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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E ARTES
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL
HABILITAÇÃO EM JORNALISMO
AÍLA SOUZA MUNIZ
CAMILA BARRETO MONTEIRO
SUPLEMENTO LITERÁRIO ANONIMUS
JOÃO PESSOA
2013
1
AÍLA SOUZA MUNIZ
CAMILA BARRETO MONTEIRO
SUPLEMENTO LITERÁRIO ANONIMUS
Suplemento (Trabalho de Conclusão de Curso)
apresentado à Universidade Federal da Paraíba
(UFPB) como requisito parcial para obtenção de
Grau no curso de Bacharelado em Comunicação
Social, com habilitação em Jornalismo, sob a
orientação do Prof. Dr. Thiago Soares.
JOÃO PESSOA
2013
2
AÍLA SOUZA MUNIZ
CAMILA BARRETO MONTEIRO
SUPLEMENTO LITERÁRIO ANONIMUS
Banca Examinadora:
_______________________________________________
Prof. Dr. Thiago Soares
Orientador
_______________________________________________
Prof. Dr. Luiz Antônio Mousinho
Examinador 1
_______________________________________________
Profª. Ms. Cândida Nobre
Examinador 2
João Pessoa, ____ de ____________ de 2013.
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradecemos a Deus por renovar nossas forças e determinação a cada
dia; aos nossos pais e irmãos, que sempre nos deram suporte e motivação durante todo o
curso; aos nossos professores, que nos passaram o conhecimento necessário para que
pudéssemos chegar até aqui; especialmente o professor Thiago Soares, que além de ter sido
um orientador extremamente presente, lecionou as disciplinas que nos fizeram querer
trabalhar com jornalismo literário; aos colaboradores do suplemento, que disponibilizaram um
pouco do seu tempo para nos ajudar; e, por fim, a todos aqueles que, de alguma forma,
fizeram parte dessa nossa trajetória.
4
RESUMO
Este projeto consiste num suplemento mensal colaborativo, Anonimus, que tem a
proposta de vir anexo a um jornal de grande circulação de João Pessoa. A ideia é ir de
encontro ao jornalismo factual, a partir de uma vertente mais literária para trabalhar as
reportagens a serem desenvolvidas. Uma das ênfases editoriais recai sobre a prática do perfil,
gênero de marcada presença nas práticas literárias atreladas à atividade jornalística. A partir
de seções que tratem de cinema, música, lugares, perfis, objetos e fotografia, o trabalho se
propõe a enxergar a vida das pessoas comuns sob a ótica subjetiva.
Palavras -chave: anonimato; literatura; arte; jornalismo colaborativo.
5
ABSTRACT
This project is a collaborative monthly supplement, Anonimus, proposed to be attached
to a major newspaper from João Pessoa. The idea is to do the opposite of factual journalism,
and do a work more literary. One of editorial emphasis is on the profile, genre present in the
literary practices linked to journalistic activity. With sections about movies, music, places,
objects and photography, for example, the work aims to see the lives of ordinary people from
a subjective perspective.
Keywords: anonymity, literature, art, collaborative journalism.
6
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO_____________________________________________________07
2 JUSTIFICATIVA ___________________________________________________09
3 OBJETO DE ESTUDO ______________________________________________11
3.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA___________________________________11
3.2 DISCUSSÕES SOBRE O DISPOSITIVO MIDIÁTICO UTILIZADO ____12
4 OBJETIVOS________________________________________________________14
4.1 OBJETIVO GERAL______________________________________________14
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS________________________________________14
5 METODOLOGIA___________________________________________________15
6 DESCRIÇÃO DO OBJETO __________________________________________18
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS__________________________________________19
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS___________________________________21
7
1 INTRODUÇÃO
O trabalho consiste num suplemento mensal, Anonimus, que se propõe a enxergar o
cotidiano a partir de uma ótica mais literária. Feito para ser anexado a um jornal de grande
circulação em João Pessoa, conta com a colaboração de artistas, escritores e pessoas
“comuns” em diversas de suas editorias; seções essas que tratam de cinema, música, lugares,
perfis, objetos e fotografias.
