam um conjunto de valores expressos nas demonstrações contábeis.

Tabela 6: Gasto médio com saúde por habitante

Fonte: Autor, 2012

36.045.587,38

15.593.977,83

Orçamento realizado Gasto/habitante

490,48

432,04Tangará da Serra

Barra do Bugres

Cidade

83.431

31.793

Nº habitantes

Constatou-se um gasto médio de saúde por habitante de R$ 490,48 na cidade de Barra do

Bugres – MT, e R$ 432,04 na cidade de Tangará da Serra – MT, demonstrou assim que a cidade

de Barra do Bugres – MT teve um gasto maior com saúde do que o município de Tangará da

Serra – MT, conforme observado na Tabela 6.

Hospitais são organizações com grande impacto social, tipicamente geram empregos e

oportunidades, pois são muito dependentes de mão de obra. Além disso, trazem renda a

fornecedores e a todo tipo de empresas de serviços à sua volta (VELOSO; MALIK, 2010).

Na mesma linha de raciocínio, Martins (2001) diz que para a sobrevivência de um hospital

na atual economia de mercado, a administração hospitalar deve centrar seus esforços na

manutenção do equilíbrio entre custos, receitas e despesas de modo a permitir a prestação de

serviços médicos em nível de excelência.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verificou-se uma elevada participação das despesas com a manutenção do Hospital Municipal de

Barra do Bugres – MT no orçamento da saúde do município, comparou-se essas despesas com

as despesas da Unidade Mista de Tangará da Serra – MT, onde demonstrou que o município de

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Barra do Bugres – MT tem um gasto maior que a cidade de Tangará da Serra – MT, gasto esse

comprovado pelo índice criado com gastos com saúde por habitante.

Demonstrou-se que o município de Barra do Bugres – MT aplicou o percentual exigido por lei (EC-

29), e o orçamento fixado para atender as despesas com saúde não são suficientes para manter

os atendimentos disponibilizados pelo Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT para atender a

sociedade do próprio município, bem como de outros contemplado pela micro região de saúde no

médio norte.

Assim, confirmou-se também a importância quanto à evidenciação das contas públicas, pois além

de ser uma obrigação do gestor público, é direito e dever dos cidadãos a fiscalização dos atos de

gestão dos administradores públicos. Mesmo que haja muito a fazer para que a contabilidade

sirva como autêntico instrumento de gerenciamento e accountability, a contabilidade pública deve

disponibilizar informações ao administrador público a fim de indicar o estado atual e planejar o

futuro das entidades governamentais.

Como sugestão para futuras pesquisas, propõe-se o emprego deste estudo utilizando-se de

outros métodos de analise, bem como analisar os repasses destinado a unidade hospitalar

Unidade Mista de Saúde de Tangará da Serra – MT, e realizar um comparativo com as despesas

de unidades hospitalares particulares do município de Tangará da Serra – MT, ou da mesma

região de saúde. Levantar e analisar a viabilidade de se implantar um hospital de referência

regional na cidade de Tangará da Serra – MT, bem como a viabilidade de se implantar um hospital

privado na cidade de Barra do Bugres – MT.

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APURAÇÃO DO CUSTO DA DIÁRIA DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR: UM ESTUDO DE CASO

Paulo Cesar de Souza

[email protected]

Área de conhecimento: Contabilidade de custos

Resumo

A apuração de custos em hospitais é um processo complexo, em virtude da complexidade inerente à própria organização que tem em seu bojo uma multiplicidade de serviços e profissionais gerando simultaneamente um volume expressivo de dados que necessitam ser capturados e processados. Este artigo apresenta os resultados de uma dissertação de mestrado que ser propôs a apurar o custo da diária de internação de um hospital público. Assim, são apresentados os resultados desse estudo de caso com abordagem quantitativa, descrevendo objetivamente os passos metodológicos percorridos para a apuração do custo do paciente-dia ou diária de internação hospitalar, acompanhados dos resultados. Ficou evidente a importância do sistema de informação no processo de apuração de custos hospitalares e também a importância da informação produzida pela contabilidade na gestão dos hospitais públicos. Através da pesquisa, foi produzida uma informação de grande importância, mas que o gestor da unidade não dispunha, ou seja, o custo da diária de internação de um paciente e adicionalmente apresentou-se a comparação desse custo com a receita obtida.

Palavras-chave: Contabilidade de custos; Gestão de custos; Administração hospitalar. 1. INTRODUÇÃO

Um dos grandes desafios da gestão de hospitais públicos é o aumento da eficiência. Esta

eficiência é entendida como “a relação favorável entre os resultados obtidos e os recursos

alocados” (MENDES, 1998, p.57). Assim, um hospital eficiente é aquele que é capaz de obter o

máximo de resultados consumindo o mínimo possível de recursos. Dessa forma, a eficiência é a

busca pela maximização de resultados com os mesmos recursos ou a redução do consumo de

recursos mantendo-se os resultados.

Num contexto onde as necessidades são praticamente ilimitadas e os recursos são

escassos, como é o caso da saúde pública, a principal preocupação deve ser no modo como

estes recursos são utilizados, ou seja, a minimização dos recursos mantendo ou maximizando os

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resultados. Diante disso, a contabilidade de custos, mostra-se como um importante instrumento de

apoio à gestão. Visando especificamente a implantação de medidas que visem aumentar a

eficiência de organizações hospitalares, as informações sobre apuração e controle dos custos

dessas organizações são fundamentais (BEUREN E SCHLINDWEIN, 2008). Mesmo diante da

importância do sistema de apuração e gestão de custos, grande parte das organizações

hospitalares não utilizam sistema de custos que seja capaz de fornecer informações úteis para a

tomada de decisão ou o fazem de forma precária (ABBAS, 2001).

Assim, se o desejo é minimizar recursos e maximiar resultados o ponto de partida do

processo é saber quais são os recursos empregados (custos), ou seja, quais foram os gastos com

bens ou serviços utilizados na produção de outros bens ou serviços (MARTINS, 1996), em nosso

caso, serviços hospitalares.

Diante da escassez de informações sobre custos no âmbito do hospital público em estudo,

houve a necessidade de estruturar um sistema a fim de verificar o custo de operação do referido

hospital. Diante desse desejo, a principal pergunta foi: qual objeto de custo deseja-se mensurar?

O objeto de custo é definido como “qualquer coisa de que se deseja medir o custo ou que

necessite de uma medida de custo separado” (CHING, 2001, p. 20). Desse modo, um objeto

de custo pode ser fornecedor, linha de produtos, departamento, projeto, processo de negócio ou

conjunto de atividades que realiza.

No âmbito dos hospitais, esse objeto de custos poderia ser o paciente, o procedimento, a

doença, o setor, a clínica ou o hospital como um todo. Este trabalho apresenta os resultados de

uma dissertação de mestrado que se propôs a apurar o custo médio da diária de internação das

quatro clínicas do referido hospital. Assim, este artigo apresenta de forma objetiva os passos

percorridos para a apuração desse principal objeto de custo escolhido, ou seja, “diária de

internação hospitalar”. Tecnicamente a diária de internação é chamada de paciente-dia, ou seja, é

a unidade de medida que representa a assistência prestada a um paciente internado durante um

dia hospitalar (MS, 2002, p. 6).

2. ELEMENTOS FUNDENTAIS PARA A APURAÇÃO DE CUSTOS HOSPITALARES

Um dos elementos fundamentais para a apuração de custos é a existência de um sistema

de apuração e controle de custos. Segundo Tanaka et al. (2001, p.45) “para calcular os custos das

atividades ou procedimentos é necessário existir um controle contábil, por meio da organização e

da sistematização dos custos, com o registro dos gastos por setor ou serviço”.

Para que seja possível o levantamento dos dados necessários à apuração e gestão de

custos, faz-se necessário a existência na organização de um sistema de informação, baseado na

sua maioria na Tecnologia da Informação (CAMPOS, 2008). A Tecnologia da Informação (TI) em

Saúde corresponde a todas as formas de conhecimento relacionadas à produção, gestão e

disseminação de informações que possuem valor de uso para solucionar ou amenizar problemas

de saúde de indivíduos ou populações (VASCONCELLOS, 2002). Com a utilização de um sistema

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de informação baseado em recursos computacionais facilita-se a obtenção dos valores dos custos

diretos, um importante elemento na formação do custo total.

De acordo com Falk (2001), existem alguns elementos que são imprescindíveis para a

existência de um sistema apuração de custos. Esses componentes são: folha de pagamento,

registro contábil, controle de inventário e consumo, faturamento e contas a receber, prontuário

médico, controle de demanda de pacientes. Todos esses elementos geram dados para o sistema

de apuração de custos hospitalares, o qual poderá gerar informações que irão orientar as

decisões estratégicas.

As informações necessárias para a conformação de um sistema de apuração de custos

são divididas por Beulke e Bertó (2008) em dois grupos: componentes monetários e

componentes físicos, os quais são descritos a seguir.

2.1 Componentes monetários

Materiais - Nessa perspectiva, as informações sobre materiais abrangem todos os tipos de

materiais que são adquiridos, estocados e consumidos pelo hospital. Esses materiais são

medicamentos, materiais médico-hospitalares, materiais de limpeza, materiais de escritório,

combustíveis, gases, gêneros alimentícios, peças de reposição, materiais de expediente e outros.

Em virtude do volume de informações que geralmente produzem essas movimentações, se

faz necessário a existência de sistema de controle de estoque informatizado, o qual pode ser

descentralizado. Dessa forma, cada setor que adquire, armazena e consome materiais tem o seu

próprio sistema de controle ou esses materiais podem ser centralizados num único local, onde

estaria funcionando o sistema de controle de estoques. Em geral os hospitais dividem esse

trabalho com dois setores, farmácia e almoxarifado. Na farmácia há o armazenamento e controle

do consumo dos medicamentos mediante as solicitações feitas pelos demais setores. No

almoxarifado há o armazenamento e controle do consumo dos demais itens que não se

configuram como medicamentos, registrando as saídas mediante as solicitações dos demais

setores.

A informação monetária que interessa à apuração de custos no caso dos materiais é o

valor dos materiais em geral consumidos no período, seja por setor, ou por pacientes específicos,

dependendo de qual é o objeto de custo em foco.

Quanto à avaliação dos materiais, a mesma será realizada de acordo com o objetivo do

controle de materiais, se para fins fiscais ou gerenciais. Se para fins fiscais o ideal seria pelo

método estabelecido pela legislação do imposto de renda chamado custo médio, pelo qual o valor

de cada produto será o valor médio de cada produto em estoque, especificado pelo tipo de

produto. Se para fins gerenciais, o ideal é utilizar-se do valor atual dos produtos, ou seja, se não

for possível o preço de mercado, o último valor de aquisição.

Pessoal - As informações sobre gastos com pessoal que interessa ao sistema de custos

são fornecidas pelo sistema de gerenciamento de pessoal. Tais informações necessitam ser

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encaminhadas no formato necessário dependendo do sistema de custeio adotado. Em geral esses

custos são agrupados por centro de custos. Assim, a informação monetária que a apuração de

custos necessita geralmente se refere aos valores gastos com pessoal por centro de custos. Os

valores considerados serão todos os gastos com pessoal, ou seja, salários, encargos, férias,

adicional de férias, décimo terceiro e outros.

Depreciação - Os custos com depreciação são fornecidos pelo sistema de controle

patrimonial, o qual deverá controlar o registro e avaliação de todos os bens que compõem o

patrimônio da instituição. Com base nos valores dos bens, geralmente registrados por centro de

custos calcula-se a taxa de depreciação, a qual representa o desgaste do bem no período que foi

utilizado nas atividades da organização. Em hospitais públicos, muitas vezes no momento do

cálculo do custo esse elemento é desconsiderado.

Custos Gerais - No item custos gerais, são agrupados os itens de custo que não estão

incluídos nos demais grupos acima, como energia, água, serviços de terceiros, etc. Esses custos

terão seus valores obtidos junto á contabilidade e quando for possível identificar com exatidão

para qual centro de custos foi alocado o referido gasto ele poderá ser apropriado diretamente.

