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Post on 27-Sep-2020
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Grande é a poesia, a bondade e as danças.
Mas a melhor coisa do mundo são as crianças.”
Fernando Pessoa
Hora de começar o novo semestre!
O grupo de alunos se manteve, as duas professoras também e assim “bora”
caminhar...
Agosto é conhecido como o mês dos ventos! E ventos pedem pipas, capuchetas,
piabas, bolinhas de sabão, cata-ventos, barangandões, enfim... uma
possibilidade de brincadeiras para celebrar esta época!
E foi assim que começamos! Brincando com brinquedos de vento...
Relatório de grupo – 2º semestre/2018
Turma: Jardim I A
Professora: Eliana Pereira Rollo
Professora auxiliar: Carla Pitarello da Silva
Coordenadora: Lucy Torres Ramos
Conversando com Andrea, professora de Educação Física, ela sugeriu que
poderíamos antes de apresentar a pipa para as crianças, mostrar e confeccionar
junto delas a capucheta, que é um tipo de pipa feita com jornal e sem varetas.
E assim, numa das aulas com ela, fizemos e brincamos de capucheta com as
crianças.
Andrea, também, costumava oferecer piabas feitas de tecido para os alunos
brincarem durante suas aulas. Assim, as crianças já tinham um repertório de
brinquedos e vivências que experimentavam na aula de Educação Física e este
foi sendo ampliado nas nossas manhãs.
Piaba, no dicionário significa, vários tipos de peixes encontrados nos rios do
Brasil, como exemplo: o lambari.
No universo das brincadeiras, a piaba, também é um peixe, “um peixe voador.”
Assim, queríamos aprender a confeccionar piabas de papel.
Eu não sabia e fui conversando com minhas colegas quem talvez soubesse e
pudesse nos ajudar.
Então, uma delas se disponibilizou junto com o seu grupo de alunos, vir até a
nossa sala e nos ajudar a fazer este brinquedo.
Pois bem, dia e hora marcada, eles vieram.
O encontro foi muito proveitoso e animado. Os maiores estavam concentrados
e dispostos em nos ensinar. Trabalho realizado, fomos até a quadra para
brincar.
Que satisfação poder ver as piabas voando ao vento!
Neste dia, tivemos sorte, havia uma boa brisa. Assim, aproveitamos a
oportunidade e também soltamos pipa. Um dos alunos, desta turma, é um
grande soltador de pipa, o apelidei carinhosamente de “pipeiro”, ele, imbuído
desta façanha, conseguiu colocar a pipa no céu.
Atitude esta que certa manhã, fiquei quase uma hora para conseguir e ainda
assim, depois de cinco minutos no céu, a pipa foi descendo e se enrolou nos
galhos das árvores de nossa escola. Ele em um minuto, pôs a pipa para voar e a
manteve por muito tempo até que todas as crianças da turma pudessem
vivenciar esta experiência tão maravilhosa que é a de soltar pipa!
Esta atividade de confecção de piabas foi um dos temas da nossa Semana
Cultural ocorrida em setembro. Durante esta semana, toda escola se envolve
em atividades que são realizadas por ciclos. No nosso caso, Jardim I A, Jardim I B
e Jardim II se reúnem e experienciam atividades coletivas. É uma semana muito
rica, repleta de possibilidades e muitas brincadeiras. Além das piabas, outro
mote da Semana foi um trabalho muito especial feito através dos cinco
sentidos, já que, duas das outras duas turmas dos jardins estavam ligadas a este
tema por meio do estudo do corpo humano.
Aguçamos nosso tato com a “Super Caixa das Sensações, fizemos escalda-pés
com ervas para “acalmar nossos pezinhos”, como disse um aluno. Estimulamos
nosso corpo com brincadeiras de corda e pneus.
Fizemos barangandões, piões e bilboquês (aproveitando material reciclável que
também fora outra tema proposto na semana), enfim... foram dias de muitas
trocas e práticas que nos levaram há novos conhecimentos.
Envolvidas com os brinquedos de vento e com os trabalhos para a Semana
Cultural, ainda não via nas crianças algo que chamasse a atenção do grupo para
um projeto significativo e que pudesse se prolongar ao longo do semestre.
