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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
AS BRINCADEIRAS E OS JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
MARGARIDA MARIA DE ALACOQUE LEITE
LUIS GOMES - RN
2016
MARGARIDA MARIA DE ALACOQUE LEITE
AS BRINCADEIRAS E OS JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Artigo Científico apresentado ao Curso de
Pedagogia a Distância do Centro de
Educação da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito parcial
para obtenção do título de Licenciada em
Pedagogia, sob orientação da professora
Mestre Rúbia Kátia Azevedo Montenegro.
LUIS GOMES - RN
2016
AS BRINCADEIRAS E OS JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por
MARGARIDA MARIA DE ALACOQUE LEITE
Artigo Científico apresentado ao Curso de
Pedagogia a Distância do Centro de
Educação da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito parcial
para obtenção do título de Licenciatura em
Pedagogia.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________
Ms. Rúbia Kátia Azevedo Montenegro. (Orientadora)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_____________________________________________________
Ms. Jaécia Bezerra de Brito
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
______________________________________________________
Esp. Luiz Antônio da Silva dos Santos
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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AS BRINCADEIRAS E OS JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Margarida Maria de Alacoque Leite1
Rúbia Kátia Azevedo Montenegro2
RESUMO
Este artigo apresenta a importância das brincadeiras e dos Jogos no processo de ensino-
aprendizagem na Educação Infantil. A escolha desse tema se deu por acreditar que as brincadeiras e
os jogos devem fazer parte do cotidiano das crianças nessa modalidade de ensino. O respectivo
artigo pretende discorrer sobre o direcionamento dado às brincadeiras e aos jogos pelos professores
do Pré-Escolar II, da Educação Infantil, da Escola Municipal 04 de Outubro, em José da Penha -
RN, enfatizando as contribuições que as brincadeiras e os jogos podem trazer na construção da
aprendizagem das crianças. Para coleta de dados e informações a respeito do objeto de estudo,
aplicou-se um questionário aberto com seis perguntas dirigido às professoras do Pré-Escolar II da
referida escola. Para fundamentar a pesquisa de base qualitativo-descritiva e fazer a análise dos
dados utilizou-se as ideias de Piaget (1975), Vygotsky (1994), Wallon (1998), Kishimoto (2003), o
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - RCNEI (1998), as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil - DCNEI (2010), dentre outros. Portanto, conclui-
se que, a pesquisa é importante, haja vista professores e pesquisadores terem mais um referencial
sobre os fundamentos que norteiam as brincadeiras e jogos. Por isso, é fundamental o
direcionamento de brincadeiras e de jogos na prática de sala de aula na referida modalidade de
ensino, na perspectiva de garantir encaminhamentos e/ou propostas que contribuam para a
construção de conhecimento, bem como, o desenvolvimento de várias capacidades das crianças.
Palavras-chave: Brincadeiras. Jogos. Educação Infantil.
ABSTRACT
This article presents the importance of the jokes and games in the process of teaching and learning
in the Child Education. The choice of this theme occurred believing the jokes and games must to do
part of the routine of the children in this teaching mode. This article intends to discuss about the
direction associated to jokes and games by teachers of the Preschool II of Child Education at
Escola Municipal 04 de Outubro in José da Penha – RN, emphasizing the contributions that the
jokes and games can provide in the construction of the learning of the children. For data collect and
information about the study object, it was applied an open questionnaire with six questions directed
to teachers in Preschool II at mentioned school. For support the research of qualitative and
descriptive base and to make the data analysis was used the ideas by Piaget (1975), Vygotsky
(1988;1994), Wallon (1998), Kishimoto (2003), The Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil - RCNEI (1998), The Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil
– DCNEI (2010), among others. Therefore, concludes that, the research is important, considering
teachers and researchers have more a referential about the fundamentals that guide the jokes and
games. It is essential the direction of jokes and games in the practice of classroom in the mentioned
1 Graduanda em Pedagogia pela UFRN – alacoqueleite@hotmail.com
2 Orientadora Mestre em Ciências da Educação, Especialista em Mídias na Educação e Psicopedagogia
Institucional e Graduada em Letras – rubiakamontenegro@yahoo.com.br
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teaching mode, in the perspective of ensure referrals and or proposals that contribute to the
construction of knowledge, as well as, the development of several capacities of the children.
Keywords: Jokes. Games. Child Education.
1 INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, as pesquisas apontam que a inserção de brincadeiras e jogos
no contexto da Educação Infantil é um poderoso instrumento pedagógico para auxiliar no
desenvolvimento da criança. Nesse contexto de discussões, muitos educadores reconhecem
a importância de propiciar brincadeiras e jogos como estratégia metodológica na prática de
sala de aula da Educação Infantil, uma vez que as brincadeiras e os jogos proporcionam o
desenvolvimento de várias habilidades contribuindo para o avanço do processo de
aprendizagem.
Além disso, as brincadeiras e os jogos instigam as crianças à aprendizagem,
proporcionam articulações e interações significativas e necessárias ao conhecimento de
mundo, sem falar que oportuniza o desenvolvimento da criatividade, o contato com novos
valores, diversas formas de socialização e a ampliação de saberes e experiências culturais.
A esse respeito Kishimoto (2010) elucida que
ao brincar, a criança experimenta o poder de explorar o mundo dos
objetos, das pessoas, da natureza e da cultura, para compreendê-lo e
expressá-lo por meio de variadas linguagens. Mas é no plano da
imaginação que o brincar se destaca pela mobilização dos significados.
(KISHIMOTO, 2010, p. 1).
Face ao exposto, pode-se dizer que a prática pedagógica dos professores da
Educação Infantil deve necessariamente está condicionada a práticas favorecedoras de
construção de aprendizagem articuladas, sobretudo, à inserção de brincadeiras e jogos no
cotidiano das crianças. É importante pensar que a utilização das brincadeiras e dos jogos
no dia a dia diferencia não apenas a prática da rotina na sala de aula, mas é extremamente
importante pensar nos resultados que ambos trazem para a vivência e o desenvolvimento
das crianças. Conforme Oliveira (2011),
nas brincadeiras que fazem com outras crianças, ou sozinhas, as crianças
têm oportunidade de usar diferentes recursos por elas apropriados em sua
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vivência em ambientes culturais concretos, para explorar o mundo,
ampliar sua percepção sobre ele e sobre si mesma (...) e de ser sensível a
cada situação. (OLIVEIRA, 2011, p. 139).
