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DA APLICAÇÃO IMEDIATA D O S DIREITOS FUNDAMENTAIS N A S R E L A Ç Õ E S DE T RABALHO ANA CLÁUDIA PIRES FERREIRA DE LIMA‘*> 1.INTRODUÇÃO U m ordenamento jurídico deve ser aplicado de acordo c o m os valores e m a n a d o s d e sua lei suprema, qual seja, a Constituição. A Constituição brasileira de 1988 erigiu os direitos fundamentais à sua m á x i m a importância, tanto é que os posicionou e m primeiro plano, antes de dispor sobre a organização do Estado, além de atribuir-lhes a condição de cláusula pétrea (art. 60, § 4o, IV). Estabeleceu, ainda, e m seu art. 5°, §§ 1o e a aplicação imediata d a s n o r m a s definidoras d o s direitos e garantias fundamentais, b e m c o m o o reconhecimento de outros direitos e garantias que não estejam nela expressos, decorrentes do regime e dos princípios adotados pela m e s m a ou por tratados internacionais e m que a República Federativa do Brasil seja parte. A dignidade da pessoa humana, adotada c o m o fundamento d a R epú blica Federativa d o Brasil n o art. 1o, III d e sua Constituição, exprime a essên cia dos direitos fundamentais, da qual todos os outros decorrem. N a s judi ciosas lições de Daniel Sarmento, "o princípio da dignidade da pessoa h u m a n a exprime, e m t e r m o s jurídicos, a m á x i m a Kantiana, s e g u n d a (sic) a qual o H o m e m deve sempre ser tratado c o mo u m fim e m si m e s m o e nunca c o m o u m melo. O ser humano precede o Direito e o Estado, que a p e n a s s e justificam e m r a zã o dele.” (g.n.)"’ A Constituição, portanto, t e m a finalidade d e tutelar a p e s s o a h uma na, devendo o princípio da dignidade da pessoa h u m a n a ser aplicado e m s u a plenitude, inclusive nas relações privadas, u m a vez q ue "a opressão e a violência contra a pessoa provêm não apenas do Estado, mas de uma (') JuízadoTrabalhoSubstituíadoTRT da 15°Região.MestrandanoCentrode Pós-Graduaçãoda InstituiçãoToledo de Ensino de Bauru — SP ',áteade concentração'. SistemaConstitucionalde Garantiade Direitos). (1) Sarmento, Daniel. A ponderaçãode interessesna constituiçãolederal.Riode Janeiro:Editora Lumen Juris,2002, p.59.

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Page 1: ANA CLÁUDIA PIRES FERREIRA DE LIMA‘*>

DA APLICAÇÃO IMEDIATA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES DE TRABALHO

ANA CLÁUDIA PIRES FERREIRA DE LIMA‘*>

1. INTRODUÇÃOU m ordenamento jurídico deve ser aplicado de acordo c o m os valores

e m a n a d o s de sua lei suprema, qual seja, a Constituição.A Constituição brasileira de 1988 erigiu os direitos fundamentais à

sua m á x i m a importância, tanto é q u e os posicionou e m primeiro plano, antes d e dispor sobre a organização do Estado, além de atribuir-lhes a condição de cláusula pétrea (art. 60, § 4 o, IV). Estabeleceu, ainda, e m seu art. 5°, §§ 1o e 2° a aplicação imediata das normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais, b e m c o m o o reconhecimento de outros direitos e garantias que não estejam nela expressos, decorrentes do regime e dos princípios adotados pela m e s m a ou por tratados internacionais e m que a República Federativa do Brasil seja parte.

A dignidade da pessoa humana, adotada c o m o fundamento d a R e p ú ­blica Federativa do Brasil no art. 1o, III d e sua Constituição, exprime a essên­cia dos direitos fundamentais, da qual todos os outros decorrem. N a s judi­ciosas lições d e Daniel Sarmento, "o princípio d a dignidade d a pessoa h u m a n a exprime, e m termos jurídicos, a m á x i m a Kantiana, segunda (sic) a qual o H o m e m de ve s e m p r e ser tratado c o m o u m fim e m si m e s m o e n u n c a c o m o u m melo. O ser h u m a n o precede o Direito e o Estado, que apenas se justificam e m razão dele.” (g.n.)"’