As crianças desse grupo possuem uma característica interessante, na qual,
qualquer assunto que é proposto à elas, é bem aceito, além, é claro, disso já ser
uma qualidade dos pequenos que é a de enxergar o mundo ao seu redor com
muitas possibilidades e descobertas, tudo é maravilhoso para as crianças, assim,
estava difícil de focar em apenas um assunto como a minha experiência de
outros anos.
Por exemplo, além dos brinquedos de vento, também, em meados de agosto,
percebendo o grupo muito agitado, principalmente nas manhãs de segunda-
feira, conversei com Bruna, minha companheira de trabalho, que toda segunda,
iria trabalhar com alguma massa para ajudar as crianças a se concentrarem mais
e fazer com que este primeiro dia de aula fosse mais tranquilo para todos.
Dessa maneira, ela que é massagista e tem conhecimento na área, afirmou: “Eli,
trabalhar com massa é terapêutico.” Pronto, era a informação que precisava
para oferecer às crianças estes momentos de “deleite” de sensações e também
de desenvolvimento motor.
Assim: fizemos massa de modelar com diferentes materiais e manipulamos
argila no sentido de viver a experiência, sem se preocupar com um produto
final.
As crianças, nessas atividades, ficaram por muito tempo concentradas no
processo de exploração da argila com água.
Depois da experiência vivida, recolhi alguns depoimentos de suas sensações:
“Muito melequento”. “Senti bolinhas.” “Muito grudento e muito mole.” “Muito
duro”. “Achei muito legal, muito divertido, muito divertido”! “Muito meleca,
gostosa”! “Divertido”! “Muito mole, melequento e grudento”.
Ainda, pretendo fazer uma atividade experimentando toque da argila em nossos
corpos. Porém, esta vivência acontecerá depois da escrita deste relatório.
O assunto que de fato perambulava desde quando chegamos das férias entre as
crianças era o problema do lixo que ainda continuava acontecendo em nossa
escola. Todos os dias, uma ou outra criança chegava até mim com um lixo na
mão para me mostrar: “Eliana, olha o que achei no parque.”
Era resto de lanche que algum aluno tinha deixado no parque. As crianças
continuavam inconformadas com esta situação. E, confesso que eu também.
Heloisa, relembrando o trabalho realizado no semestre passado disse: “eu não
vou escrever nenhuma carta para os grandes, tô fora”.
É, a gente continuava sendo a Turma do Carteiro, as crianças continuavam
desenhando cartas para seus familiares e amigos, porém, este era um tema que
já havia sido trabalhado bem durante o primeiro semestre e agora precisávamos
agregar outros interesses e conhecimentos para a turma.
As atividades vividas antes das férias continuavam nas nossas lembranças e nos
registros do Livro da Vida e, quando as crianças solicitavam que fizéssemos algo
relacionado ao projeto da carta, acatávamos seus desejos e realizávamos como
por exemplo, a Hora do Chá que foi inesquecível e muito especial para todos
nós.
Eu, nesse emaranhado de observações e já com alguns trabalhos acontecendo,
tentava achar um único caminho que pudesse nos levar ao estudo de apenas
um assunto, este pensamento estava fixo em minha cabeça e confesso que não
conseguia enxergar a riqueza de conhecimentos e descobertas que já estavam
em andamento.
“...um dos ganhos de se trabalhar com projetos é possibilitar às crianças que a partir de
um assunto relacionado com um dos eixos de trabalho, possam estabelecer múltiplas
relações, ampliando suas ideias sobre um assunto específico, buscando
complementações com conhecimentos pertinentes ao diferentes eixos.”
(Referencial Curricular Nacional Para A Educação Infantil – Introdução - pág. 57).
Assim, Bruna me falou: “Eli, você não lembra da Reunião de Pais, não recorda
que eles pediram para continuarmos trabalhando a questão do lixo e da
reciclagem com as crianças?”
Confesso que não lembrava mais desse pedido feito pelos pais.
Que o assunto do lixo era o tema de interesse da maioria do grupo era fato, a
gente vivia isto todos os dias. Mas, o assunto do lixo, englobava uma questão
muito maior dentro da escola, envolvia o trabalho com todas as pessoas ligadas
a este ambiente, inclusive os pais e, dessa maneira, estava achando muito
complicado abordar este assunto perante a comunidade escolar.
Era dado que a turma como um todo continuava recolhendo os lixos no espaço
da escola.
Talvez, pudéssemos fazer um trabalho de formiguinha dento da Sala do Jardim I
A e aos poucos este, poderia ir ganhando força até atingir o resto da escola. Era
uma possibilidade...
