pesquisa de campo na antropologia editado

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Science

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Séc. XIX: Pesquisador Erudito Observadores (Viajantes, Missionários, Administradores) Objeto de Estudo: “Selvagens”, “Primitivos” (Sociedades

“Simples”) Evolucionismo

O que importa nessa época não é de forma alguma a problemática de etnografia enquanto prática intensiva de conhecimento de uma determinada cultura, mas a tentativa de compreensão, a mais extensa possível no tempo e no espaço, de todas as culturas, em especial das mais longínquas, e das mais desconhecidas.

“A etnografia propriamente dita só começa a existir a partir do momento no qual se percebe que o pesquisador deve ele mesmo efetuar no campo sua própria pesquisa, e que esse trabalho de observação direta é parte integrante da pesquisa”

(LAPLANTINE, 2007, p. 75).

Um dos primeiros etnógrafos Etnografia Profissional Monografia

Pela primeira vez, o teórico e o observador estão finalmente reunidos. Assistimos ao nascimento de uma verdadeira etnografia profissional que não se contenta mais em coletar materiais à maneira dos antiquários, mas procura detectar o que faz a unidade da cultura que se expressa através desses diferentes materiais.

É nessa nova perspectiva que Boas enfatiza a importância e a necessidade, para o etnólogo, de conhecer a língua da cultura na qual trabalha.

Com Malinowski, a antropologia se torna uma ciência da alteridade que vira as costas ao empreendimento evolucionista de reconstituição da origens da civilização, e se dedica ao estudo das lógicas particulares características de cada cultura.

Ninguém antes dele tinha se esforçado em penetrar tanto, como ele fez no decorrer de duas estadias sucessivas nas ilhas Trobriand, na mentalidade dos outros, e em compreender de dentro, por uma verdadeira busca de despersonalização, o que sentem os homens e as mulheres que pertencem a uma cultura que não é a nossa.

Séc. XIX - Evolucionismo Séc. XX - Funcionalismo

Pesquisador EruditoProduz sínteses (recebe, analisa e interpreta)

Pesquisador:Teórico e observador reunidos

Observadores(que residiam fora das sociedades)-Viajantes-Missionários-Administradores

Trabalho de Campo

Pesquisa Etnográfica

Observação Direta e Participativa

Etnografia: conhecimento secundário

Etnografia: a própria fonte de pesquisa

“A abordagem antropológica de base, que todo pesquisador considera hoje incontornável, quaisquer que sejam suas opções teóricas, provém de uma ruptura inicial em relação a qualquer modo de conhecimento abstrato e especulativo, isto é, que não estaria baseado na observação direta dos comportamentos sociais a partir de uma relação humana”

(LAPLANTINE, 2007, p. 149)

A etnografia, que pressupõe a observação participante, é considerada desde então como uma experiência de imersão total.

A etnografia não é etnocêntrica senão que relativista: procura entender a cultura estudada partindo da sua própria lógica.

Essa apreensão da sociedade tal como é percebida de dentro pelos atores sociais com os quais se mantém uma relação direta, é que distingue a prática etnológica – prática de campo – da do historiador ou do sociólogo.

Segundo Lévi-Strauss, trata-se de uma técnica de desenraizamento capaz de colocar em perspectiva as culturas e confrontar os costumes e as crenças de um grupo com as de outras encontradas em tempos e lugares distintos.

A dupla essência da reflexão antropológica consiste, de um lado, em olhar muito longe, para culturas muito diferentes daquela do observador, mas também, para o observador, em olhar sua própria cultura de longe, como se ele mesmo pertencesse a uma cultura diferente (LÉVI-STRAUSS, 2012, p. 29)

Consiste, portanto, em nos surpreender com aquilo que nos é mais familiar (aquilo que vivemos cotidianamente na sociedade na qual nascemos) e em tornar mais familiar aquilo que nos é estranho (os comportamentos, as crenças, os costumes das sociedades que não são as nossas, mas nas quais poderíamos ter nascido).

“A abordagem etnológica consiste precisamente em dar uma atenção toda especial a esses materiais residuais que foram durante muito tempo considerados como indignos de uma atividade tão nobre quanto a atividade científica. É uma abordagem claramente microssociológica, que privilegia dessa vez o que é aparentemente secundário em nossos comportamentos sociais. Disso resulta um deslocamento radical dos centros de interesse tradicionais das ciências sociais, para o que chamarei de infinitamente pequeno e cotidiano. (...) Assim, a atenção do pesquisador passa a interessar-se para as condutas mais habituais e, em aparência, mais fúteis: os gestos, as expressões corporais, os hábitos alimentares e higiene, a percepção dos ruídos da cidade e dos ruídos dos campos...” (LAPLANTINE, 2007, p. 153).

Diário DescritivoDiário Reflexivo

Notas Observações Depoimentos Entrevistas Registros visuais Gravações em áudio Genealogias etc.

A prática do etnólogo, que, por razões metodológicas, precisa colocar-se o mais perto possível do que é vivido por homens de carne e osso, faz com que ele tenha que enfrentar o risco de perder em algum momento sua identidade e não voltar totalmente ileso dessa experiência. “A busca etnográfica tem algo de errante. As tentativas abortadas, os erros cometidos no campo, constituem informações que o pesquisador deve levar em conta, bem como o encontro que surge frequentemente com o imprevisto, o evento que ocorre quando não esperávamos” (LAPLANTINE, 2007, p.151).

- Aventura pessoal

Direitos dos Antropólogos, enquanto pesquisadores:

1. Direito ao pleno exercício da pesquisa, livre de qualquer tipo de censura no que diga respeito ao tema, à metodologia e ao objeto da investigação.

2. Direito de acesso às populações e às fontes com as quais o pesquisador precisa trabalhar.

3. Direito de preservar informações confidenciais. 4. Reconhecimento do direito de autoria, mesmo quando o trabalho constitua

encomenda de orgãos públicos ou privados e proteção contra a utilização sem a necessária citação.

5. O direito de autoria implica o direito de publicação e divulgação do resultado de seu trabalho.

6. Os direitos dos antropólogos devem estar subordinados aos direitos das populações que são objeto de pesquisa e têm como contrapartida as reponsabilidades inerentes ao exercício da atividade científica.

1. Direito de ser informadas sobre a natureza da pesquisa.

2. Direito de recusar-se a participar de uma pesquisa.3. Direito de preservação de sua intimidade, de acordo

com seus padrões culturais.4. Garantia de que a colaboração prestada à

investigação não seja utilizada com o intuito de prejudicar o grupo investigado.

5. Direito de acesso aos resultados da investigação.6. Direito de autoria das populações sobre sua própria

produção cultural.

1. Oferecer informações objetivas sobre suas qualificações profissionais e a de seus colegas sempre que for necessário para o trabalho a ser executado.

2. Na elaboração do trabalho, não omitir informações relevantes, a não ser nos casos previstos anteriormente.

3. Realizar o trabalho dentro dos cânones de objetividade e rigor inerentes à prática científica.

Trabalho de campo segundo uma perspectiva audiovisual da cultura.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Guanabara, 1989.

LAPLANTINE, François. Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2007.

LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.

LÉVI-STRAUSS, Claude. A antropologia diante dos problemas do mundo moderno. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

POIRIER, Jean. La historia de la etnología. México: Fondo de Cultura Económica, 1992.

ROCHA, Evandro. O que é etnocentrismo. São Paulo: Brasiliense, 2006.

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