instituto superior de educaÇÃo do vale do...
Post on 17-Dec-2018
214 Views
Preview:
TRANSCRIPT
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE
ESPECIALIZAÇÃO EM LEITURA, LITERATURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
DO PRECONCEITO À LEITURA E RECITAÇÃO DE POESIA
Elizabeth Silva de Sousa
Orientador: Ilso Fernandes do Carmo
ALTA FLORESTA/2011
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE
ESPECIALIZAÇÃO EM LEITURA, LITERATURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
DO PRECONCEITO À LEITURA E RECITAÇÃO DE POESIA
Elizabeth Silva de Sousa
Orientador: Ilso Fernandes do Carmo
“Monografia apresentada como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Leitura, Literatura e Produção de Texto.”
ALTA FLORESTA/2011
RESUMO
Os motivos que levaram à escolha do tema foram resgatar o prazer da
leitura e da produção de poesias, compreendendo suas especificidades, buscando o
sentido da poesia de maneira crítica e criativa. Ler, produzir e recitar poesia,
portanto, promove o resgate da cidadania, devolve a auto-estima ao promover a
integração social, desenvolve um olhar crítico e possibilita formar uma sociedade
consciente. Os tratamentos metodológicos utilizados foram: pesquisa bibliográfica de
autores poetas, leitura, análise poética, produção de texto poético, exposição e
recitação de poesia, etc. Dessa forma os alunos puderam perceber a especificidade
da linguagem poética em contraposição a de outros tipos de textos, pois propõe
sentir a musicalidade presente na poesia e nas músicas através da declamação de
poesia. A poesia, portanto, promove a educação para a formação e crescimento dos
indivíduos, que deve contemplar o domínio da escrita e deve trazer os professores e
funcionários para este desafio de orientar, estimular o pensar, o refletir, o participar e
o agir dos alunos. Assim os objetivos alcançados obviamente através de propostas
como estas podem e devem ser reconsideradas, a partir de cada realidade
educacional e cultural, tanto dos professores quanto dos alunos envolvidos. Porque
o importante é fazer com que o aluno possa ter acesso ao universo literário
mobilizado pela poesia, levando-o a constituir uma relação diferenciada com a
linguagem, e, consequentemente, tornar-se leitor e produtor de textos poéticos
competente. Enfim, trabalhar o projeto “Do Preconceito à Recitação Poesia” não é
somente transformar os alunos em grandes escritores de poesias, mas sim torná-los
leitores capazes de interpretar e compreender o que o poeta quis transmitir em meio
aos versos e perceber a essência dos versos emitidos.
Palavras chave – Ler, produzir, recitar.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................04
1 LEITURA E ESCRITA.............................................................................................06
1.1 A leitura literária na escola................................................................................07
1.2 O que é poesia?..................................................................................................09
1.3 Porque da proposta poesia...............................................................................10
2 RECURSOS ESTILÍSTICOS NA POESIA..............................................................12
2.1 Crítica aos Poetas..............................................................................................14
2.2 A motivação da aprendizagem com a poesia..................................................27
2.3 O poema nos parâmetros curriculares nacionais de língua portuguesa......28
3 O POEMA: UMA DAS ARTES DA PALAVRA.......................................................33
3.1 Recitar poesia.....................................................................................................35
3.2 Trabalhar a poesia por etapas...........................................................................36
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................41
INTRODUÇÃO
O foco do projeto “Do Preconceito à Recitação Poesia” está voltado para
trabalhar a poesia com os alunos da 7ª série B, C e D do Ensino Fundamental da
Escola Estadual “Vitória Furlani da Riva” de Alta Floresta. Que parte do seguinte
questionamento: Como romper o preconceito de que poesia faz parte somente do
mundo feminino? Ao apresentar aos alunos das turmas a cima citada pode-se
observar a grande rejeição por maioria dos meninos com colocações de que poesia
é coisa de menina. Assim, nos propomos a pesquisar este tema para entendermos
esta rejeição. Tendo em vista que nessa faixa etária percebem-se preconceitos com
relação à poesia em particular por parte dos meninos é que nos propomos ao
resgate e o prazer da leitura e da produção de textos poéticos para a familiarização
com esse gênero textual. Focalizando um leitor persistente que é de grande
importância para a vida em sociedade, considerando que, uma das principais
necessidades do ser humano é a comunicação verbal.