Caso isso não seja possível, será necessária a utilização de algum critério de rateio. No caso do

consumo de água, por exemplo, a forma mais simples de distribuição do gasto por rateio seria de

acordo com a representatividade dos metros quadrados ocupados por cada setor.

Custos de comercialização - Os custos de comercialização são custos que ocorrem

geralmente em hospitais privados, tendo como principais fontes a legislação e os contratos de

serviços.

É importante lembrar que a classificação proposta pelos autores Beulke e Bertó (2008) é

característica de instituições hospitalares privadas. No entanto, ao aplicar essa classificação às

instituições hospitalares públicas pode-se suprimir o último item, restando então como principais

componentes dos custos hospitalares os materiais, pessoal, depreciação e custos gerais.

Convém ainda destacar que o montante dos três primeiros componentes monetários na

classificação proposta por Beulke e Bertó (2008), ou seja, materiais, pessoal e depreciação,

representam os tipos de custos diretos mais comuns da atividade hospitalar.

Nesse processo de classificação dos custos em grupos, o Ministério da Saúde (MS, 2006,

p. 31) propõe os seguintes grupos: pessoal, serviços de terceiros, materiais de consumo,

despesas gerais e depreciação.

Alguma variação em geral pode acontecer quanto à forma de classificação, no entanto, os

principais elementos são sempre os mesmos.

2.2 Componentes físicos

Os componentes físicos que estão presentes nas organizações hospitalares demonstram

inúmeras circunstâncias e podem ser agrupados segundo Beulke e Bertó (2008) nos seguintes

itens:

Quantidade de materiais movimentados pelo sistema de materiais;

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Montante de tempo de trabalho por procedimento como horas de cirurgia, número

de pacientes-dia, tempo de duração de um exame, etc.

Produção mensal: número de internações, número de exames realizados, número

de atendimentos, kg de roupa lavada, peça esterilizada, etc.

Resta verificar como todos esses componentes monetários e físicos são processados para

que finalmente seja possível o conhecimento dos custos dos serviços.

3. METODOLOGIA

Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa realizada no Hospital Municipal

“Roosevelth Figueiredo Lira”, em Barra do Bugres, cidade localizada a 155 km de Cuiabá, capital

de Mato Grosso. O Hospital Municipal de Barra do Bugres é uma instituição pública, mantida com

recursos municipais, convênio com a SES/MT e vinculado ao Sistema Único de Saúde. De acordo

com Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - CNES (CNES, 2007), o hospital tem sua

estrutura composta por 80 leitos, sendo estes divididos entre as clínicas médica, cirúrgica,

obstétrica e pediátrica.

A pesquisa foi do tipo “Estudo de Caso”, pois segundo MARTINS (1994, p. 04), no estudo

de caso “dedica-se a estudos intensivos do passado, presente e de interações ambientais de uma

(ou de algumas) unidade social: indivíduo, grupo, instituição, comunidade...”.

O processo de apuração de custos foi realizado através do desenvolvimento e implantação

de um sistema informatizado para coletar parte dos dados, sendo os demais dados necessários à

apuração dos custos levantados mediante relatórios preenchidos manualmente pelos diversos

setores do hospital. Foi utilizado o método de do custeio por absorção do tipo RKW, com

classificação dos custos em fixos e variáveis. Os custos apurados referem-se ao período

compreendido entre 15/10/2008 e 14/11/2008. Assim, são delineados neste artigo, de forma

didática os passo metodológicos desse trabalho, bem como seus resultados.

4. PASSOS PARA APURAÇÃO DO CUSTO DA DIÁRIA DE INTERNAÇÃO 4.1 Passo preliminar

a) Definição do método de custeio: O método de custeio escolhido foi o RKW. Nesse

método são alocados aos produtos e serviços todos os gastos, ou seja, custos fixos, variáveis,

diretos e indiretos e também as despesas do período. O custeio por absorção, do qual o RKW é

um subtipo é o método de custeio mais utilizado pelos hospitais públicos no Brasil, pois segundo

pesquisa realizada por Nunes (MS, 2006), em 175 hospitais, no período de 18/10/2005 a

13/12/2005, 43,50% das instituições utilizam custeio por absorção.

c) Definição do objeto de custo: O objeto de custo deste trabalho é o custo médio por

unidade de serviço prestado nas clínicas e pronto-socorro/ambulatório. Essa unidade de serviço

tem nomenclatura e característica peculiar de acordo com o centro de custo. No caso das

unidades de internação, clínica médica, pediátrica, cirúrgica, ginecológica e obstétrica, o objeto de

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custo é o paciente-dia, ou seja, o custo médio de uma diária de internação no período. Para o

pronto-socorro/ambulatório o objeto de custo é a consulta, ou seja, o custo médio por consulta

realizada no período.

d) Preparação do sistema de informação: A fim de obter os dados necessários à

apuração dos custos parte dos processos foram informatizados, visto que quase todos os

registros gerenciais no hospital eram realizados manualmente. Através da contratação de um

bolsista aluno do Curso de Ciências da Computação, foi desenvolvido um software denominado

Sistema de Informação Para Gestão Hospitalar (SIGHO). O software foi estruturado para

funcionar em rede, com os dados num servidor central, contendo os seguintes módulos: recepção,

farmácia, nutrição, limpeza, administração, estatística, gerenciamento e custos. Com esses

módulos, foi realizado o controle das internações e altas dos pacientes e através desses dados

gerado parte dos relatórios estatísticos, os chamados componentes físicos por Beulke e Bertó

(2008). Também foi possível realizar o controle de estoques, registrando o consumo dos produtos

para cada centro de custos do hospital, etc.

4.2 Primeiro passo Classificação dos centros de custos: Neste trabalho, foi utilizada a classificação

apresentada pelo Manual Técnico de Custos (MS, 2006), o qual divide os centros de custos por

tipo: administrativo, intermediário, final (produtivo) e externo. Com base nessa publicação, após a

análise do processo de trabalho na organização, os centros de custos foram classificados (Quadro

1).

Utilizando esse tipo de classificação, o objetivo é que após o levantamento do custo total

por cada centro de custos, tais custos sejam rateados entre eles, de acordo com a metodologia a

ser utilizada de modo que os custos dos centros administrativos e intermediários sejam

transferidos para os finais e externos.

Quadro 1 - Classificação dos centros de custos por tipo

Administrativo Intermediário Final Externo

Administração Centro cirúrgico Clínica Cirúrgica Unidades Externas

Farmácia Centro de Mat. Esterilizados

Clínica Ginecológica e Obstétrica

Faturamento/estatística

Estabilização Clínica Médica

Gasoterapia Laboratório Clínica Pediátrica

Gerência de Enfermagem

Lavanderia Pronto Socorro /Ambulatório

Manutenção Limpeza

Recepção Nutrição

Telefonia Radiologia

Transporte Ultra-sonografia

Fonte: Souza (2010)

4.3 Segundo passo

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Apuração dos custos diretos: Conforme já destacado, as informações básicas para o

processo de apuração de custos podem ser divididas em componentes monetários e

componentes físicos. Os componentes monetários se dividem nos seguintes grupos de

informações: materiais, pessoal e custos gerais. Estes devem ser expressos em moeda corrente.

Os custos diretos existentes na instituição eram os seguintes: Materiais, pessoal e encargos

e serviço de terceiros, os quais são expressos em moeda corrente e fazem parte dos

componentes monetários apresentados. Assim, esses três elementos que compõem os custos

diretos serão apresentados a seguir.

Materiais diretos: No que tange ao controle de materiais, o ideal é que ele seja realizado

de forma centralizada. No caso de um hospital, esse controle deveria ser realizado pelo

almoxarifado central e pela farmácia. No entanto, no hospital em análise isso não foi possível, em

virtude da inexistência de almoxarifado. O software desenvolvido foi utilizado para controlar o

material consumido em todo o hospital, especificando em cada saída de material o setor ou centro

de custo de destino. Esse controle possibilitou a emissão de relatórios demonstrando o valor dos

materiais consumidos no período por cada um dos centros de custos.

As informações sobre pessoal não foram levantadas através do sistema de informação

desenvolvido para o hospital, em virtude do pouco tempo disponível para o seu desenvolvimento.

Através do acesso à relação de funcionários com seus respectivos salários e encargos, foi

possível apurar o custo com pessoal por centro de custos.

Os custos diretos com os serviços de terceiros tiveram seus valores obtidos junto à

administração do hospital e junto à contabilidade da prefeitura municipal.

Assim, o Quadro 2 apresenta o resumo dos valores apurados com materiais de consumo

para o hospital no período analisado.

Quadro 2 - Distribuição dos custos (em R$) com materiais de consumo, segundo centro de

custos e tipo de material, H. M. Barra do Bugres, 15/10 a 14/11/2008.

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Fonte: Souza (2010)

Pessoal e encargos: O custo com pessoal e encargos é um elemento de grande

importância na composição dos custos totais do hospital. Eles foram obtidos junto ao

departamento de pessoal da prefeitura e organizados em planilha de modo a permitir o cálculo do

custo com pessoal e encargos por centro de custos. É importante destacar que a classificação de

custos com pessoal e encargos foi utilizada neste trabalho se referindo ao custo com os

servidores com vínculo com o hospital, seja concursado, contratado ou nomeado. Existem ainda

outros custos que são classificados contabilmente como serviço de terceiros, como por exemplo, a

remuneração dos médicos plantonistas do pronto-socorro, os quais na verdade também

representam custos com pessoal, no entanto, para os fins deste trabalho foi mantida a

classificação contábil.

Desse modo, a Tabela 1 apresenta o valor do custo com pessoal e encargos levantados no

período em análise para cada centro de custo do hospital.

Tabela 1- Distribuição dos custos com pessoal e encargos, segundo centro de custo, H. M.

Barra do Bugres, 15/10 a 14/11/2008.

Centro de custo Valor % Administração 3.891,79 1,45 Farmácia 10.108,24 3,78 Faturamento/estatística 4.714,64 1,76 Gasoterapia 0,00 0,00 Gerência de Enfermagem 22.251,15 8,31

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Manutenção 2.495,05 0,93 Recepção 14.803,27 5,53 Telefonia 614,10 0,23 Transporte 5.208,86 1,95 Centro cirúrgico 12.123,96 4,53 Centro de Mat. Esterilizados 9.519,37 3,56 Estabilização 0,00 0,00 Laboratório 13.076,92 4,88 Lavanderia 4.261,55 1,59 Limpeza 11.895,09 4,44 Nutrição 14.337,75 5,36 Radiologia 4.123,64 1,54 Ultra-sonografia 4.564,59 1,70 Clínica Cirúrgica 17.431,45 6,51 Clínica Ginecológica e Obstétrica 33.946,15 12,68 Clínica Médica 26.828,17 10,02 Clínica Pediátrica 22.460,65 8,39 P.S./Ambulatório 29.079,25 10,86 Total 267.735,65 100,00

Fonte: Souza (2010)

Serviço de terceiros: Nesse item serviço de terceiros estão inclusos os serviços

prestados ao hospital por pessoas físicas e também pessoas jurídicas, não havendo a distinção

segundo a classificação jurídica.

Assim, a Tabela 3 apresenta a distribuição dos valores de serviço de terceiros por centro

de custo do hospital no período em análise.

Tabela 3 - Distribuição dos custos com serviço de terceiros, segundo centros de custos,

H. M. Barra do Bugres, 15/10 a 14/11/2008.

Centro de custo Valor % Centro de custo

Valor % Administração 1.173,62 1,27 Limpeza 1.341,17 1,46 Farmácia 16,00 0,02 Nutrição 4.671,04 5,07 Faturamento/estatística 1.914,45 2,08 Clínica cirúrgica 350,00 0,38 Recepção 3.567,22 3,87 Clínica G. O. 1.640,09 1,78 Telefonia 3.657,34 3,97 Clínica Médica 3.750,00 4,07 Transporte 1.125,00 1,22 Clínica

Pediátrica 50,00 0,05

Centro cirúrgico 6.500,00 7,05 P.S./Ambulatório 40.130,00 43,54 Laboratório 22.281,05 24,17 Total 92.166,98 100

Fonte: Souza (2010) 4.4 Apuração dos custos indiretos gerais

Os principais custos gerais, ou custos indiretos gerais, geralmente presentes nas

organizações hospitalares são: telefonia, água e energia.

