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Boletim de Conjuntura Nº46 Setembro 2018

Índice Evolução do Mercado e dos Encargos do SNS com Medicamentos p.1

Conjuntura Macroeconómica e Política p. 3

Conjuntura Legislativa e Regulamentar p. 3

Estudos e Publicações p.4

Destaques na Comunicação Social p. 4

Tema destaque – Políticas de Financiamento de Medicamentos: Mapeamento europeu Parte II p. 4

Evolução do Mercado e dos Encargos do SNS com Medicamentos

Mercado Ambulatório

Evolução do Mercado Farmacêutico

Em Setembro de 2018, de acordo com os dados do IMS, o mercado

ambulatório registou uma redução das vendas em termos homólogos, quer

em valor, -3,1%, quer em volume, -6,6%, totalizando 151,4 M€ (PVA) com a

venda de 19,8 milhões de embalagens.

No acumulado do ano, o mercado regista um crescimento homólogo de 1,9%

em valor, em linha com o crescimento em volume de 0,8%, com o preço

médio unitário, de 7,55 euros, também a crescer em termos homólogos,

+1,1%. Em valores absolutos, estas variações traduzem-se num acréscimo

de 27,3 M€ e mais 1,6 milhões de embalagens vendidas.

A dinâmica de crescimento, em valor, resulta do crescimento de ambos os

segmentos de mercado, marca e genéricos, que contribuem com 1,0 p.p. e

1,24 p.p., respectivamente, para a variação homóloga registada.

As classes terapêuticas (ATC3) no Top 10 de vendas, em valor, são as que

abrangem os medicamentos usados na terapêutica das doenças crónicas

mais comuns, e totalizam 35,3% das vendas no YTD 2018. O destaque

mantêm-se na classe dos Anticoagulantes Orais, que assumindo 4,4% de

quota em valor, registam um crescimento homólogo de 38,9%. Em sentido

inverso, os Antihipertensores (ARAs), na sexta posição de vendas, registam

uma redução de -6,9% em valor e de -1,8% em volume, e os

Antidislipidémicos, na 3ª posição, estão a reduzir -17% em valor, apesar

crescerem em volume em 2,7%.

Mercado (PVA) Set.18 V.H. (%) YTD 2018 V.H. (%)

M. Valor (M€) 151,4 -3,1% 1.435,1 +1,9%

M. Volume (M. Emb.) 19,8 -6,6% 190,0 +0,8%

Preço médio unitário 7,63 +3,8% 7,55 +1,1%

Fonte: IMS; Valores a PVA

YTD 2018 Quota Valor

Inibidores da DPP-IV 6,4% ↑ 2,4%

Anticoagulantes Orais 4,4% ↑ 38,9%

Antidislipidémicos 3,9% ↓ -17,0%

Antidepressores 3,7% ↑ 2,9%

Antipsicóticos 3,5% ↑ 0,6%

Antihipertensores (ARAs) 3,3% ↓ -6,9%

Insulinas 2,8% ↑ 2,9%

Antireumáticos NE 2,6% ↓ -2,9%

Antiépiléticos 2,4% ↓ -0,5%

Antiasmáticos em associação 2,3% ↑ 4,8%

V.H. (%)

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Boletim de Conjuntura Nº46 Setembro 2018

Mercado de Genéricos e Mercado Generificado

Em contraciclo, em Setembro, o mercado de genéricos registou crescimento homólogo em valor (PVA), de 3,4%, apesar da redução em volume de -0,4%.

Desta forma, no YTD 2018, o mercado dos medicamentos com classificação formal de genérico, totaliza 285,8 M€, com a venda 58,6 milhões de embalagens, a que correspondem variações homólogas de 6,2% e 4,1% respectivamente. O preço médio unitário, no YTD também acompanha a dinâmica de crescimento, para os 4,87 €, com

V.H. de +2,1%. Este mercado está assim a crescer acima do mercado total, e é um dos principais implusionadores do crescimento global no ambulatório.