O suplemento é formado por 16 páginas diagramadas em cores, com design “limpo” e
em tamanho diferenciado (42x30cm) do padrão comum da maioria dos jornais que se
encontram em circulação. O manuseio e a leitura são facilitados pelas dimensões do formato
A3.
A diagramação se insere num design ligeiramente mais experimental, tendo como
objetivo expressar a quebra com o jornalismo padrão. As páginas são menos preenchidas de
textos blocados, havendo espaços em branco e utilização de muitas imagens, permitindo que
as páginas “respirem”. O suplemento sofre influências de veículos como revista Piauí,
suplemento Pernambuco e revista Bravo!.
Visando preencher a lacuna que existe no estado em relação ao jornalismo
alternativo/literário, o trabalho tenta inovar ao trazer um produto diferenciado dos que se
estabeleceram na imprensa local e questiona se o público está aberto a consumir um produto
classificado como fora dos padrões tradicionais.
O suplemento se insere numa tradição de New Journalism, que tem como expoentes
Tom Wolfe, Gay Talese, Norman Mailer e Truman Capote: foge de notícias rígidas e passa
por uma visão deliberadamente subjetiva dos objetos das matérias.
No Brasil, toma como referência os trabalhos publicados pela jornalista Eliane Brum,
como os da revista Época. Brum já ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais e é
conhecida por suas matérias não tão objetivas e enquadradas (muitas de cunho social). Suas
colunas na supracitada Época, por exemplo, perpassam temas que, através das histórias de
pessoas comuns, expõem o cotidiano de tantos outros “desconhecidos”:
Cristina foi sepultada no mesmo dia em que o Papa renunciou. Enquanto no
Vaticano Bento XVI acontecia, ali, em Aiquile, Cristina desacontecia. Não havia
uma relação de causa e efeito no fato de que o mundo vivia um de seus espasmos, e
na cidadezinha boliviana um cortejo comprido levantava poeira ao passar pelas ruas
carregando Cristina. Era uma coincidência, só, que para aquele séquito, a decisão de
Bento XVI não era notícia. Talvez, dias depois, alguém tenha comentado: “Parece
que aquele Papa que renunciou usa marca-passo. Como a Cristina”. Era só o que os
dois personagens, um de um drama acontecido, outra de um desacontecido, tinham
8
em comum. E é aqui que as histórias se separam, porque o Papa jamais esteve na de
Cristina, além desse encontro fortuito. Desse azar do Papa, que teve a dramaticidade
do seu ato empanada pela grandeza do adeus de Cristina. (BRUM, 2013)
A escritora faz seus leitores refletirem sobre saúde, política, economia,
assistencialismo, corrupção, contando a história de alguém real, como visto no trecho acima.
É por esse caminho – o de desvendar o universo das pessoas comuns – que perpassa o
suplemento apresentado.
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2 JUSTIFICATIVA
O trabalho se propõe, pois, a tornar familiar o desconhecido sem
necessariamente obrigar os objetos a saírem do anonimato. Indo de encontro à tendência
maior do mercado jornalístico atual, o projeto pretende investir num “antijornalismo” cultural,
rompendo com conceitos de celebrização, agenda cultural do momento, lugares badalados,
etc. Colocando-se em confronto com as pautas factuais, e caminhando num universo oposto, a
ideia é apresentar um olhar diferenciado do universo anônimo.
Sendo assim, o nome do suplemento foi escolhido em relação com o tema proposto:
abordar o universo de pessoas comuns, anônimas. O título Anonimus remete-se ao grego: a-,
“sem”, mais onoma, “nome”.
Segundo Cohen (1963) apud Colling (2001) a imprensa não dita como devemos
pensar, mas sim sobre o que pensar. Quer-se, então, com esse trabalho fazer o indivíduo
refletir para além do jornal convencional, através de conteúdos abordados de maneira mais
abrangente, trazendo novas perspectivas do cotidiano.