Em virtude do setor de telefonia ser classificado como um centro de custo e do hospital não

pagar pela água utilizada por possuir poço artesiano e receber ainda água do serviço municipal de

distribuição de água, foi considerado como custo indireto geral apenas o custo com energia, o

qual totalizou R$ 11.924,57 no período. Este custo foi rateado aos diversos centros de custos

através da aplicação da metodologia apresentada por Saraiva (2006). O ponto inicial da

metodologia é o levantamento dos pontos de luz e equipamentos existes nos centros de custos,

bem como a carga horária de trabalho de cada um deles, e com base nisso o estabelecimento dos

seguintes pesos:

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Peso 1: utilizado para identificar cada ponto de luz existente por centro de custo;

Peso 2: identifica os equipamentos que demandam um consumo de energia não superior a

doze horas, como os computadores, impressoras, televisores, máquina de xérox, equipamento de

som, balanças digitais, exaustores, ar-condicionado, etc.

Peso 3: considerando-se que alguns setores do hospital funcionam 24 horas, esse peso é

aplicado aos equipamentos semelhantes aos do peso 2, mas que funcionam de forma ininterrupta;

Peso 4: aplicado aos equipamentos de uso diário, que demandam um consumo maior de

energia: máquinas de lavar, secadoras e geladeiras industriais, autoclaves, esterilizadoras,etc.

4.5 Apuração dos custos totais

Após o levantamento dos itens anteriores e antes de realizar o rateio entre os vários

centros de custos, a Tabela 4 apresenta de forma consolidada os custos totais por cada centro de

custo e também o valor do custo indireto geral, o qual também será rateado a seguir aos centros

de custos.

Tabela 4 - Distribuição dos custos totais, segundo centro de custos, H. M. Barra do Bugres, 15/10

a 14/11/2008.

Centro de custo

Mat. De Consumo

Pessoal e Encargos

Serv. de Terceiros

Total

R$ %* R$ %* R$ %* R$ %

Administração 703,91 12,2 3.891,79 67,5 1.173,62 20,3 5.769,32 1,3 Farmácia 4,14 0,0 10.108,24 99,8 16,00 0,2 10.128,38 2,3 Faturamento/est. 353,60 5,1 4.714,64 67,5 1.914,45 27,4 6.982,69 1,6 Gasoterapia 6.116,50 100 0,00 0,0 0,00 0,0 6.116,50 1,4 Gerência de Enf. 1,24 0,0 22.251,15 100 0,00 0,0 22.252,39 4,9 Manutenção 0,00 0,0 2.495,05 100 0,00 0,0 2.495,05 0,6 Recepção 40,12 0,2 14.803,27 80,4 3.567,22 19,4 18.410,61 4,1 Telefonia 41,22 1,0 614,10 14,2 3.657,34 84,8 4.312,66 1,0 Transporte 2.316,42 26,8 5.208,86 60,2 1.125,00 13,0 8.650,28 1,9 Centro cirúrgico 3.522,96 15,9 12.123,96 54,7 6.500,00 29,4 22.146,92 5.0 Centro de Mat. Est. 850,09 8,2 9.519,37 91,8 0,00 0,00 10.369,46 2,3 Estabilização 3.009,31 100 0,00 0,0 0,00 0,0 3.009,31 0,7 Laboratório 636,58 1,8 13.076,92 36,3 22.281,05 61,9 35.994,55 8,1 Lavanderia 1.466,57 25,6 4.261,55 74,4 0,00 0,0 5.728,12 1,3 Limpeza 121,39 0,9 11.895,09 89,1 1.341,17 10,0 13.357,65 3,0 Nutrição 15.668,92 45,2 14.337,75 41,4 4.671,04 13,4 34.677,71 7,8 Radiologia 2.846,66 40,8 4.123,64 59,2 0,00 0,0 6.970,30 1,6 Ultra-sonografia 171,78 3,6 4.564,59 96,4 0,00 0,0 4.736,37 1,1 Clínica Cirúrgica 5.558,87 23,8 17.431,45 74,7 350,00 1,5 23.340,32 5,2 Clínica G.O. 5.391,42 13,2 33.946,15 82,8 1.640,09 4,0 40.977,66 9,2 Clínica Médica 6.805,41 18,2 26.828,17 71,8 3.750,00 10,0 37.383,57 8,4 Clínica Pediátrica 5.986,66 21,0 22.460,65 78,8 50,00 0,2 28.497,31 6,4 P.S./Ambulatório 12.014,77 14,8 29.079,25 35,8 40.130,00 49,4 81.224,02 18,2 Unidades externas 70,74 100 0,00 0,00 0,00 0,0 70,74 0,0

Sub-Total 73.699,27 17,0 267.735,65 61,8 92.166,98 21,2 433.601,90 97,3

Custos ind. 11.924,57 2,7

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Gerais

Custos totais 73.699,27 16,5 267.735,65 60,1 92.166,98 20,7 445.526,47 100

Fonte: Souza (2010) * Percentual em relação ao total do centro de custo específico. 4.6 Rateio dos custos entre os centros de custos

Após a distribuição do custo com a energia entre os centros de custos utilizando a

metodologia de rateio especificada acima, obtém-se o custo total por cada centro de custos. A

partir de então será realizado o rateio dos custos dos centros administrativos e intermediários para

os centros finais e externos, embora os externos não sejam nosso foco de análise.

Para realizar isso, duas coisas são importantes: os componentes físicos (BEULKE e

BERTÓ, 2008), que serão utilizados como critério de rateio (Quadro 3) e a definição da

metodologia de alocação dos custos.

Para a realização do rateio dos custos dos centros administrativos e intermediários aos

finais (produtivos) e externos foi necessário definir qual metodologia de alocação seria utilizada.

De acordo com Falk (2001) e MS (2006) existem três tipos de metodologia: alocação direta,

alocação seqüencial ou escalonar e alocação recíproca ou matricial. Neste trabalho foi utilizada a

metodologia de alocação recíproca ou matricial, por se mostrar a mais adequada para o que se

propunha.

Quadro 3 - Componentes físicos utilizados com critério de rateio

Tipo de Centro de Custos

Centro de Custos Critério de rateio

Administrativo Administração Servidores por centro de custos Administrativo Farmácia Nº. de itens encaminhados aos centros de

custos Administrativo Faturamento/estatística

Internação faturada por centro de custos Administrativo Gasoterapia Pontos com fluxômetro ponderados pela

utilizaçao Administrativo Ger. de Enfermagem

Servidores por centro de custos subordinados Administrativo Manutenção Metros quadrados por centro de custos Administrativo Recepção Número de internações processadas por

clínica Administrativo Telefonia Ramais por centro de custos Administrativo Transporte Km rodados para cada centro de custos Intermediário Centro cirúrgico Horas de cirurgia ponderadas por tipo de

proced. Intermediário CME Nº. de pacotes e caixas por centro de custos Intermediário Estabilização Nº. de pacientes ponderados pela

permanência Intermediário Laboratório Nº. de exames solicitados por centro de custos Intermediário Lavanderia Kg de roupa lavada destinada ao centro de custos Intermediário Limpeza M2 por centro ponderados pelo grau de severidade Intermediário Nutrição Nº. de refeições ponderadas para cada centro

Intermediário Radiologia Nº. de exames solicitados por centro de custos Intermediário Ultra-sonografia Nº. de exames solicitados por centro de custos Final Clínica Cirúrgica Nenhum

Final Clínica G. O. Nenhum Final Clínica Médica Nenhum Final Clínica Pediátrica Nenhum Final P.S./Ambulatório Nenhum

Externo Unidades externas Nenhum Fonte: Souza (2010)

Essa metodologia, reconhece a reciprocidade entre os centros de custos, ou seja, ela

reconhece que os centros de custos administrativos e intermediários não apenas transferem seus

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custos até que eles cheguem aos centros finais ou produtivos, mas que um centro administrativo

ou intermediário pode tanto prestar como receber serviços.

Figura 1- Aplicação da alocação recíproca dos custos indiretos

Fonte: Souza (2010)

Essa metodologia é complexa já que se utiliza de álgebra matricial para a realização dos

cálculos, em virtude disso, foi desenvolvido no software implantado junto ao hospital um módulo

para apuração de custos que calcula essa distribuição recíproca dos custos de forma facilitada. O

processo realizado pelo sistema é demonstrado na Figura 1.

4.7 Cálculo do custo da diária de internação hospitalar Tabela 5 - Distribuição do custo médio por paciente-dia comparado com a receita média, segundo centros de custos finais, H. M. Barra do Bugres, 15/10 a 14/11/2008.

Custos Clínica

Cirurgica Clínica G. O.

Clínica Médica Clínica Pediátrica

Custo total por centro de custos 63.410,28 88.637,06 73.830,31 61.769,64

Pacientes – dia (diárias) 343 273 350 375

Custo médio da diária 184,87 324,68 210,94 164,72

Receita média da por diária 134,64 145,67 122,41 119,55

Déficit médio 50,23 179,01 88,53 45,17

Fonte: Souza (2010)

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme verificado, o processo de apuração de custos em hospitais públicos é bastante

complexo, principalmente pela indisponibilidade de informações nos moldes necessários. Essa é

uma deficiência destacada por Falk (2008) ao afirmar que cerca de apenas 15% dos hospitais

possuíam sistema informatizado de gestão. A experiência com este trabalho evidenciou a

importância de um sistema informatizado para a apuração de custos num hospital, esse tipo de

organização agrupa vários serviços dentro uma só unidade de saúde, além de reunir uma

multiplicidade de profissionais. Essa estrutura produz simultaneamente um volume muito grande

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de dados que demandam um sistema de informação para processá-lo. E a contabilidade de

custos é parte desse sistema de informação como um todo e depende das outras partes ou

módulos do sistema para alcançar seus fins. Assim, mesmo diante da necessidade de criar

mecanismos para levantar os dados necessários à apuração de custos, o trabalho proposto pela

dissertação de mestrado em questão foi realizado alcançando o objetivo principal que foi calcular

o custo da diária de internação hospitalar. Ressalta-se que o custo encontrado foi o custo médio,

não representando com exatidão o custo da diária de cada paciente, no entanto é uma informação

importante diante de uma instituição que não dispunha de nenhuma informação sobre seus

custos. Os dados mostram o centro de custo que apresentou o maior custo da diária foi a clínica

Ginecológica e Obstétrica e na comparação com as receitas médias, verifica-se que o menor

déficit foi registrado pela Clínica Pediátrica.

REFERÊNCIAS

ABBAS, K. Gestão de custos hospitalares. Dissertação de mestrado em engenharia de produção. Santa Catarina: UFSC, 2006.

BEULKE, R; BERTÓ, J.D. Gestão de custos e resultados na saúde: hospitais, clínicas, laboratórios e congêneres. 4. ed. rev. atualizada e ampliada. São Paulo: Saraiva, 2008.

BEUREN, I. M.; SCHLINDWEIN, N. F. Uso do Custeio por Absorção e do Sistema RKW para gerar informações gerenciais: Um estudo de caso em hospital. Associação Brasileira de Custos, Vol. III, nº. 2, 2008. Disponível em: www.abcustos.org.br.

CAMPOS, M. Apostila de sistema de informação. Disponível em: http://www.marcelocampos.com.br/academico/tur/download/aula007sistema.pdf (acesso dia 16.09.2008).

CHING, Y.H. Manual de custos de instituições de saúde: sistemas tradicionais de custos e sistema de custeio baseado em atividades (ABC). São Paulo: Atlas, 2001.

DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. DATASUS. Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES. Brasília; 2007. [acesso dia 27 de novembro de 2007]. Disponível em: http://cnes.datasus.gov.br/Lista_Es_Nome.asp?VTipo=0

FALK, J.A. Gestão de custos para hospitais: conceitos, metodologias e aplicações. São Paulo: Atlas, 2001.

FALK, J.A. Tecnologia de informação para gestão de custos e resultados no hospital: considerações e dicas para implantação de um modelo brasileiro. São Paulo: Atlas, 2008.

MARTINS, E. Contabilidade de custos. 5ª. ed. rev. São Paulo: Atlas, 1996.

MARTINS, G.A. Métodos convencionais e não-convencionais e a pesquisa em administração. Caderno de pesquisas em administração. V. 00, Nº. 0, 2º. Semestre, 2004.

MENDES, EV. A organização da saúde no nível local. São Paulo: Hucitec, 1998.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Gabinete Ministerial. Portaria 312 de 02 de maio de 2002. Dispõe sobre a Padronização da Nomenclatura do Censo Hospitalar. Brasília, DF; 2002.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Economia da Saúde. Programa Nacional de Gestão de Custos. Manual Técnico

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SARAIVA, M.C. Investigação da mensuração de custos na formação dos preços dos serviços hospitalares: um foco na diária hospitalar [dissertação de mestrado]. Natal: Programa Multiinstitucional e Inter-regional de Pós-Graduação em Ciências Contábeis - UNB, UFPB, UFPE, UFRN, 2006.

SOUZA, P. C. Avaliação econômica em saúde aplicada a hospitais: teoria e prática. Editora Unemat. Cáceres: 2010.

TANAKA, Y.O., MELO, C. Avaliação de Programas de Saúde do Adolescente: um modo de fazer. Editora da Universidade de São Paulo. São Paulo: 2001.

VASCONCELLOS, M.M; MORAES, I. H.; CAVALCANTE, M.T.L. Política de saúde e potencialidades de uso das tecnologias de informação. Saúde em Debate 2002; 26 Supl. 61: 219-235.

BALANÇO SOCIAL: UMA ANÁLISE NAS 100 MAIORES EMPRESAS BRASILEIRAS

Kelly J. Becker Cleci Grzebieluckas

Magnos Alves Maikon Barbieri

RESUMO

O Balanço Social surgiu em decorrência da cobrança exercida pela sociedade às empresas, no sentido de terem postura responsável. No Brasil, são utilizados três modelos de Balanço Social: Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), Global Reporting Initiative (GRI) e Instituto Ethos. O objetivo geral do estudo é analisar se os investimentos em projetos sociais e ambientais foram proporcionais à receita liquida e ao resultado operacional divulgado pelas maiores e melhores empresas listadas na Revista Exame no ano de 2012, tendo como objetivo específico analise da padronização, o viés para potencialização de resultados, a baixa transparência e a abrangência destes relatórios. Esta pesquisa se classificou como descritiva, telematizada, com abordagem quantitativa. Foram obtidos os seguintes resultados: a) o modelo mais utilizado pelas empresas foi o GRI; b) não há padronização de acordo com o modelo escolhido e; c) o crescimento em investimento foi proporcional ao da receita liquida, e desproporcional ao resultado operacional uma vez que este apresentou decréscimo; d) o modelo Ibase traz informações abrangentes sobre responsabilidade social, porém na ambiental traz poucas informações; e) há uma tendência nas empresas de potencialização de resultados positivos e ocultação de negativos, ademais as informações divulgadas não são auditadas, encontrou-se baixa utilização de notas explicativas.

Palavras-chaves: Balanço social, 100 maiores empresas, responsabilidade social e ambiental.

1 INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos a sociedade passou a exigir que as empresas assumissem postura

socialmente responsável diante da comunidade em que as mesmas encontram-se inseridas,

passando a não somente objetivar o lucro vindo de sua atividade, mas também tornar-se

preocupar-se com o impacto ambiental que essas atividades causam a sociedade e ao meio

ambiente.

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Como observado, as empresas encontraram-se diante de um novo modelo estratégico,

onde os interesses dos acionistas começaram a dividir espaços com as demandas da

comunidade, dos clientes, dos funcionários e dos fornecedores, chamados de stakeholders, onde

a Responsabilidade Social deixou de ser uma opção para as empresas passando a ser uma

questão estratégia e, muitas vezes, de sobrevivência (KRAEMER, 2005).

Os gestores começaram a se preocupar não somente com a gestão do negócio, mas com

a comunidade e com o meio ambiente. Neste sentido, a Contabilidade, é vista como um sistema

de informação da situação e da evolução patrimonial, econômica e financeira da empresa,

devendo, portanto, incluir em seus relatórios, todos os dados relacionados ao meio ambiente,

facilitando o acesso a informação aos usuários, auxiliando-os no processo de tomada de decisão.

(KRAEMER, 2005).

Os Balanços Sociais são uma demonstração de publicação não-obrigatória e existem

vários modelos que podem ser utilizados pelas empresas, dentre os quais se destacam, no Brasil,

segundo Godoy (2007), o modelo do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas -

IBASE, o modelo do Instituto Ethos, e o Global Reporting Initiative. Dentre os modelos mais

conhecidos hoje utilizados no país, acredita-se que o modelo IBASE seria aquele que tornaria

mais fácil a compilação dos dados, em função de sua estrutura objetiva e aceitação convalidada

pela sua diversa gama de usuários. Além disso, proporcionaria maior grau de comparabilidade,

havendo assim incremento da possibilidade dos resultados apresentados nos relatórios das

empresas a serem comparados com aqueles publicados nos balanços sociais de outras grandes

organizações nacionais.

Diante do exposto, o objetivo geral do estudo é comparar se os investimentos em projetos

sociais e ambientais foram proporcionais à receita liquida e ao resultado operacional divulgado

pelas maiores e melhores empresas listadas na Revista Exame no ano de 2012 utilizando as

informações do ano-base 2010/2011. O objetivo específico da pesquisa, a analise da

padronização, o viés para potencialização de resultados, a baixa transparência e a abrangência

destes relatórios.

Esta pesquisa justifica-se, na medida em que a utilização de relatórios de

sustentabilidade/balanços sociais pelas empresas constitui tema incipiente, a falta de

regulamentação muitas vezes dificulta a comparabilidade e reduz a transparência das informações

divulgadas. Esse assunto é tema de projeto de lei tramitando no Congresso Nacional, que

regulamentará e obrigará a elaboração desse demonstrativo social, pois a falta de legislação a

cerca do tema dificulta a análise comparativa e impede o acesso a informações socioeconômicas

no plano nacional. (CARNEIRO, 2002)

2. REFERENCIAL TEÓRICO

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2.1 CONCEITO E HISTÓRICO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA

Responsabilidade social é o ato de desempenhar o que é correto e ético a sociedade e

adequado para a empresa, em prol da melhoria da qualidade de vida da comunidade na qual está

inserida e dos funcionários que nela trabalham, melhorando suas relações com seus fornecedores

e concorrentes, fazendo com que estes se tornem também socialmente responsáveis (MELO

NETO; FROES, 2009). Ou seja, é toda uma capacidade que a empresa exerce sobre a sociedade

em geral, apresentando a estes seus valores e expectativas sobre o cumprimento de seus

objetivos (CORREA,2007).

Correa (2007) lembra que somente o cumprimento das normas legais existentes não

torna uma empresa intitulada de socialmente responsável, é necessário muito mais do que este

cumprimento de via de regra. Portanto a responsabilidade social trata da consciência de que a

empresa está inserida em um determinado ambiente e com ele interage positiva ou negativamente

e, portanto, devem contribuir para com o desenvolvimento da comunidade, adotar comportamento

ético e praticar a cidadania.

Em consequência disso, a visão de responsabilidade social, limitada aos ganhos

econômicos da célula social, vem sendo cada vez menos aceita na sociedade. O papel da

empresa supera os limites meramente privados, passando a interagir fortemente com os

stakeholders, o que inclui uma especial atenção ao meio ambiente, especialmente por parte de

indústrias que desenvolvem atividade com elevado impacto ambiental.

Com iniciativas de ordem ambiental e social, diversas empresas passaram a contribuir e

a ter uma atuação responsável, preocupando-se com a continuidade de recursos físicos e naturais

para gerações futuras e assim obtendo também maior simpatia por parte dos consumidores e do

público em geral. Segundo Trevisan (2002) a importância da prática da responsabilidade social e

divulgação dessas atividades por meio do balanço social, pode ser considerada uma forma de

diferenciação das empresas.

De acordo com Karkotli e Aragão (2004) a vida do homem desde a Revolução Industrial

tem se tornado o tronco das empresas, ou seja, estes vêm vivendo a maior parte de seu tempo,

dedicando suas forças a sua produção intelectual e de serviços em troca de remuneração válida

ao seu crescimento profissional e satisfação pessoal.

No quadro 01 é apresentado um resumo do histórico da responsabilidade social, com

datas, locais, responsáveis e suas ações históricas:

Quadro 1 – Histórico da responsabilidade social

ANO RESPONSÁVEL OBSERVAÇÕES

1899 França

Carnigie, fundador do Conglomerado U.S. Steel Corporation

Estabelecia dois princípios às grandes empresas. O primeiro princípio era o da caridade, exigia que os membros mais afortunados da sociedade ajudassem os grupos de excluídos e o segundo era o da custódia, em que as empresas deveriam cuidar e multiplicar a riqueza da sociedade.

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1919 Estados Unidos

Henry Ford

Contraria um grupo de acionistas ao reverter parte dos lucros na capacidade produtiva, aumento de salários e constituição de fundo de reserva. A justiça americana posicionou-se contrária à atitude de Ford, alegando que os lucros deveriam favorecer aos acionistas.

1929 Alemanha

Constituição da República de Weimar

Passa a ser aceitável que as empresas, como pessoas jurídicas, assumam uma função social basicamente em ações de caráter filantrópico.

1953 Estados Unidos

Justiça Americana

Julga um caso semelhante ao de Ford, mas neste caso a decisão foi favorável à doação de recursos para a Universidade de Princeton, contrariando interesses de um grupo de acionistas e estabelecendo uma brecha para o exercício da filantropia corporativa.

Dec. de 60 Estados Unidos

Conflito Vietnã A sociedade se manifesta contra a produção e uso de armamentos bélicos, principalmente armas químicas. As organizações não podiam mais vender o que desejassem.

Dec. de 70 Estados Unidos

Novo contexto econômico

Os aumentos nos custos de energia e a necessidade de maiores investimentos para reduzir poluição e proteção de consumidores fazem as empresas buscarem ações para maximizar os lucros, deixando de lado as responsabilidades sociais.

Fonte: Karkotli e Aragão (2004)

O balanço social português foi instituído através da lei nº. 141 de 1985, mas somente após

o Decreto-lei nº. 9/92, tal demonstrativo passou a dar mais ênfase às ações sociais da empresa

em relação à melhoria de vida da comunidade (FREIRE; REBOUÇAS, 2001).

A referida lei obriga todas as empresas com mais de 100 funcionários à elaboração do

balanço social, e seu principal usuário é o Ministério do Emprego e da Seguridade Social, que

envia cópias às associações, sindicatos dos empregados, e à Inspeção Geral do Trabalho.

(CUNHA; RIBEIRO, 2004).

O balanço social, na Bélgica, foi regulamentado por intermédio de um decreto real

instituído em 4 de agosto de 1996, compõe as demonstrações anuais e é exigido de todas as

empresas, a publicação do balanço social na França é obrigatória desde o ano de 1977. A Lei

77.769/77 instituiu a obrigatoriedade da elaboração e divulgação de um novo conjunto de

informações sociais àquelas organizações com mais de 750 empregados a partir de 1979, e a

partir de 1982 estendeu essa exigência às que contassem com mais de 300 empregados.

(FREIRE; REBOUÇAS, 2001).

Martins, Bernardo e Madeira (2002) relatam a trajetória do BS no Brasil até a adoção das

companhias em 2002, verificando, que o tema vem sendo discutido no País desde a década de

1960, recebendo maior projeção apenas nos anos 1990, por meio de leis, projetos de leis e ampla

discussão nos meios político, social e empresarial.

