quilombo chácara das rosas - prof. dra. elsa avancini

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Trabalho de pesquisa da Prof. Elsa Avancini sobre o Quilombo Chácara das Rosas de Canoas-RS

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Quilombo Chácara das Rosas Quilombo Chácara das Rosas Canoas/RSCanoas/RS

QUILOMBO CHACARA DAS ROSASCANOAS/RS

Apresentação feita junto a reunião das secretarias municipais de Canoas em março de 2009:

Roteiro de apresentaçao: A legislação quilombola no Brasil Histórico da Comunidade Chácara das Rosas Resultados preliminares da pesquisa sócio-

econômica da comunidade

Quilombo Chácara das Rosas Memória e Processo de Identificação

Pesquisador: Profa. Dra. Elsa Gonçalves Avancini Bolsistas ABI: Maria Do Carmo M. Aguilar Bolsistas Voluntários: Clóris Valentina Pereira,

Felipe Biasus

Título da Pesquisa – Quilombo Chácara das Rosas Memória e Processo de Identificação

Instituição: UNILASALLE Data : Agosto de 2009 :

A Legislação QuilombolaA Legislação Quilombola

Decretos e Instruçoes normativasDecretos e Instruçoes normativas

O conceito de quilombo

Atualmente o conceito não se refere apenas a ocupações relativas a antigas áreas de insurreição. Mas inclui comunidades de segmentos negros que no pós abolição

mantiveram práticas de resistência coletiva, e seus modos de vida baseados no uso

comum da terra e em laços de parentesco e solidariedade.

Artigo 68 – do Ato de Disposições Constitucionais Transitórias – CF/1988.

"Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas

terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os

títulos respectivos".

DECRETO Nº 3.912, DE 10 DE SETEMBRO DE 2001

Art. 1o  Compete à Fundação Cultural Palmares – FCP- iniciar, dar seguimento e concluir o processo administrativo de identificação dos remanescentes das

comunidades dos quilombos, bem como de reconhecimento, delimitação, demarcação, titulação e

registro imobiliário das terras por eles ocupadas.         Parágrafo único.  Para efeito do disposto no

caput, somente pode ser reconhecida a propriedade sobre terras que:

        I - eram ocupadas por quilombos em 1888; e         II - estavam ocupadas por remanescentes das

comunidades dos quilombos em 5 de out. de 1988.

DECRETO Nº 4.887, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2003.

        Art. 2o  Consideram-se remanescentes das

comunidades dos quilombos, para os fins deste Decreto, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.

        § 1o  Para os fins deste Decreto, a caracterização dos remanescentes das comunidades dos quilombos será atestada mediante autodefinição da própria comunidade.

       

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 20, DE 19 DE SETEMBRO DE 2005.

Art. 4º Consideram-se terras ocupadas por remanescentes das comunidades de quilombos toda a terra utilizada para a garantia de sua reprodução física, social, econômica e cultural, bem como as áreas detentoras de recursos ambientais necessários à preservação dos seus costumes, tradições, cultura e lazer, englobando os espaços de moradia e,

inclusive, os espaços destinados aos cultos religiosos e os sítios que contenham reminiscências históricas dos antigos quilombos.

INSTRUÇÃO NORMATIVA no 49 de 29 de Setembro De 2008

Revoga a IN 20 Em relação ao processo de demarcação quando há conflito

entre os territórios pretendidos e áreas de conservação patrimonial e ambiental;

Neste caso o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), o Instituto Chico Mendes, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e outros órgãos competentes serão consultados.  

O Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) será elaborado a partir de quesitos pré-estabelecidos que deverão ser todos respondidos.

A definição da área do território reivindicado será precedida de reuniões entre comunidade e o grupo técnico

Comunidades quilombolas no RS

Comunidades quilombolas: 136Comunidades quilombolas: 136Em processo de reconhecimento: 36Em processo de reconhecimento: 36Comunidades tituladas: 0Comunidades tituladas: 0

Origens do Quilombo Chácara das Rosas

O casal João Maria Genelício e Rosalinda Barbosa de Jesus, Filha de Manoel Barbosa fundador do quilombo homônimo situado em Gravataí.

Após o casamento decidem se mudar para as terras adquiridas por Joao Genelício em Canoas na década de 1940, e ali tiveram 07 filhos.

Além de moradia, a propriedade era também a fonte de sustento da família tirada através da venda de verduras e flores ali plantadas pelo casal.

Quilombo Manoel BarbosaGravataí/RS

Em 1940 Canoas ha pouco deixara de ser distrito de Gravataí, e possuía traços rurais. O município se caracterizava pela produção agrícola e criação de

gado para corte e leite.

Porém nas décadas de 1960, 70 e 80, Canoas viu crescer indústrias e ofertas de serviços

tipicamente urbanos.

De rural a urbano:o ontem e o hoje de uma De rural a urbano:o ontem e o hoje de uma comunidade quilombolacomunidade quilombola

Devido a esse crescimento e urbanização da cidade de Canoas o quilombo

Chácara das Rosas viu seu território passar de propriedade rural para

urbana

A transformação de uma região com feições populares, para uma região elitizada,

mudou as relações entre os membros da comunidade com seus novos vizinhos. O

processo de interconhecimento com a vizinhança antiga não se manteve com os

atuais moradores da região.

