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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO
DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA
SEQUÊNCIA DIDÁTICA USANDO O GEOGEBRA NA
APRENDIZAGEM DE FUNÇÃO QUADRÁTICA NO ENSINO
FUNDAMENTAL II
ELVÉCIO PEREIRA LIMA
MANAUS- AM
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS
ELVÉCIO PEREIRA LIMA
SEQUÊNCIA DIDÁTICA USANDO O GEOGEBRA NA
APRENDIZAGEM DE FUNÇÃO QUADRÁTICA NO ENSINO
FUNDAMENTAL II
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ensino de Ciências e
Matemática, da Universidade Federal do
Amazonas, para obtenção do título de
Mestre em Ensino de Ciências e
Matemática, linha de pesquisa
Tecnologias para Educação, Difusão e o
Ensino de Ciências e Matemática.
ORIENTADOR: PROF. Dr. Disney Douglas de Lima Oliveira
MANAUS- AM
2016
ELVÉCIO PEREIRA LIMA
SEQUÊNCIA DIDÁTICA USANDO O GEOGEBRA NA APRENDIZAGEM DE
FUNÇÃO QUADRÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL II
Aprovado em: 21 de Outubro de 2016.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Prof. Dr. Disney Douglas de Lima Oliveira (Presidente)
________________________________________________
Prof. Dr. Valtemir Martins Cabral (Membro externo)
__________________________________________________
Prof. Dr. Nilomar Vieira de Oliveira (Membro)
MANAUS- AM
2016
DEDICATÓRIA
Ao Deus Altíssimo a quem devo toda a honra e
glória, a Jesus de Nazaré que me resgatou da vida
de enganos, advogado fiel e justo, ao Espírito
Santo que permaneceu neste mundo e intercede
com gemidos inexprimíveis por todos nós;
Aos meus pais biológicos Jonas Xavier de Lima (in
memorian), Vitória Pereira Lima e aos meus pais
adotivos Roberto Ferreira Marques e Marina
Naveca Marques que me criaram e amaram;
Ao presente de Deus! Jéfersa da Fonseca Ferreira,
que quando a vi aos 10 anos, me encantei quando
éramos ainda criança e me completou quando
tinha 23 anos;
Fruto deste grande Amor, as minhas filhas
Amanda Lima e Samantha Lima, que sempre me
veem como guerreiro, persistente, herói;
As nossas famílias pelas orações e incentivos;
Ao professor Disney Douglas, orientador deste
trabalho, pelos seus conhecimentos, humildade,
paciência e atenção a mim dispensado.
AGRADECIMENTOS
Ao professor Dr. Saddo Ag Almouloud PUC-SP, pelo incentivo, envio de
materiais nos momentos que mais precisei não media esforço para me atender.
A professora Dra. Diana Maia, pelas orientações preciosas, incentivo, atenção,
nos momentos mais difíceis não mediu esforço para me atender.
Ao professor Dr. Leandro Oliveira, pelo incentivo nos momentos iniciais que
nos meus momentos turbulentos sempre me atendeu.
Ao professor Dr. Luiz Cerquinho, por ter acreditado, incentivado e me
levantado para que pudesse continuar a caminhada nos momentos incertos.
Ao professor Dr José Luiz de Souza Pio, pela paciência e dedicação ao me
incentivar a continuar.
Ao professor Ms. Anselmo Domingos, pela dedicação e competência em exercer
sua profissão, e sua colaboração nas informações sobre Função Quadrática.
A todos os colegas do programa de mestrado em Ensino de Ciências e
Matemática que estiveram comigo nessa trajetória.
As amigas Edilene Souza, Giskele Luz e aos amigos Rafael, Ricardo Souza,
Nixon, Willam pela amizade, companheirismo e incentivo.
A todos os professores do programa de mestrado em Ensino de Ciências e
Matemática que me apoiaram e me ajudaram a crescer profissionalmente.
A coordenação do curso de Pós- Graduação em Ensino de Ciências e
Matemática pelo apoio e incentivo nessa trajetória.
Ao diretor Maurício Teixeira da Escola Estadual Desembargador André Vidal
Araújo e aos alunos participantes da pesquisa, pelo empenho e dedicação.
RESUMO
LIMA, E. P. Sequência Didática Usando o GeoGebra na Aprendizagem de Função
Quadrática no Ensino Fundamental II. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-
Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. Universidade Federal do Amazonas.
Manaus, 2016.
O objetivo deste trabalho é identificar e analisar os obstáculos didáticos da
aprendizagem dos estudantes do ensino fundamental na construção do conhecimento
sobre o conteúdo de função quadrática, visando a superação com uma sequência
didática atrelada ao GeoGebra. Tomamos por hipótese de que somente a utilização da
abordagem e atividades do livro didático, pode causar obstáculos didáticos e a aplicação
de uma sequência didática, sobre função quadrática, voltada para os seus coeficientes e
parâmetros com translações de modo dinâmico, contribuirá para a superação do
obstáculo didático. Fundamenta-se nos princípios da Engenharia Didática com
gerenciamento na elaboração, aplicação de uma sequência didática e confronto entre a
análise a priori e a posteriori sobre a coleta de dados. Está embasada na Teoria das
Situações Didáticas de Brousseau e na Teoria dos Registros de Representação Semiótica
de Raymond Duval. A sequência didática orienta-se na pesquisa de Maia (2007) e um
Trabalho de Duval (2011) Gráficos e equações: a articulação de dois registros. A
ferramenta de ensino utilizada na sequência didática foi o GeoGebra, além do uso do
papel e lápis. A sequência foi aplicada a um grupo de cinco estudantes do 9º ano do
Ensino Fundamental II de uma escola pública estadual na cidade de Manaus-Amazonas.
Foram analisados os protocolos dos cinco estudantes que participaram de todas as
atividades. Os resultados obtidos nos levam a concluir que foram identificados e
analisados os obstáculos didáticos sobre função quadrática e que a sequência didática
em conjunto com o Geogebra foi fundamental na superação destes obstáculos.
Palavra- chaves: Função Quadrática; GeoGebra. Teoria das Situações Didáticas;
Registro de Representação Semiótica.
ABSTRACT
LIMA, E. P. Didactic Sequence Using GeoGebra in Quadratic Function Learning in
Secondary School. Masters dissertation. Graduate Program in Science and Mathematics
Teaching. Federal University of Amazonas. Manaus, in 2016.
The objective of this assignment is to identify and to analyze the didactic obstacles of
learning from students of elementary school in the construction of knowledge about the
content of a quadratic function, aiming to overcome with a teaching sequence linked to
GeoGebra. We hypothetically only the use of approach and activities of the textbook,
may cause learning obstacles in the application of a didactic sequence over quadratic
function, focused on its coefficients and parameters of translations dynamically that will
help to overcome of them. It is based on the principles of Didactic Engineering with
management in the development, application of a didactic sequence and confrontation
between the analysis a priori and a posteriori on data collection. It is grounded in the
Theory of Didactic Situations from Brousseau and in the Theory of Semiotics
Representation Registers from Raymond Duval. The didactic sequence is oriented in
Maia’s research (2007), and Duval’s assignment (2011) charts and equations: the
articulation of two records. The teaching tool used in the teaching sequence was
GeoGebra,besides the use of paper and pencil. The sequence was applied to a group of
five students from the 9th grade of elementary school II at a state public school in the
city of Manaus, Amazonas. The protocols of the five students who participated in all
activities were analyzed, and these achieved results lead us to conclude that the
educational obstacles were identified and analyzed on quadratic function and the
didactic sequence in conjunction with the Geogebra was essential in overcoming these
challenges.
Word- keys: Function Quadratic; Theory of Didactic Situations; Semiotics
Representation record.
Sumário
RESUMO ........................................................................................................................................ 8
ABSTRACT ...................................................................................................................................... 9
Lista de figuras ............................................................................................................................ 12
Lista de quadros .......................................................................................................................... 14
Lista de Protocolos ...................................................................................................................... 15
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES ................................................................................................ 17
Introdução ................................................................................................................................... 18
CAPÍTULO 1 Problemática da pesquisa ....................................................................................... 20
Justificativa .................................................................................................................................. 20
1.1 Fundamentação teórica ........................................................................................................ 27
1.1 1 Teoria das Situações Didáticas ...................................................................................... 27
1.1.2 A Teoria dos Registros e Representação Semiótica ........................................................... 33
CAPÍTULO 2 Análises prévias ....................................................................................................... 39
2.1 Tópicos do Estudo Histórico e Epistemológico da Função .................................................... 39
2.2 Parâmetros Curriculares Nacionais de matemática .............................................................. 46
2.3 A Proposta Curricular ............................................................................................................ 49
2.3 1 A Matemática na Proposta Curricular .......................................................................... 50
2.4 Análise do Teste Diagnóstico ................................................................................................ 52
2.5 Teoria Antropológica do Didático ......................................................................................... 56
2.5.1 Organização Praxeológica ............................................................................................. 57
2.5.2 Análise praxeológica do Livro A adotados pelas Instituições ...................................... 60
2.5.3 Análise praxeológica do Livro B adotados pelas Instituições ...................................... 70
2.6 Obstáculos Didáticos ............................................................................................................. 77
CAPÍTULO 3 Metodologia ............................................................................................................ 81
3.1 Características da pesquisa ................................................................................................... 81
Fase 1: das análises prévias .................................................................................................... 81
Fase 2 concepção e análise a priori ........................................................................................ 83
Fase 3 da experimentação ...................................................................................................... 84
Fase 4 da análise a posteriori e da validação ........................................................................ 85
3.2 Participantes da pesquisa...................................................................................................... 85
3.3 Geogebra ............................................................................................................................... 86
CAPÍTULO 4 Análise a priori, Experimentação, Análise a posteriori e Validação ........................ 89
4.0 Análise a priori da Sequência Didática Aplicada ................................................................... 89
4.1 Análise a priori: apreciações do Milieu das atividades ......................................................... 89
4.2 Aplicação do experimento e análise a posteriori ................................................................ 112
4.2.1 Atividade 1 ................................................................................................................... 113
4.2.2 Atividade 2 ................................................................................................................... 117
4.2.3 Atividade 3 ................................................................................................................... 120
4.2.4 Atividade 4 ................................................................................................................... 123
4.2.5 Atividade 5 ................................................................................................................... 127
4.2.6 Atividade 6 ................................................................................................................... 131
4.2.7 Atividade 7 ................................................................................................................... 135
4.2.8 Uma observação especial ................................................................................................. 141
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................ 144
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 151
ANEXOS ..................................................................................................................................... 153
Lista de figuras
Figura 01 – Exemplo de Conversões – 36
Figura 02 – Resposta do Aluno A01 sobre conceito de função quadrática – 52
Figura 03 – Resposta do Aluno A15 sobre conceito de função quadrática – 52
Figura 04 – Resposta do Aluno A15 sobre representação da função quadrática– 53
Figura 05 – Resposta do Aluno A01 sobre representação da função quadrática– 53
Figura 06 – Resposta do Aluno A01 sobre identificação da função quadrática – 53
Figura 07 – Resposta do Aluno A19 sobre o conhecimento dos coeficientes - 54
Figura 08 – Resposta do Aluno A04 sobre cálculos das raízes – 55
Figura 09 – Exemplo de relação entre duas grandezas que levam a função quadrática – 60
Figura 10 – Exemplo de Atividades - 61
Figura 11 – Conceito de função polinomial de 2º grau – 61
Figura 12 – Exemplo de Atividade para determinar o par ordenado - 61
Figura 13 – Exemplo de Atividade para determinar uma função quadrática – 62
Figura 14 – Exemplo de Atividade para esboçar o gráfico da função quadrática – 63
Figura 15 – Exemplo de Atividade para identificar as raízes da função quadrática – 64
Figura 16 – Exemplo de atividade para identificar as raízes e vértice – 65
Figura 17 – Exemplo de Atividade para identificar as raízes e vértice – 66
Figura 18 – Tipos de Gráficos com raízes de acordo com o valor do ( )Delta - 67
Figura 19 – Exemplo de Atividade para identificar as raízes e vértice – 67
Figura 20 – Atividade para analisar valor máximo ou mínimo – 68
Figura 21 – Atividade interdisciplinar com a física sobre função quadrática - 69
Figura 22 – Estudo do sinal da função quadrática – 69
Figura 23 – Definição de função quadrática – 70
Figura 24 – Calcular pontos de pares ordenados – 71
Figura 25 – Calcular pontos de pares ordenados – 72
Figura 26 – Coeficiente a - 73
Figura 27 – Coeficiente b - 74
Figura 28 – Coeficiente c - 74
Figura 29 – Intecptações da parábola nos eixos catesianos - 75
Figura 30 – Atividade com vértice - 75
Figura 31 – Atividade para determinar lei de associação da função – 76
Figura 32 – Página inicial do Tutorial GeoGebra – 86
Figura 33 – Função quadrática no GeoGebra - 87
Figura 34 – Registro de representação semiótica na forma gráfica das funções da Atividade 1 - 91
Figura 35 – Registro de representação semiótica na forma gráfica das funções da Atividade 2 – 94
Figura 36 – Registro de representação semiótica na forma gráfica das funções da Atividade 2 - 94
Figura 37 – Registro de representação semiótica na forma gráfica das funções da Atividade 3 – 96
Figura 38 – Registro de repres. semiótica na forma gráfica Atividade 4 Animação do coeficiente a – 98
Figura 39 – Registro de repres. semiótica na forma gráfica Atividade 4 Animação do coeficiente b - 99
Figura 40 – Registro de representação semiótica na forma gráfica Atividade 4 Animação do coeficiente c – 99
Figura 41 – Registro de representação semiótica na forma gráfica Atividade 5 - 102
Figura 42 – Registro de representação semiótica na forma gráfica Atividade 5.1- 103
Figura 43 – Registro de representação semiótica na forma gráfica da Atividade 5.2 - 103
Figura 44 – Registro de representação semiótica na forma gráfica Atividade 5.3 – 104
Figura 45 – Registro de representação semiótica na forma gráfica Atividade 6 - 106
Figura 46 – Registro de representação semiótica na forma gráfica das funções da Atividade 6 – 107
Figura 47 – Registro de representação semiótica na forma gráfica das funções da Atividade 6 – 107
Figura 48 – Registro de representação semiótica na forma gráfica das funções da Atividade 7 – 110
Figura 49 – Animação do coeficiente b da função Atividade 7 - 111
Figura 50 – Funções na forma algébrica diferentes com gráficos iguais Atividade 7 - 111
Figura 51 – Reunião com os alunos – 113
Figura 52 – Atividade 5 exercício 2 – 129
Figura 53 – Atividade 6 A02 - 131
Figura 54 – Atividade 7 exercício1c –135
Figura 55 – Quadro da Atividade 7 exercício 1c A20 – 136
Figura 56 – Quadro da Atividade 7 exercício 1c A20 – 137
Figura 57 – Quadro da Atividade 7 exercício 2 A20 –138
Figura 58 – Relação entre a distância e os coeficientes a e b da função quadrática – 142
Figura 59 – Famílias de Funções Quadráticas com dois pontos em comum – 143
Lista de quadros
Quadro 1- Estrutura do milieu – 32
Quadro 2 - Unidades simbólicas correspondentes às variáveis visuais – 38
Quadro 3 - Análise ascendente do milieu da atividade 1 - 90
Quadro 4 - Análise ascendente do Milieu da atividade 2 – 93
Quadro 5 - Análise ascendente do Milieu da atividade 3 – 96
Quadro 6 - Análise ascendente do Milieu da atividade 4 – 98
Quadro 7 – Análise ascendente do milieu da atividade 5 – 101
Quadro 8 – Análise ascendente do milieu da atividade 6 – 106
Quadro 9 – Análise ascendente do milieu da atividade 7 – 109
Lista de Protocolos
Protocolo 01 Atividade 1 Resposta da 2ª questão letra a Estudante A02 - 114
Protocolo 02 Atividade 1 Resposta da 2ª questão letra a Estudante A04 - 114
Protocolo 03 Atividade 1 Resposta da 2ª questão letra a Estudante A18 - 115
Protocolo 04 Atividade 1Resposta da 2ª questão letra b Estudante A02 - 115
Protocolo 05 Atividade 1 Resposta da 2ª questão letra b Estudante A04 - 115
Protocolo 06 Atividade 1 Resposta da 2ª questão letra c Estudante A 20 - 116
Protocolo 07 Atividade 1 Resposta da 2ª questão letra c Estudante A04 – 116
Protocolo 08 Atividade 2 Resposta da 2ª questão Estudante A15 –118
Protocolo 09 Atividade 2 Resposta da 2ª questão Estudante A03 - 118
Protocolo 10 Atividade 2 Resposta da 2ª questão Estudante A02 – 118
Protocolo 11 Atividade 2 Resposta da 4ª questão Estudante A02 - 119
Protocolo 12 Atividade 2 Resposta da 4ª questão Estudante A03 - 119
Protocolo 13 Atividade 2 Resposta da 4ª questão Estudante A04 - 119
Protocolo 14 Atividade 2 Resposta da 5ª questão Estudante A15 – 120
Protocolo 15 Atividade 3 Resposta da 2ª questão Estudante A01 – 121
Protocolo 16 Atividade 3 Resposta da 2ª questão Estudante A15 - 122
Protocolo 17 Atividade 3 Resposta da 2ª questão Estudante A02 – 122
Protocolo 18 Atividade 4 Resposta da 1ª questão letra c Estudante A03 - 124
Protocolo 19 Atividade 4 Resposta da 1ª questão letra c Estudante A01 - 124
Protocolo 20 Atividade 4 Resposta da 1ª questão letra c Estudante A02 - 124
Protocolo 21 Atividade 4 Resposta da 1ª questão letra c Estudante A20 - 124
Protocolo 22 Atividade 4 Resposta da 1ª questão letra c Estudante A15 - 124
Protocolo 23 Atividade 4 Resposta da 1ª questão letra e Estudante A20 - 125
Protocolo 24 Atividade 4 Resposta da 1ª questão letra e Estudante A15 - 125
Protocolo 25 Atividade 4 Resposta da 1ª questão letra f Estudante A20 – 125
Protocolo 26 Atividade 4 Resposta da 1ª questão letra f Estudante A15 – 126
Protocolo 27 Atividade 5 Resposta da 1ª questão letra a Estudante A02 - 128
Protocolo 28 Atividade 5 Resposta da 1ª questão letra a Estudante A15 - 128
Protocolo 29 Atividade 5 Resposta da 2ª e 3ª questão Estudante A15 - 129
Protocolo 30 Atividade 5 Resposta da 5ª questão Estudante A02 - 130
Protocolo 31 Atividade 5 Resposta da 5ª questão Estudante A03 - 130
Protocolo 32 Atividade 5 Resposta da 5ª questão Estudante A01 - 130
Protocolo 33 Atividade 6 Resposta da 1ª questão letras b até f Estudante A02 - 132
Protocolo 34 Atividade 6 Resposta da 1ª questão letras b até f Estudante A01 - 133
Protocolo 35 Atividade 6 Resposta da 2ª questão letras a até g Estudante A02 - 134
Protocolo 36 Atividade 6 Resposta da 2ª questão letras a até g Estudante A15 – 134
Protocolo 37 Atividade 7 Resposta da 1ª questão letra c Estudante A02 - 136
Protocolo 38 Atividade 7 Resposta da 1ª questão letra b Estudante A02 - 137
Protocolo 39 Atividade 7 Resposta da 1ª questão letra c Estudante A02 - 138
Protocolo 40 Atividade 7 Resposta da 2ª questão Estudante A02 139
Protocolo 41 Atividade 7 Resposta da 2ª questão Estudante A15 - 139
Protocolo 42 Atividade 7 Resposta da 2ª questão Estudante A03 - 140
Protocolo 43 Atividade 7 Resposta da 2ª questão Estudante A15 - 141
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
AM: Amazonas
CAS: Sistema de Álgebra Computacional
DCN: Diretrizes Curriculares Nacionais
DGS: Softwares de Geometria Dinâmica
DMS: Software de Matemática Dinâmica
ENPEC: Encontro Nacional de Pesquisa em Educação e Ciência
IDEB: Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
INEP: Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
LDBEN: Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional
MEC: Ministério da Educação e Cultura
PCN: Parâmetros Curriculares Nacionais
PUC-SP: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
SADEAM: Sistema de Avaliação Educacional do Desempenho Educacional do
Amazonas
TSD: Teoria das Situações Didáticas
TDA: Teoria Antropológica do Didático
18
Introdução
Pelas nossas experiências na carreira do magistério no ensino de Matemática é
possível observar como ocorre a progressão dos estudantes do sexto até ao nono ano, e
os seus resultados vêm trazendo certo desconforto para os educadores de matemática.
Percebemos que os estudantes têm sérias dificuldades na aprendizagem do
conceito de função quadrática, pois, no primeiro ano do ensino médio, nas aulas de
física os seus coeficientes são trabalhados de forma incisiva, porém, os estudantes se
mostram angustiados em somente identifica-los, dificuldades mostradas também por
outras pesquisas que envolvem esta questão.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais expõem que o papel da Matemática no
ensino fundamental é fornecer aos estudantes mecanismos eficientes de compreensão,
de interesse e de curiosidade para o desenvolvimento do espírito de investigação, bem
como a capacidade de construir conhecimentos matemáticos.
Desta maneira, percebemos que há um fenômeno contraditório quando
analisamos os resultados das avaliações externas expondo aprendizagem matemática
preocupante, com as avaliações internas mostrando resultados promissores para
aprendizagem matemática.
Motivados pelas circunstancias expostas buscamos a princípio investigar o
processo evolutivo das escolhas didáticas institucionais para apresentação do objeto
matemático aos estudantes.
Entrevistamos o profissional responsável pelo ensino de matemática no nono
ano do ensino fundamental II na escola na qual o projeto foi aplicado, que gentilmente
nos informou que fazia uso do livro didático institucional e complementava o assunto
com outros livros, não fazendo uso de qualquer software matemático.
Analisamos os livros didáticos institucionais através da organização
praxeológica proposta por Chevallar , onde conseguimos detectar obstáculos didáticos.
Buscando complementar estudos já realizados sobre função quadrática, nos
orientamos em uma pesquisa elaborada por Maia (2007) sobre função quadrática uma
abordagem computacional e um trabalho de Duval (2011) relativo a Gráficos e
equações: a articulação de dois registros.
Esta pesquisa tem com objetivo identificar e analisar os obstáculos didáticos
enfrentados pelos estudantes do último ano do ensino fundamental II e apresentar uma
proposta, para superação destes obstáculos através de uma sequência didática validada
19
por Maia (2007) em conjunto com uma ferramenta educacional o software GeoGebra
além do lápis e papel.
Tal tecnologia se justifica pela socialização entre o aluno, o saber e o professor
propiciando um “millieu” com Ação, Formulação, Validação e Institucionalização
idealizada por Brousseau, dentro deste contexto, com a utilização do software foi
possível verificar que ao variar os coeficientes da função quadrática ocorria uma
mudança instantânea na representação gráfica, esta ação está em consonância com as
ideias básicas do GeoGebra que é mostrar pelo menos duas representações do mesmo
objeto matemático e do registro de representação semiótica de Duval que afirma que
para apreensão do conceito são necessários a mudança de pelo menos dois registros de
representação.
Nossa pesquisa segue a linha francesa da Didática da Matemática e a
desenvolvemos sob os aspectos dos princípios da Engenharia Didática de Michèle
Artigue.
Este trabalho foi organizado em quatro capítulos.
O capítulo I contemplou a problemática da pesquisa, objetivos e
fundamentação teórica.
O capítulo II Análises prévias, englobou: um breve estudo histórico e
epistemológico do conceito de função, as concepções possíveis dos estudantes,
analisamos os documentos oficiais como PCNs e propostas curriculares, as estratégias
dos livros didáticos para apresentar a função quadrática e os obstáculos didáticos
pertinentes ao conceito de função quadrática gerados pelas abordagens dos livros
didáticos.
O capítulo III ficou reservado para os procedimentos metodológicos.
O capítulo IV abrangeu a análise a priori para compreendermos as relações
entre os estudantes, saberes aplicado e as situações propostas na sequência didática de
acordo com a Teoria das Situações Didáticas, onde Margolinas em consonância com
Brousseau buscou analisar a situação do estudante e professor com o estudo do Milieu
das atividades e, finalmente, a experimentação, onde colocamos em prática a aplicação
e descrição da sequência didática com a análise a posteriori da sequência para analisar e
descrever todo o material envolvido na pesquisa.
E, por fim as considerações finais, onde destacamos as contribuições e a
análise da pesquisa.
20
CAPÍTULO 1 Problemática da pesquisa
Neste capítulo, apresentaremos nossa problemática com a justificativa para a
pesquisa, logo após a revisão bibliográfica de alguns trabalhos sobre funções que
utilizaram software educacional, apresentaremos a nossa hipótese, questão de pesquisa,
objetivos da pesquisa seguida da fundamentação teórica introduzindo a Teoria das
Situações Didática de Guy Brousseau e a Teoria dos Registros de Representação
Semiótica de Raymond Duval.
Justificativa
Pela experiência profissional de mais de vinte anos de magistério na educação
básica, sendo três nesta escola onde será realizada a pesquisa, percebemos que o ensino-
aprendizagem da matemática vem amargando números preocupantes com relação a
qualidade do ensino de matemática, conforme podemos observar nos dados do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP) sobre a Escola Estadual. O município de
Manaus, onde ocorreu esta pesquisa, apresentou os seguintes dados sobre o Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB): em 2005, ( 2,8 ); em 2007 ( 4,0 ); em
2009 ( 2,1 ); em 2011 ( 3,3 ); e em 2013 ( 3,2 ) atingindo as metas desejadas somente
em 2007 e 2011.
Em 2014 o Sistema de Avaliação e Desempenho do Estado do Amazonas
(SADEAM) divulgou o resultado de 269 estudantes do 9º Ano desta escola na prova de
matemática com 53,5 % abaixo do Básico, 33, 8 % no Básico, 11,2 % Proficiente e 1,5
% Avançado. Vê-se claramente que o ensino e a aprendizagem de matemática neste
quadro estão comprometendo, em parte, diretamente os conhecimentos em outras
disciplinas nas áreas de exatas em particular a ciências do ensino fundamental e física e
química no ensino médio.
Em nossa experiência profissional nas ministrações das aulas de física do
primeiro ano do ensino médio, especificamente nas aulas de movimento uniformemente
variado, os alunos apresentam dificuldades com a função do espaço em relação ao
tempo, que é uma função quadrática1. Nesta pesquisa buscaremos identificar e analisar
os obstáculos didáticos e através de uma sequência didática buscar superação destes
1 Chama-se função quadrática, ou função polinomial do 2º grau, qualquer função f de IR em IR dada por uma lei da forma f(x) = ax2 + bx + c, onde a, b e c são números reais e a ≠ 0.
21
obstáculos para apropriação do conceito de função quadrática por se tratar de uma
temática relevante na construção do conhecimento na Matemática e Física.
A concepção de função quadrática, necessária para ter desempenho adequado
no 1º ano do ensino médio, tem sido tema de preocupações entre os pesquisadores. Silva
(2012) relata em seu trabalho que alunos progridem aos níveis subsequentes, porém,
lhes faltam bases para sua evolução no conteúdo, trazendo consequências que podem
dificultar o caminho do discente.
Conforme o exposto torna-se um grande desafio na esfera educacional buscar
soluções que consigam reverter a atual situação. A sequência didática2 em conjunto
com o Software Geogebra3, tecnologia voltada para o ensino de matemática e
ferramenta auxiliar, contribui para um processo de humanização do conhecimento, haja
vista que a aplicação das metodologias tradicionais vêm mostrando resultados pouco
atrativos.
Vale ressaltar que esta proposta de incluir as tecnologias de informação e de
comunicação pode agir de forma positiva diretamente em três fatores coadjuvantes para
o aumento do rendimento escolar: na diminuição da evasão escolar, supostamente
devida as ministrações de aulas tradicionais; na distorção idade/série em virtude dos
compromissos sociais e, por fim, na relação “professor versus aluno”, uma vez que
jovens estudantes, por fazerem parte da “geração tecnológica”, podem ser capazes de
executar várias tarefas tecnológicas em uma fração de tempo muito curta, e utilizando
das próprias tecnologias para hostilizar as aulas mais conservadoras.
Ao realizarmos um teste diagnóstico em novembro de 2015 para termos a
noção das concepções dos estudantes do nono ano do ensino fundamental sobre função
quadrática, constatamos que apenas um estudante dentre dezoito tinha noções básicas do
objeto matemático estudado por eles cerca de dois meses antes. Constatamos então que
os estudantes possuíam obstáculos didáticos, conforme preconiza Guy Brousseau.
Foram constatados, obstáculos didáticos, para a identificação e representação
da função quadrática, de reconhecimento e interpretação do papel de seus coeficientes,
assim como das translações verticais e horizontais dos gráficos, que no nosso
2 Se realizamos uma análise destas sequências buscando os elementos que as compõem, nos daremos
conta de que são um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de
certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como
pelos alunos (ZABALA 1998. Pg. 18). 3 O GeoGebra é um software educacional de geometria dinâmica, livre e com código aberto, desenvolvido
por Markus Hohenwarter em sua tese de mestrado na Universidade de Salzburg na Áustria
(http://www.geogebra.org).
22
entendimento, comprometem a interpretação global das representações gráficas e
algébricas. Surgem então, dois questionamentos: somente a utilização da abordagem e
atividades do livro didático pode causar obstáculos didáticos? Nos livros didáticos, não
foi sugerido que fosse utilizado nem mesmo um software matemático como ferramenta
auxiliar, para agregar valores ao aprendizado, então, a passagem da linguagem algébrica
para a linguagem gráfica através da tecnologia lápis e papel, que é predominante nos
livros didáticos e enfatizada em sala de aula, poderia ser complementada com sucesso
pelo software GeoGebra para a interpretação global das representações gráficas e
algébricas da função quadrática?
A nossa pesquisa tem grande relevância principalmente na área da Física, pois,
aos estudantes poderá ser disponibilizada uma nova ferramenta de ensino e
aprendizagem como alternativa de suporte ao livro didático, para superar obstáculos
didáticos: uma sequência didática em conjunto com um software educacional, que
apresentará uma abordagem de interpretação global das propriedades figurais, como
melhor forma de adquirir conhecimentos sobre os conceitos de função quadrática.
Abar (2012) apresenta as pesquisas desenvolvidas entre 2009 e 2011 que
fizeram uso do software educacional GeoGebra no Programa de Estudos Pós Graduados
em Educação Matemática da PUC/SP, analisando as teorias empregadas, as
recomendações, assim como, a utilidade deste software e resultados. A autora verificou
que, dos dezenove trabalhos pesquisados, sete trabalharam em conjunto com a Teoria
das Situações Didáticas. Ela afirmou que o GeoGebra pode ser um instrumento
alternativo na busca de situações didática para superar possíveis obstáculos no ensino de
matemática.
Também afirmou que a vantagem do GeoGebra dentre outros softwares de
geometria dinâmica (DGS) é que ele possui características inerentes ao Sistema de
Álgebra Computacional (CAS) pois abrange trabalhos com geometria, álgebra e cálculo,
atingindo todos os níveis da educação escolar, tanto que seu desenvolvedor lhe
classificou como um Software de Matemática Dinâmica (DMS), e a ideia básica do
software é possibilitar pelo menos duas representações para cada objeto matemático em
suas janelas de visualizações, o que corrobora para o desenvolvimento do nosso
trabalho, pois, Duval (2011) afirma que para a aprendizagem de um objeto matemático
são necessárias pelo menos duas representações simultâneas de um mesmo objeto, que
em nosso caso será a função quadrática.
23
A autora também afirma que o fato principal para as escolhas das Teorias das
Situações Didáticas em conjunto com o software GeoGebra são as interações que
podem ser desenvolvidas entre professor e alunos conectados pelo saber, situação que
pode ser perfeitamente modelada pela TSD.
Dentro deste modelo, ela afirma que ocorrem as quatro situações que norteiam
as interações em sala de aula:
As quatro situações acima mencionadas podem ser identificadas nos
trabalhos analisados e, em geral, nas situações de ação os sujeitos das
pesquisas interagem com o software GeoGebra por meio dos movimentos dos
objetos construídos. Nas situações de formulações, os participantes observam
os resultados na janela algébrica, elaboram conjecturas ou conversam entre si
sobre hipóteses de resolução. Nas ações de validação, eles compreendem o
conceito explorado e validam as hipóteses levantadas. As ações de
institucionalização foram realizadas pelo professor pesquisador em interação
com os pesquisados (ABAR, 2012, p.5).
Foi concluido neste artigo que, nestes trabalhos analisados, as tecnologias
utilizadas como lápis, papel, calculadora, foram coadjuvantes, e que os pesquisadores
exploraram as atividades inerentes aos objetivos destas e as mesmas não devem ser
descartadas. Quanto às explorações nos aspectos gráficos na função o software
GeoGebra tornou-se uma estratégia poderosa que culminou nos alcances dos objetivos
que se propuseram de forma positiva, sendo o aporte teórico fundamental em
consonância com o GeoGebra para as interações em sala de aula, buscando novos
caminhos para superação de obstáculos na matemática.
