os livros poéticos e de sabedoria
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RESUMO - MANUAL BÍBLICO VIDA NOVA
QUARTA PARTE – A MENSAGEM DA BÍBLIA - P. 348-417
OS LIVROS POÉTICOS E DE SABEDORIA
A Bíblia é a Palavra de Deus, que nos chega por intermédio das experiências do povo de
Deus. Ela expressa todas as emoções da vida de fé e trata de muitas áreas da experiência
humana que podem parecer seculares ou não espirituais.
Em nenhum lugar isso é mais verdadeiro que na literatura poética e de sabedoria. Os
salmos expressam todas as emoções que o fiel encontra na vida, sejam elas louvor ou
amor a Deus, ira contra aqueles que praticam a violência e o dolo, lamento e
perplexidade pessoal ou apreço pela verdade de Deus.
Tradicionalmente, falamos de Salmos e de Cântico dos Cânticos como os livros de
poesia bíblica, e de Jó, Provérbios e Eclesiastes como de sabedoria bíblica. Os cinco
livros chamados Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos ainda nos
fornecem os melhores exemplos de como ler hinos, cânticos, provérbios e reflexões da
Bíblia.
Muitos dos temas e das características das literaturas egípcia, cananéia e
mesopotâmica são encontrados no Antigo Testamento, particularmente nas passagens
poéticas e de sabedoria. Entre os mais comuns estão:
O paralelismo, recurso em que uma linha de poesia é seguida por uma segunda que
de algum modo reitera ou reforça a primeira.
No quiasmo, a segunda linha reforça a primeira com inversão da seqüência de
palavras ou frases.
Os provérbios numéricos enumeram um número de elementos ou ocorrências que
partilham de uma característica comum.
Num poema acróstico, cada verso ou seção começa com uma letra sucessiva do
alfabeto hebraico.
Recursos retóricos. A linguagem da poesia e da sabedoria bíblica visa torná-los
interessantes e mnemônicos.
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JÓ
O livro de Jó conta a história de um homem reto (Jó), a quem Deus, por insistência de
Satanás, afligiu para lhe testar a fidelidade e a integridade.
O ambiente do livro e os paralelos literários
Fora da Bíblia. Os antigos sábios escreveram muito acerca do sofrimento humano.
A antiga literatura de lamentos com certeza influenciou Jó, em especial na maneira pela
qual ele expressou suas queixas.
Dentro da Bíblia. Alguns estilos de material bíblico encontrados em Jó são: Lamentos,
Hinos de Louvor, Provérbios, Discurso Profético, Poemas de Sabedoria, Ditados
Numéricos, Questionamento reflexivo, Apocalíptica. Jó não é um livro convencional.
Data e autoria
Ninguém sabe quando ou quem escreveu Jó. Alguns consideram que ele foi escrito no
exílio babilônico, mas o livro não faz alusão a esse fato ou a algum fato da história de
Israel.
Unidade e integridade
Alguns estudiosos asseveram que algumas partes do livro são acréscimos posteriores —
ou seja, não foram escritas pelo autor original e não são sinceras em suas intenções. Mas o
livro fica sem sentido, caso essas partes sejam eliminadas.
O problema central
O livro de Jó confunde os leitores de hoje. Decerto, alguns leitores crêem que o prólogo
resolve o problema: o sofrimento é um teste da humanidade num julgamento cósmico
diante de Deus e Satanás.
Na realidade, é consideravelmente pouco o que Jó fala do problema do sofrimento.
Entretanto, ainda que o sofrimento seja um fator importante no livro, a questão central não
é por que os justos sofrem, mas por que a pessoa deve servir a Deus.
