texto 3 o aprendizado de genero
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CURSO GNERO E DIVERSIDADE NA ESCOLA
1
FORmaO de PROFeSSORaS/eS em GNERO, SExuALIDADE, ORIENtAO SExuAL E RELAES tNICO-RACIAIS
Ministrio da Educao
Secretaria Especial dePolticas para as Mulheres
Secretaria Especial de Polticas de Promoo da Igualdade Racial
desde que nascemos somos educados/as para conviver em sociedade, porm de maneira distinta, caso sejamos menino ou menina. Esta distino influencia, por exemplo, a decorao do quarto da criana, a cor das roupas e dos objetos pessoais, a escolha dos brinquedos e das atividades de lazer. Assim que me, pai e familiares recebem o resultado do ultrassom, passa-se a desenhar o lugar da criana. Se menina, roupas e decoraes cor-de-rosa. Se menino, tudo azul. Num passado no muito distante, quando no havia o recurso de
informao prvia do sexo biolgico da criana, a maior parte do enxoval era verde gua ou amarelo.
medida que crescemos, por meio dos brinquedos, jogos e brincadeiras, dos acessrios e das relaes estabelecidas com os grupos de pares e com as pessoas adultas, vamos tambm aprendendo a distinguir atitudes e gestos tipicamente masculinos ou femininos e a fazer escolhas a partir de tal
distino, ou seja, o modo de pensar e de agir, considerados como correspondentes a cada gnero, nos inculcado desde a infncia.
Na famlia, assim como na escola, fundamental que as pessoas adultas, ao lidarem com crianas, percebam que podem reforar ou atenuar as diferenas de gnero e suas marcas, contribuindo para estimular traos, gostos e aptides no restritos aos atributos de um ou outro gnero. Por exemplo, deve ser estimulado nos meninos que sejam carinhosos, cuidadosos, gentis, sensveis e expressem medo e dor. Quem disse que homem no chora? As meninas, por sua vez, podem ser incentivadas a praticar esportes, a gostar de carros e motos, a serem fortes (no sentido de terem garra, gana), destemidas, aguerridas.
Tal aprendizado das regras culturais nos constri como pessoas, como homens ou mulheres. Se quisermos contribuir para um mundo justo em que haja eqidade de gnero, devemos estar atentos para no educarmos meninos e meninas de maneiras radicalmente distintas.
Atravs deste texto possvel compreender que a famlia e a escola tm um papel fundamental na luta contra o aumento de preconceito e discriminao direcionados s mulheres e a todos aqueles que no correspondem a um ideal de masculinidade dominante. Como voc imagina que se possa trabalhar nesta direo em casa e na escola?
MDULO 2 - GNERO | UNiDADE 1 | TEXTO 3
O aprendizado de gnero: socializao na famlia e na escola
Assim que me, pai e
familiares recebem o
resultado do ultrassom,
passa-se a desenhar o
lugar da criana.
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CURSO GNERO E DIVERSIDADE NA ESCOLA
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FORmaO de PROFeSSORaS/eS em GNERO, SExuALIDADE, ORIENtAO SExuAL E RELAES tNICO-RACIAIS
Ministrio da Educao
Secretaria Especial dePolticas para as Mulheres
Secretaria Especial de Polticas de Promoo da Igualdade Racial
Devemos prestar ateno no quanto a socializao de gnero insidiosa. Oferecer aos meninos e aos rapazes apenas espadas, armas, roupas de luta, adereos de guerra,
carros, jogos eletrnicos que incitem violncia facultar como nico caminho para a sua socializao a agressividade, o uso do corpo como instrumento de luta, a supervalorizao do gosto pela velocidade e pela superao de limites. Ou ainda, de modo mais sutil, oferecer apenas aos meninos bola, bicicleta e skate, por exemplo, indica-lhes que o espao pblico deles, ao passo que dar s meninas
somente miniaturas de utenslios domsticos (ferro de passar roupa, cozinha com panelinhas, bonecas, batedeira de bolo, mquina de lavar roupa etc.) determinar-lhes o espao privado, o espao domstico.
Queremos dizer que nos jogos com bonecas, fogezinhos, panelinhas e ferrinhos de passar as garotas, da infncia adolescncia, vo se familiarizando com o trabalho domstico, como se no houvesse alternativa s mulheres que no o interesse com o cuidado do lar e de filhos/as.