Dessa forma, é preciso perceber o caráter social e cultural que as brincadeiras e os
jogos concebem ao desenvolvimento das crianças quando são agraciadas com as devidas
estratégias metodológicas, isto é, com a inserção de brinquedos e jogos nas atividades
escolares. Isso se assemelha ao que Kishimoto diz (2010, p. 12) “o mundo social surge
quando a criança interage com outras pessoas para aprender e expressar suas brincadeiras”.
Em visita a uma escola de Educação Infantil da rede municipal da cidade de José da
Penha-RN, percebe-se que ainda há uma resistência enorme por parte de professores em
incluírem na sua rotina de trabalho as brincadeiras e os jogos como atividades básicas para
desencadear o processo de ensino-aprendizagem nesta modalidade de ensino. Outrossim,
percebe-se que as brincadeiras e os jogos são vistos apenas como atividades de recreação.
Mediante tal constatação, nós, graduandos de pedagogia, temos a oportunidade de
promover discussões e reflexões significativas a respeito da importância das brincadeiras e
dos jogos na Educação Infantil. Na realidade, não dar mais para conceber o lúdico, ou seja,
as brincadeiras e os jogos apenas como atividade suplementar, ou então como prática
recreativa, sem um propósito maior no que diz respeito ao processo de aprendizagem da
criança.
Para tanto, se busca nortear essa investigação a partir das seguintes questões: Qual é
o direcionamento dado às brincadeiras e aos jogos pelos professores do Pré-Escolar II, da
Educação Infantil da Escola Municipal 04 de Outubro em José da Penha-RN? E que
contribuições as brincadeiras e os jogos podem trazer na construção de aprendizagens de
crianças da Educação Infantil, mais especificamente do Pré-Escolar II? Nesse contexto, o
respectivo artigo pretende discorrer sobre o direcionamento dado às brincadeiras e aos
jogos, pelos professores da Educação Infantil, enfatizando as contribuições que as
brincadeiras e os jogos podem trazer na construção de aprendizagens das crianças
matriculadas nessa modalidade de ensino.
A escrita deste artigo foi organizada da seguinte forma: o capítulo 2 apresenta a
abordagem teórico-metodológica. O capítulo 3 a contextualização do ensino da Educação
Infantil no Brasil e um subcapítulo com a importância das brincadeiras e dos jogos no
processo de ensino-aprendizagem na Educação Infantil; O quarto apresenta as análises do
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questionário dirigido aos professores da Educação Infantil do Pré-escolar II da Escola
Municipal 04 de Outubro em José da Penha-RN; E, por fim, contempla-se as considerações
finais a respeito da temática.
Espera-se que o devido artigo possa contribuir no âmbito do contexto social e
educacional com reflexões significativas acerca da relevância da inserção das brincadeiras
e jogos no processo de aprendizagem das crianças da Educação Infantil. Ainda assim, este
trabalho acorda esclarecimentos para pais, educadores, e todos que lidam com a Educação
Infantil, indicando que brincadeiras e jogos não são apenas divertimento, mas suas práticas
poderão proporcionar aprendizagens, ou melhor, o desenvolvimento da criança no tocante
aos aspectos motor, cognitivo, afetivo, social e moral.
2 ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICA
Para dar conta da pesquisa e alcançar o objetivo proposto, enfatiza-se, em princípio,
que a pesquisa se insere dentro de uma concepção crítico-reflexiva. É uma pesquisa de
base qualitativo-descritiva conforme nos mostra Gil (2002), uma vez que procura analisar
o direcionamento dado às brincadeiras e aos jogos na Educação Infantil, enfatizando as
contribuições que as brincadeiras e os jogos podem trazer na construção de aprendizagens
das crianças matriculadas nesta modalidade de ensino.
Além disso, a situação que ora se investiga é real, vivida por sujeitos, professores e
alunos do Pré-Escolar II, da Escola Municipal 04 de Outubro, José da Penha, envolvidos
diretamente no processo ensino-aprendizagem da Educação Infantil. Destaca-se ainda que
além da pesquisa contemplar o campo das ciências sociais, ela valoriza a relação entre
sujeito-objeto dentro de uma perspectiva dialética no que compete à construção do
conhecimento.
Para coleta de dados e informações a respeito do objeto de estudo, aplicou-se um
questionário aberto com seis perguntas dirigido às professoras do Pré-Escolar II da
Educação Infantil, da Escola Municipal 04 de Outubro. O referido questionário foi
totalmente direcionado à temática das brincadeiras e jogos na Educação Infantil. As
entrevistas foram realizadas através da entrega de perguntas e respostas escritas de forma
individual. Diante das respostas explicitadas pelas respectivas professoras do Pré-escolar
II, buscou-se concretizar a análise dos dados com base no referencial teórico e nas
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compreensões já enunciadas sobre a importância dos jogos e brincadeiras na construção
das aprendizagens das crianças.
Em síntese, a pesquisa está respaldada em teóricos que discutem a importância das
brincadeiras e dos jogos na Educação Infantil como Piaget (1975), Vygotsky (1994),
Wallom (1998), Kishimoto (2010), o Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil - RCNEI (1998), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil-
DCNEI (2010), dentre outros. Dessa forma, podemos concluir que a pesquisa, ora
apresentada, dar uma valiosa contribuição à ciência da educação por unir teoria e prática na
busca por uma educação de qualidade.
3 CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL
Objetiva-se contextualizar o ensino da Educação Infantil, entendida como a
primeira etapa da Educação Básica no nosso país, mostrar a sua legalidade mediante os
documentos que abalizam essa modalidade de ensino, refletir sobre as diferentes
abordagens de ensino e aprendizagem no âmbito de sala de aula, com algumas
considerações sobre concepção de infância.
Convém, inicialmente, mostrar que a base legal da Educação Infantil está
inteiramente assegurada na Constituição Federal de 1988, através de Emenda
Constitucional nº 53, de 2006, que em seu artigo 208, inciso IV, cita a obrigatoriedade de
atendimento em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade. No entanto,
é interessante lembrar que o Estatuto da Criança e do Adolescente, elaborado com ajuda de
várias entidades no ano de 1990, destaca também o direito da criança a este atendimento.