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ESTRUTURA DO TEXTO
PRÓLOGO 1.1—2.13
O DIÁLOGO COM OS TRÊS AMIGOS 3.1—31.40
O monólogo de abertura de Jó 3.1-26
A primeira resposta de Elifaz 4.1—5.27
Jó responde e ora 6.1—7.21
A primeira resposta de Bildade 8.1-22
Jó responde e ora novamente 9.1—10.22
A primeira resposta de Zofar 11.1-20
Jó abre o segundo ciclo 12.1—14.22
A segunda resposta de Elifaz 15.1-35
Jó lamenta e ora 16.1—17.16
A segunda resposta de Bildade 18.1-21
Jó lamenta e espera 19.1-29
A segunda resposta de Zofar 20.1-29
A resposta de Jó 21.1-34
A terceira resposta de Elifaz 22.1-30
Jó procura a justiça 23.1—24.25
A terceira resposta de Bildade 25.1-6
O último discurso de Jô aos amigos 26.1—27.23
Um hino à sabedoria 28.1-28
O último discurso de Jó 29.1—31.40
OS DISCURSOS DE ELIÚ 32.1—37.24
OS DISCURSOS DE DEUS 38.1—42.6
EPÍLOGO: JÓ É RESTAURADO 42.7-17
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O valor teológico
Jó não servia a Deus à toa. Ele aprendeu que o benefício real de sua piedade não eram a
saúde, a riqueza e os filhos; era o próprio Deus. Deus, o Criador e Juiz de tudo, está
concretizando o triunfo da justiça.
SALMOS
O livro de Salmos ou o Saltério é o hinário do culto israelita e o livro bíblico de devoções
pessoais.
Data e autoria de Salmos
O Saltério foi completado só mais tarde na história israelita. Mas ele contém hinos
escritos num período de centenas de anos.
Evidências dos sobrescritos. Uma fonte básica de informações a respeito da data e
autoria de cada salmo são os sobrescritos encontrados em muitos salmos. De acordo com
eles, entre os autores estão Davi, os filhos de Corá, Asafe, Moisés e Salomão.
Significado e confiabilidade dos sobrescritos. Alguns estudiosos, porém, questionam se
os sobrescritos têm por propósito indicar a autoria dos salmos.
A autoria davídica dos salmos. Davi era reputado como cantor e servo dedicado do
Senhor, e nada em sua vida é incompatível com a possibilidade de ser salmista.
A data dos salmos. Os críticos mais antigos datavam muitos dos salmos na história
posterior de Israel, alguns até no período macabeu. Mas isso já não é aceito.
A compilação de Salmos
Salmos divide-se em cinco “livros”: Livro I: salmos 1—41; Livro II: salmos 42—72;
Livro III: salmos 73—89; Livro IV: salmos 90—106; Livro V: salmos 107—150.
Não temos informações precisas quanto às datas em que os cinco livros de Salmos foram
compilados nem quanto aos critérios de compilação. Cada um dos cinco livros termina com
uma doxologia, e o salmo 150 é uma doxologia de conclusão para todo o Saltério.
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Tipos de salmos
Ao estudar um salmo, é preciso fazer as seguintes perguntas:
1) Ele era cantado por indivíduos ou pela congregação?
2) Qual o propósito do salmo?
3) Ele menciona algum tema especial, tal como o rei e a casa real ou Sião?
Fazendo essas perguntas, os estudiosos identificam uma série de tipos de salmos.
Hinos. Nesse tipo de salmo, toda a congregação louva a Deus por suas obras ou
atributos.
Queixas da comunidade. Nesses salmos, toda a nação expressava suas queixas por
problemas que estava enfrentando, tais como derrota em batalha, fome ou seca.
Queixas individuais. Esses salmos são como os de queixas comunitárias, com a
diferença de serem orações pronunciadas por indivíduos, não pela nação inteira.
Cânticos individuais de ação de graças. Nesses salmos, uma pessoa louva a Deus por
algum ato salvador.
Salmos reais. Esses salmos tratam do rei e da casa real.
Salmos da Torá. Esses salmos dão instrução moral ou religiosa.
Salmos oraculares. Esses salmos registram um decreto de Deus.
Salmos de bênção. Nesses salmos um sacerdote pronunciava uma bênção sobre os
ouvintes.
Cânticos de censura. Esses salmos reprovam os ímpios pelo comportamento vil e
prometem que a destruição deles está próxima.
Cânticos de confiança. Nesses salmos o salmista pode enfrentar dificuldades, mas
permanece seguro do auxílio de Deus e proclama essa sua fé e confiança.