Assim, o suplemento vai de encontro aos princípios do jornalismo objetivo, e busca a
quebra com o factual. Propõe uma mistura de gêneros, ao fazer um jornalismo com vertentes
literárias (New Journalism), que não visa só o repasse de informações, mas sensibilizar e
proporcionar uma identificação do leitor com o que está sendo exposto.
Trata-se de um meio pertencente à mídia impressa justamente por querer promover
reflexão. Em tempos de era digital, onde as informações têm de ser rápidas e acabam sendo
muito fugazes, o jornalismo impresso ainda representa o espaço em que se pode parar para
absorver e refletir o que está sendo apresentado. O fato de ser impresso, portanto, dá base para
se fazer um estilo de jornalismo que envolva várias interpretações, pensamentos e reflexões,
como é a vertente literária.
O suplemento foi criado com a proposta de ser anexado a um jornal local de grande
circulação. Optamos por essa alternativa por acreditar que seja a melhor maneira de se
conseguir a venda continuada do produto e de arcar com os custos. O valor do suplemento,
portanto, será o do jornal diário no qual ele estará anexado. Quanto ao público, destina-se a
uma camada da população interessada em artes, literatura e textos menos convencionais que o
do jornalismo digamos mais “tradicional”. Isso ajudaria a aumentar as vendas do jornal ao
qual o trabalho está ligado, já que se pressupõe agregar leitores ao jornal impresso
convencional.
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No que diz respeito à diagramação, opta-se por um estilo menos lotado de
informações, prezando-se pelos gêneros e conteúdos dos textos, para que o leitor possa dar a
devida atenção a cada matéria publicada e para que o produto tenha uma diferenciação gráfica
em relação ao jornal ao qual está atrelado. Quanto ao tamanho, como já exposto, opta-se por
uma dimensão que facilite o manuseio e leitura (formato A3).
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3 OBJETO DE ESTUDO
3.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A proposta do trabalho é fazer um jornalismo diferente daquele realizado
cotidianamente nos veículos da Paraíba. Para isso, recorremos ao jornalismo literário como
maneira de se contrapor à mídia do factual. Contudo, segundo Pena (2005), o jornalismo
literário não vai de encontro ao tradicional, mas sim, utiliza-se das suas técnicas de maneira
diferenciada.
O jornalista literário não ignora o que aprendeu no jornalismo diário. Nem joga suas
técnicas narrativas no lixo. O que ele faz é desenvolvê-las de tal maneira que acaba
constituindo novas estratégias profissionais. Mas os velhos e bons princípios da
redação continuam extremamente importantes, como, por exemplo, a apuração
rigorosa, a observação atenta, a abordagem ética e a capacidade de se expressar
claramente, entre outras coisas. (PENA, 2005, p.6).
O conceito de jornalismo literário, segundo ele, é muito mais complexo do que
inicialmente se pensa. É necessário não se pautar pelo factual; no jornalismo literário não há
deadline nem lide, assim, pode-se trabalhar exaustivamente a informação, trazendo uma
abordagem mais ampla, da forma que o jornalista achar a mais apropriada. Não é preciso se
prender à objetividade. Outro fator importante é a perenidade. Diferente do jornalismo
cotidiano, em que no dia seguinte as notícias já não têm mais valor, no jornalismo literário há
uma permanência do conteúdo no imaginário dos leitores.
Afinal, o que é jornalismo literário? Não se trata apenas de fugir das amarras da
redação ou de exercitar a veia literária em um livro-reportagem. O conceito é muito
mais amplo. Significa potencializar os recursos do jornalismo, ultrapassar os limites
dos acontecimentos cotidianos, proporcionar visões amplas da realidade, exercer
plenamente a cidadania, romper as correntes burocráticas do lide, evitar os
definidores primários e, principalmente, garantir perenidade e profundidade aos
relatos. No dia seguinte, o texto deve servir para algo mais do que simplesmente
embrulhar o peixe na feira. (PENA, 2005, p.6).