Sabendo da composteira feita pelos alunos do Projeto de Sustentabilidade do
período da tarde, passei junto das crianças a colocar as sobras de cascas e frutas
dos lanches coletivos, neste espaço, todos as manhãs.
Então, já realizávamos duas ações nesta questão do lixo: recolhíamos o lixo que
encontrávamos na escola e fazíamos descarte das cascas de frutas na
composteira da escola.
As crianças, durante suas brincadeiras com os brinquedos de areia, no parque,
vinham me trazer alguns objetos que estavam quebrados como baldes, pás e
rastelos. Desta maneira, separei uma caixa de papelão para as crianças irem
descartando estes tipos de materiais.
Assim sendo, comecei a dizer às crianças que estes brinquedos podiam ser
jogados no lixo reciclável, que era um determinado tipo de lixo no qual se
reaproveitava o lixo descartado para dar origem a um novo produto.
Separei uma caixa de papelão para descartamos estes objetos.
Mostrei à elas que no espaço onde tomamos nosso lanche, havia quatro lixeiras
de lixo reciclável.
As crianças ficaram curiosas com as cores e queriam saber o que podia jogar em
cada lixo.Bem, deste modo, resolvi que precisava colocar o tema do lixo em
discussão na roda.
Então, em um amanhã, perguntei às crianças o que era lixo.
Elas responderam:
“Lixo é uma coisa que quando come, não pode jogar no chão e nem deixar na
mesa.”
“Lixo quando come, não pode jogar no chão, nem nos brinquedos, nem na
areia.”
“Lixo não pode jogar na casa, nem no fogão.”
“Lixo não pode jogar em nada. E precisa jogar lixo no lixo”.
“Porque o lixo chama lixo”?
“Porque o lixo é sujo”.
Então, perguntei: será que todo lixo é sujo?
Eles responderam: “alguns são”.
Dessa maneira, encenei uma situação:
Peguei o lixo da sala e a caixa que estávamos separando o lixo reciclável.
Assoei o meu nariz (“ai, Eliana, que nojo!”), alguns alunos disseram...
E perguntei: onde coloco este papel sujo?
Eles responderam: “neste lixo da sala”.
Peguei um copo plástico, bebi água e perguntei: onde jogo este copo de plástico
que bebi água?
Eles se olharam, me olharam e certas crianças disseram: “dentro da caixa que
tem os brinquedos quebrados de brincar na areia”. Fui até a cozinha, peguei
uma banana, voltei à sala, descasquei a banana e a comi.
Perguntei novamente: “e agora, qual lixo jogo a casca da banana.”
Algumas crianças disseram: “no lixo sujo que fica na sala e completaram: “a
casca é suja”.
Então, falei: mas, eu comi a banana, a banana estava suja?
Uma criança respondeu: “não, Eliana, por dentro da casca é limpo, por fora é
sujo”.
Ah, entendi, comentei em seguida.
Até que outra criança, vem e fala: “Não, Eli, a casca da banana a gente pode
colocar na composteira, aquela que a gente coloca as cascas das frutas do nosso
lanche”.
Satisfeita com o diálogo acontecido, reconheci que o tema do lixo estava vivo
entre nós, que já tínhamos construído um conhecimento junto a partir das
nossas experiências concretas e das ações na nossa rotina.
Conhecimento este que também fora construído a partir das observações e
falas das crianças juntamente com a nossa mediação.
Assim sendo, o tema foi ganhando força e se materializando ainda mais.
Emprestamos dos pais da Clara, uma lixeira reciclável para ficar dentro da nossa
sala.
Que alegria foi recebê-la! Ficamos mais motivados para continuar fazendo a
separação do lixo.
O trabalho da composteira continuava sendo realizado, todos os dias, por nós.
Desse jeito, resolvi trazer minhocas para colocar na composteira e, também,
para elucidar a importância do processo de compostagem, que nada mais é, que
um processo de transformação de matéria orgânica em adubo orgânico.
A compostagem pode ser considerada uma espécie de reciclagem do lixo
orgânico, pois o adubo (composto) gerado pode ser usado na agricultura ou em
jardins e plantas.
Também, em roda, perguntei porque a composteira podia ser importante?
Uma aluna respondeu: “porque a terra vira adubo e adubo é um tipo de coisa
que faz crescer as plantas”.
Isso mesmo! Respondi.