Nesse sentido, vale ressaltar que a criança vista como cidadã de direitos que não
podia ser excluída dos espaços escolares, recebe amparo legal também na nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB. Conforme a LDB 9.394/96, na sessão II,
art. 30, determina que “a Educação Infantil deva ser oferecida em: I - creches, ou entidades
equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II - pré-escolas, para crianças de
quatro a seis anos de idade”. (BRASIL, 1996, p. 34).
É importante frisar que a LDB, em seu Art. 29, esclarece que a finalidade da
Educação Infantil é possibilitar o desenvolvimento integral da criança até seis anos de
idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade.
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Vale salientar também, que com a promulgação da Lei 11.274/2007, que ampliou o
ensino fundamental para nove anos, as crianças de seis anos de idade passaram a fazer
parte dessa modalidade e, por isso, diminuiu a idade da finalização da Educação Infantil
para cinco anos.
Mediante o contexto da legalidade do ensino da Educação Infantil, foi necessário
que o Ministério da Educação e Cultura - MEC efetivasse a existência de políticas públicas
que viesse melhor atender esse ensino. Para isso, concebeu no ano de 1998, a construção
do RCNEI - Referencial Curricular Nacional para a Educação infantil, organizados em três
volumes, os quais apresentam um conjunto de orientações e práticas pedagógicas que
devem ser propiciadas pelos professores no âmbito desse ensino.
Ainda no tocante à legalidade do ensino da Educação Infantil, em 1999, foi
elaborada as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, de acordo com a
Resolução CNE/CEB nº 01/99 e a Resolução CNE/CEB nº 05/09. Sobre o currículo da
Educação Infantil, as DCNEI (2010) orientam que ele deve ser:
Um conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os
saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do
patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de
modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de
idade. (DCNEI, 2010, p. 12).
Como se pode ver, as DCNEI (2010) consideram fundamental que as práticas
pedagógicas a serem inseridas no contexto desse ensino, a partir dos conhecimentos
adquiridos pelas crianças e posteriormente articularem com os saberes que fazem parte do
mundo cultural, científico e tecnológico, o que favorece o desenvolvimento das habilidades
e capacidades das crianças inseridas na Educação Infantil.
Evidencia-se ainda, para trâmites da legalidade e da organização do ensino da
Educação Infantil, a construção dos Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação
Infantil em 2006, que objetivam estabelecer padrões de referência orientadores para o
sistema educacional no que se refere à organização e funcionamento das instituições de
Educação Infantil.
Conforme os Parâmetros Nacionais de Qualidade à Educação Infantil (Brasil, 2006)
para que o crescimento e o desenvolvimento das crianças e o cuidar/educar sejam
efetivados, é necessário que:
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Sejam oferecidas às crianças dessa faixa etária condições de usufruírem
plenamente suas possibilidades de apropriação e de produção de
significados no mundo da natureza e da cultura. As crianças precisam ser
apoiadas em suas iniciativas espontâneas e incentivadas a: brincar;
movimentar-se em espaços amplos e ao ar livre; expressar sentimentos e
pensamentos; desenvolver a imaginação, a curiosidade e a capacidade de
expressão; ampliar permanentemente conhecimentos a respeito do mundo
da natureza e da cultura apoiadas por estratégias pedagógicas
apropriadas; diversificar atividades, escolhas e companheiros de interação
em creches, pré-escolas e centros de Educação Infantil. (BRASIL, 2006,
p. 18)
De acordo com o exposto no referido documento, percebe-se que o cuidar e o
educar com qualidade na Educação Infantil, exige necessariamente do professor uma
prática docente que favoreça às crianças um ensino com estratégias pedagógicas que
possibilitem a construção de conhecimento e o desenvolvimento da imaginação, da
curiosidade e da capacidade de expressão, entre outras habilidades fundamentais na
produção de significados no mundo da natureza e da cultura.
Ainda referindo-se à construção de documentos norteadores do ensino da Educação
Infantil, faz-se necessário enfatizarmos que, em 2006, concretizou-se a elaboração dos
Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil, os quais
contemplam concepções, reforma e adaptação dos espaços onde se realiza a Educação
Infantil. Ademais, os Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação
Infantil (Brasil, 2006) busca ampliar:
Os diferentes olhares sobre o espaço, visando construir o ambiente físico
destinado à Educação Infantil, promotor de aventuras, descobertas,
criatividade, desafios, aprendizagem e que facilite a interação criança–
criança, criança–adulto e deles com o meio ambiente. O espaço lúdico
infantil deve ser dinâmico, vivo, “brincável”, explorável, transformável e
acessível para todos. (BRASIL, 2006, p. 8)
Nessa perspectiva, é interessante colocar que o espaço da Educação Infantil deve
necessariamente ser um espaço acolhedor, rico e criativo e que a própria organização dos
materiais estabeleça harmonia e acessibilidade para que as crianças desenvolvam as
atividades de forma segura e prazerosa. Conforme Seabra (2010) é relevante que a sala de
aula seja um lugar motivador, em que se acolham as diferentes formas de ser e de agir, as
quais as crianças vivenciam suas experiências e descobertas.
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Para isso, é preciso ter em mente a flexibilidade e contar com a participação ativa
das crianças, garantindo a elas uma organização interna de tempo e espaço para
desenvolver as interações, a aprendizagem e a autonomia das crianças na Educação
Infantil. Segundo Seabra (2010) a rotina deve ser pensada como estruturação do trabalho
cotidiano na Educação Infantil. Aliás, ela deve ser vista como algo importante a ser
seguindo no espaço escolar, inclusive no contexto da sala de aula dessa modalidade de
ensino.
Na verdade, é interessante que as crianças sintam-se parte integrante daquele
espaço, interagindo com os colegas, sentindo importantes e atuantes naquele processo de
construção de cultura. Cohn (2005) afirma que as crianças não são apenas produzidas pelas
culturas, mas também produtoras de cultura.
Finalmente, é oportuno dizer que a organização das especificidades do trabalho
docente na Educação Infantil, exige que o professor compreenda a complexidade que
envolve a infância ao longo dos tempos, bem como, trate e compreenda infância fora de
suas relações sociais e da própria cultura na qual a criança está inserida e de que não existe
uma única concepção de infância. E, por último, é necessário que o professor reconheça a
necessidade do professor propiciar em toda ação docente os elementos educar-cuidar-
brincar, visto que esse trinômio deve ser indissociável no processo educacional nessa
modalidade de ensino.
