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O HOMEM E ACOMUNICAÇÃO

O LIVRO DOLÁPIS

RUTH ROCHAOTÁVIO ROTH

CRIAÇÃO E PROJETO GRÁFICO

OTÁVIO ROTH

ILUSTRAÇÕESRAQUEL COELHO

1992 – Prêmio Jabuti – Melhor Obra emColeção,

Melhor Produção Editorial1993 – Prêmio Monteiro Lobato para

Literatura Infantil,Academia Brasileira de Letras

O primeiro homem que tentoudesenhar ou escrever não fez como nós,que usamos para isso o lápis e o papel,porque naquele tempo não existia nemlápis nem papel.

Ele deve ter usado os própriosdedos para fazer marcas e riscos naareia, na terra ou no barro.

Mais tarde, deve ter percebido quepodia fazer a mesma coisa com pedaçosde pau, de ossos ou lascas de pedras.

Com o uso do fogo, o homemdescobriu o carvão e os ossoscarbonizados, que foram os primeiroslápis da História.

Muitos anos se passaram.O homem aprendeu a usar o fogo

para se aquecer e para afastar as feras.Aprendeu a cozinhar o seu jantar e acozer sua cerâmica. E aprendeu aproteger o fogo com pedras para que ovento não o apagasse.

A gente pode até imaginar que, um

dia, uma dessas pedras tenha começadoa derreter, soltando um fiozinho de ummaterial muito brilhante. Quando essefio esfriou, o homem percebeu que essematerial era muito duro e se prestavapara muitos fins. Dentre as coisas que ohomem fez, utilizando o metal, estão osprimeiros estiletes.

Começava aí a Idade do Metal.

Com a invenção do estilete demetal, o homem pôde riscar outrosmateriais.

A forma dos estiletes era variada.Os egípcios, por exemplo, usavam umestilete resistente e pontudo paradesenhar na pedra seus hieróglifos.

Os sumérios faziam um estilete de

ponta triangular, apropriado para marcarno barro mole sua escrita cuneiforme.

Os indianos produziam um estiletedelicado como uma agulha, com o qualriscavam folhas de árvores.

Mas esses estiletes não serviampara escrever sobre superfícies flexíveise macias como pano, cascas de árvoresou papiro.

Então foram inventados o pincel e atinta.

O primeiro pincel, criado pelosegípcios, era na verdade um galhinho dejunco mastigado, duro e desajeitado.Mas funcionava bem sobre o papiro, queé bem liso.

O uso do pincel facilitou a escrita,tornou-a mais rápida. Por isso, pouco apouco, a escrita hieroglífica foi sesimplificando, dando origem à escritahierática e, mais tarde, à demótica.

Mais ou menos ao mesmo temposurgiu o paragraphos, um pequenoinstrumento feito de chumbo que foi oantepassado do nosso lápis.

Duzentos e cinquenta anos antes deCristo, um sábio chinês chamado MengT’ien, decerto achando o pincel de juncomuito desajeitado, teve a ideia deamarrar pelos de animal num pedaço debambu, inspirado talvez num gato quepassava com o rabo sujo... Foiinventado o verdadeiro pincel!

Essa invenção transformou a escritade riscos duros em pintura de delicadaspinceladas. Assim, a escrita ficou muitomais bonita.

Com a ajuda de uma espécie de tintananquim que eles inventaram, oschineses puderam escrever na seda,conseguindo um lindo efeito!

Como se vê, o progresso dosinstrumentos de escrever tem tudo a vercom o progresso dos materiais sobre osquais se escreve.

Quando surgiu o pergaminho, que éuma pele de carneiro ou bezerro curtidade uma certa maneira, logo foi inventadaa primeira caneta.

Foram os gregos que criaram essaprimeira caneta de junco, o mesmomaterial com o qual se faziam os pincéisantigos. Eles apontavam a extremidade

do junco e partiam sua ponta ao meio,para que a tinta ficasse retida pelo juncoe fosse saindo aos poucos.

Logo mais apareceram as canetas debambu, feitas da mesma maneira.

As canetas de penas de aves vieramem seguida. Elas permitiam que seescrevesse com mais facilidade sobre opergaminho, com formas maisarredondadas e mais delicadas.

Foi a partir do uso das penas deaves que começaram a aparecer as letrasminúsculas e o jeito de escrever queusamos hoje: a escrita cursiva ou escritade mão.

Na Europa, durante a Idade Média,as penas de asas de aves foram muitousadas. Penas de ganso, de peru, de

pavão e até de corvo.Cada tipo de pena era mais

adequado a determinado tipo detrabalho. As penas de cisne seprestavam mais para a escrita; as penasde corvo eram melhores para fazerlinhas.

Para escrever com essas penas, tãodelicadas, era necessário muito cuidado,pois elas se quebravam com facilidade,desgastavam-se rapidamente e tinham deser apontadas muitas vezes.

Nos séculos XIV e XV os pintoresusavam um bastão feito de chumbo,estanho e bismuto, que fazia o papel delápis.

