revista de pediatria - soperj.org.br · ... de acordo com os números ... de um processo coletivo....
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Revista de Pediatria
Revista da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro Ano 11 - N° 1 • junho 2010
ISSN 1676-1014
Artigos de Revisão
Dignóstico e Prevenção da Tuberculose na InfânciaRaquel Pequeno, Jéssica de Paula, Leonardo Figueiredo, Pedro Fabro, Sarah Galvão, Paula Nascimento Maia e Clemax Couto Sant Anna __________________________________________________________________________ 4
Políltica Sanitária para a Asma no Brasil Ariane Molinaro Vaz de Souza e Maria de Fatima Pombo March __________________________________________10
Relato de Caso
Cisto Broncogênico em Lactente: Importância do Diagnóstico Diferencial. Amanda Thaís Thomé de Morais, Tatiana de Araujo Eguchi, Ana Elisa Ribeiro de Faria, Mayara de Castro Silva del Castillo, Thais Christine Baioneta, Mariah de Paula Leite, Claudia Correard de Lima, Juliana Portella Veiga Drumond, Bruna Ferreira Di Palma Queiroz e Carlos Alberto Bhering ____ 19
Resumos de Teses e Dissertações
Aspectos da Linha de Cuidado Desenvolvida a Partir do Ambulatório Geral de Pediatria do Instituto Fernandes Figueira Autor: Amaro Ronaldo Inácio Filho, Orientadoras: Susana Maciel Wuillaume e Cynthia Magluta ________________ 23
Avaliando a Carga de Trabalho na Assistência ao Recém-Nascido Cirúrgico: Uma Proposta para Dimensionamento de Recursos Humanos de Enfermagem Autora: Ana Paula Sabóia de Albuquerque; Orientador: José Roberto de Moraes Ramos ________________________ 24
As únicas com proteína otimizada.
ÚNICA COM bAIxO teOr prOteICO
ÚNICA COM prObIótICOs
NOTA IMPORTANTE:AS GESTANTES E NUTRIZES PRECISAM SER INFORMADAS QUE O LEITE MATERNO É O IDEAL PARA O LACTENTE, CONSTITUINDO-SE A MELHOR NUTRIÇÃO E PROTEÇÃO PARA ESTAS CRIANÇAS. A MÃE DEVE SER ORIENTADA QUANTO À IMPORTÂNCIA DE UMA DIETA EQUILIBRADA NESTE PERÍODO E QUANTO À MANEIRA DE SE PREPARAR PARA O ALEITAMENTO AO SEIO ATÉ OS DOIS ANOS DE IDADE DA CRIANÇA OU MAIS. O USO DE MAMADEIRAS, BICOS E CHUPETAS DEVE SER DESENCORAJADO, POIS PODE TRAZER EFEITOS NEGATIVOS SOBRE O ALEITAMENTO NATURAL. A MÃE DEVE SER PREVENIDA QUANTO À DIFICULDADE DE VOLTAR A AMAMENTAR SEU FILHO UMA VEZ ABANDONADO O ALEITAMENTO AO SEIO. ANTES DE SER RECOMENDADO O USO DE UM SUBSTITUTO DO LEITE MATERNO, DEVEM SER CONSIDERADAS AS CIRCUNSTÂNCIAS FAMILIARES E O CUSTO ENVOLVIDO. A MÃE DEVE ESTAR CIENTE DAS IMPLICAÇÕES ECONÔMICAS E SOCIAIS DO NÃO ALEITAMENTO AO SEIO – PARA UM RECÉM-NASCIDO ALIMENTADO EXCLUSIVAMENTE COM MAMADEIRA SERÁ NECESSÁRIA MAIS DE UMA LATA POR SEMANA. DEVE-SE LEMBRAR À MÃE QUE O LEITE MATERNO NÃO É SOMENTE O MELHOR, MAS TAMBÉM O MAIS ECONÔMICO ALIMENTO PARA O LACTENTE. CASO VENHA A SER TOMADA A DECISÃO DE INTRODUZIR A ALIMENTAÇÃO POR MAMADEIRA É IMPORTANTE QUE SEJAM FORNECIDAS INSTRUÇÕES SOBRE OS MÉTODOS CORRETOS DE PREPARO COM HIGIENE RESSALTANDO-SE QUE O USO DE MAMADEIRA E ÁGUA NÃO FERVIDAS E DILUIÇÃO INCORRETA PODEM CAUSAR DOENÇAS. OMS – CÓDIGO INTERNACIONAL DE COMERCIALIZAÇÃO DE SUBSTITUTOS DO LEITE MATERNO. WHA 34:22, MAIO DE 1981. PORTARIA Nº 2.051 – MS DE 08 DE NOVEMBRO DE 2001, RESOLUÇÃO Nº 222 – ANVISA – MS DE 05 DE AGOSTO DE 2002 E LEI 11.265/06 DE 04.01.2006 – PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – REGULAMENTAM A COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS PARA LACTENTES E CRIANÇAS DE PRIMEIRA INFÂNCIA E TAMBÉM A DE PRODUTOS DE PUERICULTURA CORRELATOS.
Referências bibliográficas: 1. Koletzko B, von Kries R, Closa R, et al. Lower protein in infant formula is associated with lower weight up to age 2 y: a randomized clinical trial. Am J Clin Nutr. 2009 Jun;89(6):1836-45. 2. Raiha NCR, Fazzolari-Nesci A, Cajozzo C, et al. Whey Predominant, Whey Modified Infant Formula with Protein/Energy Ratio of 1.8g/100kcal: Adequate and safe for term Infants From Birth to Four Months. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2002; 35: 275-281. 3. Koletzko B, Lien E, Agostoni C, et al; World Association of Perinatal Medicine Dietary Guidelines Working Group.The roles of long-chain polyunsaturated fatty acids in pregnancy, lactation and infancy: review of current knowledge and consensus recommendations. J Perinat Med. 2008;36(1):5-14. 4. Prescott SL, Calder PC. N-3 polyunsaturated fatty acids and allergic disease. Curr Opin Clin Nutr Metab Care 2004;7:123-9. 5. Peat JK, et al. Three years outcomes of dietary fatty acid modification and house dust mite reduction in the Childhood Asthma Prevention Study. J Allerg Clin Immunol 2004;114(4):807-813. 6. Cummings JH, Antoine JM, Azpiroz F, et al. PASSCLAIM–gut health and immunity. Eur J Nutr. 2004 Jun;43 Suppl 2:II118-II173. 7. Guarino A, Canani RB, Spagnuolo MI, et al. Oral bacterial therapy reduces the duration of symptoms and viral excretion in children with mild diarrhea. J Pediatr Gastroenterol Nutr 1997;25:516-19. 8. Vanderhoof JA, Whitney DB, Antonson DL,et al. Lactobacillus GG in prevention of antibiotic-associated diarrhea in children. J Pediatr 1999;135(5);564-68. 9. Martino DJ, Currie H, Taylor A, Conway P, Prescott SL. Relationship between early intestinal colonization, mucosal immunoglobulin A production and systemic immune development. Clin Exp Allergy. 2008 Jan;38(1):69-78.
www.nestle.com.br/nutricaoinfantilServiço de Atendimento Nutrição Infantil ao Profissional de Saúde: 0800-7701599
prOteÍNAOtIMIZADA
O consumo de menor quantidade de proteína no primeiro ano de vida
proporciona crescimento adequado e menor
risco de obesidade.1,2
DHA e ArA NUtrIeNtes COM eFeItO bIFIDOGÊNICO e prObIótICOs
NAN prO contém ingredientes que favorecem as defesas imunológicas do lactente durante o primeiro ano de vida.
Importantes para o desenvolvimento cerebral
e visual,3 além de estimularem beneficamente a resposta imunológica.4,5
estimulam a formação de microbiota intestinal protetora, com predomínio de bifidobactérias6 que:
• protegem contra infecções intestinais.7,8
• estimulam beneficamente a resposta imunológica.9
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Revista de Pediatria SOPERJ
Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro
Expediente
EditorCarlos Alberto Bhering
Conselho EditorialJosé Roberto de Moraes Ramos Clemax Couto Sant’AnnaMaria Elizabeth Lopes Moreira Flavio Roberto Sztajnbok
DiREtORiA DA SOPERJ
TRIÊNIO 2010-2012PresidenteEdson Ferreira LiberalVice-PresidenteMaria Elisabeth Lopes MoreiraSecretária GeralJosé Roberto de Moraes Ramos1º SecretárioCarmen Lúcia Leal Ferreira Elias2º SecretárioMarcio Moacyr de Vasconcelos1º tesoureiroDaniella Santini Souza Lemos2º tesoureiroMárcia Fernanda da Costa Carvalho
Diretor de Cursos e EventosIsabel Rey MadeiraDiretor de PublicaçãoMaria Angélica Bonfim VarelaDiretoria de PublicaçãoMaria de Fátima Goulart CoutinhoFlávio Roberto SztajnbokMaria de Fátima Monteiro Pereira LeiteLeda Amar de AquinoDiretoria de Relacionamento com AssociadosSuzana Tschoepke AiresDir. de Ética e Valorização ProfissionalGlauce Rollemberg MoraCoordenação de Comitês CientíficosCelise Regina Alves da M. MenesesCoordenador do Curso de Atualização em PediatriaClaudio HoineffDiretoria Adjunta de Cursos e EventosAnna Tereza Miranda Soares de Moura
SOPERJRua da Assembléia, 10 sala 1812Rio de Janeiro - RJwww.soperj.org.br Tel.: 21 2531-3313soperj@soperj.org.brdiretoria@soperj.org.brsecretaria@soperj.org.br
Projeto gráfico: Celso PupoDiagramação: DoisC Editoração Eletrônica e Fotografia.Impressão e fotolito: ReproarteTiragem: 6.000 exemplares
CONSELHO EDitORiAL:
Revisores Nacionais:Maria Auxiliadora de Souza Mendes Gomes
Adauto Dutra Moraes Barbosa
Marcos Junqueira do Lago
Maria Marta Regal de Lima Tortori
Alan Araújo Vieira
Susana Maciel Wuillaume
Paulo César Guimarães
José Henrique Silva Moura
Revisores internacionais:Guilherme Mendes Sant’Anna(Univerisdade McMaster)
Cleide Suguihara (Universidade de Miami)
Revisores Multidisciplinares: Adriana Rocha (fonoaudiologia)
Maria Aparecida de Luca Nascimento (enfermagem)
Márcia Correia de Castro (fisioterapia)
Romeu Gomes (Sociologia e psicologia)
Maria de Fátima Junuqeira (Psicologia)
Consultores Especiais: Presidentes dos Comitês Científicos da SOPERJ
2
Editorial
3
A Direção da SOPERJ acredita que essa importante Revis-
ta, direcionada para nós- PEDIATRAS – representa uma das
formas de nos manter sempre atualizados. É um veículo de
informação com artigos e resumos de tese. Nesse número,
especialmente, ela apresenta, na área de pneumologia pe-
diátrica, artigos de revisão sobre tuberculose-diagnóstico e
prevenção; asma política sanitária; e um relato de caso abor-
dando o tema cisto broncogênico, além de resumos de teses-
Pediatria Ambulatorial e Cuidados de Enfermagem na UTI .
Além de indicar as temáticas abordadas na Revista, con-
sideramos relevante reforçar, no presente editorial, que en-
tendemos como um início de conversa direta com os colegas
pediatras, alguns compromissos/metas assumidos pela SO-
PERJ, a partir de janeiro de 2010, e que se encontram no site
www.soperj.org.br.
Dentre estes compromissos, algumas medidas/iniciativas
foram tomadas:
• Transparência– Já se encontra publicado, no site, o ba-
lanço da SOPERJ referente aos meses iniciais da atual
gestão.
• Defesaprofissional– Temos participado constantemente
das reuniões junto com o CREMERJ e a SOMERJ por me-
lhores condições de salários e de trabalho. No que se refere
ainda à valorização profissional divulgamos, em todas as
nossas publicações, assuntos de interesse dos pediatras.
Iniciamos conversas com a SESDEC-RJ e a SMS-RJ.
Precisamos aprofundar, também, a discussão de recursos
humanos pediátricos.
Fiquemos atentos porque hoje a relação pediatra /crianças
adolescentes tem diminuído. Porém, há pediatras sufi-
cientes para quem paga salários decentes e oferece boas
condições de trabalho. Sabemos que a especialidade foi
desestimulada, valorizando-se os profissionais que fazem
uso de procedimentos diversos. Reafirmo, no entanto,
que o número de pediatras é suficiente para atender à
demanda do nosso Estado, de acordo com os números
preconizados pela OMS.
• Educaçãopermenente–No que se refere à capacitação
profissional, adquirimos equipamentos do PALS e do curso
de reanimação neonatal.
No Programa de Educação à Distância PED SOPERJ as
aulas já estão gravadas. Estamos em fase de preparação de
todo o material referente ao primeiro volume, que será de
O Momento do Pediatra
Crescimento e Desenvolvimento, para encaminhamento
aos associados.
É importante deixar claro que a SOPERJ trabalha com
educação permanente só de pediatras ou pós-graduandos
da área. A SOPERJ não capacita profissionais de outras
especialidades para o atendimento a crianças.
• Ligasdepediatria–A SOPERJ, considerando suas me-
tas, está também estimulando as ligas de pediatria: as já
existentes - UFF, UFRJ, Teresópolis (parabéns a todas) - e
as que estão sendo criadas com toda força: UERJ e UNI-
RIO.
• Novapágina–Estamos também construindo uma nova
página, que será mais dinâmica e com mais conteúdo.
• CriaçãodaDiretoriadeRelacionamentocomoAs-sociado–Tem por finalidade saber o que você pensa e
como avalia a SOPERJ , o que você propõe, fazendo um
esforço conjunto, buscando fortalecer a entidade a partir
de um processo coletivo. È preciso tornar a nossa entida-
de cada vez mais representativa das suas necessidades de
educação permanente, participativa na defesa da criança
e do adolescente e do pediatra. Comunique-se, participe,
envie email para secretaria@soperj.org.br com suas críticas
e sugestões
Ao concluir essa conversa inicial, reafirmamos que a Re-
vista da SOPERJ tem melhorado a cada número, ao longo do
tempo. Aproveite os artigos importantes. Envie suas sugestões
e críticas. Escreva sobre suas experiências e suas pesquisas.