Considerando o Mercado Generificado (que abrange os medicamentos formalmente classificados como “genéricos”, e ainda as “cópias” e “originais” cuja patente já expirou), no mercado ambulatório comparticipado, verifica-se que este, no MAT a 2º trimestre de 2018, já representa 86,9%, em termos de volume unitário.

Evolução dos Encargos do SNS

Os dados disponibilizados pelo INFARMED, mostram que os encargos do

SNS com medicamentos dispensados na farmácia aumentaram em Julho,

registando um crescimento homólogo de 5,6%, para os 108,6 M€. A

evolução em termos de volume foi similar, com a dispensa de 13,8 milhões

de embalagens, a que corresponde um aumento homólogo de 4,5%.

Desta forma, no acumulado do ano de 2018, a Julho, os encargos do SNS

com medicamentos no ambulatório totalizam 730,8 M€, com a dispensa de

94,6 milhões de embalagens e uma taxa média de comparticipação de

63,8%. Em termos homólogos, estes valores representam crescimentos de

3,1% em valor e volume, resultando num encargo médio unitário de 7,73

euros.

Mercado Hospitalar

Evolução do Mercado Hospitalar do SNS

De acordo com o relatório do INFARMED, de monitorização do

consumo de medicamentos hospitalares, verifica-se que no

acumulado de 2018, a Julho, os encargos somam 725,3 M€, a que

corresponde uma variação homóloga de +7,4%, i.e., +50 M€. Apesar

das flutuações mensais, a tendência de crescimento mantêm-se.

No que se refere aos gastos por área de prestação, verifica-se que

80,8% do valor é gasto no ambulatório hospitalar, já em termos de

gastos por áreas terapêuticas, verifica-se que a Oncologia, o HIV e a

Artrite reumatóide/Psoríase, constituem o top 3, totalizando 56,4% do

total dos encargos.

No que se refere à utilização, verifica-se também um aumento em

termos homólogos de 2,7%, para um total de 148,4 milhões de

unidades.

Fonte: INFARMED e CEFAR (valores a PVP);

Fonte: INFARMED I.P.

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Boletim de Conjuntura Nº46 Setembro 2018

Dívida das Entidades Públicas à Indústria Farmacêutica

O valor da dívida das entidades públicas à Industria Farmacêutica,

monitorizada pela APIFARMA junto das suas associadas, voltou em

Agosto à dinâmica de crescimento, atingindo os 949,3 milhões de euros

de dívida total, com a divida vencida em 666,8 M€, i.e., representando

70,2% do total. Ainda assim, estes valores estão abaixo do registado no

mesmo período em 2017.

O prazo médio de recebimento situou-se nos 330,5 dias, continuando

muito acima do prazo definido pela Directiva aplicável.

Conjuntura Macroeconómica e Política

Evolução dos Indicadores Económico-Financeiros

De acordo com a DGO, a execução orçamental do SNS, no acumulado

a Agosto, tem um saldo de -139,8 milhões de euros, representando um

agravamento de 26 milhões de euros face ao período homólogo, e que se

traduz num aumento de 3,8% da receita, inferior em 0,4 p.p. ao da

despesa.

O maior contributo para o aumento da despesa ficou a dever-se aos

fornecimentos e serviços externos (2,2 p.p.) – onde se destacam os

produtos vendidos em farmácias (0,6 p.p.), os meios complementares de

diagnóstico e terapêutica (0,6 p.p.) e a despesa com material de consumo

clínico (0,3 p.p.) – e os gastos com pessoal (1,3 p.p.).

A variação positiva na receita resultou, essencialmente, das transferências

correntes (contributo de 4,1 p.p., tendo aumentado 245,3 milhões de

euros), com particular destaque para o aumento das transferências do OE

(268,7 milhões de euros).

