sÃo paulo, 21 de marÇo de 2013 · distribuição vetada lei que proíbe sacolas plásticas em...
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SÃO PAULO, 08 DE OUTUBRO DE 2014.
Distribuição vetada
Lei que proíbe sacolas plásticas em São Paulo volta a valer,
decide TJ-SP
A lei paulistana que proibiu em 2011
a distribuição de sacolas plásticas
nos supermercados foi considerada
constitucional pelo Tribunal de
Justiça de São Paulo. O Órgão
Especial suspendeu uma liminar que
proibia a aplicação da regra e julgou
improcedente ação movida pelo
Sindicato da Indústria do Material
Plástico do Estado. A decisão foi
publicada nesta terça-feira (7/10) no
Diário da Justiça Eletrônico e,
segundo o site do Estado de S.Paulo, determina que a norma entre em vigor
em 30 dias.
A Lei Municipal 15.374 foi sancionada na gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab
(PSD), mas sua aplicação estava suspensa desde 2011. O sindicato dizia que
a regulação de matéria relativa a meio ambiente não é de competência
municipal e, por isso, seria inconstitucional. A prefeitura tentou derrubar a
decisão em segunda instância, sem sucesso. A Câmara Municipal chegou a
apresentar reclamação ao Supremo Tribunal Federal, mas também teve o
pedido negado.
Ao avaliar o caso no dia 1º de outubro, o TJ-SP concluiu que não havia
problema na proibição das sacolinhas. Os argumentos dos desembargadores
só serão detalhados no acórdão, que ainda não foi publicado. O advogado
Jorge Luiz Batista Kaimoti Pinto, que representa a indústria plástica, disse ao
Estado que vai recorrer no Superior Tribunal de Justiça. “Vamos de novo
questionar a capacidade de municípios legislarem sobre as sacolas plásticas,
algo já definido como de tarefa do governo federal na política nacional de
resíduos sólidos”, disse ele.
Em nota, o sindicato declarou que a decisão “surpeende” por contrariar outras
42 anteriores do próprio Órgão Especial. Segundo o texto, o tribunal já havia
reconhecido a conexão entre todos os municípios do estado com relação à
uniformidade de posturas ambientais e destinação de resíduos. “O Órgão já
havia barrado leis municipais idênticas a essa das cidades de Guarulhos,
Barueri e Osasco. Portanto, a decisão com relação a São Paulo contraria a
uniformidade já aclamada pelo próprio Tribunal de Justiça.”
Processo: 0121480-62.2011.8.26.0000
Ministério Público aciona Justiça para Sabesp reduzir retirada
de água do Sistema Cantareira
Na segunda-feira, reservatório chegou a 5,8% da capacidade, nível mais baixo
de sua história
Os Ministérios Públicos Estadual e Federal entraram com uma ação civil
pública na Justiça pedindo a "revisão imediata" da retirada de água do Sistema
Cantareira pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São
Paulo) e a proibição da captação integral da segunda cota do volume morto do
manancial, que nesta segunda-feira (6) chegou a 5,8% da capacidade, nível
mais baixo de sua história.
Assista ao vídeo:
http://noticias.r7.com/sao-paulo/ministerio-publico-aciona-justica-para-sabesp-reduzir-retirada-
de-agua-do-sistema-cantareira-07102014
A ação é resultado de uma investigação sobre a crise do Cantareira feita pelos
promotores do Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio
Ambiente) de Campinas e Piracicaba e foi ajuizada na 3ª Vara da Justiça
Federal de Piracicaba em conjunto com um procurador da República daquela
cidade. Além da Sabesp, são réus na ação a ANA (Agência Nacional de
Águas) e o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo),
órgãos reguladores do manancial. Ainda não houve decisão judicial.
Volume de água do Sistema Cantareira está cada vez mais baixo Daia Oliver/11.09.2014/R7
Para os promotores, "enquanto não for imposto um limite máximo de utilização
das águas disponíveis no Sistema Cantareira, evidentemente continuará a
Sabesp contando com a possibilidade de avanço da captação por
bombeamento até o possível esgotamento dos reservatórios".