3.1 A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS E DOS JOGOS NO PROCESSO DE
ENSINO APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
É bastante notório observar que atualmente existe uma diversidade de estudos
realizados no âmbito educacional relacionados à importância da inserção do lúdico no
contexto da Educação Infantil, ressaltando, sobretudo, que as brincadeiras e os jogos
devem necessariamente fazer parte do processo de aprendizagem das crianças da Educação
Infantil. Segundo Piaget (1978), as atividades lúdicas atingem um caráter educativo, tanto
na formação psicomotora, como também, na formação da personalidade das crianças.
Souza (2013) ressalta que as atividades lúdicas não só dão prazer como também
preparam o sujeito para viver em sociedade, impulsionam o indivíduo a buscar soluções
para situações de conflitos do dia-dia. Dito de outro modo, as brincadeiras e os jogos
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quando inseridos nas salas de aula da Educação Infantil, além de propiciarem euforia e
muito prazer às crianças, também, acabam sendo condição essencial para tornar as crianças
mais ativas, mediantes determinadas situações vivenciadas no meio em que estão inseridas.
Ainda assim, o brincar tem despertado o interesse de estudiosos de diversas áreas,
isso porque são tantas as contribuições desse ato na vida da criança, que muitos teóricos
tiveram a preocupação de apresentá-las em suas obras.
Vale ressaltar que na Educação Infantil, as brincadeiras e os jogos possibilitam as
crianças se expressarem através da prática diária de atividades dirigidas que fazem
desenvolver suas capacidades motoras, cognitivas e sociais. Desse modo, percebe-se que
estimular o uso de brinquedos e jogos que favoreçam uma maior interação entre as
crianças, permite que elas se comuniquem com outras pessoas expressando suas angústias
e alegrias. Brincar é também uma das formas de socialização que se propõe na escola, pois
brincando as crianças aprendem a conviver em sociedade. Segundo Vygotsky (1994),
A brincadeira tem um papel fundamental no desenvolvimento do próprio
pensamento da criança. É por meio dela que a criança aprende a operar
com o significado das coisas e dá um passo importante em direção ao
pensamento conceitual que se baseia nos significados das coisas e não
dos objetos. A criança não realiza a transformação de significados de uma
hora para outra. (VYGOTSKY, 1994, p. 54).
Diante disso, podemos dizer que o educador deve incentivar e inovar nas
brincadeiras e jogos, desenvolvendo atividades valorativas nas quais cada um possa criar, a
partir da fala, dos gestos, das palavras e do próprio corpo, a sua expressão individual. Para
os interacionistas como Vygotsky (1988) e Wallon (1998), o brincar, em especial o faz de
conta, é um processo facilitador do desenvolvimento e da construção do conhecimento.
Portanto, deve ser privilegiado nas instituições de Educação Infantil.
Segundo Piaget (1975) ao brincar e jogar, a criança estará desenvolvendo suas
potencialidades, estruturando seus espaços, seu tempo e, simultaneamente, adquirindo
autonomia intelectual e moral. Para esse teórico, o jogo constituiu-se em expressão e
condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam assimilam e
podem transformar a realidade.
Já para Vygotsky (1988) a brincadeira auxilia o desenvolvimento social, ao mesmo
tempo em que permitem que a criança interprete o mundo, os objetos e as relações com as
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pessoas. Para ele, a criança avança a partir da atividade lúdica, criando uma zona de
desenvolvimento proximal, o que a faz realizar coisas acima de sua média de idade.
Ainda na visão de Vygotsky (1988), a brincadeira é uma atividade específica da
infância, em que a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos. Essa é uma
atividade social, com contexto cultural e social. Ele afirma que a influência do brinquedo
no desenvolvimento de uma criança é enorme. É por intermédio dele que a criança aprende
a agir numa esfera cognitiva, dependendo das tendências e motivações internas, e não
incentivada por objetos externos.
Além disso, para esse teórico, a brincadeira tem papel essencial no
desenvolvimento do pensamento. Quando a criança substitui um objeto por outro no faz de
conta, ela opera com o significado das coisas e dá um passo importante na construção do
pensamento conceitual. Kishimoto (2003) corrobora com o mesmo pensamento, quando
afirma que hoje, a imagem de infância é enriquecida, também, com o auxílio de
concepções psicológicas e pedagógicas, que reconhecem o papel do brinquedo, da
brincadeira, como fator que contribui para o desenvolvimento e para a construção do
conhecimento infantil.
Por outro lado, é importante perceber que, no jogo, a criança participa de episódios
que ainda não consegue fazer no seu cotidiano. Ela cria situações em que se comporta além
do desempenho habitual, o que a auxilia a chegar num nível mais elevado de
desenvolvimento. Conforme Wallon (1998) é por meio da brincadeira e do jogo que a
criança organiza sua construção mental. Esse teórico acredita que os brinquedos são
ferramentas para que isso aconteça.
Diante disso, é preciso que o professor tenha consciência que na brincadeira as
crianças recriam e estabilizam aquilo que sabem sobre as mais diversas esferas do
conhecimento, em uma atividade espontânea e imaginativa. A esse respeito Kishimoto,
(2003) comenta que a criança quando brinca toma certa distância da vida cotidiana, entra
no mundo imaginário.
Vale salientar que, por meio das brincadeiras, os professores podem observar e
constituir uma visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada
uma em particular, registrando suas capacidades de uso das linguagens, assim como de
suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e emocionais que dispõem. Nessa
perspectiva, o RCNEI (1998) afirma:
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Por meio das brincadeiras os professores podem observar e constituir
uma visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e
de cada uma em particular, registrando suas capacidades de uso das
linguagens, assim como de suas capacidades sociais e dos recursos
afetivos e emocionais que dispõem. (RCNEI, 1998, p. 28).
De modo geral, pode-se dizer que o professor da Educação Infantil quando
possibilita as brincadeiras e os jogos no contexto de sala, necessita de um trabalho
fundamentado nos eixos temáticos, levando as crianças a desenvolverem a aprendizagem
e habilidades a partir das múltiplas linguagens: Linguagem oral e escrita, Movimento,
Música, Artes Visuais, Matemática, Natureza e Sociedade, de forma que estas interações
ricas e diversificadas no âmbito escolar. Como exemplo, pode-se mostrar a relevância de
trazer questões do eixo Natureza e Sociedade para o contexto de sala de aula.