ESTRUTURA DO TEXTO
Salmo da Torá Salmo 1, 19, 36-37, 78, 119, 127
Salmo real / de censura Salmo 2
Queixa individual / oração por vitória Salmo 3
Queixa individualSalmo 4 a 7, 10, 13, 17, 22, 31, 35, 38-43, 54-59,
64, 69-71, 86, 88, 102, 109, 120, 130, 140-143
Hino Salmo 8, 29, 46-47, 76, 92, 96, 98, 103-104, 107,
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134, 145
Cântico individual de ação de graças Salmo 9, 30, 138
Cântico de confiança Salmo 11, 16, 18, 23, 26-28, 61-63, 139
Queixa da comunidade Salmo 12, 44, 60, 74, 79-80, 85, 89, 123
Salmo oracular / cântico de censura Salmo 14, 53
Cântico da Torá / hino processional Salmo 15
Oração por vitória / salmo de bênção Salmo 20
Oração por vitória Salmo 21, 144
Hino processional Salmo 24, 84, 100, 121-122
Salmo penitencial Salmo 25
Cântico de testemunho Salmo 32, 34, 131
Cântico de casamento real Salmo 45
Cântico de Sião Salmo 48, 50, 65, 125-126, 121
Cântico de sabedoria Salmo 49, 73, 133
Salmo penitencial Salmo 51
Cântico de censura Salmo 52
Hino / cântico de testemunho Salmo 66
Salmo de bênção Salmo 67
Cântico de vitória / hino Salmo 68
Cântico de coroação Salmo 72
Queixa individual / queixa
comunitáriaSalmo 77, 90
Salmo oracular Salmo 81, 82, 87, 95
Maldições nacionais Salmo 83, 129, 137
Cântico de sabedoria / salmo oracular Salmo 91
Cântico do reinado do Senhor Salmo 93, 97, 99
Queixa comunitária / cântico de
confiançaSalmo 94
Salmo votivo Salmo 101
Hino de aleluia Salmo 105, 106, 111, 113-114, 117, 146-150
Hino / queixa comunitária Salmo 108
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Salmo real Salmo 110
Hino de Aleluia / cântico de sabedoria Salmo 112
Hino de aleluia / cântico de censura Salmo 115, 135
Cântico individual de ação de graças /
hino de aleluiaSalmo 116
Cântico individual de ação de graças /
hino antifônicoSalmo 118
Cântico de vitória Salmo 124
Salmo de bênção Salmo 128
Hino antifônico Salmo 136
O valor teológico
Os salmos ajudam os fiéis de hoje a compreender a Deus, a si mesmos e ao
relacionamento que têm com Deus. Os salmos retratam toda gama de emoções humanas:
alegria, desespero, culpa, consolo, amor, ódio, gratidão e insatisfação.
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PROVÉRBIOS
Apesar do nome, o livro de Provérbios é mais que uma coletânea de provérbios. Contém
alguns discursos longos e termina com um poema à mulher virtuosa.
A natureza da literatura proverbial
Toda cultura possui seus provérbios e sua sabedoria tradicional. Na antigüidade,
coletâneas de sabedoria tradicional serviam de texto para educação de jovens da
aristocracia.
Provérbios tem outros aspectos em comum com os escritos de sabedoria de outras
nações do antigo Oriente Próximo: é muito prático, sua estrutura e organização são
semelhantes às de outros escritos de sabedoria. Mas a sabedoria israelita é diferente da de
outras nações por afirmar que Deus é o ponto de partida na busca da verdadeira sabedoria.
Formas de ensino de sabedoria
Provérbios não é só interessante como leitura, seus ensinos são também memoráveis.
Seguem-se algumas das principais formas de expressão:
Provérbio. Breve observação ética ou um ensinamento cuidadosamente construído.
Admoestação. Preceito escrito ou em forma de um provérbio curto ou como parte de um
discurso longo.
Ditado numérico. O modelo numérico relaciona elementos que têm alguma coisa em
comum depois de uma introdução.
Ditado do tipo “melhor é”. Segue o padrão: “A é melhor que B”.
Pergunta retórica. Pergunta com resposta óbvia que, ainda assim, leva o leitor a uma
reflexão mais profunda.
Poema de sabedoria. Lições morais.
História exemplar. A história exemplar tem por objetivo ensinar uma lição moral.
A data e a autoria de Provérbios
O texto diz que os Provérbios de Salomão, os Provérbios de Salomão transcritos pelos
homens de Ezequias, as Palavras de Agur e as Palavras do rei Lemuel são respectivamente
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de Salomão, de Salomão conforme transcrição dos escribas de Ezequias, de Agur e de
Lemuel conforme aprendeu da sua mãe.