De acordo com Sucupira (2001) no Brasil, as discussões sobre comportamento ético e

responsabilidade social das empresas, tiveram início na década de 1960, com a criação da

Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE.

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Ressalvada a obrigatoriedade da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), o primeiro

relatório de cunho social de uma empresa brasileira, publicado de forma totalmente voluntária, foi

o da Nitrofértil, em 1984, destaca Torres (2001). Em meados da década de 1980, também, foi

publicado o relatório de atividades sociais do sistema Telebrás. Já no ano de 1992, o Banco do

Estado de São Paulo (Banespa) produziu um relatório completo, denominado Balanço Social do

Banespa, que foi publicado no início de 1993.

Segundo o Instituto Brasileiro de Analises Sociais e Econômicas – Ibase a década de 1990

marcou o período do surgimento e da consolidação de diversas organizações que se

institucionalizaram para promover o tema da responsabilidade social empresarial. Foi quando o

amadurecimento da ideia de “responsabilidade social das empresas” e da necessidade de

realização e publicação de balanço social anual na cultura das organizações empresariais

brasileiras sofreu diversas influências nacionais e internacionais.

2.2 FUNÇÃO SOCIAL DE UMA EMPRESA

Quando a empresa cumpre, em termos sociais, apenas o que está previsto no direito

positivado, em seus estritos limites, ela tem uma visão eminentemente legalista, a que se atribui o

nome de função social, ao passo que a efetiva responsabilidade social se inicia justamente a partir

desse marco. Ou seja, uma empresa pode ser considerada socialmente responsável quando,

além de cumprir rigorosamente todas as obrigações legais junto aos seus stakeholders,

proporcionar um plus, um adicional, e oferecer uma cesta variada de benefícios sociais para esse

mesmo público, que ultrapassa as fronteiras do direito positivado. (ZANOTI, 2006)

Vive-se em um período onde o Estado brasileiro tem dificuldades em atender às principais

demandas sociais, isto sua impotência perante as atividades que de fato lhe cabem. O Estado

Moderno é o fundamento político-administrativo, a força que une a força motriz do capitalismo

nascente. O equilíbrio social torna-se um elemento em prol do desenvolvimento e prosperidade

socioeconômica e cultural de uma nação, e por outro lado, uma função básica do Estado está na

redistribuição da riqueza. Na atualidade, o recuo do Estado em suas atribuições próprias é uma

realidade inconteste.

Segundo Nunes (2002) no Brasil na década de 70 e início dos anos 80, observou-se a

recessão econômica provocando e exigindo uma ampla reestruturação do capital, da produção e

até do próprio comércio internacional, o esvaziamento do modelo de políticas sociais intensivas de

caráter público desmonta uma das soluções antes vistas como possíveis para as crises periódicas

do capitalismo. Certamente o esvaziamento desta alternativa, a falta de perspectiva de retomada

de políticas de pleno emprego ou de redução do desemprego no curto prazo teriam permitido o

fortalecimento de uma certa tendência, em particular de solidariedade.

Para preencher o vazio deixado pelo Estado, inúmeras empresas passaram a exercer,

nos últimos anos, papel de fomentadoras de iniciativas nas áreas de responsabilidade social ou

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cidadania, onde se tornou fundamental diferenciar uma empresa pelos serviços que ela oferece,

por sua filosofia, seus valores e princípios. O papel da empresa vai, cada vez mais,

transcendendo limites meramente privados. Através de iniciativas de ordem ambiental e social, as

empresas passaram a contribuir e a ter uma atuação responsável, preocupando-se com a

continuidade de recursos físicos e naturais para gerações futuras e assim obtendo também maior

simpatia por parte dos consumidores e do público em geral. (NUNES, 2002)

2.3 GESTÃO, CONTABILIDADE AMBIENTAL

A gestão ambiental é a parte da função gerencial que trata, determina e implementa a

política de meio ambiente estabelecida para a empresa.

Para Valle (2010) “a Gestão Ambiental consiste em um conjunto de medidas e

procedimentos bem-definidos que, se adequadamente aplicados, permitem reduzir e controlar os

impactos introduzidos por um empreendimento sobre o meio ambiente”. Segundo Epelbaum

(2007) a empresa expressa sucintamente o comprometimento com o meio ambiente como sendo

a contínua intencionalidade e prática em considerar a proteção ambiental nas decisões gerenciais

e operacionais cotidianas. Tal noção de comprometimento, para ser considerada abrangente

dentro das organizações, deve ser adotada por todos os seus níveis e funções, desde a alta

administração até o nível operacional. A gestão ambiental de uma organização é a correta

administração do impacto de suas atividades econômicas no meio ambiente, visando o uso

racional e sustentável dos recursos naturais.

Na visão de Valle (2010) o crescimento da consciência ambiental, ao modificar os padrões

de consumo, constitui uma das mais importantes armas em defesa do meio ambiente. Quando a

empresa busca capturar oportunidades através do crescente contingente de consumidores

responsáveis através de ações legítimas e verdadeiras, essas ações tendem a reforçar ainda mais

a consciência ambiental, criando um círculo virtuoso, na qual a atuação mercadológica, marketing

verde, como querem alguns, torna-se um instrumento de educação ambiental.

Entende-se que, ao implementar um sistema de gestão ambiental em uma organização,

esta passará por alterações em muitas políticas, estratégias, e certamente haverá reavaliação dos

processos produtivos e principalmente em seu modo de agir. Essa mudança de comportamento

não se refere unicamente à introdução da filosofia de proteção ao meio ambiente nas atividades

organizacionais, mas também em uma revisão de valores, que atinge também as pessoas que

trabalham dentro da organização. Alcançando assim, uma administração realmente ecológica.

No que tange a contabilidade a questão ambiental é de suma importância, pois esta pode

gerar informações úteis aos gestores das empresas, no que diz respeito à preservação do meio

ambiente. A Contabilidade tem por objetivo a comunicação entre a empresa e a sociedade,

mostrando em seus demonstrativos contábeis as medidas adotadas e os resultados obtidos por

ela no processo de conservação do meio ambiente. Destacar os investimentos no intuito de

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diminuir os possíveis prejuízos ao meio ambiente, demonstrando nos relatórios seus ativos e

passivos ambientais. (FERREIRA, 2000)

Salienta Martins (2005) de que a contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação

e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza

econômica, financeira e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização. A

partir deste contexto, pode-se definir contabilidade ambiental como o estudo do patrimônio

ambiental (bens, direitos e obrigações ambientais) das entidades. Seu objetivo é prover aos seus

usuários, interno e externo, informações sobre os eventos ambientais que provocam alterações no

contexto patrimonial atual, bem como realizar sua identificação, mensuração e evidenciação.

Para Franco (2009) as empresas que protegem o meio ambiente são bem vistas pelo

consumidor e por investidores, já havendo, em alguns países, fundos especializados em investir

em empresas que protegem o ambiente. Esses fundos têm crescido e apresentado rentabilidade,

porque as empresas são também mais lucrativas.

Uma organização só sobrevive se houver interação com o meio ambiente. Portanto, ela

precisa ao mesmo tempo captar recursos e fornecer resultados ao ambiente externo e interno.

Segundo Dolabella (2002), “a empresa tem responsabilidades para com todos esses grupos

(empregados, administradores, governos e a comunidade) e precisa configurar seus objetivos de

modo a dar a cada um, certa medida de satisfação”. Esta responsabilidade é explicitada através

do Balanço Social, que funciona como um instrumento de avaliação, uma prestação de contas da

riqueza gerada pela empresa e como foi distribuída aos diversos grupos.

Conforme Ribeiro e Lisboa (1999), a contabilidade ambiental, ao demonstrar a situação

financeira de uma empresa, assim como seu desempenho periódico, colabora para uma melhor

divulgação e evidenciação da postura ambiental das organizações. Certamente, isso contribui

para a redução de atividades ilícitas, promovendo a adoção de práticas, métodos e processos

ambientalmente corretos. É interessante verificar que outros autores não apenas reforçam essa

perspectiva, mas também procuram ampliá-la. Por exemplo, Kraemer (2005) referencia os

indicadores de desempenho ambiental para sintetizar as informações quantitativas e qualitativas

determinando então sua eficiência e efetividade, de um ponto de vista ambiental, em utilizar os

recursos disponíveis.

2.4 MARKETING SOCIAL

Para um melhor entendimento de marketing social é importante definir, primeiramente, o

que é marketing utilizando um enunciado clássico realizado por Kotler (2000): “é um processo

social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas, obtêm aquilo de que necessitam e o que

desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros”.

O marketing social é uma maneira de se utilizar às técnicas e ferramentas do marketing

tradicional para a implementação de estratégias e táticas voltadas para a mudança do

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comportamento social, normalmente intitulado marketing sem fins lucrativos, objetivando incutir no

pensamento do público-alvo as inovações que se pretende introduzir, a fim de satisfazer

necessidades e expectativas que não estão sendo atendidas pelo setor responsável (KOTLER;

ROBERTO, 1992).

A grande diferença entre o marketing social e responsabilidade social é que o marketing

social tem como objetivo a mudança de comportamento da sociedade para com o bem-social

utilizando ferramentas mercadológicas e técnicas de marketing, a responsabilidade social é a

preocupação que as empresas, pessoas e governo têm pelo social, a responsabilidade veio para

ficar e que tem se transformado em um novo critério de excelência e qualidade para as empresas.

Reis (2007), entretanto, alerta que a responsabilidade social não deve ser reduzida a uma

ferramenta de marketing ou a um discurso empresarial ou a ações de filantropia. Ela deve ser

incorporada às organizações no planejamento dos negócios como um modelo de comportamento

responsável do ponto de vista social

2.5 BALANÇO SOCIAL E MODELOS DE BALANÇO SOCIAL (IBASE, GRI, ETHOS)

Atualmente o balanço social também chamado de Relatório de Sustentabilidade ou

Relatório de Responsabilidade Social, é o principal instrumento de divulgação das ações de

responsabilidade social promovidas pelas empresas.

No entendimento do Ibase (2004), balanço social (BS) é um demonstrativo publicado

anualmente pela empresa que reúne um conjunto de informações sobre projetos, benefícios e

ações sociais, dirigido aos stakeholders, tendo como função principal a publicidade da

responsabilidade social da empresa. Cardoso (2007), acredita que o balanço social na sua

concepção mais ampla envolve a demonstração da interação empresa/ambiente, ou seja, com os

elementos que a cercam ou que contribuem para sua existência, incluindo o meio ambiente

natural, a comunidade e economia local e recursos humanos, agregando indicadores que possam

refletir a eficácia da gestão empresarial no que se referem os programas sociais e o meio

ambiente e também ter um indicativo nível de satisfação dos colaboradores.

O balanço social é considerado um demonstração contábil, sendo o contabilista

responsável por sua elaboração, visto que a principal fonte dos dados é a escrituração contábil,

alguns dos dados que compõem o balanço social são de caráter patrimonial, administrativo,

econômico, social, ecológico, dentre outros. Dessa forma, procura-se refletir os gastos e as

influências recebidas e transmitidas pelas entidades à sociedade, abrangendo um campo de

informações ainda pouco explorado pela contabilidade (KROETZ, 2000). Apesar do balanço

social, ter sua origem na contabilidade, esse relatório não deve ser visto apenas como um

demonstrativo contábil, mas como uma forma das empresas demonstrarem o cumprimento da sua

responsabilidade social, representando um diferencial para aquelas que o adotam (SUCUPIRA,

2001).