Outro quesito abordado pelo autor e que tem influência direta no trabalho diz respeito
a quem está na grande mídia. Quais são as vozes que aparecem para explicar as situações
cotidianas? Pena (2005) os chama de “entrevistados de plantão”, são aquelas pessoas que
exercem algum tipo de influência na sociedade e são sempre procuradas pelos jornalistas para
dar opinião referente a determinado assunto. Realmente, no jornalismo diário não há tempo
suficiente para ir à procura de algo novo, mas no jornalismo literário há a chance de se “ouvir
12
o cidadão comum, a fonte anônima, as lacunas, os pontos de vista que nunca foram
abordados.” (PENA, 2005, p.8)
Uma questão importante de ser tratada é o porquê da mídia tradicional não abordar
certos assuntos. Como é ditada a questão de quais notícias aparecerão e quais ficarão de fora?
Devido a essa escolha entre o que aparecerá ou não é que a mídia consegue estabelecer quais
assuntos serão discutidos nas nossas conversas diárias.
As pessoas têm tendência para incluir ou excluir dos seus próprios conhecimentos
aquilo que os mass media incluem ou excluem do seu próprio conteúdo. Além disso,
o público tende a atribuir àquilo que esse conteúdo inclui uma importância que
reflete de perto a ênfase atribuída pelos mass media aos acontecimentos, aos
problemas, às pessoas. (WOLF, 2001, p.71).
O indivíduo vive em um recorte da realidade, o recorte que é mostrado pela mídia. A
teoria do Agenda Setting revela que a imprensa realiza um filtro dentre tudo que está
acontecendo, e mostra apenas uma parcela da realidade e é em torno dessa parcela de
conhecimento do mundo que nós baseamos nossas vidas, nossas conversas, nossas opiniões.
3.2 DISCUSSÃO SOBRE O DISPOSITIVO MIDIÁTICO UTILIZADO
O suplemento literário do Estado de São Paulo, criado em 6 de outubro de 1956, foi o
primeiro desse gênero no país. Era uma publicação independente, não factual. Um
“suplemento artístico e não jornalístico”, que tinha como objetivo fazer refletir,
propagar ideias, e resistiu até 1976. Sua descendência são os cadernos de cultura, mais
adequados a rapidez da atualidade, e com cunho jornalístico (LORENZOTTI, 2002).
No decorrer dos anos, o jornalismo literário veio perdendo espaço devido às novas
tecnologias e a pressa generalizada da sociedade. Não se tem mais tempo para pensar; quanto
mais informação, melhor. Contudo, muitos afirmam que o futuro do jornalismo impresso é a
vertente literária. A internet está aí para dar ao leitor a rapidez que ele procura, a notícia
simplesmente. O jornal impresso terá que ter algo a mais para continuar existindo. Esse
diferencial é justamente o fazer um jornalismo reflexivo, com abordagens aprofundadas e com
um lado literário.
Os maiores jornais brasileiros incorporaram, definitivamente, os suplementos às suas
editorias. O que antes era apenas um tipo de apêndice, ganhou status e espaço dentro
dos impressos. Isso é possível constatar ao analisar os dados obtidos
por Chaparro (2000, p.139) em pesquisa sobre gêneros jornalísticos. Nesse trabalho,
foram identificados, nos exemplares dos jornais Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil,
13
O Estado de S. Paulo e O Globo, um total de 41 tipos diferentes de suplementos
durante um período de três meses (CARVALHO, 2007, p.13).
Seria, então, uma retomada da origem do jornal impresso, quando, na Europa do
século XIX, segundo Héris Arnt, com grandes influências literárias, em que ele era uma
leitura mais acessível aos assalariados que não tinham condições de comprar livros. O jornal
impresso dessa época impulsionou a alfabetização de boa parte da população européia e dos
Estados Unidos.