Os promotores pedem a "revisão imediata" das vazões de retirada da Sabesp
para abastecer a Grande São Paulo, atualmente em 19,7 mil litros por
segundo, para que a primeira cota do volume morto chegue até 30 de
novembro, horizonte de planejamento para o uso da reserva profunda. Pelos
cálculos do próprio governo Geraldo Alckmin (PSDB), os 182,5 bilhões de litros
adicionais que começaram a ser captados em 31 de maio devem se esgotar na
primeira quinzena de novembro. Um acordo para reduzir em 13% a retirada
chegou a ser anunciado pela ANA, mas o governo Alckmin negou.
A ação pede ainda que sejam definidas novas vazões de retirada para a
Sabesp para que o Cantareira atinja em 30 de abril de 2015, início do período
de estiagem, "no mínimo, o mesmo volume útil" registrado na mesma data
neste ano, ou seja, 10% da capacidade, equivalente a 97,4 bilhões de litros. Os
promotores pedem ainda que a Sabesp seja impedida de usar integralmente a
segunda cota do volume morto, de 106 bilhões de litros, "uma vez que tal
autorização comprometerá o descarregamento por gravidade de volumes de
água para a Bacia do Piracicaba".
O documento pede ainda que sejam adotadas as medidas necessárias para
assegurar a recuperação do Cantareira no menor tempo possível, não
ultrapassando o prazo máximo de cinco anos. Procuradas, Sabesp e ANA
informaram que ainda não foram notificados da ação e vão aguardar
informações para comentar o assunto. O DAEE e a Secretaria de Saneamento
e Recursos Hídricos não se manifestaram.
Arq.Futuro e Instituto Semeia promovem evento
“Parques do Brasil”, em São Paulo
Bournemounth (Reino Unido). Cortesia de Coastal Parks and Garden Foundation
O Arq.Futuro, em parceria com o Instituto Semeia, promove o evento “Parques
do Brasil: modelos de gestão, oportunidades e exemplos que inspiram”, que
acontecerá no dia 7 de outubro, no auditório da Fundação Bienal, no Parque
do Ibirapuera em São Paulo.
Especialistas internacionais vão compartilhar suas experiências na gestão de
parques, entre os quais Lydia Ragoonanan, gerente do Rethinking Parks, que
trará a perspectiva da instituição britânica na manutenção e melhoria de
parques no Reino Unido.
A Rethinking Parks trabalha com um fundo de £1 milhão, a partir de recursos
do Heritage Lottery Fund, do Big Lottery Fund e da organização filantrópica
Nesta, para financiar projetos de até £100 mil que tragam ideias inovadoras
para a gestão de parques.
Dados da Rethinking Parks indicam que o financiamento público para serviços
de parques terá uma queda de 60% no orçamento do governo na próxima
década, embora 70% dos administradores de parques tenham notado um
aumento expressivo no número de visitantes. Com o aumento da importância
desses espaços públicos para a vida urbana, surge a necessidade de
contemplar novos modelos de negócios que possam tornar os parques
economicamente atraentes e sustentáveis.
A Rethinking Parks organizou uma competição nacional para reunir projetos
inovadores para parques. A organização selecionou 11 finalistas que serão
apresentados por Lydia Ragoonanan no seminário Parques do Brasil, em São
Paulo.
Algumas ideias levantadas incluem a produção de instalações temporárias para
gerar receitas ao parque, como cinemas a céu aberto, festivais culinários e
exposições artísticas. O Park Hack, no bairro de Hackney em Londres, prevê
um modelo de negócios em que as empresas da região financiam a
manutenção dos parques, mas, em contrapartida, podem usar o espaço para
eventos corporativos.
Park Hack, Londres. A organização filantrópica Groundwork London e o
escritório de arquitetura Gensler desenvolvem um modelo de negócios em que
empresas financiam e usam os parques da região para eventos corporativos.