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Os resultados apresentados do balanço social têm como objetivo a agregação de

informações, para melhor traduzir a contribuição das empresas em benefício da sociedade,

informando-lhes seus resultados sociais, além de ser um instrumento gerencial de apoio à

administração, em termos ideais uma empresa apenas poderia exercer suas atividades se o

custo-benefício da sua existência fosse positivo. A empresa que danifica o meio ambiente,

automaticamente coloca em risco a vida humana, destruindo o ecossistema que a rodeia,

reduzindo a qualidade desta. (KROETZ, 2011)

Torres (2007) relata que no Brasil existem três modelos de balanço social normalmente

utilizados, IBASE (Instituto Brasileiro de Analises Sociais e Econômicas) que é um modelo

reduzido e simplificado, o GRI (Global Reporting Initiative) que propõe um padrão internacional de

relatório de sustentabilidade baseado no triple bottom line e o do Ethos (Instituto Ethos) baseado

nas diretrizes do GRI e adaptado ao cenário brasileiro. Ressalta o autor que os modelos Ethos e

GRI são modelos analíticos que podem ser incorporado o modelo do IBASE. Lembra o autor que

várias empresas criam modelos próprios definidos dentro de suas estratégias de Comunicação e

Marketing. O autor afirma que nem sempre as informações contidas no balanço social são

compatíveis com a realidade da empresa, nestas empresas o balanço social é considerado

apenas uma peça de marketing.

Quadro 2 – Indicadores e seções dos modelos IBASE, GRI e Instituto Ethos

Fonte - Adaptado de Godoy (2007)

O modelo de Balanço Social proposto pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e

Econômicas – IBASE é utilizado por várias empresas no Brasil. Nesse modelo, são apresentados

indicadores laborais (alimentação, encargos sociais compulsórios, previdência, saúde, educação,

creches e participação nos resultados), indicadores sociais (tributos, contribuições para a

sociedade, investimentos em meio ambiente) e indicadores do corpo funcional (nº de empregados,

Modelo

IBASE

GRI

Instituto

Ethos

Consumidores

Comunidade

Governo e Sociedade

Indicadores de Desempenho referentes à Responsabilidade do Produto

Valores, Transparência e Governança

Público Interno

Meio Ambiente

Fornecedores

Informações Relevantes

Indicadores de Desempenho Econômico

Indicadores de Desempenho do Meio Ambiente

Indicadores de Desempenho referentes a Práticas Trabalhistas e Trabalho Decente

Indicadores de Desempenho referentes a Direitos Humanos

Indicadores de Desempenho referentes a sociedade

Indicador/Seção

Base de Calculo

Indicadores Sociais Internos

Indicadores Sociais Externos

Indicadores Ambientais

Indicadores do Corpo Funcional

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nº de admitidos, nº de mulheres em cargo de chefia, nº de empregados portadores de deficiência),

além de outras informações consideradas relevantes ao exercício da responsabilidade social,

conforme consta no modelo veiculado no site do IBASE (2005).

O modelo de balanço social GRI (Global Reporting Initiative) foi criado em 1997 pela

organização não-governamental norte-americana Coalition for Environmentally Responsible

Economics - CERES e pelo Programa Ambiental das Nações Unidas - UNEP - United Nations

Environmental Programme. Busca desenvolver um modelo de Balanço Social que dissemina “[...]

globalmente diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade utilizadas

voluntariamente por empresas do mundo todo”. Este orgão vem focando as atividades para o “[...]

desenvolvimento de um padrão de relatório que aborde os aspectos relacionados à

sustentabilidade econômica, social e ambiental”, conferindo a este “[...] a mesma utilidade e

seriedade dos relatórios e balanços financeiros,” e que sejam “[...] tão rotineiros e passíveis de

comparação como os relatórios financeiros” (GRI, 2006). O modelo conhecido como GRI3, está na

terceira geração e a mais atual foi desenvolvida em 2006. Vale lembrar que as diretrizes são de

uso voluntário, embora seja utilizado por mais de 1.000 organizações em 60 países.

O modelo de balanço social Ethos do Instituto Ethos na visão de Torres (2007) baseia-se

em um relatório detalhado dos princípios e das ações da organização, incorpora a planilha

proposta pelo IBASE e sugere um detalhamento maior do contexto da tomada de decisões, dos

problemas encontrados e dos resultados obtidos. O Instituto Ethos defende a necessidade de os

balanços sociais adquirirem credibilidade e consistência em relação às dos balanços financeiros.

O modelo Ethos se utiliza de indicadores que permitem a avaliação da gestão no que diz respeito

à incorporação de práticas de responsabilidade social, além do planejamento de estratégias e do

monitoramento do desempenho geral da empresa.

Costa, Visconti e Azevedo (2002) entendem que os modelos propostos de Balanço Social

apresentam pequenas diferenças, mas têm em comum a abordagem de aspectos internos e

externos da empresa.

3. METODOLOGIA

Esta pesquisa se classifica como descritiva, telematizada, com abordagem quantitativa. Os

estudos descritivos medem, avaliam ou coletam informações sobre diferentes aspectos,

dimensões ou componentes do elemento a ser pesquisado (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO,

2006). As pesquisas telematizadas buscam informações em meios que combinam o uso do

computador e as telecomunicações como por exemplo na Internet (MORESI, 2003).

A pesquisa quantitativa se traduz por tudo aquilo que pode ser quantificável como opinão,

informação ou dados e que por consequência poder ser, traduzido em números obtendo-se então

uma a análise dos dados e, posteriormente, chegar a uma conclusão, para Fonseca (2002) a

pesquisa quantitativa se centra na objetividade, a realidade só pode ser compreendida com base

na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros.

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Das 100 maiores e melhores empresas divulgadas pela Revista Exame 2012 com

informações do ano-base 2010/2011, foram identificadas 92 empresas que publicam algum tipo de

relatório social ou ambiental distribuídos entre 17 que elaboram o balanço social utilizando tanto o

modelo GRI e o Ibase, 39 que utilizam apenas o modelo GRI, 23 empresas que divulgam as

informações porém sem forma definida, 09 empresas divulgam somente em língua estrangeira, 04

utilizam somente modelo Ibase e 8 empresas não divulgam informações sociais e ambientais

portanto, não fizeram parte da pesquisa.

Fizeram parte da amostra 21 empresas (Quadro 3) que usam o modelo Ibase por este

apresentar em seu relatório os valores das receitas liquidas, operacionais e folha de pagamento.

Ressalta-se que esses valores são retirados da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)

e, portanto, auditadas em razão de sua obrigatoriedade de divulgação.

Quadro 03 – Empresas da amostra

Fonte: Dados da pesquisa

Destaca-se que as empresas Petrobrás, BR Distribuidora, Transpetro e TAG e REFAP

divulgam suas informações de caráter social e ambiental de forma conjunta, assim como a OI,

Telemar e OI TNL PCS que fazem somente um relatório para todas as empresas que compõe o

grupo, o Pão de Açúcar também reúne em seu balanço social informações da empresa Ponto

Frio, restando desta forma 14 BS a serem analisados.

A análise dos balanços sociais foi elaborada a luz dos critérios apresentados pelo modelo

Ibase, assim divididos para este trabalho: “Indicadores Sociais Internos”, “Indicadores Sociais

Externos”, “Indicadores Ambientais Internos”, “Indicadores Ambientais Externos”, “Indicadores do

Corpo Funcional” e “Informações relevantes quanto a cidadania empresarial”.

4. ANALISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A primeira constatação foi no sentido de identificar de dentre as empresas selecionadas, o

maior número de representantes encontra-se no setor de Energia Elétrica, seguida das empresas

de Telecomunicações, Varejo e Transporte, respectivamente:

Quadro 04 – Número de empresas por setor

1 12

2 13

3 14

4 15

5 16

6 17

7 18

8 19

9 20

10 21

11 Furnas

Refap

Itaipu Binacional

Light

CPFL Paulista

Coelba

Transpetro

Ponto Frio

Eletronorte

Tag

Comgás

Sabesp

OI (TNL PCS)

Cemig Distribuição

Embraer

OI

Petrobrás

BR Distribuidora

Pão de Açúcar

Telemar

Usiminas

Setor Quantidade de empresas

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Fonte: Dados da Pesquisa

Desse modo, verificou-se a influência da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que

consciente dessa nova ordem social, faz com que as Concessionárias e Permissionárias do

Serviço Público de Energia Elétrica, elaborem, obrigatoriamente, por força de dispositivo

regulamentar, a partir do exercício de 2002, o Relatório Anual de Responsabilidade Empresarial,

em conformidade com as orientações constantes do Manual de Contabilidade do Serviço Público

de Energia Elétrica, instituído pela Resolução ANEEL no 444, de 26 de outubro de 2001. Este

resultado também foi encontrado por Oliveira (2005) e Bernardo (2005) em pesquisas

semelhantes realizadas no Brasil.

Compilando os dados chegou-se aos seguintes valores consolidados das empesas:

Quadro 05 – Receitas e Folha de Pagamento Consolidada

Receitas 2011 2010

Receita Liquida (RL) 410.815.077.040,00 360.873.187.960,00

Resultado Operacional (RO) 69.152.745.480,00 77.062.791.060,00

Folha Pagamento Bruta (FPB) 28.811.630.920,00 24.831.468.720,00

Fonte: Dados da pesquisa

Analisando horizontalmente esses valores, pode-se verificar que a receita liquida (RL)

cresceu 13,84% em relação ao ano de 2010, enquanto a receita operacional (RO) caiu 10,26% em

relação ao ano anterior, a folha de pagamento bruta também apresentou crescimento de 16,03%

em contrapartida o número de funcionário aumentou somente 1,01%, o que nos leva a crer em

aumento dos salários dos empregados.

4.1 INDICADORES SOCIAIS INTERNOS

Este indicador tem como objetivo demonstrar quanto foi o investimento da empresa em

seus colaboradores, evidenciando os valores gastos com alimentação, saúde, segurança,

educação, cultura, inclusive o montante distribuído aos funcionários a titulo de participação nos

lucros ou resultados. Os indicadores destacados também auxiliam os administradores na medida

em que podem gerar informações para tomada de decisão, além de melhorar a rentabilidade

Autoindústria 01

Energia 09

Telecomunicações 03

Varejo 02

Química e Petroquímica 01

Siderurgia e Metalurgia 01

Atacado 01

Transporte 02

Serviços 01

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empresarial por meio da manutenção da satisfação dos trabalhadores, fator capaz de afetar os

resultados empresariais (TINOCO, 2001).

Em 2011 as empresas apresentaram os seguintes resultados:

Quadro 06 – Quadro de indicadores sociais internos

Fonte: Dados da pesquisa

Evidencia-se aumento em investimentos sociais no total de 13,98% em relação a 2010,

sendo que o mesmo equivale a 43,57% da folha de pagamento bruta, e a 3,06% da Receita

Liquida. Ressalte-se que embora o Resultado Operacional tenha caído, os investimentos sociais

acenderam proporcionalmente ao crescimento apresentado pela Receita liquida e a Folha de

pagamento.

Com relação a participação nos lucros ou resultados foram distribuídos cerca de R$ 1,560

bilhões, o equivalente a 5,42% da FBP, a 0,38% da RL e 2,26% do RO. Salienta-se que a

Petrobrás é a que mais contribuiu para este resultado, concedendo aos seus funcionários cerca

de R$ 1,5 bilhões em participação nos lucros e resultados. As 58 empresas analisadas por

Oliveira (2005) apresentaram resultado semelhante a este no ano de 2001, sendo distribuídos

cerca de R$ 1,2 bilhões, e também a Petrobras encontra-se como a empresa que mais

desembolsou neste indicador.

A Petrobras encabeça a lista das empresas que mais investiram neste indicador com valor

total de R$ 12.545.000.000,00, seguida do grupo Pão de Açúcar com investimento total de R$

2.192.177,00 com acrescimento de 80% em relação a 2010, em terceiro lugar a empresa

Embraer com investimentos de R$ 774.759.000,00, cerca de 7,09% do que em 2010.