Colabore para o permanente crescimento da nossa Revista.
Boa Leitura.
DiretoriaExecutivaTriênio2010/2012Presidente: Edson Ferreira Liberal
Vice-presidente: Maria Elisabeth Lopes Moreira
Secretário Geral: José Roberto de Moraes Ramos
10 Secretário: Carmen Lúcia Leal Ferreira Elias
20 Secretário: Marcio Moacyr de Vasconcelos
10 Diretor Financeiro: Daniella Santini Souza Lemos
20 Diretor Financeiro: Márcia Fernanda da Costa Carvalho
Diretoria de cursos e eventos: Isabel Rey Madeira
Diretoria de publicação: Maria Angélica Bonfim Varela
Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p4-9, jun 2010
Resumo
Summary
Palavras-chave: Tuberculose, Diagnóstico, Prevenção, Criança
Keywords: Tuberculosis, Diagnosis, Prevention, Child
introdução: A tuberculose (TB) causa ainda atualmente milhares de mortes no mundo. O Brasil é um dos 22 paises onde a carga da doença permanece elevada. O controle da TB continua sendo um desafio em Saúde Publica. Para evitar a disseminação da doença é necessário conhecer sua forma de transmissão e patogênese. Objetivo: atualização sobre prevenção da TB na infância. Métodos: revisão não sistemática da literatura, com ênfase em recomendações brasileiras recentes. Conclusões: O diagnóstico precoce e acurado da TB visa o início do tratamento que previne a transmissão do Mycobacterium tuberculosis. A prevenção da tuberculose, através da vacinação BCG, tratamento da infecção latente e o controle de contatos, é essencial para se alcançar o controle da doença na infância.
introduction: Tuberculosis still today causes thousands of deaths in the world. Brazil is one of the 22 countries where the charge of this disease is still high. The control of tuberculosis is still one of the main goals in Public Health. To avoid tuberculosis spreading it is necessary to know its way of transmission and pathogenesis. Objective: actualization about prevention of Childhood Method: nos sistematic review of literature emphasizing recent Brazilian recom-mendations. Conclusion: the earlier and accurate diagnosis aims at starting the treatment of the disease that prevents the Mycobacterium tuberculosis transmission. The prevention of tuberculosis, through BCG vaccination, treatment of latent tuberculosis and contact tracing, is essential to achieve the control of the disease in childhood.
Artigo de Revisão
4
Diagnóstico e Prevenção da tuberculose na infânciaDiagnosis and Prevention of Tuberculosis in Children
Raquel Pequeno 1
Jéssica de Paula 2
Leonardo Figueiredo 3
Pedro Fabro 4
Sarah Galvão 5
Paula Nascimento Maia 6
Clemax Couto Sant Anna 7
1 Aluna do Programa de Iniciação Científica da Faculdade de Medicina da UFRJ. (Aluna de graduação em Medicina )
2 Aluna do Programa de Iniciação Científica da Faculdade de Medicina da UFRJ. (Aluna de graduação em medicina)
3 Aluno do Programa de Iniciação Científica da Faculdade de Medicina da UFRJ. (Aluno de graduação em medicina)
4 Aluno do Programa de Iniciação Científica da Faculdade de Medicina da UFRJ. (Aluno de graduação em medicina)
5 Aluna do Programa de Iniciação Científica da Faculdade de Medicina da UFRJ. (Aluna de graduação em medicina)
6 Residente de pneumologia pediática (Residente do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da UFRJ)
7 Doutorado (Professor associado da Faculdade de Medicina da UFRJ)
Endereçoparacorrespondencia
Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Rua Bruno Lobo 50, Ilha do Fundão, 21941-590, Rio de Janeiro, RJ.
Bolsa do CNPq do último autor. Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da SOPERJ em 6/3/2010 e aprovado em 28/4/2010 20:45:47.
5Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p4-9, jun 2010
IntroduçãoA TB acompanha a história da huma-
nidade, mas apesar de ser antiga ainda
não é passado. De acordo com a OMS
um terço da população mundial está in-
fectada pelo M. tuberculosis, sendo que
destes, cerca de 8 milhões desenvol-
verão a doença e 2 milhões evoluirão
para o óbito a cada ano(1). No Brasil,
bem como em outros países em desen-
volvimento, tal enfermidade é ainda
mais preocupante, pois a pobreza e/ou
a concentração de renda deterioram a
saúde, que num ciclo vicioso corrom-
pem a economia e o processo social ao
levarem as faixas etárias mais produti-
vas à doença ou até à morte.
O número de casos de TB no Brasil
supera o que a OMS espera como acei-
tável, sendo que dentro do país o Rio
de Janeiro é o estado com maior núme-
ro de casos. A redução desses índices é
dificultada pelo grande número de ca-
sos assintomáticos somados aos casos
sintomáticos que demoram a chegar às
unidades de saúde bem como pela de-
ficiente adesão ao tratamento por par-
te dos pacientes visto sua longa dura-
ção. Entretanto, o controle de contatos
apresenta-se como uma viável e eficaz
ferramenta na redução da incidência
de TB, já que através de pacientes com
TB ativa pode-se avaliar um importante
grupo de risco de infecção: os contatos
de TB. A partir desta avaliação podem-
se encontrar pessoas infectadas pelo M.
tuberculosis, que poderiam iniciar o tra-
tamento da infecção latente por tuber-
culose (ILTB), reduzindo a possibilidade
de desenvolver a doença e de transmitir
o bacilo. Além disso, a descoberta de
doentes permite o início de tratamen-
to adequado, contribuindo ao final do
processo para a redução da transmissão
da TB(1,2)
EpidemiologiaSegundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), 22 países concentram
80% dos casos de TB no mundo. Nos
últimos anos, o Brasil passou da 16ª
para a 18ª posição no ranking mundial
da doença. Em 2007, o país notificou 72
mil novos casos de TB, com uma média
nacional de 38,2 casos por 100 mil ha-
bitantes, segundo os dados do Ministé-
rio da Saúde (MS). Além disso, 4,5 mil
pessoas morreram em decorrência da
doença. Segundo a estimativa da OMS,
o país tem 92 mil pessoas com TB, ou
48 casos por 100 mil habitantes.
No total, 70% dos casos estão concen-
trados em 315 dos 5.565 municípios,
segundo os registros do MS. As maiores
incidências estão nos Estados do Rio de
Janeiro (73,27 por 100 mil), Amazo-
nas (67,60), Pernambuco (47,79), Pará
(45,69) e Ceará (42,12). A região Cen-
tro-Oeste é a que apresenta a menor
taxa do país - em Goiás, são 9,57 por
100 mil habitantes (2).
Em 2003, o combate à TB foi inclu-
ído entre as prioridades do MS. Desde
então, registra-se uma queda média de
1,6% ao ano na incidência. A meta na-
cional é chegar a 2011 com, no máxi-
mo, 70 mil novos casos. E, até 2015, re-
duzir pela metade a taxa registrada nos
anos 1990, que teve em média 80 mil
novos casos. O ano de 1990 é referência
para o controle da TB no mundo, quan-
do foram estabelecidos os Objetivos do
Milênio. Com orçamento nacional para
o controle da TB ampliado em mais de
10 vezes desde 2002, o MS planeja eli-
minar a doença como um problema de
saúde pública até 2050. Somente em
2008 foram investidos 69,1 milhões de
dólares no programa de controle da TB.
Várias ações realizadas no país contam
com o apoio do Fundo Global contra a
TB, a Aids e a Malária, sediado em Ge-
nebra. Além disso, o MS tem investido
parte do orçamento na assistência aos
pacientes com TB. Além do acesso que
todos têm ao tratamento na rede pú-
blica, o MS também vem expandindo o
tratamento supervisionado como parte
da estratégia DOTS (Directly Observed
Treatment Short-Course), que já tem
cobertura de 86% na rede pública. Esse
programa visa oferecer aos pacientes o
monitoramento mais intenso por parte
dos profissionais. Isso porque ao ser ini-
ciado o tratamento, o desafio passa a ser
a adesão do paciente durante o tempo
necessário para a cura(2).
Patogenia e TransmissãoA infecção pelo bacilo M. tuberculosis
não indica doença mas um processo
que pode culminar na TB doença. Con-
sidera-se TB a doença causada pelo M.
tuberculosis e eventualmente pelo M. bo-
vis. Este é responsável por um reduzido
número de casos, devido ao tratamento
do leite e do controle sanitário sobre o
gado vacum(3).
A transmissão da TB pode ocorrer
pela inalação de gotículas (de Pflüge)
contaminadas com o bacilo eliminadas
pela tosse de um doente ou, raramente,
pelo espirro, fala ou beijo. As partícu-
las infectantes (núcleos de Wells) logo
que são aspirados encontram nas bar-
reiras físicas a primeira resistência do
organismo. Ultrapassando-as, os bacilos
chegam aos alvéolos pulmonares onde
encontram macrófagos residentes que
iniciam a resposta imune inespecífica
anti-microbacteriana através da fago-
citose. Com o processo de fagocitose,
parte dos bacilos é destruída e com isso
há exposição de antígenos, levando à
ativação da resposta imune específica
mediada por linfócitos T CD4 e T CD8,
detectados num prazo aproximado
de dez semanas após a infecção atra-
vés da hipersensibilidade cutânea ao
PPD (derivado protéico purificado). A
resposta de células T é inversamente
proporcional à progressão da doença.
Assim, em doentes com TB avançada,
pode ocorrer inexistência de reação
6 Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p4-9, jun 2010
cutânea ao PPD, enquanto indivíduos
recém infectados apresentam reação
cutânea ao PPD(4).
Uma vez estabelecida a infecção, a
probabilidade de esta progredir para
a doença depende do comportamen-
to particular de cada organismo. Em
indivíduos muito jovens ou de idade
mais avançada, desnutridos, ou in-
fectados pelo HIV, por exemplo, tal
probabilidade aumenta em relação ao
geral da população. Daí a importância
de se investigar fatores como idade no
momento da infecção, o estado nutri-
cional e a presença de outras doenças
associadas. Na maioria dos indivíduos o
desenvolvimento de TB ocorre cerca de
dois anos após a primeira infecção ou
primoinfecção, levando à TB primária.
Esta se manifesta em apenas 5% dos
infectados. Os outros 95% evoluem
para a cura(5).
O encerramento da primoinfecção,
porém, não significa que não haja mais
bacilos viáveis no organismo, estes po-
dem permanecer latentes por longos
anos e voltarem a apresentar atividade
microbiana, podendo gerar as formas
pós- primária e extrapulmonar.
DiagnósticoO diagnóstico da TB na infância baseia-
se inicialmente na anamnese e no exa-
me físico. A anamnese pressupõe todo o
histórico pessoal do paciente, buscando
o máximo de informações e dados su-
gestivos de TB. As principais informa-
ções são as condições sociais em que o
paciente vive, suas doença anteriores,
história familiar e história de contato
com pacientes com TB(4).
As manifestações clínicas da TB pul-
monar podem ser variadas: na maioria
dos casos há febre, geralmente modera-
da, persistente por mais de 15 dias e fre-
quentemente vespertina. São também
comuns: a irritabilidade, tosse, perda de
peso ou não ganho de peso e sudorese
noturna, às vezes profusa; a hemop-
tise é rara. Frequentemente o caso de
pneumonia que não vêm apresentando
melhora com uso de antimicrobianos
para germes comuns transforma-se em
suspeita de TB(6).
Os primeiros exames a serem solici-
tados devem ser o radiológico e a prova
tuberculínica.
A pesquisa de BAAR no escarro pode
ser solicitada em crianças a partir dos
sete anos, aproximadamente, e em ado-
lescentes, pois estes já são capazes de
expectorar, permitindo o exame. A mi-
croscopia é rápida, mas tem baixa sen-
sibilidade. A cultura é mais específica e
sensível, porém exige mais tempo para
ser concluída, de seis a oito semanas. A
cultura permite a identificação do baci-
lo e possibilita a realização do teste de
sensibilidade(7,8).
Pela dificuldade de realização de falta
de exames microbiológicos, o diagnósti-
co de TB na infância se torna difícil. Na
maioria das vezes as decisões terapêuti-
cas são embasadas em métodos menos
específicos. Na infância, o diagnóstico
da doença TB se realiza, com frequên-
cia, baseando-se na prova tuberculínica
(PT), na suspeita clínica, nos achados
radiológicos compatíveis e na presença
de um adulto com capacidade de contá-
gio em seu entorno. No Brasil emprega-
QuadroClínico-Radiológico ContatocomAdultocomTuberculose
TesteTuberculínico EstadoNutricional
Febre ou sintomas como: tosse, adinamia, expectoração, emagrecimento, sudorese > 2 semanasAcrescentar 15 pontos
• Adenomegalia hilar ou padrão miliar
• Condensação ou infiltrado (com ou sem escavação) inalterado > 2 semanas
• Condensação ou infiltrado (com ou sem escavação) inalterado > 2 semanas evoluindo com piora ou sem melhora com antibióticos para germes comuns
Acrescentar 15 pontos
Próximo, nos últimos 2 anosAcrescentar 10 pontos
• > 10 mm em vaci-nados com BCG ou vacinados < 2 anos
• > 5 mm em vacina-dos > 2 anos ou não vacinados com BCG
Acrescentar 15 pontos
Desnutrido graveAcrescentar 5 pontos
Assintomático ou com sintomas < 2 semanas0 pontos
Condensação ou infiltrado de qualquer tipo < 2 semanasAcrescentar 5 pontos
Infecção respiratória com mel-hora após uso de antibióticos para germes comuns ou sem antibióticosSubtrair 10 pontos
Radiografia normalSubtrair 5 pontos
Ocasional ou negativo0 pontos
< 5 mm0 pontos
Eutrófico ou desnu-trido não grave0 pontos
Quadro 1 - Sistema de pontuação para diagnóstico de tuberculose pulmonar em crianças e adolescentes (negativos à baciloscopia). Ministério da Saúde, 2010.