A Constituição, portanto, tem a finalidade d e tutelar a pessoa h u m a ­na, devendo o princípio da dignidade d a pessoa h u m a n a ser aplicado e m sua plenitude, inclusive nas relações privadas, u m a vez que "a opressão e a violência contra a pessoa provêm não apenas do Estado, mas de uma

(') Juíza do Trabalho Substituía do TRT da 15° Região. Mestranda no Centro de Pós-Graduação da Instituição Toledo de Ensino de Bauru — SP ',átea de concentração'. Sistema Constitucional de Garantia de Direitos).(1) Sarmento, Daniel. A ponderação de interesses na constituição lederal. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2002, p. 59.

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multiplicidade de atores privados, presentes em esferas como o mercado, a família, a sociedade civil e a empresa, a incidência dos direitos funda­mentais na esfera das relações entre particulares se torna imperativo in- contornável. ,,2)

A aplicação imediata dos direitos fundamentais torna-se cada vez mais necessária diante desse m u n d o giobaiizado, e m que se terceiriza a produ­ção para qualquer dos continentes do planeta e m que a m ã o de obra estiver mais barata, muitas vezes s e m se importar c o m os direitos sociais dos trabalhadores, visando exclusivamente ao maior lucro, s e m qualquer res­ponsabilidade social.

S e m se falar no alto número de trabalhadores no mercado informal, ainda c o m resquícios de trabalho escravo e m pleno século XXI, a ponto de assistirmos perplexos à execução de três fiscais e u m motorista do Ministé­rio d o Trabalho q u an d o investigavam denúncias de trabalho escravo na região do Município de Unaí, no interior de Minas Gerais, a m e n o s de 200 quilômetros de Brasília, ocorrido no dia 28 de janeiro último, presencia-se constantemente a burla dos direitos dos trabalhadores, que, diante do alto índice de desemprego, baixa escolaridade, e, até m e s m o , por desinforma­ção, assistem passivamente à violação de seus direitos.

Nesta época de constitucionalização do direito privado, c o m imposi­ção d e limites à autonomia privada para se preservar a dignidade da pes­soa humana, é u m paradoxo falar-se e m desregulamentação do direito do trabalho, quando, no dia a dia, n e m o mínimo legal é assegurado aos trabalhadores.

C o m o assegurar vida digna a u m me no r acidentado no trabalho, se a Constituição proíbe o trabalho ao me no r de 14 anos? C o m o garantir a efe­tividade de direitos trabalhistas a empregados de empresa que reiterada­me nt e os descumpre?

A tutela da pessoa humana, finalidade maior da Constituição, d e ­monstra a relevância do tema, no sentido de se buscar os meios para pos­sibilitar a aplicação imediata das normas constitucionais de direitos funda­mentais nas relações de trabalho, m e s m o na ausência de legislação infra- constitucional regulamentadora.

2. A P L I C A Ç Ã O D O S DIREITOS F U N D A M E N T A I S N A E S F E R A P R I V A D A

O Estado Liberal, ao.conceber os direitos fundamentais c o m o direito de defesa do indivíduo frente ao Estado, para que este observasse os direi-

(2) SARMENTO, Daniel. “A vincuíação dos particulares aos direitos fundamentais no direito com­parado e no Brasil". A nova interpretação constitucional: ponderação, direitos fundamentais e relações privadas. Rio de Janeiro: Renovar, 2003, pp. 193-194.

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tos e garantias individuais, não intervindo na vida privada do indivíduo, tra­çou u m marco divisorio entre o público e o privado.

Atualmente, os direitos fundamentais são opostos não somente e m face d o Estado, m a s t a m b é m diante de particulares, u m a vez que t a m b é m estes d e v e m respeitar os direitos fundamentais, m o rmente a dignidade da pessoa humana. Assim, toda relação humana, quer seja entre particular e ente público ou entre particulares, deve se pautar e m valores éticos, respei­tando os direitos inerentes ao h o m e m , tais c o m o a vida, a liberdade, a igualdade, a dignidade etc.

