resenha o superorgânico - a. kroeber

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7/22/2019 Resenha O Superorgânico - A. Kroeber

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Alfred Louis Krober (1876-1960) elucida e exemplifica a diferença entre cultura e sociedade noartigo “O Superorgânico”, ou de outra forma, a distinção entre o social e orgânico. Kroeber partedo princípio que há uma distinção entre sociedade e cultura, sendo que esta primeira não éexclusiva do homem e, pode ser encontrada sobre diversas relações no meio animal, noentanto, o conceito de cultura é exclusivamente humano. A cultura é o produto do homem sobrea natureza, ou seja, as modificações produzidas por meios não orgânicos, enquanto asociedade se inter-relaciona com a concepção de cultura, mas existem de formas separadasintrinsecamente. O autor procura delimitar e expor o que é herdado biologicamente e, o que éherdado culturalmente, tecendo assim uma critica a antropologia evolucionista e ao darwinismosocial.

Kroeber atribui ao pensamento evolucionista uma confusão entre o social e orgânico, tendo aescola evolucionista se equivocado ao classificar o desenvolvimento de um povo, ligado ahereditariedade biológica, e assim inferir a ideia de que as instituições de uma sociedade, ou asaptidões de um indivíduo são herdadas pelos feitos e de seus antepassados, ideia essa que foiutilizada nos estudos de antropometria, e antropologia criminal. Através de exemplos, como o douso da linguagem fica claro a separação entre o que é orgânico e social, pois através desta ohomem é capaz de transmitir e exteriorizar pensamentos e conhecimentos que são herdadosculturalmente e não biologicamente. É notado que a linguagem, não é expressa unicamentepelo homem, e uma “linguagem rudimentar” com menor capacidade de comunicação e funçõesmais simples se encontram por todo reino animal, todavia, a capacidade de legar e acumular conhecimentos de geração a geração é encontrada somente no meio social humano. Para isso A. Kroeber chama a atenção para o fato de que um homem isolado dos demais, não produznenhum tipo de conhecimento ou habilidade observada em seus antepassados, portanto, oisolamento como um dos possíveis exemplos seria um fator que romperia a hereditariedadecultural. O homem modifica o ambiente e utiliza de ferramentas e vias para transpassar osobstáculos e diversidades geográficas e condições adversas a sua biologia, ou seja, fazendouso dos objetos encontrados na natureza, o homem busca adaptar-se de maneira que não énecessária uma modificação geneticamente hereditária, como as encontradas em diversas

criaturas que usam o próprio organismo como uma forma de resistência e adaptação ao meioambiente. Fica mais claro na seguinte passagem “O processo do desenvolvimento dacivilização é claramente acumulativo: conserva-se o antigo, apesar da aquisição do novo.” (A. L.Kroeber, O Superorgânico, p. 235). Assim observa-se que instituições religiosas, a linguística, ouso de ferramentas e meios empregados à sobrevivência são fatores “superorgânicos”,transmitidos hereditariamente por meio da cultura no qual os indivíduos fazem parte.

Como aluno de Franz Boas, nota-se um esforço bem sucedido de esclarecer e romper com avisão de cultura na antropologia evolucionista e do darwinismo social, tendo este último comoexpoente H. Spencer, que utilizou do conceito de seleção natural e evolução publicados na obra“A Origem das Espécies” (1859) de Charles Darwin, no contexto social e, que segue em

processo de desmitificação nesta obra e época em que está inserida. Alfred Louis Kroeber emlinhas gerais percorre no uso de diversos exemplos e argumentos, que procuram desvanecer aspremissas evolucionistas sobre a cultura e dirige críticas a autores como Hebert Spencer,Galton, Thorndike e etc., que buscam basear suas teorias que por vezes são intolerantes afatores biologicamente hereditários. Conclui-se com a obra que o homem além de sociedade,também possui civilização, tendo como fator relevante à constituição orgânica, porém não comoagente fundamental no desenvolvimento da cultura.

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