> 40 pontos - TB muito provável; 30-40 pontos - TB possível; < 25 pontos - TB pouco provável.
7Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p4-9, jun 2010
se o sistema de pontuação preconizado
pelo MS (9) (QUADRO 1).
Interpretação:Existem métodos biológicos molecu-
lares para diagnóstico, sorologia com
teste ELISA e a reação em cadeia da
polimerase (PCR). Este, porém, é mais
utilizado em adultos. No diagnóstico
clínico de TB pulmonar em crianças, a
sensibilidade da PCR varia de 23 a 83%
e a especificidade de 80 a 100%. Essa
técnica, embora de alto custo, seria de
grande utilidade nos casos de crianças
com doença pulmonar na qual a micro-
biologia tradicional e epidemiologia não
possibilitaram fazer o diagnóstico(10).
O diagnóstico sorológico pelo teste
ELISA é relativamente simples, barato
e não requer equipamento sofisticado,
sendo, por isso, o método adequado
para uso em laboratórios de países de
baixa renda. Por esse motivo, ele tem
sido descrito de forma cada vez mais
considerável. Nesse teste usam-se an-
ticorpos (de preferência combinados
entre si) para diversos antígenos espe-
cíficos, produzidos a partir da exposição
ao M. tuberculosis como marcadores de
infecção por TB(11).
PrevençãoA vacina BCG, mesmo depois de mais
de 80 anos de sua criação, é a única in-
dicada para a profilaxia da TB. Embora
essa vacinação seja de utilização muito
expandida, ainda há aspectos polêmi-
cos. O conhecimento insuficiente da pa-
togênese da TB e as dificuldades técnicas
dificultam a criação de novas vacinas.
Além disso, a baixa incidência da TB
em países desenvolvidos não a põe em
primeiro plano em relação à realização
de pesquisas. A eficácia global da BCG
é difícil de ser medida, visto a imensa
discrepância entre os estudos sobre o
assunto (12-16). Contudo, em crianças, os
estudos genericamente confirmam sua
eficácia por períodos de 10-15 anos(17).
Ainda mais evidente é a eficácia na
prevenção das formas graves de TB na
infância. Uma desvantagem corrente-
mente apontada à prática da vacinação
com o BCG é a de induzir a positividade
tuberculínica, dificultando a identifica-
ção dos infectados. Na prática a questão
é ultrapassada com a adoção de limites
de reatividade.
A injeção intradérmica para aplicação
da vacina BCG exige formação e prática
regular da sua execução. A pequena in-
filtração com o clássico aspecto em casca
de laranja desaparece em 1 hora, sur-
gindo posteriormente enduração com
ulceração superficial, com formação de
crosta e nova ulceração por um período
de 2-3 meses até fechar, deixando cica-
triz com um diâmetro médio de 5 mm.
A localização da injeção é na face late-
ro-externa do braço, na união do terço
superior com os 2/3 inferiores. A vacina
possui taxas extremamente baixas de
efeitos adversos graves. Na maioria das
vezes surgem adenites axilares, cervi-
cais ou intercostais próximas ao local
de vacinação que são reações benignas (4,18). Há relatos de casos individuais de
efeitos adversos do BCG em soropo-
sitivos. No entanto, em dois estudos
comparativos de populações infantis
não se encontraram diferenças signifi-
cativas entre soropositivos e controles.
Apesar disso, é desconhecida a eficácia
da vacina nestes grupos de risco, sendo
consensual, nos casos de AIDS, a não
vacinação (18-20).
Nas últimas décadas vêm sendo de-
senvolvidos experimentos visando a
utilização de novas vacinas contra a TB.
Há linhas de investigação que buscam
a imunização de mucosa contra a TB,
empregando as vias oral, intranasal ou
aerosol, o que facilitaria a administra-
ção da vacina, ampliando a cobertura
vacinal em muitas áreas do mundo. Há
avanços no conhecimento de diferen-
tes mecanismos imunogênicos desen-
cadeados por diversos antígenos mico-
bacterianos, muito embora todo este
conhecimento ainda esteja em nível
experimental (21,22).
O tratamento preventivo da TB ou
tratamento da ILTB tem grande impor-
tância na proteção de pessoas vulnerá-
veis a TB, como crianças, já que evita,
de certa forma, que infectados evoluam
TT≥5mm
• Infectados com HIV• Contatos recentes (< 2 anos) de TB pul-
monar vacinados com a BCG há mais de 2 anos
• Indivíduos não tratados para TB e portado-res de lesões sequelares na radiografia de tórax
• Pacientes candidatos a transplantes ou transplantados
• Imunossuprimidos por outras razões (uso de prednisona ≥ 15 mg/dia ou equivalente por tempo superior a um mês ou candida-tos ao uso de bloqueadores de TNF-w)
• Viragem tuberculínica• Trabalhadores do sistema prisional, cuida-
dores de idosos• Pessoal de laboratórios de micobactérias• Profissionais da área da saúde• Contatos recentes de TB pulmonar de
qualquer idade
TT≥10mm
• Contatos recentes (< 2 anos) de TB pul-monar vacinados com a BCG há 2 anos ou menos
• Usuários de drogas injetáveis• Pacientes com depressão da imunidade
por diabetes mellitus insulinodependente, silicose, linfomas, neoplasias de cabeça, pescoço e pulmão ou procedimentos como gastrectomia, hemodiálise, by-pass gas-trointestinal.
• Populações indígenas
IndependentedoTT
• Indivíduos HIV positivos com história de contato recente (< 2 anos) com TB pul-monar bacilífera ou apresentando imagem radiográfica de sequela de TB pulmonar sem história prévia de tratamento para TB, independente do valor do TT (mesmo com TT < 5 mm)
Quadro 2 - Indicação de tratamento da infecção latente por tuberculose (ILTB) segundo o resultado do teste tuberculínico (TT). Fonte - ref.7
8 Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p4-9, jun 2010
para a condição de doentes. No Brasil,
as indicações de tratamento da ILTB são
dirigidas, prioritariamente a menores de
15 anos, visando evitar o adoecimento
das crianças e adolescentes que podem
estar desenvolvendo a primoinfecção
por TB (6). O tratamento da ILTB con-
siste na administração de isoniazida em
duas situações: indivíduos não infecta-
dos por M. tuberculosis, visando evitar
a infecção- neste caso seria a quimio-
profilaxia - ou no caso de pessoas in-
fectadas, visando evitar o adoecimento.
No Brasil, recomenda-se o tratamento
da ILTB de acordo com a enduração do
teste tuberculínico e do grupo de risco
do indivíduo, segundo o Quadro 2(7).
Há evidencias de que a proteção con-
ferida pela isoniazida seja de 90% dos
casos. Durante a adolescência não foi
observada a reativação da doença, o que
sugere prolongada proteção do trata-
mento. O tratamento da ILTB também é
orientado, sob criteriosa decisão médica,
aos reatores fortes à tuberculina, sem TB
ativa, mas que devido a certas situações
clínicas são incluídos em um grupo de
alto risco de desenvolver a TB(18,23).
Nos casos de resistência à isoniazida,
a recomendação da American Thoracic
Society é a utilização de rifampicina na
dose de 10mg/kg, além do etambutol
na dose de 15mg/kg. Quando é eviden-
ciado um contato à TB multi-resistente,
o tratamento consiste no uso diário de
uma associação de etambutol (20mg/
kg) e pirazinamida (25mg/kg) durante
seis meses(24). Entretanto, esta conduta
não é generalizada e a OMS propõe o
uso de isoniazida por seis meses ou o
acompanhamento da criança infectada
sem administrar isoniazida e, caso, ve-
nha a adoecer, tratá-la segundo o pa-
drão de sensibilidade do caso índice(7).
É de grande importância a vigilância
clínica sobre o paciente, sobretudo se
ele já apresentar uma lesão hepática
ou renal, estiver fazendo algum outro
tratamento com medicamentos tóxicos
para o fígado ou pâncreas, ou faça uso
frequente de álcool (21)
Há grande dificuldade no controle de
contatos em nosso meio. A adesão ao
tratamento da TBL é uma das maiores
dificuldades devido ao descaso em rela-
ção a ela pelos indivíduos indicados, já
que estão, aparentemente, sadios.
Controle de ContatosO acompanhamento sistemático e a
triagem dos contatos de TB são algumas
das principais ações preventivas para
impedir o surgimento de novos sur-
tos da doença. Os contatos são defini-
dos como qualquer pessoa, parente ou
não, que coabita com um doente com
TB e formam um grupo para o qual se
recomenda uma atitude de busca ati-
va. Também pode ser definido por um
contato de pelo menos 200 h de expo-
sição a focos com escarro positivo para
BAAR ou de pelo menos 400 h a focos
com BAAR negativo e cultura positiva,
sendo valorizado apenas o contato no
mesmo espaço físico (fechado) (7).
A prevenção e detecção precoce de
casos de TB em crianças são metas es-
senciais para o controle da doença.
Segundo alguns autores, uma das es-
tratégias de controle mais facilmente
exeqüíveis e eficazes, e também mais
simples, para a detecção do caso índi-
ce é o exame de contatos de crianças e
adolescentes de até 15 anos com TB(26).
Contudo, a formulação dos programas
de controle da TB, tanto em nível es-
tadual quanto federal, não tem se fo-
calizado nesse ponto, se voltando mais
para a avaliação e tratamento do adulto
sintomático(27).
O tamanho da reação à prova tuber-
culínica auxilia na determinação da
necessidade de tratamento para a ILTB
dependendo dos diferentes contextos
epidemiológicos.
Estudo realizado em nosso meio de-
Teste Tuberculínico + Radiograma de Tórax
Normal Sugestivo de TB
Tratamento
Reator *
Não Reator **
Repetir o teste após 8 semanas
(*)Reator: superior a 10 mm em crianças vacinadas com BCG há menos de 2 anos ou superior a 5 mm em crianças não vacinadas com BCG ou vacinadas há mais de 2 anos.No caso de o teste haver sido repetido, pode ser considerado reator se houver diferença ≥ 10 mm entre o primeiro e o segundo teste. (**)Não reator: enduração inferior ao teste reator. [ref. 7]
Fluxograma 1: Conduta em crianças contatos de TB.
9Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p4-9, jun 2010
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28. Monte aqui o seu manuscrito
AvAlIAção
Preencher ficha na página 27 e enviar à SoPERJ
1. Arespeitodapatogeniadatubercu-losenainfância,assinaleaafirmativacorreta.
a) os bacilos chegam aos alvéolos através da dise-minação hematogência.
b) A lesão inicial causada pelos bacilos nos alvé-olos conta com a participação dos macrófagos.
c) A lesão inicial causada pelos bacilos nos alvé-olos conta com a participação dos linfócitos.
d)A via respiratória é responsável pela primo-infecção pela tuberculose apenas em adoles-centes e adultos.
e) A resposta imune da tuberculose se dá às custas dos anticorpos IgM.
2. Odiagnósticodatuberculosenainfân-ciaatualmenteéfeitocomoauxíliode:
a) sorologia com emprego de antígenos recom-binantes
b) realização de PCR
c) pesquisa de BAAR no lavado gástrico
d)tomografia computadorizada de tórax
e) sistema de pontuação
3. OtestetuberculínicocomPPDécapazdeidentificarainfecçãolatenteportuberculose(ILTB),segundoasnormasrecentesdoMinistériodaSaúdenaseguintesituação:
a) criança < 2 anos com PPD > 10 mm
b) criança > 2 anos com PPD < 5 mm
c) adolescente (> 10 anos) com PPD < 5 mm
d)adolescente (> 10 anos) com PPD = 5 mm
e) respostas a e d estão certas.
monstrou que contatos recentes com
idade ≥ 12 anos, HIV negativos e com PT
≥ 5 mm tem um risco seis vezes maior
de apresentar ILTB do que contatos com
PT < 5 mm. Também foi comprovado
que o ponto de corte da PT de 5 mm
pode ser utilizado mesmo em regiões
com alta prevalência de TB(7).
As III Diretrizes para TB da Sociedade
Brasileira de Pneumologia e Tisiologia
recomendam o controle de contatos se-
gundo o fluxograma 1(7).
Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p10-18 jun 2010
Artigo de Revisão
Política Sanitária para Asma no Brasil
Healthy Politics for Asthma in Brazil
Resumo
Summary
Atualmente a asma é um problema significativo de saúde pública, sendo o crescimento de suas prevalência e morbidade durante as recentes décadas, um importante desafio. Para gerir eficazmente a asma, há a necessidade de informações a cerca de custos com a doença e programas educacionais com desenvolvimento de métodos de serviços e cuidados que aten-dam especificamente a realidade local. Todo esforço deve ser feito para incentivar e garantir a disponibilidade e acesso dos pacientes aos medicamentos, além de implementar Programas de Gestão em asma, facilitando o manuseio da doença pelo médico e outros profissionais envolvidos. Este trabalho mostra Programas de Controle de asma desenvolvidos atualmente no Brasil, em várias cidades, identificando a preocupação nacional com a doença.
Palavras-chave: Asma, Criança, Programa de Saúde
Currently, asthma is a significant public health problem, with increasing prevalence and mor-bidity over recent decades, a major challenge. To manage asthma effectively, we need the information about costs of illness and educational programs for developing methods of care and services for specific local realities. Effort should be made to encourage and ensure the availability and patient access to medicines, and to implement programs in asthma management for easy management of the disease by physicians and other professionals involved. This work shows Control Programs asthma currently developed in Brazil in several cities, identifying the national preoccupation with the disease.
Keywords: Asthma, Chlidren, Healthy Programs
10
Ariane Molinaro Vaz de Souza 1
Maria de Fatima Pombo March 2
1 Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente (Coordenadora Médica Assistencial do Hospital Municipal Jesus)
2 Professora Adjunta (Professora de Pediatria da UFRJ e UFF)
Endereçoparacorrespondencia
Maria de Fátima Pombo March
Rua Otávio Carneiro, 143/611 -Icarai- Niterói- Cep 24230-190
EsteartigofoisubmetidonoSGP(SistemadeGestãodePublicações)daSOPERJem13/4/2010eaprovadoem7/6/201017:11:51.
11Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p10-18 jun 2010
IntroduçãoO conceito de asma vem se tornando
mais complexo e atualmente considera-
se uma doença na qual interagem de-
terminantes genéticos e ambientais. É
uma condição comum que tem impacto
sobre a qualidade de vida e na deman-
da do Sistema de Saúde. Há tendência
mundial de aumento da sua morbidade,
mortalidade e hospitalização na faixa
etária pediátrica (1-2). No Brasil, Rosá-
rio Filho (3) relatou aumento da venda
de medicamentos para tratamento de
asma e de internações hospitalares pela
doença.
Atualmente a asma é um problema
significativo de saúde pública, sendo o
crescimento da prevalência e morbi-
dade durante as recentes décadas, um
importante desafio.
A articulação entre a epidemiologia e
o planejamento de saúde é um dos te-
mas que mais tem mobilizado a atenção
de pesquisadores, docentes e profissio-
nais dos serviços, no contexto recente
da Reforma Sanitária Brasileira. Isto
tem ocorrido tanto a partir de um ponto
de vista estritamente teórico, quanto a
partir de demandas e necessidades ge-
radas pelo processo de implementação
de estratégias para a construção de um
novo sistema de saúde no país.
A situação atual da política de saúde para asmaPara gerir eficazmente a asma, há a
necessidade de informações a cerca de
custos com a doença, programas educa-
cionais para desenvolverem métodos de
serviços e cuidados que atendam espe-
cificamente a realidade local.(4)
As IV Diretrizes Brasileiras para o
Manejo da Asma, de 2006, foram con-
cebidas para ser um documento norte-
ador de recomendações essenciais para
que os profissionais de saúde tenham
a possibilidade de promover o controle
da asma, melhorando a qualidade de
vida e reduzindo a mortalidade. As re-
comendações contidas neste consenso
foram baseadas em evidências, com
teor científico, baseada na literatura
cientifica atualizada. O texto é dividido
em nove capítulos, partindo da etio-
patogenia e epidemiologia, passando
pela classificação clínica da gravidade
e controle, tratamento da manutenção
e da crise, educação em asma, e por
último, as informações legais pertinen-
tes para subsidiar o fornecimento dos
medicamentos aos pacientes, que estão
disponíveis no nosso país. (5) O objetivo
principal deste documento é divulgar
as informações nele contida para que
o paciente asmático atinja e mantenha
o estado de controle da doença. O tra-
tamento medicamentoso é baseado na
classificação da gravidade e no estado
dos níveis de controle.
Programa de controle de asma e riniteA diversidade de sistemas de saúde em
cada país, em conjunto com as varia-
ções na disponibilidade da terapêutica
da asma requer que as recomendações
de cuidados com os pacientes asmáticos
sejam adaptados às condições locais de
cada comunidade. Além disso, os fun-
cionários de saúde pública necessitam
de informações, sobre os custos dos
cuidados com asma, para gerirem este
problema crônico, na criação de progra-
mas de controle da asma, onde haja o
desenvolvimento de serviços especiali-
zados no cuidado de asma e rinite em
que métodos educacionais e de serviços
se adequem as necessidades locais, para
responderem às necessidades específi-
cas de cada país.(6)
O Programa Iniciativa Mundial para
ASMA (GINA) visa melhorar os cui-
dados de pessoas com asma, desde a
divulgação de informações cientificas
e recomendações para os programas
de asma, do tratamento dos pacientes
pelos profissionais de saúde além de fo-
lhetos educativos para pacientes e suas
famílias.(6)
Todo esforço deve ser feito para in-
centivar e garantir a disponibilidade e
acesso aos medicamentos, desenvol-
vendo meios eficazes para implemen-
tar Programas de Gestão em ASMA,
incluindo a utilização de instrumentos
adequados para medir o sucesso.
O último manual da Iniciativa Mun-
dial para ASMA é datado de 2008, e
no nosso país, o último Consenso-
IV Diretrizes Brasileiras para o Ma-
nejo da Asma foi lançado em 2006.
A situação atual dos programas de asma no BrasilA asma é considerada um problema
de Saúde Publica pelos órgãos gover-
namentais. Apresenta prevalência em
torno de 20%, segundo dados do DA-
TASUS leva a 350.000 internações a
cada ano, e ainda é responsável por 5
a 10% dos óbitos por causa respirató-
ria. Na maioria das situações a ASMA
apresenta crises potencialmente rever-
síveis, quando tratada precocemente e
adequadamente.
Há muitos anos as associações médi-
cas envolvidas no tratamento desta do-
ença lutam pela criação e implantação
de um Plano Nacional de Asma e com
um envolvimento e comprometimen-
to dos órgãos governamentais, criaram
uma oficina de trabalho no ano de 2006,
para discutir os pontos básicos do pro-
grama: capacitação profissional, plane-
jamento, implantação, cobertura epide-
miológica, financiamento e resultados.
Neste encontro estiveram presentes
representantes de todas as associações
(Sociedade Brasileira de Pneumologia
e Tisiologia-SBPT, Sociedade Brasileira
de Pediatria-SBP, a Associação Brasilei-
ra de Alergia e Imunopatogia-ASBAI,
a Sociedade Brasileira da Medicina da
Família e Comunidade - SBMFC e a
Associação Brasileira de Asmáticos -
12 Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p10-18 jun 2010
ABRA), do Ministério da Saúde e de
13 Programas de Asma que já estavam
em funcionamento há mais de 2 anos.
(Quadro 1)
Durante a oficina realizada em Brasí-
lia foi também discutido a importância
das políticas públicas para a asma dentro
de um contexto no qual se considerou a
integralidade, o modelo assistencial e a
vigilância em saúde e o aproveitamento
das experiências dos programas já em
funcionamento.
A descentralização, a municipalização
e a regionalização dos Programas de
Asma no Brasil são fundamentais para
seu melhor funcionamento.
Até o ano de 2004, quanto aos cui-
dados da asma e rinite, não existia uma
Política nacional de abordagem integral
aos pacientes portadores dessas doen-
ças, sendo que apenas o tratamento da
asma grave era contemplado no elen-
co do Programa de Medicamentos de
Dispensação em Caráter Excepcional,
instituído por meio da Portaria GM
n.1318, de 23 de junho de 2002, atua-
lizada pela Portaria SAS/MS nº 921, de
25 de novembro de 2002. Este Progra-
ma assegura o acesso aos medicamentos
beclometasona, budesonida, fenoterol,
formoterol, salbutamol e salmeterol a
todos os pacientes portadores de asma
grave cujo caso clínico se enquadre no
CID 10, conforme Protocolo Clínico e
Diretrizes Terapêuticas publicados por
meio da Portaria SAS/MS n.12, de 12
de novembro de 2002.
Diante desta constatação, em 2004, o
Ministério da Saúde publicou o Manual
técnico Asma e Rinite: linhas de condu-
ta em atenção básica, que corrobora o
III Consenso Brasileiro no Manejo da
Asma de 2002 e o guia para Manejo da
Rinite Alérgica e seu impacto na Asma
de 2002. Assim, mediante esta política,
o tratamento da asma leve a moderada
passou a ser realizado na rede de aten-
ção básica. Com a Portaria GM n.1.105
de 5 de julho de 2005, o Ministério da
Saúde assumiu o compromisso pelo for-
necimento dos medicamentos destina-
dos a asma (leve e moderada) e à rini-
te, visando o tratamento dos pacientes;
porém devido a sugestão dos gestores
estaduais e municipais de saúde, houve
a descentralização dos recursos federais
destinados ao custeio de medicamentos
da farmácia básica, o que resultou na
revogação em outubro de 2005 desta
Portaria. (Quadro 2)
Os recursos federais destinados aos
custeios de medicamentos da atenção
básica, tiveram forte crescimento, e os
recursos aplicados na assistência farma-
cêutica nos último quatro anos cresce-
ram aproximadamente 120%, repre-
sentando cerca de 12% do orçamento
total do Ministério da Saúde para 2006.
O Programa Criança que Chia - Belo
Horizonte - MG foi implantado progres-
sivamente desde 1996, a partir de um
Programa desenvolvido em 1994 no
ambulatório Campos Sales, com um
ambulatório de referência, sendo firma-
do um acordo de cooperação técnica en-
tre a Faculdade de Minas Gerais e o pre-
feito de Belo Horizonte. O objetivo do
Programa era investir na capacitação da
equipe de saúde e na educação em asma
dos pacientes e familiares; reorganizar a
assistência pública dispensada à criança
asmática, envolvendo os níveis primá-
rios, secundários e terciários, permitin-
do assim criar vínculo do paciente com
a equipe de saúde das unidades básicas
e disponibilizar medicamentos inalató-
rios para o controle das exacerbações e
para o tratamento de manutenção. Em
relação aos resultados obtidos, pode-se
afirmar que após análise do inquérito
realizado com 124 pediatras, 86% deles
afirmaram serem capazes de discriminar
Programas local
Programa Criança que Chia
Belo Horizonte, MG
Programa de Volta para Casa&Asma
Porto Alegre, RS
Programa Respira Lond-rina
Londrina, PR
Programa Catavento Goiânia, GO
Programa Proaica Fortaleza, CE
Programa CreAs Vitória, ES
Programa ProARFeira de Santana, BA
Programa Papa São Luis , MA
Programa Respira Niterói Niterói, RJ
Programa Respira RioRio de Janeiro, RJ
Programa ProAR Salvador, BA
Programa Controle da Asma
Curitiba, PR
Programa de Atendi-mento ao paciente Asmático
Brasília, DF
Fonte: Cerci Neto (2007)
Quadro 1 – Programas de Asma Existentes no Brasil
Medicamento Apresentação
Diproprionato de beclometasona 50mcg spray nasal Frasco
Diproprionato de beclometasona 250 mcg spray Frasco
Salbutamol solução oral 2mg/5ml Frasco
Salbutamol 2 mg Comprimido
Salbutamol 100 mcg spray oral Frasco
Prednisona 5 mg Comprimido
Prednisona 20 mg Comprimido
Fonte: Departamento de Assistência Farmacêutica/SCTIE/MS (Brasil, 2006).