As minhocas quando usadas na compostagem, degradam a matéria orgânica e
produzem como substrato o húmus. Este é um adubo rico em nutrientes e
ótimo para as plantas. As minhocas atuam para “reciclar” os resíduos
orgânicos. O tipo de compostagem usando minhocas chama-se:
Vermicompostagem.
(https://www.ecycle.com.br/).
As crianças começaram a tomar gosto pelas minhocas. Assim, fomos pesquisar
sobre elas.
“O ser humano, os outros animais e as plantas provocam bastante interesse e
curiosidade nas crianças: “por que a lagartixa não cai do teto?”, “Existem plantas
carnívoras? ... São muitas as questões, hipóteses, relações e associações que as
crianças fazem em torno deste tema. Em função disso, o trabalho com os seres vivos e
suas intricadas relações com o meio oferece inúmeras oportunidades de aprendizagem
e de ampliação da compreensão que a criança tem sobre o mundo social e natural. A
construção desse conhecimento também é uma das condições necessárias para que as
crianças possam, aos poucos, desenvolver atitudes de respeito e preservação à vida e
ao meio ambiente, bem como atitudes relacionadas à sua saúde.”
(Referencial Curricular Nacional Para A Educação Infantil – Conhecimento de
Mundo - pág. 188).
Trouxe algumas informações em roda, porém, tínhamos dúvidas e então, resolvi
conversar com Marina, professora de Biologia, que gentilmente enviou, quatro
alunas do sétimo ano: Cecília, Giovana, Beatriz e Maria Clara para conversar
com as crianças.
O encontro foi especial, os alunos fizeram várias perguntas que foram
esclarecidas pelas meninas.
Depois fizemos este registro coletivo no Livro da Vida:
“A minhoca não tem orelha”.
“A minhoca não tem osso”.
“A minhoca tem cerdinhas”.
A minhoca tem risco e cada risco tem um coração”.
“A minhoca respira pela pele”.
“A pele é molhada e seca se ficar fora da terra”.
Outro encontro muito especial que aconteceu na reta final da escrita deste
relatório foi a visita da turma do primeiro ano em nossa sala para falar sobre o
minhocuçu.
O minhocuçu foi o objeto disparador desta turma no início do ano. As crianças
mostraram-se pós graduadas neste assunto.
O encontro foi riquíssimo, quanto conhecimento adquirido e construído junto!
Mas... o que é mesmo um minhocuçu?
Para Benjamin é: “uma minhoca gigante”.
É isso mesmo, o michocuçu é uma minhoca gigante, parenta da minhoca.
Os alunos, da Turma do Carteiro ficaram impressionadas com o tamanho deste
bicho.
Algumas queriam pegar e outras, com certo receio, apenas observavam.
Os alunos do primeiro ano, nos deram muitas informações a respeito do
minhocuçu, uma delas é que estes bichinhos são extremamente sensíveis e por
isso não podemos pegá-los e nem fazer muito barulho perto deles.
Também, nos contaram que igual as minhocas, os minhocuçus são meninas e
meninos ao mesmo tempo, isto é, são hermafroditas.
Além de todos estes encontros, também fizemos um minhocário para podermos
observarmos melhor as minhocas. Construímos uma mini composteira para
contemplarmos mais de perto o processo de degradação da matéria orgânica e
a produção de húmus e para finalizar com chave de ouro, as crianças aguçadas
com a descida das lagartas das árvores e inquietas com tamanha beleza deste
bicho, nos levaram a pegá-la, colocá-la em um recipiente fechado (denominado
de “horta da lagarta”, por uma criança), a fim de observarmos sua
transformação.
Bolo de Minhoca para Minhocário Horta da Lagarta
Mini Composteira
E trocamos mais informações a respeito deste bicho e a sua diferença com a
minhoca.
Fomos até à sala do Jardim II, também, alunos “pós graduados” em lagartas que
nos deram importantes informações sobre este animal e como preparar o local
para que ela ficasse bem e pudesse completar o seu ciclo de vida.
“A lagarta é diferente da minhoca porque a lagarta sobe em árvores e a
minhoca não.”
“A minhoca fica dentro da terra e a lagarta não.”
O tema do lixo e outros conhecimentos que conseguimos agregar a partir deste
assunto foi abordado dessa maneira entre nós. Após a escrita deste relatório
acontecerá uma visita da nossa turma em cada sala de aula da escola para
mostramos o pequeno trabalho que realizamos no decorrer do semestre. Assim,
apresentaremos:
- Algumas fotos mostrando o lixo jogado pela escola, inclusive na composteira.