Defendendo a tese de que o h o m e m deve ser livre não somente p e ­rante o Poder Público, m a s t a m b é m perante toda a sociedade, Norberto Bobbio assim dispôs:

N o importa tanto que el individuo sea livre ‘respecto del Estado' si después no es livre ‘en la sociedad’. N o importa que el Estado sea liberal si después la sociedad subyaciente es despótica. N o importa que el individua sea livre políticamente se no lo es socialmente (...). Y, entonces, para llegar al corazón del problema de la libertad, es nece­sario dar un paso atrás: del Estado a la sociedad civil.131Nesta sociedade tão complexa, não basta a observância dos Direitos

H u m a n o s tão-somente nas relações públicas, ou seja, e m q u e o Estado seja parte (segundo a concepção antiga d o direito de resistência do indiví­duo diante d o Estado), sendo imprescindível o respeito aos direitos h u m a ­nos e m toda e qualquer relação, pública ou privada. Daí, se falar e m horizon- tallzação dos direitos humanos, ou seja, a observância destes na relações entre particulares:

Faia-se e m eficácia horizontal dos direitos fundamentais, para su­blinhar o fato de que tais direitos não regulam a p en a s as relações verticais d e poder q u e se estabelecem entre Estado e cidadão, m a s incidem t a m b é m sobre relações mantidas entre p e s s o a s e entidades não estatais, que se encontram e m posição d e igualda­d e formal.141Dentre as teorias a respeito da eficácia dos direitos fundamentais nas

relações privadas v a m o s examinar: 1) a da negação da aplicação dos direi­tos fundamentais na esfera privada, relativizada c o m a teoria Stefe Action e a public functíon theory-2) a teoria da eficácia indireta e mediata dos direitos fundamentais na esfera privada, e 3) a teoria da eficácia direta e imediata dos direitos fundamentais na esfera privada.

(3) BOBBIO, Norberto. Igualdad y libertad. Trad. Pedro Aragón Rincón, Barcelona: Ediciones Paidós, 1993, p. 143.(4) SAHMENTO, Daniel, “A vincuiação dos particulares aos direitos fundamentais no direito com­parado e no Brasil". A nova interpretação conslilucional: ponderação, direitos fundamentais e relações privadas, op. cil, p. 5.

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2.1. A tese d a n ã o vinculação d o s particulares a o s direitos fundamentais e a doutrina d a State ActionS e g u n d o a doutrina liberal clássica, os direitos fundamentais somente

eram aplicados e m face do poder público, sob a concepção de limite ao exercí­cio do poder estatal, não se destinando a reger relações entre particulares.

Até hoje, a teoria da State Action, ou seja, de que os direitos fundamen­tais somente p o d e m ser opostos e m face do poder público, é aplicada pela doutrina e jurisprudência norte-americana, canadense e suíça, sob o funda­mento de que o Direito Constitucional (que alberga os direitos fundamentais) não pode destituir a identidade do direito privado, este, sim, regulador das relações privadas, onde prevalece o princípio da autonomia individual.

Curiosamente, as ações afirmativas tiveram origem n u m Estado que ne ga a oposição dos direitos fundamentais a particulares. A negação da horizontalização dos direitos fundamentais se dá sob o fundamento de que os direitos fundamentais, previstos na Constituição Norte-americana, im­p õ e m limitações a p en a s para os Poderes Públicos e não atribuem aos particulares direitos diante de outros particulares c o m exceção apenas da 13° Emenda, que proibiu a escravidão.

T a m b é m são invocados outros argumentos teóricos para a doutrina da não oposição dos direitos fundamentais aos particulares, tais c o m o a autonomia privada e o pacto federativo. E m relação a este, ressalta-se que nos Estados Unidos compete aos Estados, e não à União, legislar sobre Direito Privado, a não ser quando a matéria normatizada envolva o comércio interestadual ou internacional. Afirma-se, pois, que a State action preserva o espaço de autonomia dos Estados, impedindo que as cortes federais, a pretexto d e aplicarem a Constituição, intervenham na disciplina das rela­ções privadas.15*

A doutrina da State action, ou seja, da oposição dos direitos fundamen­tais somente perante o Poder Público, sofreu algumas atenuações a partir da década de 40, passando a S u p r e m a Corte a adotar a c h a m a d a pubiic func- tion theory, "segundo a qual quando particulares agirem no exercício de atividades de natureza tipicamente estatal, estarão t a m b é m sujeitos às li­mitações constitucionais”.'61 Esta teoria permitiu a oposição de direitos fun­damentais e m face d e e m pr e s a s privadas concessionárias de serviços públicos, tendo a S u p r e m a Corte americana t a m b é m a aplicado para vincu­lar partidos políticos ao princípio da igualdade, diante da recusa de alguns comitês dos estados do sul dos E U A e m admitir a filiação ou a participação de pessoas negras e m suas eleições primárias, b e m c o m o para reconhe­cer a ilicitude da negativa de acesso aos negros a u m parque privado, m a s

(5) ibióem, p. 228.(6) Ibidem, p. 201.

