lesões potencialmente malignas da cavidade oral

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Lesões potencialmente malignas da mucosa oral

Serviço de Cirurgia Maxilo-Facial, Hospital de São José

João Augusto Ribeiro | 2013233

Lesões potencialmente malignas

Surge a necessidade de definir ‘lesões pré-malignas’ da mucosa oral porque[1] :

• Em estudos longitudinais, áreas de tecido com alterações específicas identificadas como ‘pré-malignas’ acabaram por evoluir para carcinoma pavimento-celular (CPC) durante o follow-up;

• Algumas destas alterações, particularmente lesões vermelhas e brancas coexistem nas margens de grande parte dos CPCs;

• Uma proporção destas partilha características morfo-citológicas e genéticas com neoplasias epiteliais.

OMS, 1978

Lesões potencialmente malignas

OMS, 2005

No entanto, nem todas as lesões descritas sob estas condições evoluem para neoplasia.

‘(…) lesões potencialmente malignas’[2]

• Lesão pré-maligna

• Condição pré-maligna

1-Leucoplasia 2-Eritroplasia 3-Lesões palatinas dos fumadores 4-Fibrose submucosa 5-Queratose actínica 6-Líquen plano 7-Lúpus eritematoso discóide

• Lesões epiteliais precursoras – epitélio alterado (displásico) com uma probabilidade aumentada para a progressão para CPC.

Lesões potencialmente malignas

OMS, 1978[1]

OMS, 2005[2]

No entanto, em casos raros, a malignização pode ocorrer em epitélio histo-morfologicamente não-displásico

• Prevalência mundial – 1-5% (distribuição homogénea entre países

desenvolvidos e países em desenvolvimento)[3]

• Mais frequente no sexo masculino [4]

• Idade média – 50-69 anos [3]

Epidemiologia

• Fatores de risco – tabaco (principal)[3]

– álcool? – HPV?

Verifica-se, em muitos casos, regressão das

lesões após abstenção tabágica

Placas brancas de risco discutível, quando excluídas outras causas conhecidas que não carregam um risco acrescido para neoplasia

• Pode atingir qualquer estrutura da mucosa oral.

• Clinicamente, classifica-se em leucoplasia homogénea e leucoplasia

não-homogénea.

1-Leucoplasia[1,3]

http://nueva.odontologia.do/wp-content/uploads/2015/05/leucoplasia.jpg

Figura 1 – leucoplasia na mucosa lingual

Homogénea Não-homogénea

Lesões planas, finas Eritroleucoplasia – lesões brancas e vermelhas, com

predomínio branco

Nodular – pequenos crescimentos polipóides, envoltos em saliências

vermelhas ou brancas

Verrucosa apresentação enrugada

ou ondulada.

Prognóstico favorável Pior prognóstico

1-Leucoplasia[1,3]

Quando multifocal e resistente ao tratamento – leucoplasia

verrucosa proliferativa https://www.researchgate.net/profile/Giovanni_Lodi/publication/6741995/figure/fig2/AS:269524435992614@1441271041789/Figure-1-Homogeneous-leukoplakia-of-the-lateral-border-of-the-tongue.png

http://1.bp.blogspot.com/-uTNM1JRN9oc/Ti6jSBmgBqI/AAAAAAAAAZQ/_fQP4YUI3IA/w1200-h630-p-k-no-nu/6%2B11%2B09%2Bharender%252C%2Bspeckled%2Bleukoplakia%2BBIOPSY%2BDONE%2B4%2BYEARS%2BBACK2.JPG

http://www.homesteadschools.com/dental/courses/Oral%20Cancer/nodular.jpg

https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/564x/7d/31/54/7d3154b82da340fa43a0de0aacb7dab6.jpg

Figura 2 – leucoplasia homogénea na mucosa lingual

Figura 3 – eritroleucoplasia circusncrita à bochecha

Figura 4 – leucoplasia nodular na mucosa da bochecha

Figura 5 – leucoplasia verrucosa na mucosa gengival

tratamento (se <2-3 cm) e follow-up a cada 6 meses

1-Leucoplasia – marcha diagnóstica [1]

Leucoplasia com displasia

Leucoplasia sem displasia

tratamento (se <2-3 cm) e follow-up a cada 3 meses

• Duração – tendência maior para carcinoma pavimento celular nos primeiros 5 anos de aparecimento.

• Sexo – transformação maligna mais frequente em mulheres.

• Localização – lesões no pavimento da boca e no bordo lateral da língua.

• Apresentação clínica – eritroleucoplasias apresentam maior risco para transformação maligna.

• Etiologia desconhecida (idiopáticas)

Preditores de transformação maligna na leucoplasia[4]

• Mais frequente no palato mole, língua e pavimento da boca

• No caso de lesões brancas concomitantes – eritroleucoplasia

• Tabaco como fator etiológico

• Elevado risco de transformação para CPC

2-Eritroplasia[1]

Placa vermelha não caracterizável clínica ou patologicamente por outra doença definida

http://www.exodontia.info/sitebuilder/images/Oral-Erythroplakia-733x491.jpg

Figura 6– eritroplasia da mucosa lingual

3-Lesões palatinas em ‘reverse smokers’ [1,3]

• ‘Reverse smoking’ consiste em fumar com a ponta do cigarro em brasa dentro da

boca.

• Lesões brancas, vermelhas ou mistas.