No projeto uma das propostas é levar diariamente poesias para a sala de
aula com o intuito de que os alunos tenham bastante contato com vários tipos de
poesia, pois seu pressuposto básico está na idéia de que a formação de um leitor
competente está vinculada à constante presença desse gênero textual no contexto
escolar, ainda particularmente a formação de leitores e escritores de poesia, bem
como a execução de atividades de leitura, interpretação, análise, produção, estudo
de algumas figuras de linguagem (hipérbole, antítese, prosopopéia, metáfora e
comparação) e recitação.
Obviamente, propostas como estas podem e devem ser reconsideradas, a
partir de cada realidade educacional e cultural, tanto dos professores quanto dos
alunos envolvidos. O importante é fazer com que o aluno possa ter acesso ao
universo literário mobilizado pela poesia, levando-o a constituir uma relação
diferenciada com a linguagem, e, consequentemente, tornar-se competente leitor e
produtor de textos poéticos. A leitura e a produção, portanto, promove o resgate da
cidadania, devolve a auto-estima e autonomia ao promover a integração social,
desenvolve um olhar crítico e possibilita formar uma sociedade consciente. O
trabalho com poesia pretende envolver o aluno de tal forma que o mesmo fomente o
gosto pela mesma.
Poesia é a forma especial de linguagem, mais dirigida à imaginação e à
sensibilidade do que ao raciocínio. Em vez de comunicar principalmente
informações, a poesia transmite, sobretudo, emoções. Por sua origem e por suas
características, a poesia está muito ligada à música. Ela é uma das mais antigas e
importantes formas literárias.
Enfim, trabalhar o projeto “Do Preconceito à Recitação Poesia” não é
somente transformar os alunos em grandes escritores de poesias, mas sim torná-los
leitores capazes de interpretar e compreender o que o poeta quis transmitir em meio
aos versos.
Além de tudo, cabe à escola motivar o aluno a utilizar a linguagem oral e
escrita nas diversas situações comunicativas, especialmente nas mais formais que
para tanto faz-se: planejamento e realização de entrevistas, debates, seminários,
diálogos com autoridades, dramatizações, etc. Propondo, situações didáticas nas
quais as atividades façam sentido de fato. Para enriquecer o trabalho de poesias, os
alunos terão acesso a várias obras de grandes poetas brasileiros. Isso os
incentivarão a criar novas e interessantes poesias abordando a situação do mundo
atual e de sua realidade de vida diária.
No primeiro capítulo será apresentado a questão da leitura e da escrita,
relacionada à leitura literária, definindo poesia e justificando a proposta do trabalho
com poesia. No segundo capítulo se falará dos recursos estilísticos da poesia e no
terceiro capítulo se falará especificamente do poema e de como trabalhá-lo.
05
1 LEITURA E ESCRITA
O domínio da leitura não só leva a ler bem como também significa a
aquisição de um instrumento ligado à vida cultural do leitor. Depois dos primeiros
anos de educação básica, grande parte da atividade escolar baseia-se na leitura
como meio de estudo. A formação escolar subordina-se à leitura.
Para ALLIENDE & CONDEMARÍN (1987, p. 208): Um dos fins do ensino da
leitura é possibilitar o acesso às obras literárias. As obras literárias constituem um
modo específico de expressão. Elas referem-se a todo tipo de realidade, utilizando
um código “poético” que as diferencia das obras lógicas, discursivas, científicas ou
similares. E as crianças, justamente por encontrarem-se em preparação para o
domínio da via racional, dentro de seus limites, são ótimos sujeitos para
compreenderem este modo específico de expressão da literatura citado por
ALLIENDE & CONDEMARÍN. Nela a criança vai encontrar a grande via para a
compreensão do mundo ou, pelo menos, uma via muito importante.
Ainda para ALLIENDE & CONDEMARÍN (1987, p. 208): Um erro lamentável
do ensino da leitura foi a sua separação da literatura ou, pior ainda, a criação de
uma pseudo-literatura infantil (imaginada infantil pelos adultos, desconhecedores da
realidade das crianças), somente apta para as primeiras etapas da aprendizagem da
leitura. Não nos iludimos: a criança não pode começar lendo O Quixote nem O
Fausto; mas, antes de aprender a ler, é capaz de entender a maioria das histórias
fantásticas tradicionais (A Bela Adormecida, Chapeuzinho Vermelho e outras
histórias, como os contos de Andersen O Soldadinho de Chumbo, O Patinho Feio),
que têm elementos compreensíveis para elas e uma estrutura narrativa clara.