Cortesia de Park Hack/Rethinking Parks
Na comunidade de Burley, uma iniciativa que será testada é o uso da criação
de abelhas e plantação de flores para produção de óleo, como maneiras de
gerar receita para os parques e, assim, custear sua manutenção. Outro projeto
em andamento na Escócia vai procurar aproximar os parques dos cidadãos por
meio de um mapa digital com uma agenda atualizada de todas as atividades
culturais que acontecem nos parques de Glasglow e Edimburgo.
O suor da floresta: Ele cria um rio que corre sobre nós
Antonio Donato Nobre estuda as interações entre as florestas e a atmosfera.
Sua pesquisa mostrou que há verdadeiros rios de vapor correndo sobre a
floresta amazônica e levando umidade para boa parte do continente. Graças a
esses rios, a América do Sul não é um deserto como a África. Sua pesquisa
revela a fragilidade das florestas diante das atuais mudanças climáticas e o
risco que corremos se as perdermos
.
Vídeo: TED - Ideas Worth Spreading
Tradução: TED Open Translation. Revisão: Leonardo Silva
Cientista de renome internacional, o brasileiro Antonio Donato Nobre investiga
os sistemas naturais da Amazônia. Seu trabalho ilustra a bela e imensa
complexidade dessa região, bem como a sua fragilidade diante das atuais
mudanças do clima global.
O cientista brasileiro Antonio Donato Nobre
Antonio Donato Nobre vê a natureza como uma sinfonia muito bem
orquestrada. Cientista do Instituto Nacional para a Pesquisa Espacial (INPE) e
pesquisador sênior do Instituto Nacional da Pesquisa Amazônica (INPA), ele
estuda o solo, a hidrologia e a bioquímica da Amazônia com o objetivo de
aumentar nossos conhecimentos a respeito dos complexos sistemas
integrados daquilo que ele chama de “maravilha geológica”, a Amazônia.
Donato Nobre dedica-se particularmente à compreensão das interações entre a
floresta e a atmosfera, e de como “o suor da floresta”, a transpiração das árv
ores, forma uma gigantesca corrente que se desloca carregando umidade para
outras regiões da América do Sul e do mundo. Seu estudo “O futuro climático
da Amazônia” sintetiza o que se sabe hoje a respeito do delicado equilíbrio
ecológico naquela região, e o grande risco que corremos de perdê-la por
completo.
Vídeo:
http://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/156172/O-suor-da-floresta-Ele-cria-um-rio-que-
corre-sobre-n%C3%B3s.htm
Tradução integral da conferência de Antônio Donato Nobre ao TED:
O que vocês acham? [Para] quem viu a memorável palestra de Sir Ken, no
TED, eu sou um típico exemplar do que ele descreve: "Um corpo carregando
uma cabeça". Professor universitário, né? E vocês poderiam achar que é uma
covardia me colocar, depois dessas duas primeiras apresentações, para falar
de ciência. Não consigo balançar meu corpo no ritmo. E depois de um cientista
que se tornou filósofo, eu tinha que falar da ciência pura. Poderia ser um tema
muito árido e, no entanto, eu me sinto agraciado. Nunca na minha carreira; e já
vai longe a minha carreira; eu tive a oportunidade de começar uma palestra
com tamanha inspiração, como esta.
Normalmente, falar de ciência é como se exercitar numa terra árida. No
entanto, eu tive a felicidade de ser convidado para vir aqui falar sobre água. E
"água" e "árido" não combinam, né? Melhor ainda, falar sobre água na
Amazônia, que é um berço esplêndido de vida, né? Fresca. Então, é o que me
inspirou. Por isso estou aqui, apesar de estar carregando a minha cabeça aqui,
"malemá", eu estou aqui tentando, vou tentar, transmitir essa
inspiração. Espero que a história os inspire, que vocês multipliquem.