Não há indícios fortes que nos obriguem a abandonar a declaração bíblica de que
Salomão escreveu a maior parte do livro. Já que não conhecemos a identidade dos autores,
não temos como saber as datas de composição.
A origem dos provérbios
Dizer que Salomão foi o principal autor de Provérbios não implica que ele tenha
redigido cada provérbio de suas divisões. Com certeza uma fonte básica da sabedoria
israelita era a família, na qual os ensinos tradicionais eram transmitidos de geração em
geração. Uma segunda fonte eram as escolas em que os escribas tanto compilavam como
compunham literatura de sabedoria.
ESTRUTURA DO TEXTO
OS PROVÉRBIOS DE SALOMÃO 1.1—24.34
Os discursos de Salomão 1.8—9.18
Provérbios 10.1—22.16
Trinta ditados sobre os sábios 22.17—24.22
Ditados complementares dos sábios 24.23-34
A COLETÂNEA DE EZEQUIAS 25.1—29.27
A etiqueta real 25.1-15
As relações interpessoais 25.16-27
O trato com pessoas difíceis 25.28—26.28
A fidelidade no amor 27.1-27
A opressão e a necessidade da lei 28.1—29.27
AS PALAVRAS DE AGUR 30.1-33
Título e prólogo 30.1-9
Ensinamentos diversos 30.10-33
AS PALAVRAS DO REI LEMUEL 31.1-31
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Título e prólogo 31.1-9
Em louvor da mulher virtuosa 31.10-31
O valor teológico
Provérbios desafia os fiéis a aprenderem lições de gerações passadas. O livro apresenta
as implicações práticas da confissão de que Deus é o Senhor de tudo que diz respeito à
vida.
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ECLESIASTES
Eclesiastes incomoda muitos leitores cristãos. Desde o começo, quando declara que tudo é
inútil (1.2), parece ser escandalosamente pessimista e negativo em relação à vida.
Autoria e data
Eclesiastes diz ter sido escrito por um filho de Davi que foi rei de Israel em Jerusalém.
Isso aponta para Salomão, uma vez que, além de Davi, foi o único que governou Judá e
Israel unidos.
A linguagem de Eclesiastes. O hebraico de Eclesiastes é bem incomum e às vezes quase
obscuro.
Evidência interna. Alguns afirmam que o próprio texto insinua que Salomão não é o
autor.
Evidência literária. Certas passagens de Eclesiastes são muito parecidas com outras
literaturas do antigo Oriente Próximo.
Mensagem e propósito
Depois de absorver o choque inicial da leitura de Eclesiastes, leitores cristãos muitas
vezes o descrevem como uma defesa da fé ou até mesmo como uma obra evangelística.
Muitos leitores têm observado um ceticismo empedernido em Eclesiastes. Se Eclesiastes
é uma obra apologética, é sem dúvida diferente de qualquer outra defesa da fé já escrita.
Destinado à elite política e intelectual de Israel, o “pessimismo” do livro faz sentido. Ele
estava falando para aquelas pessoas mais propensas a construir sua vida sobre a base do
sucesso, riqueza, poder e reputação intelectual.
Estrutura
Para o leitor de hoje, Eclesiastes, a princípio, parece não ter nenhuma estrutura. Uma
leitura cuidadosa, porém, mostra que Eclesiastes avança com cuidado por um grupo de
assuntos selecionados.
ESTRUTURA DO TEXTO
Introdução 1.1-2
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Do tempo e do mundo 1.3-11
Da sabedoria 1.12-18, 2.12-17, 6.10—7.6
Da riqueza2.1-11,2.18-26, 4.4-8, 5.10—6.9,
11.1-6
Do tempo e do mundo 3.1-15a
Da política3.15b-17, 4.1-3, 4.13-16, 5.8-9, 7.7-
10, 9.13—10.17
Da morte 3.18-22
Da religião 5.1-7
Da sabedoria e da riqueza 7.11-14
Da sabedoria e da religião 7.15-29
Da política, da morte e da justiça de Deus 8.1—9.6
Da satisfação 9.7-12
Da política e da riqueza 10.18-20
Da satisfação, do tempo e do envelhecimento 11.7—12.7
Conclusão 12.8-14
O valor teológico
Eclesiastes desafia seus leitores a viver no mundo como ele realmente é, em vez de viver
em um mundo de falsas esperanças. Eclesiastes desafia seus leitores a abandonar as ilusões
da vaidade, encarar a morte e a vida com honestidade e aceitar com temor e tremor a sua
dependência de Deus.