Flores e horta

Tradições da Comunidade

A Horta do Sr. Tonho

Horta do Sauro

Roseiras da propriedade

Terreiro Reino de Pai Ogun

Com as mudanças ocorridas na região, na passagem de área rural para urbana, a chácara deixou de ser a fonte de sustento familiar sendo utilizada apenas como moradia.

Com a especulação imobiliária cada vez mais crescente em seu entorno, e muitas vezes avançando seu território, a comunidade numa tentativa de garantir a posse de suas terras acionou o art. 68 da constituição.

Quilombo Chácara das RosasQuilombo Chácara das Rosas A trajetória de uma comunidade negra A trajetória de uma comunidade negra rumo ao reconhecimento e dignidaderumo ao reconhecimento e dignidade

O reconhecimento

Sob um contexto de invisibilidade, conseguiram produzir uma convivência comunitária, e criaram estratégias para

garantir sua permanência no local.

O estudo sobre este território durou 09 meses e em março de 2007 ele foi reconhecido

como um quilombo.

(fala da liderança de um quilombo em uma audiência (fala da liderança de um quilombo em uma audiência pública)pública)

“ Só por que somos negros, pobres e Só por que somos negros, pobres e trabalhadores, não temos direitos de estarmos trabalhadores, não temos direitos de estarmos nessa terra? Depois de anos e anos lutando, nessa terra? Depois de anos e anos lutando, todo mundo tem direito. A única coisa que todo mundo tem direito. A única coisa que queremos é a posse da terra, nada mais. Não queremos é a posse da terra, nada mais. Não estamos pedindo favor a ninguém. Isso todo estamos pedindo favor a ninguém. Isso todo o ser humano quer: o direito de plantar e o ser humano quer: o direito de plantar e colher o fruto desse trabalho, coisa que colher o fruto desse trabalho, coisa que antepassados da gente vêm buscando. Não só antepassados da gente vêm buscando. Não só os de agora- na era de 2000-, mas os de os de agora- na era de 2000-, mas os de muito tempo atrás, no tempo da escravidão.”muito tempo atrás, no tempo da escravidão.”

Resultados da Ficha sócio-econômica2009

Pesquisa feita por iniciativa do Comitê de Apoio à Comunidade Quilombola Chácara das Rosas mediante ficha sócio-econômica, com auxílio de estudantes do curso de História do Unilassalle e de membros do Conselho Estadual de Umbanda CEUCAB.

População Adultos( acima de 30 anos) – 33 adultos M-16 F- 17

Jovens ( 19 a 30 anos)- 13 jovens M-5

F-8 Adolescentes ( 12 a 18 anos)- 17 adolescentes M-6 F-11 Crianças ( até 12 anos incompletos)- 23 crianças M-9 F-14 TOTAL : 86 moradores

População e Moradias

21 moradias ( 86 moradores) 32 famílias Número de pessoas por moradia: Casas com uma pessoa - 03 Casas com 2 até 5 pessoas - 13 Casas com mais de 5- 05

Saneamento

Luz: Com luz – 21 casas (algumas com contador

coletivo) Água – dentro - 12 fora - 05 Coleta manual - 04 Banheiro: Completo 11 Latrina 03 Sem 07

SAÚDE

Problemas mais frequentes por casa: Tabagismo - 07 Deficiencia mental - 03 Fígado- 01 Pressão alta - 05 Respiratórios - 07 HIV – 01

Anemia falciforme - 01 Convulsão – 01 Drogas - 03 Alcoolismo - 01 Reumatismo - 01 Problemas Cardíacos -01 Depressão – 01 Problemas gátricos – 01

Atendimento nos postos

Posto do Avião Santa Isabel Coronel Vicente

Programas de atendimento

Cesta básica 06 – CONAB via Manoel Barbosa

Bolsa Família - 09 Benefício continuado do idoso(BPC-I)- 01 Benefício portadores de deficiência( BPC-

PD) – 01

NIVEL de RENDA por Familia

Assalariados 09 Pensões - 07 Bolsa - 03 Até 450,00 - 11 Entre 500 e 1000 - 06 Acima de1000 – 04 Outros - 08Outros- 08

EDUCAÇÃO

09 analfabetos Ens. Fund. Inc. 35 Ens. Fund. C. 02 Ens. Médio Inc.03 Ens. Médio C. Ensino Superior em Curso. 01

Bibliografia

AVANCINI. Elsa Gonçalves, AGUILAR, Maria do Carmo.Quilombo Chácara das Rosas. Memória de uma comuidade negra em Canoas/RS. In Bernd,Zilá et al (orgs) Canoas, Memória e cultura: perspectivas transdisciplinares ,UNILASALLE, 2009

OLIVEIRA Vinicius Pereira de. RODRIGUES, Vera Oliveira O ontem e o hoje de uma luta quilombola. Relatório Antropológico e Histórico de uma comunidade negra em Canoas/RS. Porto Alegre FURGS/INCRA-Rs, 2007,

COMIN, Ana Paula.O Planeta dos Negros no Mundo dos Brancos: estudo sobre a manutenção e atualização das fronteiras étnicas de uma comunidade negra na comunidade de Canoas/RS. Dissertação de Mestrado. PPG Antropologia/UFRGS, 2003.

____Do “Planeta dos Macacos” a “Chácara das Rosas”. De um território negro a comunidade quilombola. (org.) SILVA, Gilberto Ferreira, SANTOS, José Antonio dos, CARNEIRO, Luiz Carlos da Cunha. RS Negro: cartografias sobre a produção do conhecimento. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008, ISBN 978-85-7430-742-8, p.220-230

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