Conjuntura Legislativa e Regulamentar

Legislativa

Portal Nacional de Fornecedores do Estado - O Decreto-Lei n.º

72/2018 cria o Portal Nacional de Fornecedores do Estado, no âmbito

da contratação pública, com a finalidade de simplificar e agilizar,

mediante o recurso a meios digitais, os procedimentos de verificação

e comprovação da inexistência de impedimentos à contratação

previstos no CCP, bem como da confirmação da situação tributária e

contributiva dos fornecedores, para efeitos de pagamentos

relacionados com contratos públicos. Deste modo, os fornecedores

ficam dispensados de fazer prova de idoneidade e da regularidade da

situação tributária e contributiva perante cada entidade adjudicante. A

inscrição no Portal e a manutenção do registo criminal implica o

pagamento anual de uma taxa, a definir por portaria.

Regulamentar

Medicamentos Comparticipados - Lista dos novos medicamentos

comparticipados com início de comercialização a 1 de Setembro,

fornecida pelo INFARMED.

Fonte: APIFARMA - empresas associadas (medicamentos e de DiV)

Dívida das Entidades Públicas à Indústria Farmacêutica (M€)

Fontes: DGO e ACSS

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Boletim de Conjuntura Nº46 Setembro 2018

Estudos e Publicações

EUROPEAN HEALTH REPORT – Em 2012, o Comité Regional da

OMS para a Europa concebeu a Health 2020, um quadro político que

defendia a melhoria da saúde, da equidade em saúde e do bem-estar

dos europeus. A ambição era gerar informações e evidências de

saúde que pudessem orientar os esforços de saúde pública dentro

dos contextos culturais e políticos dos países em direção a metas-

chave de saúde. O “European Health Report 2018: Mais do que

números - evidência para todos”, apresenta a atualização mais

recente para a Europa sobre os progressos alcançados na

consecução das metas da Health 2020 em relação aos dados de

referência de 2010. Com base em vários indicadores, a saúde na

Europa nunca foi melhor. No entanto, o relatório mostra uma imagem

preocupante das tendências nos fatores de risco para a saúde e

revela uma desigualdade persistente em toda a região e entre os

sexos.

Destaques na Comunicação Social

Em Setembro, a festejar o seu 39º aniversário, o SNS continuou no

foco das notícias, nomeadamente no que se refere à questão da sua

sustentabilidade e capacidade, com o Ministro da Saúde a referir que

a há quem ataque o SNS “para o desgastar” e “depois poder

privatizar”. Já o Bastonário da Ordem dos médicos diz que se, o SNS

não for sustentável, a democracia também não será. O

descontentamento das várias classes profissionais continua a

registar-se, com mais uma greve dos enfermeiros.

Com a aproximação da proposta de OE2019, os vários partidos e

ordens profissionais posicionam-se defendendo o que consideram ser

prioritário para a área da saúde. Neste âmbito é noticiado que o

Governo irá dar mais 300 milhões à Saúde.

Foi também notícia a falta do medicamento para o Parkinson devido

a um problema na fábrica que produz o Sinemet, que está em rutura

em 45 países. O Infarmed esteve reunido com as empresas

farmacêuticas que comercializam medicamentos para o tratamento

da doença e que vão procurar alternativa para medicamento. A

Autoridade Nacional do Medicamento garantiu que não haverá faltas

de medicação para a doença de Parkinson. Tendo sido noticiado dias

depois que já estavam disponíveis alternativas de tratamento.

Por seu lado, a indústria farmacêutica registou em 2017 o segundo

melhor exercício da década, apesar do recuo homólogo. As empresas

portuguesas exportaram 959 milhões de euros de medicamentos em

2017, com vendas de medicamentos de marca, genéricos e

substâncias activas para mais de 140 países, com os Estados Unidos

(18,2%) a continuaram a ser o melhor destino, seguidos pela

Alemanha (15,2%) e pelo Reino Unido (12,1%).

Como marco da qualidade técnica de Portugal, de destacar o

reconhecimento da Food and Drug Administration (FDA) da qualidade

das inspeções do INFARMED, factor que levará a autoridade do

medicamento dos Estados Unidos a deixar de realizar inspeções em

Portugal. Desta forma, a FDA vai reconhecer os resultados

associados às inspeções de Boas Práticas de Fabrico de

medicamentos realizada pelo INFARMED.