• Afeta predominantemente o palato e a língua

Figura 7 – lesão no palato duro em ‘reverse smoker’

• Risco de evolução para CPC : 12,5%

http://screening.iarc.fr/picoral/A1300004.jpg

• Pode atingir a orofaringe, cavidade oral, e/ou terço superior do esófago.

• Aumento da rigidez e perda de mobilidade

Fibrose crónica da lâmina própria e submucosa

epiteliais Atrofia do epitélio Maior predisposição para

desenvolvimento de CPC[3]

4-Fibrose submucosa oral[1,3]

Figura 8 – branqueamento do palato mole

http://ipj.quintessenz.de/index.php?doc=picture&poster=484&file=abb2gr.jpghttp://ipj.quintessenz.de/index.php?doc=picture&poster=484&file=abb2gr.jpg

Apresentação precoce Apresentação tardia

Sensação de queimadura Bandas fibrosas na parede da mucosa

Vesículas Trismos

Branqueamento da mucosa Estreitamento do orifício orofaríngeo, com distorção da úvula

5-Fibrose submucosa oral[1,3]

Figura 9 – branqueamento da mucosa da bochecha Figura 10 – bandas fibrosas na mucosa do lábio inferior

https://www.google.pt/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&ved=0ahUKEwj98vuQ1dbSAhUF1hoKHdPYBM0QjRwIBw&url=http%3A%2F%2Fwww.intelligentdental.com%2F2011%2F12%2F21%2Foral-submucous-fibrosis%2F&bvm=bv.149397726,d.cGw&psig=AFQjCNEsFYqt5lOzyf2nqIYFGViJ4xTpIQ&ust=1489603895067375 https://www.dovepress.com/cr_data/article_fulltext/s80000/80576/img/fig3.jpg

• Doença muco-cutânea mediada por linfócitos T.

• Aumento da taxa de diferenciação do epitélio pavimentoso estratificado, resultando em hiperqueratose e

eritema.

• Mais frequente na mucosa oral posterior

• Risco de evolução para CPC : 0,4-3,7%

• Tratamento: corticoesteróides tópicos e sistémicos

6-Líquen Plano[1,3]

Figura 11 – lesões hiperqueratósicas típicas do líquen plano

https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/736x/67/00/5a/67005a01f741f7a1c656b5d31314f90f.jpg

• Na cavidade oral, é mais predominante no lábio inferior.

• Placas queratósicas, atróficas, erosivas ou ulcerosas.

• Risco de evolução para CPC : 6,0 – 10,0%

• Tratamento pode cursar com terapia fotodinâmica, eletrocirurgia ou vermilionectomia.

7-Queratinose actínica[1,3]

Figura 12 – queratinose actínica no lábio inferior

http://www.patienthelp.org/wp-content/uploads/2013/05/Actinic-cheilitis-Picture.jpg

• Doença imunologicamente mediada.

• Placas queratósicas de bordos elevados, com irradiação sob a forma de estrias

brancas e telangiectasias.

• Evolução para CPC frequentemente observada, principalmente no lábio inferior.

• Tratamento cursa com corticoesteróides tópicos e sistémicos.

8-Lúpus eritematoso discóide[1,3]

Figura 13 – lesão discóide na bochecha

http://www.dermweb.com/hairnailsmucousmembranes/graphics/jpegs/Untitled-26.jpg

Disceratose Congénita[1,3]

• Rara. Associada ao X – mais frequente no sexo masculino.

• Tríade: distrofia ungueal, pigmentação reticular da pele e leucoplasia oral.

• Risco aumentado para desenvolvimento de CPC.

• Sem tratamento curativo.

Doenças hereditárias de risco aumentado

Figura 14 – semiologia da disceratose congénita

http://www.europeanmedical.info/haemolytic-anaemia/images/8919_298_101-dyskeratosis-congenita.jpg

Doenças hereditárias de risco aumentado

Epidermólise Bolhosa[3]

• Doença ‘bolhosa’ da pele e mucosa.

• Na cavidade oral, atinge predominantemente a mucosa lingual.

• A transformação maligna ocorre em áreas de ulceração crónica.

• 25% das lesões evoluem para CPC.

Figura 15 – lesão bolhosa na mucosa lingual

http://pocketdentistry.com/wp-content/uploads/285/c17f0046.jpg

Conclusão

• Aproximadamente 40% das lesões potencialmente malignas reduzem de

tamanho ou desaparecem, aquando da abstenção tabágica.

• Estas lesões são, frequentemente, mal diagnosticadas, devido à falta de

conhecimento adequado na população em geral e mesmo entre os

profissionais de saúde.

• Deve-se, assim, melhorar o ensino de médicos e dentistas no sentido de salvar

a saúde dos doentes.

• [1]. S. Warnakulasuriya, N.W. Johnson, I. van der Wall; Nomenclature and classification of potentially malignant disorders of the oral mucosa; J Oral Pathol Med, 36 (2007), pp. 575–58.

• [2]. Sachin C Sarode, Gargi S Sarode, and Jagdish V Tupkari; Oral potentially malignant disorders: A proposal for terminology and definition with review of literature; Journal of Oral and Maxillofacial Pathology : JOMFP (2014), pp.77-80.

• [3] Mortazavi H, Baharvand M, Mehdipour M. Oral potentially malignant disorders: an overview of more than 20 entities. J Dent Res Dent Clin Dent Prospects 2014;8:6-14.

• [4] Napier SS, Speight PM. Natural history of potentially malignant oral lesions and conditions: an overview of the literature. J Oral Pathol Med 2008;37:1–10.

Referências

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