A gente sabe que há controvérsia -- a Amazônia é o pulmão do mundo, né? --
pelo poder que ela tem de trocar massivamente gases vitais -- a floresta com a
atmosfera. A gente também escuta falar do celeiro da biodiversidade. Embora
muitos acreditem nisso, poucos conhecem. Se vocês saírem aqui fora, nesse
igapó, vocês vão se maravilhar com a... Vocês quase não conseguem ver os
bichos. Os índios dizem: "Na floresta, tem mais olhos do que folhas." E é real, e
eu vou tentar mostrar alguma coisa para vocês.
Hoje, eu trouxe uma outra abordagem aqui, uma abordagem em que, inspirado
por essas duas iniciativas aqui, uma harmônica e outra filosófica, eu vou tentar
colocar a abordagem que é um pouco material, mas ela tenta transmitir
também que existe, na natureza, uma filosofia e uma harmonia
extraordinárias. Não vai ter música na minha apresentação, mas eu espero que
vocês vejam a música da realidade que eu vou mostrar. [Vou] falar de fisiologia
-- não é pulmão, é de outras analogias com a fisiologia humana e,
principalmente, o coração. A gente começa... pensando que a água é como o
sangue. A circulação no nosso corpo leva o sangue fresco, que alimenta, que
nutre e que sustém, e traz de volta o sangue usado, para ser renovado. Na
Amazônia, ocorrem coisas muito semelhantes. E a gente começa falando sobre
o poder de todos esses processos.
Isso aqui é uma imagem, em movimento, das chuvas. E o que vocês estão
vendo ali são os anos passarem a cada segundo. As chuvas no mundo inteiro.
E o que vocês veem? Que a região equatorial, em geral, a Amazônia em
particular, é enormemente importante para o clima do mundo. É um motor
poderoso. Existe aqui uma atividade frenética em relação à evaporação. Se a
gente olhar outra imagem, que mostra os fluxos de vapor de água, o que é
preto ali é ar seco, o que é cinza é ar úmido e o que é branco são
nuvens. Vocês veem ali um ressurgimento extraordinário na Amazônia. Que
fenômeno -- se não é um deserto, que fenômeno faz com que a água jorre do
solo para a atmosfera, com tamanho poder, que a gente vê do espaço? Que
fenômeno é esse? Poderia ser um gêiser. O gêiser é a água subterrânea
aquecida pelo calor do magma, que explode para a atmosfera, transfere essa
água para a atmosfera. Nós não temos gêiseres na Amazônia, a menos que eu
me engane. Eu não sei se alguém conhece algum. Mas nós temos algo que faz
o mesmo papel, mas com muito mais elegância: são as amigas e benfazejas
árvores, que, assim como os gêiseres, conseguem transmitir uma quantidade
enorme de água do solo para a atmosfera.
São 600 bilhões de árvores na Amazônia, 600 bilhões de gêiseres. E isso com
uma sofisticação extraordinária. Não precisam do calor do magma. Usam a luz
do Sol para fazer esse processo. Então, em um dia, um típico dia ensolarado
na Amazônia, uma árvore grande chega a produzir mil litros de água através da
sua transpiração. Mil litros. Se você pegar toda a Amazônia, que é uma área
muito grande, e você somar toda essa água que está sendo transpirada -- é o
suor da floresta --, você chega num número extraordinário: 20 bilhões de
toneladas de água. Vocês sabem -- isso em um dia. Vocês sabem quanto é
isso? O rio Amazonas, o maior rio da Terra, um quinto de toda a água doce que
sai dos continentes no mundo inteiro e que chega nos oceanos, despeja 17
bilhões de toneladas de água por dia no Oceano Atlântico. Esse rio de
vapor, que sai da floresta e vai para a atmosfera, é maior que o rio
Amazonas. Só para vocês terem uma ideia. Se a gente pudesse pegar uma
chaleira bem grandona, aquelas de botar na tomada, chaleira elétrica, e colocar
todos esses 20 bilhões de toneladas dentro, de quanta eletricidade você
precisaria para evaporar essa água? Alguém tem ideia? Uma chaleira bem
grande mesmo. Chaleira dos gigantes, né? 50 mil Itaipus. Itaipu, para quem
não sabe, é a maior hidroelétrica do mundo, ainda, e é um orgulho
brasileiro porque fornece mais de 30% da energia que é consumida no Brasil. E
a Amazônia está aqui, fazendo isso de graça. É uma poderosíssima e viva
usina de serviços ambientais.