Além disso, o RCNEI (1998) também traz contribuições e orienta que o ato de
educar significa propiciar situações de cuidados e brincadeiras organizadas em função das
características infantis, de forma a favorecer o desenvolvimento e a aprendizagem.
Tendo em vista tudo que foi discutido, defende-se que o professor da Educação
Infantil deve primar pela integração em toda ação docente dos elementos Educar-Cuidar-
Brincar, como sendo condição necessária para o desenvolvimento e o processo de
aprendizagem das crianças dessa modalidade de ensino.
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DO QUESTIONÁRIO DIRIGIDO AOS
PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Conforme mencionado anteriormente, analisar-se-á o questionário aberto, com seis
perguntas, dirigidas a professora titular do Pré-escolar II e sua respectiva auxiliar. Para
isso, de agora em diante iremos tratar as referidas professoras como P1 e P2.
Questão 1: Inicialmente foi pedido para que as analisassem a contribuição dos
jogos e das brincadeiras no contexto da Educação Infantil. Obteve-se às seguintes
respostas:
P1: Eu acredito que inserir os jogos e as brincadeiras no contexto de sala
de aula é extremamente importante para o desenvolvimento de
competências motoras, física e psicológica das crianças.
15
P2: Na minha percepção, os jogos e as brincadeiras nas aulas da
Educação Infantil contribuem para o desenvolvimento do aluno em todos
os aspectos.
Conforme o exposto observa-se que as docentes analisam a contribuição que os
jogos e as brincadeiras trazem de forma significativa para o desenvolvimento das
competências e habilidades das crianças no contexto da Educação Infantil. Na verdade, fica
difícil falar de um ensino com este propósito, ou seja, que vise o desenvolvimento das
competências motoras, físicas, psicológicas e afetivas das crianças que não seja embasado
na inserção de jogos e brincadeiras nessa modalidade de ensino.
Segundo Piaget (1975) ao brincar e jogar, a criança estará desenvolvendo suas
potencialidades, estruturando seus espaços, seu tempo e, simultaneamente, adquirindo
autonomia intelectual e moral. Para esse teórico, o jogo constituiu-se em expressão e
condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam assimilam e
podem transformar a realidade.
Como se vê, tanto as brincadeiras como os jogos inseridos no contexto da Educação
Infantil, possibilitam o desenvolvimento de várias aptidões e habilidades intelectuais das
crianças, levando-as a adquirirem maior capacidade de expressarem-se, de tornarem-se
mais perceptivas, e consequentemente, mais ativas para resolver problemas.
Questão 2: Os jogos e as brincadeiras quando inseridas na prática pedagógica são
planejadas com determinados fins e objetivos? Responderam que:
P1: Na maioria das vezes são planejados com uma finalidade ou um
objetivo preestabelecido, mas existem momentos que inserimos tanto os
jogos como brincadeiras de forma espontânea, com o objetivo apenas de
motivar as crianças.
P2: Conforme as especificidades da turma, o contexto social vivido pelas
crianças, enfim, às vezes se estabelece o alcance de determinadas
competências e habilidades através da inserção dos jogos e brincadeiras.
Porém, em alguns dias se planeja as brincadeiras livres, desenvolvidas
sob a nossa observação e participação.
Diante disso, considera-se que o trabalho educativo proporcionado pelas
professoras possibilita a inserção dos jogos e das brincadeiras na perspectiva de sua
funcionalidade. Assim, pode-se dizer que os jogos quando propiciados com o propósito
preestabelecido, a fim de que as crianças adquiram certas competências, se apropriem de
determinadas habilidades, é sem dúvida de fundamental importância. Conforme Piaget
(1978) os jogos com regras são considerados como uma ferramenta indispensável para este
16
processo. A partir do contato com o outro a criança vai internalizar conceitos básicos de
convivência.
Em suma, pode-se dizer que essas capacidades adquiridas nos jogos de regras
tornam-se possíveis quando os professores dessa modalidade de ensino criam situações e
momentos significativos nos quais os jogos tenham função e sentidos para as crianças.
Segundo Oliveira (2011) a oportunidade de participar de jogos em grupos possibilita às
crianças aprender a negociar as regras do jogo, usando justificativas e argumentos
comparativos.
Além disso, o RCNEI (1998) também traz contribuições e orienta que o ato de
educar significa propiciar situações de cuidados e brincadeiras organizadas em função das
características infantis, de forma a favorecer o desenvolvimento e a aprendizagem. Por
outro lado, observa-se que ambas as professoras também possibilitam as brincadeiras
livres, de forma espontânea, sem necessidade das crianças cumprirem regras e limites
durante esses momentos, deixando elas se levarem pelo faz de conta, expressando suas
vontades, seus desejos, suas alegrias, enfim, suas reais emoções. Kishimoto (2010) diz que
o brincar é uma ação livre, que surge a qualquer hora, iniciada e conduzida pela criança; dá
prazer, não exige como condição um produto final; relaxa, envolve, ensina regras,
linguagens, desenvolve habilidades e introduz a criança no mundo imaginário.
Assim, percebe-se que a prática de inserir as brincadeiras livres também é essencial
no contexto da Educação Infantil, uma vez que os autores consideram como sendo uma
prática que favorece o desenvolvimento de diversas habilidades, entre elas, a incorporação
da criança no mundo do faz de conta, ou seja, no mundo imaginário dos contos de fadas.
Nesse sentido, Oliveira (2011, p. 144) vê que “é importante observar as
brincadeiras e jogos de crianças em pequenos grupos, procurando acompanhar como são
construídos os enredos do faz de conta”. A esse respeito o RCNEI (1998) mostra que,
por meio das brincadeiras os professores podem observar e constituir uma
visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de
cada uma em particular, registrando suas capacidades de uso das
linguagens, assim como de suas capacidades sociais e dos recursos
afetivos e emocionais que dispõem. (RCNEI, 1998, p. 28).
Como vemos, o ato de brincar deve ser visto como uma atividade indispensável na
Educação Infantil, além de propiciar prazer, também proporciona o desenvolvimento das
habilidades de interagir em grupo, possibilitando a oportunidade de algumas crianças que
17
apresentam traços de timidez se socializarem com as outras e, dessa forma, poderem
construir sentimentos de afetividade, companheirismo, humildade, amizade, entre outros.
Questão 3: Aponte algumas dificuldades inerentes ao trabalho com jogos e
brinquedos na prática de ensino da Educação Infantil.