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aberto ao público; tendo reconhecido t a m b é m a Iiicitude da proibição de pregação por parte de testemunhas de Jeová nas terras de u m a empresa, constituída por ruas, residências, estabelecimentos comerciais, enfim, u m a verdadeira “cidade privada", equiparando-se, portanto, a o Estado.(7)

A doutrina da sfafe action v e m sofrendo várias críticas. A propósito, o comentário de d. Kairys: "na esfera pública (...) conceitos básicos de liberda­de, democracia e igualdade são aplicáveis. No entanto, na esfera privada, que inclui quase toda a atividade econômica, nós não permitimos nenhuma democracia ou igualdade, apenas a liberdade para comprar e vender Prevalece a regra da soberania do Mercado.

Erwin Chemerinsky propõe que a teoria d a sfafe action deveria ser substituída por u m modelo de ponderação, no qual os tribunais avaliariam, diante d e cada caso, o que seria mais importante proteger: a liberdade individual do ator privado ou os direitos da suposta vítima do seu comporta­mento. N o m e s m o sentido, John E. Nowak e Ronald D. Rotunda, segundo os quais a incidência dos direitos fundamentais nas relações privadas de­veriam não ser equacionada pela busca de u m coeficiente mínimo de ação estatal envolvido no caso e m discussão, m a s sim por meto de u m a ponde­ração de interesses — balancig test, ponderando-se, de u m lado, a liberda­de daquele particular para agir da torma contestada, e, do outro, o direito do terceiro supostamente lesado.(9)

A jurisprudência americana “admite atualmente a competência da União para legislar sobre direitos h u m a n o s m e s m o q u an d o n e n h u m ator estatal esteja envolvido, o que ocorreu c o m a promulgação de diversos diplomas na década de 60, na fase áurea do movimento e m prol dos direi­tos civis nos EU A, dentre os quais destaca-se ò Civil Rights Act de 1964."*1Q|

Entretanto, a jurisprudência americana oscila na aplicação da public function theory, a exemplo do caso Columbia Broadcasting System v. De­mocratic Nacional Committee, no qual “o fato de as redes de rádio e televi­são nos E U A sujeitarem-se ao licenciamento e à regulamentação do gover­n o federal não bastava para vinculá-las aos direitos constitucionais, e, b a ­seada neste entendimento, rechaçou a alegação de que a C B S estaria vio­lando liberdades constitucionais, ao se recusar a admitir propaganda paga d e grupos pacifistas contra a Guerra do Vietnam.”*") Outro caso e m que houve retrocesso no sentido de dar caráter privado a certas atividades outro-

(7) Ibidem.pp. 201-202.(8) KAIRYS, 0 . The politics of law. New York: Pantheon Books, 1982, p. 151, apud SARMENTO, Daniel, op. ell. p. 206.(9) SARMENTO, Daniel, op. cil., pp. 208-209.(10) Ibidem, p. 229.(11) Ibidem, p. 233.

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ra consideradas públicas é o Rendell-Baker v. K o h n {457 U S 830 — 1982), “e m que a Corte julgou não ser dever do Estado coibir discriminação erri u m a escola privada, m e s m o quando essa escola opera sob contrato gover­namental para cumprir certas obrigações no que concerne à educação es­pecial de parcela de seus estudantes."'121

Joaquim B. Barbosa G o m e s conclui que a doutrina da “ação governa­mental” — c o m o denomina a State Aclion, tem hoje a sua síntese explicativa na seguinte parte do julgamento proferido pela S u p r e m a Corte no caso Lugar v. E d m o n d s o n Oil C o (457 U S 922 — 1982):