Ligando nesse tema, nós vamos falar sobre o que eu chamo de "paradoxo da
sorte", que é uma curiosidade. Se você olhar o mapa-múndi -- é fácil perceber
isso --você vê que, na zona equatorial, você tem as florestas, e os desertos
estão organizados a 30 graus de latitude norte e a 30 graus de latitude sul,
alinhados. Veja ali, no hemisfério sul, o Atacama, o da Namíbia e o Kalahari na
África, o deserto da Austrália. No hemisfério norte, o Saara, Sonora e etc. E
tem uma exceção, e é uma curiosidade: é o quadrilátero que vai de Cuiabá a
Buenos Aires, de São Paulo aos Andes. Esse quadrilátero era para ser
deserto. Está na linha dos desertos. Por que não é? Por isso que eu chamo de
"paradoxo da sorte".
O que tem na América do Sul de diferente? Se a gente puder usar a
analogia da circulação sanguínea no corpo e do sangue, com a circulação da
água na paisagem, a gente vê nos rios que eles são veias, eles drenam a
paisagem, eles drenam o tecido da natureza. E onde estão as artérias? Algum
palpite? O que leva... Como que a água chega a irrigar os tecidos da
natureza e trazer de volta tudo pelos rios? Tem um novo tipo de rio, que nasce
no oceano azul, que flui pelo oceano verde -- não só flui, mas ele é bombeado
pelo oceano verde -- e cuja foz é a terra da gente. Toda a nossa economia,
aquele quadrilátero, 70% do PIB da América do Sul saem daquela
região. Depende desse rio. E esse rio flui, invisível, acima de nós. Estamos
flutuando aqui nesse flutuante, num dos maiores rios da Terra, que é o rio
Negro. Está meio seco, meio bravo, mas estamos flutuando aqui, e em cima de
nós tem um rio invisível passando. E esse rio, ele pulsa. E aqui está a pulsação
dele. Por isso que a gente fala de coração também. Você vê ali as estações do
ano. Chove uma época... Na Amazônia, a gente costumava ter duas
estações, a úmida e a mais úmida. Agora temos a estação seca. E você vê ali
ele lambendo essa região que deveria, de outra forma, ser um deserto e não é.
A gente, cientistas... Você vê que estou com dificuldade aqui para levar minha
cabeça de um lado para o outro aqui. Os cientistas estudam como funciona,
por que, etc., e esses estudos estão gerando uma série de descobertas
absolutamente extraordinárias para nos trazer a consciência da riqueza, da
complexidade e da maravilha que nós temos, da sinfonia que nós temos nesse
funcionamento. Um deles é: como é que se forma a chuva? Em cima da
Amazônia, tem ar limpo, igual a em cima do oceano. O oceano azul tem ar
limpo e forma muito poucas nuvens, quase não chove. No oceano verde, o ar
limpo é igual, e forma muita chuva. O que acontece aqui que é diferente? A
floresta emite cheiros, e esses cheiros são núcleos de condensação, que
formam gotas na atmosfera, e aí formam-se as nuvens que chovem
torrencialmente. O regador do Jardim do Éden. Essa relação de uma entidade
viva, que é a floresta, com uma entidade não viva, que é a atmosfera, é
virtuosa na Amazônia, porque a floresta joga água e joga sementinhas, a
atmosfera forma chuva e devolve, e aí garante-se a sobrevivência da floresta.