Dicas de filme:
Billy Elliot (Inglaterra, 2000) um
filme sobre um menino que enfrenta
muitas dificuldades por ter o bal
como sonho de vida.
Carto vermelho (Brasil, 1994, 14
min) Fernanda gosta de jogar
futebol com os meninos e joga bem.
Mas para essa moleca de 12 anos o
apogeu de sua intimidade com a bola
faz-la voar reta, direta, at o saco
dos meninos. Para assistir esse curta-
metragem, acesse o site Porta Curtas
Petrobras http://www.portacurtas.
com.br/index.asp e clique no boto
Assista, esquerda. Aproveite para
conhecer o acervo livre de curtas e
documentrios disponveis no site!
Acorda Raimundo... Acorda!
(Brasil, de Alfredo Alves, Ibase,
1990, 15 min) E se as mulheres
sassem para o trabalho enquanto
os homens cuidam dos afazeres
domsticos? Esta a histria de
Marta e Raimundo, uma famlia
operria, seus conflitos, a violncia
familiar e o machismo vividos em
um mundo onde tudo acontece ao
contrrio.
(...) oferecer apenas aos
meninos bola, bicicleta
e skate, por exemplo,
indica-lhes que o espao
pblico deles, ao passo
que dar s meninas
somente miniaturas de
utenslios domsticos
(...) determinar-lhes o
espao privado, o espao
domstico.
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CURSO GNERO E DIVERSIDADE NA ESCOLA
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FORmaO de PROFeSSORaS/eS em GNERO, SExuALIDADE, ORIENtAO SExuAL E RELAES tNICO-RACIAIS
Ministrio da Educao
Secretaria Especial dePolticas para as Mulheres
Secretaria Especial de Polticas de Promoo da Igualdade Racial
Observe na tabela1 que o nmero de horas empregadas pelas mulheres no cuidado da casa trs vezes superior ao tempo que os homens dedicam s atividades do lar. E isto acontece entre pessoas com diferentes nveis de escolarizao e pertencentes a diversas classes sociais. Para um grande nmero de mulheres, o fato corresponde segunda jornada de trabalho, jornada esta raramente valorizada, uma vez que o trabalho domstico em geral invisvel, s notado em caso de ausncia, quando as atividades no so realizadas.
Os modelos de homem e de mulher que as crianas tm sua volta, na famlia e na escola, apresentados por pessoas adultas, influenciaro a construo de suas referncias de gnero. Quando a menina e o menino entram para a escola, j foram ensinados pela famlia e por outros grupos da sociedade quais so os "brinquedos de menino" e quais so os "brinquedos de menina". Embora no seja possvel intervir de forma imediata nessas aprendizagens no contexto familiar e na comunidade, a escola necessita ter conscincia de que sua atuao no neutra. Educadores e educadoras precisam identificar o currculo oculto que contribui para a perpetuao de tais relaes. A escola tem a responsabilidade de no contribuir para o aumento da discriminao e dos preconceitos contra as mulheres e contra todos aqueles que no correspondem a um ideal de masculinidade dominante, como gays, travestis e lsbicas, por exemplo. Por isso, educadores e educadoras so responsveis e devem estar atentos a esse processo.
GLOSSRIO
Eqidade de gnero: igualdade de direitos, oportunidades e condies entre homens e mulheres.
1 Essa tabela ilustra o quanto o trabalho domstico recai sobre as mulheres e foi extrada do texto: Tempo, trabalho e afazeres domsticos: um estudo com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios de 2001 a 2005, de Cristiane Soares e Ana Lucia Saboia. in: ___ Textos para Discusso, Diretoria de Pesquisas, 21. Coordenao de Populao e indicadores Sociais, instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (iBGE), Rio de Janeiro, 2007.
Dica de leitura
Educar meninas e meninos.
Relaes de gnero na escola, de
Daniela Auad. So Paulo: Editora
Contexto, 2006.
Como se comportam meninos e
meninas nos recreios e nas salas
de aula? Menino pode fazer bal
e menina tocar bateria? Educar
meninos e meninas traz tona
as relaes de gnero na escola
e o desenrolar das diferenas
hierarquizadas entre os sexos. Alm
disso, a autora, a partir de pesquisa
de doutorado, analisa a escola mista
e prope a co-educao.
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