A participação dos escritores nas redações foi algo generalizado. No Brasil,
influenciado pela França, essa inserção se deu através dos folhetins. “No Brasil os folhetins
surgiram no início do Segundo Reinado e misturavam crítica literária, divulgação de eventos e
publicação de romances em capítulos.” (LORENZOTTI, 2002).
Porém, aqui não houve o caráter de levar cultura para as camadas periféricas, mas, por
outro lado, abriu as portas para diversos escritores.
Apesar do atraso social, tivemos um jornalismo literário ativo, que consolidou as
bases do romance brasileiro, com José de Alencar; permitiu a produção de Memórias
de um sargento de milícias, de Manuel Antônio Almeira, considerado por Mário de
Andrade uma das obras romanescar mais interessantes e originais da 'ficção
americana'; e possibilitou o aparecimento de Machado de Assis no cenários nacional.
(ARNT, 2002, p.10)
Durante os anos 50 e 60, após a experiência com o suplemento literário do Estado de
São Paulo, quase todos os outros grandes jornais adotaram a ideia: fazer um produto
totalmente independente dos preceitos do jornal; com uma linguagem literária, reflexiva.
Atualmente, os meios alternativos de maior destaque nacional são os suplementos
literários: Rascunho, anexo ao Jornal Gazeta do Povo, do Paraná e Pernambuco, suplemento
do Diário Oficial de Pernambuco. Todos trazem uma diferenciação da midia tradicional por
não se pautarem no factual e sim explorarem a linguagem subjetiva, literária.
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4 OBJETIVOS
4.1 OBJETIVO GERAL
Editar e produzir um suplemento cultural mensal intitulado Anonimus, anexo a um jornal de
grande circulação da Paraíba.
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1 Criar pautas que abordem temas inusitados à mídia tradicional.
2 Produzir perfis de indivíduos "comuns".
3 Produzir coletar crônicas relacionadas ao tema do suplemento.
4 Produzir entrevistas.
5 Realizar a diagramação do suplemento.
15
5 METODOLOGIA
O projeto teve início com a pesquisa e o estudo acerca da produção de suplementos e
diagramação. Nas 16 páginas, utilizamos uma diagramação que usa espaços em branco e que
é menos lotada de textos, se encaixando melhor na proposta do trabalho. Optamos por um
trabalho conjunto com um profissional especializado. Isto é, a parte técnica foi realizada por
Geania Santos, sob nossa coordenação, baseada em modelo de cores, proporções e disposição
de informações previamente definidos por nós que melhor se adequam à ideia do trabalho.
As três primeiras páginas são, na ordem: capa, sumário e editorial e seus processos de
confecção foram iniciados após a conclusão das demais editorias que compõem o suplemento.
Todas as fotos usadas para compor as primeiras páginas estão devidamente creditadas no
expediente do suplemento. A escolha da foto da capa foi feita a partir de pesquisa prévia em
redes sociais especializadas no compartilhamento de imagens. Ao escolhermos a foto,
pedimos autorização ao fotógrafo Thomas Hawk e o envio em alta resolução. A foto retrata,
de maneira subjetiva, o anonimato, ao passo que foca em um indivíduo desconhecido no meio
de uma multidão durante o Holi Festival. O interesse na foto também se baseou na
combinação de cores que foram captadas pelo autor.
Logo em seguida, temos a editoria intitulada “Fotografia”. Para esta seção, realizamos
um trabalho de produção em busca de fotos que melhor traduzissem o tema “anônimos”. Após
a pesquisa, escolhemos fotografias de Matt Blum, idealizador do projeto em que mulheres
nuas, desconhecidas são fotografadas, o Nu Project. Além das fotos, há um pequeno texto
com informações acerca do projeto e do fotógrafo.
O trabalho se apoia no pressuposto de que todo mundo tem uma vida interessante que
merece ser contada, por isso, a seção “Perfis” torna o universo de pessoas comuns conhecidos.
