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Saúde Mental na Escola

Aspectos dos transtornos mentais e o trabalho em sala de aula

Saúde Mental na Infância

e Adolescência

Em geral, entende-se por uma criança/ adolescente saudável aquele que apresenta um desenvolvimento cognitivo, emocional e social satisfatório e congruente com a sua idade.

Assim, esses jovens são curiosos, aprendem, fazem vínculos, brincam, desenvolvem estratégias para resolver problemas, apresentando uma boa qualidade de vida.

Mesmo que passem por momentos de tensão, retraimento ou expansão, esses momentos podem ser entendidos como ‘normais’ dentro do desenvolvimento de suas habilidades socioemocionais e mecanismos de proteção.

(Estanislau, G.M.; Bressan, R.A. Saúde Mental na Escola, 2014)

Transtornos Mentais

Já os transtornos mentais são condições específicas, que geram maior sofrimento psíquico e comprometimento da funcionalidade do sujeito e que necessitam de um cuidado aprofundado e acompanhamento especializado.

Transtornos mentais ocorrem pela interação de diferentes fatores:

• Individuais (biológicos, genéticos, psicológicos);

• Sociais (condições financeiras, de moradia, de rede de suporte, cultura etc.);

• Ambientais (influências externas, qualidade das relações, vivências de fatores estressores etc.).

(Estanislau, G.M.; Bressan, R.A. Saúde Mental na Escola, 2014)

Durante o curso do adoecimento mental são observados alguns sinais e sintomas que refletem alterações no funcionamento do corpo, principalmente do cérebro. Entre eles:

• Alteração no funcionamento cognitivo ou no pensamento;

• Alteração no entendimento de si e do mundo ao redor;

• Alterações na sensopercepção (referentes aos 5 sentidos);

• Alterações nas emoções ou sentimentos;

• Alterações no comportamento;

• Alterações no autocuidado;

Entre outros.

(Estanislau, G.M.; Bressan, R.A. Saúde Mental na Escola, 2014)

Transtorno Obsessivo-

Compulsivo (TOC)

Se caracteriza pela presença de comportamentos (no senso comum, “manias”) obsessivos e/ou compulsivos que interferem de maneira intensa na vida do sujeito.

Obsessões são definidas como pensamentos, imagens, preocupações, medos ou dúvidas persistentes, repetitivos, indesejados, que ‘invadem’ o pensamento, causando perturbação, sofrimento e incômodo.

Os conteúdos desses pensamentos podem ter diferentes temáticas e causam intenso sofrimento pela dificuldade em serem eliminados, gerando ansiedade e grande desconforto.

(Estanislau, G.M.; Bressan, R.A. Saúde Mental na Escola, 2014)

As compulsões são comportamentos e atitudes visíveis ou rituais mentais executados repetidas vezes, em geral, como tentativa de aliviar a ansiedade causada pelas obsessões.

Geralmente, os comportamentos compulsivos seguem regras as quais os sujeitos sentem-se forçados a seguir, causando grandes prejuízos em seu funcionamento. Ex.: lavar diversas vezes a mão, acender e apagar a luz antes de entrar no ambiente, contar repetidamente um objeto etc.

Os comportamentos compulsivos, em geral, estão ligados a temáticas como: contaminação, limpeza e lavagem, simetria, organização e arranjo, verificação, acumulação ou colecionismo, gestos que se parecem com tiques etc.

(Estanislau, G.M.; Bressan, R.A. Saúde Mental na Escola, 2014)

Se não identificado e tratado corretamente, o TOC pode trazer um impacto devastador na educação de uma criança.

Os pensamentos obsessivos podem atrapalhar significativamente a concentração, o raciocínio; e os rituais compulsivos interferem diretamente na permanência da criança em sala de aula, na atenção, na realização das tarefas.

Esses sinais e sintomas podem interferir também na esfera social, já que o aluno tende a se isolar para esconder os rituais, a se afastar dos colegas por consequência de algum pensamento intrusivo etc.

Faltas e atrasos podem acontecer, prejudicando o rendimento escolar e intensificando o sofrimento gerado pelos sintomas do transtorno.

