um beijo

Post on 15-Jan-2016

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Um Beijo

Foste o beijo melhor da minha vida,ou talvez o pior...Glória e tormento,contigo à luz subi do firmamento,contigo fui pela infernal descida!Morreste, e o meu desejo não te olvida:queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,e do teu gosto amargo me alimento,e rolo-te na boca malferida.Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,batismo e extrema-unção, naquele instantepor que, feliz, eu não morri contigo?Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,beijo divino! e anseio delirante,na perpétua saudade de um minuto...

Olavo Bilac

Características parnasianas existentes nesta poesia:

Pode-se visualizar primeiramente, a presença das rimas ricas, o poeta evita que as rimas aconteçam entre palavras da mesma classe gramatical. Outra característica contida é a metrificação rigorosa, cada verso deve ter o mesmo número de sílabas poéticas, ou apresentar uma simetria constante, que no caso deste encontra-se o primeiro caso. A estética é muito valorizada na poesia parnasiana, buscando a perfeição, o que está nítido nesta poesia, o autor retrata o beijo de forma especial, porém buscando a contenção dos sentimentos, pois na poesia parnasiana não há predomínio do sentimentalismo. Ressaltando também a preciosidade do vocabulário.

MAL SECRETO (Raimundo Correia) 

Se a cólera que espuma, a dor que mora N'alma, e destrói cada ilusão que nasce, Tudo o que punge, tudo o que devora O coração, no rosto se estampasse; 

Se se pudesse o espírito que chora, Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse! 

Quanta gente que ri, talvez, consigo 

Guarda um atroz, recôndito inimigo, Como invisível chaga cancerosa! 

Quanta gente que ri, talvez existe, Cuja ventura única consiste Em parecer aos outros venturosa! 

ANÁLISE:

Rima: (2) ABAB – (2) CCD 

Métrica: (11 sílabas) * Não é decassílabico como outros tantos de sua autoria. 

Ritmo: silábico uníssono 

Tipo de Poema: Soneto Parnasiano 

Recursos sonoros e visuais: O ritmo marcado pela sonoridade, especialmente nas palavras tônicas, e nas rimas a marca do tom consistente e forte. 

Do que trata o poema: Um visão de que a alma transmite o que sente mente transmite, no entanto, muitos possuem a mascara que esconde esta realidade. A fuga como se olhar olho no olho não diria verdade alguma, visto que os casais que o fazem, muitas vezes se enganam, pois os olhos que choram, nem sempre é de tristeza, mas de muita alegria! Paradigma. 

Contexto histórico: Século XIX logo após a morte de Victor Hugo que havia se dado em 1885 e que dizem ter sido quem influenciou a poesia de Raimundo Correia, como seus contemporâneos de expressão que fazia parte deste grupo seleto de grandes poetas como Olavo Bilac e Fernando Amaro.

Velho Tema

“Só a leve esperança, em toda a vida,Disfarça a pena de viver, mais nada;Nem é mais a existência, resumida,Que uma grande esperança malograda.

O eterno sonho da alma desterradaSonho que a traz ansiosa e embevecida,É uma hora feliz, sempre adiadaE que não chega nunca em toda a vida.

Essa felicidade que supomos,Árvore milagrosa que sonhamosToda arreada de dourados pomos,

Existe, sim: mas nós não a alcançamosPorque está sempre apenas onde a pomosE nunca a pomos onde nós estamos.

Vicente de Carvalho

Ánalise1 – A partir de Relicário sua arte se firma num Parnasianismo independente, sem o interesse arqueológico e histórico.

2 – Sentimento vivo da natureza e senso amoroso que se exprime conforme o exemplo português tradicional (Rosa - Rosa de Amor, Poemas e Canções, um dos livros mais famosos e queridos da nossa literatura)

3 – Influência Romântica:- fluência trabalhada por um senso requintado da forma- facilidade – comunicabilidade- maestria familiar com o poema longo (melhor organizado)- originalidade – arabesco sonhador dos versos curtos ou das combinações de verso longo e curto.

4 – Poeta do Mar – pujança e graça como sugestão de ritmos.

5 – Lirismo amoroso (o mar se faz presente) - Palavras ao Mar:- carga lírica veementeMar, belo mar selvagemDas nossas praias solitáriasTigre a que as brisas da terra o sono embalamA que o vento do largo eriça o pelo6 – Lirismo elegíaco – Pequenino Morto, que ao lado de Cântico do Calvário, de Fagundes Varela,  representam a melhor expressão elegíaca da nossa poesia.

Acrobata da Dor

Gargalha, ri, num riso de tormenta, como um palhaço, que desengonçado, nervoso, ri, num riso absurdo, inflado

de uma ironia e de uma dor violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta, agita os guizos, e convulsionado salta, gavroche, salta clown, varado pelo estertor dessa agonia lenta ...

Pedem-se bis e um bis não se despreza! Vamos! retesa os músculos, retesa nessas macabras piruetas d'aço...

E embora caias sobre o chão, fremente, afogado em teu sangue estuoso e quente, ri! Coração, tristíssimo palhaço.

Cruz e Souza

Ánalise

O poema Acrobata da Dor em forma de soneto apresenta características, preocupações formais de Cruz e Souza que o aproxima inclusive dos parnasianos: a utilização de um vocabulário requintado e erudito, a força das imagens na poesia bem como a forma de lapidar antecipa a nobreza destes versos bem sugestivos bem ao gosto simbolista.

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