- Um saco de lixo que fora recolhido por nós em cinco dias de coleta realizada
após o lanche dos alunos da escola.
- Um lixo reciclável que ficará ao lado do lixo orgânico da cantina para
iniciarmos uma tentativa de separação do lixo.
Quem sabe este não pode ser um ponta pé para iniciarmos um verdadeiro
projeto de sustentabilidade em nossa escola?
O desafio está posto!
No decorrer deste semestre como no anterior, mais surpresas aconteceram...
A Bruna, nos deixou e a Carla voltou. Eu e as crianças vivemos um misto de
emoções: tristeza e alegria ao mesmo tempo! Tristeza com a partida da Bruna e
alegria pela volta da Carla.
Assim, como de costume, fizemos um Chá de Boas Vindas para receber a
querida Carla de volta!
Outra surpresa, foi a saída da aluna Madalena que infelizmente nos deixou para
ir morar em São Paulo.
“A Madalena vai morar para sempre em nossos corações”.
Paralelo à todos estes acontecimentos, também tivemos outros momentos
significativos para nossa turma:
- Brincadeiras de Construção (momentos estes de concentração e orgulho pelas
obras construídas)
- Visita da Eleonora com atividade de agrupamento das tampinhas (troca de
experiências entre nós professoras e hipóteses de pensamento por parte das
crianças).
- Além deste dia, tivemos outros nos quais a intenção foi proporcionar às
crianças, a manipulação de materiais concretos e possíveis maneiras de
organização destes.
- História do Nabo Gigante (foi muito divertido dramatizar a história para as
crianças que curiosas escutavam o desfecho dela).
- Lavagens de brinquedos (“Eliana, é muito legal esta atividade!”).
- Projeto de Leitura do Quinto Ano (As crianças desta turma eram recebidas com
entusiasmo pelas crianças concentradas em ouvir as histórias escolhidas por
estes alunos).
- Dia do Aniversário do Saci e por coincidência Dia das Bruxas (Este serzinho
travesso nos conquistou com suas “sapequices”, fizemos armadilha para pegá-lo
com peneira e docinhos, ouvimos músicas e histórias sobre ele).
- Pintura dos Pés (atividade divertida e animada, as crianças adoraram!).
- Para finalizar esta atividade, um banho nos pezinhos que acabou virando um
“banho de lama”.
- As galinhas e o nascimento dos pintinhos (as galinhas são animais que
frequentam a nossa escola e as crianças já estão acostumadas com elas. Para
nossa surpresa, a galinha carijó fez um ninho na composteira da escola. Assim,
todos os dias, pudemos observar ela chocando seus ovinhos e depois, para
nossa alegria, os pintinhos nasceram e começamos a alimentá-los com quirera).
Algo interessante que em meados de setembro começou a surgir nas falas das
crianças foi: “Ô Eliana, a gente não é mais a Turma do Carteiro?”.
Eu respondia: claro, que somos.
Elas retrucavam: “mas, agora a gente está soltando pipa e piabas”.
Assim, umas diziam: “ah, então, a gente é a Turma do Carteiro e das Piabas”.
Vinha outro e falava: “não, mas a gente, também é a Turma do Lixo”.
Até, que nestes últimos dias do ano, ouvi de um aluno: “a gente é a turma de
tudo”.
“A professora organizou possibilidades, deixando nelas suas marcas. Mas essas
possibilidades e marcas não estavam asseguradas por si mesmas. No encontro com as
crianças, que atuaram sobre elas, marcas e possibilidades foram reafirmadas e
transformadas, insistiram, mas também ganharam outras dimensões, afetaram
aqueles que as compartilharam, constituindo um projeto em comum, feito de
consensos e de conflitos, nos quais, o vazio, como tempo, foi um espaço para que os
efeitos das relações pudessem surgir.” (SHIOHARA, 2009, 131)
A frase do meu aluno só me faz reafirmar o que penso e acredito: que na
Educação Infantil, e em particular, na sala do Jardim I A, o mundo está aberto a
todas as possibilidades de encanto, as infinitas linguagens e a todas as formas
de brincadeiras...
É como sempre digo às crianças e aos pais em nossa primeira reunião: nós,
estamos neste mundo para sermos felizes e aprendermos a amarmos uns aos
outros.