Nossos precedentes têm insistido e m que a conduta supostamente causadora da privação de u m direito constitucional (federa!) seja razoa­velmente atribuível ao Estado. Esses precedentes traduzem u m a abordagem bipolar do problema da 'atribuição razoável’. E m primeiro lugar, a privação tem que decorrer do exercício de algum direito ou prerrogativa criada pelo Estado ou por u m a pessoa pela qual o Estado seja responsável. (...) E m segundo lugar, a pessoa acusada d e cau­sar a privação há de ser alguém de q u e m razoavelmente se possa dizer que se trata de u m ‘ator estatal’. Isto por ser ele u m a autoridade do Estado, por ter atuado juntamente c o m u m a autoridade estatal ou por ter obtido significativa ajuda de agentes estatais, ou porque a sua conduta é de alguma forma atribuível ao Estado.(,3)Barbosa Gomes ensina que para complementar a doutrina da “ação

governamental” é preciso conjugá-la c o m os dispositivos do Estatuto dos Direi­tos Civis de 1964, sendo que o empecilho dessa doutrina (da “Ação Governa­mental”) à oposição dos direitos fundamentais diante de particulares tem sido contornado graças a soluções e m an a d a s do Judiciário e do Congresso, que v ê m outorgando aos órgãos competentes os poderes necessários ao c o m b a ­te à discriminação praticada na esfera privada. “Dentre os diversos instrumentos de atuação nessa área destaca-se a utilização pelo Congresso da c h a m a d a Cláusula de Comércio, do seu poder de regulamentar e implementar os dispo­sitivos da Constituição (‘Enforcemente Power') e do poder de tributar e de dis­por sobre o dispêndio de recursos públicos (Taxirtg and Spending Power').’,l,4>

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2.2. Teoria da eficácia indireta e mediata dos direitos fundamentais nas relações privadasEssa teoria, desenvolvida na doutrina alemã por Günter Dürig e m 1956,

consiste e m dar aos direitos fundamentais u m a dimensão objetiva, ou seja, os direitos fundamentais exprimem u m a o r de m de valores que se irradia 12 13 14

(12) GOMES, Joaquim B. Barbosa. Ação Afirmativa e Princípio Constitucional da Igualdade. Rio de janeiro: Renovar, 2001. p. 88.(13) Ibidem, pp. 88-89.(14) Ibidem, pp. 89-90.

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por todos os c a m p o s do ordenamento, inclusive sobre o Direito Privado, cujas normas têm de ser interpretadas ao seu lume.

Juan María Bilbao Ubillos critica c o m propriedade a teoria da aplica­ção mediata e indireta dos direitos fundamentais — que condiciona a apli­cação dos direitos fundamentais à intermediação pelo legislador ordinário:

A nuestro juicio, u m derecho cuyo reconocimiento depende del legis­lador, no es u m derecho fundamental. E s u m derecho de rango legal, simplemente. El derecho fundamental se define justamente por la ¡ndisponibilidad de su contenido por el legislador. N o parece c o m p a ­tible con esta caracterización la afirmación de que los derechos funda­mentales sólo operan (entre particulares) cuando el legislador así lo decide.1151

2.3. Teoria d a eficácia direta e imediata d o s direitos fundamentais nas relações privadasDiscorrendo sobre a teoria da eficácia direta dos direitos fundamen­

tais n a esfera privada, Daniel Sarmentd'*1 ensina que a m e s m a foi primeira- mente defendida por Hans Cari Nipperdey, a partir do início da década de 50, na Alemanha. S u a teoria consistia e m que alguns direitos f u nd a m e n ­tais, pela sua natureza, poderiam ser invocados diretamente nas relações privadas, independentemente de qualquer mediação por parte d o legisla­dor, sob o fundamento que as a m e a ç a s aos direitos fundamentais no m u n ­do contemporâneo não provêm apenas do Estado, m a s t a m b é m dos pode­res sociais e de terceiros e m geral. Seguindo a doutrina de Nipperdey, Waíler Letsner defendeu a idéia de que, pefa unidade da ordem jurídica, não seria admissível conceber o Direito Privado c o m o u m gueto, à m a r g e m da Constituição e dos direitos fundamentais.

3. D A N O V A H E R M E N Ê U T I C A JURÍDICA C O N S T I T U C I O N A L

José Joaquim Gomes Canotilho aponta a superação da dicotomia eficácia mediata/eflcácia imediata a favor de soluções diferenciadas:

Reconhece-se, desde logo, que a problemática da c h a m a d a “eficácia horizontal" se insere no âmbito da função de protecção dos direitos fundamentais, ou seja, as normas consagradoras dos direitos, liber­dades e garantias e direitos análogos constituem ou transportam prin­cípios de ordenação objectiva — e m especial, deveres de garantia e 15 16

(15) BILBAO UBILLOS, Juan Maria. La eficacia de los derechos fundamentales fronte a particulares. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales. 1997, p. 297.(16) Sarmento. Daniel. “A vinculação dos particulares aos direitos fundamentais no direito compa­rado e no Brasil". A nova interpretação constitucional: ponderação, direitos fundamentais e relações privadas. Op. cit., p. 2 2 0.