Pelho (2003) ao desenvolver o seu trabalho “Introdução ao conceito de função”
enfatiza a importância da compreensão das variáveis dependentes e independentes e as
suas relações, pois, pela sua prática docente e estudos relacionados à sua pesquisa
constatou que os estudantes iniciam seus estudos no Ensino Médio sem o conhecimento
necessário ao conceito de função, que possivelmente pode ser em decorrência da
eliminação nos livros da dependência funcional sendo substituído pela relação entre os
elementos de dois conjuntos omitindo a ideia intuitiva de dependência ou variação
acarretando a não compreensão do conceito de função.
Em seu trabalho ficaram evidenciadas também as dificuldades das passagens
do registro algébrico para o registro gráfico e vice-versa, e que possivelmente isto
ocorra pelo formalismo existente para tratar o conceito de função. Desta maneira,
podemos inferir que estamos diante de um obstáculo didático nos moldes de Brousseau.
24
Pelho (2003) criou uma sequência didática sobre o conceito de função
auxiliada por uma ferramenta tecnológica chamada Cabri-Géométrè II que auxiliou os
estudantes uma terem uma compreensão mais abrangente das variáveis da função além
dos seus relacionamentos, ajudando nas articulações entre os registros de representações
das funções.
Neste trabalho, Pelho (2003) constatou que os estudantes do ensino médio e do
superior não compreendiam o conceito de função em virtude da não compreensão das
variáveis e dos relacionamentos entre as mesmas, gerando possivelmente uma
aprendizagem puramente mecânica de construção de tabela e gráficos.
Maia (2007), em seu trabalho “Função Quadrática: um estudo didático de uma
abordagem computacional”, pesquisou sobre a construção gráfica da função quadrática
através da interpretação global das propriedades figurais, inserindo uma forma lúdica
para abordar as noções de intervalo, assim como domínio da função. Seu objetivo era
complementar os estudos de Funções usando a ferramenta computacional Winplot.
Foi percebido que os estudantes tiveram dificuldades em enxergar o gráfico de
uma forma completa na ausência do software. Além da construção do gráfico, também
foi detectado que os estudantes tiveram dificuldades na quarta atividade em passar da
linguagem natural para linguagem algébrica e posteriormente para a gráfica.
Ardenghi (2008), no seu trabalho “Ensino Aprendizagem do conceito de
função: pesquisas realizadas no período de 1970 a 2005 no Brasil”, buscou compreender
as dificuldades que os estudantes possuíam a respeito do conceito de função. Em suas
experiências e estudos relacionados, podemos destacar Simões (apud Ardenghi 2008, p.
36), onde foram expostos os obstáculos didáticos da função quadrática, relacionados ao
conceito e a construção da representação gráfica.
Em nossa pesquisa foi percebido que quando o livro didático revela a
preferência da passagem de registro da representação algébrica para a gráfica, há
possibilidade de geração de obstáculo didático quando o estudante busca a passagem da
representação gráfica para algébrica.
Duval (2011) em “Gráficos e equações: a articulação de dois registros” afirma
que para a leitura das representações gráficas, é imprescindível diferençar e especificar
as variáveis visuais (concavidade, abertura da parábola, posição do vértice em relação
aos eixos x e y ). Duval também afirma que os estudantes devem ter conhecimento de
implicações das correspondências entre as variáveis visuais dos gráficos e suas
alterações na escrita algébrica. Em suma, são necessárias as passagens de pelo menos
25
dois registros de representação semiótica para construir o conhecimento matemático,
sendo desta maneira a interpretação global das propriedades figurais, uma forma
diferenciada de construir o conhecimento da função quadrática.
Portanto, nos apoiaremos no trabalho de Maia (2007) que abordou a construção
gráfica da função quadrática fazendo uso do procedimento de interpretação global das
propriedades figurais e ainda inserindo uma forma lúdica com o software Winplot para
introduzir noções de intervalo de domínio da função quadrática e, também, sugerindo o
desenvolvimento de trabalhos que articulassem as passagens do registro de
representação semiótica da forma algébrica para a forma gráfica e vice-versa.
Igualmente será muito importante nos basearmos no trabalho de Duval (2011), que
propõe uma alternativa para superar obstáculos didáticos produzidos pelo procedimento
ponto a ponto, que é a abordagem de interpretação global de propriedades figurais:
Com esta abordagem não estamos mais na presença da associação “um
ponto - um par de números”, mas na presença da associação “variável
visual de representação - unidade significativa da expressão algébrica”.
Quando se trata de partir da representação gráfica para encontrar, por
exemplo, a equação correspondente ou para utilizar o conceito de inclinação
ou de direção, é esta abordagem de interpretação global que se torna
necessária. A razão disto se deve ao fato de que o recurso à abordagem ponto
a ponto é totalmente inoperante uma vez que tira a atenção das variáveis
visuais. A prática sistemática da abordagem ponto a ponto não favorece a
abordagem de interpretação global que é em geral deixada de lado no ensino
uma vez que depende de análise semiótica visual e algébrica. Compreende-se
porque a maioria dos alunos fica aquém de uma utilização correta das
representações gráficas (DUVAL, 2011. Pg. 99).
Em nosso trabalho, após estudos preliminares, buscamos reexaminar a
introdução de função quadrática no ensino fundamental, apoiada em livros didáticos que
priorizam o procedimento ponto a ponto causador de obstáculos didáticos.
A nossa pesquisa vem complementar os estudos de Maia (2007), que abordou a
construção gráfica da função quadrática utilizando o procedimento da interpretação
global das propriedades figurais. Privilegiando a forma canônica da função quadrática
2( )y a x m n , Maia destacou quatro variáveis visuais. Nosso trabalho foi proposto
no sentido de analisar os obstáculos didáticos e observar também a forma estruturada da
função 2y ax bx c , acrescentando assim, mais duas unidades simbólicas
correspondentes, para os coeficientes b e c , fazendo a comparação entre as funções.
26
Aspiramos examinar a hipótese de que somente a utilização da abordagem e
atividades do livro didático, pode causar obstáculos didáticos e a aplicação de uma
sequência didática, sobre função quadrática, voltada para os seus coeficientes e
parâmetros com translações de modo dinâmico, contribuirá para a superação do
obstáculo didático.
A nossa pesquisa seguirá as seguintes questões norteadoras:
A sequência didática em conjunto com o GeoGebra contribuirá para conversão
da linguagem algébrica para linguagem gráfica das funções quadráticas?
Após a execução da sequência didática os estudantes compreenderão o papel
dos coeficientes e relacionarão com as representações algébricas e gráficas?
Desta maneira, aplicaremos a sequência didática sobre função quadrática.
Visando à abordagem da interpretação global, partiremos da variável micro didática
2y ax , portanto, uma função quadrática incompleta, até que se chegue às funções
completas conforme as representações algébricas 2y ax bx c e 2( )y a x m n ,
que entendemos possuir todas as informações necessárias para observarmos que,
variando as unidades simbólicas na representação algébrica usando o GeoGebra
implica-se automaticamente na alteração das variáveis visuais na representação gráfica.
Dentro deste contexto, pretendemos responder a nossa questão de pesquisa: de
que forma o uso da sequência didática sobre função quadrática com o GeoGebra
contribui para superar obstáculos didáticos?
O objetivo geral
Identificar e analisar os obstáculos didáticos da aprendizagem dos estudantes
do ensino fundamental na construção do conhecimento matemático, especificamente
sobre o conteúdo de função quadrática, visando a superação com uma sequência
didática atrelada ao GeoGebra.
Objetivos específicos
Dimensionar a inserção do conteúdo matemático de função quadrática
nos parâmetros curriculares e no Livro Didático de Matemática do
ensino fundamental II;
Caracterizar os conhecimentos prévios as concepções dos estudantes e
obstáculos acerca da função quadrática;
27
Analisar o desenvolvimento da sequência didática com auxílio do
GeoGebra sobre funções quadráticas, visando refletir sobre as situações
de aprendizagem dos estudantes do 9º ano do ensino fundamental.
1.1 Fundamentação teórica
1.1 1 Teoria das Situações Didáticas
Nossa pesquisa tem como referência a didática francesa, pois, a França, assim
como o Brasil, enfrentou dificuldades na educação na década de cinquenta no século XX.
Com necessidades de mudanças no ensino de matemática no cenário internacional, surgiu
o Movimento da Matemática Moderna, que buscava resgatar a matemática ensinada na
escola com a que era produzida por pesquisadores, para haver uma conexão entre
estudantes e tecnologia produzida.
Inseridas neste contexto surgiram às pesquisas em Didática da Matemática, pois,
os pesquisadores franceses se incomodaram com a situação e buscaram estudar e
investigar os problemas relativos ao ensino e à aprendizagem da matemática. Com a
complexidade dos estudos surgiu a necessidade de modelizar as situações, como forma de
caracterizar tanto o conhecimento como os saberes e suas evoluções, assim, a “didática
da Matemática” é vista como uma ciência que tem por objeto investigar os fatores que
influenciam o ensino e a aprendizagem da matemática e o estudo de condições que
favorecem a sua aquisição pelos alunos.” (ALMOULOUD, 2007, p. 17).
Para solucionar este problema será empregada a Teoria das Situações Didáticas
de Guy Brousseau:
Pessoalmente, e em primeiro lugar, quero propiciar a reflexão sobre as
relações entre os conteúdos do ensino e os métodos educacionais. Depois, e
de forma mais ampla, pretendo abordar a didática como de pesquisa cujo
objeto é a comunicação dos conhecimentos matemáticos e suas
transformações (BROUSSEAU. 2008. p. 16).
O processo de ensino da matemática ainda preponderante, analisado sob o
aspecto contemporâneo na educação e enfatizado por Oliveira (1997, p.6), dá-se da
seguinte maneira, o professor expõe o conteúdo no quadro, desenvolve um exercício
modelo e, a partir daí, o aluno resolve vários problemas e faz-se uma avaliação. Caso o
28
aluno não tenha assimilado a matéria, o professor deve fazer uma série de avaliações até
que se convença da aquisição do conhecimento. O ensino tem muito mais a oferecer, o
conteúdo deve estar contextualizado, dando significado conclusivo para o uso no dia-a-
dia.
Brousseau (2008) questionava-se: dentro de uma sociedade, que
conhecimentos matemáticos são fundamentais para a construção de uma sociedade
futurista, que possa ser assistida por profissionais com conhecimentos técnicos e
científicos? E até que ponto essa sociedade depende dos métodos para a aquisição dos
conhecimentos matemáticos para serem bem sucedidos?
Sob estes aspectos cria-se um modelo centrado no aluno para aquisição desses
conhecimentos:
Se considerarmos o ensino como “projeto e ação social em que um aluno se
apropria de um saber constituído ou em constituição”, a didática da
matemática transforma-se na “ciência das condições de transmissão e
apropriação dos conhecimentos matemáticos úteis aos homens e a suas
instituições”. (BROUSSEAU, 2008, pg. 53).
Assim, para Brousseau (2008, pg. 21), “... a situação didática é todo o
contexto que cerca o aluno, nele incluídos o professor e o sistema educacional.”
(grifo nosso).
Desta forma, a proposta deste trabalho na sua execução foi aplicar uma
sequência didática sobre função quadrática usando como ferramenta o software
GeoGebra, colocando as equipes de voluntários participantes em Situação de Ação,
Formulação, Validação e Institucionalização das situações conforme propõe Guy
Brousseau.
Dentro do contexto das situações propostas por Guy Brousseau os sujeitos
tendem a adaptar-se conforme as situações que lhes são apresentadas. Neste momento,
se revelará o que chamou de obstáculos que é a impossibilidade momentânea de
construir um novo conhecimento, às vezes, exposto pelos “erros” conforme
(ALMOULOUD. 2007. p. 135) afirma:
Na visão de Brousseau (1983), os obstáculos se manifestam pela
incapacidade de compreender certos problemas, de resolvê-los com eficácia,
ou pelos erros que, para serem superados, deveriam conduzir à instalação de
um novo conhecimento. Por consequência, o erro é considerado necessário
para:
desencadear o processo da aprendizagem do aluno;
o professor situar as concepções do aluno e, eventualmente, compreender
os obstáculos subjacentes;
o professor adaptar a situação didática.
29
A noção de obstáculo neste trabalho se revela importante, haja vista que, a
experimentação da sequência didática sobre função quadrática na sala de aula com o
Geogebra ou em qualquer outro contexto de aprendizagem da matemática, é condição
necessária à luz desta teoria para a aquisição de conhecimento mais completo com o fito
de superar esses obstáculos surgidos. Assim se pronunciou Almouloud (2007. p.
135/136):
Assim, a importância da noção de obstáculo se justifica, de um lado, porque a
aprendizagem por adaptação, que permite dar sentido aos conceitos, em geral
pode produzir simultaneamente concepções inadequadas e conhecimentos
locais que devem ser rejeitados ou transformados por um trabalho cognitivo
eficiente; por outro, porque esses nós de resistência, os obstáculos,
necessitam de construção de situações adequadas. Nesse sentido, a
construção de engenharias didáticas torna-se um dos meios eficazes para
permitir a superação desses obstáculos pelos alunos (grifo nosso).
A teoria das situações didáticas ensina que o pesquisador ou docente elabora
um artefato para ministrar um objeto matemático e ter sob sua guarda os conhecimentos
conquistados, e tal artefato engloba, por exemplo, uma sequência didática, que necessita
de um manual para interação, porém, somente a própria busca pela solução poderá gerar
uma consequência de ensino, pois o sujeito deve se adaptar a uma nova situação no
meio. Para Almouloud:
Dessa forma, o objetivo da teoria das situações é caracterizar um processo de
aprendizagem por uma séria de situações reprodutíveis, conduzindo
frequentemente à modificação de um conjunto de comportamentos dos
alunos. Essa modificação é característica da aquisição de um determinado
conjunto de conhecimentos, da ocorrência de uma aprendizagem
significativa.
O objeto central de estudo nessa teoria não é o sujeito cognitivo, mas a
situação didática na qual são identificadas as interações estabelecidas entre
professor, aluno e saber (2007, pg. 31/32).
Para manifestar o conhecimento e as particularidades dos comportamentos dos
alunos nas situações que lhe são impostas, Brousseau (2008) tomou como exemplo a
lição “Quem vai dizer 20?” caracterizando suas fases e a partir desta fez uma descrição
geral e classificou as situações didáticas em fases. Primeiro, a fase “Situação de ação”,
na qual os participantes estão na linha de frente analisando e propondo números para
jogada e conforme o aluno se desenvolve na partida, ganha novos elementos mais
eficazes para solução vencedora. Assim, ao propormos a sequência didática o estudante,
ao conhecer o problema, tomará decisões que podem ser corretas ou não, refinando suas
30
ações através dos seus conhecimentos prévios. Neste momento ele desconhece se sua
decisão foi a melhor para a solução do problema.
Na segunda fase - “Situação de formulação” - para Brousseau (2008) ocorrem
dois momentos distintos. No primeiro momento aparece uma situação na qual um
participante fica em situação de ação e outro colhe dados gerais que lhes possam ser
úteis; no segundo momento ocorre uma socialização e análise da melhor estratégia para
solução vencedora. Nesta fase o meio revela-se como o conjunto das experiências
adquiridas durante as partidas, em especial a última. Nesta fase o professor espera que o
estudante coloque em prática seus conhecimentos, justificando e socializando sua
estratégia para solucionar o problema.
Na terceira, a “Situação de validação”, as equipes podem apresentar e sustentar
uma proposta convicta para solução verdadeira ou tentar mostrar que a proposta do
adversário não é a solução verdadeira e, finalmente, a quarta e última fase, a da
“Institucionalização”, na qual os professores procuram mostrar a eficácia ou não. Nesta
fase o professor verifica se o estudante se apropriou do conhecimento matemático e se é
possível aplicar em outras situações antes dar seguimento ao próximo objeto
matemático até mesmo como satisfação ao sistema educacional.
Seguindo este modelo na aplicação da sequência didática sobre função
quadrática, o aluno é instigado a produzir ações diretas, onde procure interações,
articulações, ideias, questionamentos e reflexões para haver avanço no conhecimento ao
ponto em que o mesmo possa utilizá-lo no cenário extraescolar onde ficará caracterizada
uma situação adidática, e que é enfatizado por Almouloud:
A situação adidática, como parte essencial da situação didática, é uma
situação na qual a intenção de ensinar não é revelada ao aprendiz, mas foi
imaginada, planejada e construída pelo professor para proporcionar a este
condições favoráveis para a apropriação do novo saber que deseja ensinar
(2007, pg. 33).
Desta forma o contrato didático aparece como uma relação imprescindível da
situação didática, pois uma relação de ensino-aprendizagem exige um millieu propício
ao estado de paz interior de busca pelo desconhecido, um compromisso pessoal entre as
partes envolvidas. Assim, Almouloud destaca:
31
Podemos destacar nas afirmações de Brouseau três observações importantes:
a) As relações entre o professor e o aluno dependem de um projeto social que
impõe a todos e são regidos por várias regras e convenções que, em sua
maioria, não colocam em jogo, de forma sistemática, o saber...
b) O funcionamento do contrato didático depende de diferentes contextos de
ensino e de aprendizagem. As escolhas pedagógicas, o tipo de trabalho
proposto para os alunos, os objetivos de formação...
c) O contrato didático tem por objetivo, fundamentalmente, a aquisição de
saberes pelos alunos;
d) Um contrato didático mal administrado, por parte do professor ou do
aluno, pode ser a fonte de dificuldades para a aprendizagem de novos
conhecimentos matemáticos... (2007, pg. 90).
Neste contexto, o contrato didático emerge como um conjunto de regras bem
definidas e esperadas pelos sujeitos envolvidos na situação didática, para que haja uma
reciprocidade favorável à aquisição de novos conhecimentos e horizontes. Porém,
quando há dificuldades de gerenciamento no contrato didático, seja pelo professor ou
aluno, podem surgir obstáculos na apropriação do conhecimento e consequentemente
manifestar seus efeitos.
Dentre vários efeitos, destacamos três segundo Almouloud (2007):
1) O efeito “Topaze e comprovação da incerteza”, que ocorre quando o
estudante em oposição a um obstáculo se retrai e o professor requer a
responsabilidade do estudante para si, elaborando perguntas direcionadas e
respostas acabadas tornando o conhecimento pretendido nulo.
2) O efeito “Jourdain ou o equívoco fundamental” que, para ser simpático ou
generoso com um determinado aluno, o professor aceita a sua opinião ou
questionamento se omitindo de um possível confronto de ideias, aceitando
seu possível “conhecimento científico” como verdadeiro, enraizando e
propagando este equívoco e tornando-o um obstáculo didático.
3) O efeito “O deslize metacognitivo”, quando o professor, pela sua
experiência profissional ou falta, prioriza uma determinada técnica, para
explicar ou resolver um problema, e desvia a construção do saber por ele
objetivado.
32
Segundo Almouloud (2007), outro aspecto importante na Teoria das situações
Didáticas e a noção de “milieu"
...é um sistema antagonista ao sujeito, sendo o milieu adidático
um sistema sem intenção didática, exterior ao sujeito, que, por
suas retroações às ações do sujeito, permite sua reflexão a
respeito de suas ações e de sua aprendizagem. Ou seja, o
aprendiz é o responsável pelo processo de sua aprendizagem (ALMOULOUD, 2007, p.35).
Em nossa pesquisa o estudo do milieu teve como referência Margolinas (1994
apud MAIA, 2007) e Almouloud (2008) este estudo foi proposto por Brousseau na
Teoria das Situações Didáticas.
Quadro 1- Estrutura do milieu.
Fonte: Margolinas (1998, apud ALMOULOUD 2008, p. 43).
Segundo Almouloud (2008), ao professor fica reservada a gerência da
interação entre as partes envolvidas, estudantes e milieu, pois, dentro desta proposta, o
professor produziu implicitamente na situação didática a sequência didática com sete
atividades que não é evidenciada a finalidade de ensinar, porém, há uma estratégia
minuciosa na elaboração, para o estudante chegar à situação fundamental, para
construção do conhecimento desejado, situação esta chamada “situação adidática”.
Margolinas (1995a apud ALMOULOUD, 2008) aprimorou este modelo para
dar ênfase a situação didática e, além disso, averiguar de modo equilibrado a situação do
aluno e a situação do professor, ou seja, averiguação ascendente, que descreve as ações
relativas ao aluno e parte da situação objetiva (S-3) e encerra na situação didática (S0).
33
A averiguação descendente, que descreve as ações relativas ao professor, parte da
situação noosfera (S+3) e encerra na situação didática (S0).
Ainda buscando a compreensão do estudo ascendente e descendente da
situação em que inicialmente parte do professor e cria um ambiente de socialização do
conhecimento com os estudantes, em tais interações foram observadas as posições M
em relação ao Milieu, a posição E em relação ao aluno e a posição P em relação ao
professor, obedecendo aos seguintes níveis.
O nível +3 (chamado de noosfera) caracteriza a atividade do professor que
está refletindo de modo geral sobre o ensino da matemática....
No nível +2 (nível de construção), a atividade do professor consiste em traçar
grandes linhas de como ensinar um dado tema. [...]
No nível +1 (nível de projeto) corresponde ao momento do planejamento de
uma aula.
O nível 0 (nível didático) caracteriza a ação do professor em sala de aula. [...]
O nível -3 é caracterizado pelo momento no qual o aluno toma conhecimento
do problema que lhe é proposto (o professor fez a devolução do problema).
O nível -2 é caracterizado pela situação de referência (S-2), intermediária
entre a situação objetiva e a situação de aprendizagem para o aluno. Os
alunos (E-2) estão em situação de resolução de problema e o professor (P-2)
age como mediador e observador das ações dos alunos...
O nível -1 (nível de observação) é marcado pela devolução ou da observação
da atividade dos alunos. É nele que identificamos a situação de aprendizagem
(S-1). É o milieu de referência (M-1) que os conhecimentos do aluno se
transformam em saber e que ele começa a identificar os conhecimentos que
ele deve compreender e validar do ponto de vista científico (ALMOULOUD,
2008, P. 45).
Portanto, estudados os fenômenos que interferem no processo de interação
entre professor e estudantes, mediados pelo saber, nos apropriamos da Teoria dos
Registros de Representação para elaborar as nossas atividades, para introduzir as
variáveis visuais e consequentemente suas unidades simbólicas significativas para a
interpretação global das propriedades figurais da função quadrática.
1.1.2 A Teoria dos Registros e Representação Semiótica
Nas pesquisas analisadas com estudos de funções, Pelho (2003) e Maia (2007),
destacam a relevância de trabalhar com várias vertentes de representações do conceito
de função. Para colaborar com esta pesquisa foi agregado como pressuposto teórico a
Teoria dos Registros e Representação Semiótica de Raymond Duval. Assim como
muitos educadores têm inquietações, Duval (2013, p. 11) também teve, tais como
“como compreender as dificuldades muitas vezes insuperáveis que muitos alunos têm
34
na compreensão da matemática? Qual é a natureza dessas dificuldades? Onde elas se
encontram?” (Duval 2013). Questões semelhantes têm-se hoje, entretanto, para
Raymond Duval a questão crucial está em emergir no cognitivo, pois o ensino da
matemática nesta fase não objetiva formar matemáticos puros, mas, almeja uma
“educação matemática realista”, contribuindo para desenvolver-se no sentido de tornar-
se um cidadão conhecedor de suas realidades, questionador e principalmente da visão
do seu potencial:
A originalidade da abordagem cognitiva está em procurar inicialmente
descrever o funcionamento cognitivo que possibilite a um aluno
compreender, efetuar e controlar ele próprio a diversidade dos processos
matemáticos que lhe são propostos em situação de ensino. Isso nos conduz a
colocar duas questões preliminares e fundamentais, para analisar as
condições e os problemas da aprendizagem em matemática.
1. Quais sistemas cognitivos são necessários mobilizar pra aceder aos objetos
matemáticos e para efetuar as múltiplas transformações que constituem os
tratamentos matemáticos?
2. Esses sistemas cognitivos são os únicos a ser mobilizados por qualquer
processo de conhecimento em outros domínios científicos (geologia,
astronomia, física, biologia...) e práticos, ou ao contrário, trata-se de sistemas
específicos, cujo desenvolvimento e cuja aquisição são próprios da atividade
matemática? (DUVAL, 2013, p. 12).
Neste contexto, o registro de representação semiótica propõe um ensino
dinâmico e aprendizagem inovadora no âmbito escolar, pois, a educação toma novos
rumos para o ensino/aprendizagem, suas metodologias, avaliações e contextualização da
realidade e aos próprios objetivos almejados, pois o presente tempo pertence à geração
tecnológica, indivíduos que buscam saberes prontos e acabados, perdendo assim, o
prazer de questionar, criticar e melhorar os novos conhecimentos; como consequência o
professor busca novas práticas que resgate as construções dos saberes.
Esta pesquisa possui como objeto matemático a função quadrática e espera-se
investigar quais obstáculos didáticos dificultam a aprendizagem do conceito de função
quadrática e as conversões, da linguagem natural para a linguagem algébrica e
posteriormente para a linguagem gráfica e seus retornos, apresentando uma sequência
didática para superação destes obstáculos. Há de salientar que, segundo Almouloud
(2007, p. 75), pelo menos duas movimentações simultâneas de registros bastam como
requisitos suficientes para a apropriação do conceito de função quadrática, “A
coordenação de vários registros (pelo menos dois) é uma condição necessária para essa
forma de compreensão, que Duval denomina ‘conceitual’”.
35
Para se chegar às conversões devemos nos focar em alguns passos importantes
da representação conforme Duval afirma:
Não é possível estudar os fenômenos relativos ao conhecimento sem se
recorrer à noção de representação. Desde Descartes e Kant, ela está no centro
de toda reflexão que se preocupa com questões da possibilidade e da
constituição de um conhecimento certo. Porque não há conhecimento que não
possa ser mobilizado por um sujeito sem uma atividade de representação
(DUVAL 2009, P. 29).
Para Duval (2009), a noção de representação emergiu por três vezes em épocas
e significados diferentes. Nos idos de 1924-1926 aparece com Piaget em “A
Representação do mundo na criança”, sob o aspecto de representação mental formada
pelo conjunto de concepção de um indivíduo; por volta de 1955-1960 a noção de
representação possivelmente aparece inicialmente com Broadbent, como interna ou
computacional formada pelas ações automatizadas de um indivíduo e, finalmente, como
representação semiótica que, para Duval (2009), é formada pelo uso de signos do
sistema de representação próprio, específico, sendo capaz de transmutar para outro tipo
de sistema, no caso, linguagem natural, algébrica os gráficos cartesianos.
É primordial que os estudantes ao tomarem conhecimento da função quadrática
visualizem diferentes formas de registro de representação desse mesmo objeto
matemático, assim, para Amouloud (2007), conduzimos em uma espécie de jogo o
problema da aprendizagem, garantindo ao professor subsídios para tornar compreensível
o objeto matemático.
A noção de registro permite salientar a importância da mudança de registro e
considerar a necessidade de uma coordenação de registros. Uma mudança de
registro tem vantagens do ponto de vista do tratamento, podendo facilitar a
compreensão ou a descoberta (ALMOULOUD, 2007, p.72).
Segundo Duval (2013), a compreensão do objeto matemático, em nosso caso,
função quadrática, tem relações intrínsecas e dependentes da mobilização de pelo
menos, dois registros de representação semiótica ao mesmo tempo, e para uma
abordagem de aprendizagem, ocorrem dois tipos de transformações de representações:
os tratamentos e as conversões.
36
Para Duval (2013) ocorrem os tratamentos quando há alterações nas
representações em um único registro, por exemplo: Calcular (2)f para o valor de
2x , na função 2( ) 4 3f x x x .
2
2
( ) 4 3
(2) 2 4.2 3
(2) 4 8 3
(2) 1
(2, 1)
f x x x
f
f
f
Para Duval (2013), ocorrem as conversões quando há alterações nas
representações para o mesmo objeto matemático, por exemplo: usando o software
computacional construa o gráfico da função quadrática 2( ) 4 3f x x x para os
valores de 1 5x .
Figura 1 – Exemplo de Conversões.
Fonte: Autor.
Neste caso, com o software educacional GeoGebra, podemos observar a
passagem do registro de representação da escrita algébrica na janela da Álgebra para o
registro de representação na forma gráfica na janela de Visualização, ambas,
representando o mesmo objeto matemático.
Em nossa pesquisa, os estudantes se apropriaram da sequência didática
validada por Maia (2007) com adaptações, e movimentaram os coeficientes das funções
2y ax bx c e 2( )y a x m n assim, tiveram oportunidade de observar a
passagem do registro de representação semiótica da linguagem algébrica para a
linguagem gráfica e vice-versa.
37
Lembramos que uma das características importantes da atividade matemática
é a diversidade de registros de representação semiótica que ela mobiliza
obrigatoriamente. No entanto, essa diversidade raramente é levada em conta
no ensino. Ora se se quer analisar as dificuldades de aprendizagem em
matemática, é preciso estudar prioritariamente a conversão das
representações e não os tratamentos.
[...] Há uma pluralidade de registros de representação de um mesmo objeto, e
a articulação desses diferentes registros é condição para a compreensão em
matemática, embora várias abordagens didáticas não levem em conta esse
fato (DUVAL, 2013, p.30/31).
Neste contexto, para Duval (2011) a representação gráfica cartesiana ainda
gera obstáculos para fazer a passagem do registro de representação gráfica para a
passagem do registro de representação algébrico.
Duval (2011) em “Gráficos e Equações: a articulação entre os dois registros”,
realizou estudos significativos sobre as variáveis visuais da função afim y ax b e as
unidades simbólicas significativas, estudo este, retratado por Maia (2007) com
adaptações a função quadrática.
Uma apresentação explícita e sistemática das variações visuais significativas
não somente centra a atenção sobre a correspondência entre a representação
gráfica e expressão algébrica, mas permite encontrar diretamente a expressão
algébrica das propriedades geométricas: perpendicularidade e paralelelismo
de duas retas, por exemplo. De fato, é suficiente praticar a abordagem
experimental a mais clássica: variar uma unidade significativa na
expressão, mantendo as outras constantes e ver o que se passa no outro
registro (ou mudar uma variável visual mantendo as duas outras constantes e
ver as modificações que acontecem na expressão). Assim, por exemplo, a
oposição entre y = x e y = -x se articula em uma unidade de uma imagem
visual e esta imagem se presta a modificações que têm contrapartida
algébrica imediata (DUVAL 2011, p. 103).
Buscamos apoio nos estudos de Duval (2011) e Maia (2007), onde
evidenciamos as quatro variáveis visuais e seis unidades simbólicas, pelo fato da
inclusão dos coeficientes b e c relativos à função quadrática 2y ax bx c , e seu
traçado/eixo representarem uma curva chamada parábola.
38
Quadro 2 - Unidades simbólicas correspondentes às variáveis visuais.
Variáveis Visuais Valores Unidades Simbólicas correspondentes
Concavidade da
Parábola
Voltada para cima
Voltada para baixo
Parâmetro a > 0 (ausência do símbolo -)
Parâmetro a< 0 (presença do símbolo -)
Abertura da parábola
Maior abertura
Menor abertura
0 | | 1a
| | 0a (o parâmetro não está escrito)
| | 1a
Posição do vértice da parábola
com relação ao eixo das
abscissas
Acima do eixo
Na origem
Abaixo do eixo
0n
0n
0n
Posição do vértice da parábola
com relação ao eixo das
ordenadas
À esquerda do eixo
Na origem
À direita do eixo
0m
0m
0m
Posição do vértice da parábola
com relação ao eixo das
ordenadas
À esquerda do eixo
Em cima do eixo
À direita do eixo
0b
0b
0b
Posição do vértice da parábola
com relação ao eixo das
abscissas
Acima do eixo
Na origem
Abaixo do eixo
0c
0c
0c
Fonte: MAIA, 2007, p.65 (com adaptações).
A teoria dos registros de representação semiótica foi utilizada para expor e
discutir a compreensão dos aspectos cognitivos da apropriação do conceito de função
quadrática.
39
CAPÍTULO 2 Análises prévias
Neste capítulo mostraremos a organização de nossa análise prévia, que
iniciamos com o tópico do estudo histórico e epistemológico da função para nos situar
com o conceito de função, em seguida buscando as sugestões apresentadas pelos
documentos oficiais para o conteúdo função quadrática dos Parâmetros Curriculares
Nacionais de Matemática, da Proposta Curricular do Ensino Fundamental no Estado do
Amazonas, prosseguindo com a análise do teste diagnóstico para identificar os
conhecimentos prévios e concepções dos estudantes a respeito do objeto em questão,
prosseguiremos com uma análise praxeológica do livro didático segundo Chevalard
(1996), somente no conteúdo função quadrática, buscando identificar obstáculos
didáticos a luz da Teoria das Situações Didáticas e da Teoria dos Registros de
Representação Semiótica de Duval (2009) e encerrando com caracterização dos
obstáculos didáticos segundo Brousseau (2008).
2.1 Tópicos do Estudo Histórico e Epistemológico da Função
Ao analisar o processo histórico da função buscamos agrupar somente pontos
necessários para compreensão deste objeto matemático ao longo do tempo, sem aspirar
esgotar o assunto.
Nos orientamos nos trabalhos de Zuffi (2001), Rossini (2006), Maia (2007),
Bueno (2009), Boyer (2012), Salin (2014), entre outros.