Quadro 2 - Medicamentos elencados na Portaria GM n.1.105/05, desti-nados ao tratamento da asma e da rinite (Brasília, 2006)
13Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p10-18 jun 2010
os pacientes elegíveis para o tratamen-
to com corticoterapia inalatória e cerca
de 50% se sentiam seguros para acom-
panharem clinicamente seus pacientes
asmáticos; houve redução do número
de hospitalizações (antes e após inclu-
são no programa), o que constitui um
dos principais objetivos do programa;
e incremento no uso de aerossol aco-
plado a espaçador e redução à metade
da micronebulização tradicional. Este
programa fez doze anos de criação em
2006 e dez anos de sua implantação na
rede pública. (7)
O Programa de Volta para Casa & As-
ma-Vigilância à Saúde da Família que
convive com Asma no serviço de Saúde
Comunitária do Grupo Hospitalar Con-
ceição de Porto Alegre-RS é formado
por 12 unidades de saúde de atenção
primária e quatro hospitais do SUS (Sis-
tema Único de Saúde). A implantação
do Programa foi em 2001 e incluía ca-
pacitação, educação permanente, as-
sistência multiprofissional, elaboração
de diretrizes de atendimento, guia de
visita domiciliar e grupos de educação
com a elaboração de material educativo
e acesso à medicação. Após o período
de um ano do programa, reduziu-se a
internação em 9% (p=0,04-RR=1,65),
nas unidades onde houve a implantação
do programa, não ocorrendo redução
nas outras unidades de saúde. Desde
2003, o percentual de internações por
asma vem diminuindo (19% em 2003,
16% em 2004 e 14%, em 2005). Em
2006, iniciaram a revisão das diretrizes
clínicas e reestruturação do sistema de
informação do programa, permitindo
assim avaliação imediata nas unidades
com boletim de atendimento informa-
tizado. (7)
O Programa Respira Londrina-PR ini-
ciou-se com um projeto piloto em 2002
em apenas uma UBS (Unidade Básica
de Saúde) e possuía como proposta a
Educação Permanente do profissional
de saúde, na busca ativa dos pacientes,
no tratamento mais humanizado, na
facilidade de acesso do usuário ao ser-
viço, na medicação gratuita, nas visitas
domiciliares para controle ambiental e
acompanhamento e na integração dos
vários níveis de atenção à saúde. Dentre
as medidas iniciais para a implantação
do Programa, houve a criação de fichas,
com intuito de uniformizar o atendi-
mento, sendo elas: ficha de atendi-
mento (adulto e bebê chiador) que é
preenchida pelo médico, ficha para ca-
dastramento do asmático no programa
(preenchida pela enfermagem), ficha de
aprazamento de medicação para con-
trole e dispensação de fármacos, preen-
chida pelo profissional responsável pela
farmácia, ficha de controle ambiental,
preenchida pelo profissional de enfer-
magem junto ao agente comunitário da
microárea, nas visitas domiciliares e fi-
cha de avaliação global (monitoração do
Programa na UBS). No período de 2004
a 2005, houve redução de 33% das in-
ternações por crise asmática em relação
a 2002 a 2003. Outros resultados foram
o reconhecimento por parte do asmáti-
co e seus familiares, que relatam melho-
ra clínica e satisfação com o tratamento
recebido; redução na fila de espera para
atendimento com especialista, atuação
do Conselho Consultivo em Asma no
Município, com participação de todos
nas visitas às Unidades Básicas de Saúde
e nos treinamentos; aumento de produ-
ção científica (produção de trabalhos,
estágio de acadêmicos da área de saúde
da Universidade Estadual de Londrina e
pós graduação-mestrado e doutorado);
e a criação do projeto de lei reconhe-
cendo o Conselho consultivo e funções
a ele atribuídas.(7)
O Programa de Controle da Asma de
Goiânia-Catavento, iniciado na sua se-
gunda versão em novembro de 2004,
com a chegada das medicações, tem
como proposta a garantia de atendi-
mento integral ao paciente asmático na
rede pública de saúde e os objetivos de:
conscientizar os órgãos gestores, os pro-
fissionais de saúde e a população em ge-
ral que a Asma é um problema de saúde
pública, difundir para os profissionais
de emergência os conceitos terapêuticos
de acordo com os Consensos Brasileiros
de Asma, reduzir o uso inadequado de
medicamentos, garantir a manutenção
do fornecimento gratuito de medica-
mentos básicos aos pacientes asmáti-
cos, viabilizar a captação do maior nú-
mero possível de pacientes asmáticos
para integração ao programa, levantar
indicadores que permitam um melhor
conhecimento do problema, reduzir o
número de internações e de procuras
pelo atendimento de emergência devi-
do à crise de asma e reduzir os custos di-
retos e indiretos com asma, colaborando
para atingir as metas de responsabili-
dade fiscal e melhora da qualidade de
vida da população.Por ser um Programa
considerado jovem, esperam que haja,
em breve , resultados como redução das
internações, à procura de unidades de
emergência e a melhora da qualidade
de vida dos pacientes. (7)
O Programa de Atenção Integral à
Criança Asmática (Proaica) de Forta-
leza-CE, foi implantado em 1996, com
o objetivo geral de melhorar a quali-
dade da atenção à saúde da criança e
do adolescente com asma em Fortaleza
e objetivos específicos: de promover a
assistência, desenvolver um programa
educativo, organizar a partir da rede
básica, um sistema integral à saúde da
criança e do adolescente com asma e
avaliar, por pesquisa, os resultados
desse programa de controle da doen-
ça. Como estratégias de controle fazem
uma pré consulta com abordagem edu-
cativa grupal realizada entre pacientes/
familiares e profissionais (assistente so-
cial e /ou enfermeiro), consulta médica
e pós consulta realizada por enfermeiro
14 Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p10-18 jun 2010
e/ou assistente social a fim de enfati-
zar a educação, prevenção das crises,
e explicação do plano terapêutico para
garantir a adesão ao tratamento (8). A
alta do programa ocorre quando o pa-
ciente não apresenta crise de asma há
mais de um ano e quando não está em
uso contínuo de corticóide inalatório;
caso o paciente deixe de comparecer às
consultas por um período de um ano,
é considerado abandono e desligado do
programa. Como resultados do Proaica
em relação ao perfil socioepidemioló-
gico têm: 90,2% dos pacientes atendi-
dos no programa têm idade inferior a
3 anos, 57,4%são do sexo masculino,
a renda familiar mensal encontrada foi
baixa, em média 1,61 salários mínimos;
depois de um ano de acompanhamento,
houve redução de 88,6% no número
e intensidade das crises e em relação à
gravidade, 29,5% dos casos eram clas-
sificados como intermitentes, 49,5%
persistentes leves, 8% persistentes mo-
derados e 13% persistentes graves; re-
dução da frequência a ida à emergência
em cinco ou mais vezes (16,8%). Em
relação aos pacientes em idade escolar
houve também redução do absenteísmo
escolar (apenas 5%). (7)
O Programa de Controle de Rinite e
Asma da Santa Casa de Misericórdia
(Programa CreAS)-Vitória-ES é um pro-
jeto de assistência que integra o Siste-
ma Único de Saúde (SUS) e a Emescan
(Escola de Medicina da Santa Casa de
Misericórdia de Vitória) e teve seu iní-
cio em março de 2000, no ambulatório
de Asma do Serviço de pneumologia,
sendo os medicamentos prescritos,
comprados pelos pacientes ou doados
pela indústria farmacêutica. A partir de
2003, a Secretaria Municipal de Saúde
de Vitória passou a fornecer salbutamol
e beclometasona em spray e em 2004, a
Secretaria Estadual de Vitória, forneceu
formoterol e budesonida mediante au-
torização procedimentos de alto custo
(APAC). Em 2005, e parceria com a pre-
feitura municipal, concretizou o projeto
da criação do Centro de Referência em
Asma para adolescentes e adultos, es-
tabelecendo um registro próprio e uma
ficha padrão para atendimento, com
base na utilizada pelo Plano de Aten-
ção ao Paciente com Asma e Rinite do
Rio de Janeiro. Os principais objetivos
eram de se tornar uma referência para
o atendimento, reduzir o número de
consultas e/ou internações em unidades
de emergência, manter um programa
de educação em conjunto com a ABRA
de Vitória, enfatizar o conceito de via
aérea única, reforçando a necessidade
do controle da rinite alérgica segundo
Iniciativa ARIA, pesquisar e controlar as
co-morbidades, treinamento continua-
do dos profissionais e garantir o acesso
ao medicamento inalatório. Em relação
aos resultados, houve diminuição das
internações por asma em Vitoria e na
Santa Casa e dos 280 pacientes inscritos
no Programa até outubro de 2005, 197
são do sexo feminino e 83 do sexo mas-
culino, e de acordo com a classificação
da gravidade, 37,5%portadores de asma
leve, 33,2%, asma persistente modera-
da, e 29,3% asma persistente grave. (7)
O Programa de Controle da Asma e
Rinite (Pro AR - Feira de Santana-BA)
iniciou sua implantação em 2004, com
o auxílio da experiência do Programa
Pro AR Bahia e do Conselho Munici-
pal de Saúde. As medicações utilizadas
seguem as recomendações da Portaria
do Ministério da Saúde n. 1.318 de 23
de julho de 2002, para o tratamento
de asma e rinite. O fluxograma para o
atendimento no Centro de Referência
é realizado com consultas agendadas e
captação dos pacientes pelos profissio-
nais dos hospitais, policlínicas, progra-
ma de saúde da família, unidade básica
de saúde, centro de saúde e a busca es-
pontânea; sendo iniciado, dessa forma,
a organização do serviço de referência
e contra-refência aos pacientes com
asma. Até junho de 2006, dos 2.851 pa-
cientes atendidos com asma no Centro
de Referência, 24,78% foram classifi-
cados como asma grave, 47% de asma
associada a rinite em todas as formas,
14% de rinite sem asma e 9,4% com
outros diagnósticos. Observaram a pre-
dominância de encaminhamento da
asma nas formas leve e moderada com
aumento gradual das formas graves. Os
resultados do Programa após um ano de
funcionamento demonstraram redução
nas hospitalizações em 2005 em com-
paração ao ano 2004, diminuição na
busca de emergência por exacerbação
da crise de asma em 86% dos pacientes
em tratamento além de impacto na taxa
de hospitalização por infecções respira-
tórias em crianças menores de 5 anos,
com percentual de redução de 51%.
Houve também redução da mortalidade
por asma em 2005 em comparação aos
anos anteriores. Há perspectivas de re-
dução na prevalência de asma na cida-
de com o diagnóstico precoce da rinite
alérgica na criança por ser a rinite um
fator de risco para a asma, além de fa-
vorecer um melhor controle da asma.(7)
O Programa de Controle da Asma e
Rinite Alérgica (Pro AR)-Salvador BA,
é um programa multiinstitucional de
ensino, pesquisa e assistência, basea-
do no Plano Nacional de Controle da
Asma e coordenado pela Faculdade de
Medicina da Universidade Federal da
Bahia, com financiamento da Funda-
ção de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fa-
pesb). O projeto foi elaborado em 2002
e suas primeiras iniciativas ocorreram
em 2003, com envolvimento de todas
as instâncias do SUS. Este programa
tem como metas a assistência integral
ao paciente com asma e rinite associada
no âmbito do SUS na Bahia, incluindo
o fornecimento integral das medica-
ções; a estruturação de ambulatórios
de referência para os casos graves, que
15Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p10-18 jun 2010
teriam prioridade no atendimento e o
treinamento das equipes de Atenção
Básica de Saúde do SUS para o cuidado
de casos de asma leve a moderada. Em
relação a custo-efetividade do ProAR,
foi analisado o número de consultas,
idas à emergência, internações, Uni-
dade de Tratamento Intensivo, exames
complementares, medicação utilizada e
recursos humanos médicos e não médi-
cos sendo verificado os custos utilizados
pelo Sistema Público de Saúde (emer-
gência, internação e UTI), que após a
inclusão no programa, houve econo-
mia anual para o SUS de R$1.727,02
por paciente, pois o aumento no cus-
to total do tratamento preventivo dos
pacientes, foi compensado por uma
grande redução nos custos hospitala-
res, que caíram de R$ 151.570,06 para
R$2.181,36(dados da Secretaria Esta-
dual de Saúde da Bahia ).(7)
O Programa de Assistência ao Pacien-
te Asmático (PAPA)-São Luís- MA, foi
fundado em 1996, com o objetivo de
criar um ambulatório de assistência ao
paciente asmático associado a um plano
de educação para os pacientes e seus
familiares, a fim de avaliar, monito-
rar, educar e tratar, sendo adaptado de
acordo com as características socioeco-
nômicas e culturais da população alvo.
Consta de um modelo de atendimento
de pré consulta (realizada pela equipe
de enfermagem e/ou alunos de gra-
duação em medicina e enfermagem),
consulta (realizada por médicos e/ou
pelos acadêmicos de medicina por pre-
enchimento de ficha padronizada, re-
alização de prova de função pulmonar
com broncodilatador para confirmação
diagnóstica e classificação da gravidade
e monitoramento da asma) e pós con-
sulta (realizada por acadêmicos de en-
fermagem que avaliam como o pacien-
te está usando a medicação inalatória e
programa educacional com palestras).
O PAPA oferece treinamento e capa-
citação para as equipes do Programa
de Saúde da Família com uma parte
teórica e prática, aplicada por equipe
multidisciplinar de médicos e acadêmi-
cos de medicina e/ou de enfermagem
previamente treinados e capacitados,
a fim de formarem multiplicadores de
treinamento, capacitação e superviso-
res de programas educativos em ASMA
para a rede básica de saúde. (7)
O Programa de Atendimento ao Pa-
ciente Asmático do Distrito Federal foi
implantado em 1999 pela Secretaria
de Saúde, com os objetivos de: fortale-
cer a adesão dos pacientes e familiares
com tratamento ambulatorial, reduzir
demanda do pronto socorro, número de
internações e gastos diretos e indiretos,
melhorando a qualidade de vida do as-
mático e sua produtividade, diminuindo
seu sofrimento, suas faltas ao trabalho
e a escola e prevenir o óbito. O fluxo-
grama para o atendimento ao paciente
depende da gravidade de sua classifica-
ção, os casos leves são acompanhados
no próprio centro de saúde ou no PSF,
os moderados ou graves, nos centros de
referência. As perspectivas do programa
são a informatização do atendimento e
dos dados estatísticos, aquisição de es-
pirômetros, criação de um novo Centro
de Referência em Samambaia, treina-
mento e capacitação dos profissionais de
saúde, fortalecimento do acompanha-
mento dos pacientes na atenção primá-
ria, manutenção do fornecimento dos
medicamentos básicos e de alto custo
para os pacientes asmáticos.(7)
O Programa Crescendo com Saúde
e Alergias Respiratórias na Infância-
Secretaria Municipal de Saúde-Curi-
tiba-PR, tem a finalidade de reduzir o
impacto das doenças respiratórias na
morbimortalidade infantil do municí-
pio, com elaboração de protocolo de
atendimento, em parceria com setores
acadêmicos e entidades de classe para
padronização de condutas relativas às
doenças respiratórias. Como objetivos
do programa: padronizar e adequar à
realidade local as condutas relativas às
doenças respiratórias; organizar o fluxo
entre as atenções primária, secundária
e terciária (referência e contra-referên-
cia); disponibilizar medicamentos aos
pacientes da rede pública municipal
(antibióticos broncodilatador e corti-
cóide inalatório); capacitar médicos
da rede pública municipal e reduzir a
morbidade e a mortalidade por doen-
ças respiratórias. Em um levantamento
realizado no ano de 2004, de pacientes
atendidos no ambulatório de alergia/
pneumologia pediátrica do Hospital das
Clínicas - UFPR, dos 831 pacientes em
acompanhamento, com idade média
de 4,5 anos, a asma foi classificada pela
intensidade como leve (38,5%), mo-
derada (54,4%) e grave (7,1%) e em
relação ao tratamento medicamentoso,
o corticóide inalatório foi o de escolha
em 95% dos casos, a teofilina em 18%
e o broncodilatador de longa ação em
6% dos casos.(7)
O RESPIRA Niterói-Plano de Aten-
dimento ao Asmático no Município de
Niterói-RJ teve seu início em meados
de 2003, baseado no Plano Nacional de
Controle da Asma do Ministério da Saú-
de(9). Como objetivos principais do pro-
grama têm: oferecimento de esquemas
diagnósticos e terapêuticos com eficácia
na resolução da asma; conscientização
dos órgãos gestores, profissionais de
saúde e população em geral de que a
asma é um problema de saúde pública;
introdução e implementação na rede
SUS de normas de manejos do paciente
asmático; redução da morbimortalidade
por asma em Niterói; diminuição dos
custos com atendimento em serviços de
emergência, hospitalizações, absente-
ísmo escolar e no trabalho e definição
de indicadores que permitam o acom-
panhamento dos resultados da imple-
mentação do Programa de Controle de
16 Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p10-18 jun 201016
Asma no município. Em relação ao flu-
xo de atendimento deste programa fica
acertado que os casos de asma leve, o
acompanhamento será realizado a ní-
vel de atenção básico (módulos médi-
cos da família, unidades básicas e poli-
clínicas comunitárias); os classificados
como asma grave, atendidos no nível
de atenção de referência (Policlínica
Sylvio Picanço, Hospital Universitário
Antônio Pedro-HUAP e Hospital Getu-
lio Vargas Filho-HGVP); e os de asma
moderada sem complicação, no nível
de atenção básico e os com complicação,
nos ambulatórios especializados (nível
de referência). Como resultados deste
programa, em 2005, houve redução de
25% das internações por asma na faixa
etária pediátrica e implantação de ações
educativas com treinamento das equi-
pes engajadas no programa.(7)
Programa de asma no município do Rio de Janeiro O município do Rio de Janeiro possui
uma população residente de 6 117 935
habitantes com uma população de 1
574 556 na faixa etária de 0 a 19 anos
de idade (o que corresponde a 26%
do total da população). As doenças do
aparelho respiratório correspondem à
importante causa de internação e óbito
no município do Rio de Janeiro, dentre
elas, se destaca a asma, na faixa etária
de 1 a 4 anos de idade. Há ainda um
grande número de crianças e adolescen-
tes que não tem acesso a atendimento
ambulatorial, gerando uma ida fre-
quente aos serviços de emergência para
serem atendidas, ocasionando interna-
ções evitáveis com comprometimento
da qualidade de vida e culminando com
absenteísmo escolar.(7)
Desde o ano de 2000 a Secretaria
Municipal de Saúde iniciou a implan-
tação do atendimento a crianças com
asma grave em Unidades de Saúde
com médicos especialistas (alergistas e
pneumologistas). Nesta época havia 3
Polos (Hospitais Cardoso Fontes, Jesus
e Piedade), de asma grave para crianças,
sendo fornecido pela SMS a grade de
medicamentos (beclometasona spray
250mcg e salbutamol spray 100mcg).