Tem outros fatores também. Falamos um pouco do coração, e agora vamos
falar de uma outra função: o fígado! Quando ar úmido, uma alta umidade e
radiação são combinados junto com esses compostos orgânicos, que eu
chamo de "Vitamina C Exógena", generosa vitamina C gasosa, as plantas
liberam antioxidantes que reagem com os poluentes. Vocês podem estar
tranquilos porque vocês estão respirando o ar mais puro da Terra aqui na
Amazônia, porque as plantas estão tomando conta dessa característica
também. E isso favorece o próprio funcionamento das plantas, outro ciclo
virtuoso.
Antonio Donato Nobre estuda as interações entre as florestas e a atmosfera
Falando de fractais, e a relação com o nosso funcionamento, a gente vê outras
comparações. Como nas vias superiores do pulmão, o ar da Amazônia é limpo
do excesso de poeira. O ar que a gente respira é limpo da poeira pelas vias
respiratórias. Isso impede que o excesso de poeira prejudique a
chuva. Quando tem queimadas na Amazônia, a fumaça acaba com a chuva,
para de chover, a floresta seca e o fogo entra. Tem uma outra analogia
fractal. Como nas veias e artérias, você tem um retorno na água que chove e
volta para a atmosfera. Como nas glândulas endócrinas e nos hormônios, você
tem aqueles gases, que eu expliquei para vocês, que formam, como se fossem
hormônios soltados na atmosfera, que promovem a formação da chuva. Como
o fígado e os rins, acabei de falar: a limpeza do ar. E, por fim, como um
coração: o bombeamento da água que vem de fora, do oceano, para dentro da
floresta.
A gente está chamando isso de "A Bomba Biótica de Umidade". É uma teoria
nova que é explicada de uma maneira muito simples. Se você tem um deserto
no continente, e você tem um oceano contíguo, a evaporação no oceano é
maior, produz uma sucção e puxa o ar de cima do deserto. O deserto está
preso nessa condição. Ele vai ser sempre seco. Se você tem uma condição
inversa, com floresta, a evaporação, como a gente mostrou, é muito maior,
pelas árvores, e essa relação se inverte. Então, o ar é puxado de cima do
oceano e aí você tem a importação da umidade. Essa aqui é uma imagem que
foi feita um mês atrás, de satélite -- Manaus está ali embaixo, nós estamos ali
embaixo -- que mostra esse processo. Não é um riozinho bonitinho, daqueles
que fluem num canal, mas é um rio poderoso, que irriga a América do Sul e
tem outras finalidades. Essa imagem mostra, naquelas trajetórias ali, todos os
furacões de que nós temos registros. E vocês veem que, no quadrado
vermelho, quase não tem furacões. Isso não é por acaso. Essa bomba, que
puxa umidade para dentro do continente, também acelera o ar sobre o oceano
e isso impede a organização dos furacões.
Para encerrar essa parte, numa síntese, eu queria falar alguma coisa um pouco
adversa. Eu tenho várias colegas que participaram no desenvolvimento dessas
teorias, que são da opinião, eu inclusive, de que nós podemos recuperar o
planeta Terra. Eu não estou falando hoje aqui só da Amazônia. A Amazônia
nos dá uma lição de como a natureza primordial funciona. Nós não
entendíamos esses processos antes porque o resto do mundo está todo
detonado. Aqui nós pudemos entender. Então, esses colegas colocam: "Nós
podemos, sim, recuperar as outras áreas, inclusive desertos". Se a gente
consegue estabelecer florestas nessas outras áreas, nós podemos reverter o
clima. Inclusive, o aquecimento global.
E eu tenho uma colega muito querida na Índia, chamada Suprabha Seshan,
que tem um lema. O lema dela em inglês é: "Gardening back the
biosphere", Reajardinando a biosfera. Faz um trabalho maravilho de
reconstrução de ecossistemas. Nós precisamos fazer isso. Concluída essa
introdução rápida, a gente chega à realidade que nós estamos vendo aqui
fora, que é a seca, essa mudança climática, e coisas que nós já sabíamos.