O lápis de grafite só apareceu noséculo XVI, quando foi descoberta aprimeira jazida de grafite, que é o

material com o qual fazemos hoje aspontas dos nossos lápis.

Foi por essa época que apareceramas primeiras fábricas de lápis.

Os primeiros lápis eram feitos comduas tabuinhas, no meio das quais haviauma “fatia” de grafite, como se fosse umsanduíche. Aos poucos esse conjunto foificando roliço, para facilitar o uso.

Enquanto isso, os problemas que aspenas de aves criavam estimularam ainvenção de penas mais resistentes eduráveis.

Primeiro, tentaram endurecer aponta das penas colando pedaços deossos ou de cascos de tartaruga. Mas,apesar de as penas ficarem mais bonitas,não funcionavam nada bem.

Depois, tentaram produzir penas deaço e prata maciços. Mas elas ficarammuito pesadas e com pontas poucoflexíveis.

O problema foi solucionado háquase duzentos anos, quando apareceramas primeiras penas feitas de chapametálica.

Essas penas eram finas, leves eflexíveis, e eram fixadas na ponta deuma haste de madeira, nascendo assim acaneta moderna.

A invenção das penas metálicas foium sucesso!

No mundo todo surgiram fábricas depenas dos mais variados formatos,tamanhos e preços.

Havia penas para letras grandes epequenas, grossas e finas. Para escreverdepressa ou devagar, para mulheres,

canhotos e até para línguas específicas,como o árabe.

O cabo das canetas também foi secomplicando e embelezando. Haviacabos de madeiras nobres, de marfim ede ouro. Havia até mesmo cabos devidro!

Mas as tintas que existiam naquelaépoca estragavam as penas, que tinhamde ser limpas e lavadas constantemente.

Quando conseguiram desenvolveruma tinta que não estragasse as penas, acaneta-tinteiro pôde ser inventada. Elatrazia um pequeno reservatório de tintaembutido em seu cabo.

Antes da invenção da caneta-tinteiro, nas escolas, cada carteira tinhaum pequeno tinteiro, onde era colocadaa tinta que os alunos usavam.

A coisa mais comum, nesse tempo,era que a tinta derramasse sobre ostrabalhos, que as crianças sujassem osdedos e a roupa e até que os maislevados enfiassem as tranças dasmeninas nos pequenos tinteiros...

Depois da caneta-tinteiro foiinventada a caneta esferográfica, que sechama assim porque, em vez de pena,tem em sua ponta uma pequena esfera deaço.

Graças a essa esfera de aço e à tintaoleosa, essa caneta desliza suavementesobre o papel. É uma peça de fabricação

barata e hoje existem centenas demodelos no mundo todo.

Existem ainda as canetashidrográficas. Como diz o nome, essacaneta usa tinta à base de água.

No seu interior há uma haste defeltro, embebida em tinta. A ponta dessahaste, endurecida, serve como pena.

De descoberta em descoberta, deinvenção em invenção, o homem vemaperfeiçoando e enriquecendo seusinstrumentos de desenho e de escrita.

E esses instrumentos vêm servindoao progresso da humanidade, permitindoas atividades mais importantes que ohomem desenvolve: a ciência e a arte.

Ruth Rocha nasceu em 1931 na cidade de SãoPaulo. É uma das mais conhecidas escritorasbrasileiras de livros infantis e juvenis. Ganhouos mais importantes prêmios brasileirosdestinados à literatura infantil: FNLIJ, PrêmioJabuti, APCA e ABL, entre outros. Atualmenteé membro do Conselho Curador da FundaçãoPadre Anchieta. Casada com Eduardo Rocha,tem uma filha, Mariana, e dois netos, Miguel ePedro.

Otávio Roth (1952-1993). Paulistareconhecido mundialmente por sua obra empapel artesanal e eventos de arte participativa.Formou-se em Londres pelo Hornsey Collegeof Art. Morou e trabalhou em Israel, Noruega eEstados Unidos. Também recebeu váriosprêmios de literatura infantojuvenil comoilustrador e escritor. Suas ilustrações da Cartade Direitos Humanos estão em exposiçãopermanente nas sedes da ONU em Genebra,Viena e Nova York. No Brasil foi pioneiro nadivulgação do papel artesanal por meio decursos, oficinas, publicações e exposições. Seutrabalho de reciclagem de papel e de elementosda natureza contribuiu para a construção daconsciência ambiental.

Edição revisada conforme o AcordoOrtográfico da Língua Portuguesa Ilustrações: Raquel CoelhoTexto © Ruth Rocha Serviços Editoriais S/CLtda.Representado por AMS AgenciamentoArtístico, Cultural e Literário Ltda.Criação e projeto gráfico: Otávio RothConversão em epub: {kolekto} Direitos de publicação:© 1992 Cia. Melhoramentos de São Paulo© 2002, 2009 Editora Melhoramentos Ltda. 1.ª edição digital, junho de 2014ISBN: 978-85-06-07531-9 (digital)ISBN: 978-85-06-05376-8 (impresso) Atendimento ao consumidor:Caixa Postal 11541 – CEP 05049-970

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