Observou-se ainda que a Usiminas e Eletronorte não fazem investimentos no item creche

ou auxilio creche, no que tange ao item cultura 50% das empresas analisadas não investem em

cultura para seus colaboradores, no item educação a OI/Telemar e a Comgás não fazem

Valor % sobre FBP % sobre RL Valor % sobre FBP % sobre RL

845.895.659 2,94% 0,21% 741.775.975 2,99% 0,21%

6.480.598.357 22,49% 1,58% 5.478.005.920 22,06% 1,52%

328.472.989 1,14% 0,08% 350.399.144 1,41% 0,10%

2.427.995.280 8,43% 0,59% 2.064.836.203 8,32% 0,57%

180.177.623 0,63% 0,04% 114.194.094 0,46% 0,03%

133.044.820 0,46% 0,03% 118.034.866 0,48% 0,03%

11.002.910 0,04% 0,00% 10.002.819 0,04% 0,00%

418.163.767 1,45% 0,10% 366.160.341 1,47% 0,10%

90.029.094 0,31% 0,02% 6.025.369 0,02% 0,00%

1.560.919.301 5,42% 0,38% 1.692.166.773 6,81% 0,47%

76.555.966 0,27% 0,02% 71.521.217 0,29% 0,02%

12.552.855.767 43,57% 3,06% 11.013.122.720 44,35% 3,05%

1. Receitas/Despesas 2011 (R$ mil) 2010 (R$ mil)

Resultado Operacional (RO) 69.152.745.480 77.062.791.960

Receita Liquida (RL) 410.815.077.040 360.873.187.960

24.831.468.720

Educação

Cultura

Capacitaçao e desevolvimento profissional

Previdência privada

Sáude

Segurança e saúde no trabalho

2. Indicadores Sociais Internos

Alimentação

Encargos Sociais compulsórios

Folha de Pagamento Bruta (FPB) 28.811.630.920

Total dos indicadores sociais internos

Creches ou Auxilios creche

Participação nos lucros ou resultados

Outros

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investimentos nessa área, por fim com relação a segurança e saúde no trabalho apenas a

empresa Comgás não divulgou investimentos.

4.2 INDICADORES SOCIAIS EXTERNOS ACRESCIDO DE TRIBUTOS

Este item busca determinar o valor total de contribuições das empresas para a sociedade

através de projetos sociais desenvolvidos fora do âmbito empresarial, acrescido dos tributos

recolhidos ao governo.

O resultado consolidado das empresas pode ser resumido pelo Quadro 05:

Quadro 07 – Indicadores sociais externos acrescidos de tributos

Fonte: Dados da pesquisa Em 2011 a soma deste indicador alcançou 17,83% a mais do que em 2010, equivalente a

23,94% da RL, 142,20% da RO e 341,39% da FPB.

No topo do ranking deste indicador figura a gigante do petróleo Petrobras, com total de R$

98.296.000.000,00 investidos cerca de 17,83% a mais do que em 2010, seguida da OI/Telemar

com R$ 10.658.881.000,00 acréscimo de 9,66% em comparação a 2010 e da Cemig com R$

8.497.352.000,00 aumento de 18,83% confrontado com 2010.

Na pesquisa semelhante realizada por Oliveira (2005) o valor investido pelas Maiores e

Melhores empresas do ano de 2002, girou em torno de R$ 63,3 bilhões e correspondia a 32,3%

da Receita liquida, sendo assim constatou-se que os investimentos cresceram quase 7 vezes

mais e representam 23,94% da Receita Liquida.

Ressalta-se que as pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real podem destinar 1% do

Imposto de Renda apurado para Fundo para Infância e a Adolescente, conforme previsão do

artigo 260 da Lei 8060/90, sendo assim algumas empresas fazem essa destinação divulgando-a

como parte integrante de seus indicadores sociais externos, esses valores serão aplicados em

projetos sociais desenvolvidos por instituições sem fins lucrativos, cadastradas junto ao FIA.

Dentre os balanços analisados o da Petrobras em nota explicativa informou a destinação de R$ 19

milhões ao FIA.

4.3 INDICADORES SOCIAIS EXTERNOS EXCLUIDOS OS TRIBUTOS – CONTRIBUIÇÕES

PARA A SOCIEDADE

Valor % sobre RO % sobre RL Valor % sobre RO % sobre RL

48.145.345 0,07% 0,01% 44.126.768 0,06% 0,01%

57.160.535 0,08% 0,01% 56.148.441 0,07% 0,02%

70.079.315 0,10% 0,02% 79.076.150 0,10% 0,02%

182.099.024 0,26% 0,04% 170.073.323 0,22% 0,05%

80.012.790 0,12% 0,02% 81.019.437 0,11% 0,02%

33.834.954 0,05% 0,01% 20.572.868 0,03% 0,01%

471.331.964 0,68% 0,11% 451.016.987 0,59% 0,12%

97.862.840.581 141,52% 23,82% 83.006.574.446 107,71% 23,00%

98.334.172.545 142,20% 23,94% 83.457.591.433 108,30% 23,13%

Receitas/Despesas 2011 (R$ mil) 2010 (R$ mil)

Resultado Operacional (RO) 69.152.745.480 77.062.791.960

Receita Liquida (RL) 410.815.077.040 360.873.187.960

24.831.468.720Folha de Pagamento Bruta (FPB) 28.811.630.920

Indicadores sociais externos

Educação

Combate à fome e segurança alimentar

Outros

Total de contribuições para a sociedade

Cultura

Saúde e saneamento

Esporte

Tributos (excluidos os encargos sociais)

Total Indicadores sociais externos

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Este indicador mostra o total de recursos investido em ações sociais, ou seja, em projetos

sociais externos à empresa, diretamente ou em parceria com outras organizações. O Quadro 06

demonstra os valores investidos pelas empresas:

Quadro 08 – Indicadores sociais externos excluídos os tributos – contribuições para a sociedade

Fonte: Dados da pesquisa A análise dos dados demonstra que as empresas aumentaram os investimentos neste

quesito em 4,50% em relação a 2010. Este valor representa 0,11% da Receita Líquida, 0,68% da

Receita Operacional.

Neste item destaca-se em primeiro lugar a Coelba com investimento na ordem de R$

675.731.000,00, acréscimo de mais 65% em relação ao ano anterior, seguida da Petrobrás com

R$ 470.000.000,00 apresentando um aumento tímido de 4.44% em relação a 2010, figurando em

terceiro lugar a empresa Itaipu Binacional com R$ 205.967.000,00 investidos com crescimento de

21,19% comparado a 2010.

Para que este indicador atenda o critério de transparência é necessário que o mesmo

indique claramente quais projetos são executados pela empresa, cientificando assim o nome do

projeto, objetivo do mesmo, valor investido, número de pessoas ou entidades beneficiadas, porém

nenhum dos balanços analisados cumpriu com essa exigência. Ainda que de maneira sintetizada

a empresa Coelba citou em seu balanço social alguns dados dos projetos que receberam seus

investimentos.

Oliveira (2005) demonstra em sua pesquisa que no ano de 2001 as 71 empresas que

investiram em projetos sociais externos desembolsaram R$ 718 milhões, nesta pesquisa os

investimentos das 22 empresas ultrapassou R$ 450 milhões.

4.4 INDICADORES AMBIENTAIS INTERNOS

Segundo Guia para Elaboração do Balanço Social e Relatório de Sustentabilidade (2007)

neste item se considera apenas os projetos relacionados às operações das empresas, referem-se

aos investimentos da empresa para mitigar ou compensar seus impactos ambientais, e também

aqueles que têm como objetivo permitir a melhoria da qualidade ambiental, seja por meio de

inovação tecnológica ou por programas internos de educação ambiental.

Valor % sobre RO % sobre RL Valor % sobre RO % sobre RL

48.145.345 0,07% 0,01% 44.126.768 0,06% 0,01%

57.160.535 0,08% 0,01% 56.148.441 0,07% 0,02%

70.079.315 0,10% 0,02% 79.076.150 0,10% 0,02%

182.099.024 0,26% 0,04% 170.073.323 0,22% 0,05%

80.012.790 0,12% 0,02% 81.019.437 0,11% 0,02%

33.834.954 0,05% 0,01% 20.572.868 0,03% 0,01%

471.331.964 0,68% 0,11% 451.016.987 0,59% 0,12%

1. Receitas/Despesas 2011 (R$ mil) 2010 (R$ mil)

Resultado Operacional (RO) 69.152.745.480 77.062.791.960

Receita Liquida (RL) 410.815.077.040 360.873.187.960

24.831.468.720Folha de Pagamento Bruta (FPB) 28.811.630.920

Indicadores sociais externos

Educação

Combate à fome e segurança alimentar

Outros

Total de contribuições para a sociedade

Cultura

Saúde e saneamento

Esporte

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Os investimentos em meio ambiente em 2011 totalizaram R$ 2.550.484.881,00,

aumentando cerca de 17,78% em relação a 2010. Estes valores equivalem a 3,69% da Receita

Operacional e 0,62% da Receita Liquida.

Quadro 09 – Indicadores ambientais internos

Fonte: Dados da Pesquisa Em total investido por empresa, a Petrobras mais uma vez aparece em primeiro lugar com

investimentos na ordem de R$ 2.550.000.000,00 cerca de 1,04% de sua receita liquida e 5,55%

da Receita Operacional, seguida da Usiminas, que apesar de apresentar um prejuízo em seu

resultado operacional no valor de R$ 179.892.000,00, investiu R$ 172.485.000,00, logo depois

vem a Cemig com R$ 116.532.000,00 de investimentos, correspondente a 2,64% de seu resultado

Operacional e 0,74% da Receita liquida auferida pela empresa.

A empresa Usiminas evidenciou em seu relatório que possui projetos relacionados ao

controle da contaminação do ar, água e solo, a CEMIG evidenciou em seu balanço social notas

explicativas com relação aos seus projetos ambientais; a Coelba também relacionou cada projeto

desenvolvido, tendo inclusive um Projeto de Educação Ambiental, projeto este também

desenvolvido pela Eletronorte.

4.5 INDICADORES AMBIENTAIS EXTERNOS

Neste quesito consideramos somente os valores que as empresas investiram em projetos

e/ou programas externos, chegou-se a esses resultados:

Quadro 10 – Indicadores ambientais externos

Fonte: Dados da pesquisa Novamente a Petrobras apareceu em primeiro lugar com investimento de R$ 172.000,00,

porém vale ressaltar que em relação a 2010 a empresa apresentou uma queda de 33,33% em

relação a 2010, assim como a CPFL Paulista que diminuiu em 33,09% o valor investindo

totalizando assim a quantia de R$ 61.723.000,00, diferente das empresas anteriores a Furnas

divulgou investimento no total de R$ 44.889.000,00, com aumento de 14,27% em relação a 2010.

Somente a empresa Oi/ Telemar não efetuou qualquer tipo de investimento na área

ambiental, seja interno ou externo.

Valor % sobre RO % sobre RL Valor % sobre RO % sobre RL

2.550.484.881 3,69% 0,62% 2.165.497.351 2,81% 0,60%

Receitas/Despesas 2011 (R$ mil) 2010 (R$ mil)

Resultado Operacional (RO) 69.152.745.480 77.062.791.960

Receita Liquida (RL) 410.815.077.040 360.873.187.960

24.831.468.720Folha de Pagamento Bruta (FPB) 28.811.630.920

Investimentos rel. com a prod./operação da empresa

Indicadores Ambientais

Valor % sobre RO % sobre RL Valor % sobre RO % sobre RL

172.185.567 0,25% 0,04% 258.234.821 0,34% 0,07%

Receitas/Despesas 2011 (R$ mil) 2010 (R$ mil)

Resultado Operacional (RO) 69.152.745.480 77.062.791.960

Receita Liquida (RL) 410.815.077.040 360.873.187.960

24.831.468.720Folha de Pagamento Bruta (FPB) 28.811.630.920

Investimentos em programas e/ou projetos externos

Indicadores Ambientais

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Vale ressaltar que nos indicadores ambientais internos e externos as empresas de

eletricidade aparecem em destaque, por incluírem na área ambiental seus programas de pesquisa

e desenvolvimento, eficiência energética e eletricidade rural.

Pode-se ainda observar, que embora o modelo IBASE traga informações abrangentes

sobre responsabilidade social, o mesmo não ocorre com as informações de cunho ambiental, uma

vez que este não contém informações particularizadas, retratando somente informações básicas.