E aqui, eu queria contar uma historinha para vocês. Eu, uma vez, escutei,
quatro anos atrás, uma declamação de um texto do Davi Copenaua, um sábio
representante do povo ianomâmi, que dizia mais ou menos o seguinte:"Será
que o homem branco não sabe que, se ele tirar a floresta, vai acabar a
chuva? E se acabar a chuva, ele não vai ter o que beber, nem o que comer?" E
eu escutei aquilo, eu cheguei às lágrimas,porque eu falei: "Nossa! Estou há 20
anos estudando isso, supercomputador, dezenas, milhares de cientistas, e a
gente está começando a chegar a essa conclusão, e ele já sabe!" Um
agravante: os ianomâmis nunca desmataram. Como eles podem saber que
acaba a chuva? Aí, eu fiquei com isso na cabeça e fiquei completamente
impactado. Como ele podia saber? Alguns meses depois, eu o encontrei, num
outro evento, e eu falei: "Davi, como é que você sabia que, tirando a floresta,
acaba a chuva?" Ele falou: "O espírito da floresta nos contou".
E isso daí, para mim, foi um game changer, né? Foi uma mudança total, porque
eu falei assim: "Poxa! Então, por que eu estou fazendo toda a ciência, para
chegar à conclusão do que ele já sabe?" E aí, me bateu algo absolutamente
crítico, que é... "o que os olhos não veem o coração não sente". "Out of sight,
out of [mind]", né? E isso é uma necessidade que o meu antecessor
colocou, que nós precisamos ver as coisas -- nós, quando eu digo, é a
sociedade ocidental que está se tornando global, civilizada, -- nós precisamos
ver. Se a gente não vê, a gente não registra.
A gente vive na ignorância. Então, eu faço a seguinte proposta: Vamos -- claro
que os astrônomos não vão gostar -- mas vamos virar o Hubble de ponta-
cabeça. E vamos fazer o Hubble olhar para cá. Não para os confins do
universo. Maravilhosos os confins do universo, mas, agora, nós temos uma
realidade prática, que é: nós vivemos num cosmos desconhecido, e nós somos
ignorantes. Nós estamos tripudiando sobre este cosmos maravilhoso que nos
dá morada e abrigo. Converse com um astrofísico: a Terra é uma
improbabilidade estatística. A estabilidade e o conforto que nós
apreciamos,com todas as secas do rio Negro, com todos os calores e frios,
tufões, etc., não existe nada igual no universo, nada conhecido. Então, viremos
o Hubble para cá e vamos olhar a Terra. Vamos começar pela
Amazônia! Vamos dar um mergulho, vamos chegar na realidade em que nós
vivemos cotidianamente, e olhá-la bem de perto, já que a gente precisa
disso. O Davi Copenaua não precisa. Ele já tem algo que eu acho que eu
perdi. Eu fui educado pela televisão, né. Eu acho que eu perdi esse algo, que é
um registro ancestral, que é uma valorização daquilo que eu não conheço, que
eu não vi. Ele não precisa da prova de São Tomé. Ele acredita com veneração
e reverência naquilo que os ancestrais lhe ensinaram, e os espíritos. Já que a
gente não consegue, então vamos olhar a floresta.
Mas mesmo quando a gente está com o Hubble lá, olhando para o céu -- essa
daqui é a visão do pássaro, né? Mesmo quando isso acontece, a gente vê algo
que também desconhecemos. Os espanhóis chamaram de inferno verde. Se
você sair aqui, nesse mato aqui, e se perder, e você for, por acaso, para o
oeste, são 900km para chegar na Colômbia. Mais mil para sair em algum
lugar. Então, dá para entender por que eles chamavam de inferno verde. Mas
vai lá olhar o que tem ali dentro. É um tapete vivo. Cada cor ali é uma espécie
de árvore. Cada árvore, cada copa, chega a ter 10 mil espécies de insetos
dentro dela, sem falar nos milhões de espécies de fungos, bactérias, etc. Tudo
invisível. Tudo um cosmos mais estranho para nósdo que as galáxias distantes,
a bilhões de anos-luz da Terra, que o Hubble nos trás todos os dias nos
jornais. E eu encerro a minha apresentação -- eu tenho só poucos segundos --
mostrando esse ser maravilhoso, que quando a gente vê -- a borboleta morpho
-- na floresta, a gente tem a sensação de que alguém esqueceu a porta do
paraíso aberta e essa criatura escapou de lá, porque é muito bonita.