Por fim é conhecida a decisão do Ministro da Saúde de suspender

para já a deslocalização do Infarmed para o Porto.

Tema Destaque – Políticas de Financiamento de Medicamentos: Mapeamento europeu - Parte II

A OMS publicou um relatório onde analisa as diferentes políticas de reembolso de medicamentos aplicadas por países da região europeia. No tema

destaque abordamos as principais conclusões do relatório relativas às diferentes dimensões que são avaliadas.

Co-pagamentos

Enquanto entre todos os países pesquisados, a Bélgica é o único com

co-pagamentos de medicamentos a nível dos hospitais públicos, já no

sector ambulatório o co-pagamento é comum, com os doentes a

serem frequentemente obrigados a pagar uma parte do medicamento,

sendo o restante assegurado por um pagador público / seguro.

A existência do referido co-pagamento serve diversos objetivos,

nomeadamente ajudar na sustentabilidade dos sistemas públicos e

como forma de controlo de utilização, com vista a reduzir o uso

desnecessário de cuidados médicos.

São vários os modelos de co-pagamento em vigor nos países

europeus, mas podem ser agrupados em 3 tipos principais: i) co-

pagamentos fixos, ii) percentagens do preço e iii) franquias.

Com uma política de co-pagamento fixo, um pagador público exige

que o segurado pague um valor fixo por medicamento ou receita

médica. Os co-pagamentos fixos estão em vigor em 17 dos 45 países

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Boletim de Conjuntura Nº46 Setembro 2018

pesquisados. Em vários deles, uma taxa por prescrição (como na

Croácia, Grécia e Sérvia) ou por item na prescrição (como na Áustria,

Alemanha e Inglaterra, Reino Unido) é cobrado por medicamentos

reembolsáveis.

Com uma política de co-pagamento percentual, o segurado paga uma

parte do preço de referência do medicamento enquanto o pagador

cobre o restante custo (que é a taxa de reembolso). A

comparticipação percentual é a forma mais comum, mas os países

aplicam taxas de reembolso diferentes. Dos 32 países com um co-

pagamento percentual, 30 têm taxas definidas (resultantes de as

taxas de reembolso percentuais fixas). Em geral, a percentagem de

co-pagamentos pode variar dependendo da gravidade da doença ou

condição (exemplo, se é crônica ou uma deficiência), a idade do

paciente ou nível de renda.

Na modalidade de franquia, é definido um valor fixo de despesa inicial

que o doente deve pagar do próprio bolso por um período de tempo

definido antes que as despesas sejam parcialmente cobertas por um

pagador público. Este modelo está em vigor em oito dos 45 países

pesquisados (Dinamarca, Finlândia, Islândia, Irlanda, Países Baixos,

Noruega, Suécia e Suíça).

Em vários países coexistem diferentes soluções.

Para além dos diferentes tipos de modelos de co-pagamento, verifica-se, por outro lado, uma grande discrepância na percentagem de despesa

pública com medicamentos face ao total dos gastos farmacêuticos, com a Alemanha a apresentar a maior cobertura, e a Rússia a menor.

De ressalvar que, em todos os países, apesar de em diferentes graus, foram criados mecanismos para proteger grupos vulneráveis (incluindo pessoas

com baixa renda, grupos etários específicos e pessoas com doenças crônicas ou deficiências) de pagamentos out-of-pocket excessivos. Os

mecanismos mais comuns aplicados incluem um reembolso de 100%, taxas de reembolso mais elevadas do que o padrão, e isenções de co-

pagamentos fixos e/ou franquias.

A Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (APIFARMA) foi fundada em 1975, sucedendo ao Grémio Nacional dos Industriais de Especialidades Farmacêuticas, instituição

criada em 1939. Actualmente, representa mais de 120 empresas responsáveis pela Produção e Importação de Medicamentos para Uso Humano, Vacinas, e Diagnósticos In Vitro

Fonte: Relatório da OMS: Medicines reimbursement policies in Europe (2018)

Tipo co-pagamentos nos países europeus - 2017 Despesa farmacêutica pública em % da despesa farmacêutica total - 2015

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