Na amostra analisada as empresas Eletronorte, Usiminas e Coelba efetuaram subdivisões

nos indicadores ambientais externos e informaram em quais projetos foram feitos investimentos

de caráter ambiental, demonstrando assim mais transparência nas informações divulgadas, vale

aludir que a Coelba e a Eletronorte foram mais longe e informaram também processos, multas e

passivos ambientais.

4.6 INDICADORES SOBRE O CORPO FUNCIONAL

Para Guia para elaboração do Balanço Social e Relatório de sustentabilidade (2007) este

indicador deve identificam de que forma se da o relacionamento da empresa com seu público

interno no que concorre a criação de postos de trabalho, a utilização do trabalho terceirizado, a

valorização da diversidade e a participação em cargos de chefia de grupos historicamente

discriminados no país, como mulheres, negros e portadores de deficiência.

Notou – se, que neste indicador, praticamente todas as empresas mencionaram as

informações necessárias, sendo que algumas não divulgaram o número de empregados

terceirizados e o número de negros que compunham o quadro de funcionários da empresa.

4.7 INFORMAÇÕES RELEVANTES QUANTO AO EXERCÍCIO DA CIDADANIA EMPRESARIAL

A expressão “cidadania empresarial” se refere a uma série de ações empresariais

relacionadas aos públicos de interesse da empresa, com grande ênfase no público interno.

O Guia para elaboração do Balanço Social e Relatório de sustentabilidade (2007) traz que

neste tópico devem estar abordados itens como: a relação entre maior e menor remuneração,

acidentes de trabalho, reclamações e criticadas de consumidores, processos trabalhistas, dentre

outros.

Observou-se que o indicador da relação entre a maior e menor remuneração não

menciona quais valores compõe essa remuneração, pois sabe-se que a remuneração pode ser

composta por alguns benefícios, tais como, bonificação, cesta básica, plano de saúde e

odontológico, auxilio alimentação, creche e essas informações são primordiais para maior

transmitir maior transparência e confiabilidade das informações divulgadas, sendo que esta falta

de esclarecimento deste item também foi observado na pesquisa de Siqueira e Vidal (2003).

Da amostragem analisada de 21 empresas pouco mais de 57%, exatamente 12,

apresentam todos os itens que compõe este indicador, inclusive as contribuições negativas

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consubstanciadas em acidentes de trabalhos, reclamações e criticas, sendo que destas mais uma

vez merece destaque o balanço social da Coelba, pois este, além dos itens citados anteriormente,

menciona as contingências e passivos trabalhistas, aponta ações empreendidas com o intuído de

sanar ou minimizar as causas das reclamações de seus consumidores.

Em quatro empresas Itaipu, Furnas, Cemig, não houve divulgação relacionada com as

reclamações e criticas dos consumidores, sendo que a Itaipu coloca nota explicativa mencionando

que não possui dados referentes a este item, pois não possui consumidores finais diretos.

Por fim as empresas Usiminas, OI/Telemar e Oi TLN PCS muito embora utilizem o modelo

Ibase não mencionaram em seus respectivos balanços qualquer item a respeito à cidadania,

salienta-se, no entanto, que a Usiminas faz menção as suas contingências e processos

trabalhistas, denotando-se assim que as organizações suprimem ou atenuam informações

negativas, resultado semelhante encontrado em outro estudo (SIQUEIRA e FERNANDES, 2010).

Oliveira (2005) refere que é conhecida a publicação de balanços sociais por empresas com

problemas sócio ambientais, alertando para o fato de que muitos desses balanços assemelham-se

a material de divulgação ou propaganda da empresa, geralmente buscando tão somente agradar

aos stakeholders.

4.8 ANALISE COMPLEMENTAR DOS DADOS

Para Tinoco (2001) as informações contidas no balanço social devem ser diretas, simples

e transparentes, permitindo, tanto à comunidade como aos diversos núcleos que interagem com a

empresa, avaliá-la, compreendê-la e criticá-la. Analisando os balanços sociais da amostragem,

três itens que poderiam atender ao conceito de transparência de maneira mais ampla, não são

abrangidos quais sejam, notas explicativas associadas às informações, auditoria e a identificação

do responsável pelas informações contidas no relatório.

As notas explicativas se fazem necessárias para garantir aos usuários informações claras

e completas sobre a organização, estas podem ser utilizadas para oferecer explicações

complementares sobre o impacto das operações da empresa, para determinar a composição de

certos indicadores, ou descrever as práticas utilizadas na confecção do relatório. Dentre os

balanços sociais analisados somente as empresas Petrobras, Cemig, Furnas, CPFL Paulista

mencionaram notas explicativas, porém em pequeno número.

A existência de auditoria externa aos demonstrativos sociais faz com que aumente a

confiabilidade dos dados apresentados. Segundo Tinoco (2002), a auditoria do Balanço Social

juntamente com outros relatórios “permite aos empresários e aos agentes sociais identificar, medir

e agir sobre os fatos sociais vinculados à empresa, tanto interna como externamente”. Neste

quesito nenhuma empresa submeteu seus balanços sociais a auditoria, observação esta também

feita por Calixto (2009).

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A identificação do responsável pelas informações é outro ponto que precisa ser observado,

pois assim as informações passariam a ter maior confiabilidade, já que existiria um indivíduo

dentro da organização que responderia por possíveis ambiguidades divulgadas à sociedade. Este

responsável serviria também como interlocutor entre a empresa e os stakeholders, tratando de

assuntos relacionados com a responsabilidade social e ambiental da empresa. Apenas as

empresas Pão de Açúcar e Coelba citaram o responsável pelas informações declaradas.

Quanto à falta de uniformidade e padrão para divulgação de informações ambientais, estes

fatos foram confirmados por autores como Arraes e Diniz (2001); Calixto (2004) e Tinoco e

Kraemer (2004).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo objetivou comparar se os investimentos em projetos sociais e ambientais

foram proporcionais à receita liquida e ao resultado operacional divulgado pelas maiores e

melhores empresas listadas na Revista Exame no ano de 2012 do ano base 2010/2011; e analisar

a padronização, o viés para potencialização de resultados, a baixa transparência e a abrangência

dos balanços sociais.

Neste sentido, identificou-se que é crescente o número de empresas brasileiras que

divulgam relatórios de sustentabilidade, balanços sociais ou informações que se relacionem com

sua responsabilidade social e ambiental, na pesquisa 8% das empresas não fizeram nenhum tipo

de publicação a esse respeito, se identificou também que não há datas exatas para a divulgação

das informações, foi observado que o modelo mais utilizado pelas organizações analisadas foi o

GRI.

Dentre as empresas analisadas verificou-se que todas as empresas do setor de energia

elétrica divulgam informações sociais e ambientais, isso ocorre pelo fato de que a Aneel através

da Resolução nº 444/2001obriga que elas façam esse tipo da balanço social.

Com relação ao crescimento auferido a titulo de receitas liquidas, operacionais e folha de

pagamento bruta, observou-se que houve um crescimento de 13,84% na receita liquida, em

contrapartida o resultado operacional caiu 10,26%, com relação a folha de pagamento houve

crescimento 16,03%, porém o número de funcionários aumentou 1,01% , significando que houve

um aumento nos salários.

Consolidando as receitas e os investimentos das 21 empresas que utilizaram o modelo

Ibase, constatou-se que em 2011 o crescimento em indicadores sociais e ambientais foi

proporcional ao da receita liquida auferido pelas empresas, porém foi desproporcional ao

resultado operacional, uma vez que este apresentou queda.

Em indicadores sociais internos notou-se que embora o resultado operacional tenha caído,

houve aumento de 13,98% nestes investimentos, percentual proporcional ai crescimento da

receita liquida. Com relação a participação nos lucros e resultados somente a empresa Petrobras

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distribui cerca de R$ 1,5 bilhões. No que tange a cultura 50% das empresas não realizaram

investimentos, optando por fazê-los nos indicadores sociais externos, onde podem utilizar-se de

benefícios fiscais como o concedido pela Lei Rouanet. As empresas Usiminas e Eletronorte não

concedem aos seus colaboradores creche ou auxílio creche, o mesmo ocorre com o item

educação nas empresas Oi/Telemar e Comgás sendo que essa ultima também não investe na

segurança e saúde de seus funcionários.

Com relação aos indicadores sociais externos acrescido de tributos apresentou-se

crescimento de 17,83%, porém quando excluímos os tributos e só consideramos as contribuições

a sociedade o crescimento foi de 4,5%, ou seja, o maior crescimento apresentou-se no

recolhimento de impostos aos cofres públicos. Vale ressaltar ainda que neste quesito algumas

empresas consideram como investimento externos, valores devidos a titulo de imposto de renda e

destinados ao FIA, induzindo os stakeholders acreditarem que esses valores são utilizados em

projetos sociais supervisionados e elaborados em parceria, ressalte-se, porém, que essa

destinação de 1% do IR devido, é utilizado em projetos supervisionados pelo FIA, em que a

empresa não possui qualquer responsabilidade ou participação. Comparando esta pesquisa com

a realizada por Oliveira (2005) de 2002 para 2010 investiu-se 7 vezes mais.

Com relação as qualidade dos balanços sociais identificou-se um problema com relação a

padronização, pois mesmo os relatórios baseados no modelo Ibase, apresentaram deficiências e

omissões, tendo em vista quer algumas as empresas deixaram de evidenciar algumas

informações, principalmente no que tange aos investimentos em indicadores sociais

externos/contribuições a sociedade ou o fizeram de maneira superficial, sem explicitar claramente

em que projetos fazem seus investimentos.

Os investimentos em meio ambiente relacionados com a produção e operação da empresa

cresceram 17,78%, somente as empresas Usiminas, CEMIG e Coelba trazem algumas

informações sobre que desenvolvem, sendo que a Coelba e a Eletronorte desenvolvem projetos

de educação ambiental com seus colaboradores e divulgam informações de seus passivos

ambientais. Sendo assim, as empresas em sua maioria não explicitam em que projetos foram

feitos investimentos, mesmo aquelas com alto potencial de poluição não deixam claro como

aplicam parte de suas receitas para a redução do impacto ambiental causado por suas atividades.

Em investimentos ambientais externos houve uma queda de 33,32%, isso aconteceu em

decorrência da Petrobras e da CPFL Paulista, terem diminuído seus investimentos individuais

33%. Somente a empresa Oi/Telemar não efetuou desembolso nesse item. Observou-se ainda

que as empresas do setor de energia aparecem em destaque, por incluírem neste indicador seus

programas de pesquisa e desenvolvimento, eficiência energética e eletricidade rural.

Constatou-se que existe baixa utilização das notas explicativas, assim como ausência de

validação do balanço social por auditoria e informação do responsável pela elaboração do

documento, esses itens trariam maior confiabilidade aos números apresentados.

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A publicação de balanços sociais, embora seja uma iniciativa louvável por parte das

organizações, não garante a necessária transparência, uma vez que nem sempre as ações

negativas são claramente evidenciadas, como é o casso de passivos trabalhistas e ambientais.

Por todo exposto, conclui-se que, uma legislação que torna-se o Balanço Social de

publicação obrigatória, assim como padronização dos relatórios, permitiria maior grau de

comparabilidade e transparência, oferecendo maior credibilidade as informações divulgadas

fazendo com que os interessados confiem nos resultados apresentados, fazendo com que a

pratica de omitir resultados negativos e a potencialização de resultados positivos diminuíssem ou

acabassem.

Conclui-se este estudo, averiguando que, apesar dos grandes avanços constatados nos

últimos anos, corroborados pelo crescente número de empresas que estão divulgando seus

Balanços Sociais, ainda há muito a ser feito por parte das mesmas para melhorar a qualidade do

processo de evidenciação de suas ações sociais, sendo assim há muito espaço para pesquisas

que se relacionem com utilização do balanço social, com a forma de evidenciação das

informações sociais e ambientais, como essas informações são utilizadas pelos stakeholders.

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