P1: Uma das maiores dificuldades encontradas por nós, diz respeito à
falta de espaço adequado, uma vez que, quando toda turma está presente,
o espaço da sala de aula fica quase que inoportuno para o
desenvolvimento das brincadeiras e dos jogos.
P2: Outra dificuldade está relacionada de fato a falta de materiais
manipuláveis e recursos adequados para o trabalho com jogos e
brincadeiras com as crianças.
Diante das colocações, pode-se observar que P1 elenca como dificuldade para
trabalhar com jogos e brinquedos na prática de ensino da Educação Infantil a falta de
espaço adequado, principalmente, porque a escola não dispõe de um espaço que possa ser
utilizado para o desenvolvimento das atividades supracitadas, ficando apenas ao espaço
físico da sala de aula. Ademais, elas relatam que quando a turma toda está presente, a sala
de aula não favorece condições propícias para a efetivação de determinados jogos e
brincadeiras.
De acordo com o RCNEI (1998) a instituição deve criar um ambiente acolhedor
que dê segurança e confiança à criança. A esse respeito, Frison (2008) afirma que
a estruturação do espaço físico, a forma como os materiais estão
dispostos e organizados influenciam os processos de ensino e de
aprendizagem e auxiliam a construção da autonomia, da estabilidade e da
segurança emocional da criança. Para bem desenvolver sua identidade, é
fundamental que ela sinta-se protegida e esteja inserida em um universo
estável, conhecido e acolhedor. (FRISON, 2008, p. 43)
Na verdade, a estruturação do espaço físico adequado favorece a apropriação de
determinadas tarefas, como os jogos e as brincadeiras, pois quando o espaço é propício
para comportar a participação e o envolvimento de todas as crianças nas atividades
planejadas para a rotina, beneficia o crescimento do processo de ensino e aprendizagem,
bem como, a estabilidade e a segurança das crianças da Educação Infantil. Conforme
Seabra (2010) é relevante que a sala de aula seja um lugar motivador, em que se acolham
as diferentes formas de ser e de agir, nas quais as crianças vivenciam suas experiências e
descobertas.
18
Nessa ótica, percebe-se que a dificuldade encontrada pela P1, necessariamente
influencia as diferentes formas de introduzir os jogos e as brincadeiras no contexto da
prática de ensino do Pré-escolar II. Embora P1 tenha citado a falta de espaço físico
adequado, P2 elege como dificuldade inerente ao trabalho com jogos e brinquedos na
prática de ensino da Educação Infantil, a falta de materiais manipuláveis e recursos
adequados para o trabalho com jogos e brincadeiras com as crianças.
A esse respeito, Macedo, Petty e Passos (2005) dizem que o trabalho com materiais
manipuláveis permite inferir a presença do lúdico nos processos de aprendizagem ou
desenvolvimento. Esses autores afirmam que as atividades lúdicas precisam ter objetivo
pedagógico e serem prazerosas para os alunos. Além disso, precisam permitir a criação de
possibilidades com dimensão simbólica, expressas de modo construtivo ou relacional.
Na realidade, pode-se dizer que a presença de materiais manipuláveis como: jogos,
brinquedos e/ou outros recursos são extremamente importantes e fundamentais para a
realização de momentos de recreação com diversas brincadeiras e/ou jogos variados, com o
propósito de envolver as crianças em numerosas formas de atividades lúdicas no chão da
sala de aula. De acordo com Mello (2005) os brinquedos também estimulam a percepção,
as capacidades sensório-motoras, condutas e comportamentos socialmente significativos
nas ações infantis.
Questão 4: Vocês utilizam material de sucata para a produção de brinquedos e
jogos no contexto de ensino da Educação Infantil? Obteve-se a seguinte resposta:
P1: Sim, o material de sucata é bastante utilizado na nossa prática
docente, uma vez que é acessível as nossas crianças e é um valioso
recurso didático que contribui para o desenvolvimento da criatividade e
da construção do conhecimento.
P2: Costumamos sempre planejar atividades com sucata, porque é um
material que favorece uma multiplicidade de aprendizagem, todas as
crianças se envolvem e há produções significativas e bastante criativas.
Com relação à resposta da P1 em análise, é possível perceber que há a inserção da
sucata no contexto de ensino do Pré-escolar II, pois a mesma enfatiza que a sucata é vista
por ela como um excelente recurso didático, que garante criar condições e possibilitar o
desenvolvimento da capacidade criativa, e consequentemente, construir uma diversidade
de conhecimentos específicos a relacionados temas.
19
É bem verdade que, ao inserir o trabalho com sucata o professor está propiciando o
ensino relacionado ao eixo de Artes Visuais, como também, o eixo Sociedade e Natureza
no processo de aprendizagem das crianças. Ao construir o seu brinquedo e o seu jogo
utilizando a sucata, as crianças estão aprendendo a reutilizar e reciclar os materiais
descartáveis, e dessa forma, produzir artes plásticas. De acordo com o RCNEI (1998),
As atividades em artes plásticas que envolvem os mais diferentes tipos de
materiais indicam às crianças as possibilidades de transformação, de
reutilização e de construção de novos elementos, formas, texturas, entre
outros. A relação que a criança pequena estabelece com os diferentes
materiais se dá, no início, por meio da exploração sensorial e da sua
utilização em diversas brincadeiras (RCNEI, 1998, v. 3, p. 13).
Entende-se que o professor deve priorizar uma diversidade de materiais para o
desenvolvimento das atividades recreativas como brincadeiras para a motivação das
crianças, entre tantos. Observa-se que a sucata deve ser prioridade na seleção de materiais.
Conforme Lopes (2006), as sucatas também podem ser uma alternativa de material para
desenvolver determinadas atividades.
Com relação ainda ao uso da sucata para produção de jogos e brinquedos na sala de
aula, as professoras estão inserindo também o eixo Sociedade e Natureza, em virtude de
proporcionar reflexão sobre a importância da sustentabilidade do nosso planeta, bem como,
discutindo novas formas de diminuir o consumo exagerado de determinados recursos e
matérias primas extraídas da natureza.
De acordo com o RCNEI (1998) compreende-se que evidenciar o eixo Natureza e
Sociedade na Educação Infantil é fundamental para que a criança entenda que ela faz parte
de um mundo social e natural, no qual interage todo tempo, aprendendo, construindo
conceitos e valores, vivenciando experiências e criando ideias, enfim, produzindo uma
diversidade de conhecimentos sobre o mundo que os cerca.