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CÂNTICO DOS CÂNTICOS
O nome completo do livro é “Cântico dos Cânticos de Salomão”. Em hebraico, a expressão
Cântico dos Cânticos na verdade significa o melhor cântico.
Data e autoria
O título provavelmente denota que Salomão o escreveu, mas pode significar apenas que
era parte de sua coleção e que talvez tenha sido escrito por um cantor da corte.
A razão pela qual muitos estudiosos consideram Cântico dos Cânticos uma obra mais
recente é que parte de seu vocabulário parece incompatível com uma data mais antiga.
Alguns estudiosos acreditam que Cântico dos Cânticos possui várias palavras em
aramaico. Muitos judeus falavam essa língua durante o período intertestamentário e
neotestamentário.
Indícios geográficos
Cântico dos Cânticos menciona localidades de toda a antiga Palestina. Isso inclui lugares
tanto em Israel ao norte como no território de Judá ao sul.
Indícios culturais
As imagens poéticas de Cântico dos Cânticos refletem uma época de grande
prosperidade. Isso também apóia a idéia de que o livro foi escrito nos dias de Salomão.
Indícios literários
O estilo poético que vemos em Cântico dos Cânticos não é raro no mundo antigo. Do
Egito, no período entre 1300 e 1100 a.C. aproximadamente, procedem muitas canções de
amor que apresentam semelhanças notáveis com Cântico dos Cânticos.
É provável que Salomão estivesse familiarizado com os poemas de amor egípcios
produzidos nos trezentos anos anteriores. Isso explicaria por que Cântico dos Cânticos tem
tanto em comum com seus pares egípcios. Salomão, afinal, era cosmopolita em erudição e
gostos.
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A interpretação
Nenhum outro livro da Bíblia (exceto, talvez, Apocalipse) recebe tantas interpretações
radicalmente diferentes quanto Cântico dos Cânticos. As principais são as seguintes:
Interpretação alegórica. Os judeus o tomam como uma representação do amor entre o
Senhor e Israel, e os cristãos o consideram uma canção sobre o amor entre Cristo e a igreja.
Interpretação dramática. Nos últimos duzentos anos, muitos intérpretes têm afirmado
que Cântico é uma história teatral.
Interpretação da música de casamento. Alguns afirmam que Cântico dos Cânticos é
uma música de casamento.
Interpretação da canção de amor. A melhor interpretação é a mais simples e óbvia.
Cântico dos Cânticos é uma canção de amor com três papéis —um homem, uma mulher e
um coro de mulheres.
O sentido e a mensagem
Uma razão para o crescimento da interpretação alegórica de Cântico dos Cânticos é que
muitos pensavam que uma simples canção de amor não devia estar na Bíblia e que, a menos
que fosse alegorizada, não se podia encontrar nela uma mensagem teológica.
Primeiro, como o propósito da Bíblia é servir de guia em todos os aspectos da vida,
Cântico dos Cânticos trata de um dos aspectos universais da vida humana — amor,
casamento e sexualidade.
Segundo, embora o livro ensine pelo exemplo e não por mandamentos, sua mensagem é
clara. O amor que tinham um pelo outro exigia exclusividade e compromisso.
Terceiro, Cântico dos Cânticos celebra o amor entre um homem e uma mulher como
algo válido e belo, mesmo num mundo decaído e pecaminoso.
Quarto, Cântico dos Cânticos difere de seus pares do antigo Oriente Próximo num
aspecto significativo: não transforma a sexualidade num ritual sagrado.
Cântico dos Cânticos, portanto, deve ser considerado tal como é. É uma canção de amor
e uma afirmação do valor do vínculo entre um homem e uma mulher. Dessa forma, o livro
aumenta muito o valor que atribuímos à criação de Deus.
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O valor teológico
Os aspectos sexuais e emocionais do amor entre um homem e uma mulher são dignos
de atenção na Bíblia. A sexualidade e o amor são fundamentais à experiência humana. O
amor mútuo entre o homem e a mulher em Cântico dos Cânticos é uma reafirmação do
amor entre o primeiro homem e a primeira mulher.
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