jornal fradelos - outubro 2012 (10ª edição)

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Jornal amador criado por um grupo de jovens da freguesia de Fradelos, V. N. de Famalicão, Portugal

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fradelosjornal

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Um Jornalmuuuuitoà frente!!!

J o r n a l F r a d e l o s , j o r n a l l o c a l d a f r e g u e s i a d e F r a d e l o s , c o n c e l h o d e V i l a N o v a d e F a m a l i c ã o , D i s t r i b u i ç ã o : G r a t u i t a , P e r i o d i c i d a d e : B i m e s t r a lT i r a g e m : 1 3 5 0 e x e m p l a r e s I m p r e s s ã o : O r g a n i g r á f i c a - A r t e s G r á f i c a s , L d a . ; D i r e ç ã o : D i o g o F e r r e i r a , S a m u e l C o u t o R e i s , C é s a r R e i sR e d a ç ã o : D i o g o F e r r e i r a , S a m u e l C o u t o R e i s D e s i g n G r á f i c o : C é s a r R e i s A s s i s t e n t e s : P a u l o F e r r e i r a , P a u l o C o u t o R e i s D i s t r i b u i ç ã o : C T T C o r r e i o s

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Cinco de Outubro

Era sexta-feira e, a pedido, o sol tinha nascido para todos com esplendor pouco depois das seis da manhã. Por isso, foram muitos os que aproveitaram este feriado nacional para vindimar e pôr o primeiro milho nas eiras a secar com mãos cheias de vida e ganas. As potentes máquinas ceifeiras começaram a abastecer os silos e os tratores corriam pelas estradas em procissão. No fim, os campos iriam ficar a repousar, cravejados de tocos de raízes. Outros aproveitaram o astro para carregar as suas baterias, ler o jornal, arejar os quartos ou fazer zapping com o comando da televisão. Nos canais nacionais, podia apanhar-se as cerimónias das comemorações da implementação da república. Também eu, enquanto carregava no sofá a minha massa de lítio, numa passagem, assisti o içar da bandeira com o escudo rodado 180 graus. O pano verde rubro foi colocado ao contrário, numa espécie de travessura pregada ao presidente de Portugal. Mais tarde, veio a conhecer-se um pedido formal de desculpas pelo tal lapso caricato e que tem sido alimentado com gargalhadas e aforismos circunstanciais de figuras responsáveis, longe do respeito patriótico. Decidi ouvir os discursos protocolares que saíram a partir de um pátio, Pátio da Galé, inaugurado a 25 de fevereiro de 2011 pelo ex-primeiro-ministro, e situado no Terreiro do Paço, sendo um novo espaço de Lisboa dedicado à restauração, lazer, cultura e eventos. Estou certo que a montagem não foi inocente. E nas minhas memórias, num segundo, vi o passado, o presente e o futuro encaixilhado de negro, retratando a pobre democracia que está sem lei nem grei onde o hino, quando toca, só nos toca no futebol. Enquanto o meu cão lavrador saltitava pelo jardim à espera que o acompanhasse na brincadeira, na capital os discursos evoluíam e os protestos continuaram: uma mulher lutadora reclamava por trabalho e uma jovem cantora lírica cheia de esperanças ensaiou o tema de Fernando Lopes-Graça, Firmeza, e que destaco: “Sem frases de desânimo, nem complicações de alma, que o teu corpo agora fale, presente e seguro do que vale. Pedra em que a vida se alicerça, argamassa e nervo, pega-lhe como um senhor e nunca como um servo. Não seja o travor das lágrimas capaz de embargar-te a voz; que a boca a sorrir não mate nos lábios o brado de combate. Olha que a vida nos acena para além da luta. Canta os sonhos com que esperas, que o espelho da vida nos escuta.”. Da janela, vi mais trabalhadores. A messe era grande e os dias solarengos podiam ser curtos. Entretanto, as notícias corriam o mundo e do país partiam os mesmos protestos: uns, pintavam a manta causada por projetos faraónicos, pela gestão danosa, pelos subornos, pelas fundações alibis, pelas pensões milionárias e, outros, pelo aumento exponencial do desemprego. E da crise, consequentemente, mais impostos, sobretaxados, não para termos mais educação, mais saúde, mais justiça, mas para pagarmos os buracos abertos por aqueles que, de todas as formas e feitios, se infiltram impunemente em instituições de bem e em outras que tais, cheios de interesses próprios, alheios à vontade e necessidades do povo. Com sangue, suor e lágrimas, e pó à mistura, sabemos que temos de contribuir para a sustentabilidade da nação; mas para pagar mordomias, nós protestamos, não, e pum para esses!

Jorge Silva Azevedo, professor

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