A leitura, em vez de afastar-se da literatura, deve levar a ela. É certo que há
um momento de sua aprendizagem em que a criança, que é capaz de entender, por
via oral, relatos longos e complexos, só vai ler textos breves e simples. Mas isto não
significa que se tem que afastar a criança das obras literárias e dar-lhe somente
textos chatos. Desde as primeiras etapas da leitura, a criança pode continuar em
contato com a literatura que já conhece de maneira oral e com novas formas.
É neste momento que a Biblioteca Escolar deve privar por obedecer a um
dos objetivos citados no Manifesto da UNESCO/IFLA (2002), para Biblioteca
Escolar. Constatamos que caberá, portanto, ao bibliotecário e a sua equipe procurar
mecanismos e incentivos, atividades e programas para que se formalizem hábitos de
leitura espontâneos e prazerosos. Um conjunto de ações positivas nesse sentido
poderá ser obtido pela parceria de programações entre bibliotecário e professor, o
que reforçará ainda mais as formas gradativas de aprendizado do aluno em sala de
aula. Partindo do princípio que cada dia que passa fica mais difícil captar a atenção
das crianças para a leitura, devido a inúmeras formas de interações midiáticas e
virtuais, desenvolver e manter na infância, o hábito e o prazer da leitura, bem como,
o uso dos recursos da biblioteca ao longo da vida, se torna uma tarefa de alta
reflexão e procedimentos práticos. Sabendo, portanto desta dificuldade de inserção
da leitura entre os alunos se faz necessário a produção de projetos especiais para
que o processo de leitura e conseqüentemente de escrita se dê de maneira mais
prazerosa e que evolua não somente nas séries iniciais mas sim, ao longo da vida.
Para GEBARA, (2002, p.7): Sabemos que a leitura de poesias e poemas
para as crianças se transforma em uma atividade lúdico-interpretativa, tarefa nem
sempre simples, pois o termo poesia geralmente é tratado com uma conotação
positiva. Mas a vivência da poesia, diferentemente, não goza de tanto prestígio.
1.1 A LEITURA LITERÁRIA NA ESCOLA
Nesse contexto em que se acentua o debate sobre a qualidade dos livros
que chegam às escolas, e no qual se colocam também as especificidades dos perfis
de formação para os diferentes níveis da Educação Básica1, segundo BAKHTIN
(1997), a leitura literária se apresenta como uma das práticas sociais letradas, que,
com outros discursos, circula em esferas da vida pública.
O ensino da literatura no Ensino Fundamental, segundo BAKHTIN (1997),
caracteriza-se por uma formação menos sistemática e mais aberta do ponto de vista
das escolhas, na qual se misturam livros que indistintamente se denominam
"literatura infanto-juvenil" a outros que fazem parte da literatura dita "canônica",
legitimada pela tradição escolar, inflexão esta que se dá, sobretudo, nos últimos
anos desse segmento (7ª ou 8ª séries).
Constata-se, de uma maneira geral, na passagem do Ensino Fundamental
para o Ensino Médio, segundo BAKHTIN (1997), um declínio da experiência de
leitura de ficção e de poemas – seja de livros da literatura infanto-juvenil, seja de
07
obras de alguns poucos autores representativos da literatura brasileira selecionados,
que aos poucos cede lugar à história da literatura e seus estilos.
Percebe-se que a literatura assim focalizada – o que
tradicionalmente se verifica em grande parte dos manuais didáticos do
Ensino Médio – prescinde da experiência plena de leitura do texto literário
pelo leitor. No lugar dessa experiência estética, segundo LAJOLO e
ZILBERMAM (1999), ocorre a fragmentação de trechos de obras ou poemas
isolados, considerados exemplares de determinados estilos, prática que se
revela como um dos mais graves problemas ainda hoje recorrente.
Acredita-se que a falta de clareza sobre a natureza da literatura infantil, é o fator
responsável pela abordagem de textos não literários no momento da leitura literária,
o que certamente se reflete no desempenho de leitura dos alunos. Se os textos têm
especificidades constitutivas, que engendram diferentes formas de leitura — pactos
—, é preciso auxiliar o aluno a percebê-las para que leia com competência. Por
outro lado, se o professor desconhece essas características, não poderá
instrumentalizar seus alunos.