O homem ao longo do tempo tem buscado compreender o caleidoscópio de
padrões mostrados pela natureza e, possivelmente, com esta inquietação pode ter
surgido a necessidade de organizar dados, para futuramente prever certos
comportamentos naturais.
Conforme ocorria o desenvolvimento da ciência e paralelamente o da
matemática as contradições que circundavam os conceitos sobre função também
brotavam como forma salutar de avanço. Livros de matemática contemporâneos evitam
relatar a origem do conceito de função em virtude da falta de consenso entre
historiadores.
Youschkevitch (1976) apud Maia (2007, p.18), da Universidade de Moscou,
propõe três etapas fundamentais para a evolução do conceito de função:
40
“(1) A Antiguidade: etapa no curso da qual o estudo dos diferentes casos de
dependência entre duas quantidades ainda não isolou as noções gerais de
quantidades variáveis e de funções.
(2) A Idade Média: Nesta etapa, estas noções são pela primeira vez, e de
maneira precisa, expressas sob uma forma geométrica e mecânica, mas
durante a qual, como na antiguidade, cada caso concreto de dependência
entre duas quantidades é definida por uma descrição verbal ou por um
gráfico, de preferência a uma fórmula.
(3) O período moderno: no curso do qual, a partir do fim do século XVI, e
especialmente durante o século XVII, as expressões analíticas de funções
começam a prevalecer, a classe das funções analíticas geralmente são
expressas por meio de soma de séries infinitas, tornando-se logo a principal
classe utilizada.
Na Antiguidade, que possivelmente ocorreu entre 4000 a.C até meados de 476
d.C, na queda do Império Romano, pode-se inferir que há processos de dependência
entre duas quantidades, porém, não registros implícitos ou explícitos das noções de
quantidades de variáveis ou mesmo de funções.
Na Idade Média, compreendida geralmente entre os séculos V e XV, a noção
de dependência brota de forma concisa tanto na forma geométrica quanto na mecânica,
observando que, de forma propensa à descrição verbal ou gráfica, esporadicamente
ocorria à expressão por fórmula.
Na Idade Moderna, ocorrida talvez entre os séculos XVI a XVIII, as expressões
analíticas tomam a vanguarda na forma de somas de séries infinitas, sendo o final do
século XVII o período áureo para o desenvolvimento da noção de função.
Seguiremos o contexto proposto pelas três fases na evolução do conceito de
função.
Na Idade Antiga encontrava-se inserido no povo babilônico, aproximadamente
2000 A.C, as tabelas sexagesimais sobre quadrados, cubos, assim como raízes
quadradas e cúbicas, cunhadas em argila. De acordo com Roque (2012), essas tabelas
possivelmente tinham pretensões pedagógicas.
No Egito, o rio Nilo, com o processo de cheias e vazantes, nos remete aos
controles das datas, para melhor aproveitamento do solo e preparação das áreas a serem
cultivadas. Assim os egípcios intencionavam maximizar a colheita, atividade na qual,
segundo a História, eram especialistas. Heródoto, historiador que viveu no século V
a.C., registra a palavra “geometria” em um dos seus nove livro dedicado ao Egito. O
historiador afirma que o rei era defensor das distribuições de terras igualitariamente,
41
contanto que lhes fossem pagos os impostos, e tal prática poderia ter originado a
geometria (ROQUE, 2012).
Para Rossini (2006) e Roque (2012), por volta de 300 a.C. a astronomia já era
bem desempenhada e se apropriava de técnicas matemáticas de alto nível, o que
possivelmente influenciou a tradição grega de Hiparco e Ptolomeu. Entretanto, não há
menção sobre possíveis nomes gregos que poderiam ter levado a Geometria para
Grécia.
Para Oliveira (1997) o conceito de função aparece tanto na Matemática como
na Ciências Naturais quando os mestres propunham atividades práticas não formuladas
para seus aprendizes.
Pitágoras, matemático filósofo fundador da Escola Pitagórica em 540 a.C., ao
passar por uma oficina viu um ferreiro fundindo e dando forma a sua matéria prima. A
batida no ferro produzia sons, os quais lhe despertaram a curiosidade pela diversidades
de sons emitidos, o levando a criar uma experiência com monocórdio para os detalhar,
descobrindo assim a interdependência entre números, comprimentos e harmonias.
Para Boyer (2012) o estudo das cônicas de Apolônio foi um trabalho
excepcional. Comparando-as à atualidade, como são expostos os assuntos nos livros
didáticos, Boyer afirma que os pontos onde há omissões, por exemplo, no foco das
secções, ocorrem possivelmente em virtude das obras perdidas de Apolônio, e enfatiza
que para determinarmos uma equação é necessário uma curva, e que equações não
determinam curvas.
Dentro deste aporte podemos vislumbrar que tanto gregos como babilônios
possuíam noções de funções ainda que tabuladas, perfeitamente adequadas para aquele
período.
Entendemos que não há ruptura cronológica para ilustrar cada fase, mas, que
em certo momento da transição, há uma intersecção nas fases.
Na Idade Média surge o conceito de função e para Maia (2007), Boyer (2012)
aparece com Nicole Oresme (1323 – 1382) no desenvolvimento da latitude das formas,
tendo uma imaginação privilegiada, expressando em forma de figura o jeito que os
objetos se deslocam, o que, hoje, chamamos de representação gráfica.
Segundo Boyer (2012, p. 188) “Tudo o que é mensurável, escreveu Oresme, é
imaginável na forma de quantidade contínua...”, assim, idealizou uma figura na qual a
velocidade está representada no eixo vertical (latitudes) e o tempo representado no eixo
horizontal (longitudes), para um objeto que se desloca com uma aceleração constante.
42
Oresme verificou que a área da figura representava a distância percorrida por
este objeto, assim, configurou-se uma verificação geométrica para o caso. Esta maneira
de representar através da latitude de formas tornou-se comum por mais de dois séculos e
meio, sendo bem explorada pelos cientistas até os tempos de Galileu.
Na Idade Moderna, segundo Maia (2007), podemos nos apropriar da
contribuição de Galileu para progressão do conceito de função sobre a queda dos
corpos, que obedece a função quadrática da altura em função do tempo 21
2h gt .
Galileu em sua experiência almejava verificar em um processo experimental
que o movimento uniformemente acelerado poderia ser encontrado na natureza,
observando que em queda livre os deslocamentos ocorriam proporcionalmente ao
quadrado do tempo de queda, entretanto, Boyer (2012, p.231) sugere que:
É praticamente certo, no entanto, que ele conhecia perfeitamente a obra de
Oresme sobre a latitude de formas, e várias vezes em “As duas novas
ciências”, Galileu usou um diagrama de velocidade semelhante ao gráfico
triangular de Oresme. Porém, Galileu organizou as ideias de Oresme e deu-
lhes uma precisão matemática que lhes faltava.
Galileu percebeu que um corpo abandonado caindo livremente percorre tempos
iguais para distâncias proporcionais aos números ímpares, ou seja,
, , 2 ,3 , 3 ,5 , 4 ,7t d t d t d t d .
Galileu teve contribuições nos estudos de lançamentos de corpos que é
formado pela composição de dois deslocamentos: o horizontal, com movimento
uniforme onde não há aceleração, e o vertical, com o movimento uniformemente
variado provido de aceleração, que descreve uma parábola obedecendo à função do
primeiro grau para o eixo x relativo ao espaço 0 .xx x v t e a função quadrática do
espaço para o eixo das ordenadas 2
0 0 .2y
gty y v t .
Segundo Boyer (2012) não há precisão se Descartes em 1628 já havia
completado sua geometria analítica, porém, a geometria cartesiana possivelmente não
demoraria a se tornar conhecida, isso porque, quando residia na França, tomou
conhecimento do problema das três e quatro retas de Papus, aplicando seu método:
43
Se queremos resolver qualquer problema, primeiramente supomos que a
solução já está encontrada, e damos nomes a todas as linhas que parecem
necessárias para construí-la. Tanto para as que são desconhecidas quanto para
as que são conhecidas. Em seguida, sem fazer distinção entre linhas
conhecidas e desconhecidas, devemos percorrer a dificuldade da maneira
mais natural possível, mostrando as relações entre estas linhas, até que seja
possível expressar uma única quantidade de dois modos. A isto chamamos
uma Equação, uma vez que os termos de uma destas duas expressões são
iguais aos termos da outra. (BOURBAKI, 1976 apud ROQUE 2012, p.322).
Desta maneira, resolveu sem maiores dificuldades o problema de Papus,
expondo o poder de seu método, o que lhe inspirou a publicar sua obra La géométrie.
Segundo Oliveira (1997), Descartes, em sua obra La géométrie, foi pioneiro
quando introduziu a noção de função relacionando a equação com dependência entre as
variáveis, “... pela primeira vez e de modo completamente claro, é sustentada a ideia de
que uma equação em x e y é um meio para introduzir uma dependência entre
quantidades variáveis...” (OLIVEIRA, 1997, p.18) naquele momento a relação da noção
de função com a dependência foi crucial, pois, poderiam partir de uma curva e chegar a
uma equação através de coordenadas.
Para Boyer (2012) outra contribuição importante para o conceito de função foi
o estudo publicado por Isaac Newton em 1687, Philosophiae naturalis principia
mathematica, que não comportava somente estudos da Física e Astronomia, mas,
também matemática pura nos estudos das cônicas. Newton mostra, no Lema XIX do
livro I, a resolução do problema de Papus geometricamente. No Enumeratio, o físico
dedicou-se aos gráficos das curvas planas.
Segundo Boyer (2012) e Maia (2007), Newton, em sua publicação “Métodos
dos Fluxos” (por volta de 1671) tinha x e y como quantidades que se deslocam
proporcionalmente chamadas fluentes, nas quais em cada variação chamada fluxo
obtém-se uma curva.
Para Roque (2012) o conceito de “função” na matemática foi precedido pela
lapidação das técnicas diferenciais propostas por Leibniz e Newton. Oliveira (1997)
afirma que a palavra “função” consta nos manuscritos de Leibniz por volta de 1673 de
forma implícita, porém, embasada pelo termo “relatio” que posteriormente aparece
como segmentos de retas ligados a uma certa curva, mas, é com Jean Bernoulli que
ressurge, de forma bem clara, “Chamamos função de uma grandeza variável uma
44
quantidade composta de qualquer maneira que seja desta grandeza variável e
constantes”(OLIVEIRA, 1997, p.35).
Já no século XVIII surge a notação do conceito de função ( )f x usado por
Euler nos Commentaries de Petersburgo (1734-1735), Boyer (2012).
Euler (1707-1783), em sua publicação Introductio in analysin infinitorum
editada em 1748, define função como uma noção central da matemática: “Uma função
de uma quantidade variável é uma expressão analítica composta de um modo qualquer
dessa quantidade e de números, ou de quantidades constantes.” (EULER apud Roque,
2012, p. 374).
A noção de função, além de criticada, passou por processo de reestruturação no
processo social de modernização, onde o conhecimento científico passou a ser visto
com bons olhos para uma nação. Criaram-se novos departamentos científicos, surgindo
nomes reconhecidos na área, dando início a processo de rigorosidade da Análise
(ROQUE, 2012).
Segundo Maia (2007) os conceitos de Euler foram revistos quando foi
analisado o estudo da propagação do calor de Fourier, envolvendo as funções
trigonométricas em virtude da redefinição do conceito de função, e em seu livro Théorie
Analytique de la chaleur Fourier afirma tratar de funções gerais. Ainda assim, eram
mais gerais aos estudos da época.
Segundo Boyer (2012) apesar do infortúnio do exílio de Fourier, os estudos
deste sobre funções são importantes, tanto na Matemática como na Física. Lejeune
Dirichlet, em 1837, buscando ser mais geral propôs uma definição:
Se uma variável y está relacionada com uma variável x de modo que,
sempre que um valor numérico é atribuído a x , existe uma regra de acordo
com a qual é determinado um único valor de y , então se diz que y é uma
função da variável independente x (BOYER, 2012, p.334).
Este conceito, em uma visão atual, está próximo do que conhecemos como
função, embora a noção de correspondência entre dois conjuntos ainda não houvesse
sido definido na época.
Para Oliveira (1997) a prática no início do século XX nos cursos de análise
matemática seguia o modelo de Dirichlet.
45
Neste contexto, segundo Maia (2007) a teoria dos conjuntos abrigou o conceito
de função relacionando dois conjuntos quaisquer: “Assim, na teoria dos conjuntos, uma
função f é, por definição, um conjunto qualquer de pares ordenados, pares esses
sujeitos à condição, seguinte: se 1 1 2 2( , ) ,( , )a b f a b f e
1 2a a , então 1 2b b .”, onde
o conjunto A chamado de domínio da função tem os seguintes elementos na sua
formação, 1 2{ , }A a a , e o conjunto
1 2{ , }B b b , chamado de conjunto imagem da
função f .
Este conceito de função ainda é de difícil compreensão nos dias atuais
conforme os trabalhos desenvolvidos por Pelho, Maia, Ardenghi, Santos e Mpaka:
Pelho (2003) constatou em seu trabalho que os estudantes iniciam seus estudos
no Ensino Médio sem o conhecimento necessário ao conceito de função, e os estudantes
bem relacionados com os registros gráficos tinham melhores rendimentos comparados
aos que preferiam o registro de tabelas. Ele evidenciou também a dificuldades da
passagem do registro algébrico para o registro gráfico e vice-versa, e que possivelmente
isto ocorra pelo formalismo existente para tratar o conceito de função. Assim exposto,
podemos inferir que se trata de um obstáculo didático nos moldes de Brousseau.
Maia (2007) percebeu que os estudantes tiveram dificuldades em enxergar o
gráfico de uma forma completa na ausência do software. Além da construção do
gráfico, também foi detectado que os estudantes tiveram dificuldades na quarta
atividade em passar da linguagem natural para linguagem algébrica e posteriormente,
para a gráfica.
Ardenghi (2008) em seu trabalho buscou compreender as dificuldades que os
estudantes possuíam a respeito do conceito de função. Em suas experiências e estudos
relacionados podemos destacar Simões (apud Ardenghi 2008, p. 36), onde foram
expostos os obstáculos didáticos da função quadrática, relacionados ao conceito e à
construção da representação gráfica.
Vale ressaltar que neste trabalho também foi percebido que, quando o livro
didático revela a preferência da passagem de registro da representação algébrica para a
gráfica, há possibilidade de se gerar obstáculo didático quando o estudante buscar a
passagem da representação gráfica para algébrica.
Dos Santos (2009) em seu trabalho faz referência ao obstáculo em mobilizar os
conceito de função em virtude da não compreensão das variáveis dependentes e
independentes e a relação entre elas, acarretando dificuldades em identificar o gráfico
46
correspondente à função. Isto equivale à dificuldade do obstáculo didático em passar da
representação algébrica para a representação gráfica, podendo refletir de forma negativa
em outras disciplinas, tais como Física e até mesmo comprometer os assuntos que
tenham função como pré-requisito, sendo isto exposto e corroborado com o índice de
71% abaixo do nível básico.
Mpaka (2010) afirma que há dificuldades na construção do conceito de função
por parte dos docentes “Contudo, apesar das inúmeras pesquisas envolvendo o ensino e
aprendizagem do conceito de função, ainda são grandes as dificuldades apresentadas
pelos educandos, tanto no ensino fundamental e no ensino médio” (MPAKA 2010, p.
23). Mpaka afirma também que é um processo demorado e exaustivo a construção do
conhecimento e que a possibilidade de superar as grandes dificuldades nas
interpretações de gráficos e possivelmente o caminho para superar estes obstáculos
seriam as novas tecnologias.
Percebemos, então, que o conceito de função quadrática tem grande relevância
para a construção do conhecimento da matemática, e é necessário que os estudantes do
nono ano do Ensino Fundamental levem estes conhecimentos para formar uma base
para o Ensino Médio.
Assim, conforme a explanação acima, almejamos em nossa pesquisa
complementar estes trabalhos usando uma sequência didática validada por Maia (2007)
utilizando o software educacional GeoGebra em um ambiente computacional
oferecendo ao estudante a oportunidade de verificar que as mudanças das unidades
simbólicas da função quadrática acarretam mudanças instantâneas nas variáveis visuais,
sendo uma abordagem em um nível superior à construção da representação gráfica
ponto a ponto, prática exposta nos livros didáticos e aplicadas em sala de aula.
Desta forma, analisamos como este objeto matemático está proposto nos
documentos oficiais.
2.2 Parâmetros Curriculares Nacionais de matemática
Os PCN do terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental são referenciais
didáticos para o profissional da educação e têm como sua principal função nortear o
conhecimento matemático e as práticas sociais vinculadas ao mercado de trabalho para
o domínio da leitura, escrita e cálculo.
47
O Ensino Fundamental engloba vários objetivos, dentre os quais destacamos a
compreensão da cidadania como forma de ter uma participação social e política atuante,
conhecendo e aplicando seus direitos e deveres, posicionando de maneira crítica tendo o
diálogo como um instrumento poderoso para inibir qualquer tipo de injustiça, utilizar
diferentes linguagens, tais como a linguagem matemática, a gráfica, como forma de
expressão das ideias, para os estudantes se apropriarem de diferentes fontes de
informações e o pensamento lógico como recurso aos questionamentos de possíveis
resoluções de problemas.
* Do pensamento numérico, por meio da exploração de situações de
aprendizagem que levem o aluno a:
resolver situações-problema envolvendo números naturais, inteiros,
racionais e irracionais, ampliando e consolidando os significados da
adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação e radiciação;
selecionar e utilizar diferentes procedimentos de cálculo com números
naturais, inteiros, racionais e irracionais.
* Do pensamento algébrico, por meio da exploração de situações de
aprendizagem que levem o aluno a:
observar regularidades e estabelecer leis matemáticas que expressem
a relação de dependência entre variáveis. * Do pensamento geométrico, por meio da exploração de situações de
aprendizagem que levem o aluno a:
interpretar e representar a localização e o deslocamento de uma figura no
plano cartesiano;
* Do raciocínio estatístico e probabilístico, por meio da exploração de
situações de aprendizagem que levem o aluno a:
construir tabelas de freqêuncia e representar graficamente dados
estatísticos, utilizando diferentes recursos, bem como elaborar conclusões
a partir da leitura, análise, interpretação de informações apresentadas
em tabelas e gráficos. (BRASIL, 1998, p. 81e 82) (grifos nossos).
Dentro dos objetivos do quarto ciclo do PCN no ensino fundamental,
observamos que o ensino de matemática busca o desenvolvimento do estudante dentro
de alguns pensamentos e raciocínios, que estão de certa forma, inseridos nos estudos
que envolvem mudanças de representações semióticas como construções de tabelas,
gráficos, representações da linguagem algébrica e natural.
Dentro destes mesmos objetivos podemos observar o conceito de função no
pensamento algébrico, quando solicita para observar as regularidades e criar leis
matemáticas que façam menção à relação de dependência entre variáveis.
A representação do conceito de função quadrática mostra-se importante para
formar o cidadão de maneira global, quando exploradas as resoluções de problemas
48
contextualizadas, levando o estudante a vivenciar a ação, formulação e validação
proposta por Guy Brousseau.
Assim, o professor deve organizar seu trabalho de modo que os alunos
desenvolvam a própria capacidade para construir conhecimentos matemáticos
e interagir de forma cooperativa com seus pares, na busca de soluções para
problemas, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com
eles.(BRASIL, 1998, p. 63).
Dentro desta proposta o PCN sugere que a resolução de problemas pode ser
um parâmetro a ser seguido como eixo organizador do processo ensino e aprendizagem,
devendo “criar” uma situação-problema, para que os estudantes explorem a situação,
buscando ferramentas para desenvolver a estratégia a ser usada para dar início à
possível solução, explorando os conceitos para aplicações em várias situações,
desencadeando procedimentos e atitudes matemáticas.
O PCN incentiva o uso das tecnologias como forma de adaptação social, pois,
com a grande diversificação das informações, é condição necessária o uso de
tecnologias em sala de aula para dar dinamicidade à metodologia. Porém, há uma
grande resistência ao uso de calculadoras, notebook, ipad, por parte dos docentes,
porque sempre há o desvio de finalidade do uso como concorrência aos estudos.
Para construir uma boa formação são necessários alguns objetivos. Como meta,
o PCN estabeleceu os objetivos gerais para o ensino fundamental, tais como: apropriar-
se dos conhecimentos matemáticos buscando compreender para influenciar de modo
positivo, transformando o seu círculo de convívio social; analisar de forma qualitativa e
quantitativa a realidade em que está inserido, fazendo uso dos meios aritméticos,
geométrico métrico, algébrico, estatístico, combinatório e probabilístico; fazer relações
entre as disciplinas estudadas e, ainda, sentir-se seguro nos seus estudos para buscar e
construir novos conhecimentos para desenvolvimento pessoal.
O desenvolvimento da aprendizagem tem com princípio básico, nas
Competências e Habilidades com funções, promover a uniformização do currículo
respeitando as particularidades de cada região, globalizando o conteúdo de forma
interdisciplinar, sendo a didática do professor um fator determinante, pois, procura-se
desenvolver a autonomia, diversidade cultural, um espírito cooperativo buscando um
ambiente atrativo para o ensino e aprendizagem da matemática.
49
O estudo da função quadrática deve abranger dimensões conceituais,
procedimentais e atitudinais, com abordagem mais completa, visando à construção do
conhecimento do estudante para atender necessidades sociais no mercado de trabalho.
2.3 A Proposta Curricular
A proposta curricular do Ensino Fundamental que rege as escolas públicas no
Estado do Amazonas afirma que as escolas ainda têm preferência por conteúdos
conceituais, mas que é necessário o acompanhamento do desenvolvimento científico e
tecnológico e se faz necessário escolher o que ensinar e como ensinar, para que os
estudantes se libertem dos conteúdos “decorados” e passem a uma postura de saber
pesquisar e interpretar, bem como: transmitir as ideias de forma organizada e concisa,
priorizando mecanismos de pesquisas e a socialização das ideias; utilizar técnicas e
estratégias de resolução de problemas e explorar conteúdos que contemplem Conceitos
(cognitivo), Procedimentos (saber fazer) e Atitudes (valores, normas).
A fundamentação desta proposta segue as linhas de metas, diretrizes, objetivos
para o ensino fundamental e Parâmetros Curriculares Nacionais: não permitir a simples
transmissão de conteúdos, mas sim, construir conhecimentos compreendendo o seu
contexto social, familiar e ainda permitir escolher conhecer o que lhe é significativo.
Em nossa experiência profissional na área de exatas, o “erro” é tratado como
algo escandaloso, falha grave e digno de punição com notas que têm o objetivo de
classificar os melhores e excluir aqueles que não obtiveram “sucesso” em um período
de tempo muitas vezes desproporcional para avaliarmos de um modo geral todos os
estudantes, mesmos porque, cada estudante tem o seu próprio tempo para concluir a sua
aprendizagem e esta proposta tenta criar mecanismos de “correção” nos atos
pedagógicos, afirmando que devemos respeitar o modo de pensar do estudante e que na
verdade o aluno esta clamando por ajuda do profissional de ensino e lhe dando
subsídios de informação dos seus conhecimentos prévios ou em construção.
Neste ponto concordamos com os pensamentos de Brousseau (2008): o erro
manifesta um obstáculo para o estudante que tinha a certeza de um conhecimento válido
para um contexto local, e este estudante, quando colocado em uma situação mais ampla,
revela dificuldades. Esta proposta curricular, para suprir essa necessidade, solicita ao
educador que, na utilização de um conceito consiga contextualizá-lo de formas diversas,
se possível, para obter articulações com o social.
50
Também sustenta a necessidade de ressignificação no aspecto de ensino-
aprendizagem e solicita que seja um processo dinâmico em que o estudante sinta
prazer em participar e interagir com os colegas, de maneira que gere um ambiente
propício à construção do conhecimento, que a aprendizagem seja estimulante e
significativa para os envolvidos no processo, e que haja o consenso de, tanto professor
como aluno contribuírem para o ensino-aprendizagem, desde que, compreendamos que
há limites e etapas individuais, onde o ritmo individual deve ser respeitado, pois,
“aprender a aprender” pode extrapolar o limite de tempo imposto pelo sistema de “um
bimestre” que é equivalente a 50 horas de estudo dos 200 previstos, gerando conflitos e
obstáculos didáticos pessoais.
Ainda sustenta a necessidade de formação continuada para os profissionais da
educação como forma de lapidação profissional, sendo o sujeito capaz de refletir para
melhorar no contexto profissional, humano e social. E, por fim, que o currículo
apresente um contexto que forme cidadãos críticos, porém, sejam de bom convívio
social, solidários, propondo que o currículo seja referenciado nos moldes de
Competências básicas descartando que os estudantes possam ser depósitos de
informações inúteis ao seu contexto social. Como consequência, a avaliação deve estar
nos parâmetros de atividades contínuas de permanente acompanhamento do
desenvolvimento do estudante, além da progressividade para lhe impor desafios
crescentes como forma de estimular o seu desenvolvimento e também para servir de
parâmetro para possível replanejamento de suas atividades com o objetivo de
oportunizar melhores condições de aprendizagem.
2.3 1 A Matemática na Proposta Curricular
A Proposta sugere que a matemática deve ser encarada com uma ciência que
não é considerada estática e deve ser utilizada como uma ferramenta para compreender
e ser útil à sociedade. Entretanto, devemos ser cautelosos com o educando nessa fase,
pois o mesmo possui uma lógica de raciocínio diferente do adulto. Porém, devemos
acreditar que este é capaz de produzir ideias próprias que serão lapidadas conforme as
necessidades da construção do conhecimento.
O eixo organizador do processo ensino-aprendizagem está pautado nas
resoluções de problemas como uma estratégia metodológica. Nesse eixo devemos
utilizar os conhecimentos prévios para estabelecer uma relação significativa. O
51
professor deve atuar como organizador do processo, mediando ou instigando discussões
para chegarmos à resolução do problema propriamente dito.
A proposta curricular ressalta ainda que o objetivo principal da matemática é
qualificar o cidadão para o mundo do trabalho, para exercer seu papel de agente
defensor ou transformador das boas relações sociais, agindo de forma diferenciada só ou
em equipe e contribuindo para as soluções dos problemas enfrentados no percurso de
cada história de vida.
O Eixo Temático do nono ano do Ensino Fundamental II é Leitura e
Interpretação de Tabelas e Gráficos. Com este viés, esta série torna-se basilar para o
ensino aprendizagem de noções da função quadrática, entretanto, por ser tratado apenas
como uma “introdução”, o mesmo é abordado somente no nono ano do ensino
fundamental II, ficando uma abordagem mais profunda nas séries seguintes do ensino
médio.
Dentro deste quadro a função quadrática é proposta através de:
Conceitos “Ler e interpretar tabelas e gráficos, coletar informações e
representá-las em gráficos, fazendo algumas previsões a partir do cálculo das
medidas de tendência central da pesquisa.”
Procedimentos “Construção de procedimentos para calcular o valor numérico
e efetuar operações com expressão algébricas, utilizando as propriedades
conhecidas.”
Atitudinais “Interesse por utilizar as diferentes representações matemáticas
que se adaptam com mais precisão e funcionalidade a cada situação problema
de maneira que facilite sua compreensão e análise. Compreensão da
importância da estatística na atividade humana e de que ela pode induzir a
erros de julgamentos, pela manipulação de dados e pela apresentação
incorreta das informações...” (Proposta Curricular do Amazonas pg.
191/192).
Por fim, a Proposta Curricular sugere que dentro das atividades sejam
realizadas: análises de erros e acertos, como modo de aproximação do “fazer o melhor”;
leituras com referência a história da matemática; interpretação de textos matemáticos;
uso do Tangran para melhorar a noção de composição e decomposição de figuras
geométricas; jogos matemáticos; e, exercícios com plantas baixas para trabalhar as
noções de áreas e volumes. Não houve menção sobre software matemáticos como o
GeoGebra.
52
2.4 Análise do Teste Diagnóstico
O teste diagnóstico objetivava caracterizar a situação real do estudante do nono
ano, suas concepções, conhecimentos ou não, no que diz respeito aos saberes
matemáticos da função quadrática, estudada cerca de dois meses antes do teste
diagnóstico. O teste foi aplicado no dia 23 de Novembro de 2015 a dezenove estudantes
voluntários que se propuseram a participar do teste diagnóstico, mas, somente oito
estudantes os pais permitiram participarem da pesquisa. Salientamos que o teste
diagnóstico não é obrigatório para participação da pesquisa, podendo o estudante não
informar o motivo de não fazê-lo. O teste obedeceu ao seguinte procedimento, os
estudantes se concentraram na biblioteca da escola apenas com lápis e borracha, dada as
instruções de tempo e execução individual lhes foram distribuídas as atividades com
treze perguntas que deveriam ser respondidas sem qualquer interferência do professor
ou consulta aos colegas com finalidade de analisar seus conhecimentos prévios.
A primeira pergunta almejou investigar qual a percepção do aluno sobre função
quadrática e identificamos que poucos alunos se apropriaram deste saber, conforme
mostram figuras abaixo:
Figura 2 – Resposta do Aluno A01 sobre conceito de função quadrática.
Fonte: Dados da pesquisa.
Figura 3 – Resposta do Aluno A15 sobre conceito de função quadrática.
Fonte: Dados da pesquisa.
Neste ponto este conceito ficou a desejar pois dez alunos expressaram “não
sei” ou deixaram esta questão em branco, três alunos acertaram e seis alunos
responderam de forma confusa ou não correta.
53
A segunda questão objetivou investigar se os estudantes possuiam uma
representação semiótia na linguagem algébrica ou se conseguiam representar uma
função quadrática.
Figura 4 – Resposta do Aluno A15 sobre representação da função quadrática.
Fonte: Dados da pesquisa.
Figura 5 – Resposta do Aluno A01 sobre representação da função quadrática.
Fonte: Dados da pesquisa.
Neste quesito um estudante representou corretamente usando uma
representação semiótica na linguagem algébrica, quatro alunos fizeram somente
referência ao plano cartesiano sem representar a função quadrática e quatorze estudantes
não responderam ou expressaram a escrita “não sei”.
A questão de número três objetivou investigar se o estudante consegue
identificar a forma algébrica da função quadrática e em que variável independente esta
escrita conforme figura.
Figura 6 – Resposta do Aluno A01 sobre identificação da função quadrática.
Fonte: Dados da pesquisa.
54
Verificamos que um estudante reconheceu todas as funções quadráticas e suas
respectivas variáveis independentes corretamente. Dois estudantes reconheceram
parcialmente, porque tiveram dificuldades em identificar a variável independente “W”
(não é comum utilizá-la) e dezesseis estudantes não marcaram corretamente ou
escreveram que não sabiam e, destes dezenove estudantes, quatro reconheceram de
forma incorreta a fórmula de Bhaskara como uma função quadrática.
A questão quatro objetivou investigar a percepção deles sobre a palavra “raiz”,
se poderiam responder que somente a equação do segundo grau possuía raiz ou se
responderiam que a função quadrática possuía o zero da função, que coincide com a
raiz. Neste quesito os dezenove participantes não escreveram corretamente ou
escreveram “não sei”, mostrando que este conceito não ficou explícito em sala de aula.
A questão de número cinco tinha como objetivo investigar se os estudantes
podiam relacionar o expoente de número 2 (dois) da variável independente da função
polinomial com a quantidade interceptação ao eixo “X”. Neste quesito um estudante
relacionou o grau do polinômio com as suas interceptações e dezoito estudantes
relacionaram de forma equivocada a palavra “quadrática” com “quatro interceptações”.
A questão de número seis investigou qual a percepção os estudantes quanto à
simetria da função quadrática. Esperávamos obter como resposta que seria o gráfico da
função quadrática dividida em duas partes iguais por uma reta que passa pelo vértice.
Os dezenove estudantes escreveram “não sei” ou deixaram em branco esta questão.
A sétima questão objetivou investigar se os estudantes possuíam conhecimento
e conseguiam relacionar o valor do discriminante Δ com o número de raízes da função
e, nesta questão, não houve acerto.
A oitava questão pretendia investigar se os estudantes possuíam conhecimentos
sobre os coeficientes da função quadrática.
Figura 7 – Resposta do Aluno A19 sobre o conhecimento dos coeficientes.
Fonte: Dados da pesquisa.
55
Neste quesito, três estudantes conseguiram relacionar somente o coeficiente
“a” mas, não relacionaram o coeficiente “c”. Os outros dezesseis não responderam ou
escreveram não “não sei”.
Na questão de número nove os estudantes deveriam mostrar conhecimentos
para realizar tratamentos na função quadrática. Somente dois conseguiram realizar os
tratamentos de forma correta.
Figura 8 – Resposta do Aluno A04 sobre cálculos das raízes.
Fonte: Dados da pesquisa.
Ainda neste quesito dezessete estudantes escreveram “não sei” ou deixaram em
branco a questão.
Na questão número dez os estudantes deveriam realizar o tratamento do vértice
da função, mas não obtivemos nenhum tratamento, pois, os dezenove estudantes
responderam “não sei” ou não responderam.
Nas questões 11 e 12 eles deveriam construir os gráficos no papel milimetrado.
Somente uma estudante realizou os tratamentos de forma parcial em virtude de o tempo
destinado ter ultrapassado os noventa minutos. Os outros dezoito estudantes já haviam
entregue o teste e responderam “não sei” ou não responderam.