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d e protecção do Estado — que são t a m b é m eficazes na or de m jurídi­ca privada (K. Hesse). Esta eficácia, para ser compreendida c o m ri­gor, deve ter e m consideração a multifuncionalidade ou pluralidade de funções dos direitos fundamentais, d e forma a possibilitar soluções diferenciadas e adequadas, consoante o "referente” de direito funda­mental que estiver e m causa no caso concreto. (...) ...a procura de soluções diferenciadas deve tomar e m consideração a especificidade do direito privado, por u m lado, e o significado dos direitos fundamen­tais na or de m jurídica global por outro.1'71Canotilho explica que as soluções diferenciadas a encontrar não po­d e m hoje desprezar o valor dos direitos, liberdades e garantias c o m o elementos d e eficácia conformadora imediata d o direiios privado, não podendo, de m o d o algum, acobertar u m a "dupla ética no seio da sociedade” (J. Rivera). Cita c o m o exemplo da “dupla ética” a consi­deração c o m o violação d a integridade física e moral a exigência de testes d e gravidez às mulheres que procuram e m p r e g o na função pública, e, ao m e s m o tempo, a tolerância e aceitação dos m e s m o s testes q u an d o o pedido de e m pr e g o é feito a entidades privadas, e m n o m e d a “produtividade das empresas” e d a “autonomia contratual e empresarial”.t,8)Ressalta-se que a aplicação de direitos fundamentais diante d o Esta­

do deve ser distinguida da aplicação de direitos fundamentais entre particu­lares, u m a vez que nesta relação jurídica a m b o s os pólos são titulares de direitos fundamentais, s e nd o que a “medida" d a incidência dos direitos fundamentais e m cada caso, nas palavras de Robert Alexy,(19> “u m proble­m a de colisão”.

Conforme José Carlos Vieira de Andrade, há colisão ou conflito s e m ­pre que a Constituição proteger, simultaneamente, dois valores ou bens e m contradição concreta. C o m o solução para a colisão de direitos, Luís Rober­to Barroso explica a técnica da ponderação de bens:

A doutrina mais tradicional divulga c o m o meca n i s m o adequado à so­lução de tensões entre normas a c h a m a d a ponderação de bens ou valores. Trata-se de u m a ilnha de raciocínio que procura identificar o b e m jurídico tutelado por cada u m a delas, associá-lo a u m determina­do valor, isto é, ao princípio constitucional a o qual se reconduz, para, então, traçar o âmbito d e incidência de cada norma, s e mp r e tendo c o m o referência m á x i m a as decisões fundamentais do constituinte. A 17 18 19

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(17) CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria daConstiluição.Coimbra: Livraria Almedina, 2003,7a ed., p1289.(18) Ibidem, p. 1294.(19) ALEXY. Robert. Teoria délos derechos fundamentales. Tradução de Ernesto Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estúdios Constitucionales, 1993, p. 511.

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doutrina tem rejeitado, todavia, a prederterminação rígida da ascen­dência de determinados valores e bens jurídicos, c o m o a que resulta­ria, por exemplo, da absolutização da proposição in dubio pro liberta- te. S e é certo, por exemplo, que a liberdade deve, de regra, prevalecer sobre meras conveniências do Estado, poderá ela ter de ceder, e m determinadas circunstâncias, diante da necessidade de segurança e de proteção da coletividade.*20»O método de balanceamento, assim c o m o toda interpretação jurídica, deve ser analisado de acordo c o m o caso concreto (direitos e m confli­to), pois o b e m que prevalecer n u m determinado caso pode ser relega­do para segundo plano diante das circunstâncias de outro caso. Nos dizeres de Canotilho, “é indispensável a justificação e motivação da regra de prevalência parcial assente na ponderação, devendo ter-se e m conta sobretudo os princípios constitucionais da igualdade, da jus­tiça, da segurança jurídica.”... ”0 apelo à metódica de ponderação é, afinal, u m a exigência de solução justa de conflitos entre princípios.",2,)O método da ponderação de bens ou valores deve ser aplicado e m

conjunto c o m os princípios da unidade da Constituição e os postulados da razoabilidade e da proporcionalidade. Estes últimos d e v e m orientar o juízo de ponderação na distribuição dos custos do conflito, no sentido de que o sacrifício imposto a u m a das partes seja razoável e não seja proporcional­mente mais intenso do que no benefício auferido pela outra parte.