Segundo as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa do estado do
PARANÁ (2008):
Pensar o ensino da Língua e da Literatura implica pensar também as contradições, as diferenças e os paradoxos do quadro complexo da contemporaneidade. Mesmo vivendo numa época denominada “era da informação”, a qual possibilita acesso rápido à leitura de uma gama imensurável de informações, convivemos com o índice crescente de analfabetismo funcional, e os resultados das avaliações educacionais revelam baixo desempenho do aluno em relação à compreensão dos textos que lê.
A leitura pode ser definida como produtora de sentidos, é dialógica, não
acontece sozinha, e, sim, nas relações estabelecidas entre o leitor e o texto.
Compreende também o contato com textos variados, produzidos nas mais diferentes
esferas sociais. Ler não é apenas decifrar códigos, mas o aluno deve perceber sua
associação lógica, o encadeamento das idéias, as intenções por detrás de cada
texto, fazendo uma leitura das entrelinhas, da visão de mundo do autor, e das
possíveis manipulações contidas nos mesmos. Conforme cita LAJOLO (2001, p.45),
“é preciso que o leitor tenha possibilidade de percepção e reconhecimento – mesmo
que inconscientemente – dos elementos de linguagem que o texto manipula.” Sendo
assim, o aluno poderá relacionar o que foi apreendido com a sua história de vida,
08
tornando-se um sujeito ativo em relação à leitura, desenvolvendo assim o seu
espírito crítico. Através da leitura literária o aluno amplia os seus horizontes,
estabelecendo uma interação com a realidade de nossos dias e do ser humano
consigo mesmo. Os jovens, na maioria das vezes, ficam em contato com a
linguagem da informática, tornando a linguagem restrita ao seu mundo, mas na
conversação sentem dificuldades para formular frases, quando ele lê, o seu
vocabulário enriquece e passa a ter desenvoltura na oralidade. Embora todos os
tipos textuais sejam importantes, a obra literária não está fixa somente ao contexto
original de sua produção, há uma intertextualidade através dos temas e das épocas
diferentes, há o diálogo entre a obra literária, seu receptor e criador/autor, isso
mostra o quanto ela é ativa e está sempre em transformação.
É função da escola propiciar ao educando o contato e a familiarização com a
leitura, ou seja, mediar esse processo, pois ela faz com que o indivíduo amplie seus
conhecimentos, interprete o que lê, não só isso, mas faça leitura de situações, de
mundo, através das coisas mais simples, “... deixar de ler pelos olhos de outrem.”
(MARTINS, 2006, p. 23)
1.2 O QUE É POESIA?
BELTRÃO e GORDILHO (2007), Poesia, é a forma especial de linguagem,
mais dirigida à imaginação e à sensibilidade do que ao raciocínio. Em vez de
comunicar principalmente informações, a poesia transmite, sobretudo, emoções. Por
sua origem e por suas características, a poesia está muito ligada à música. Ela é
uma das mais antigas e importantes formas literárias.
A poesia, ou gênero lírico, ou lírica, segundo as autoras BELTRÃO e
GORDILHO (2007), é uma das sete artes tradicionais, pela qual a linguagem
humana é utilizada com fins estéticos, ou seja, ela retrata algo que tudo pode
acontecer dependendo da imaginação do autor como a do leitor. "Poesia, segundo o
modo de falar comum, quer dizer duas coisas. A arte, que a ensina, e a obra feita
com a arte; a arte é a poesia, a obra poema, o poeta o artífice. O sentido da
mensagem poética também pode ser importante (principalmente se o poema for em
louvor de algo ou alguém, ou o contrário: também existe poesia satírica), ainda que
seja a forma estética a definir um texto como poético. A poesia compreende
09
aspectos metafísicos (no sentido de sua imaterialidade) e da possibilidade de esses
elementos transcenderem ao mundo fático. Esse é o terreno que compete
verdadeiramente ao poeta. Num contexto mais alargado, a poesia aparece também
identificada com a própria arte, o que tem razão de ser já que qualquer arte é,
também, uma forma de linguagem ainda que, não necessariamente, verbal.