A questão de número 13 tinha como objetivo investigar se os estudantes
conseguiam relacionar a função quadrática com os objetos que possivelmente
encontramos no convívio. Cinco estudantes não conseguiram relacionar nenhuma figura
e quatorze estudantes relacionaram a função quadrática somente com o gráfico de uma
função quadrática, não perceberam que todas as imagens estão relacionadas com a
função polinomial de grau dois.
Após 19 estudantes terem realizado os testes diagnósticos, seus resultados nas
questões fundamentais como:
56
- Escrever o que é uma função quadrática: somente três escreveram
corretamente;
- Identificar a função quadrática e sua variável: apenas um identificou
corretamente;
- Representar uma função quadrática: apenas um fez uma representação
algébrica.
Identificação dos coeficientes da função quadrática: dos dezenove somente três
identificaram apenas o coeficiente a , os coeficientes b , e c , não foram identificados.
Diante do exposto, observamos que os estudantes não conseguiram se apropriar
do conceito de função quadrática, e pelo fato deste objeto matemático ter sido
ministrado havia pouco mais de três meses, verificamos que grande parte dos estudantes
que se submeteram ao teste diagnóstico possuem obstáculos didáticos de identificação,
representação e reconhecimento dos coeficientes da função quadrática.
Almejando identificar a origem destes obstáculos, realizamos um estudo
praxeológico nos livros didáticos, para verificarmos como estes apresentam o conteúdo,
os exercícios modelos e tarefas para o objeto em questão, e se de alguma forma
contribuem para criar obstáculos didáticos.
2.5 Teoria Antropológica do Didático
Sendo esta uma ascensão do conceito de Transposição Didática para analisar as
práticas docentes, utilizamos elementos da Teoria Antropológica do Didático (TAD)
idealizada por Chevallard (1992, apud Almouloud, 2007,p.111) e por entendermos ser a
TAD uma ferramenta de grande valor para adentrarmos no espaço da antropologia com
um olhar nas organizações praxeológicas.
Segundo Almouloud (2007) a Teoria Antropológica do Didático busca
compreender o homem em confronto com o saber matemático com um vislumbre nas
situações matemáticas realizadas dentro de um contexto de atividades humanas e de
instituições sociais. Ressalta ainda que o aluno, professor, livros..., são forma de
instituições sociais.
Buscamos analisar o saber como forma de organização do conhecimento
segundo Chevallard (1996), que se apropria de três temas primordiais: os objectos O as,
pessoas X e as instituições I. Para a teoria os objetos são vistos como alicerce, pois
consideram de uma forma muito peculiar como sendo todas as coisas, segundo
57
Chevallard (1996, p. 127), “[...] conduziu-me a propor uma teorização em que qualquer
«objecto» pudesse aparecer: a função logarítmica é, evidentemente, um objeto
(«matemático»), mas existe igualmente o objecto «escola», objecto «professor», o
objecto «aprender», o objecto «saber»,” e para seu conhecimento como objeto elemento
de relação existente em um contexto definido, se faz necessária a junção de uma pessoa
X observando a posição que este ocupa dentro das instituições para uma relação pessoal
ou uma instituição I para uma relação institucional.
Sobre as instituições I, dentro desta teoria, Chevallard (1996, p.129) comenta
que há restrições para categorizar “Uma escola é uma instituição, tal como o é uma sala
de aula; mas existe igualmente a instituição «trabalhos orientados», a instituição
«curso», a instituição «família». A vida quotidiana é uma instituição (num dado meio
social)”, tal fato se justifica pelo fato de encontrarmos instituições com status de
objectos.
Para expor a finalidade do saber matemático junto às instituições escolares
buscamos modelar a prática social de acordo com as organizações praxeológicas.
2.5.1 Organização Praxeológica
Pela nossa prática profissional observamos que o livro didático é referência
para os docentes, pois é adotado pelo sistema de ensino e distribuído nas escolas para os
estudantes. O mesmo tem sido cobrado pela comunidade escolar junto ao corpo técnico,
em especial quando o professor deixa de fazer uso do livro. Neste ponto concordamos
com Ardenghi (2008) que informa de maneira sugestiva que as pesquisas necessitam
chegar aos autores de livros didáticos em virtude do mesmo ter um papel principal na
preparação das aulas para futuras melhorias na qualidade do ensino.
Objetivamos, na organização praxeológica, investigar sobre a forma como é
apresentado o saber matemático nos livros adotados no sistema educacional. Almouloud
(2007) sugere realizar dentro das análises prévias a observação dos seguintes caminhos:
a) Estudo da organização matemática
[...]
b) Análise da organização didática do objeto matemático escolhido
Neste tópico, deve-se:
1. [...]
2. [...]
3. Analisar livros didáticos. É imprescindível fazer uma análise crítica das
estratégias e escolhas feitas pelos autores dos livros didáticos, enfatizando
essencialmente os seguintes aspectos:
58
[...] Os obstáculos que podem ser superados ou não, justificando a resposta
dada;
As concepções possíveis que os alunos podem desenvolver a partir da
abordagem proposta;
Fazer uma análise praxeológica de tipos de tarefas propostas e seus possíveis
efeitos sobre as aprendizagens pensadas (efeitos do contrato didático e de
transposição didática) (ALMOULOUD, 2007, p.172).
Desta forma, com o objetivo de expor os procedimentos que se faz necessário a
organização praxeológica para Almouloud (2007) sendo um sujeito portador de um tipo
de tarefa (t) do tipo (T) na qual se prontifica a resolvê-la deve ele cercar-se de
agrupamentos específicos de técnicas (τ), este contexto formam o bloco do conjunto das
tarefas e tecnologias [ T, τ ] chamado de bloco prático-técnico savoir-faire “saber fazer”
devendo elas ser legitimadas por tecnologias (θ) e consequentemente explicada por
teorias.(ϴ) formando o bloco tecnológico-teórico do logos ou gnosique [ θ, ϴ ] “saber”.
Neste contexto pretendemos realizar conforme Chevallard (1998) propôs, para
uma tarefa (t) do tipo (T) então t ∈ T a mesma para ser reconhecida vem acompanhada
de um verbo de ação especificando a tarefa de forma objetiva “determinante”, por
exemplo: Construa o Gráfico da função quadrática 2( ) 8 12y x x x para os valores
de 0 8x e verifique para que valores de x temos 0y e determine as coordenadas
do vértice. Quando os verbos aparecem de forma isolada se caracteriza por gênero de
tarefa.
Para realizar esta tarefa, o sujeito mobiliza técnicas (τ) para alcançar o seu
objetivo, nos casos específicos.
Técnica (τ) para Chevallard (1998) é a ação de aplicar “um fazer” ou mais sob
um objeto matemático com fins de obter o sucesso desejado para completar uma tarefa
relativa. Neste termo, se faz necessário identificar e aplicar uma técnica específica à
atividade.
A Tecnologia (θ) é caracterizada por um discurso racional, que execute um
detalhamento, que ampare a técnica (τ) praticada, como forma de assegurar a execução
correta da tarefa (t).
A Teoria (ϴ) se evidencia por um discurso tecnológico que ratifica a tecnologia
(θ) em uma dimensão mais elevada de fundamentação, esclarecimento e execução da
teoria (ϴ), observando o nexo com a tecnologia (θ) e técnica (τ).
Deste modo, para Chevallard (1998) uma praxeologia requer a união do bloco
tarefa-técnica [ T, τ ] visto como o “saber fazer” ao bloco tecnologia-teoria [ θ, ϴ ]
59
vista como “saber”. Faremos uso ainda, na nossa análise, do Discurso Teórico-
tecnológico, que consiste na aplicação de uma teoria/tecnologia de forma conjunta a
uma técnica.
Neste sentido, para executarmos o estudo praxeológico no exemplo acima,
seguiremos os seguintes procedimentos:
1º Identificar a Tarefa (t)!
Construir o gráfico da função quadrática 2( ) 8 12y x x x para os valores de
0 8x ;
Verifique para que valores de x temos 0y ;
Calcular as coordenadas do vértice.
2º Identificar a Técnica (τ)!
Substituir os valores de x na lei de formação da função, para valores
numéricos de 0 até 8 , determinando os pares ordenados;
Determinar as raízes quando no tratamento algébrico verificarmos ( ) 0y x ;
Para calcular as coordenadas do vértice podemos utilizar a fórmula das
coordenadas do vértice.
3º Discurso Teórico-tecnológico [ , ] .
4º Definição de função quadrática, com o significado geométrico das raízes e
vértice da função quadrática.
Portanto, analisaremos os livros didáticos adotados pela Instituição de Ensino,
somente nos reportando ao objeto matemático função quadrática, buscando
compreender a abordagem do assunto e atividades relacionadas aos coeficientes da
função, construção dos gráficos, características dos gráficos, pontos notáveis e que
passagens são mais utilizas das Linguagens: Natural para Algébrica? Algébrica para
Tabular? Tabular para Gráfica? Estabelecer uma relação entre duas grandezas para
chegar a uma função quadrática ou calcular pontos de pares ordenados e noções de
áreas. Representar graficamente uma função quadrática através dos pontos notáveis.
Esboçar o gráfico para determinar o vértice, raízes e ponto de máximo e de mínimo ou
estudo da função, se na forma como são expostos aos estudantes, os mesmos
contribuem para o surgimento de obstáculos didáticos.
60
2.5.2 Análise praxeológica do Livro A adotados pelas Instituições
Livro A - A organização do capítulo intitulado como “Funções” inicia com as
autoras alertando para vários empregos da palavra função, relacionando, por exemplo,
desemprego em função do crescimento da economia, a assistência precária nos hospitais
em função da quantidade de funcionários e, por fim, afirmam que a televisão tem a
função de levar informações aos telespectadores. Neste aspecto as autoras mencionam
que a dependência entre duas grandezas equivale ao conceito de função.
Iniciando funções quadráticas, chama a atenção para as situações vividas no
cotidiano, como lançamento de objetos que descrevem uma parábola na trajetória,
antenas parabólicas e cita a história de Arquimedes, que ajudou as tropas de Siracusa a
vencer os romanos construindo vários espelhos parabólicos e os direcionando-os aos
barcos inimigos, há mais de dois mil anos.
Posteriormente, mostra o primeiro exemplo para determinar a relação entre
duas grandezas onde a área depende das larguras das faixas:
Figura 9 – Exemplo de relação entre duas grandezas que levam a função quadrática.
Livro A, 2012, p. 229.
2
2
( 48).( 80)
80 48 3480
128 3840
Y x x
Y x x x
Y x x
Logo após, afirma que tal resultado é do tipo 2Y ax bx c com seus
coeficientes 1a , 128b , 3840c e que, assim ocorrendo, a mesma é uma Função
polinomial de 2ºgrau ou Função quadrática, e o livro solicita que os estudantes
realizem as atividades a seguir:
61
Figura 10 – Exemplo de Atividades.
Livro A, 2012, p.230.
Salientamos que até então, nestas atividades não foi mencionado o que define
uma parábola, variáveis e coeficientes, o que pode levar algum estudante a pensar que
este assunto está em um nível inalcançável. Vale lembrar, no exemplo do jogador, que
ao se dar um chute em uma bola, devemos levar em consideração as direções
inconstantes do vento e modos de aplicar a técnica do chute, pois, são forças que podem
alterar a trajetória da bola, não descrevendo uma parábola.
Após as atividades acima segue outro exemplo relacionando área com lados do
quadrado, e a definição de função quadrática:
Figura 11 – Conceito de função polinomial de 2º grau.
Livro A, 2012, p.231.
Neste momento são definidos os coeficientes ,a b e c como números reais,
com 0a , sendo c o termo independente, x a variável independente e y a variável
dependente.
As autoras iniciam com a atividade:
Figura 12 – Exemplo de Atividade para determinar o par ordenado.
Livro A, 2012, p.232.
62
Tarefa (t) determinar o valor de y dado o valor de x ;
Técnica (τ) substituir o valor de x na função algébrica e executar os cálculos
necessários para encontrar um para ordenado ( , )x y ;
Discurso Teórico-tecnológico [ , ] definição de função quadrática,
associando um ponto do domínio obtendo uma única imagem.
Nesta atividade as autoras mostram a preocupação em estabelecer a noção de
correspondência preparando os estudantes para a construção de tabelas e gráficos. A
forma de execução da tarefa equivale apenas a um tratamento, não há mudança de
registro da forma algébrica para tabular (DUVAL, 2009).
Seguindo para próxima atividade:
Figura 13 – Exemplo de Atividade para determinar uma função quadrática.
Livro A, 2012, p.232.
Tarefa (t) escrever a fórmula da função quadrática que representa a área da
figura em função dos lados na forma algébrica;
Técnica (τ) escrever que os lados do quadrado têm valor x e que o produto de
dois lados é igual a sua área y subtraída à área dos dois quadrados internos;
Discurso Teórico-tecnológico [ , ] é o conceito de função e de área.
Neste exercício as autoras objetivaram relembrar as noções de função, de
dependência e área em relação às medidas dos lados do quadrado, levando os estudantes
a reforçar os conceitos estudados em atividades anteriores.
As atividades propostas pelo livro neste capítulo sobre função quadrática, na
qual as autoras tem o objetivo de mostrar como partir de um problema relacionando
duas grandezas para obter uma fórmula que representa uma função quadrática, é
composta de seis (6) atividades. Ocorre que somente duas (2) têm este cunho, as outras
quatro (4) são cálculos para determinar pares ordenados e área da figura plana.
63
Seguindo as atividades, o livro oferece um capítulo denominado
Representação Gráfica de uma função quadrática, e inicia o mesmo afirmando que
os gráficos de uma função quadrática de uma expressão algébrica 2ax bx c é uma
parábola. Neste momento, o livro didático, de acordo com Brousseau (2008) incorreu
em um efeito do contrato didático chamado Topaze, quando o professor seleciona
respostas prontas, tomando a responsabilidade para si, quando esta é do estudante. Com
efeito, a construção do conhecimento visado torna-se ineficiente (ALMOULOUD,
2007).
Ainda neste segmento o livro didático solicita que o estudante desenhe o
gráfico da função 2y x e sugere primeiramente a construção de uma tabela,
substituindo os valores de x e através dos cálculos, determinar os correspondentes em
y , ou seja, os pares ordenados do plano cartesiano.
Figura 14 – Exemplo de Atividade para esboçar o gráfico da função quadrática.
Livro A, 2012, p.233.
Neste caso as autoras chamam a atenção para o coeficiente 1a da função, ou
seja, 0a (positivo), afirmando por este motivo que a concavidade é voltada para
“cima”. Em seguida, solicitam que os estudantes dobrem o desenho tendo como
referência o eixo y para perceberem o eixo de simetria. Neste mesmo exemplo,
chamam a atenção para a função 2y x , com 1a (negativo), logo, a concavidade
da parábola é para “baixo”. Elas reforçam que a concavidade de uma parábola
representada pela função 2y ax bx c com 0a , depende do coeficiente a .
Observamos que o livro didático foi sucinto no que se refere ao coeficiente a e
deixou de comentar que os valores de a estão relacionados com o ato de comprimir ou
abrir a parábola. Vale ressaltar que o mesmo limitou-se na questão em mostrar que
1a e 1a , deixando de propor outros valores, tanto positivos quanto negativos,
64
levando o estudante a imaginar que os coeficientes sempre terão estes valores, além de
expressar de pronto que a concavidade ficaria para cima ou para baixo, conforme os
coeficientes positivos ou negativos, incorrendo novamente no efeito Topaze, ou seja,
também deixou de permitir ao estudante a construção do conhecimento.
Neste contexto, o fato dos estudantes não terem uma visão completa do
coeficiente a é fator gerador de obstáculo didático, uma vez que, na introdução do
estudo de movimento uniformemente variado em ciências no próprio nono ano, o
coeficiente a na função quadrática aparece na forma de aceleração assumindo diversos
valores reais.
No tópico Raízes ou zeros de uma função quadrática as autoras solicitam que
os estudantes observem os pontos ( 2,0)A e (2,0)B representados na função
quadrática 2 4y x no plano cartesiano:
Figura 15 – Exemplo de Atividade para identificar as raízes da função quadrática.
Livro A, 2012, p.233.
Então, definem as raízes de uma função como os valores que x assume quando
temos 0y .
Comentam também na página seguinte, sobre o ponto (0, 4)V , como sendo
o vértice da parábola, é possível de ser calculado através da fórmula 2
v
bX
a
e
informam que, para calcular a outra coordenada do vértice vY basta substituir o valor de
vX encontrado na 2 4y x .
65
Neste ponto as autoras se propuseram a mostrar como esboçar um gráfico da
função quadrática apenas obtendo os três pontos notáveis.
Através do primeiro exemplo as autoras deixam explícitas suas intenções sobre
o procedimento apresentado e, ainda, o segundo exemplo segue o mesmo pedido, para
outra função com 0a .
Figura 16 – Exemplo de atividade para identificar as raízes e vértice.
Livro A, 2012, p.236.
As informações são:
Tarefa (t) Construir o gráfico da função quadrática 2 2y x x ;
Técnica (τ) determinar as coordenadas do vértice através da fórmula 2
v
bX
a
.
Determinar as raízes fazendo 0y e resolvendo a equação do 2º grau.
Substituir alguns valores de x positivos e negativos, com valores próximos a vX .
Organizar os pares ordenados em tabela para marcar no plano cartesiano.
O discurso Teórico-tecnológico [ , ] é a visualização do significado
geométrico das raízes na abscissa e da intersecção da parábola no eixo das ordenadas,
assim como o vértice.
As atividades propostas pelo livro neste capítulo, chamado “Representação gráfica
da função quadrática”, possuem o objetivo principal de mostrar como calcular os pares
ordenados da função, identificando-os em uma tabela para melhor representação gráfica e, a
partir do gráfico, identificar as raízes e vértices, reforçando a função do parâmetro relativo à
concavidade. O capítulo tem sete atividades gerando alguns subitens, como 11 construções de
tabelas e respectivos gráficos, seis atividades relativas a concavidades, seis atividades relativas
às raízes da função e 13 atividades relativas ao vértice da função. Dentre estas atividades
podemos destacar a de um resumo dos estudos de construção gráfica, vértice e raízes:
66
Figura 17 – Exemplo de Atividade para identificar as raízes e vértice.
Livro A, 2012, p.237.
As ações para as figura 16 são:
Tarefa (t) Construir uma tabela e o respectivo gráfico da função, calcular
raízes, vértice e analisar concavidade;
Técnica (τ) Analisar a concavidade observando o coeficiente a , fazer 0y e
resolver a equação, calcular as coordenadas do vértice através das fórmulas, substituir
os valores dados em x na função 2 6 8y x x , construir a tabela e gráfico;
Discurso Teórico-tecnológico [ , ] Definição de função quadrática, raízes,
vértice e representação gráfica.
Neste contexto, as abordagens das atividades têm características de
procedimento por pontos de acordo com Duval (2011), em que a atividade indica um
caminho no qual o estudante tem sucesso para construir o gráfico através dos pontos
notáveis, entretanto, deixa de perceber a importância da interpretação dos coeficientes
da função quadrática e suas implicações.
Encerrando a exposição do conteúdo sobre função quadrática as autoras
buscam fazer um resumo no capítulo chamado “Estudando parábolas” sobre
concavidade, vértice, valor de máximo e de mínimo:
67
Figura 18 – Tipos de Gráficos com raízes de acordo com o valor do ( )Delta .
Livro A, 2012, p.238.
Neste tópico o livro inicia afirmando que, com as construções dos gráficos,
agora é possível fazer algumas inferências, como concavidade e raízes, de acordo com
os valores de ( )Delta e, através do esboço do gráfico, é possível identificar as
coordenadas do vértice para dizer se o valor é de máximo ou mínimo.
Percebemos que as autoras buscam mostrar que há várias características e
possibilidades que dependem do valor do ( )Delta . Neste ponto, o livro toma para si a
responsabilidade que é do estudante, mas, o ideal é que este possa construir o seu
conhecimento através das investigações e questionamentos em cada atividade proposta
pelo livro, ficando caracterizado o efeito Topaze da teoria das situações didáticas.
Segue o primeiro exemplo:
Figura 19 – Exemplo de Atividade para identificar as raízes e vértice.
Livro A, 2012, p.239.
Tarefa (t) Esboçar o gráfico da função e identificar o vértice;
68
Técnica (τ) Calcular as coordenadas do vértice, através da fórmula 2
v
bX
a
e
depois substituir o valor na função, para determinar vY e analisar se o ponto e de
máximo ou de mínimo;
Discurso Teórico-tecnológico [ , ] Definição do vértice, máximo e mínimo
da função quadrática.
Neste exemplo o livro já informa que o valor calculado e ponto de mínimo
deixando de oportunizar ao estudante esta tarefa. O segundo exemplo segue a mesma
linha para outra função com o coeficiente negativo e nos mesmos termos indica que é
ponto de máximo.
As atividades deste tópico são apenas cinco, porém, seguem caminhos
diferentes dos exemplos no que se refere à estrutura das perguntas, pois, têm
características de investigação, o que é positivo para a construção do conhecimento.
Destacamos esta atividade:
Figura 20 –Atividade para analisar valor máximo ou mínimo.
Livro A, 2012, p.240.
Tarefa (t) Representar graficamente a função, determinar o vértice e analisar se
é valor de máximo ou de mínimo e justificar;
Técnica (τ) Calcular as coordenadas do vértice, através da fórmula 2
v
bX
a
e
depois substituir o valor na função, para determinar vY e analisar se o ponto e de
máximo ou de mínimo;
Discurso Teórico-tecnológico [ , ] Definição do vértice, máximo e mínimo
da função quadrática.
Finalizando este tópico o livro propõe uma atividade interdisciplinar
preparando os estudantes para ter contato com problemas ligados à introdução da Física
no ensino médio, uma questão contextualizada que contribui significativamente para
adaptação do estudo da Física:
69
Figura 21 –Atividade interdisciplinar com a física sobre função quadrática.
Livro A, 2012, p.240.
Tarefa (t) Calcular a altura da bola para dois tempos determinados, o tempo de
deslocamento até chegar o chão novamente e a altura máxima atingida pela bola.
Técnica (τ) Substituir os valores dos tempos na função h(t) e realizar os
cálculos, depois, fazer ( ) 0h t e calcular o tempo e por fim calcular as coordenadas vX
e vY ;
Discurso Teórico-tecnológico [ , ] Definição de função quadrática, definição
das coordenadas do vértice da função e definição de máximo e mínimo.
Finalizando o assunto, há um capítulo sobre o estudo dos sinais da função
quadrática, abordado conforme a situação da figura a seguir:
Figura 22 –Estudo do sinal da função quadrática.
Livro A, 2012, p.241.
Tarefa (t) Estudar o sinal da função quadrática 2 6 8y x x , para
2, 4x x e entre estes dois valores 2 4x ;
Técnica (τ) A partir das raízes 2 e 4 esboçar o gráfico e fazer o estudo do
sinal de y para 2, 4x x e verificar também para 2 4x ;
70
Discurso Teórico-tecnológico [ , ] Definição de imagens e estudo do sinal da
função.
Seguindo para o primeiro exemplo as autoras apresentam as mesmas
atividades, porém, com inversão nos sinais dos coeficientes. Aqui notamos a
preocupação em mostrar dois exemplos simétricos para melhor estudar as funções que
possuem duas raízes reais.
No segundo exemplo as autoras propõem uma função 22 12 18y x x e
solicitam que se façam os estudos. Como o coeficiente a é positivo, a sua concavidade
é voltada para cima, então, temos:
Tarefa (t) Esboçar o gráfico da função e estudar os sinais da função quadrática
22 12 18y x x ;
Técnica (τ) Fazer 0y , determinar o delta e resolver a equação para localizar
as raízes e fazer o estudo dos sinais da função;
Discurso Teórico-tecnológico [ , ] Definição de função quadrática e Imagem.
Neste tópico as autoras buscaram apresentar um modelo de situação para cada
caso, mostrando a preocupação em evidenciar quando temos estudos para 0 temos
duas raízes reais e diferentes, 0 duas raízes iguais, ou seja, uma, e 0 quando
não existe raiz real (confuso). Seguem oito atividades todas na mesma linha dos
modelos apresentados acima.
2.5.3 Análise praxeológica do Livro B adotados pelas Instituições
Avançando a analise para o Livro B, o autor deste define a função quadrática,
desta maneira:
Figura 23 –Definição de função quadrática.
Livro B, 2011, p. 99
O autor enfatiza que nesta função quadrática os valores de x podem assumir
qualquer valor real e, logo em seguida, apresenta seis exemplos de funções quadráticas,
enumerando os respectivos coeficientes para cada função (neste ponto chamamos
71
atenção para o efeito Topaze), e faz também uma ressalva com quatro exemplos de
funções que não são quadráticas, ou seja, variáveis com expoentes um ou três.
Nas atividades propostas pelo autor para este tópico, em alguns exercícios são
feitas observações de forma direta dos coeficientes; em outras, há necessidades mais
específicas, como neste caso: “Entre as sentenças abaixo registre no caderno as que
indicam funções quadráticas: d) (3 2)y x x .”
Tarefa (t) Registrar as funções quadráticas;
Técnica (τ) Observar qual o maior valor numérico dos expoentes da variável
independente, caso não seja explicito, aplicar a propriedade adequada neste caso
distributiva;
Discurso Teórico-tecnológico [ , ] Definição de função quadrática e seus
respectivos coeficientes.
Neste tópico o autor mostra a necessidade do estudante saber identificar uma
função quadrática, buscando uma justificativa para sua escolha.
O próximo passo é determinar o valor de uma função quadrática em um ponto.
Para isto, sendo conhecido o valor da variável independente x , podemos encontrar o
valor de y , ou conhecido o valor y , encontramos o valor de x .
Figura 24 – Calcular pontos de pares ordenados.
Livro B, 2011, p. 100
Tarefa (t) Calcular o valor de x e de y .
Técnica (τ) Substituir o valor de 2x na função quadrática 2 5 6y x x ,
desenvolver o cálculo, depois na função quadrática fazer 0y e resolver a equação;
Discurso Teórico-tecnológico [ , ] Definição de função quadrática, noção
dependência e correspondência.
Segue o exemplo 2 com os mesmos objetivos do exercício acima. Neste ponto,
o autor mostrou a importância de o aluno saber executar as substituições e respectivos
cálculos inerentes aos problemas a serem resolvidos.
72
Para o próximo tópico o autor define o que seria zeros de uma função e explica
que, se existem valores reais de x que levam a função a assumir o valor 0y , então,
esses valores são chamados de zeros da função. Depois, expõe um exemplo para servir
de modelo: Calcule os zeros da função quadrática 2 9 20y x x .
Tarefa (t) Calcular os zeros da função quadrática;
Técnica (τ) Fazer 0y e resolver a equação do 2º grau;
Discurso Teórico-tecnológico [ , ] Definição de função e noção de zeros da
função.
Neste tópico o autor mostrou a preocupação em preparar os estudantes para
analisarem os valores de delta, pois, estes valores trazem informações importantes para
sabermos a quantidades de zeros possíveis. Nas atividades que se seguem percebemos
que além dos objetivos dos dois exemplos acima, foram incluídos exercícios para
identificar todos os coeficientes da função quadrática.
No passo seguinte o livro traz a definição de gráfico de uma função,
introduzindo a curva chamada parábola, como sendo y igual a um polinômio de grau
2 e apresentando uma forma característica 2ax bx c com o coeficiente 0a é
sempre chamada de parábola e apresenta dois exemplos de construção de gráficos e uma
tabela com valores para x com a sua correspondência em y e o gráfico ao lado,
indicando o vértice da função.
Figura 25 – Calcular pontos de pares ordenados.
Livro B, 2011, p. 103.
Tarefa (t) Construir os gráficos
Técnica (τ) Determinar o vX e substituir na função para determinar o
vY ,
depois escolher pontos próximos do vX tanto à direita como à esquerda, depois marcar
as coordenadas no papel quadriculado, para identificar a parábola.
73
Discurso Teórico-tecnológico [ , ] Definição de vértice e função quadrática,
associando os valores de x aos correspondentes em y .
Neste mesmo contexto seguem as atividades do livro para construção de
gráficos, sendo importante ressaltar que as atividades vêm em boa parte em forma de
pergunta, criando assim um caráter investigativo, que é um ponto positivo, pois, os
estudantes têm possibilidades de construir o seu conhecimento, evitando o efeito
Topaze.
Agora o livro apresenta uma parte chamada “Gráficos da função quadrática e
os coeficientes , ,a b c ”.
Figura 26- Coeficiente a .
Livro B, 2011, p. 104.
Nesta figura o autor esclarece que se este coeficiente for positivo a sua
concavidade será voltada para cima e, se negativo, a sua concavidade será voltada para
baixo, entretanto, o autor foi mais além, alertando que este coeficiente também tem
responsabilidade importantíssima na convergência ou divergência em relação ao seu
eixo de simetria.
Em relação ao coeficiente b o autor apresenta as possibilidades em que o
gráfico pode ser construido.
74
Figura 27- Coeficiente b .
Livro B, 2011, p. 104
Neste ponto ressalto que o livro expõe de forma clara e objetiva as
propriedades do coeficiente b , entretanto, como forma de complementar na sua
totalidade tais propriedades, se faz necessário usar um software educacional como
forma de dinamizar a construção do conhecimento dos coeficientes, isto porque a
tecnologia lápis e papel milimetrado para construir vários gráficos ainda não seria
suficiente para mostrar com profundidade o efeito causado pelo deslocamento do
coeficiente que, além de deslizar no eixo das ordenadas, constrói uma parábola
simétrica em torno do seu vértice.
Finalizando este tópico o autor mostra o coeficiente c e sua particularidade.
Figura 28- Coeficiente c .
Livro B, 2011, p. 104.
Neste quesito, o autor foi objetivo e indicou que o coeficiente tem a finalidade
de mostrar onde a parábola cruzou o eixo y . No passo seguinte o autor se preocupou
em apresentar os pontos de intersecção da parábola com os eixos x e y no plano
cartesiano, conforme os valores de delta se apresentavam 0 , 0 e 0 .
75
Figura 29 – Intecptações da parábola nos eixos catesianos.
Livro B, 2011, p. 106.
Prosseguindo o autor define o vértice da função e informa que este, no gráfico,
serve de parâmetro para o valor máximo ou valor mínimo e depois aplica exemplos para
nortear as construções dos conhecimentos.
Figura 30- Atividade com vértice.
Livro B, 2011, p. 106.
Tarefa (t) Determinar as coordenadas dos vértices;
Técnica (τ) Calcular as coordenadas do vértice, através da fórmula 2
v
bX
a
e
2vY
a
depois analisar se o ponto e de máximo ou de mínimo;
Discurso Teórico-tecnológico [ , ] Definição do vértice, do ponto de máximo
ou de mínimo.
Segue o exemplo 2 na mesma linha com o coeficiente a negativo, assim como
as atividades inerentes a este tópico. Apenas destacamos um exercício diferenciado que
visa relacionar a área em função da base menor.
76
Figura 31- Atividade para determinar lei de associação da função.
Livro B, 2011, p. 108.
Tarefa (t) Determinar a função em que a Área dependa da base menor;
Técnica (τ) Na fórmula da área de um trapézio ( )
2
B b hA
substituir seus
respectivos valores 6B , b x e 2h x depois desenvolver os cálculos;
Discurso Teórico-tecnológico [ , ] Conceito de Área e função quadrática.
Percebemos que o autor diferencia esta atividade buscando a noção geométrica
e relacionando com algébrico para determinar a lei dessa função.
Portanto, quanto ao Livro A, podemos inferir nesta análise praxeológica sobre
as características dos modelos, exemplos e das atividades que abordaram a função
quadrática, que suas autoras privilegiam os seguintes aspectos:
a) Assumir o papel que é do estudante para si, efeito do Contrato Didático da
Teoria das Situações Didáticas, chamado de efeito Topaze;
b) A passagem da linguagem algébrica para tabular encerrando com a gráfica;
c) As construções de tabelas e Gráficos;
d) O conjunto dos números Naturais para valores de x ;
e) O coeficiente a somente com relação à concavidade da parábola.
Por outro lado, verificamos que não houve abordagem de forma completa para
todos os coeficientes da função quadrática, assim como, sobre reflexão das translações
verticais e horizontais. Há somente a passagem do registro algébrico para o registro
gráfico, nos convencendo que as tarefas e técnicas no livro apresentado indicam
procedimento por pontos segundo Duval (2011), no qual a construção do conhecimento
do objeto matemático fica comprometida, pois, os estudantes, ao construir gráficos,
primeiro no registro tabular para depois passar para o registro gráfico, não havendo a
passagem de volta do gráfico para o algébrico. Há a excessiva preocupação em calcular
“pontos” pares ordenados, isto contribui como fator para adquirir um obstáculo didático.
77
Quando se trata de partir da representação gráfica para encontrar, por
exemplo, a equação correspondente ou para utilizar o conceito de inclinação
ou de direção, é esta abordagem de interpretação global que se torna
necessária. A razão disto se deve ao fato de que o recurso à abordagem ponto
a ponto é totalmente inoperante uma vez que tira a atenção das variáveis
visuais. A prática sistemática da abordagem ponto a ponto não favorece a
abordagem de interpretação global que é em geral deixada de lado no ensino
uma vez que depende de análise semiótica visual e algébrica. Compreende-se
porque a maioria dos alunos fica aquém de uma utilização correta das
representações gráficas (DUVAL, 2011, p. 99).