Luís Roberto Barroso ressalta que as normas jurídicas e m geral, e específicamente as normas constitucionais, não trazem e m si u m sentido único, objetivo, válido para todas as situações sobre as quais incidem, ca­bendo ao intérprete u m papel criativo na sua concretização.”20 21 (22) 23

Lenio Luiz Street preconiza a Constituição dotada de u m a "força normativa, dirigente, programática e compromissária", sendo que o proces­so de interpretação dos textos normativos do sistema depende do sentido que temos da Constituição:

De ss e modo, fazer jurisdição constitucional não significa restringir o processo hermenêutico ao e x a m e da parametricidade formal de tex­tos infraconstitucionais c o m a Constituição. Trata-se, sim, de compre­endera jurisdição constitucional como processo de vivicação da Consti-

(20) BARROSO, Luís Roberto. — Interpretação e aplicação da constituição, São Paulo: Saraiva, 1999, p. 192.(21) CANOTILHO, op. cit., p. 1113.(22) Barroso, Luís Roberto & Ana Paulo de Barcollos. 'O começo da história. A nova Interpretação constitucional e o papel dos princípios no direito brasileiro." A nova interpretação constitucional: ponderação, direitos tundamentais e relações privadas. Rio de Janeiro: Renovar. 2003, pp. 331-332.(23) Constitucionalizando Direitos: 15 anos da constituição brasileira de 1938/ Fernando Facury Scaff (org.). — Rio de Janeiro: Renovar, 2003. Lenio Luiz Streck. “Análise Criticada Jurisdição constitucional e das possibilidades hermenêuticas de concretização dos direitos íundamentais, p. 142.

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tuição na sua materialidade, a partir desse novo paradigma instituído pelo Estado Democrático de Direito.

Entendo, assim, que a justiça constitucional deve assumir u m a postura intervencionista, longe da postura absenteísta própria do modelo libe- ral-individualista-normativista que permeia a dogmática jurídica brasi­leira. A toda evidência, quando estou falando de u m a função intervencio­nista do Poder Judiciário, não estou propondo u m a (simplista) judiciali- zação da política e das relações sociais (e nem a morte da política).

Q u a n d o falo e m “intervencionismo substancialista”, refiro-me ao c u m ­primento dos preceitos e princípios ínsitos aos Direitos F u n d a m e n ­tais Sociais e ao núcleo político do Estado Social previsto na Consti­tuição de 1988, donde é possível afirmar que, na inércia dos poderes encarregados precipuamente de implementar as políticas públicas, é obrigação constitucional do Judiciário, através da jurisdição constitu­cional, propiciar as condições necessárias para a concretização dos direitos sociais-fundamentais."|24i

4. O S DIREITOS F U N D A M E N T A I S N A S R E L A Ç Õ E S D O T R A B A L H O

A s diversas teorias sobre a aplicação dos direitos fundamentais (apli­cação imediata e direta; mediata e indireta e o dever de proteção do Estado) têm c o m o pano de fundo o m e s m o questionamento da postura do Judiciá­rio na solução de conflitos: este deve assumir u m a posição de neutralidade, ou deve desempenhar u m papel transformador, no sentido de se dar efeti­vidade à Constituição?

O Poder Judiciário trabalhista, buscando a efetividade d a tutela juris- dicional, tem adotado posição de vanguarda na defesa dos direitos funda­mentais, d e s e m p e n h a n d o u m papel transformador, concretizando os direi­tos fundamentais m e s m o diante da omissão d o legislador ordinário. D e n ­tre alguns casos práticos, p o d e m o s citar:

a) a concessão de liminar e m Aç ão Civil Pública decretando a inter­venção na administração de empresa para forçá-la ao cumprimento da le­gislação trabalhista que vinha desrespeitando reiteradamente, tendo c o m o u m de seus argumentos o não cumprimento de sua função social e o avilta­mento à dignidade dos trabalhadores;1251 b) a determinação ao IN SS de ex- 24 25