Nesse sentido, percebe-se que é interessante a inserção do material de sucata no
contexto escolar, porque além de envolver as crianças na construção de jogos e brinquedos,
propicia também as crianças discutirem e refletirem sobre os impactos provocados pelo o
homem na natureza, e desse modo, desenvolverem atitudes de respeito e preservação do
meio ambiente.
Com relação a P2, nota-se que ela, a priori, enfatiza que a sucata é um recurso
didático que favorece uma multiplicidade de aprendizagem no processo de aprendizagem
20
das crianças. Explicita ainda que, todas as crianças se envolvem e há produções
significativas e bastante criativas. Segundo Oliveira, (2011) quanto mais se consegue
propiciar momentos e atividades que permitem interações de pequenos grupos, mais se
auxilia a criança a aprender como se conduzir nas relações com diferentes parceiros.
Nessa ótica, evidencia-se que as interações, que ora ocorrem nos momentos de
construção e produção com a sucata, favorecem o desenvolvimento da capacidade criativa
e promovem o crescimento individual dentro das relações comunicativas, e, sobretudo,
possibilitam múltiplas interações com o manuseio de jogos e brinquedos em situações
coletivas de aprendizagem. Conforme o RCNEI (1998) o professor cumpre um papel
socializador, propiciando o desenvolvimento da identidade das crianças, por meio de
aprendizagens diversificadas, realizadas em situações de interação.
Questão 5: Quando são planejados jogos e brincadeiras na rotina de sala de aula,
estes apresentam alguma relação com os conteúdos trabalhados? Obteve-se a seguinte
resposta:
P1: Quando estamos planejando as rotinas semanais sempre temos o
cuidado de associar os conteúdos às múltiplas linguagens: Movimento,
Artes visuais, Música, Linguagem Oral e Escrita, Matemática e Natureza
e Sociedade, e desse modo, procuramos articular os jogos, brincadeiras
como danças, faz de conta e outras, de acordo com os temas trabalhados.
É claro que existem alguns conteúdos que são ampliados apenas com
vídeos, músicas e outras atividades.
P2: Sempre que elencamos um tema para ser trabalhado, procuramos
planejar brincadeiras e jogos que tenham uma maior aproximação com os
conteúdos trabalhados para que as crianças sistematizem com mais
facilidade os conhecimentos adquiridos.
Com base no exposto, P1 deixa bem claro que ao planejar as rotinas procura
relacionar as brincadeiras e os jogos com os temas trabalhados, especialmente os que
tenham vínculos com as múltiplas linguagens. Para Barbosa (2006), é importante lembrar
que a rotina não precisa ser rígida, sem espaço para invenção, por parte dos professores e
das crianças. Pelo contrário, a rotina pode ser rica, alegre e prazerosa, conforme o objetivo
do professor, do ritmo da criança e do projeto político-pedagógico da instituição de
Educação Infantil.
Nesse caso, percebe-se que associar os conteúdos as diversas formas de brincar e
jogar como forma de reforçar os temas trabalhados, dar sentido e prazer no processo de
21
aprendizagem das crianças é relevante e essencial no âmbito da Educação Infantil.
Conforme os Parâmetros em Ação da Educação Infantil (1999),
O conhecimento não se constrói em cópia da realidade, mas sim, fruto de
um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação, e o lúdico
consta como recurso necessário na construção da identidade da
autonomia infantil e das diferentes linguagens das crianças.
(PAEI, 1999, p. 67).
Convém ressaltar que P1 aborda que, ao vincular as brincadeiras e os jogos aos
conteúdos trabalhados, elenca as danças e o faz de conta como forma de ampliar os saberes
construídos durante o desenvolvimento das rotinas principalmente quando associam os
conteúdos às múltiplas linguagens Movimento, Artes Visuais, Música, Linguagem Oral e
Escrita, Matemática e Natureza e Sociedade no contexto de sala de aula. De acordo com
Bertoldo (2015),
O ato de brincar proporciona às crianças relacionarem as coisas umas
com as outras, e ao relacioná-las é que elas constroem o conhecimento.
Esse conhecimento é adquirido pela criação de relações e não por
exposição a fatos e conceitos isolados, e é justamente através da
atividade lúdica que a criança o faz. (BERTOLDO, 2015, p. 7),
Assim, pode-se dizer que incorporar os jogos e as brincadeiras que tenham certa
aproximação com os conteúdos trabalhados, possibilita sem dúvida as crianças
sistematizarem com mais facilidade os conhecimentos adquiridos, isto porque, como a
teórica afirma, a exposição de fatos e conceitos de forma isolada, por si só não constroem
conhecimentos. Lima (2014) afirma que através das atividades lúdicas a criança brinca,
imita, joga. É a partir disso que a escola mantém toda uma harmonia, alegria em suas salas,
parques, pátios. A ludicidade deve ser adicionada ao conteúdo escolar desde muito cedo.
Nesse contexto de reflexões, percebe-se que a prática pedagógica da P2 também é
fundamentada na inserção de jogos e brincadeiras, como forma de aproximar os conteúdos
às respectivas atividades lúdicas, objetivando, sobretudo, que as crianças articulem os
conhecimentos adquiridos a aprendizagens de diferentes linguagens.
É interessante relembrar que as DCNEI (2010) consideram que
os objetivos da proposta pedagógica das Instituições de Educação Infantil
devem ter como objetivo garantir à criança acesso a processos de
apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens
22
de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à
liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à
convivência e à interação com outras crianças. (DCNEI, 2010, p. 18).
Face ao exposto, defende-se a necessidade de todo professor da Educação Infantil
favorecer uma prática educativa atrelada aos objetivos das DCNEI (2010), permitindo
construir o processo ensino-aprendizagem das crianças em consonância com a exigência
imposta pelo referido documento.
Questão 6: Vocês utilizam os jogos e as brincadeiras no processo avaliativo da
Educação Infantil? Obteve-se a seguinte resposta:
P1- Com certeza. Durante o momento da realização dos jogos e das
brincadeiras estamos sempre direcionando nosso olhar para as interações
vivenciadas por elas, e mediante essa observação, procuramos
acompanhar e registrar o desenvolvimento da aprendizagem, buscando
sempre ajustar a nossa prática, em virtude das reais necessidades das
crianças do Pré-escolar II.