O Livro B o autor buscou abordar o conteúdo de forma dinâmica com várias
representações matemáticas, porém, houve, em nosso ponto de vista, alguns privilégios:
a) De forma mais leve, também assume o papel que é do estudante para si,
efeito do Contrato Didático da Teoria das Situações Didáticas, chamado de efeito
Topaze;
b) De forma intensa, há a passagem da linguagem algébrica para tabular
encerrando com a gráfica;
c) De forma intensa também há construções de tabelas e Gráficos;
d) Não há privilégio para os elementos do conjunto dos números Naturais para
valores de x e há uma variação equilibrada para os conjuntos N , Z e Q ;
e) O autor trabalha todos os coeficientes ( , , )a b c de forma global e foi além:
procurou mostrar suas propriedades através de figuras para melhor entendimento.
Desta forma, entendemos que os autores têm preferência na passagem da
representação algébrica para representação gráfica que, conforme Duval (2011), são
procedimentos por pontos.
2.6 Obstáculos Didáticos
O criador do termo “obstáculo epistemológico na educação” foi Gaston
Bachelard, pois, acreditava que a Matemática estava incumbida de estudar e buscar
soluções para as teorias nela envolvidas, enquanto que, para Guy Brousseau a
Matemática deve se ocupar da construção do conhecimento matemático com ênfase no
raciocínio para resolver problemas.
A observação das modelagens das situações levou Brousseau a divergir e
buscar adaptações consistentes do conceito a educação:
78
Um obstáculo é um “conhecimento” no sentido que lhe demos de “forma
regular de considerar um conjunto de situações”.
Tal conhecimento dá resultados corretos ou vantagens observáveis em um
determinado contexto, mas revela-se falso ou totalmente inadequado em um
contexto novo ou mais amplo.
O conhecimento novo, verdadeiro ou válido sobre um contexto mais amplo
não é determinado “de acordo com” o conhecimento anterior, mas em
oposição a ele: utiliza outros pontos de vista, outros métodos etc. Entre eles
não existem relações lógicas evidentes que permitam desacreditar facilmente
o erro antigo por meio do conhecimento novo. Ao contrário, a competição
entre eles acontece no primeiro contexto... (BROUSSEAU. 2008. p. 49).
Para Brousseau o ato fundamental para superar obstáculos é o “erro” e este tem
se revelado, ao longo do tempo dentro do campo educacional, um instrumento de
censura, rejeição, constrangimento e até mesmo de reprovação, causando um impacto
negativo de grandes proporções na aprendizagem da matemática.
Na perspectiva de Brousseau (2008), quando o estudante apresenta dificuldade
de assimilar um problema ou buscar uma solução ideal em virtude do seu conhecimento
pontual, depara-se com um obstáculo para um avanço significativo. O erro é indicador
importante para o processamento de um novo ponto de vista mais amplo para superar o
problema.
Segundo Brousseau (2008) os obstáculos que têm origem didática, revelam
características dependentes tanto das escolhas do sistema de ensino quanto da aplicação
do método pretendido pelo docente. Almouloud (2007, p. 141) se refere ao obstáculo
didático da seguinte forma:
[...] Eles nascem da escolha de estratégias de ensino que permitem a construção, no
momento da aprendizagem, de conhecimentos cujo domínio de validade é
questionável ou incompletos que, mais tarde, revelar-se-ão como obstáculos ao
desenvolvimento da conceituação.
Pela experiência profissional como professor de matemática e entrevista com
professor de matemática do nono ano, percebemos que as escolhas didáticas e as
práticas em sala de aula geram alguns fatores que mostram possíveis origens de
obstáculos didáticos, assim como o fato das instituições matricularem mais de vinte e
cinco alunos por sala também é relevante para compreender as falhas no processo
educacional.
Em entrevista com o profissional lhe foi perguntado se o mesmo, no seu ponto
de vista, se considerava um profissional da linha tradicional, ao que afirmou sê-lo em
79
parte, pois os recursos e estruturas colaboravam para a situação. Sabemos que ser
tradicional nos remete aos tempos de aulas expositivas, tarefas mecânicas, muitos
cálculos nas atividades e prova para justificar uma nota ou conceito exigido pelas
instituições de ensino.
Também perguntamos quais dificuldades os estudantes encontram para
compreenderem o conceito de função quadrática, e obtivemos como resposta conseguir
relacionar o conteúdo com o seu dia-a-dia, além, e também da falta de interesse em
estudar.
Perguntamos qual seria a sua prioridade em ensinar função quadrática, e
obtivemos uma resposta interessante: “[...] é pegar os problemas para que eles
compreendam e como transportar isso para as tabelas e depois formar os gráficos
[...]”. Podemos inferir desta resposta que o procedimento nas representações gráficas é
feita ponto a ponto, apresentado por Duval (2011), e compromete a interpretação global.
Assim, podemos concluir que este pode ser o reflexo do uso dos livros didáticos sem o
apoio dos softwares educacionais de matemática.
Perguntamos se nos exercícios sobre função quadrática era solicitado aos
estudantes passar da linguagem algébrica para tabular e depois para a linguagem gráfica
e se os estudantes realizavam a volta deste procedimento, ao que obtivemos a resposta:
[...ainda não fiz né...mas com certeza é algo que se deve fazer.] aqui podemos observar
que, segundo Duval (2011):
A razão profunda dessas dificuldades não se deve procurar nos conceitos
matemáticos ligados à função afim, mas na falta de conhecimento das regras
de correspondência semiótica entre o registro da representação gráfica e o
registro da expressão algébrica. De fato, o ensino e mesmo certos estudos
didáticos, atém-se a passagem da equação para a sua representação gráfica
com a construção ponto a ponto, esquece-se que é a passagem inversa que
traz problema. Para efetuar tal passagem, a abordagem ponto a ponto não é
somente inadequada como constitui um obstáculo... (DUVAL, 2011, p. 97).
A transformação da linguagem algébrica para a linguagem gráfica é
preponderante nos livros didáticos e é importante realizá-la de modo equilibrado,
porém, o retorno é imprescindível para aprendizagem e, se o mesmo deixar de ser
executado, contribui para causar um obstáculo didático.
Seguindo as perguntas também procuramos saber se o professor utilizava o
livro didático adotado pela instituição, ao que respondeu sim e, além deste livro,
costumava usar outros para complementar o assunto. Também perguntamos se fazia uso
80
de software educacional e conhecia algum, e o professor respondeu que não, pois o
laboratório de informática teve complicações estruturais e não estava em
funcionamento.
Apesar do fato do docente ter feito a escolha didática de utilizar somente o
livro didático, ainda que complemente com outros livros o conteúdo a ser ministrado, há
necessidade de um software matemático educativo para complementar as limitações do
livro didático.
Neste contexto, ao observarmos o estudo praxeológico realizado nos livros
didáticos, constatamos o privilégio do procedimento ponto a ponto nas representações
gráficas e que tal atitude é desenvolvedora de obstáculos didáticos, bem como as
escolhas metodológicas aplicadas em sala de aula que seguem as mesmas posturas
metodológicas.
Portanto, constatados os obstáculos didáticos de identificação e representação
da função quadrática, do reconhecimento do papel de seus coeficientes, assim como as
translações dos gráficos que comprometem a interpretação global das representações
gráficas e algébricas, fica assim, delegado ao docente a organização e planejamento das
atividades inerentes aos obstáculos didáticos, construindo engenharias didáticas para
atender as necessidades do conceito a ser abordado:
organizar a superação de um obstáculo consistirá em propor uma situação
suscetível de evoluir e de fazer evoluir o aluno, segundo uma dialética
conveniente. Não se trata de comunicar as informações que se quer ensinar,
mas em encontrar uma situação em que somente elas satisfaçam ou atinjam a
obtenção de um resultado satisfatório – [...] – no qual o aluno se investiu
(tradução nossa) (BROUSSEAU apud ALMOULOUD, 2007, p. 136).
Refletindo sobre as questões acima expostas, utilizamos uma sequência
didática validada por Maia (2007) com adaptações. Assim, a nossa pesquisa vem
contribuir para complementar estudos sobre função quadrática, almejando uma
interpretação global dos coeficientes da função quadrática tanto na forma desenvolvida
quanto na forma canônica, observando as modificações e implicações que ocorrem em
virtude das mudanças nos coeficientes. Para isso, faremos uso do Software GeoGebra
como uma abordagem diversificada da forma tradicional e, dessa forma, almejamos
superar estes obstáculos didáticos.
81
CAPÍTULO 3 Metodologia
Neste capítulo mostraremos nossos procedimentos metodológicos dentro de
uma Engenharia Didática de Michèle Artigue (1996), caracterizaremos os participantes
envolvidos na pesquisa e apresentaremos o software educacional GeoGebra.
3.1 Características da pesquisa
Para os procedimentos metodológicos a pesquisa foi realizada nos moldes de
uma investigação dentro de um esquema experimental inserido no laboratório de
informática da escola.
Como metodologia foram aplicados os pressupostos da Engenharia Didática de
Artigue, surgida no início dos anos 80 que foi a precursora do termo relacionado ao
trabalho de um engenheiro e que tem como características:
A engenharia didática vista como metodologia de investigação,
caracteriza-se antes de mais por um esquema experimental
baseado em «realizações didáticas» na sala de aula, isto é, na
concepção, na realização, na observação e na análise de
sequências de ensino (ARTIGUE, 1996, p.196).
Almouloud (2007) reitera que se caracteriza em primeiro lugar como um
esquema experimental e também como pesquisa experimental pelas situações de
registros e, consequentemente, através da validação interna que lhe é característica,
através do confronto entre a fase 2 (análise a priori) e a fase 4 (análise a posteriori).
Pais (2011) afirma que o pesquisador, ao utilizar esta metodologia, tem em seu
benefício a valorização da mesma, pois contempla tanto as dimensões teóricas quanto as
experimentais na investigação.
Na Engenharia Didática, de acordo com Artigue (1996), ao executarmos a
pesquisa devemos perpassar quatro fases distintas:
Fase 1: das análises prévias
Segundo Almouloud (2007), nesta fase inicial de execução é necessário
alicerçar e zelar por um quadro teórico geral da didática:
Um dos objetivos das análises prévias é identificar os problemas de ensino e
aprendizagem do objeto de estudo e delinear de modo fundamentado a(s)
questão(ões), as hipóteses, os fundamentos teóricos e metodológicos da
pesquisa (ALMOULOUD, 2007, p.172).
82
A análise prévia, segundo Artigue (1996. p. 198) comporta várias análises,
dentre as quais a “análise do ensino habitual e os seus efeitos”. Desta forma, realizamos
uma entrevista com a professora do 9º ano de matemática no turno matutino na Escola
com a finalidade de sondar e compreender a origem de possíveis obstáculos didáticos.
Após análises da entrevista, foram encontrados os seguintes pontos relevantes
para a pesquisa:
Sobre as dificuldades que o aluno encontra para se apropriar do conceito de
função quadrática, obteve-se como resposta uma certa preocupação quanto ao desafio
em contextualizar o objeto matemático como forma de facilitar o aprendizado.
Entretanto, Brousseau (2008) enfatiza que o professor, quando envolto às dificuldades
para superar o obstáculo, se comporta como se tivesse um contrato rompido e, neste
caso, sofre os efeitos deste contrato didático chamado efeito Topaze.
Quanto às suas dificuldades na aprendizagem de função quadrática quando
cursava o ensino médio, encontrou-se os seguintes pontos relevantes: o ensino foi vago,
sem significação e a aproximação social seria importante para conhecer as dificuldades.
A entrevistada enfatizou que por estes motivos tem preocupações e procura facilitar o
ensino, remetendo novamente ao efeito Topaze: “... é um desafio porque, como eu tive
essas dificuldades, então eu já procuro facilitar nesse sentido para eles.” (sic).
Podemos observar que, de acordo com as inquietações da entrevista, existiram
indícios de obstáculos didáticos, ainda que estes tenham ficado mais explícitos após o
teste diagnóstico aplicado aos estudantes, para analisar as possíveis concepções e
identificar as dificuldades dos alunos.
Realizamos uma análise epistemológica da função quadrática, como forma de
observamos o comportamento e entraves ao longo do tempo.
Analisamos os documentos oficiais PCNs e propostas curriculares para nos
situarmos sobre como o objeto matemático função quadrática é apresentado nas
instituições.
Realizamos uma organização praxeológica nos livros didáticos adotados pelas
instituições de ensino para observamos as propostas de tarefas, técnicas, tecnologias e
teorias, aplicadas nas atividades somente pertinentes ao objeto de estudo função
quadrática, visando identificar os possíveis obstáculos e construir um caminho dentro da
sequência didática para superação destes obstáculos. Salientamos que nossa intenção
não é fazer uma análise dos livros didáticos.
83
Constatamos que os livros didáticos fazem a opção pela abordagem ponto a
ponto, pelo excesso da utilização do registro de representação semiótica na forma da
linguagem algébrica 2y ax bx c .
Analisamos a entrevista, o teste diagnóstico e a organização praxeológica,
identificamos os obstáculos didáticos de reconhecimento e representação da função
2y ax bx c , reconhecimento e interpretação do papel de seus coeficientes, a
interpretação dos parâmetros nas translações verticais e horizontais do gráfico da função
2( )y a x m n .
Fase 2 concepção e análise a priori
Passando para a Fase 2 da concepção e da análise a priori com o intuito de
buscar superação para os obstáculos, utilizamos a sequência didática validada por Maia
(2007) com adaptações. Nesta fase, segundo a engenharia didática, o pesquisador deverá
explicitar sua variável de comando, referente ao objeto matemático investigado,
podendo ela ser macro didática ou global e micro didática ou locais. Com isto se pode
ter controle sobre as atividades das sequências didáticas sobre função quadrática para
verificar a aquisição da construção do conhecimento do objeto de estudo.
Fazendo a nossa escolha das variáveis macrodidáticas, conforme solicita a
engenharia didática, optamos pelas funções na forma 2y ax bx c e
2( )y a x m n para realizarmos análises de compreensão dos comportamentos dos
parâmetros, relacionados às funções e à determinação da variável micro didática.
Optamos pela função 2y ax para, a partir desta, gerarmos novos gráficos. Com este
posicionamento é possível controlar ou reconduzir, caso seja necessário, o
comportamento dos estudantes.
Na aplicação desta sequência didática sobre função quadrática, os alunos
participaram, antes, de um mini curso de preparação para o uso do software GeoGebra.
As atividades foram construídas seguindo este fio condutor, com o intuito de
encontrar soluções para as questões e validar hipóteses que surgiram na análise prévia.
Dentro deste cenário, a primeira atividade compreendeu a função na forma
desenvolvida mais simples: 2y ax . Aplicamos no seu coeficiente números dos
conjuntos racionais, alterando-os para evidenciarmos a variáveis visuais de
concavidade, contração ou expansão da parábola em relação ao eixo de simetria.
84
Partimos para segunda atividade, formada pelas funções 2( )f x x n , na qual
aplicamos, no parâmetro n , números do conjunto dos números inteiros, para
evidenciarmos a variável visual e a posição do vértice em relação ao eixo das abscissas,
e a função 2( )f x ax bx , para evidenciar a variável visual, posição do vértice em
relação ao eixo das ordenadas, e ainda, a noção de vértice de uma parábola.
A terceira atividade foi formada pela função 2( ) ( )f x x m . Aplicamos no
parâmetro m números pertencentes ao conjunto dos números inteiros, variando-os para
observar a translação horizontal, para evidenciar a variável visual e a posição do vértice
em relação ao eixo das ordenadas.
A quarta atividade foi formada pela função 2( )f x ax bx c . Aplicamos nos
seus coeficientes números pertencentes ao conjunto dos números inteiros, para
evidenciarmos as variáveis visuais do coeficiente ( a ) de concavidade e contração ou
expansão da parábola em relação ao eixo de simetria; no coeficiente ( b ) a posição do
vértice em relação ao eixo das ordenadas e, no coeficiente ( c ), posição do vértice em
ralação ao eixo das abscissas.
A quinta atividade foi formada pelas funções 2( ) ( )f x a x m n e
2( )f x ax bx c . Ao variarmos os seus parâmetros, objetivamos evidenciar a
importância dos registros de representações semióticas das funções em suas formas
algébricas desenvolvidas e canônicas, fazendo a comparação entre elas para a
interpretação global.
Na sexta atividade objetivamos introduzir os pontos notáveis de um gráfico,
para evidenciarmos a importância do conceito de raiz, máximo e mínimo, enfatizando a
interpretação global da representação gráfica.
A aplicação da sétima atividade surgiu da necessidade de institucionalizar a
construção dos conhecimentos adquiridos nas atividades anteriores.
Fase 3 da experimentação
Neste momento foi aplicado todo o planejamento construído nas fases
anteriores, nas sequências didáticas validadas por Maia (2007) com adaptações,
associadas ao software educacional GeoGebra. Cada atividade teve duração de noventa
minutos, sendo executadas em sete seções filmadas e em dias pré-acordados. As
mesmas ocorreram no centro de mídias da escola, um ambiente reservado com
85
temperatura agradável com a participação de 8 (oito) estudantes do 9º ano do Ensino
Fundamental II.
Fase 4 da análise a posteriori e da validação
Finalmente foram tratadas as informações obtidas nas fases anteriores sob o
olhar dos registros nos protocolos dos estudantes, observações do professor e dos
vídeos, confrontando as duas fases, a análise a priori com a análise posteriori, para se
obter a validação. Segundo Almouloud:
A análise a posteriori de uma sessão é o conjunto de resultados que se pode
tirar da exploração dos dados recolhidos e que contribui para a melhoria dos
conhecimentos didáticos que se têm sobre as condições da transmissão do
saber em jogo. Ela não é a crônica da classe, mas uma análise feita à luz da
análise a priori, dos fundamentos teóricos, das hipóteses e da problemática da
pesquisa, supondo que:
a observação foi preparada por uma análise a priori conhecida do
observador;
os objetivos da observação foram delimitados por ferramentas apropriadas,
e estruturados também pela análise a priori (ALMOULOUD, 2007, p. 177).
Nesta fase devem-se ser abordados todos os elementos que contribuíram para a
apropriação do objeto matemático para que se tenha noção global para construção da
validação.
3.2 Participantes da pesquisa
Esta metodologia foi aplicada em uma Escola Estadual de ensino fundamental
e médio na zona distrital 6, no Bairro Cidade Nova, em Manaus-Amazonas. Foi prevista
a participação de 8 (oito) discentes do 9º Ano do ensino fundamental inseridos no
programa “Mais educação”. A inclusão foi de forma voluntária, após convite da
professora de matemática desta escola, que também se voluntariou para participação, e
ainda, houve a participação voluntária da professora de Biologia como produtora das
filmagens.
A aplicação ocorreu após as aulas no mesmo turno dos participantes, na sala de
mídia. Houve a composição do grupo voluntariamente e as atividades das sequências
didáticas foram gravadas em vídeo, de modo a não haver constrangimento, nem
interferência, no processo de coleta de dados. Foi preservada, também, a imagem dos
participantes.
Optou-se por estudantes do 9º ano, por entendermos que, nesta série, são
introduzidas as noções do conceito de Funções Afim e Quadrática, que, segundo o plano
86
de curso anual, deveria ocorrer aproximadamente na segunda quinzena de setembro de
2015.
Enfatizamos que a professora dos estudantes já trabalha com softwares
educacionais mais não conhecia o GeoGebra, diante disto os alunos participarão de um
minicurso com o GeoGebra, na própria escola.
Foram programadas sete sessões com duração mínima de noventa minutos
cada, em cinco dias, intercalados e agendados ao longo de duas semanas, podendo ser
estendidos o número de sessões se houvesse necessidade de complementações.
3.3 Geogebra
O Geogebra é um software de geometria dinâmica, livre e com código aberto,
acessado por download em http://www.geogebra.org. Foi desenvolvido por Markus
Hohenwarter em sua dissertação de mestrado na Universidade de Salzburg, Áustria, e
aperfeiçoado em conjunto com uma equipe multinacional de programadores. Tem o
objetivo de contribuir como ferramenta auxiliar do professor no ensino e aprendizagem
da matemática, tanto na Educação Básica quanto na Educação Superior, possuindo três
diferentes imagens totalmente interligadas, a Zona Gráfica para a produção geométrica,
a Zona Algébrica para a inserção de expressões algébricas e a Folha de Cálculo.
Figura 32 – página inicial do Tutorial GeoGebra.
Fonte: Tutorial GeoGebra.
O uso do software de geometria dinâmica tem modificado o comportamento do
ensino aprendizagem em sala de aula porque cria um ambiente de curiosidades e
desafios em conhecer a matemática de uma forma mais convidativa e atrativa, formando
87
um quarteto sincrônico entre professor, Geogebra, saber matemático e estudante
facilitando a aquisição do conhecimento.
Embora os computadores ainda não estejam amplamente disponíveis para a
maioria das escolas, eles já começam a integrar muitas experiências
educacionais, prevendo-se sua utilização em maior escala a curto prazo.
Eles podem ser usados nas aulas de Matemática com várias finalidades:
. como fonte de informação, poderoso recurso para alimentar o processo de
ensino e aprendizagem;
. como auxiliar no processo de construção de conhecimento;
. como meio para desenvolver autonomia pelo uso de softwares que
possibilitem pensar, refletir e criar soluções; (BRASIL, 1998, p. 41e 42).
O Geogebra possui ferramentas intuitivas permitindo a construção de objetos
matemáticos que permitem a visualização na mesma interface da zona algébrica e zona
gráfica, facilitando a observação das propriedades inerentes ao objeto matemático e
acompanhando as possíveis modificações instantâneas na parte gráfica, o que seria
trabalhoso ou até mesmo impossível visualizar usando a tecnologia lápis e papel
milimetrado para confecção dos gráficos.
Para os estudos são necessários alguns conhecimentos básicos para a análise
das funções quadráticas. Após a instalação do software, ao se executar o programa
aparece duas janelas de visualização, a “algébrica” e a “gráfica”, com a barra de Menus,
barra de Ferramentas e campo de Entrada.
Ao introduzir no campo Entrada f(x) = a*x^2 + b*x +c e teclar enter, o
programa solicita criar controles deslizantes para os coeficientes “a” “b” e “c”. Estes
controles poderão ser acionados de acordo com cada atividade específica da sequência
didática. Aparecerá a função escrita na forma de linguagem algébrica na janela
específica e na linguagem gráfica no plano cartesiano na mesma tela de visualização.
Figura 33 – Função quadrática no GeoGebra.
Fonte: Autor.
88
Embora as tecnologias facilitem a interação entre ensino e aprendizagem, ainda
assim trata-se de um processo lento e complexo. Alguns fatores colaboram para este
acontecimento: ambiente inadequado, dificuldades no manuseio da tecnologia, o
currículo com grandes quantidades de conteúdo, controle de acesso a sítios inadequados
e a predisposição do estudante para querer ter acesso ao conhecimento, assim como do
professor para dispor de todo arcabouço envolvente.
O uso do software educacional GeoGebra disponibiliza uma atuação
importante sobre os parâmetros da função quadrática, trazendo um novo olhar na
perspectiva do estudante.
Sob este foco esperamos que os participantes consigam redirecionar os
conceitos de função quadrática, principalmente na representação semiótica na
linguagem gráfica, pois, há a necessidade da transição para a representação semiótica na
linguagem algébrica, como forma de institucionalização do saber matemático na visão
de Duval (2011) que afirma, os obstáculos dos estudantes na parte gráfica estão situados
na interpretação global das propriedades figurais.
Neste contexto, o soft GeoGebra teve papel importante, em disponibilizar as
interfaces do programa onde os estudantes manipularam e observaram o objeto
matemático de maneira que ficaram perceptíveis as translações horizontais e verticais,
as concavidades e deslocamentos dos coeficientes, sendo uma ferramenta de auxílio na
superação dos obstáculos didáticos da função quadrática.
89
CAPÍTULO 4 Análise a priori, Experimentação, Análise a posteriori e Validação
Neste capítulo objetivamos prevê as escolhas através do estudo do Milieu na
análise a priori das sete atividades, que viabilizem controlar o comportamento dos
estudantes e explicar suas ações para a determinação de suas estratégias e compreender
as ações, formulações e validações de cada atividade. Prosseguimos com a
experimentação relatando os acontecimentos, passamos então para a análise a posteriori
e paralelamente executando a validação, concluindo com as nossas considerações finais.
4.0 Análise a priori da Sequência Didática Aplicada
Apresentamos neste capítulo o estudo da análise a priori e da análise a
posteriori das sequências didáticas conforme estabelece a Engenharia Didática,
averiguando as sequências didáticas de acordo a Teoria das Situações Didáticas e
Registros de Representações Semióticas, sequência esta validada por Maia (2007) com
adaptações, relacionando as atividades vivenciadas pelo estudante, meio e professor.
Elas consistem em uma ordem que sempre parte da variável micro didática da função
quadrática 2( )f x ax aplicada a um grupo de oito alunos, neste momento buscamos
prever e analisar os comportamentos possíveis dos estudantes e explicar o sentido de
suas ações perante as atividades buscando a superação dos obstáculos didáticos do
objeto matemático função quadrática associado ao software GeoGebra. Assim,
identificaremos os possíveis obstáculos didáticos com objetivo de superá-los.
Realizamos também a análise a posteriori da sequência didática, fizemos a
junção dos materiais produzidos na análise a priori e experimentação (atividades, vídeo,
contrato didático, teorias aplicadas), para confrontação e validação da pesquisa.
4.1 Análise a priori: apreciações do Milieu das atividades
A sequência didática aplicada é constituída por sete atividades.
A primeira atividade objetiva analisar, a partir do coeficiente a, quais as
propriedades deste coeficiente e inferir a respeito da propriedade reflexiva destes
gráficos.
90
ATIVIDADE 1
1 - Num mesmo par de eixos cartesianos desenhe, utilizando o GeoGebra, os
gráficos de:
a) f1(x) = x2
b) f2(x) = 2x2
c) f3(x) = 3x2
d) f4(x) = 10.x2
e) f5(x) = 1/2. x2
f) f6(x) = 1/4. x2
g) f7 (x) = - x2
h) f8 (x) = - 2x2
i) f9 (x) = - 3x2
j) f10 (x) = -10x2
k) f11(x) = - 1/2.x2
l) f12 (x) = - 1/4.x2
2 – Analisando os gráficos:
a) O que é possível concluir a respeito do coeficiente de x2 ser um número maior que zero?
b) O que é possível concluir a respeito do coeficiente de x2 ser um número menor que zero?
c) Os gráficos possuem algum ponto em comum? Por quê?
d) O que garante em termos do gráfico de cada função, o fato do coeficiente de
x2 ser um número positivo? E de ser um número negativo?
e) Comparando os gráficos do item a e g o que se pode concluir?
Quadro 3 - Análise ascendente do milieu da atividade 1.
DIALÉTICAS MEIO (M) ALUNO (E) PROFESSOR (P) SITUAÇÃO (S)
a
d
i
d
á
t
i
c
a
Institucionalização M0:
aprendizagem
E0: aluno
Aprendizagem
P0: professor
Institucionalização
S0: didática
Sistematização
da propriedade
do parâmetro a.
Validação M-1: referência
E-1 aprendiz
Identificação de
novos saberes P-1: observador
Observa as tentativas,
os sucessos,
conjecturas e
estratégias dos alunos
S-1:
aprendizagem
Como utilizar o
parâmetro a.
Formulação M-2: objetivo E-2: ativo Parte 2 da
atividade Hipóteses
S-2: referência
Conjecturas
sobre o
coeficiente de x2
Ação
M-3: material
Software
atividade 1
E-3: objetivo
Utilização do
software e
representação da
função quadrática
Adequação do meio e
utilização desse meio
pelos alunos
S-3: objetiva
Interação com
representação
gráfica de
f(x)=ax2
Fonte: Adaptado de Maia (2007, p. 84).
O estudo ascendente proposto por Margolinas apud Almouloud (2007), que
descreve a atividade do estudante inserido em uma situação adidática, tem seu início na
Situação Objetiva (S -3) terminando na Situação Objetiva (S0). Dentro deste quadro o
estudante toma conhecimento da sua tarefa e toma para si o problema, fazendo uso do
meio material (M -3) que está acessível no notebook com o software educacional
91
GeoGebra. Assim, o professor aguarda a ação dos estudantes para dar início à atividade
proposta, digitando no campo de entrada o registro algébrico da função quadrática na
forma algébrica 2
1( )f x x , permitindo a socialização com o meio material e os
estudantes (E -3), construindo e analisando o comportamento de cada gráfico.
Figura 34 - Registro de representação semiótica na forma gráfica das funções da Atividade 1.
Fonte: Autor.
Passando para a situação de referência (S -2), observa-se que o estudante (E -2)
deve elaborar uma hipótese conforme os coeficientes de x2 são alternados para a > 0.
Neste momento nos encontramos no estágio da formulação e, em virtude dos números
escolhidos para representar os coeficientes, esperamos que a cada variação o aluno
observe o comportamento da representação gráfica conhecida como parábola e perceba
que os gráficos estão acima do eixo X e se aproximando do eixo Y. Quando temos 0 < a
< 1, esperamos que o estudante observe que os gráficos começam a abrir e as parábolas
tendem a se afastar do eixo Y e se aproximar do eixo X, porém, nunca se sobrepondo ao
eixo. Por fim, quando temos a < 0 observamos que as parábolas ficam voltadas para
“baixo” e, conforme os coeficientes tendem a diminuir, os gráficos se aproximam da
parte negativa do eixo Y.
Ainda nos confrontos entre fi e f7, f2 e f8, f3 e f9, f4 e f10, f5 e f11, f6 e f12
comparando os gráficos observamos que há uma simetria entre os gráficos e que todos
os gráficos possuem um ponto em comum - a origem - quando a variável independente
x é zero, o valor de Y também é igual a zero.
Para a aquisição da situação de aprendizagem (S -1) contamos com o meio de
referência (M -1) que engloba todas as representações gráficas desenvolvidas nas
92
atividades (S -3), (E -3). Nesta fase o aluno aprendiz (E -1) deveria analisar, conforme o
coeficiente a estivesse variando tanto na parte positiva como na negativa, qual a
finalidade específica do coeficiente a na função quadrática. É importante salientar, na
dialética da validação, a importância do professor observador (P -1) que aguarda as
atitudes dos estudantes provocadas pela atividade no qual deve julgar se faz a devolução
ou se é possível apenas uma supervisão positiva do aprendiz (E -1).
Nesta fase é possível verificar todas as estratégias que foram usadas pelos
aprendizes para validação e qual estratégia foi a vencedora.
E chegando a última fase da ascendência na situação didática (S0), que reflete a
institucionalização do aluno (E0) quanto ao objeto matemático no que se refere ao saber
consumado na situação de aprendizagem (S -1), o professor (P0) coordena todas as
propriedades inerentes a atividade 1.
ATIVIDADE 2
A segunda atividade tem como objetivo analisar a compreensão sobre o
parâmetro n na translação vertical do vértice da parábola e comportamento do gráfico
quando variamos para positivo ou negativo o coeficiente b e suas implicações.
1 – Num mesmo par de eixos cartesianos desenhe, utilizando o GeoGebra, os
gráficos de:
a) f1 (x) = x2
b) f2 (x) = x2 + 1
c) f3 (x) = x2 + 2
d) f4 (x) = x2 + 3
e) f5 (x) = x2 – 1
f) f6 (x) = x2 – 2
g) f7(x) = x2 – 3
2 – O que acontece com o gráfico da função inicial f1 (x) = x2 quando se soma ou subtrai
uma constante, para obter uma nova função?
3 – Num mesmo par de eixos cartesianos desenhe, utilizando o GeoGebra, os gráficos
de:
a) f1 (x) = x2
b) f2 (x) = x2 + x
c) f3 (x) = x2 + 2x
d) f4 (x) = x2 + 3x
e) f5 (x) = x2 – x
f) f6 (x) = x2 – 2x
g) f7 (x) = x2 – 3x
93
4 – O que acontece com o gráfico da função inicial f1 (x) = x2 quando se soma ou subtrai
uma constante a variável ( x ), para obter uma nova função?
5 – Quais são as coordenadas do vértice da parábola em cada um dos casos?
Quadro 4 - Análise ascendente do Milieu da atividade 2.
DIALÉTICAS MEIO (M) ALUNO (E) PROFESSOR (P) SITUAÇÃO (S)
a
d
i
d
á
t
i
c
a
Institucionalização
M0:
aprendizagem
E0: aluno Aprendizagem P0: professor
Institucionalização
S0: didática
Sistematização da
propriedade do
parâmetro n.
Validação
M-1:
referência
E-1 aprendiz Identificação
de novos saberes
P-1: observador
Observa as tentativas,
os sucessos,
conjecturas e
estratégias dos alunos
S-1: aprendizagem
Como utilizar o
parâmetro n.
Formulação
M-2: objetivo E-2: ativo Parte 2 da
atividade Hipóteses
S-2: referência
Conjecturas sobre
o parâmetro n e
sobre o vértice da
parábola.