Foram realizados treinamento para ca-
pacitação de pediatras nas Unidades de
Saúde da Rede Municipal para atendi-
mento ambulatorial em asma segundo
a Metodologia AIDPI-MS.
O objetivo de um Polo de asma é
para organizar a assistência aos pa-
cientes com asma e asma associada à
rinite, com uma abordagem diagnósti-
ca e terapêutica das 2 enfermidades de
acordo com os Consensos Brasileiros
de Asma(5), normatizando o diagnósti-
co com a classificação da gravidade vi-
gente (asma intermitente, persistente
leve, moderada e grave) e padronizando
e humanizando o tratamento para os
pacientes.
No ano de 2003, em parceria com a
Sociedade de Pediatria, no CONSOPERJ
(Congresso de Pediatria no Estado do
Rio de Janeiro), durante o curso avan-
çado de pneumologia, houve treina-
mento de 20 pediatras e ainda neste
ano, o município do RJ, contava com
15 Polos de asma leve a moderada.
Sob a gerência da Secretaria Munici-
pal de Saúde do Rio de Janeiro, através
da coordenação de Programas de Aten-
dimento Integral à Saúde e da Gerência
de Programas de Saúde da Criança em
parceria com a Gerência de Pneumolo-
gia Sanitária, foi implantado em 2004
um programa de atendimento ambu-
latorial ao paciente com asma e rini-
te; sendo elaborados impressos para o
atendimento nos Polos: ficha de acom-
panhamento, mapa de registro diário
de atendimento, consolidado mensal de
atendimento e controle de estoque de
medicamentos. A ficha de atendimento
utilizada foi modificada pelo grupo téc-
nico da SMS, sendo utilizada como base
a ficha do Programa de Asma de Belo
Horizonte por ser de fácil preenchimen-
to e servir de roteiro para o profissional
checar todas as informações importan-
tes. As informações do mapa do regis-
tro diário são um resumo da ficha de
acompanhamento, seguindo a mesma
ordem dos itens (ANEXO I). O consoli-
dado mensal, que deve ser preenchido
pela chefia diretamente relacionada ao
Polo, contem os totais mensais dos itens
do mapa de registro diário, acrescido de
informações extraídas do livro de ins-
crição do Polo. O consolidado mensal
e a ficha de controle de medicamentos
são enviados mensalmente para a CAP
e Gerência de Programa da Criança.
Esse programa visa à criação de Polos
de tratamento de acordo com a gravida-
de da asma brônquica: leve, moderada e
grave, divididas pelas áreas programáti-
cas do município e atendendo pacientes
pediátricos e adultos, em uma tentativa
de se reduzir a morbimortalidade nos
residentes do município do RJ, tendo
como objetivos específicos:
• Capacitar profissionais da rede de
atendimento
• Promover educação permanente para
os profissionais
• Aumentar a cobertura do acompa-
nhamento de asmáticos por meio da
implantação de novos Polos de asma
• Garantir o suprimento de medica-
mentos e espaçadores
• Promover a captação dos pacientes
sem acompanhamento nas emergên-
cias e serviços de pronto atendimento,
PSF e PACS, e creches da SME
• Hierarquizar os Polos
• Inserir pré e pós consulta nos Polos
• Garantir referência segundo a classi-
ficação da asma para os Polos, con-
forme a complexidade dos mesmos.
• Implantar ações de promoção e edu-
cação em saúde para os pacientes e
seus familiares em associação com a
ABRA-RJ
17Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p10-18 jun 2010
• Implantar testes diagnósticos de aler-
gia e imunoterapia
• Aperfeiçoar o sistema de informação.
• Com a criação dos Polos, tem-se uma
tentativa de normatização e padro-
nização do atendimento do paciente
asmático seguindo o Consenso Brasi-
leiro de Asma que preconiza o trata-
mento de acordo com a classificação
da asma brônquica: intermitente, per-
sistente leve, persistente moderada e
persistente grave. Atualmente, no
município encontram-se em funcio-
namento 33 Polos (Quadro 3), sendo
12 para atendimento pediátrico (3
para asma grave e 9 para asma leve
a moderada). Os pacientes inscritos
no programa recebem terapia medica-
mentosa, que em 2004, foi elencado
o arsenal terapêutico:
• Budesonida spray nasal (32 mcg),
• Budesonida aerossol bucal (50 e
200 mcg) e suspensão para nebu-
lização 0,25mg/ml,
• Salbutamol spray 100mcg
• Formoterol cápsulas de 12 mcg,
• Cetirizina 10mg/cp e solução oral
1mg/ml
A grade de medicamentos foi expan-
dida desde os primórdios de 2000 até o
ano de 2004, pela parceria entre Núcleo
de Assistência Farmacêutica, Setor de
compras e GPC e GPS da SMS_RJ. A
liberação dos medicamentos é realizada
por prescrição exclusiva de profissionais
dos pólos (pediatras, pneumologistas e
alergistas).
No ano de 2005 houve ampliação dos
Polos de atendimento com um total de
veis pela atenção desses pacientes.
No ano de 2006 (abril), houve a ex-
pansão dos Polos, definidos e pactuados
entre os gestores de CAPs e unidades
e equipe técnica da SMS, passando de
18 para 33 os Polos para crianças (três
de asma grave e trinta de asma leve a
moderada). O intuito era de alcançar 50
Polos, porém, o mesmo não foi atingi-
do, devido a abertura dos novos Polos
estar condicionada ao abastecimento de
medicamentos.
Desde 2002, com intensificação a par-
tir de 2004 e com a crise orçamentária
da SMS-RJ, foram vivenciados períodos
de desabastecimento de medicamen-
tos da grade de asma e rinite; sendo o
beta-2-agonista de longa duração e a
budesonida, dispensados pela listagem
de medicamentos excepcionais que são
da responsabilidade de aquisição e distri-
buição da Secretaria Estadual de Saúde.
Em relação aos resultados do RespirA-
Rio, na avaliação realizada no segundo
semestre de 2005, por meio dos conso-
lidados mensais dos 15 dos 18 Polos em
funcionamento, havia 4047 pacientes
em tratamento no Polo de asma leve a
moderada, tendo 183 (4,5%) ido ao ser-
viço de emergência e apenas 22 (0,5%)
relatados terem sido internados. Nos 2
Polos de asma grave, com 1280 pacien-
tes em atendimento e na análise desse
mesmo período, 140 (11%) procura-
ram serviço de emergência e apenas 39
(3%) relataram internação. Conclui-se
que esses dados corroboram o impac-
to positivo decorrente do Programa de
Controle da asma e rinite das crianças
e adolescentes.(7)
Quadro 3 – Ampliação em número dos Pólos de asma no município do Rio de Janeiro
ClassificaçãoAsma 2005 2006
Asma grave 2 3
Asma leve/moderada 16 30
Total 18 33
Fonte: Secretaria Municipal de Saúde - RJ
18 Polos para o atendimento pediátrico
e 4 para adultos totalizando 50 Polos de
atendimentos de crianças e adultos, em
torno de 5 Polos para cada APs; sendo
ampliado o programa de atendimento
com fluxo de sala de espera, consulta de
enfermagem no intuito de promoção e
educação em saúde. (Quadro 3)
Foram elaborados os instrutivos de
preenchimentos das fichas e treinado
os técnicos responsáveis pelo atendi-
mento nos Polos com a finalidade de
esclarecer a importância do correto
preenchimento, que na SMS serão
digitados em um banco de dados que
subsidiam para dimensionar a compra
de medicamentos, estipulando a cota
para cada Polo, permitindo monitorar
o perfil de atendimento, acompanha-
mento clinico e capacidade de atendi-
mento de cada Polo.
Foram realizados cursos de capacita-
ção para os profissionais da rede muni-
cipal de saúde que prestavam atendi-
mento aos pacientes com asma e rinite,
dentro dos critérios do III Consenso do
Manejo da Asma e pelo Guia da Inicia-
tiva Ária (Impacto da Rinite Alérgica na
Asma); a fim de padronizar o atendi-
mento e integrar as equipes responsá-
18 Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p10-18 jun 2010
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AvAlIAção
Preencher ficha na página 27 e enviar à SoPERJ
1. OProgramadeatendimentoambula-torialaopacientecomasmaerinitenomunicípiodoRiodeJaneiro,contem-plao(s)seguinte(s)medicamento(s):
a) budesonida spray nasal
b) budesonida spray oral
c) salbutamol spray
d)a + b
e) a + b + c
2. AssinaleonúmerodePolosdeatendi-mentodeAsmaGraveparacriançasnomunicípiodoRiodeJaneiroapartirde2006:
a) 1
b)2
c) 3
d)4
e) 5
3. Em2002,pelaprimeiraveznoBrasil,PortariaFederalassegurouoProgramadeMedicamentosdeDispensaçãoemCaráterExcepcionalparaotratamentode:
a) Asma leve
b)Asma Moderada
c) Asma Grave
d)Rinite
e) c + d
19Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p19-22 jun 2010
Relato de Caso
Cisto Broncogênico em Lactente: importância do Diagnóstico Diferencial.
Bronchogenic cyst in Infant: Importance of a Differential Diagnosis.Resumo
Summary
O cisto broncogênico apresenta-se como massa arredondada mediastinal, unilocular, contendo material caseoso. É uma má formação pulmonar relativamente incomum. Em crianças, essa má formação tende a localizar-se no mediastino. Os sintomas variam conforme a idade e a localização do cisto. No presente relato, os autores descrevem um caso de cisto broncogênico mediastinal em uma lactente, cujos sintomas simulam o de uma hiperreatividade brônquica ocasionando terapias desnecessárias, bem como internações repetidas. A retirada cirúrgica da lesão cística possibilita uma completa remissão sintomatológica.
Palavras-chave: Cisto broncogênico; asma brônquica; má formação pulmonar
Bronchogenic cyst is presented rounded as mediastinal unilocular mass containing caseous material. It is relatively uncommon, this lung bad formation. In children this bad formation tends to be located in the mediastinum. Symptoms vary according to age and cyst location. In this study the authors describe a case of mediastinal cyst bronchogenic in a breastfed which symptoms simulate a hiperreaction bronchic asthma causing no need therapies, as well as repeated hospitalizations. The surgical remove of the cystic lesion provides a complete symptomatologic remission.
Keywords: Bronchogenic cyst, bronchial asthma, pulmonary bad formation
Amanda thaís thomé de Morais1
tatiana de Araujo Eguchi2
Ana Elisa Ribeiro de Faria3
Mayara de Castro Silva del Castillo4
thais Christine Baioneta5
Mariah de Paula Leite6
Claudia Correard de Lima7
Juliana Portella Veiga Drumond8
Bruna Ferreira Di Palma Queiroz9
Carlos Alberto Bhering10
1 Acadêmico de Medicina da Universidade Severino Sombra - Presidente da Liga de Neonatologia
2 Acadêmico de Medicina da Universidade Severino Sombra - Vice-Presidente da Liga de Neonatologia
3 Acadêmico de Medicina da Universidade Severino Sombra - Membro da Liga de Neonatologia
4 Acadêmico de Medicina da Universidade Severino Sombra - Tesoureira da Liga de Neonatologia
5 Acadêmico de Medicina da Universidade Severino Sombra - Vice-Tesoureira da Liga de Neonatologia
6 Acadêmico de Medicina da Universidade Severino Sombra - Secretária da Liga de Neonatologia
7 Acadêmico de Medicina da Universidade Severino Sombra - Membro da Liga de Neonatologia
8 Acadêmico de Medicina da Universidade Severino Sombra - Comissão e Eventos da Liga de Neonatologia
9 Acadêmico de Medicina da Universidade Severino Sombra - Membro da Liga de Neonatologia
10 Doutor - assistente de pesquisa em neonatologia do IFF-Fiocruz
Endereçoparacorrespondencia
Universidade Severino Sombra
Praça Martinho Nobrega, 40 Centro, Vassouras - RJ Cep: 27.700-000
Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicaçoes) da SOPERJ em 30/3/2010 e aprovado em 30/5/2010 12:55:33.
20 Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p19-22 jun 201020
IntroduçãoO cisto broncogênico (CB) origina-se
de estruturas remanescentes do intes-
tino primitivo em decorrência do de-
senvolvimento anormal da árvore tra-
queobrônquica embrionária durante a
terceira semana de gestação. Ele imita
a estrutura da traquéia ou brônquios,
sendo revestido, internamente, por epi-
télio respiratório (pseudo-estratificado
colunar ciliado), contendo glândulas
brônquicas, músculo liso e ilhas de
cartilagem, externamente, sendo in-
comum a comunicação com a árvore
traqueobrônquica.(1) Quando ocorre
precocemente, essa malformação tende
a localizar-se no mediastino e, quando
mais tardiamente, localiza-se em parên-
quima pulmonar. Apresenta-se como
massa arredondada mediastinal, unilo-
cular, contendo material caseoso. Usu-
almente localiza-se próximo à carina
ou à região paratraqueal direita. Outras
vezes em localização hilar ou paraesofa-
geana. Pode ser triangular ou lobulada,
determinando ou não compressão nas
vias aéreas. Quando infectado, ocorre
espessamento das paredes(1-2).