(Estanislau, G.M.; Bressan, R.A. Saúde Mental na Escola, 2014)

Algumas ações da equipe escolar em parceria com a família podem ajudar o aluno com TOC no ambiente escolar, como:

Disponibilizar materiais alternativos para que o aluno possa concluir um trabalho. Ex.: se ele tem dificuldade com a letra cursiva ou com a caligrafia por conta da ‘perfeição’, possibilitar que ele use um computador;

Não impedir que o aluno realize os seus rituais; pensar em estratégias para que ele possa fazê-los sem interferir na dinâmica da sala. Impedir saídas ou rituais gera mais ansiedade;

Entender a dificuldade do aluno e acolhê-la, oferecendo estratégias para contorná-la. Ex.: exercícios de contagem quando aparecer um ‘número ruim’ de acordo com o aluno; pensar em algum jeito em que esse número apareça de outra forma (em vez de colocar o número, colocar somas que resultem nesse número);

Quando existirem lugares ou caminhos que não podem ser percorridos, pensar juntos em rotas diferentes ou olhar para outros detalhes daquele lugar;

Observar e reconhecer as potencialidades do aluno e favorecer situações em que elas apareçam e sejam reforçadas positivamente;

Experimentar situações em grupo em que as diferenças possam estar diluídas e os alunos possam ocupar diferentes papéis dentro daquele grupo;

Importante reforçar a parceria entre escola, família e profissionais especializados para garantir o sucesso no tratamento e no desenvolvimento escolar.

Transtornos Alimentares (TA)

Os transtornos alimentares são condições que se manifestam por meio de alterações do comportamento alimentar e de pensamentos, atitudes, emoções e prejuízos físicos associados.

Pessoas com TA têm preocupação excessiva com o corpo, levando-as a atitudes extremas para controlar o peso.

... Essas práticas podem ser dietas radicais, prática excessiva de exercício físico, uso de medicamentos como laxante, indução de vômito ou comportamentos compensatórios.

Esses comportamentos geram problemas graves nos âmbitos clínico, social e psicológico.

(Estanislau, G.M.; Bressan, R.A. Saúde Mental na Escola, 2014)

Os transtornos alimentares são classificados em:

Anorexia Nervosa (AN): redução extrema da quatidade de comida ingerida, em níveis não saudáveis, desejo intenso de ser magro, temor de ganhar peso, mesmo que em estado grave de desnutrição.

Bulimia Nervosa (BN): inconsistência na alimentação com episódios de comer compulsivo (quantidades não saudáveis), intercalados com tentativas de eliminar o que foi ingerido por meio de dietas restritivas, vômitos, diuréticos, laxantes etc. Não apresenta peso tão baixo.

Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA): episódios de comer compulsivo, ingerindo uma grande quantidade de comida num curto período de tempo. Necessidade de alta ingestão calórica nesses episódios (escolha por comidas menos saudáveis). Não há a presença de atitudes compensatórias.

(Estanislau, G.M.; Bressan, R.A. Saúde Mental na Escola, 2014)

Pacientes com TA tendem a esconder seus hábitos para que não sejam descobertos seus métodos de emagrecimento ou seu descontrole alimentar. O isolamento, a ausência em eventos de grupo, a dificuldade em mostrar o corpo (uso de moletons, roupas largas), ...

... o comportamento de evitar momentos de alimentação (não sair no intervalo, não pausar para o almoço) podem ser sinais de que aquele jovem pode estar em sofrimento.

A supervalorização do ideal de um corpo magro e padronizado gera grande pressão na população adolescente e também em crianças, o que pode ser o fator de grande responsabilidade para o surgimento do transtorno alimentar na fase escolar.

Apelidos ofensivos que fazem alusão ao tipo físico dos jovens pode ser um fator estressor e de vulnerabilidade para o desenvolvimento do TA.

(Estanislau, G.M.; Bressan, R.A. Saúde Mental na Escola, 2014)

Para lidar com alunos com TA é importante que a equipe escolar entenda o grande sofrimento que existe por trás da busca do corpo ideal, na referência daquele sujeito. É importante acolher e não julgar comportamentos apresentados pelos jovens.

Promover espaços e atividades em que possam ser discutidos e incentivados práticas e hábitos alimentares saudáveis. Comer não tem só a ver com comida; há envolvimentos afetivos importantes nesse momento.

Desmistificar a construção social do corpo perfeito, valorizando as diferenças, desconstruindo práticas de julgamento e bullying.

Potencializar características intelectuais, emocionais, sociais.

O ambiente escolar é lócus privilegiado para se abordar questões de educação em saúde que possam trabalhar temáticas ligadas à alimentação, práticas de exercícios e hábitos saudáveis.

Esquizofrenia

É caracterizada por uma série de sintomas que podem variar bastante entre os pacientes. O mais comum é o indivíduo apresentar surtos psicóticos caracterizados por momentos de perda do contato com a realidade e presença de delírios, alucinações e desorganização do pensamento e do comportamento.

Pessoas com esquizofrenia, mesmo que não estejam vivenciando um surto psicótico (que ocorre apenas algumas vezes na vida), apresentam sintomas que interferem de maneira significativa na autonomia, independência e participação nos diferentes contextos de sua vida.