Ação
M-3: material
Software
atividade 1
E-3: objetivo Plano
cartesiano; coordenadas
de um ponto no plano;
simetria; reflexão;
translação; representação
da função no plano; noção
de coef. e utilização do
software.
Adequação do meio e
utilização desse meio
pelos alunos
S-3: objetiva
Interação com
representação
gráfica de
f(x)=x2 + n
Fonte: Adaptado de Maia (2007, p. 88).
No estudo ascendente para identificar a situação objetiva (S -3) os estudantes já
deveriam possuir conhecimentos adquiridos da atividade 1, a relação do coeficiente a
com a concavidade da parábola e sua variação com a aproximação ou distanciamento do
eixo Y, além da familiarização com o software educacional. Os estudantes deveriam
tomar posse destes instrumentos (E -3), para desenvolver a atividade 2, caracterizando
uma socialização como meio (M -3) e finalizando a atividade com os gráficos em questão
e analisando-os.
94
Figura 35 - Registro de representação semiótica na forma gráfica das funções da Atividade 2.
Fonte: Autor.
Figura 36 – Registro de representação semiótica na forma gráfica das funções da Atividade 2.
Fonte: Autor.
Ascendendo para a situação de referência (S -2) é composto pela situação (S -3)
e (E -3) que é formada pela relação entre os estudantes na resolução das representações
gráficas especificamente f(x) = x2 + n e suas características, nos levando ao meio objetivo
(M -2) e, consequentemente, à interação dos estudantes ativos. Para a referência (S -2)
que leva ao aluno (E -2) a fazer seus questionamentos, esperava-se que os estudantes,
após várias observações, perceberiam as translações verticais das parábolas de acordo
com a variação positiva “sobe” ou negativa “desce” em relação ao eixo X.
95
E finalizando a atividade 2 temos a fase da institucionalização composta pela
situação didática (S0), onde o estudante (E0) deve adquirir o saber do objeto matemático
em questão, cabendo ao professor (P0) julgar se as propriedades inerentes a esta atividade
foram resolvidas com sucesso, se os alunos perceberam as translações verticais do vértice
da parábola ou necessitam de mais acompanhamento, se perceberam que, quando
variamos o coeficiente b para positivo o gráfico desloca-se quantas unidades lhes forem
acrescidas para a “esquerda” com deslocamentos horizontais e verticais ao mesmo tempo,
ou, quando negativo, o gráfico desloca-se quantas unidades lhes forem acrescidos para
“direita” com deslocamentos verticais e horizontais ao mesmo tempo.
A terceira atividade tem como objetivos analisar a compreensão do parâmetro
m sobre translação horizontal do vértice da parábola e suas implicações nos gráficos.
ATIVIDADE 3
1 – Num mesmo par de eixos cartesianos desenhe, utilizando o GeoGebra, os gráficos
de:
a) f1 (x) = x2
b) f2 (x) = (x + 1)2
c) f3 (x) = (x + 2)2
d) f4 (x) = (x – 1)2
e) f5 (x) = (x – 2)2
f) f6 (x) = (x + ½)2
g) f7(x) = (x – ½)2
2 – Compare os gráficos a partir da função inicial f1 (x) = x2. O que acontece com o
gráfico, conforme somamos ou subtraímos uma constante positiva da variável
independente x?
3 – Quais são as coordenadas do vértice da parábola em cada um dos casos?
96
Quadro 5 - Análise ascendente do Milieu da atividade 3.
DIALÉTICAS MEIO (M) ALUNO (E) PROFESSOR (P) SITUAÇÃO (S)
a
d
i
d
á
t
i
c
a
Institucionalização M0:
aprendizagem E0: aluno Aprendizagem
P0: professor
Institucionalização
S0: didática
Sistematização
da propriedade
do parâmetro m.
Validação M-1:
referência
E-1 aprendiz Identificação de
novos saberes
P-1: observador
Observa as
tentativas, os
sucessos,
conjecturas e
estratégias dos
alunos.
S-1:
aprendizagem
Como utilizar o
parâmetro m.
Formulação M-2: objetivo E-2: ativo Parte 2 da
atividade Hipóteses
S-2: referência
Conjecturas
sobre o
parâmetro m e
sobre o vértice
da parábola.
Ação
M-3: material
Software
atividade 1 e
2.
E-3: objetivo Plano
cartesiano; coordenadas de
um ponto no plano; simetria;
reflexão; translação;
representação da função no
plano; noção de coef. e
utilização do software.
Adequação do
meio e utilização
desse meio pelos
alunos
S-3: objetiva
Interação com
representação
gráfica de
f(x)=(x+m)2
Fonte: Adaptado de Maia (2007, p. 91).
Para o estudo ascendente da situação objetiva (S -3) na dialética da ação
formado pelo Meio material do aluno (M -3), o aluno (E -3) sendo neste caso o Meio
(M -3) disponibiliza as ações adquiridas nas atividades anteriores sobre o software
educacional GeoGebra, os saberes matemáticos apropriados, como coordenadas no
plano cartesiano, concavidades das parábolas, translações verticais, aplicabilidade dos
coeficientes, noções de reflexão e vértice da parábola, desta forma a situação (S -3)
disponibiliza ao aluno (E -3) a execução da atividade proposta.
Figura 37 - Registro de representação semiótica na forma gráfica das funções da Atividade 3.
Fonte: Autor.
97
Executada a Dialética da Ação através da situação objetiva (S -3) do meio
material (M -3) e aluno (E -3), surge as representações gráficas das funções quadráticas
f(x)=(x+m)2 indicadas acima no software educacional GeoGebra.
Ascendendo para a formulação na situação de referência (S -2) formada por
Meio objetivo (M -2) e o aluno ativo (E -2) nesta fase o aluno questiona sobre o
acréscimo ou decréscimo na variável independente x e os motivos que levam o gráfico se
deslocar no sentido contrário ao “senso comum”, pois, o gráfico, ao acrescentar uma
unidade à variável x, se desloca uma unidade para a “esquerda” e, ao subtrairmos uma ou
duas unidades à variável x, o gráfico desloca-se em igual valor para “direita”, podendo
ser perfeitamente observado pelas coordenadas dos vértices das parábolas, muito bem
definidas no software educacional GeoGebra.
Ascendendo para a Validação na situação de aprendizagem (S -1) constituída
pelo meio de referência (M -1), o aluno aprendiz (E -1) e pelo professor observador (P -1)
neste momento, o aluno aprendiz deve possuir o conhecimento matemático e o professor
observador enseja que o aluno aprendiz utilize esses conhecimentos para solucionar as
suas atividades, sendo possível verificar todas as estratégias para tornar sua atividade
vencedora.
Na fase da Institucionalização a situação didática (S0) o estudante (E0) adquiriu
o saber do objeto matemático em questão, cabendo ao professor (P0) observador julgar se
as propriedades inerentes a esta atividade foram resolvidas com sucesso, se os alunos
perceberam as translações horizontais do vértice da parábola ou necessitam de mais
acompanhamento.
A quarta atividade tem como objetivo analisar e aplicar os conhecimentos
construídos anteriormente e observar as propriedades e comportamentos envolvidos nos
gráficos, assim como, realizar tratamentos na linguagem algébrica buscando passar para a
linguagem gráfica, visando o processo de institucionalização.
ATIVIDADE 4
1 – Num mesmo par de eixos cartesianos desenhe, utilizando o GeoGebra, o gráfico da
função quadrática f(x) = a.x2 + b.x + c:
a) Crie os controles deslizantes ( a, b e c) em um intervalo de [ -10, 10];
b) Varie o controle deslizante de a de acordo com o intervalo e mantenha os controles b
e c constantes;
98
c) O que você observou? Explique.
d) Varie o controle deslizante de b de acordo com o intervalo e mantenha os controles a
e c constantes;
e) O que você observou? Explique.
f) Varie o controle deslizante de c de acordo com o intervalo e mantenha os controles a
e b constantes;
g) O que você observou? Explique.
Quadro 6 - Análise ascendente do Milieu da atividade 4.
DIALÉTICAS MEIO (M) ALUNO (E) PROFESSOR (P) SITUAÇÃO (S)
a
d
i
d
á
t
i
c
a
Institucionalização M0:
aprendizagem
E0: aluno
Aprendizagem
P0: professor
Institucionalização
S0: didática
Sistematização da
propriedade das Coef.
(a, b, c)
Validação M-1: referência E-1 aprendiz
Identificação de novos
saberes
P-1: observador
Observa as tentativas,
os sucessos,
conjecturas e
estratégias dos
alunos.
S-1: aprendizagem
Coef. (a, b, c) e suas
finalidades
Formulação M-2: objetivo E-2: ativo Parte 2 da
atividade Hipóteses
S-2: referência
Conjecturas sobre os
coeficientes (a, b, c)
Ação M-3: material
Software
atividade 1, 2 e 3.
E-3: objetivo Plano
cartesiano; noção de
coef. e utilização do
software.
Adequação do meio e
utilização desse meio
pelos alunos
S-3: objetiva Interação
com os coeficientes (a
b c) f(x)=ax2+bx+c
Fonte: Adaptado de Maia (2007, p. 91).
Na definição da situação objetiva (S -3) formada pelo aluno objetivo (E -3), e o meio
material (M -3), na dialética da ação nesta fase o estudante tem conhecimento do software
educacional GeoGebra e da representação gráfica da função f(x)=ax2+bx+c. De posse do
meio matéria (M -3) o aluno objetivo (E -3) começa a desenvolver as funções gráficas
elaboradas.
Figura 38 – Registro de repres. semiótica na forma gráfica Atividade 4 Animação do coeficiente a.
Fonte: Autor.
99
Figura 39 - Registro de repres. semiótica na forma gráfica Atividade 4 Animação do coeficiente b.
Fonte: Autor.
Figura 40 - Registro de representação semiótica na forma gráfica Atividade 4 Animação do coeficiente c.
Fonte: Autor.
Ascendendo para a situação de referência (S -2) formado pelo meio objetivo (M
-2) e o aluno ativo (E -2) as relações anteriores na Ação que originaram as representações
gráficas acima, neste ponto os estudantes ativos exibiram questionamentos com relação a
cada coeficiente e sua representação na parte gráfica.
Neste momento o professor observador deve almejar que os estudantes façam
uso dos conhecimentos de plano cartesiano, simetria, reflexão e o papel dos coeficientes
na função quadrática.
100
Com as representações gráficas de f(x)=ax2+bx+c os estudantes deveriam
identificar a formação das parábolas e saber que, ao variar o coeficiente a de (-10 até 10)
e tornar constante os coeficientes b e c, as concavidades ficam voltadas para “cima” ou
para “baixo” e, ainda, que;
- Ao variar somente o coeficiente c de (-10 até 10) haverá uma translação
vertical do gráfico;
- Ao variar somente o coeficiente b com valores positivos e negativos haverá
um deslocamento horizontal e vertical formando uma parábola invertida;
- A parábola somente começa a “abrir” quando os valores do coeficiente a é
menor do que 1 (um) e
- Quando o coeficiente a tende a zero e se assumindo o valor de zero este
tornar-se uma reta.
Ainda esperava-se que, variando somente o coeficiente b , os estudantes
conseguissem observar que no ponto de coordenadas (0, )c , onde o gráfico intercepta o
eixo Y , o seu ponto simétrico possui uma distância na razão dos coeficientes da função
quadráticab
da
, sendo possível determinar estes coeficientes para escrever as funções
na sua forma algébrica desenvolvida.
Ascendendo para a situação de aprendizagem (S -1) formada pelo meio de
referencia (M -1), que são as representações gráficas de f(x)=ax2+bx+c e todos os
questionamentos acima, o estudante deveria se apropriar das funções de cada coeficiente,
assim, o professor observaria (P -1) que os estudantes justificassem os resultados
encontrados, podendo ser corrigidos ou não. Neste momento é possível identificar suas
estratégias para tornar vencedor sua atividade.
Na fase de Institucionalização chegamos à situação didática (S0) formada pelo
meio de aprendizagem (M0), o aluno aprendiz (E0) e professor (P0), que julga se as
propriedades inerentes a esta atividade foram resolvidas com sucesso, se os alunos
perceberam as variações das concavidades, as translações verticais do vértice da
parábola, as translações verticais e horizontais ao mesmo tempo formando uma parábola
invertida ou se os alunos necessitariam de mais acompanhamento.
A quinta atividade têm como objetivos institucionalizar as construções de
conhecimentos através das trocas da linguagem semiótica algébricas para linguagem
semiótica gráficas e vice-versa e comparar os coeficientes com os parâmetros m e n da
101
função canônica, para verificar quando é mais interessante usar a função f(x)=ax2+bx+c
ou f(x)=a(x+m)2+n.
ATIVIDADE 5
1 – Sem utilizar o GeoGebra descreva, a partir da função inicial f1 (x) = x2, como ficará
o gráfico das funções abaixo, e responda quais são as coordenadas do vértice da
parábola em cada caso.
a) f2(x) = 2(x + 3)2 – 4
b) f3(x) = -3(x – 5/4)2 + 1/3
2 – Desenhe o gráfico de f(x) = (x + 3)2 – 5 (utilize o GeoGebra).
3 – Você consegue prever o gráfico de g(x) = x2 + 6.x + 4? Explique.
4 – Escreva uma função do segundo grau genérica em função dos parâmetros a, m e n
de modo que seja fácil a visualização de seu gráfico.
5 – O que cada um dos parâmetros (a, m e n) faz com o gráfico da função inicial?
6 – Relacione os parâmetros da função que vocês encontraram o item 4 com os
parâmetros da função f(x) = a.x2 +b.x +c. Quais conclusões vocês chegaram?
Quadro 7 - Análise ascendente do milieu da atividade 5.
DIALÉTICAS MEIO (M) ALUNO (E) PROFESSOR (P) SITUAÇÃO (S)
a
d
i
d
á
t
i
c
a
Institucionalização M0:
aprendizagem
E0: aluno
Aprendizagem
P0: professor
Institucionalização
S0: didática
Tratamento da forma
algébrica da função
quadrática.
Validação M-1: referência E-1 aprendiz
Identificação de
novos saberes
P-1: observador
Observa as tentativas,
os sucessos,
conjecturas e
estratégias dos alunos
S-1: aprendizagem
Forma canônica da
função quadrática.
Formulação M-2: objetivo E-2: ativo Forma
desenvolvida
Hipóteses
S-2: referência
Conjecturas sobre
uma “nova” forma
de representação da
função quadrática.
Ação M-3: material
Software
atividades 1,2, 3 e
4.
E-3: objetivo
Conhecimentos
adquiridos nas
atividades
anteriores.
Adequação do meio e
utilização desse meio
pelos alunos
S-3: objetiva
Interação com as
propriedades dos
parâmetros a, m e n.
Fonte: Adaptado de Maia (2007, p. 94).
Na dialética da ação na situação objetiva (S -3) que é formada pelo Meio
material (M -3) e o aluno objetivo (E -3) nesta fase a situação não estava finalizada. O
professor fez a devolução e o estudante tomou conhecimento do problema e este faria a
interação com as propriedades dos parâmetros (a, m e n) esperava-se que o estudante,
com os conhecimentos das atividades anteriores aliada ao Meio material (M -3) que é o
software GeoGebra, verificasse a concavidade da parábola para cima ou para baixo
102
conforme o sinal do parâmetro a, e a translação horizontal e vertical do vértice de
acordo com as mudanças das coordenadas cartesianas.
Ao digitar no campo de entrada do software GeoGebra a função f1 = x2 almeja-
se que o estudante identifique que o gráfico é voltado para cima em virtude do
coeficiente a positivo e com coordenadas do vértice (0,0). No próximo momento, ao
digitar f2 = 2(x+3)2 -4 espera-se que o estudante identifique uma translação simultânea
vertical e horizontal que levará o gráfico para as coordenadas do vértice em (-3, -4) e
que o gráfico tendeu a “fechar” se aproximando em ambos os lados simetricamente do
eixo Y.
Figura 41 - Registro de representação semiótica na forma gráfica Atividade 5.
Fonte: Autor.
Na função f3 = -3(x – 5/4)2 + 1/3 , obtida tendo-se como base f1 (x) = x2
esperamos que os estudantes observassem as variações ocorridas como a concavidade
da parábola para “baixo” em virtude do coeficiente a, além da translação horizontal e
vertical simultânea de 5/4 para a “direita” do eixo Y levando o gráfico para as
coordenadas do vértice (5/4, 1/3).
103
Figura 42 - Registro de representação semiótica na forma gráfica Atividade 5.1.
Fonte: Autor.
Para a função f (x) = (x + 3)2 – 5 tendo como base a função f1 (x) = x2 espera-se
que os estudantes percebam que houve uma translação vertical e horizontal simultânea
que levaram as coordenadas do vértice de (0, 0) para as coordenadas de (-3, -5) e a
concavidade voltada para “cima” em virtude do coeficiente a positivo.
Figura 43 - Registro de representação semiótica na forma gráfica da Atividade 5.2.
Fonte: Autor.
Ascende-se para a situação de referência (S -2), composta pelo Meio objetivo
(M -2) e pelo aluno (E -2), onde, nesta fase, o estudante questiona, faz observações e
expressa possíveis consequências a respeito da função g(x) = x2+ 6.x + 4. Neste ponto,
como no Meio objetivo (M -2) foram inseridas três funções: f1, f(x) e g(x) e,
104
consequentemente, aparecem apenas duas funções na janela de visualização da parte
gráfica, espera-se que os alunos percebam que não há falta de um gráfico, mas, que f(x)
e g(x) estão sobrepostos por serem os mesmos gráficos.
Figura 44 - Registro de representação semiótica na forma gráfica Atividade 5.3.
Fonte: Autor.
Ascende-se para a fase da Validação na situação de aprendizagem (S -1),
formada pelo Meio de referência (M -1), o professor observador (P -1), atentando para
as possíveis estratégias a serem utilizadas e o aluno aprendiz (E -1). Neste ponto temos
as atividades consolidadas com as representações gráficas no meio, os questionamentos
e predições dos estudantes e espera-se que os estudantes relacionem os parâmetros
envolvidos com os coeficientes.
Na fase da Institucionalização da situação didática (S0) formada pelo Meio de
aprendizagem (M0) o professor observador (P0) espera que o aluno aprendiz (E0) tenha
o conhecimento a respeito da atividade com os parâmetros (a, m e n) e os transforme
em saber matemático do objeto de estudo.
A sexta atividade tem como objetivo institucionalizar as construções de
conhecimentos através das trocas da linguagem semiótica algébrica para linguagem
semiótica gráfica e vice-versa, verificando as funcionalidades dos coeficientes (a, b e c),
as raízes da função, a descriminante delta e suas influências na parte gráfica.
105
ATIVIDADE 6
1 – Crie uma função f(x) = a.x2 +b.x +c com seus respectivos controles deslizantes.
Depois, no campo de entrada, digite delta = b^2-4*a*c e enter, em seguida digite o
comando RAIZ[f].
a) Altere os valores de a, b ou c de forma que o gráfico intercepte o EixoX. Qual o sinal
do Δ?
b) Fazendo a = 4, b = -4 e c = 2, o que acontece com o gráfico? Qual o sinal do Δ?
c) Fazendo a = 1, b = -4 e c = 3, o que acontece com o gráfico? Qual o sinal do Δ?
d) Se , Δ > 0 o gráfico __________________________ o eixo x. (intercepta ou não
intercepta).
e) Se , Δ < 0 o gráfico __________________________ o eixo x. (intercepta ou não
intercepta).
f) Se , Δ = 0 o gráfico __________________________ o eixo x.
2 - Faça o seguinte exercício com os três seletores já criados e, apenas, troque seus
valores para chegarem às funções que se pedem a seguir:
Construa as funções:
f(x) = x2 – 3x + 4 g(x) = - x2 – 4x
Para cada uma delas, determine:
a) O ponto onde intercepta o eixo Y.
b) Se intercepta o eixo y em sua parte crescente ou decrescente.
c) Analise a concavidade.
d) Encontre o discriminante.
e) Encontre as raízes, caso existam.
f) Encontre o vértice das parábolas.
g) Determine o máximo e/ou mínimo.
106
Quadro 8 - Análise ascendente do milieu da atividade 6.
DIALÉTICAS MEIO (M) ALUNO (E) PROFESSOR (P) SITUAÇÃO (S)
a
d
i
d
á
t
i
c
a
Institucionalização M0:
aprendizagem
E0: aluno
Aprendizagem
P0: professor
Institucionalização
S0: didática
Tratamento do
descriminante,
raízes, máx. e mín.
da função quadrática.
Validação M-1: referência E-1 aprendiz
Identificação de
novos saberes
P-1: observador
Observa as tentativas,
os sucessos,
conjecturas e
estratégias dos alunos
S-1: aprendizagem
da propriedades do
Δ, máx., mín. e
raízes da função
quadrática.
Formulação M-2: objetivo E-2: ativo Forma
desenvolvida
Hipóteses
S-2: referência
Conjecturas sobre
valores do Δ e raízes,
máx. e mín.
Ação M-3: material
Software
atividade 3,4 e 5.
E-3: objetivo
Conhecimentos
adquiridos nas
atividades
anteriores.
Adequação do meio e
utilização desse meio
pelos alunos
S-3: objetiva
Interação com as
propriedades do Δ,
raízes, máximo e
mínimo.
Fonte: Adaptado de Maia (2007, p. 94).
Buscando a situação objetiva (S -3) formada pelo Meio material (M -3), onde os
estudantes devem possuir saberes das atividades anteriores sobre as linguagens algébricas
e gráficas, coeficientes e suas influências na parte gráfica, coordenadas dos vértices de
uma função quadrática, translações verticais e horizontais, com saberes diversos é
possivel criar um ambiente no qual o aluno (E -3) desenvolva as atividades no meio
material (M-3), assim, todas as variações que são inerentes a atividade 6 podem ser
observadas com mais rigor matemático.
Figura 45 - Registro de representação semiótica na forma gráfica Atividade 6.
Fonte: Autor.
107
Ascendendo para a fase da Formulação na situação de referência (S -2), formada
pelo Meio objetivo (M -2) e o aluno ativo (E -2), este tenderá a questionar as várias
situações que são apresentadas no momento da atividade, e o professor observador (P -1)
verifica as estratégias utilizadas.
Analisando as situações acima, variando os coeficientes, fazendo a = 4, b = -4 e
c = 2, o que acontece com o gráfico? Qual o sinal do Δ? Espera-se que o estudante
observe que o gráfico da função ficou acima do eixo X e quando isto ocorre o
descriminante Δ é negativo, conforme apresentação na janela algébrica (- 16) e pontos A
e B como raízes A e B indefinidas.
Figura 46 - Registro de representação semiótica na forma gráfica das funções da Atividade 6.
Fonte: Autor.
Fazendo a = 1, b = -4 e c = 3, o que acontece com o gráfico? Qual o sinal do Δ?
Figura 47 - Registro de representação semiótica na forma gráfica das funções da Atividade 6.
Fonte: Autor.
108
Esperamos que os estudantes identificassem o gráfico abaixo do eixo X, onde
está o discriminante (Δ = 4) e, sendo positivo, possui duas raizes reais diferentes
identificadas nos pontos A (1, 0) e B (3, 0) no eixo X.
Ascendendo para Validação na situação de aprendizagem (S -1) composta pelo
Meio de referência (M -1) formado pelas representações gráficas e questionamentos a
respeito das atividades, neste momento o aluno aprendiz deveria identificar as
propriedades do discriminante, sendo: Δ positivo, duas raizes reais diferentes; Δ igual a
zero, duas raizes reais iguais; Δ menor que zero, não existe raiz real. Sendo o coeficiente
a positivo, o vértice é ponto de máximo; sendo o coeficiente a negativo, o vértice
apresenta ponto de mínimo. Neste ponto, o professor observador (P -1) identifica as
estratégias utilizadas para o sucesso das suas atividades.
Ascendendo para a fase da Institucionalização do saber na situação didática (S0)
formado pelo Meio de aprendizagem (M0) o professor observador (P0) espera que o
aluno aprendiz (E0) se aproprie do saber adquirido na situação de aprendizagem (S -1),
executando o tratamento do discriminante, raízes, máximo e mínimo na função
quadrática transformando em saber matemático.
A sétima atividade têm como objetivos: institucionalizar as construções de
conhecimentos das atividades anteriores através das trocas da linguagem semiótica
algébricas para linguagem semiótica gráficas e vice-versa; analisar, a partir do
coeficiente a, quais as propriedades deste coeficiente e inferir a respeito da propriedade
reflexiva destes gráficos; verificar a translação vertical do vértice da parábola, o
comportamento do gráfico quando variamos para positivo ou negativo, o coeficiente b,
suas implicações e verificar similaridade entre as funções f1(x) = (x + 3)2 – 5 e f2 (x) =
x2+ 6.x + 4.
ATIVIDADE 7
1 – Num mesmo par de eixos cartesiano desenhe, utilizando o GeoGebra, o gráfico da
função quadrática f(x) = a.x2 + b.x + c:
a) Crie os controles deslizantes ( a, b e c) em um intervalo de [ -10, 10];
b) No campo de entrada digite V = (-b/2*a , -(b2 - 4*a*c)/4*a); (Habilite o rastro)
c) Varie um controle deslizante de cada vez ( a, b e c) de acordo com os intervalos e
analise os seus comportamentos;
109
Comente os comportamentos dos coeficientes;
(a) =
(b) =
(c) =
2 – Construa os gráficos abaixo (utilize o GeoGebra):
a) f1(x) = (x + 3)2 – 5
b) f2 (x) = x2+ 6.x + 4
Descreva suas observações:
3 – De Acordo com as imagens proposta no GeoGebra execute:
a) Partindo da função quadrática 2( )f x x , explique qual sua estratégia para adaptar
esta função à imagem da Igreja da Pampulha e escreva a função nas formas 2( ) ( )f x a x m n e
2( )f x ax bx c .
Quadro 9 - Análise ascendente do milieu da atividade 7.
DIALÉTICAS MEIO (M) ALUNO (E) PROFESSOR (P) SITUAÇÃO (S)
a
d
i
d
á
t
i
c
a
Institucionalização M0:
aprendizagem
E0: aluno
Aprendizagem
P0: professor
Institucionalização
S0: didática
Sistematização da
propriedade do
parâmetro a.
Validação M-1: referência E-1 aprendiz
Identificação de
novos saberes
P-1: observador
Observa as tentativas,
os sucessos,
conjecturas e
estratégias dos alunos
S-1: aprendizagem
Como utilizar o
parâmetro a.
Formulação M-2: objetivo E-2: ativo Parte
2 da atividade
Hipóteses
S-2: referência
Conjecturas sobre o
coeficiente de x2
Ação M-3: material
Software
atividade 1
E-3: objetivo
Utilização do
software e
representação da
função
quadrática
Adequação do meio e
utilização desse meio
pelos alunos
S-3: objetiva
Interação com
representação
gráfica de
f(x)=ax2+bx+c
f1(x)=(x+3)2-5
f2(x)=x2+6x+4
Fonte: Adaptado de Maia (2007, p. 100).
O estudo ascendente do milieu inicia na Situação objetiva (S -3), onde o
estudante toma conhecimento da sua tarefa e toma para si o problema, fazendo uso do
meio material (M -3) que está acessível no notebook com o software educacional
GeoGebra. Assim, o professor aguarda a ação dos estudantes para dar início à atividade
proposta, digitando no campo de entrada o registro algébrico da função quadrática na
forma algébrica f(x) = ax2+bx+c, que permite a socialização com o meio material e o
110
estudante (E -3) busca analisar o comportamento de cada gráfico, quando os controles
deslizantes ( a, b, c) criados na dialética da Ação, variam de [ -10, 10].
Espera-se que o estudante, ao variar o controle deslizante do coeficiente a,
perceba que para valores maiores o gráfico da parábola tende a se “fechar” aproximando
do eixo de simetria e tendo por ponto fixo o vértice V no ponto de mínimo da parábola.
Se o controle deslizante do coeficiente a variar para valores menores que um
tendendo a zero, a parábola inicia sua abertura com sua curva se aproximando do
formato de uma reta. Neste momento o estudante deve perceber o porquê da restrição do
coeficiente a ≠ 0.
Figura 48 - Registro de representação semiótica na forma gráfica das funções da Atividade 7.
Fonte: Autor.
Quando habilitamos o rastro fazendo variar o controle deslizante do coeficiente
b para valores positivos e negativos, esperamos que os estudantes observassem o
comportamento da parábola f(x), que desliza em torno do coeficiente c e o vértice da
parábola constrói uma parábola invertida.
Também esperamos que os estudantes conseguissem observar que no ponto de
coordenadas (0, )c , onde o gráfico intercepta o eixo Y , o seu ponto simétrico possui
uma distância na razão dos seus coeficientes b
da
.
111
Figura 49 - Animação do coeficiente b da função Atividade 7.
Fonte: Autor.
No campo de entrada do software GeoGebra, quando digitamos a função f1(x) na
forma canônica e f2(x) na forma desenvolvida, esperávamos que os estudantes
percebessem que, apesar de terem introduzido duas funções quadráticas aparentemente
diferentes algebricamente, o software mostra na parte gráfica somente um gráfico, pois,
f1(x) está sobreposta a f2(x).
Figura 50 - Funções na forma algébrica diferentes com gráficos iguais Atividade 7.
Fonte: Autor.
Ascendendo para a fase da Formulação composta pela Situação de referência (S -2),
Meio objetivo (M -2) e o aluno ativo (E -2), esperava-se que o conhecimento de (S -3),
que interagiu com (E -3) e foi executado em (M -3), suscitasse em (E -2) o levantamento
112
de hipóteses e questionamentos a respeito da representação gráfica das funções
quadráticas f(x)=ax2+bx+c, f1(x)=(x+3)2-5 e f2(x)=x2+6x+4 que foram desenvolvidas a
partir da primeira atividade f 1 = x 2. Neste ponto, o professor observador (P -1) espera
que os saberes das atividades anteriores sejam colocados à prova para buscar a solução
ideal da atividade.
Ascendendo para a Validação, temos a situação de aprendizagem (S -1) formada
pelo aluno aprendiz (E -1), professor observador (P -1) e o Meio de referência (M -1) que
representa as funções quadráticas introduzidas na situação objetiva (S -3) e situação de
referência (S -2). O aluno aprendiz deveria buscar o saber matemático de como utilizar as
funções quadráticas f(x)=ax2+bx+c, f1(x)=(x+3)2-5 e f2(x)=x2+6x+4. Neste ponto, o
professor observador (P -1) deve identificar as estratégias utilizadas pelos estudantes.
Ascendendo para a fase da Institucionalização na situação didática formada por
Meio de aprendizagem (M 0), o aluno aprendiz (E 0) e o professor (P 0), temos que, neste
ponto, o aluno aprendiz deve transformar o conhecimento em saber matemático adquirido
na situação de aprendizagem (S -1), onde o professor julga se o aprendiz obteve sucesso
em identificar as construções de conhecimentos das atividades anteriores através das
trocas da linguagem semiótica algébrica para linguagem semiótica gráfica e vice-versa. O
professor também deve analisar, a partir do coeficiente a, quais as propriedades deste
coeficiente e inferir a respeito da propriedade reflexiva destes gráficos, verificando a
translação vertical do vértice da parábola, o comportamento do gráfico quando variamos
para positivo ou negativo o coeficiente b suas implicações e também, neste contexto,
verificar as similaridades entre as funções f1(x) = (x + 3)2 – 5 e f2 (x) = x2+ 6.x + 4 para
escolher a mais adequada ao problema a ser enfrentado.
4.2 Aplicação do experimento e análise a posteriori
Após o teste diagnóstico teve início a divulgação da realização da pesquisa na
escola. O pesquisador e as professoras de matemática do nono ano do ensino fundamental
conversaram com quatro turmas buscando voluntários. Vinte estudantes mostraram
interesse em participar, foram entregues os termos de consentimentos para assinatura dos
responsáveis legais, mas apenas nove estudantes devolveram os documentos assinados.
A pesquisa tinha como previsão acontecer na sala de informática, dotada de ar
condicionado, quinze computadores, quadro branco, projetor de imagens e com espaço
físico privilegiado. Entretanto, ocorreu uma descarga elétrica uma semana antes da
113
aplicação do experimento, que inviabilizou a utilização dos computadores da escola,
podendo ser usado somente o espaço físico da sala de informática. Para suprir este
infortúnio, utilizamos cinco notebooks gentilmente emprestados por amigos e familiares,
para serem instalados o software educacional GeoGebra para execução da sequência
didática.
Após a segunda atividade, por motivos particulares, houve desistência de três
estudantes, sendo necessária a reprogramação dos encontros para realizações das
atividades.
4.2.1 Atividade 1
A atividade teve início no dia 30 de Novembro de 2015, após a aula regular, na
sala de informática da Escola, com duração de 45 minutos. Nos primeiros dez minutos o
professor começou orientando os nove estudantes quanto às regras a serem observadas:
não era aconselhável retirar-se no momento da atividade, sair do aplicativo para conectar-
se a sites em desacordo com as atividades, atender ligações ou conversas que pudessem
comprometer o bom andamento das atividades, salvo casos particulares de urgência. Foi
apresentada a professora observadora Amanda, que falou que as atividades seriam
observadas, filmadas e que as suas respostas seriam escritas nos protocolos de atividades
e analisadas posteriormente.