O CB do mediastino é a lesão congê-
nita que representa entre 6% e 15%
das massas mediastinais.(1-2). Trata-se da
lesão cística mais comum do medias-
tino. A incidência é semelhante entre
homens e mulheres (1). A ocorrência
simultânea de outras malformações não
é rara. (3)
Geralmente os CB constituem um
achado radiológico, devido a ausência
de sintomas.(1,2, 4) Na radiografia simples
apresentam-se como massa homogênea
com densidade de água e bordas bem
definidas. Pode variar no tamanho e na
forma (3). A ultrassonografia é útil como
método diagnóstico para definir a natu-
reza cística da lesão.
Pretende-se com a apresentação deste
caso, alertar para esta situação congêni-
ta como parte do diagnóstico diferencial
de sibilância em lactentes com evolução
desfavorável.
Relato de casoLactente, I.N.A., sexo feminino, 9 me-
ses, com quadro respiratório desde
1 mês de idade. Nasceu de cesariana,
Apgar 4 e 8, peso de nascimento de
2785g, 49 cm, sendo ventilada com
pressão positiva na sala de parto. A ida-
de gestacional pelo método de Ballard
foi 35 semanas e 5 dias. Evoluiu com
desconforto respiratório sendo diag-
nosticada uma taquipnéia transitória
em sua internação na UTI neonatal por
24 dias. Com 1 mês e 7 dias de vida, foi
internada com diagnóstico de laringite
e fez uso de corticóide e nebulização
com beta-2 agonista. Permaneceu 8
dias internada. Com 6 meses e meio foi
novamente internada com quadro de
sibilância e pneumonia. Esteve 27 dias
na UTI e fez uso de corticóide parenteral
(26 dias: metilpredinisolona, 12 dias e
predinisolona, 14 dias), salbutamol ve-
noso, cefuroxima, claritromicina e pos-
teriormente cefepime. Teve alta em uso
de fluticasona spray. Nesta internação
permaneceu em ventilação mecânica 5
dias e oxyhood 9 dias. Durante esta in-
ternação, realizou videodeglutograma e
feito dosagem de alfa-1 antitripsina que
foram normais.
Em sua última internação, iniciou sin-
tomatologia respiratória duas semanas
antes, com um quadro de resfriado que
evoluiu com piora clínica, tendo sido
iniciado tratamento para pneumonia a
qual apresentou piora dois dias antes
da internação. Ao exame físico, apre-
sentava sibilos difusos e retração inter-
costal. Após discreta melhora inicial do
quadro com a terapia proposta (nebu-
lização, corticóide venoso, e antibióti-
co), evoluiu de forma arrastada sendo
necessário aprofundar a investigação.
Foi solicitado uma broncoscopia que
evidenciou uma redução importante
da luz da traquéia por compressão ex-
trínseca. Portanto, foi sugerido como
possíveis causas: anel vascular, heman-
gioma e CB, sendo sugerido a realiza-
ção de uma tomografia computadori-
zada (TC) helicoidal com reconstrução
de laringe, traquéia e brônquios. Vinte
quatro horas após este exame apresen-
tou uma piora do quadro respiratório
necessitando de intubação orotraqueal,
com súbita melhora do padrão respira-
tório. A radiografia de tórax mostrava
imagem de hipotransparência no ápice
do hemitórax direito (HTD), sugestiva
de atelectasia e/ou pneumonia. Inicia-
do antibióico (cefuroxina) e corticóide
(predinisolona). Realizado TC tórax
que mostrou massa com densidade cís-
tica, de limites e contornos bem defini-
dos, medindo 4,2 cm de largura x 3,3
cm de medida antero-posterior e 3,1
cm de altura, localizada no mediasti-
no médio à direita, em situação para-
traqueal, sugestivas de CB (figura 1).
Após este diagnóstico foi solicitado a
transferência para o serviço de cirurgia
pediátrica no Instituto Fernandes Fi-
gueira (IFF). Estava em ventilação me-
cânica com parâmetros baixos, muito
secretiva e ao raio-x de tórax mantinha
a imagem de hipotransparência no 1/3
superior do HTD e base do HTD, apesar
de fisioterapia (figura 2). Como estava
apresentando secreção espessa e havia
swab mostrando colonização por bacté-
ria Gram negativa ESBL (Beta-lactama-
se com espectro expandido) optou-se
por trocar antibiótico para Meropenem.
Foi transferida para o IFF no 26º dia
de internação. Permaneceu no IFF com
tratamento antibiótico e fisioterapia até
ser operada no 6º dia de internação. O
diagnóstico de CB foi confirmado no ato
cirúrgico. Foi descrito pelos cirurgiões
como um grande cisto de mediastino
póstero-superior de 4 x 3 cm (cheio) an-
terior à traquéia (figura 3). Feito ressec-
ção da parede do cisto que não estava
21Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p19-22 jun 2010
aderido à traquéia. Entretanto, o reves-
timento interno encontrava-se aderido
e ao ser retirado provocou uma lesão
desta região, ocasionando uma área de
traqueomalácia. Tentou-se a extubação
no 4º dia de pós-operatório (PO), sem
sucesso. Necessitou ser reintubada 30
minutos após, por obstrução alta (ede-
ma subglótico). Feito broncoscopia 48h
após esta tentativa, evidenciou-se ede-
ma importante da glote e das cordas vo-
cais. Visualizada pequena área de malá-
cia à direita na parede ântero-lateral no
1/3 distal. Foi iniciado dexametasona
(0,6 mg/kg/dia dividido em 4 doses).
Extubada para Oxyhood no 10º dia de
PO e feito nebulização com adrenalina.
Lactente evoluiu satisfatoriamente com
melhora importante do quadro respira-
tório, tendo recebido alta hospitalar 72h
após a extubação.
DiscussãoO CB do mediastino é uma lesão congê-
nita que apesar de ter baixa incidência
entre as massas mediastinais, represen-
ta 50 a 60% de todos os cistos do me-
diastino.(3)
Ao se formar tardiamente, resulta
em cisto intraparenquimatoso que se
comunica com a via respiratória. Des-
ta forma, torna-se sintomático e fre-
qüentemente complicado por infecção,
sendo seu tratamento eminentemente
cirúrgico. É de difícil diagnóstico ao nas-
cimento. Não raramente o diagnóstico
ocorre por ocasião da ultra-sonografia
pré-natal, de radiografias de tórax de
rotina ou de investigações relacionadas
ao aparelho digestivo e coração.(3,5,6,7)
Geralmente permanece assintomático
por muito tempo, porém, pode apre-
sentar sintomas, devido a complicações
que incluem infecção, ruptura, sangra-
mento, compressão e/ou irritação de es-
truturas adjacentes e malignização. (3,8)
A apresentação clínica dependerá da
idade do paciente, da localização e do
tamanho do cisto. Em crianças menores
de um ano, é frequente o quadro de
insuficiência respiratória, com sinto-
mas compressivos, podendo distorcer
o esôfago, a traquéia e os brônquios.
E em crianças maiores e adultos pre-
dominam as infecções respiratórias de
repetição. O caráter recorrente dos sin-
tomas obstrutivos, assemelha-se a asma
brônquica.(3,9)
Como a sibilância pode fazer parte
do quadro clínico do CB e é comum
a diversas patologias que acometem
o sistema respiratório, é importante a
valorização dos CB como diagnóstico
diferencial quando houver sibilância
persistente e evolução desfavorável.
A asma é um exemplo de doença in-
flamatória crônica das vias aéreas que
apresenta sibilância e é muito comum
em crianças e adultos jovens. No Brasil,
ocupa o terceiro lugar nas internações
destes pacientes.(8)
Montessi et al, 2004 relatam caso,
semelhante ao descrito no presen-
te artigo, onde o CB simulava asma
brônquica em criança, de 3 anos e 8
meses, do sexo feminino. Neste caso
também, a retirada da lesão possibili-
tou a remissão completa dos sintomas
obstrutivos.(3)
O diagnóstico diferencial no período
pré-natal inclui os cistos de duplica-
ção esofágica, a doença adenomatóide
cística tipo I e a hérnia diafragmática
congênita. Além deste período, serão as
massas localizadas no mediastino (ade-
nopatias ou tumores), os cistos medias-
tinais e as pneumatoceles, o abscesso
pulmonar e a sequestração para os cis-
tos intrapulmonares.(3,10)
É importante ressaltar que sempre
que houver sibilância persistente, uma
avaliação detalhada deve ser feita com
o intuito de buscar causas menos fre-
quentes, tais como o CB. Uma vez que
se faça o diagnóstico, deve-se realizar
uma excisão cirúrgica para proporcio-
nar uma melhora clínica(11).
O tratamento cirúrgico está indicado
primariamente para todos os CB sinto-
máticos.(2) No entanto, a cirurgia pode
ser uma opção mesmo nos CB assin-
tomáticos, uma vez que cerca de 85%
destas lesões podem se tornar sinto-
máticas ao longo do tempo e também
podem gerar complicações.(2,12) A abor-
dagem cirúrgica preconizada na litera-
tura médica envolve a ressecção com-
pleta do cisto por toracotomia ou por
videotoracoscopia.(1, 2, 4) Existe também
uma abordagem por mediastinoscopia,
menos utilizada, que representa uma
alternativa cirúrgica de menor morbi-
dade e com excelentes resultados na
literatura(10,12,13).
Torna-se evidente a necessidade de
um diagnóstico correto para uma abor-
dagem clínica e terapêutica adequada.
O prognóstico a longo prazo dos pa-
cientes assintomáticos é impreciso. A
maioria dos autores defende a ressec-
ção cirúrgica precoce devido ao risco
de complicações. Com isso, reduz-se o
número de internações e terapêuticas
errôneas em pacientes com CB sinto-
mático e não diagnosticado.(14, 8) Espera-
se que este trabalho tenha atingido o
objetivo de alertar os médicos para o
diagnóstico diferencial de CB nos casos
em que se suspeita de asma brônquica,
que apesar de raro, pode acontecer. E
também espera-se que sirva como base
para novos estudos.
22
Figura 1 - TC tórax que mostrou massa com densi-dade cística, de limites e contornos bem definidos, sugerindo processo benigno.
Figura 2 - Imagem de hipotransparência no 1/3 superior do HTD e base do HTD.
Figura 3 - Cisto broncogênico visualizado no ato cirúrgico, descrito como um grande cisto de mediastino póstero-superior de 4 x 3 cm (cheio) anterior à traquéia.
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Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p19-22 jun 2010
Aspectos da Linha de Cuidado Desenvolvida a Partir do Ambulatório Geral de Pediatria do instituto Fernandes Figueira
Autor: Amaro Ronaldo inácio FilhoOrientadoras: Susana Maciel
Wuillaume e Cynthia Magluta
Resumo
O objetivo deste trabalho foi descrever aspectos da linha de cuidado desenvolvida a partir do AGP/IFF. Tratou-se de um estudo descritivo, retrospectivo, que utilizou prontuários como dados primários. A amostra foi selecionada na população pediátrica de 0 a 14 anos, atendida no AGP no período de janeiro a dezembro de 2007, buscando representar os extratos etários e as regiões de moradia. Foi possível observar que a maioria das crianças fez seu primeiro contato com o IFF a partir dos ambulatórios (44%), 27,1% pelo Alojamento Conjunto e 28,9% através da internação. A referência formal foi o modo de entrada mais utilizado (43%) na ins-tituição. Das hipóteses diagnósticas do primeiro atendimento no IFF, 55,1% foram condições clínicas, sendo as mais freqüentes os distúrbios respiratórios. O AGP foi responsável por 71,1% das consultas realizadas no IFF nas diferentes faixas etárias estudadas. A média de consulta por criança com morbidade foi de 4,81/ano e das sem morbidade foi de 3,52/ano. As crianças referidas pertencentes à faixa etária até dois anos apresentaram uma média de consultas de 6,27/ano, sendo todas consideradas com morbidade. O motivo da primeira consulta no AGP em 2007 foi, em 41% das crianças, o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento e em 35% problemas respiratórios. Foram efetuados 37 encaminhamentos internos para outras especialidades com 54% de retorno e 15 referências externas com apenas um retorno. Diferentes padrões de utilização do IFF foram encontrados para os grupos etários estudados. O estudo também mostrou a inexistência de linhas de cuidado definidas para atendimento dos pacientes, e poderá ser utilizado como subsídio para elaboração das mesmas.