Este também é o papel da Educação, além de todas as teorias e mais teorias que
não nos cansam de ensinar...
Para finalizar termino com um frase dita pelas crianças e registrada no nosso
Livro da Vida:
“A nossa turma é o amor. É linda e não joga lixo no
chão.”
Ao contrário o cem existe
A criança é feita de cem.
A criança tem cem mãos
cem pensamentos
cem modos de pensar
de jogar e de falar.
Cem sempre cem
modos de escutar de maravilhar e de amar.
Cem alegrias para cantar e compreender.
Cem mundos
para descobrir
Cem mundos
para inventar
Cem mundos
para sonhar.
A criança tem
cem linguagens
(e depois cem cem cem )
mas roubaram-lhe noventa e nove.
A escola e a cultura
lhe separaram a cabeça do corpo.
Dizem-lhe:
de pensar sem as mãos
de fazer sem a cabeça
de escutar e de não falar
de compreender sem alegrias
de amar e de maravilhar-se
só na Páscoa e no Natal.
Dizem-lhe:
de descobrir o mundo que já existe
e de cem
roubaram-lhe noventa e nove.
Dizem-lhe:
que o jogo e o trabalho
a realidade e a fantasia
a ciência e a imaginação
o céu e a terra
a razão e o sonho são coisas
que não estão juntas.
Dizem-lhe enfim:
que o cem não existe.
A criança diz:
ao contrário o cem existe.
(Loris Malaguzzi, Bambini, Milão, ano X, nº 2, fev/94 in Bufalo)
(Tradução livre de Ana Lúcia Goulart de Faria).
Desejos a todos queridos alunos e familiares um ótimo final de ano e feliz férias!
Sentirei saudades destas crianças tão queridas e carinhosas, vocês morarão para
sempre em meu coração!
Eliana
Histórias lidas:
A história do cão – Jackie Robb e Berny Stringle – Ilustrações: Karen Duncam e
Samantha Stringle - Tradução: Luciano V. Machado
A história do Lobo de todas as cores – Meneer Zee e Gitté Vancoillie
Uma lagarta muito comilona – Eric carle
A minhoca Filomena – Márcia Glória Rodrigues Dominguez e Rebeca Simone
A pipa amarela – Maria Ângela de Faria Resende e Mariângela Haddad
A primavera da lagarta – Ruth Rocha e Madalena Elek
Au-Au – Adam Stower
Como é bom! – Beatriz Monteiro da Cunha
Dez folhas ao vento – Anne Moller
Meu amigo, o monstro do tempo. Steve Smallman e Bruno Merz
O caso da lagarta que tomou chá de sumiço – Milton Célio de Oliveira Filho e
André Neves
O livro dos pés – Liana Leão e Thais Linhares
O nabo gigante – Aleksei Tolstoi e Niamh Sharkei – Tradução: Cristiane Rohrig
Os cinco sentidos – Bartolomeu Campos de Queirós e Camila Mesquita
Pedro e Tina – Stephen Michael King
Quem tem medo de bruxa – Fanny Joly e Jean Noel Rochut
Se ficar o bicho pega – Regina Siguemoto e José Carlos Martinez
Soltei o pum na escola – Blandina Franco e José Carlos Lollo
Tato – Mandy Suhr e Mike Gordon
Um superamigo – Nair de Medeiros Barbosa
Um zoológico no meu jardim – Mirna Pinsky e Cláudio Martins
Referência Bibliográfica
Educação Infantil pós-LDB: rumos e desafios/ Ana Lúcia Goulart de Faria e
Marina Silveira Palhares (orgs.) – 4ºed. rev. e ampl. - Campinas, SP: Autores
Associados – FE/UNICAMP; São Carlos, SP: Editora da UFSCar; Florianópolis, SC:
Editora da UFSC, 2003. – (Coleção polêmicas do nosso tempo; 62)
Referencial Curricular Nacional Para A Educação Infantil – Volumes 1, e 3.
SHIOHARA, Aline. O registro como mediação criadora de possibilidades.
Campinas(SP), 2009. Tese (Mestrado) – Faculdade de Educação, Universidade
Estadual de Campinas.
Filmes e Episódios Assistidos:
- A Origem dos Guardiões
- A Vida é uma festa
- A fuga das galinhas
- Episódio do Saci – Sítio do Pica Pau Amarelo
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