O professor, após as devidas informações, explicou e tirou dúvidas quanto ao
uso do software e como seriam executadas as atividades no GeoGebra referente ao
inserção das atividades no campo de entrada e possíveis ajustes de comando.
Figura 51 – Início da Experimentação
Fonte: Autor.
Distribuídas às atividades, foi pedido que lessem a atividade de número um,
neste momento, os estudantes encontravam-se na fase da Ação da TSD e estabeleceram
um contrato didático e logo após foi solicitado que as funções quadráticas fossem
114
inseridas todas na mesma janela algébrica para observarem os comportamentos dos
gráficos posteriormente, neste momento os estudantes passaram para fase da Formulação
da TSD, elaborando estratégias.
Os estudantes fizeram a inserção da letra a) f1(x)=x2 da atividade no GeoGebra
e responderam:
Sobre qual observação eles fizeram, a aluna A18 respondeu “o gráfico ficou pra
cima” [filmagem 1 05:37].
Foi solicitado que digitassem no campo de entrada as letras, b) f2(x)=2x2 , c)
f3(x)=3x2 , d) f4(x)=10.x2 e foram questionados sobre o que é possível concluir. Nesta
parte da atividade os alunos perceberam que a cada valor do coeficiente a > 1 a parábola
começa a “fechar”. Foi perguntado se na sala de aula, quando estudaram função
quadrática, eles conseguiram perceber esse exercício ou só o perceberam com a
utilização do software.
Podemos perceber que os estudantes conseguiram tirar conclusões verdadeiras
a partir das respostas analisadas conforme previsto na análise a priori que elaborariam
hipóteses na fase da Formulação da TSD, conforme a variação do coeficiente a > 0, ao
descreverem as suas respostas os estudantes passaram para a fase da Validação da TSD:
Protocolo 1 Atividade 1 Resposta da 2ª questão letra a Estudante A02.
Protocolo 2 Atividade 1 Resposta da 2ª questão letra a Estudante A04.
115
Protocolo 3 Atividade 1 Resposta da 2ª questão letra a Estudante A18.
Foi solicitado que digitassem no campo de entrada do GeoGebra g) f7 (x)= - x2
h) f8 (x) = -2 x2 , i) f9 (x) = -3x2, j) f10 (x) = - 10x2 e perguntado qual as conclusões
que eles poderiam fazer:
Protocolo 4 Atividade 1Resposta da 2ª questão letra b Estudante A02.
Protocolo 5 Atividade 1 Resposta da 2ª questão letra b Estudante A04.
Observamos que os estudantes se apropriaram do conhecimento das
propriedades do coeficiente “a” conforme previsto na análise a priori observando à
variação do coeficiente a < 0:
O professor solicitou que digitassem no campo de entrada do GeoGebra e) f5(x)
= 1/2. x2, f) f6(x) = 1/4. x2, k) f11(x) = - 1/2.x2, l) f12 (x) = - 1/4.x2 e foram questionados
sobre as funções que os coeficientes eram frações positivas e negativas. O estudante
A02 disse “começa a abrir e faz o gesto com os dois braços” (filmagem 2 00:09). O
estudante A01 diz “abriu mais” (filmagem 2 00:45).
Na questão 2c o professor perguntou se possuíam algum ponto em comum e foi
obtido como respostas:
116
Protocolo 6 Atividade 1 Resposta da 2ª questão letra c Estudante A 20.
Protocolo 7 Atividade 1 Resposta da 2ª questão letra c Estudante A04.
Quanto ao item 2c podemos enfatizar que os estudantes têm dificuldades em
expressar seus pensamentos matemáticos no plano cartesiano como o ponto (0,0), em
decorrência da construção do plano cartesiano no quadro em sala de aula, pois, tendemos
a escrever um único número zero, levando o estudante a idealizar um número e não um
ponto no plano cartesiano com as coordenadas (0,0). Também destacamos de forma
positiva a resposta do estudante A20 que observou que todas as funções quadráticas
envolvidas possuíam os coeficientes (b = 0 e c = 0) e, por este motivo todas as funções
quadráticas tinham um ponto em comum nas coordenadas (0,0).
Desta forma o professor institucionalizou o saber matemático relativo ao
parâmetro a da função quadrática f(x) = ax2 onde ficou evidenciado que os estudantes
observaram que para (a > 0) a concavidade da parábola ficava voltada para cima, quando
(a < 0) sua concavidade ficava voltada para baixo e quando temos 0 < a < 1 os gráficos
começaram a abrir e que as parábolas tenderam a se afastar do eixo Y e se aproximarem
do eixo X, porém, nunca se sobrepondo ao eixo, conforme previsto na análise a priori.
Assim, com este procedimento alternativo para superar os obstáculos didáticos
referentes ao coeficiente “a” da função quadrática foi utilizada a abordagem de
interpretação global de propriedades figurais de Duval (2011, pg.99) “Com esta
abordagem não estamos mais na presença da associação “um ponto – um par de
números”, mas na presença da associação “variável visual de representação –
unidade significativa da expressão algébrica”.”.
Vale ressaltar que no teste diagnóstico dos dezenove estudantes somente três
conseguiram identificar o coeficiente a e parcialmente as suas propriedades que foi
representado pelo número 3 os demais estudantes, desconheciam o coeficiente, possuíam
obstáculo didático de reconhecimento da unidade simbólica correspondente (seu valor
numérico) e das suas variáveis visuais (concavidade e abertura), percebemos que a
117
sequência didática em conjunto com o software GeoGebra facilitou a compreensão do
que de fato representa o coeficiente na função quadrática, pois, utilizando só a tecnologia
lápis e papel os estudantes observam somente a concavidade em decorrência do caráter
estático da tecnologia, perceberam que quando alteramos a representação algébrica há
uma mudança instantânea na representação gráfica.
4.2.2 Atividade 2
A segunda atividade tinha como objetivos analisar a compreensão sobre
translação vertical do vértice da parábola o comportamento do gráfico quando variamos
para positivo ou negativo o coeficiente b suas implicações.
A atividade número 2, com duração de 35 minutos, foi executada no mesmo dia
após um intervalo de 10 minutos. O professor iniciou solicitando que os estudantes
lessem a atividade que envolvia a função 2( )f x ax n e perguntou quais parâmetros
estão envolvidos e responderam “a” e “n”. O professor solicitou que digitassem no
campo de entrada do GeoGebra a função f1(x)=x2, porque ela serviria como referencial,
neste momento o estudante tomou conhecimento do problema estabelecendo o Contrato
Didático, conforme previsto na análise a priori na fase da Ação da TSD de Brousseau
(2007), depois foi inserido b) f2 (x) = x2 + 1, c) f3 (x) = x2 + 2, d) f4 (x) = x2 + 3, após a
inserção os estudante começa a imergir na fase da Formulação da TSD, começa a
levantar hipóteses sobre as observações. O professor perguntou: “o que acontece com o
gráfico da função inicial f1(x)=x2 quando somamos uma constante, para obter uma nova
função?”. O estudante A20 respondeu “quando se soma, no eixo Y, ele pula uma casa”
[filmagem atividade 2 10:31].
Posteriormente o professor solicitou aos estudantes que inserissem no campo de
entrada as funções quadráticas, f5 (x) = x2 – 1, f6 (x) = x2 – 2, f7(x) = x2 – 3, indagou “e
agora?”. O estudante A20 respondeu “quando subtrai ele desce uma casa” [filmagem
atividade 2 10:36], a partir do momento em que os estudantes expressaram suas hipóteses
nos protocolos de respostas assumem a fase da Validação da TSD, conforme análise a
priori, desta maneira descreveram suas respostas das questões acima:
118
Protocolo 8 Atividade 2 Resposta da 2ª questão Estudante A15.
Protocolo 9 Atividade 2 Resposta da 2ª questão Estudante A03.
Protocolo 10 Atividade 2 Resposta da 2ª questão Estudante A02.
Nesta questão de número um desta atividade observamos que os estudantes
compreenderam que o parâmetro “n” da função quadrática está relacionado com
ascendência ou descendência vertical do gráfico.
Observamos que foi superado o obstáculo didático de identificação da unidade
simbólica correspondente (aos valores) do parâmetro “n” e sua variável visual (posição
do vértice), neste ponto os estudantes após várias observações percebam as translações
verticais das parábolas de acordo com a variação positiva “sobe” ou negativa “desce” em
relação ao eixo X, conforme previmos na análise a priori perceberam que quando
alteramos a representação algébrica há uma mudança instantânea na representação
gráfica, de acordo com este procedimento alternativo para superar os obstáculos didáticos
referentes ao parâmetro “n” da função quadrática foi utilizada a abordagem de
interpretação global de propriedades figurais de Duval (2011, pg.99).
Prosseguindo à atividade 2, foi solicitado que no exercício 2 fosse criado uma
nova janela para atividade. O professor solicitou que digitassem no campo de entrada do
GeoGebra a função f1(x)=x2 para servir como referencial, e em seguida foi inserido f2
(x) = x2 + x, f3(x) = x2 + 2x, f4(x) = x2 + 3x. O professor perguntou se eles haviam
notado neste terceiro exercício qual coeficiente está faltando e os estudantes A20 e A15
119
responderam “o cê” [filmagem da atividade 2 em 15:15]. Após cada inserção era
perguntado o que estavam observando e o estudante A15 respondeu “ele desloca para a
esquerda e desceu mais uma casa” [filmagem atividade 2 em 17:05].
Solicitamos que fossem inseridos no campo de entrada as funções f5(x)= x2 – x,
f6(x) = x2 – 2x, f7(x) = x2 – 3x e que observassem os comportamentos dos gráfico os
estudantes conseguiram compreender que os gráficos conforme os coeficientes
negativos foram inseridos havia um deslocamentos inverso ao senso comum, pois,
acrescenta negativo o gráfico desloca-se verticalmente e horizontalmente no sentido
positivo do eixo cartesiano e vice-versa de acordo com as respostas dos protocolos a
seguir:
Protocolo 11 Atividade 2 Resposta da 4ª questão Estudante A02.
Protocolo 12 Atividade 2 Resposta da 4ª questão Estudante A03.
Protocolo 13 Atividade 2 Resposta da 4ª questão Estudante A04.
No exercício quatro os estudantes tiveram dificuldades em observar o papel do
coeficiente “b”, por que o gráfico descreve uma translação vertical e horizontal ao mesmo
120
tempo, os estudantes só conseguiam observar o deslocamento para a esquerda ou direita,
na análise a priori não foi prevista esta dificuldade sendo necessária uma atividade
complementar para sanar este obstáculo.
Observamos que não foi superado o obstáculo didático de identificação da
unidade simbólica correspondente (aos valores) do coeficiente “b” e sua variável visual
(posição do vértice), não perceberam que quando alteramos a representação algébrica há
uma mudança instantânea na representação gráfica, gerando translações verticais e
horizontais simultânea.
Finalizando a atividade dois percebemos que no exercício cinco houve avanço
quando solicitadas no exercício cinco as coordenadas dos vértices com respeito ao
tratamento proposto por Raymond Duval. Os cálculos apresentados por dois estudantes
responderam parcialmente esta atividade e de forma correta, identificando os coeficientes
adequados para os cálculos conforme protocolo de resposta dos estudante.
Protocolo 14 Atividade 2 Resposta da 5ª questão Estudante A15.
Quanto ao exercício cinco, três estudantes não conseguiram executar os
tratamentos de todos os vértices, em consequência do tempo destinado.
Desta forma, com este procedimento alternativo para superar os obstáculos
didáticos referentes à translação vertical do vértice do gráfico da função quadrática e a
variação do coeficiente “b” utilizamos Duval (2011, pg.99) “Com esta abordagem não
estamos mais na presença da associação “um ponto – um par de números”, mas na
presença da associação “variável visual de representação – unidade significativa da
expressão algébrica”.”.
4.2.3 Atividade 3
Esta atividade teve início no dia 01 de dezembro de 2015 às 08h30, com
duração de 50 minutos. O professor iniciou reiterando a importância da colaboração dos
121
estudantes com participação voluntária em todas as atividades, neste momento o
estudante encontra-se na fase da Ação da TSD, tomou conhecimento de suas atividades
e estabeleceu um contrato didático, foi solicitado que lessem com atenção e
respondessem nos seus protocolos. Foi solicitado que inserissem no campo de entrada a
função f1(x)=x2. O professor perguntou o eles haviam observado e responderam que
apareceu um gráfico com a concavidade voltada para cima. Novamente o professor
solicitou que inserissem no campo de entrada as funções f2 (x) = (x + 1)2, f3 (x) = (x +
2)2, f4 (x) = (x – 1)2, f5 (x) = (x – 2)2, f6 (x) = (x + ½)2, f7(x) = (x – ½)2 no GeoGebra, no
momento que foi inserido as atividades, iniciaram a fase da Formulação da TSD,
tiveram início as argumentações e hipóteses, então, o professor perguntou o que eles
observaram, ao que o estudante A02 respondeu [filmagem da atividade 3 16:01]:
Para f2 “ele ficou em cima do eixo X, mas ele se deslocou para a esquerda uma
casa”;
Para f4 “ele continuou em cima do eixo X, mas se deslocou uma casa para a
direita”;
Para f3 “ele se deslocou duas casas para a esquerda em cima do eixo X”;
Para f5 “ele se deslocou duas casas para a direita em cima do eixo X”;
O estudante A20 se manifestou resumindo da seguinte maneira “acrescenta
somando, ele se desloca para a esquerda, onde é negativo e acrescenta subtraindo, ele
anda para a direita”.
Percebemos que os estudantes conseguiram compreender a translação
horizontal para a esquerda quando for acrescentado na variável x um valor positivo e
ocorrerá a translação horizontal para a direita quando for acrescentado na vaiável x um
valor negativo, esta fase ocorreu como foi previsto na análise a priori não houve
questionamentos conforme podemos perceber nos protocolos dos estudantes abaixo, no
momento que os estudantes escrevem suas respostas nos protocolos, iniciou a fase da
Validação da TSD, os estudantes tentaram mostrar o sucesso ou não de suas respostas.
Protocolo 15 Atividade 3 Resposta da 2ª questão Estudante A01.
122
Protocolo 16 Atividade 3 Resposta da 2ª questão Estudante A15.
Protocolo 17 Atividade 3 Resposta da 2ª questão Estudante A02.
Observamos que foi superado o obstáculo didático de identificação da unidade
simbólica correspondente (aos valores) do parâmetro “m” e sua variável visual (posição
do vértice), perceberam que quando alteramos a representação algébrica há uma mudança
instantânea na representação gráfica, Duval (2011).
No exercício de número 3 desta atividade os estudantes não apresentaram
dificuldades para observar os vértices com o GeoGebra foi observado que o vértice se
deslocava no sentido contrário ao número empregado.
Os estudantes possuíam obstáculo didático de reconhecimento da unidade
simbólica correspondente (seu valor numérico) e das suas variáveis visuais (posição do
vértice em relação ao eixo Y), percebemos que a sequência didática em conjunto com o
software GeoGebra facilitou a compreensão do que de fato representa o parâmetro “m”
na função quadrática, pois, utilizando só a tecnologia lápis e papel os estudantes
observam somente vários gráficos em decorrência do caráter dinâmico da tecnologia lápis
e papel, com o GeoGebra perceberam que quando alteramos a representação algébrica há
uma mudança instantânea na representação gráfica.
123
4.2.4 Atividade 4
Esta atividade foi executada no dia 01 de Dezembro, às 08:00 hs e participaram
cinco estudantes.
O professor iniciou distribuindo o protocolo de respostas explicando as
necessidades desta atividade fez a leitura e neste momento os estudantes encontravam-
se na fase da Ação da TSD, e foi solicitado que os estudantes digitassem no campo de
entrada do software GeoGebra a função quadrática f(x)=ax2+bx+c. O professor
perguntou o que eles observavam quando variavam apenas o coeficiente a, neste
momento os estudantes passaram para a fase da Formulação da TSD os estudantes
elaboravam hipótese, argumentam, conforme as respostas abaixo (Transcrição da
filmagem 02:25):
Estudante A20: “quanto menor ele tá se expandindo e quanto maior ele tá se
fechando”.
Professor: “clica com o direito do mouse, e coloca animar. O que está
ocorrendo?”.
A15:[...]ele tá se fechando.
A20:[...]quando ele fecha ê...
A15: [...]quando ficou no -10 ele se abriu todo e ele começou a se fechar no
negativo.
Professor: experimente colocar a=0 ai... vai variando ele até chegar no zero.
A15:[...]passou uma linha na diagonal...virou uma linha.
Professor: continua sendo uma parábola?
A20:[...]não é uma reta.
A15:[...]ele se transforma numa reta.
Neste momento os estudantes passaram para fase da Validação da TSD onde
eles expressaram suas respostas nos protocolos buscando o sucesso ou não de suas
respostas.
Dando prosseguimento à atividade fazendo a animação do coeficiente a no
intervalo de -10 até 10 como pedia a atividade foi unânime o entendimento, conforme
os protocolos a seguir:
124
Protocolo 18 Atividade 4 Resposta da 1ª questão letra c Estudante A03.
Protocolo 19 Atividade 4 Resposta da 1ª questão letra c Estudante A01.
Protocolo 20 Atividade 4 Resposta da 1ª questão letra c Estudante A02.
Protocolo 21 Atividade 4 Resposta da 1ª questão letra c Estudante A20.
Protocolo 22 Atividade 4 Resposta da 1ª questão letra c Estudante A15.
Percebemos que foram institucionalizados os entendimentos sobre os
coeficientes a > 0, a < 0 tanto a respeito da sua concavidade quanto a restrição do
coeficiente assumir o valor “zero” quando os estudantes mencionam que neste caso vira
uma linha reta, conforme previmos na análise a priori os estudantes institucionalizaram
as propriedades referentes ao coeficiente “a”.
125
Seguindo a atividade na questão 1d o professor solicitou que os estudantes
variassem o controle deslizante referente ao coeficiente b e mantivessem constantes os
coeficientes a e c e lhes perguntou o que vocês estão observando, de acordo com os
protocolos obtivemos as respostas:
Protocolo 23 Atividade 4 Resposta da 1ª questão letra e Estudante A20.
Protocolo 24 Atividade 4 Resposta da 1ª questão letra e Estudante A15.
O professor perguntou o que eles haviam observado e os estudantes disseram
ter compreensão parcial do coeficiente b. Nos protocolos da atividade percebemos que
eles observaram que quando os coeficientes assumem valores positivos, o gráfico se
desloca para a esquerda e, quando assumem valores negativos, o gráfico se desloca para
a direita ambos em relação ao eixo Y.
Na atividade 4 - exercício 1f e 1g - o professor solicitou que os estudantes
variassem o controle deslizante do coeficiente b e mantivessem os demais constantes, e
lhes perguntou o que haviam observado. Foram obtidas respostas de acordo com os
protocolos a seguir:
Protocolo 25 Atividade 4 Resposta da 1ª questão letra f Estudante A20.
126
Protocolo 26 Atividade 4 Resposta da 1ª questão letra f Estudante A15.
Percebemos que foi institucionalizado o saber matemático sobre o coeficiente
c, pois, os estudantes se manifestaram de forma conclusiva quando mencionaram que o
gráfico “corta” o eixo Y acima do eixo X para valores positivos ou abaixo para valores
negativos.
Os estudantes possuíam obstáculo didático para o coeficiente “a” de
reconhecimento da unidade simbólica correspondente (seu valor numérico) e das suas
variáveis visuais (concavidade e abertura), para o coeficiente “b” o reconhecimento da
unidade simbólica correspondente (seu valor numérico) e das suas variáveis visuais a
posição do vértice em relação ao eixo da ordenada, para o coeficiente “c” o
reconhecimento da unidade simbólica correspondente (seu valor numérico) e das suas
variáveis visuais a posição do vértice em relação ao eixo X.
Percebemos que a sequência didática em conjunto com o software GeoGebra
facilitou a compreensão do que de fato representa os coeficientes na função quadrática,
pois, utilizando só a tecnologia lápis e papel os estudantes observam somente o gráfico
estático, desta maneira perceberam que quando alteramos a representação algébrica há
uma mudança instantânea na representação gráfica conforme preconiza Duval (2011).
Salientamos que no teste diagnóstico executado na análise prévia, somente três
estudantes dos dezenove identificaram o coeficiente “a” somente no quesito concavidade,
deixando de mencionarem a “contração ou expansão” da parábola.
Percebemos que os estudantes continuaram com obstáculos em relação ao
coeficiente “b” apesar da variação deste coeficiente mostrado no software educacional
GeoGebra,, ficaram confusos observando somente os deslocamentos ascendentes ou
descendentes em relação ao eixo X, não observaram os deslocamentos em relação ao eixo
Y, conforme o esperado na análise a priori, fazendo-se necessária a elaboração de uma
nova atividade de acordo com a Engenharia Didática solicita.
Quanto ao coeficiente “c” foi possível perceber que ocorreu a previsão da
análise a priori os estudantes institucionalizaram o conhecimento relativo ao coeficiente
127
conforme protocolos de respostas dos estudantes acima, informando que quando o
coeficiente era positivo cortava o eixo Y na parte positiva, quando era negativo cortava o
eixo Y na parte negativa e finalmente quando era zero cortava o eixo Y no valor zero.
Desta forma a atividade atingiu o seu objetivo para superação dos obstáculos
didáticos.
4.2.5 Atividade 5
A atividade foi executada no dia 03 de dezembro, às 08h30 e participaram
cinco estudantes.
O professor começou distribuindo a atividade lendo-a e perguntou se os
estudantes tinham dúvidas quanto ao trabalho necessário para realizá-la. Houve silêncio
por parte dos estudantes, sendo isto um indício de dúvidas não reveladas. Assim, o
professor explicou novamente a atividade, neste momento os estudantes estavam na fase
da Ação da TSD, os estudantes interagiram com as atividades, estabeleceram um
contrato didático, o professor perguntou do estudante A20 se a partir da função
quadrática f1(x)=x2 ele conseguia prever como ficaria o gráfico da função f2(x) = 2(x +
3)2 – 4. O estudante A15 perguntou se ele poderia responder desta feita os estudantes
passaram para fase da Formulação da TSD, conjecturando hipóteses e disse (transcrição
do vídeo 01:38):
A15:como o gráfico ficaria assim!!!(gesto com a mão indicando um gráfico
com parábola voltada para cima).
Prof: porquê?
A15:por causa que o número!!! cada vez o número fica positivo ela vai se
fechando.
O estudante estava fazendo a comparação de f1 e referia-se ao coeficiente a das
duas funções que eram positivos e, por este motivo, o gráfico ficou voltado para cima, o
estudante respondeu conforme prevíamos na análise priori conseguindo assim imaginar
como o gráfico viria se formar no GeoGebra antes de executá-lo.
O professor perguntou se eles podiam identificar as coordenadas do vértice e os
estudantes disseram que seriam capazes de identificar conforme protocolos:
128
Protocolo 27 Atividade 5 Resposta da 1ª questão letra a Estudante A02.
Protocolo 28 Atividade 5 Resposta da 1ª questão letra a Estudante A15.
Neste ponto percebemos que os estudantes se encontravam na fase da
Validação da TSD, buscando a identificação de novos saberes, observamos que os
estudantes conseguiram ter uma representação mental do gráfico antes da construção do
GeoGebra, e através da linguagem algébrica (inicialmente) passaram para linguagem
gráfica (posteriormente).
Após identificarem as coordenadas dos vértices o professor solicitou que os
estudantes digitassem no campo de entrada a função quadrática f(x) = (x+3)2-5 e em
seguida digitassem g(x) = x2 +6x + 4, então, o professor perguntou se eles conseguiam
prever como ficariam os gráficos e obtivemos as respostas conforme a transcrição do
vídeo, à figura e o protocolo:
Professor: coloque ai no campo de entrada g(x)=x2+6x+4 e vamos ver ser
confirma o que vocês escreveram no papel (protocolo);
A15: cadê aquele outro Ryan? Professor ela ficou em cima do f(x) certinho!
Olhe aqui!
Professor: qual é a conclusão que vocês chegaram? Você fez uma observação
muito importante!
A15: que a resposta é a mesma do f(x)!
Professor: se ela ficou certinha em cima, tem uma palavra chave que eu quero
que vocês compreendam! Se ficou certinha em cima, qual é a conclusão?
A15: que pode usar fórmulas diferentes e que pode dar o mesmo resultado!
129
Figura 52 - Atividade 5 exercício 2.
Fonte: Autor.
Neste protocolo a seguir, percebemos que os estudantes, ao ler a questão,
identificaram o parâmetro m como a coordenada do vértice Xv e n como a coordenada
do vértice Yv.
Protocolo 29 Atividade 5 Resposta da 2ª e 3ª questão Estudante A15.
Neste momento os estudantes conseguiram compreender que, apesar de termos
funções quadráticas aparentemente diferentes, como f(x) = (x+3)2-5 na forma canônica
e 2( ) 6 4g x x x na forma fatorada da função quadrática, obteremos gráficos iguais
porque as funções são iguais, porém, escrita com duas representações para mesma
função.
Ressaltamos neste ponto o protocolo 29, que o estudante conseguiu passar do
registro de representação semiótica na linguagem algébrica para a linguagem gráfica,
fazendo um esboço mental, somente observando a função 2( ) 6 4g x x x . O
130
estudante justificou que a parábola está voltada para cima porque o valor do coeficiente
( )a é positivo, há o deslocamento para a esquerda do eixo da ordenada porque o
coeficiente ( )b é positivo e corta o eixo da ordenada no coeficiente ( 4)c .
Seguindo a atividade no exercício 5 o professor solicitou que os estudantes
identificassem, se possível, os parâmetros (a, m e n) e qual a relação de cada um deles
com o gráfico, e obtivemos as respostas nos protocolos:
Protocolo 30 Atividade 5 Resposta da 5ª questão Estudante A02.
Protocolo 31 Atividade 5 Resposta da 5ª questão Estudante A03.
Protocolo 32 Atividade 5 Resposta da 5ª questão Estudante A01.
Neste ponto, observamos que a atividade atingiu o seu objetivo conforme a
análise a priori e de acordo com Duval (2011,pg. 99) “Com esta abordagem não
estamos mais na presença da associação “um ponto – um par de números”, mas na
presença da associação “variável visual de representação – unidade significativa da
expressão algébrica”.”. Percebemos que os estudantes conseguiram compreender a
131
finalidade de cada parâmetro (a, m e n) e como eles se comportam no gráfico quando
são variados com números positivos e negativos, institucionalizando o saber
matemático.
4.2.6 Atividade 6
A sexta atividade teve como objetivo institucionalizar as construções de
conhecimentos através das trocas da linguagem semiótica algébricas para linguagem
semiótica gráficas e vice-versa, verificando as funcionalidades dos coeficientes (a, b e
c), raízes da função e descriminante delta e suas influências na parte gráfica.
Esta atividade foi executada no dia 03 de dezembro, às 08h30, com duração de
45 minutos, participaram cinco estudantes.
O professor iniciou distribuindo o protocolo de respostas, explicando as
necessidades desta atividade leu junto com os estudantes, naquele momento, segundo a
nossa análise a priori os participantes se encontravam na fase da Ação da TSD,
interagiram com a atividade proposta e estabeleceram um contrato didático, logo após, o
professor solicitou que os estudantes digitassem no campo de entrada do software
GeoGebra a função quadrática f(x)=ax2+bx+c com seus respectivos controles
deslizantes e, em seguida, que digitassem delta = b2 -4ac e o comando RAIZ[f]. Neste
caso o valor de delta ficou negativo e as raízes ficaram indeterminadas, conforme figura
abaixo.
Figura 53 - Atividade 6 A02.
Fonte: Autor.
Ao variar os valores dos coeficientes (a, b e c) representados pelos controles
deslizantes da função quadrática no GeoGebra, os estudantes perceberam que os valores
132
de delta também variavam conforme o gráfico mostrava, naquele momento os estudante
entravam na fase da Formulação da TSD, começaram a levantar hipótese, após as
indagações.
O professor perguntou aos estudantes: “fazendo a = 4, b = -4 e c = 2, o que
acontece com o gráfico? Qual o sinal do delta?”, e os estudantes responderam
(transcrição do vídeo):
P: o que aconteceu com o gráfico?
A15: ele ficou para cima! Só que ele se fechou mais e cortou em cima do três;
P: quanto vale o “c” ai?
A20: dois!
P:Qual o sinal de delta?
A20:menos dezesseis!
P: faça a=1, b= -4 e c=3
A20: ele ficou pra cima, deslocou para direita e cortou no 3!
P: qual o sinal de delta, neste caso?
A20: positivo!
P: varie o “c” para quatro, cinco e depois vai diminuindo o valor de “c” e
observe ai qual é o sinal de delta!
Nesse ponto os estudantes perceberam que, para cada variação dos
coeficientes, havia simultaneamente a variação do discriminante delta, conforme
podemos observar nos protocolos abaixo:
Protocolo 33 Atividade 6 Resposta da 1ª questão letras b até f Estudante A02.
133
Protocolo 34 Atividade 6 Resposta da 1ª questão letras b até f Estudante A01.
Nesta atividade, observando as variações dos valores de delta, os estudantes
conseguiram compreender que quando o delta tinha valores positivos, o gráfico
interceptava o eixo X em dois pontos distintos; quando assumia valor zero, interceptava
somente uma vez e, quando assumia valores negativos, não interceptava o eixo X.
Enveredando por este caminho nas atividades, fazendo variar os coeficientes da
função quadrática na linguagem algébrica e observar instantaneamente o
comportamento na linguagem gráfica, está de acordo com os estudos de Duval (2011,
pg. 103) “De fato, é suficiente praticar a abordagem experimental a mais clássica:
variar uma unidade significativa na expressão, mantendo as outras constantes e
ver o que se passa no outro registro”.
Continuando a atividade 6 exercício 2, o professor solicitou que os estudantes
variassem os controles deslizantes do GeoGebra para construírem f(x) = x2 – 3x +4 e
g(x) = - x2 -4x, analisando uma função de cada vez, e obtivemos as seguintes respostas
conforme os protocolos abaixo:
134
Protocolo 35 Atividade 6 Resposta da 2ª questão letras a até g Estudante A02.
Protocolo 36 Atividade 6 Resposta da 2ª questão letras a até g Estudante A15.
Neste ponto, observamos que a atividade atingiu o seu objetivo parcialmente da
análise a priori, percebemos que os estudantes tiveram dificuldades, para encontrar
através de cálculos apenas as coordenadas de Yv, entretanto, pela gama de informações
da atividade identificamos que os estudantes compreenderam os demais pontos
levantados nas questões, e assim, institucionalizaram o saber matemático referente à
135
concavidade, o vértice, as raízes, o ponto de máximo e mínimo, a parte do gráfico que é
crescente ou decrescente.
4.2.7 Atividade 7
Esta atividade foi executada no dia 04 de Dezembro, às 09h00, com duração de
50 minutos. Participaram cinco estudantes, esta atividade foi elaborada para suprir a
necessidade de se ter conhecimento dos coeficientes, em especial o coeficiente b, e
também representar a mesma função com estruturas algébricas diferentes.
O professor iniciou distribuindo o protocolo de respostas explicando as
necessidades desta atividade leu, naquele ponto os estudantes se encontravam na fase da
Ação da TSD, tomaram conhecimento da atividade e estabeleceram um contrato
didático e foi solicitado que os estudantes digitassem no campo de entrada do software
GeoGebra a função quadrática f(x)=ax2+bx+c e criassem os controles deslizantes dos
coeficientes em intervalos de [-10, 10].
Em seguida o professor solicitou que os estudantes digitassem no campo de
entrada do GeoGebra V = (-b/2*a , -(b2 - 4*a*c)/4*a) e habilitassem o seu rastro e
variassem os controles deslizantes um de cada vez, nesse momento os estudantes
passaravam para a fase da Formulação da TSD levantaram hipótese, argumentaram e
logo após iniciaram pelo coeficiente a gerando o gráfico abaixo:
Figura 54 - Atividade 7 exercício1c.
Fonte: Autor.
Percebemos que os estudantes compreenderam o objetivo da atividade através
dos protocolos de respostas dos estudantes, que a concavidade depende do coeficiente a
136
nesse momento os estudantes fizeram conjecturas a respeito da atividade e ao responder
entraram na fase da Validação da TSD, buscando o sucesso de novos saberes ou não.
Protocolo 37 Atividade 7 Resposta da 1ª questão letra c Estudante A02.
O professor em seguida solicitou que os estudantes variassem somente o
coeficiente b e analisassem o seu comportamento e obtivemos resposta conforme a
imagem do gráfico a seguir (transcrição do vídeo e protocolo de resposta):
Figura 55 - Quadro da Atividade 7 exercício 1c A20.
Fonte: Autor.
Professor: agora é... Marcelo clica com o dedo direito no mouse e anima ele;
A15: Já!
Professor: O que está acontecendo ai?
A15: Ele tá descendo e subindo e deixando... tá subindo de novo!
Professor: Vamos observar bem e ver o que está acontecendo! Está variando
apenas qual coeficiente?
A20: Só o bê!
Professor: Isso! E o que ele está fazendo?
A20: Vai para o lado, se expande e volta!
Professor: E no rastro o que ele deixa?
A15: Ele deixa um rastro, só que é apontado pra cima!