P2- Quando inserimos os jogos e as brincadeiras na rotina, procuramos
observar as condições de aprendizagem e desenvolvimento das crianças e
consequentemente fazer o registro das capacidades e habilidades
apresentadas por cada uma delas, pensando sempre na possibilidade de
sua evolução e formação, e nunca na sua retenção.
Conforme aborda P1, percebe-se que o momento dos jogos e das brincadeiras
desenvolvidas no contexto da rotina das crianças do Pré-escolar II é considerado como
fonte de observação e servem de referência para o acompanhamento do desenvolvimento
do processo de aprendizagem das mesmas, favorecendo o reconhecimento da necessidade
de mudança e reformulação da prática docente das referidas professoras. O RCNEI (1998)
aponta que:
A observação das formas de expressão das crianças, de suas capacidades
de concentração e envolvimento nas atividades, de satisfação com sua
própria produção e com suas pequenas conquistas é um instrumento de
acompanhamento do trabalho que poderá ajudar na avaliação e no
replanejamento da ação educativa. (RCNEI, 1998, p. 65).
Assim, nota-se que ao inserir os jogos e as brincadeiras no processo avaliativo das
crianças do Pré-escolar II, as professoras estão se apropriando de instrumento de
acompanhamento, através da observação das diversas formas de expressão utilizadas
23
durante os jogos e as brincadeiras, vivenciando interações significativas que podem ser
consideradas como parte do processo avaliativo.
No que diz respeito a P2, observa-se que ao enfatizar o processo avaliativo das
crianças, ela faz menção ao registro do desenvolvimento das capacidades e habilidades
apresentadas por cada uma delas, considerando a necessidade de redimensionar a prática
educativa como forma de possibilitar o avanço e a ampla formação das crianças, sem
jamais pensar em retenção.
Sobre as avaliações, as DCNEI (2010) mostram que:
As instituições de Educação Infantil devem criar procedimentos para
acompanhamento do trabalho pedagógico e para avaliação do
desenvolvimento das crianças, sem objetivo de seleção, promoção ou
classificação, garantindo: a observação crítica e criativa das atividades,
das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano; a não retenção
das crianças na Educação Infantil. (DCNEI, 2010, p. 29).
Ainda com relação a P2, percebe-se que a sua conduta remete certa maturidade com
o processo avaliativo das crianças quando explicita o atendimento para a constante
evolução e formação integral dos envolvidos nessa modalidade de ensino, a qual evita a
prática de impor uma avaliação classificatória. Seabra (2010) afirma que avaliar, trata-se
de valorizar e respeitar as diferenças de desenvolvimento e de conhecimento, num
processo criativo, associado ao prazer pela descoberta da construção de significados com o
mundo nas múltiplas possibilidades interativas e relacionais.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve como objetivo principal analisar qual o direcionamento dado às
brincadeiras e aos jogos pelos professores do Pré-Escolar II, da Educação Infantil da
Escola Municipal 04 de Outubro, na cidade de José da Penha, e quais as contribuições que
as brincadeiras e os jogos estão trazendo na construção da aprendizagem das crianças na
mencionada modalidade de ensino.
Tendo em vista as respostas dadas pelas professoras do Pré-escolar II no
questionário aberto, constatou-se que elas reconhecem a importância da inserção das
brincadeiras e dos jogos na prática de sala de aula, defendendo que é extremamente
importante para o desenvolvimento de competências motoras, física e psicológica das
24
crianças, como também contribuem para o desenvolvimento do aluno em todos os
aspectos.
Porém, faz-se necessário enfatizarmos que mediante o exposto pelas professoras,
observa-se que o ensino na perspectiva abordada por elas favorece a aprendizagem das
crianças do Pré-escolar II. No entanto, é interessante enfatizar que durante a atuação como
estagiária na fase de observação, em alguns momentos não se constatou, por exemplo, que
quando os jogos e as brincadeiras eram inseridos na prática pedagógica planejadas com
determinados fins e objetivos, como relataram de forma veemente nas suas respostas.
Outrossim, faz-se necessário abordar ainda que na fase de observação percebemos
que quando eram planejados jogos e brincadeiras na rotina de sala de aula, grande parte
das atividades lúdicas não apresentava relação com os conteúdos trabalhados no contexto
de sala de aula. Além disso, mediante o período de observação da prática docente das
referidas professoras, percebemos que as brincadeiras e os jogos planejados nas rotinas não
favoreciam a relação com todos os eixos temáticos, ou seja, os eixos Música, Artes
Visuais, Natureza e Sociedade quase não eram contemplados em suas rotinas. Assim,
verificamos que as respostas das professoras no questionário aberto, em parte, não revelam
fielmente a prática pedagógica exercida por elas no Pré-escolar II.
Todavia, é importante dizer que após as observações enquanto estagiárias,
levantamento bibliográfico, realização do questionário, constatamos que as professoras do
Pré-escolar II da Educação Infantil da Escola Municipal 04 de Outubro direcionam as
brincadeiras e os jogos na prática de sala na perspectiva de garantir encaminhamentos e/ou
propostas que contribuem para o desenvolvimento do processo de aprendizagem, bem
como, de várias capacidades das crianças. Então, ficou evidente que as referidas
professoras reconhecem a importância das brincadeiras e dos jogos para o desenvolvimento
de competências motoras, física e psicológica das crianças. Segundo Piaget (1978), as
atividades lúdicas atingem um caráter educativo, tanto na formação psicomotora, como
também na formação da personalidade das crianças.
Portanto, torna-se pertinente mostrar que esta pesquisa confirma a existência de
atividades produtivas e úteis que possibilitam múltiplas interações com o manuseio de
jogos e brinquedos em situações coletivas de aprendizagem, contribuindo para a
construção da aprendizagem das crianças da Educação Infantil. Logo, defendemos que a
inserção das brincadeiras e dos jogos se dá de várias maneiras no âmbito do Pré-escolar II,
porém, reconhece-se a necessidade das professoras planejarem com mais afinco e
25
determinação as rotinas, enfatizando, sem distinção, todos os eixos temáticos,
estabelecendo na verdade, fins e objetivos.
Concluindo as considerações, devemos atentar para a constante revisão das práticas
em sala de aula e das pesquisas relativas a elas. Sendo assim o objeto de estudo que
pesquisamos é passível de novos exames, bem como a pesquisa que ora apresentamos, haja
vista vivermos em constantes mudanças e evoluções.
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