1.3 PORQUE DA PROPOSTA POESIA
Para a realização do projeto “Do Preconceito à Recitação de Poesia” fez-se
uma observação diante das ações dos alunos com relação aos textos poéticos.
Sobretudo, do gosto por esse gênero e a resposta veio de encontro com algumas
suspeitas de que a maioria dos meninos não gostava de ler e muito menos escrever
poesia. A partir daí propôs-se aos alunos trabalhar poesia com o objetivo de
entender que a poesia pode ser uma fonte de informação, de prazer e de
conhecimento. Primeiramente, fez-se a leitura e interpretou-se a poesia
“Antiguidades” de Cora Coralina. Depois explicou-se que ia-se ampliar uma proposta
que estava no livro didático usado na sala e que seria uma das partes finais de
proposta do projeto desenvolvido. Explicou-se que ir-se-ia também reconhecer
algumas figuras de linguagem propostas no próprio livro didático que usado na sala
de aula.
E para assim, perceber-se a especificidade da linguagem poética em
contraposição a de outros tipos de textos. Conta-se com o auxílio das bibliotecárias
expondo os livros de poesia da biblioteca da escola, em uma aula desenvolvida no
refeitório. Pode-se perceber que muitos pegavam os livros mais fininhos e escolhiam
as menores poesias, propôs-se que escolhessem uma poesia para ler em voz alta
para a turma. De cada turma em média três ou quatro alunos se recusaram a ler da
forma proposta, mas leriam somente para a professora e respeitadas suas decisões.
Deixou-se a tarefa para outra aula de copiar do livro a poesia que lhe agradasse e a
biografia do autor da mesma, isso com o objetivo de finalizar o projeto com os
alunos fazendo suas autobiografia e biografia.
No entanto, para que se pudesse perceber a musicalidade presente na
poesia e nas músicas através da declamação de poesia. Contou-se com o auxilio
dos técnicos do laboratório de informática para ver os slides da música Exagerado
10
do cantor Cazuza, também Monte Castelo que é baseada no soneto de Camões
cantada por Renato Russo e Faltando Um Pedaço de Djavan. A música Monte
Castelo foi retirada como proposta de atividade do livro da FUNDAÇÃO
CESGRANRIO (2006), para ouvir e sentir a musicalidade. Pode-se perceber que a
música mexeu com os alunos de forma positiva, pois ficaram empolgados. Já, as
outras duas músicas fizeram-se a interpretação. Deve-se confessar que os alunos
não gostaram muito da música de Djavan, porque segundo os alunos “a letra e o
ritmo são muito melosos”. Antes, porém, interpretaram-se alguns textos poéticos e o
que mais chamou atenção deles foi “Cidadezinha Qualquer” de Carlos Drummond
de Andrade que também está como proposta de atividade do livro da FUNDAÇÃO
CESGRANRIO (2006).
Entretanto, no livro didático que era usado na sala, estava a proposta para
trabalhar algumas figuras de linguagem, autobiografia e biografia. Achou-se melhor
seguir essas atividades do livro com o objetivo de produzir poesias utilizando os
recursos poéticos trabalhados para declamá-los. Além disso, utilizar a linguagem
oral para garantir a boa comunicação e expressão através dessa prática;
Diante disso, fazer autobiografia e biografia foi muito trabalhoso, pois os
alunos tiveram que fazer uma espécie de volta no tempo para fazer a autobiografia
porque esta atividade teve como base o texto o “O Grupo” de José Paulo Paes, que
fala de quando o mesmo “desasnou”, ou seja, foi alfabetizado. Mais os alunos pouco
se lembravam desse momento de sua alfabetização e houve a necessidade de dar-
lhes um tempo para conversar com seus pais ou responsáveis. Assim, conseguiu-se
fechar mais uma parte escrita do projeto. Outra dificuldade foi que os alunos
exigiram para que pudessem fazer a recitação somente para a turma da sala; e esta
foi uma decisão dos alunos e obviamente esta foi respeitada. Por fim, fez-se a
exposição das composições dos alunos aos pais no mural. E pode-se ver o brilho de
orgulho e de surpresa nos olhos dos pais quando viram do que seus filhos eram
capazes de fazer. Alguns chegaram a questionar “Mas foi meu filho mesmo quem
fez?”. Além de tudo, tive a colaboração das coordenadoras na digitação das poesias,
para que pudesse fazer a exposição das poesias produzidas pelos alunos no
enceramento das atividades desenvolvidas no decorrer do projeto.