(Estanislau, G.M.; Bressan, R.A. Saúde Mental na Escola, 2014)

Os sintomas mais característicos são:

• Delírios: ter convicção em uma ideia que não é real e não aceitar argumentações ou ideias contrárias (ex.: estão me perseguindo, querem me matar).

• Alucinações: sensações e percepções sensoriais irreais. A mais comum é ouvir vozes.

• Desorganização: dificuldade em organizar o pensamento de maneira lógica e coerente, dificuldade em entender uma linha de raciocínio, dificuldade em se expressar a partir de ideias compartilhadas com o grupo no qual está inserido, dificuldade em se organizar nas tarefas cotidianas de alimentação, autocuidado, higiene.

É muito comum que uma pessoa com esquizofrenia apresente intenso isolamento social, dificuldade em estar em grupo e em compartilhar ideias.

(Estanislau, G.M.; Bressan, R.A. Saúde Mental na Escola, 2014)

A estratégia mais eficaz para o trabalho com o aluno que possui o diagnóstico de esquizofrenia é firmar uma parceria sólida entre escola, família e equipe terapêutica, para que a criação de estratégias de ação seja conjunta, consistente e que vise à promoção da aquisição de habilidades e afirme as potencialidades daquele sujeito.

Incentivar a participação em atividades com o grupo, identificando quais atividades são mais confortáveis e menos desorganizadoras para aquele aluno. Ex.: explicação de um conteúdo por meio de figuras, materiais concretos, situações reais.

Utilizar diferentes recursos no processo pedagógico com aquele aluno, como recursos audiovisuais, plásticos, técnicas corporais.

Estão entre os problemas mais comuns na infância e podem ser caracterizados como:

• Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): tem como principal característica a preocupação excessiva que afeta diversos âmbitos do cotidiano da criança, ...

Transtornos de Ansiedade

na Infância

... provocando problemas de concentração, atenção e produtividade nos trabalhos escolares. Observam-se crianças extremamente agitadas, que não conseguem controlar sua preocupação, irritadiças, que apresentam fadiga, tensão muscular, problemas com o sono etc.

Podem apresentar choro, insegurança extrema, dificuldade em distinguir algo normal e urgente (urgência em ir ao banheiro, em sair para o intervalo etc.).

(Estanislau, G.M.; Bressan, R.A. Saúde Mental na Escola, 2014)

Transtorno de Ansiedade de Separação: a ansiedade de separação é natural em crianças, aparecendo nos momentos de separação entre ela e alguma pessoa de grande importância. Apresentam sintomas como grande desconforto, ...

... choro recorrente, dificuldade em lidar com situações já aprendidas, dores físicas, recusa em ir à escola, em dormir sozinhas, medo de situações corriqueiras, dificuldade em ficar sem os pais etc.

Porém, nos momentos em que os sintomas ficam mais agudos, isso pode caracterizar um sofrimento importante e que pode interferir no desenvolvimento emocionale escolar da criança.

Transtorno de Ansiedade Social (fobia social): é um dos transtornos mais comuns na infância, em que as crianças apresentam medo e insegurança excessivos em estar no convívio com os pares ou adultos.

(Estanislau, G.M.; Bressan, R.A. Saúde Mental na Escola, 2014)

Passam a evitar eventos sociais e escola, tendem a se manter isoladas e apresentam dificuldade intensa no desempenho das atividades em diversos âmbitos da vida. Diferente de uma ansiedade natural, esse medo e insegurança podem ‘paralisá-las’, causando sintomas físicos que tornam aquela situação alarmante. São eles:

• Batedeira (aceleração do coração)

• Tremedeira

• Sudorese (suor intenso)

• Tontura

• Boca seca

• Rubor (ficar vermelho)

• Falta de ar

• Formigamento

• Diurese (necessidade de urinar com maior frequência)

(Estanislau, G.M.; Bressan, R.A. Saúde Mental na Escola, 2014)

Para ajudar o aluno com algum tipo de transtorno de ansiedade, faz-se necessário entender o contexto em que o aluno está inserido. A partir disso fica mais fácil pensar em estratégias para deixar o ambiente escolar mais seguro para a permanência do aluno.

Preparar as atividades com tempo flexível, evitando provas e atividades ‘surpresa’.

Esclarecer etapas da atividade com calma, dizendo o que se espera dele, as diferentes possibilidades para a sua realização, desconstruindo a ideia de perfeccionismo.

Ajude o aluno na organização e no planejamento de tarefas.

Proponha atividades com recursos corporais, técnicas de relaxamento, de respiração, músicas relaxantes.

Discuta com terapeutas a ideia de ter objetos familiares no ambiente escolar, para que ele possa se sentir seguro e tornar esse ambiente confiável.

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