teses e Dissertações
Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p23, jun 2010 23
Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p24, jun 2010
Avaliando a Carga de trabalho na Assistência ao Recém-Nascido Cirúrgico: Uma Proposta para Dimensionamento de Recursos Humanos de Enfermagem
Autora: Ana Paula Sabóia de AlbuquerqueOrientador: José Roberto de Moraes Ramos
Resumo
Este estudo teve como objetivo, analisar as reações comportamentais e fisiológicas de recém-nascidos prematuros durante a aspiração traqueal, a partir da escala do perfil de dor do prema-turo (PIPP). Trata-se de uma pesquisa de campo, exploratória, observacional e não participativa, com abordagem quantitativa. Foi desenvolvida na unidade neonatal de uma Instituição Pública Federal, centro de referência para gestação de alto risco fetal, no período de junho a outubro de 2008. A população-alvo foi composta por 15 recém-nascidos prematuros que estavam sob ventilação mecânica, e selecionada de acordo com os critérios de elegibilidade. A coleta de dados foi realizada a partir da observação estruturada das variáveis comportamentais e fisiológicas dos prematuros, utilizando a escala de PIPP, durante a realização da aspiração traqueal. Os recém-nascidos que compuseram o estudo foram observados a cada aspiração traqueal a que foram submetidos durante o período diurno, totalizando 40 procedimentos. Foi realizada análise exploratória de cada variável utilizando freqüências, tabulações cruzadas e gráficos, com o auxílio do Programa Epi Info 3.4.3®. Os resultados indicaram que em 100% dos procedimentos, os recém-nascidos apresentam dor, sendo que em 67,5%, de forma moderada a intensa. Em apenas um procedimento, não houve reação comportamental, porém, houve alteração significativa da freqüência cardíaca e saturação de oxigênio, indicando dor. Com relação ao estado de alerta, imediatamente antes da aspiração traqueal, foi observado que em 67,5% dos procedimentos, os recém-nascidos encontravam-se dormindo, sendo que em 45% dos procedimentos, em sono profundo. Este fato evidenciou que, além da aspiração traqueal não ser necessária naquele momento, ainda expunha o recém nascido aos riscos inerentes a este procedimento, proporcionando-lhe estresse e dor. A prevenção e a diminuição da dor são necessárias para garantir a sobrevivência e a qualidade da sobrevida dos recém-nascidos e, uma das maneiras de alcançá-las, é fazendo uso de medidas não-farmacológicas. No presente estudo pudemos constatar que em 82,5% dos procedimentos não houve a utilização destes recursos. Concluímos que apesar do desenvolvimento de métodos de avaliação da dor para recém-nascidos e da disponibilidade de medidas terapêuticas para o seu alívio, ainda há uma grande lacuna entre o conhecimento teórico e a conduta prática. A aspiração traqueal é exe-cutada como cumprimento de uma tarefa automática e habitual, sem a devida preocupação com a vulnerabilidade orgânica desta clientela. A assistência neonatal não deve se limitar a evitar a alta mortalidade de seres naturalmente frágeis e sujeitos a tantos riscos, mas deve se preocupar, também, com as repercussões tardias dos problemas perinatais nos sobreviventes, assumindo atitudes não só curativas, mas que envolvam os aspectos físicos e psicossociais, na perspectiva da promoção da saúde e da qualidade de vida. Sendo assim, é imprescindível que o profissional de enfermagem aprofunde o seu conhecimento e treinamento, para que o seu desempenho profissional seja feito de forma eficaz, garantindo ao RN o direito a não sentir dor, pois “Aliviar a dor é um ato de amor”.
teses e Dissertações
24
25Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p25, jun 2010
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cação científica da Sociedade de Pedia-
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material destinado a elevar o padrão da
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cas e ordenadas da literatura em relação
a um certo tema de importância clínica,
com ênfase em fatores como causas e
prevenção de doenças, seu diagnóstico,
tratamento e prognóstico. Metanálises
se incluem nesta categoria. Artigos de
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seis descritores, que são palavras-chave
ou expressões-chave que auxiliarão
a inclusão adequada do resumo nos
bancos de dados bibliográficos. Empre-
gar descritores integrantes da lista de
“Descritores em Ciências da Saúde”,
elaborada pela BIREME e disponí-
vel nas bibliotecas médicas. Somente
quando não houver descritores adequa-
dos na referida lista, usar termos novos.
Resumo em inglês (abstract):O “abstract” deve ser uma versão exata
do resumo para o idioma inglês, com o
mesmo número máximo de palavras e
com os subtítulos correspondentes. Os
descritores devem fazer parte da lista de
“Medical Subject Headings”, publicado
pela U.S. National Library of Medicine,
do National Institutes of Health.
Corpo do artigoO texto pode variar de acordo com o
tema. Sugere-se:
Introdução:breve, em que os autores
explicam qual a importância da revisão
para a prática pediátrica, à luz da litera-
tura médica.
Objetivo: Informar por que a revisão
da literatura foi feita, indicando se ela
enfatiza algum fator em especial, como
causa, prevenção, diagnóstico, trata-
mento ou prognóstico.
Fontesdosdados:Descrever as fontes
da pesquisa, definindo as bases de dados
e os anos pesquisados. Informar sucin-
tamente os critérios de seleção de arti-
gos e os métodos de extração e avalia-
ção da qualidade das informações.
Síntese dos dados ou relato docaso(s):Informar os principais resul-
tados da pesquisa bibliográfica; relatar
o caso
Conclusões: Correlacionar as idéias
principais do artigo com as possíveis
aplicações clínicas.
OBS: Solicita-se enviar 3 perguntas
sobre o tema do artigo de revisão
de multipla escolha, com 5 opções
Os resumos de teses e dissertações serão
aceitos após análise do corpo editorial.
Os relatos de casos devem obedecer ao
recursos de formatação, tais como cabe-
çalhos e rodapés. Utilizar preferen-
cialmente o processador de textos
Microsoft Word®; caso seja usado
um processador diferente, empregar
o formato ASCII.
5. Enviar uma cópia do original em dis-
quete (não usar discos “zip”), que
contenha apenas arquivos relacio-
nados ao artigo.
Diretrizes para a preparação do originalOrientaçõesgeraisO original - incluindo tabelas, ilustra-
ções e referências bibliográficas - deve
estar em conformidade com os “Requi-
sitos Uniformes para Originais Subme-
tidos a Revistas Biomédicas”, publicado
pelo Comitê Internacional de Editores
de Revistas Médicas (versão original da
atualização de outubro de 2001 disponí-
vel em http://www.icmje.org/).
Cada seção deve ser iniciada em nova
página (ou quebra de página, em caso
de envio do material por correio ele-
trônico), na seguinte ordem: página de
rosto, resumo em português, resumo
em inglês, texto, agradecimentos, refe-
rências bibliográficas, tabelas (cada
tabela completa, com título e notas de
rodapé, em página separada), gráficos
(cada gráfico completo, com título e
notas de rodapé em página separada) e
legendas das figuras.
A seguir, as principais orientações
sobre cada seção:
Página de rosto:
Deve conter:
(a) título do artigo, conciso e informa-
tivo, evitando termos supérfluos e
abreviaturas; evitar também a indi-
cação do local e da cidade onde o
estudo foi realizado, exceto quando
isso for essencial para a compreen-
são das conclusões;
(b) versão exata do título para o idioma
inglês;
27Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p27, jun 2010
ciências da saúde: lista alfabética
2.ed. rev. amp. São Paulo: BIREME,
1992. 111p.
5. Ministério da Saúde. Conselho
Nacional de Saúde. Resolução no
196 de 10/10/96 sobre pesquisa
envolvendo seres humanos. DOU
1996 Out 16; no 201, seção 1:21082-
21085.
lista de ChecagemRecomenda-se que os autores utili-
zem a lista de checagem abaixo para
certificarem-se de que todo o material
requerido está sendo enviado. Não é
necessário anexar a lista.
• Carta de submissão assinada por
todos os autores (ou declaração no
corpo da mensagem do e-mail)
• Original em 3 cópias impressas
(dispensado, em caso de envio por
e-mail)
• Cópia do original em disquete (dis-
pensada, em caso de envio por
e-mail)
• Página de rosto com todas as infor-
mações solicitadas (no corpo da
mensagem, em caso de e-mail)
• Resumo em português e inglês, com
descritores (integrante do primeiro
arquivo anexado, em caso de e-mail)
• Texto contendo o corpo do artigo
(integrante do primeiro arquivo
anexado, em caso de e-mail)
• Referências bibliográficas no estilo
Index Medicus, numeradas por
ordem de aparecimento
• Tabelas numeradas por ordem
de aparecimento (integrante do
segundo arquivo anexado, em caso
de e-mail)
• Gráficos numerados por ordem
de aparecimento (integrante do
segundo arquivo anexado, em caso
de e-mail)
• Figuras (original e 2 cópias) identi-
ficadas
• Legendas das figuras
seguinte formato:
(a) Introdução, relato do caso(s), dis-
cussão
(b) Número máximo de palavras: 4000
(c) Referências: Máximo de 5.
Referências1. International Committee of Medi-
cal Journal Editors. Uniform requi-
rements for manuscripts submit-
ted to biomedical journals. JAMA
1993;269:2282-2286.
2. Comitê Internacional de Editores de
Revistas Médicas. Requisitos uni-
formes para originais submetidos a
revistas biomédicas. J. Pediatr (Rio
J.) 1997;73:213-24.
3. Haynes RB, Mulrow CD, Huth EJ,
Altman DJ, Gardner MJ. More
informative abstracts revisited. Ann
Intern Med 1990;113:69-76.
4. BIREME - Centro Latino-Americano
e do Caribe de Informação em Ciên-
cias da Saúde. DeCS - Descritores em
Sócios: respostas no site www.soperj.org.brNão sócios: enviar à SOPERJ (R da Assembléia, 10, g 1812 - Centro - Rio de Janeiro, 20011-901 - RJ, junto com comprovação de depósito bancário de R$ 20,00 - Bradesco - ag. 2756-1, conta 1274-2.
FIChADEAvALIAçãO–RESPOSTAS-ANO11-Nº1-JuN2010
I)DiagnósticoePrevençãodaTuberculosenainfância
1. a) Mb) Mc) Md) Me) M2. a) Mb) Mc) Md) Me) M3. a) Mb) Mc) Md) Me) M
II)PolíticaSanitáriaparaAsmanoBrasil
1. a) Mb) Mc) Md) Me) M2. a) Mb) Mc) Md) Me) M3. a) Mb) Mc) Md) Me) M
Revista de Pediatria SOPERJ - v.11, no 1, p28, jun 2010
CURSo PAlS - Pediatric Advanced life Support da American Heart Association(Curso dirigido a médicos e estudantes de medicina do 6º ano) Data: 13 e 14/08/2010 22 e 23/10/2010 Horário: 7 às 18h local: SOPERJ Inscrições: Sede da SOPERJ (até 30 dias antes do
evento) valor: R$ 750,00 (sócios) R$ 1.100,00 (não-sócios) Coordenadora: Dra. Regina Coeli vagas: 24
CURSo DE REANIMAção NEoNATAl(Curso dirigido a médicos e estudantes de medicina do 6º ano) Data: 15/09/2010 17/11/2010 Horário: 7:30 às 18h local: SOPERJ Inscrições: Sede da SOPERJ valor: R$ 250,00 (sócios) R$ 350,00 (não-sócios) Coordenador: Dr. Dias Rego organização: Comitê de Perinatologia da SOPERJ vagas: 30
JoRNADA DE PEDIATRIA Do HoSPITAl MUNICIPAl JESUS CoMEMoRAção Ao 75º ANIvERSÁRIo Data: 29/7/2010 a 30/07/2010 local: Auditório do Centro de Estudos
Athayde Fonseca Rua 8 de Dezembro 717/6º andar -
Vila Isabel Rio de Janeiro – RJ Tel: 2569-4088 Ramal 218 Inscrições: cejesus@rio.rj.gov.br valor: 5 Kg de Alimentos não perecíveis ao
PROJETO REPARTIR
JoRNADA DE CARDIoPEDIATRIA DA SoPERJ Data: 22/10/2010 Horário: 8:15 às 16:30h local: Auditório do CREMERJ Informações: 2531-3313 Coordenadora: Dra. Anna Esther
II JoRNADA DE PEDIATRIA Do HFB - DESAFIoS DA PEDIATRIA NA AlTA CoMPlEXIDADE: INTEGRAlIDADE E RESolUTIvIDADE Data: 26/8/2010 a 27/08/2010 local: Hospital Federal de Bonsucesso Av. Londres, 616, Bonsucesso, RJ Anfiteatro da Maternidade - Prédio
2 - 6º andar Inscrições: Grátis
XII CURSo DE RECIClAGEM EM PEDIATRIA DA UFF Data: 16/9/2010 a 18/09/2010 local: Rio de Janeiro - RJ Informações: www.proac.uff.br/pediatria/ cursodereciclagem
29º CURSo DE RECIClAGEM EM PEDIATRIA Data: 9/11/2010 a 11/11/2010 local: Salão Nobre do IPPMG da UFRJ Informações: 2590.4891 e 2562.6153
X ENCoNTRo DE ATUAlIZAção EM PEDIATRIA DA ZoNA oESTE Data: 31/08/2010 a 03/09/2010 local: Teatro do Clube dos Oficiais da Vila
Militar Estr. São Pedro de Alcântara, 2020 –
Vila Militar Inscrições: 2620-9700 - Leandro Informações: eventos@thefs.com.br
FÓRUM DE ÉTICA No ATENDIMENTo Ao ADolESCENTE Data: 11/11/2010 Horário: 9 às 17h local: Auditório do CREMERJ Informações: CREMERJ/ SOPERJ
XX CoNGRESSo BRASIlEIRo DE PERINAToloGIA Data: 21/11/2010 a 24/11/2010 local: Hotel Windsor – Barra da Tijuca - Rio
de Janeiro Inscrições: Ekipe de Eventos Tel: (41) 3022-1247 E-mail: alysson@ekipedeeventos.com.br
X CURSo DE ATUAlIZAção EM PEDIATRIA (CAP) SoPERJ/CREMERJ - 2010 Datas: 28/08/2010 25/09/2010 23/10/2010 Horário: 8 às 17h local: CREMERJ
1° CoNGRESSo BRASIlEIRo DE MÉDICoS RESIDENTES EM PEDIATRIA Data: 10 a 12/10/2010 local: Rio de Janeiro / RJ organização: Sociedade Brasileira de PediatriaInformação: www.residentespediatria.com.br/
PED SoPERJ - Programa de Educação à Distância da SoPERJ – Módulos gravados em DvD. organizadores: Edson Ferreira Liberal Isabel Rey Madeira Maria Angélica B. Varela objetivo: Promover educação continuada
a distância em temas relevantes à prática pediátrica.
Público alvo: Sócios da SOPERJ.
Agenda
Teve um dia que a Carol acordou com uma baita tosse.
Pra piorar as coisas, ela ficou com febre. Aí já viu, né? Bateu
aquele desespero e a gente foi voando pro pediatra.
Ele foi paciente e atencioso, como sempre. A gente considera
o Dr. Carlos parte da família.Mônica e Pedro,
pais de Carol.
Consulte o seu pediatra regularmente.Saúde para o seu filho. Tranquilidade para você.
Uma iniciativa:
28253_004_21x28_AnVPFamiliaCasalBebe.indd 1 7/1/10 3:49 PM
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