(24) Ibidem, pp. 155/15B.(25) Decisão proferida pelo MM. Juiz do Trabalho Levi Rosa Tomé, nos autos da Ação Civil Pública promovida pelo Ministério Público da União em face de Sobar S/A Álcool e Derivados, Sobar S/A Agropecuária, Agrobau Prestação de Serviços S/C Ltda. (sucessora de Agrobau — Agropecuária Ltda.), Petroforto Brasileiro de Petróleo Ltda., Ari Natalino da Silva, Débora Aparecida Gonçalves, Herick da Silva e Aparecida Maria Pessuto da Silva, Vara de Trabalho de Ourinhos-SP.

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pedição de C T P S a m e no r que sofreu acidente de trabalho para ter as mes- m a s proteções inerentes a qualquer trabalhador, urna vez que a finalidade d a no rm a que proibe o trabalho ao m e no r é a de protegê-lo, não podendo ser interpretada e m seu prejuízo,(2Í) e c) ressalta-se, ainda, que se tornou pacífica na jurisprudencia a aplicação imediata do art. 5 o, X da Constituição Federal, referente à condenação e m indenização por danos morais.

A mais aita corte brasileira t a m b é m tem aplicado, de forma direta, os direitos fundamentais para dirimir conflitos de caráter privado, Inclusive nas relações trabalhistas:

C O N S T I T U C I O N A L . T R A B A L H O . PRINCÍPIO D A I G U A L D A D E . T R A B A ­L H A D O R B R A S I L E I R O E M P R E G A D O D E E M P R E S A E S T R A N G E I R A : E S T A T U T O S D O P E S S O A L D E S T A : A P L I C A B I LI D A D E A O T R A B A L H A ­D O R E S T R A N G E I R O E A O T R A B A L H A D O R B R AS I L E I RO . C.F, 1967, art. 153, p. 1 r CF., 1988, art. 5 o, capulI — A o recorrente, por não ser francês, não obstante trabalhar para empresa francesa, no Brasil, não foi aplicado o Estatuto d o Pessoal d a Empresa, que concede vantagens aos empregados, cuja aplicabi­lidade seria restrita ao empregado de nacionalidade francesa. Ofensa aq princípio da igualdade: (C.F., 1967, art. 153, p. 1, CF, 1988, art. 5o, caput)

II — A discriminação que se baseia e m atributo, qualidade, nota intrín­seca ou extrínseca do indivíduo, c o m o o sexo, a raça, a nacionalidade, o .credo religioso, etc., é inconstitucional. Precedente do STF: A g 110.846 (AgRg) — PR, Célio Borja, R T J 119/465. (RE n. 161.243-6/DF, 1996, STF, 2a Turma, Rei. Min. Carlos Mário Velloso).

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5. C O N C L U S Ã O

Considerando-se que a Constituição brasileira tem por finalidade tu­telar a pessoa h u m a n a , reconhecendo-lhe direitos fundamentais (estes, indisponíveis, por natureza) e atribuindo ao Poder Judiciário a função de “guardião” d a Constituição, defende-se a atuação d o Judiciário n u m papel transformador, saindo do ap eg o ao positivismo jurídico, e m que somente poderia dar eficácia às n o rm a s constitucionais se regulamentadas pelo legislador ordinário.

O s direitos fundamentais d e v e m ser aplicados de forma direta e ime­diata (art. 5°, §§ 2°, d a CF) t a m b é m nas relações de trabalho, c o m a conces­são d e u m a tutela jurisdicional efetiva (que t a m b é m é u m direito fundamen- 2

(2S) Sentença proterida nos autos do processo 784/01-3, da Vaiado Trabalho de ítapeva, pela MM. Juíza do Trabalho Substituta Márcia Cristina Sampaio Mendes.

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DOUTRINA NACIONAL 199

tal — art. 5o, X X V ) m e s m o diante da omissão do legislador e m regulamentar o exercício de direitos fundamentais.

H a v e n d o conflito de direitos fundamentais, deve-se recorrer à No va Hermenêutica Jurídica Constitucional, c o m a utilização do método da pon­deração de bens e os postulados da proporcionalidade e da razoabilidade para que, diante das peculiaridades de cada caso, possa-se concretizar o direito e m harmonia c o m os valores adotados pela Constituição.

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