Nas páginas seis, doze e quatorze fizemos textos sobre três diferentes anônimos. A escolha
prévia dos perfilados foi feita a partir de uma reunião de pauta, marcada após pesquisa de
personagens realizada em redes sociais como o Facebook. Além disso, houve escolha de
personagens cujas histórias nos chegaram por meio de conhecidos. Os perfis foram elaborados
depois de realizada uma entrevista não-estruturada, aberta, de questão central em
profundidade (na qual o entrevistado, pessoalmente, pôde falar com mais liberdade, sem
maiores interferências do entrevistador), gravada com consentimento do entrevistado para
posteriores análises.
Na página sete, optamos por colocar a editoria denominada “Cinema”. Para a
elaboração da crítica, depois de reunião de pauta, foi decidido convidar um estudante com
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conhecimentos em cinema para falar sobre o anonimato na obra de Eduardo Coutinho, já que
queríamos que o suplemento tivesse uma editoria que tangenciasse o universo
cinematográfico.
A editoria escolhida para a página oito denomina-se “Ilustração” e teve participação de
dois diferentes autores: o grafiteiro e ilustrador pessoense Arthur Esteves e Ana Clara Muniz,
9 anos. O primeiro fez uma ilustração de sua interpretação acerca do tema “anônimos”;
enquanto Ana Clara, através de traço ingênuo e pelo simples fato de poder participar do
projeto e ter seu desenho publicado, representa a ideia do suplemento: expor o que antes
permanecia desconhecido. A seleção dos dois colaboradores foi feita de forma simples:
conhecíamos e já nos interessávamos pelo trabalho de Arthur Esteves e Ana Clara faz parte de
nosso círculo de convivência.
As páginas dez e dezesseis têm a editoria de nome “Crônica”. Um dos escolhidos para
colaborar com esta seção foi a professora portuguesa de Comunicação Inês Amaral que
escreveu um texto ligado ao título do suplemento. As outras duas crônicas foram feitas por
uma das editoras do suplemento.
Nas páginas onze e treze, o suplemento traz as editorias “Lugar” e “Objeto” que
consiste em uma compilação de fotos mais textos, em que personagens nos contam as
histórias de determinado lugar ou objeto que os marcaram, explicando o porquê. Escolhemos
para colaborar com a foto e o texto de um lugar marcante, Lucas Dantas que já conheceu
quase dez países e atualmente mora em Shenzhen, na China, e Luísa Gadelha que tinha
acabado de voltar de seu segundo intercâmbio na Europa. Para comentar sobre um objeto de
significado especial, convidamos Raylla de Carvalho.
A editoria seguinte chama-se: “Opinião” e está localizada na página nove. Ela consiste
em perguntas pessoais e simples (“Qual sua lembrança mais forte da infância?”, “Qual a
melhor coisa que fizeram para você?” e “O que você tem vontade de dizer a alguém, mas não
diria pessoalmente?”) que foram respondidas por pessoas de idade, gênero, classe social e
escolaridade diferentes. A ideia foi fazer as perguntas através tanto das redes sociais quanto
de forma mais espontânea, na rua. A escolha dos participantes não obedeceu a um critério
específico, já que se pretendia criar um universo diversificado de respostas. Depois da coleta,
fizemos um trabalho de seleção do que seria publicado, de forma a veicular as respostas mais
inusitadas.
A página quinze traz a matéria “admiradores secretos”. Os personagens e as fontes das
matérias foram decididos em reunião de pauta. As entrevistas foram enquadradas no tipo
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classificado como semiestruturadas, semiabertas e em profundidade. Depois de realizada
análise e coleta de conteúdo com as fontes, foram redigidos e revisados os textos das matérias.
Durante o processo de produção tivemos algumas dificuldades de entrega de textos de
alguns colaboradores, sendo necessário, então, alterar nosso planejamento inicial e procurar
novas pessoas para contribuir com o projeto do suplemento. Também encontramos problemas
para imprimir o trabalho em tamanho A2 em pequena quantidade e em papel diferenciado.