137
Professor: O gráfico está voltado para cima! E o rastro dele?
A15: É voltado pra baixo!...
... Professor: O que foi que o coeficiente “b” criou quando habilitou o rastro?
A20: uma função voltada para baixo!
A15: uma função voltada pra baixo!
Percebemos que os estudantes compreenderam a influência do coeficiente b na
função quadrática e, de acordo com os protocolos dos estudantes, foram unânimes nas
suas respostas, conforme um dos protocolos abaixo, tendo este ainda escrito que este
tipo de comportamento do coeficiente só poderia ser visualizado como o software
educacional:
Protocolo 38 Atividade 7 Resposta da 1ª questão letra b Estudante A02.
Continuando a atividade 7 exercício 1c, o professor solicitou que os estudantes
variassem somente o coeficiente c e observassem o comportamento do gráfico, e
obtivemos como respostas a imagem do gráfico criado, a transcrição do vídeo e
protocolos dos estudantes.
Figura 56 - Quadro da Atividade 7 exercício 1c A20.
Fonte: Autor.
Professor: e o coeficiente c? o que ele faz? Varia o “c” ai!
A15: ele desce e sobe!
Professor: e ele corta que eixo?
A15: O Y!
138
Podemos perceber que os estudantes conseguiram compreender a função do
coeficiente c, pois, em seus protocolos foram unânimes em afirmar que o gráfico fazia
uma translação vertical. Ressaltamos o protocolo abaixo, no qual o estudante faz um
comentário surpreendente:
Protocolo 39 Atividade 7 Resposta da 1ª questão letra c Estudante A02.
Este estudante referiu-se à reta criada pelo vértice na translação vertical para
cima e para baixo no gráfico e constatou que o vértice era a “fronteira” da parte
decrescente e crescente, e neste caso chamamos o vértice de ponto de mínimo.
Seguindo para o exercício de número dois, o professor solicitou dos estudantes
que construíssem dois gráficos f1 e f2, produzindo a imagem abaixo, conforme o gráfico,
e que observassem o comportamento dos gráficos no software educacional Geogebra, ao
que obtivemos como resposta (transcrição do vídeo):
Figura 57 - Quadro da Atividade 7 exercício 2 A20.
Fonte: Autor.
Professor: Marcelo coloque aí no GeoGebra a função f1 e depois a f2:
A15: Ele ficou na mesma coisa, um em cima do outro, oh aqui!
Professor: Desabilita essa função f!
139
A15: a roxa ficou em cima da vermelha!
Professor: Então qual é a observação que vocês fazem? Você colocou f1 na
forma canônica e f2 na forma desenvolvida!
A15: É que duas fórmulas podem dar o mesmo resultado!
Professor: Na letra a você enxerga melhor quem?
A15: o vértice né?
Professor: Na letra b você enxerga melhor o quê?
A15: o 1,6 e o 4 que é o ah o bê e o cê!
Neste momento o professor perguntou para os estudantes qual é a vantagem de
você usar uma ou outra, ou seja, a forma canônica e a forma desenvolvida, e obtivemos
as respostas conforme protocolos abaixo:
Protocolo 40 Atividade 7 Resposta da 2ª questão Estudante A02.
Protocolo 41 Atividade 7 Resposta da 2ª questão Estudante A15.
Percebemos que os estudantes reconheceram que se tratava do mesmo gráfico,
porém, tinham funções diferentes: na função 2
1( ) ( 3) 5f x x , eles conseguiram
identificar as coordenadas do vértice com facilidade, enquanto que em
2
2( ) 6 4f x x x , poderiam identificar os seus coeficientes.
140
Também compreenderam que poderiam representar a mesma função com
representações algébricas diferentes, institucionalizando desta maneira o saber
matemático.
No exercício de número três da última atividade da sequência didática foi
solicitado que partindo da variável microdidática 2( )f x x explicassem qual seriam as
suas estratégias para adaptar esta função à imagem da Igreja da Pampulha e escreva a
função nas formas 2( ) ( )f x a x m n e
2( )f x ax bx c .
Os estudantes teceram comentários entre si e realizaram a atividade:
Estudante A20: A estratégia é deslocar o M até chegar no -2, depois deslocar
o N até o 3 e desloca o a até chegar no – 0,5. Após isso identifica a imagem e vê se está,
na forma correta. É possível identificar que o M e N são as coordenadas do vértice da
função.
Protocolo 42 Atividade 7 Resposta da 2ª questão Estudante A03.
Estudante 03: Movimenta o m para a direita até chegar no centro do local
onde a atividade me propôs, em seguida direcionar o n para cima até a altura em que a
atividade me propus, por altura movimentarei o a até a forma em que a atividade me
propus também pode observar que conforme eu alterava o valor de m e n o vertice
mudava de localização então pudemos dizer que o m e o n são as cordenadas do
vertice.
141
Protocolo 43 Atividade 7 Resposta da 2ª questão Estudante A15.
Essas atividades e seus resultados estão de acordo com os estudos de Duval.
A razão profunda dessas dificuldades não se deve procurar nos conceitos
matemáticos ligados à função afim, mas na falta de conhecimento das regras
de correspondência semiótica entre o registro da representação gráfica e o
registro da expressão algébrica. De fato, o ensino e mesmo certos estudos
didáticos, atém-se a passagem da equação para a sua representação gráfica
com a construção ponto a ponto, esquece-se que é a passagem inversa que
traz problema. Para efetuar tal passagem, a abordagem ponto a ponto não é
somente inadequada como constitui um obstáculo... (DUVAL, 2011. Pg. 97).
Percebemos que os estudantes conseguiram fazer a articulação, entre o registro
de representação semiótica na linguagem gráfica para o registro de representação
semiótica na linguagem algébrica, atingindo assim os objetivos da atividade para a
superação dos obstáculos didáticos previstos na análise a priori.
4.2.8 Uma observação especial
De acordo com Duval (2011), em uma atividade matemática, envolvendo
gráfico, a falta da transição do registro de representação semiótica na linguagem gráfica
para a linguagem algébrica, é gerador de obstáculos.
Dentro da análise prévia, fizemos um estudo praxeológico nos moldes da
Teoria Antropológico do Didático de Chevallard (1996) e percebemos que os livros
didáticos, não abordam em suas atividades, a transição do registro gráfico para o
algébrico, privilegiam o inverso, buscando suprir esta lacuna nos livros didáticos de
Matemática do 9º ano do Ensino Fundamental, sugerimos a utilização de uma nova
regra, para fazer esta transição.
142
Com a preferência dos livros didáticos para a passagem da linguagem
algébrica/gráfica, temos o seguinte relato de Duval (2011, pg. 97) “De fato, o ensino e
mesmo certos estudos didáticos, atém-se a passagem da equação para a sua
representação gráfica com a construção ponto a ponto, esquece-se que é a passagem
inversa que traz problema.”.
Para sugeri contribuições, almejando superar este obstáculo durante a pesquisa
analisamos o comportamento da função quadrática no GeoGebra, buscando padrões em
busca da passagem da representação semiótica da linguagem gráfica para a linguagem
algébrica, assim, observamos um comportamento interessante no gráfico da função
quadrática.
Observando o ponto notável com as coordenadas (0, )c onde o gráfico
intercepta o eixo Y e o seu ponto simétrico [2 , ]vx c , estes possuem em módulo, uma
distância na razão dos coeficientes da função quadrática b
distânciaa
, onde esta
distância é a soma de suas raízes.
Figura 58 – Relação da distância com os coeficientes a e b.
Fonte: Autor.
2
2
33
1
, ( )
( ) 1 3 4
bd
a
d
Se f x ax bx c
entãof x x x
Com a observação desta distância, definida pela malha do GeoGebra ou do
papel milimetrado é possível determinarmos a equação que rege esta função ou as
143
equações da família das funções quadráticas que passam por estes dois pontos em
comum e que possuem a mesma coordenada para vX sendo diferentes suas coordenadas
para vY em consequência disto não possuem as mesmas raízes.
Figura 59 – Famílias de Funções Quadráticas com dois pontos em comum
Fonte: Autor.
Conhecida esta distância é possível determinar toda a família de equações que
passam por estes dois pontos em comum [0, ]A c e [2 , ]vB x c .
bd
a 2( )f x ax bx c
3 6 93
1 2 3d = ...
Para cada fração gerada podemos determinar uma função quadrática:
2
2
( ) 1 3 4
(2) 1.(2) 3.(2) 4
(2) 4 6 4
(2) 2
[2,2]
f x x x
f
f
Pa
f
rábolaAzul
2
1
2
1
1
1
( ) 2 6 4
(2) 2.(2) 6.(2) 4
(2) 8 12 4
(2) 0
[2,0]
f
ParábolaVerm
x x
f
e
f
a
f
lh
x
2
2
2
2
2
2
( ) 3 9 4
(2) 3.(2) 9.2 4
(2) 12 18 4
(2) 2
[2, 2]
f x x x
f
f
ParábolaRoxa
f
Para função acima na figura em cor preta nós dividimos por 3 numerador e
denominador 3 3 3 1
31 1 3 1/ 3
bd
a
assim, a função quadrática obedece o
seguinte cálculo:
144
2
3
2
3
3
3
( ) 1/ 3 1 4
(2) 1/ 3.(2) 1.2 4
(2) 4 / 3 2 4
(2) 3,3
[2,3.3]
f x x x
f
f
f
ParábolaPreta
Escolhemos o valor de 2x , por exemplo, para determinar as coordenadas em
( )y x , para saber qual o gráfico que representa cada função quadrática.
Este novo método é imediato para determinar a função quando 1a , para
1a são necessários os cálculos acima para determinar as funções quadráticas na
linguagem algébrica.
Como no 9º ano do Ensino Fundamental II, a maioria das atividades são
elaboradas com o coeficiente para 1a , pode ser viável utilização deste método, ainda
que tenha esta restrição.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao nortear o nosso trabalho na introdução, declaramos que os resultados das
avaliações como Prova Brasil e Sadeam, mostram que, a aprendizagem de Matemática
vem causando certo desconforto aos educadores nesta área de ensino.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática do 3º e 4º ciclo evidencia
que o papel da Matemática no ensino fundamental é fornecer aos estudantes
mecanismos eficientes de compreensão, de interesse e de curiosidade para o
desenvolvimento da capacidade de construir conhecimentos matemáticos.
Pela nossa experiência profissional percebemos que os estudantes ao iniciarem
seus estudos no Ensino Médio, apresentavam obstáculos em reconhecer uma função
quadrática e seus coeficientes, apreensivo por tais circunstâncias, decidimos investigar o
processo evolutivo deste conteúdo específico, em uma Escola Estadual do Município de
Manaus.
Nosso trabalho almejou contribuir com outros trabalhos sobre Função
Quadrática, ao realizarmos as análises prévias da pesquisa, revelaram indícios de
obstáculos didáticos segundo Brousseau (2008).
145
Ainda nos referindo as análises prévias, foram identificadas, alguns efeitos dos
Contratos Didáticos e obstáculos didáticos nos livros didáticos utilizados pelas
Instituições de Ensino ao que priorizarem na construção do gráfico o procedimento por
pontos, partem da linguagem algébrica, atribuem valores para “x” e determinam “y”.
A nossa pesquisa objetivou identificar e analisar os obstáculos didáticos na
construção do conhecimento de função quadrática, visando à superação dos obstáculos
com uma sequência didática atrelada ao GeoGebra.
Acreditamos o que nos fornecer respaldo e segurança, em nosso trabalho, foi
nos aliarmos com a Teoria das Situações Didáticas para gerenciar a execução da
sequência didática, analisando processo em jogo das atividades, a Teoria dos Registros
de Representação Semiótica para a análise do processo cognitivo do conceito de função
quadrática e a parte metodológica com a Engenharia Didática de Michèle Artigue.
Para isto, utilizamos uma sequência didática validada por Maia (2007), com
adaptações na qual permitiu visualizar os registros de representação semiótica na
linguagem algébrica e gráfica simultaneamente expondo as variáveis visuais.
A sequência didática sobre função quadrática aplicada foi composta por sete
atividades, com intenção de superação dos obstáculos didáticos, e fundamentou-se na
Teoria das Situações Didáticas de Brousseau e na Teoria dos registros de Representação
Semiótica de Duval bem como na parte metodológica nos princípios da Engenharia
Didática de Artigue.
No último capítulo referente à experimentação e análise a posteriori,
analisamos os protocolos de cinco estudantes, que voluntariamente participaram das
sete sessões, as transcrições dos vídeos produzidos, as investigações referentes à análise
a priori, este material permitiu a comparação entre a análise a posteriori e a análise a
priori, para realizarmos algumas deduções.
Para realização desta pesquisa destacamos alguns pontos negativos que nos
serviram de alerta. Ao realizarmos a nossa aplicação da sequência no último dia de
Novembro se estendendo pela primeira semana de Dezembro, alguns estudantes
possuem outras prioridades em detrimento de adquiri novos conhecimentos, como
viagens marcadas para o final do ano ou recuperação em algumas disciplinas, em função
disto, houve desistência de três estudantes.
Entretanto, como pontos positivos, os outros estudantes se sentiram
entusiasmados com o software GeoGebra, o que motivou curiosidade e despertou
146
interesse em manusear os software educacional, constatamos tal fato, pela descontração
e sorrisos produzidos nas atividades.
Ao iniciarem a primeira atividade os estudantes sempre sorriam após digitarem
as funções no campo de entrada, porque o respectivo gráfico aparecia na janela de
visualização gráfica, tal dinamicidade ao variar os controles deslizantes garantiu aos
estudantes uma compreensão diferenciada das variáveis visuais, assim, houve a
articulação entre o registro de representação semiótica da linguagem algébrica para a
gráfica.
Nesta atividade os estudantes descontraídos queriam variar os controles
deslizantes para observarem, quando o professor lhes perguntava a respeito do
parâmetro “a” , gesticulavam com a mão, representando a parábola voltada para “cima”
ou para “baixo”, quando não, mostravam as mãos abrindo e fechando, permitindo assim
que tivessem uma visão global do parâmetro.
Destacamos a resposta do estudante para questão da letra “c”, quando o
professor perguntou se os gráficos tinham algum ponto em comum o estudante A20
respondeu que sim, no ponto zero significa coordenadas (0,0), porque? Porque o “b” e
“c” são zero. Podemos inferir neste caso que! Se os estudantes na análise prévia
possuíam obstáculos didáticos para identificação dos coeficientes, os mesmos já não
existiam.
Seguindo para a segunda atividade, o professor perguntou o que aconteceria se
somasse ou subtraísse uma constante na função 2
1( )f x x , os estudantes foram
unânimes em responder que o gráfico se deslocava para cima quando soma uma casa ou
o gráfico descia quando subtraía uma casa, neste ponto o software GeoGebra foi
fundamental na decisão, isto porque, quando realizado no lápis e papel só poderá
verificar, após vários gráficos, inferimos que os estudantes conseguiram identificar a
translação vertical do gráfico.
Ainda na atividade dois, quando foi inserida a função quadrática
2( )f x ax bx , os estudantes tiveram dificuldades porque há duas translações, uma
vertical e a outra horizontal, eles só conseguiram visualizar a translação para direita ou
esquerda, podemos deduzir que o obstáculo para observar o comportamento do
coeficiente “b” permaneceu, porém houve avanço na atividade que observou a
translação somente vertical do parâmetro “n”.
147
Na atividade três ao ser introduzido na caixa de entrada a função quadrática
correspondente 2( ) ( )f x x m , percebemos que os estudantes se apropriaram do
conhecimento, quando responderam em seus protocolos, de forma similar ao estudante
A02 “Quando somado a parábola anda uma casa no eixo “x” a esquerda, quando
subtraída ao “x” o numero ele tende a parábola para a direita do eixo x”, mais uma
vez o software GeoGebra foi fundamental, pois, permite ao animar o controle deslizante
para o parâmetro “m” observarem instantaneamente a variação da representação
semiótica da linguagem algébrica para a linguagem gráfica e consequentemente a
translação horizontal.
As três primeiras atividades faziam referência à forma canônica
2( ) ( )f x a x m n , e dentro deste parâmetro, os estudantes compreenderam qual o
papel de cada um deles, conforme foi previsto na análise a priori, salientamos que o
GeoGebra foi crucial para a apropriação do conhecimento, pois tais atividades,
demandariam várias aulas se fosse necessário construir gráficos na tecnologia
lápis/papel.
A quarta atividade confirmou a institucionalização do conhecimento sobre as
variáveis visuais do parâmetro “a”, concavidade assim como a expansão ou contração
da parábola, o parâmetro “m” a translação horizontal e o parâmetro “n” a translação
vertical. Quanto à restrição do parâmetro “a” para 0a , enfatizamos que só foi
possível nesta atividade para evitar o efeito do contrato didático “Topaze”, para evitar
isto, o professor argumentou: “anima o parâmetro “a”, o que está ocorrendo? Ela tá se
fechando. Professor: vai variando, chegou no zero? O estudante A15: virou uma linha.
Professor: continua sendo uma parábola? Estudante A20: não é uma reta. Estudante
A15: ele se transforma numa reta. Observamos que os estudantes compreenderam a
restrição do parâmetro “a”.
Na atividade cinco os estudantes colocaram em prática os conhecimentos
adquiridos nas atividades anteriores, pois, os estudantes conseguiram compreender qual
o papel dos parâmetros “m” e “n”, observamos que a sequência didática solicitava que
não utilizassem o GeoGebra e perguntava quais as coordenadas do vértice da parábola
em cada caso, e percebemos que os estudantes conseguiram a representação mental do
gráfico em cada caso, conseguiram identificar e escrever as coordenadas de vX e vY
sem observar no gráfico, olhando somente a representação semiótica na linguagem
algébrica.
148
Outro ponto relevante da atividade mostra que os estudantes conseguiram
compreender que funções aparentemente diferentes podem representar o mesmo gráfico,
isso porque na atividade, solicitava as suas previsões para os registros de representações
semióticas na linguagem algébrica, e de forma surpreendente os estudantes perceberam
que se tratava do mesmo gráfico com equações diferentes, entretanto, dentre os
estudantes, o A15 justificou sua representação mental da seguinte maneira, a parábola
esta voltada para cima porque o valor do coeficiente (a) é positivo, há um deslocamento
para a esquerda do eixo da ordenada porque o coeficiente (b) é positivo e corta o eixo da
ordenada no coeficiente ( 4)c , apesar dele não ter se referido em nenhum momento ao
eixo X, observamos que o mesmo localizou o gráfico em relação ao eixo Y, utilizando
as variáveis visuais em conformidade com Duval (2011).
Na atividade seis os estudantes permaneceram descontraídos e conforme as
atividades se desenvolviam mais seguros nas observações, os estudantes perceberam nas
atividades anteriores que conforme eles variavam os coeficientes da linguagem
algébrica os gráficos também simultaneamente sofriam variações, e perceberam que em
função dos comandos das atividades, quando o delta ficou positivo interceptou o eixo
do X em duas oportunidades, porém, quando o delta assumiu valor zero, o gráfico
interceptou o eixo do X apenas uma vez, e quando o delta ficou negativo não
interceptava o eixo X. Nesta atividade tiveram dificuldades em determinar os valores de
( )v vY x , o que em nosso entendimento, não prejudicou a apropriação dos demais
conhecimentos envolvidos.
Encerrando a experimentação na atividade sete que foi elaborada para suprir a
necessidade de institucionalizar os conhecimentos com relação tão somente o
coeficiente “b” o software GeoGebra foi decisivo, porque não é trivial como o
coeficiente “a” ou “c”, os estudantes superaram este obstáculo parcialmente, porque eles
observaram que ao habilitar o rastro do controle deslizante, foi observado que o
coeficiente “b” através do vértice, constrói outra parábola invertida.
Ainda nesta atividade, os estudantes ficaram motivados em comparar as duas
formas da função quadrática e perceberam que a forma canônica 2( ) ( )f x a x m n ,
revela de imediato as coordenadas dos vértices, em quanto que a forma desenvolvida
2( )f x ax bx c , revela somente os seus coeficientes.
Para finalizar a atividade sete no exercício de número 3 solicitamos que os
estudantes elaborassem uma estratégia para adaptar a função quadrática em uma
149
imagem da igreja da Pampulha, e posteriormente passar da linguagem gráfica para a
linguagem algébrica e envolve tanto o tratamento como a conversão, pré-requisito para
consolidação da apropriação do conhecimento de função quadrática, nesta atividade
somente dois estudante conseguiram realizar esta atividade totalmente com sucesso.
Em síntese, com a execução das sete atividades, com arguições e levantamento
de questões, percebemos que a sequência didática em conjunto com o software
GeoGebra proporcionou um desenvolvimento progressivo na construção da
compreensão do conceito de função quadrática, sem este recurso seria uma tarefa árdua,
pois, o software possibilitou a verificação instantânea da passagem do registro algébrico
para o registro gráfico, disponibilizando a observação e animação das variáveis visuais,
possibilitando superação dos obstáculos didáticos identificados nesta pesquisa e
superando parcialmente o obstáculo do coeficiente “b”.
Ao seguir algumas questões norteadoras:
a) Nossa sequência didática em conjunto com o GeoGebra contribuirá para
conversão da linguagem algébrica para linguagem gráfica das funções quadráticas?
Pelas explanações expostas na análise a posteriori da pesquisa, acreditamos que a
sequência didática contribuiu para o desenvolvimento progressivo na construção da
compreensão do conceito de função quadrática.
b) Após a execução da sequência didática os estudantes compreenderão o papel
dos coeficientes e relacionarão com as representações algébricas e gráficas? Dentro da
Validação no confronto entre a análise a priori e a posteriori acreditamos que a maioria
dos estudantes compreenderam e conseguiram relacionar com as respectivas
representações.
Desta forma, acreditamos ter confirmado nossa a hipótese de que somente a
utilização da abordagem e atividades do livro didático, causam obstáculos didáticos e a
aplicação de uma sequência didática, sobre função quadrática, voltada para os seus
coeficientes e parâmetros com translações de modo dinâmico, contribui para a
superação do obstáculo didático e consequentemente ter respondido a nossa questão de
pesquisa: de que forma o uso da sequência didática sobre função quadrática com o
GeoGebra contribui para superar obstáculos didáticos? Abordando as variáveis visuais e
unidades simbólicas na sequência didática sobre função quadrática.
Sugerimos para futuros trabalhos a continuação de um método para passar da
linguagem gráfica para a linguagem algébrica no Geogebra, menos restrito, já que o
método aqui observado, mas, não desenvolvido na sequência didática com os
150
estudantes, vale para 1a , b e c , este método surgiu da interação com o
GeoGebra, não foi previsto na análise prévia, e por não ter sido prioridade em nossa
pesquisa.
Outra sugestão para futuros trabalhos seria aplicar esta sequência didática a
estudantes que ainda não estudaram função quadrática como “7º ou 8º Ano” e verificar
qual seria o resultado.
Nesta maratona, em que o objetivo maior é aprimorar os conhecimentos, para
contribuir com a sociedade, e já observando a linha de chegada, descrevo que a
realização deste trabalho demandou inicialmente alegrias, depois medos, angustias,
pensamentos sobre fracassos, e por fim pensamentos inspirados por Deus de sucesso no
final. A estas reações e a partir das interações com os participantes, percebi que havia
dificuldades da minha parte e deles, com isso brotou uma sensibilidade especial com os
estudantes que possuem as mais diversas dificuldades nas disciplinas Matemática e
Física.
151
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ANEXO 1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E
MATEMÁTICA NÍVEL MESTRADO
TESTE DIAGNÓSTICO
NOME_______________________________ Serie___________ Data___/___/___
01) O que é uma função quadrática?
__________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
02) Como você representa uma função quadrática?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
03) Marque um X somente nas funções quadráticas e escreva ao lado sua variável.
a) f(x) = x2 variável ( )
b) f(x) = 2 – 3x + 4x2 variável ( )
c) y = 32x + 4 variável ( )
d) y = 2x variável ( )
e) y = - 3w2 +4w – 1 variável ( )
f) y = t + 52 variável ( )
g) f(t) = - t2 + 2t – 42 variável ( )
h) y = b2 – 4.a.c variável ( )
j) 𝑥 =−𝑏±√𝑏2−4𝑎𝑐
2𝑎 variável ( )
04) O que é raiz de uma função quadrática?
05) Quantas raízes possui uma função quadrática?
06) O que é a simetria da função quadrática?
07) Responda conforme cada caso, quantas raízes possuem as funções quadráticas:
a) Δ = 5 quantas raízes?
b) Δ = -3 quantas raízes?
c) Δ = 1 quantas raízes?
d) Δ = 0 quantas raízes?
e) Δ = -2 quantas raízes?
08) Seja f(x) = 3.x2 + 2.x + 1 uma função quadrática. Responda:
a) com relação ao coeficiente de número 3 sendo positivo indica qual situação na
construção do gráfico desta função?
b) e se ele fosse negativo o que indicaria na construção do gráfico?
c) e o coeficiente de número um positivo representa qual situação na construção do
gráfico?
d) e se ele fosse negativo qual a situação agora?
09) Dada uma função quadrática y= x2 – 9.x + 20, calcule os zeros da função.
10) Dada uma função quadrática y = -x2 + 4.x, calcule o vértice da parábola.
11) Construa os gráficos das funções quadráticas da questões 09 e 10, no papel
milimetrado formato A4:
a) questão 09 para valores de x = { 2, 3, 4, 5, 6, 7};
b) questão 10 para valores de x = { -1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, };
c) quanto ao formato do gráfico o que representam?
12) Dada a função quadrática f(x) = 2.x2 -3.x + 5, calcule f(-3), f(0) e f(4).
ANEXO 2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS – ICE
MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA – PPG-ECIM
ATIVIDADE 1
NOME____________________________________ Data _____/_____/_____
NOME____________________________________
1 - Num mesmo par de eixos cartesianos desenhe, utilizando o GeoGebra, os gráficos
de:
a) f1(x) = x2
b) f2(x) = 2x2
c) f3(x) = 3x2
d) f4(x) = 10.x2
e) f5(x) = 1/2. x2
f) f6(x) = 1/4. x2
g) f7 (x) = - x2
h) f8 (x) = - 2 x2
i) f9 (x) = - 3x2
j) f10 (x) = - 10x2
k) f11(x) = - 1/2.x2
l) f12 (x) = - 1/4.x2
2 – Analisando os gráficos:
a) O que é possível concluir a respeito do coeficiente de x2 ser um número maior que
zero.
b) O que é possível concluir a respeito do coeficiente de x2 ser um número menor que
zero.
c) Os gráficos possuem algum ponto em comum? Por quê?
d) O que garante em termos do gráfico de cada função, o fato do coeficiente de x2 ser
um número positivo? E de ser um número negativo?
e) Comparando os gráficos do item a e f o que se pode concluir?
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ATIVIDADE 2
NOME____________________________________ Data _____/_____/_____
NOME____________________________________
1 – Num mesmo par de eixos cartesiano desenhe, utilizando o GeoGebra, os gráficos
de:
a) f1 (x) = x2
b) f2 (x) = x2 + 1
c) f3 (x) = x2 + 2
d) f4 (x) = x2 + 3
e) f5 (x) = x2 – 1
f) f6 (x) = x2 – 2
g) f7(x) = x2 – 3
2 – O que acontece com o gráfico da função inicial f1 (x) = x2 quando se soma ou subtrai
uma constante, para obter uma nova função?
3 – Num mesmo par de eixos cartesiano desenhe, utilizando o GeoGebra, os gráficos
de:
a) f1 (x) = x2
b) f2 (x) = x2 + x
c) f3 (x) = x2 + 2x
d) f4 (x) = x2 + 3x
e) f5 (x) = x2 – x
f) f6 (x) = x2 – 2x
g) f7 (x) = x2 – 3x
4 – O que acontece com o gráfico da função inicial f1 (x) = x2 quando se soma ou subtrai
uma constante a variável ( x ), para obter uma nova função?
5 – Quais são as coordenadas do vértice da parábola em cada um dos casos?
a)
b)
c)
d)
e)
f)
g)
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ATIVIDADE 3
NOME____________________________________ Data _____/_____/_____
NOME____________________________________
1 – Num mesmo par de eixos cartesiano desenhe, utilizando o GeoGebra, os gráficos
de:
a) f1 (x) = x2
b) f2 (x) = (x + 1)2
c) f3 (x) = (x + 2)2
d) f4 (x) = (x – 1)2
e) f5 (x) = (x – 2)2
f) f6 (x) = (x + ½)2
g) f7(x) = (x – ½)2
2 – Compare os gráficos a partir da função inicial f1 (x) = x2, o que acontece com o
gráfico, conforme somamos ou subtraímos uma constante positiva da variável
independente x?
3 – Quais são as coordenadas do vértice da parábola em cada um dos casos?
a) Vf1 =
b) Vf2 =
c) Vf3 =
d) Vf3 =
e) Vf4 =
f) Vf5 =
g) Vf6 =
h) Vf7 =
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ATIVIDADE 4
NOME____________________________________ Data _____/_____/_____
NOME____________________________________
1 – Num mesmo par de eixos cartesiano desenhe, utilizando o GeoGebra, o gráfico da
função quadrática f(x) = a.x2 + b.x + c:
a) Crie os controles deslizantes ( a, b e c) em um intervalo de [ -10, 10];
b) Varie o controle deslizante de a de acordo com o intervalo e mantenha os controles b
e c constantes;
c) O que você observou? Explique.
d) Varie o controle deslizante de b de acordo com o intervalo e mantenha os controles a
e c constantes;
e) O que você observou? Explique.
f) Varie o controle deslizante de c de acordo com o intervalo e mantenha os controles a
e b constantes;
g) O que você observou? Explique.
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ATIVIDADE 5
NOME____________________________________ Data _____/_____/_____
NOME____________________________________
1 – Sem utilizar o GeoGebra descreva a partir da função inicial f1 (x) = x2, como ficará o
gráfico das funções abaixo? E responda quais são as coordenadas do vértice da parábola
em cada caso?
a) f2(x) = 2(x + 3)2 – 4
b) f3(x) = -3(x – 5/4)2 + 1/3
2 – Desenhe o gráfico de f(x) = (x + 3)2 – 5 (utilize o GeoGebra).
3 – Você consegue prever o gráfico de g(x) = x2 + 6.x + 4? Explique.
4 – Escreva uma função do segundo grau genérica em função dos parâmetros a, m e n
de modo que seja fácil a visualização de seu gráfico.
5 – O que cada um dos parâmetros (a, m e n) faz com o gráfico da função inicial?
6 – Relacione os parâmetros da função que vocês encontraram o item 4 com os
parâmetros da função f(x) = a.x2 +b.x +c. Quais conclusões vocês chegaram?
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ATIVIDADE 6
NOME____________________________________ Data _____/_____/_____
NOME____________________________________
1 – Crie uma função f(x) = a.x2 +b.x +c com seus respectivos controles deslizantes,
depois no campo de entrada digite delta = b^2-4*a*c e enter, em seguida digite o
comando RAIZ[f].
a) Altere os valores de a, b ou c de forma que o gráfico intercepte o EixoX. Qual o sinal do Δ? b) Fazendo a = 4, b = -4 e c = 2, o que acontece com o gráfico? Qual o sinal do Δ? c) Fazendo a = 1, b = -4 e c = 3, o que acontece com o gráfico? Qual o sinal do Δ? d) Se , Δ > 0 o gráfico __________________________ o eixo x. (intercepta ou não intercepta)
e) Se , Δ < 0 o gráfico __________________________ o eixo x. (intercepta ou não intercepta)
f) Se , Δ = 0 o gráfico __________________________ o eixo x. 2 - Faça o seguinte exercício com os três seletores já criados e, apenas, troque seus valores para chegarem às funções que se pedem a seguir: Construa as funções:
f(x) = x2 – 3x + 4
g(x) = - x2 – 4x
Para cada uma delas, determine: a) O ponto onde intercepta o eixo Y.
b) Se intercepta o eixo y em sua parte crescente ou decrescente.
c) Analise a concavidade.
d) Encontre o discriminante.
e) Encontre as raízes, caso existam.
f) Encontre o vértice das parábolas.
g) Determine o máximo e/ou mínimo.
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ATIVIDADE 7
NOME____________________________________ Data _____/_____/_____
NOME____________________________________
1 – Num mesmo par de eixos cartesiano desenhe, utilizando o GeoGebra, o gráfico da
função quadrática f(x) = a.x2 + b.x + c:
a) Crie os controles deslizantes ( a, b e c) em um intervalo de [ -10, 10];
b) No campo de entrada digite V = (-b/2*a , -(b2 - 4*a*c)/4*a); (Habilite o rastro)
c) Varie um controle deslizante de cada vez ( a, b e c) de acordo com os intervalos e
analise os seus comportamentos;
Comente os comportamentos dos coeficientes;
(a) =
(b) =
(c) =
2 – Construa os gráficos abaixo: (utilize o GeoGebra)
a) f1(x) = (x + 3)2 – 5
b) f2 (x) = x2+ 6.x + 4
Descreva suas observações:
3 – De Acordo com as imagens proposta no GeoGebra execute:
a) Partindo da função quadrática 2( )f x x , explique qual sua estratégia para adaptar
esta função à imagem da Igreja da Pampulha e escreva a função nas formas 2( ) ( )f x a x m n e 2( )f x ax bx c .
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