Mas, eu não posso terminar sem mostrar um lado tecnológico. A gente tem a
arrogância da tecnologia. Nós despossuímos a natureza da sua
tecnologia. Uma mão robótica é tecnológica, a minha mão é biológica;e a gente
não pensa mais no assunto. Então, vamos olhar a borboleta morpho, que é um
exemplo de uma invisível competência tecnológica da vida, que está no âmago
da nossa possibilidade de sobrevivência no planeta, e vamos dar um zoom
nela. De novo, o Hubble lá. Vamos entrar na asa da borboleta. E esses
estudiosos tentaram explicar: por que que ela é azul? E vamos dar um zoom
lá. E o que vocês veem é que a arquitetura do invisível humilha os arquitetos
melhores do mundo. Isso tudo numa escala muito pequena. Além da beleza e
do funcionamento, tem um outro aspecto.
Tudo o que é, na natureza, organizado em estruturas extraordinárias, tem uma
função. E essa função, da borboleta morpho -- ela não é azul, não tem
pigmento azul nela. Ela tem cristais fotônicos na superfície -- segundo quem
estudou isso -- cristais extremamente sofisticados. Nada igual ao que a nossa
tecnologia tinha ainda na época. Agora, a Hitachi já fez um display de
monitor que usa essa tecnologia e é usada em fibra ótica para transmissão
de... A Janine Benyus, que já veio várias vezes aqui, fala sobre isso:
biomimética.E já acabou o meu tempo. Então eu vou concluir com o que está
na base dessa capacidade, dessa competência da biodiversidade, de produzir
todos aqueles serviços maravilhosos: a célula viva. É uma estrutura de alguns
mícrons, que é uma maravilha interna. Tem palestras do TED sobre isso, não
vou me alongar, mas cada um nessa sala, inclusive eu, tem 100 trilhões dessa
micromáquina no seu corpo, para que vocês apreciem esse bem-
estar. Imaginem o que tem na Floresta Amazônica. 100 trilhões. Isso é mais do
que o número de estrelas no céu. E nós não temos consciência. Muito
obrigado. (Aplausos)
Tribunal de Justiça proíbe novamente a distribuição de sacolas
plásticas em lojas e supermercados da cidade
O Tribunal de Justiça proibiu novamente a distribuição de sacolas plásticas em
lojas e supermercados da cidade. Os estabelecimentos terão 30 dias para se
adaptar na legislação. A lei havia sido sancionada pelo prefeito Gilberto Kassab
e entrou em vigou no ano de 2012.
http://www2.boxnet.com.br/pmsp/Visualizacao/RadioTv.aspx?IdClipping=33619084&IdEmpresa
Mesa=&TipoClipping=A&Commodities=0
Consumidores falam sobre a volta da proibição das sacolinhas plásticas
http://www2.boxnet.com.br/pmsp/Visualizacao/RadioTv.aspx?IdClipping=33621472&IdEmpresa
Mesa=&TipoClipping=A&Commodities=0
Justiça proíbe distribuição de sacolinhas em supermercados
http://www2.boxnet.com.br/pmsp/Visualizacao/RadioTv.aspx?IdClipping=33622468&IdEmpresa
Mesa=&TipoClipping=A&Commodities=0
Com a aprovação do novo plano diretor, em junho, a cidade de
São Paulo voltou a ter zonas rurais
http://www2.boxnet.com.br/pmsp/Visualizacao/RadioTv.aspx?IdClipping=33616303&IdEmpre
saMesa=&TipoClipping=V&Commodities=0
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