Além disso, encontramos alguma dificuldade no diálogo com a diagramadora, de modo que
algumas páginas tiveram que ser rediagramadas algumas vezes para ficarem mais próximas da
ideia do trabalho.
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6. DESCRIÇÃO DO PROJETO GRÁFICO
O projeto gráfico do suplemento foi montado com a proposta de fugir do jornalismo
padrão, como detalhado na metodologia. Para isso, utilizamos muito espaço em branco com o
objetivo de dar destaque aos textos, que por vezes chega a formar imagens numa
“brincadeira” entre o alinhamento e o título. Desse modo, o próprio texto torna-se suficiente
para ilustrar a página. Para a foto da capa, escolhemos uma imagem do fotógrafo Thomas
Hawk, tratada no programa Adobe Photoshop CS5. A foto possui uma diversidade
interessante de cores permitindo que a capa se torne mais atrativa.
Quanto à fonte, o nome do suplemento (Anonimus), está em “Biondi”, tamanho 138,
na cor marrom. O subtítulo (Gente, textura e histórias) está na fonte “Constantia”, tamanho
36, cor marrom para destacar na caixa de texto azul. Espaçamento sempre automático.
Na cabeça de cada página encontram-se os nomes das editorias, na fonte “Bitstream
Vera Sans Mono”, tamanho 30. No lado oposto ao das editorias, identificamos o nome do
suplemento na mesma fonte da capa, mas no tamanho 25. As descrições dos autores das
páginas 7, 8 e 10 foram feitas na cor laranja, na fonte “Microsoft New Tai Lue”, nos
tamanhos 14 e 18. Já na página 11, as descrições estão em preto, na mesma fonte das demais,
no tamanho 14. Os corpos dos textos das páginas estão na fonte “Minion Pro”, tamanho 15,
nas editorias de “perfil” o tamanho passa a ser 13. Os títulos das matérias estão na fonte
“Minion Pro”, e suas variações, com uma margem de tamanho entre 85 e 150. Apenas na
editoria “nas ruas”, o título encontra-se em laranja. Na página 10, o título se diferencia do
padrão adotado, estando na fonte “Courier New”, no tamanho 150. Na margem inferior das
páginas, o número da página (tamanho 16), a cidade e a data de publicação (tamanho 10)
estão na mesma fonte “Minion Pro”.
O título do editorial também segue o padrão de fonte e tamanho das matérias. Já para o
título do expediente foi adotada a fonte “Constantia”, em tamanho 48 e cor laranja. O corpo
do texto está na fonte “Microsoft New Tai Lue”, tamanho 11, com o nome de cada cargo em
negrito.
Em relação às imagens foram usados os tratamentos de brilho, contraste, sharpen,
saturação de cores e a transformação de RGB para CMYK, para isso foi usado o programa
Adobe Photoshop CS5. As legendas e os créditos estão na fonte “Microsoft New Tai Lue”,
nos tamanhos 12 e 9, respectivamente.
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante a realização do trabalho, assumimos o desafio de editar uma revista
colaborativa, de forma a mostrar o universo do anônimo sob óticas peculiares, através da
visão de cada autor convidado, além das nossas matérias e perfis. Com isso, deixamos claro
que o comum, o anônimo é interessante e pode ser colocado em destaque nos produtos
midiáticos.
Quanto à próxima edição, pretendemos produzir matérias e perfis a respeito de pautas
como o projeto do Publicitário Pedro Gabriel, “Eu me chamo Antônio”, que traz ilustrações e
frases criativas escritas em folhas de guardanapos e postadas em redes sociais; ou ainda um
perfil do mendigo de João Pessoa conhecido como “velho do saco” e outro de um integrante
da instituição “Manassés”, de apoio ao combate às drogas. Em relação às ilustrações e
fotografias pretendemos publicar alguns dos quadros de Iris Halmshaw, uma menina autista
de três anos que surpreendeu críticos com sua pintura; além de mostrar o trabalho de Nicole
Kenney e KS Rives, “Before i die i want to…”, que reúne fotos de pessoas anônimas pelo
mundo e frases do que elas ainda querem fazer antes de morrer. A próxima edição terá ainda
uma matéria sobre experiências de intercambistas que viveram em países de cultura muito
diferente das de sua origem.
Além disso, temos a ideia de realizar edições especiais que tenham como subtítulo
“Ônibus” ou “Terceirão” (shopping popular de João Pessoa), construindo todas as pautas com
pessoas e situações relativas a esses contextos.
Em relação às dificuldades e modificações que ocorreram ao longo da execução da
primeira edição, podemos apontar os problemas de deadline com alguns colaboradores,
resultando em algumas pautas que caíram como as ilustrações de uma das páginas que seria
feita por um quadrinista de João Pessoa e passou a ser do artista plástico Arthur Esteves. Ou
uma crítica sobre o filme Edifício Master, que seria feita por um estudante de Ciências Sociais
da PUC, mas foi substituída pela crítica feita pelo estudante de Comunicação Esmejoano
Lincol.
Além desses percalços, encontramos dificuldade na diagramação. Primeiro por o
driagramador contatado inicialmente não cumprir com os prazos estipulados e, por isso,
termos de recorrer a outro profissional. Depois, tivemos pequenos problemas no diálogo com
a segunda diagramadora no que diz respeito à realização de algumas alterações no projeto
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gráfico apresentado inicialmente por ela. Por causa disso, algumas páginas foram
rediagramadas, a exemplo do sumário que, mesmo depois de modificado duas vezes, não
atendeu às nossas expectativas, mas acabou permanecendo pela falta de tempo de uma nova
tentativa de “correção”.
Outra complicação foi a impressão no tamanho e papel desejados, dado que em João
Pessoa são escassas as copiadoras que aceitem imprimir em papel diferenciado (que não seja
couché) e em tamanho A3.
Apesar e por causa disso, podemos dizer que este trabalho teve uma grande relevância
na nossa experiência em jornalismo colaborativo, produção de conteúdo literário, além da
contribuição editorial e cultural quanto à busca de artistas e escolha de obras.
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8 REFERÊNCIAS
ÁLVARO, Caldas (Org.). Deu no jornal: o jornalismo impresso na era da internet, 2.ed.
São Paulo: Edições Loyola : Editora PUC-Rio, 2004.
ARNT, Héris. A influência da literatura no jornalismo: o folhetim e a crônica. Rio de
Janeiro: E-papers, 2002.
BRUM, Eliane. O coração grande de Cristina. Revista Época Online, 18 fev. 2013.
Disponível em:http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2013/02/o-
coracao-grande-de-cristina.html. Acesso em: 21 fev. 2013.
CARVALHO, Carmem. Segmentação do jornal, a história do suplemento como estratégia de
mercado. Apresentado no V Congresso Nacional de História da Mídia. São Paulo, 31 maio a
02 de junho, 2007.
COLLING, Leandro. Agenda-setting e framing: reafirmando os efeitos limitados. Revista
FAMECOS. Porto Alegre, n.14, p.88-101, abril.2001.
DE BRUM, Juliana. A Hipótese do Agenda Setting: Estudos e Perspectivas. Revista eletrônica
Razón y palabra. México, n.35, La Ciencia de La Comunicación em Iberoamérica, outubro -
novembro.2003.
LORENZOTTI, Elizabeth de Souza. Do artístico ao jornalístico: vida e morte de um
Suplemento: Suplemento literário de O Estado de S. Paulo (1956 a 1974). 136 p. Dissertação
Universidade de São Paulo. São Paulo, outubro. 2002.
PENA, Felipe. O jornalismo literário como gênero e conceito. 2005. Trabalho apresentado ao
NP- Intercom: VI Encontro dos Núcleos de Pesquisa do Intercom, Brasília, 2006. Disponível
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pdf. Acesso em: 10 jan. 2013.
WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. 6.ed. Lisboa: Presença, 2001.
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