11
2 RECURSOS ESTILÍSTICOS NA POESIA
Algumas vezes surpreende-se diante de alguns versos porque temos a
impressão de que o autor disse justamente o que gostaríamos de dizer; outras
vezes, a surpresa se dá porque algo que nos passa despercebido foi captado com
energia e emoção. Essa é uma das reações provocadas pela poesia: despertar os
sentidos e diferentes emoções.
A proposta deste projeto é espalhar a poesia no ar, convidando os alunos a
não só apreciar os poemas, como também recitá-los. No decorrer deste, exploramos
os recursos linguísticos que dão expressividade e originalidade a esse tipo de texto,
escrevemos poemas, apresentamos para os colegas e expomos para a comunidade
escolar num mural. O mundo da poesia é amplo, rico e plural. A poesia pode estar
em uma dança, em uma pintura ou escultura, na cena de um filme, em uma
fotografia. Sobretudo, entendemos também que a poesia é abstrata. É uma forma de
expressão numa linguagem subjetiva, carregada de significação. E o poema
constitui a concretização da poesia, uma de suas manifestações mais significativas.
Geralmente escrita em versos retrata questões sociais, políticas, aspectos da
existência humana e, a depender do estilo de seu autor, utiliza determinados
recursos para atingir maior expressividade; às vezes, a linguagem figurada, outras, a
combinação mais harmoniosa e sonora das palavras imprimindo-lhe ritmo. Centra-
se em resgatar o prazer há em ler e produzir poesia. Assim, para essa sensibilização
será realizado com um mural de poesia confeccionado pelos próprios alunos que
será exposto à comunidade escolar para que todos façam uma leitura individual,
possibilitando assim o despertar e estimulando o gosto pela leitura e
consequentemente pela produção de poesias. Dessa forma, temos como
embasamento teórico, segundo as autoras BELTRÃO e GORDILHO (2007):
Versificação: é a técnica e a arte de fazer versos.
Verso: é cada uma das linhas que compõem um poema, possui número
determinado de sílabas poéticas (métrica), agradável movimento rítmico (ritmo) e
musicalidade (rima).
Ritmo: é o resultado da regular sucessão de sílabas tônicas e átonas de um
verso. Para os gregos, ele é um elemento melódico tão essencial para o poema
quanto para a Música..
Rima: é a identidade e/ou semelhança sonora existente entre a palavra final
de um verso com a palavra final de outro verso na estrofe.
Soneto é uma forma poética constituída por catorze versos. Compõe-se de
quatro estrofes (duas quadras e dois tercetos).
Recursos Estilísticos ou Figuras de Linguagem são recursos utilizados
para reforçar a expressividade da mensagem através de palavras e construções
incomuns, de repetições, de uma pontuação singular, conferindo caráter original,
emotivo ou poético ao discurso (o uso freqüente das reticências no poema, por
exemplo). A utilização de figuras revela muito do estilo de um autor. Vejamos:
Hipérbole: É uma figura de linguagem que consiste em expressar uma ideia
de forma enfática exagerada.
Prosopopéia: É uma figura de linguagem que consiste em atribuir
qualidades, atitudes humanas a seres inanimados e irracionais.
Metáfora: É usar uma palavra ou expressão num sentido diferente daquele
que lhe é próprio. É uma espécie de comparação abreviada ou mental.
Comparação: É usada para comparar dois elementos que não pertencem à
mesma categoria (dependendo, claro, do contexto).
Repetição: É a repetição de palavras ou orações para intensificar ou
enfatizar a afirmação ou sugerir insistência.
Antítese: É uma figura de linguagem (figuras de estilo) que consiste na
exposição de ideias opostas.
Além disso, peosia é abstrata. É uma forma de expressão numa linguagem
subjetiva, carregada de significação. O poema, segundo as autoras BELTRÃO e
GORDILHO (2007), constitui a concretização da poesia, uma de suas manifestações
mais significativas. Geralmente escrita em versos, retrata questões sociais, políticas,
aspectos da exitência humana e, a depender do estilo de seu autor, utiliza
determinados recursos para atingir maior expressividade; às vezes, a linguagem
figurada, outras, a combinação mais harmoniosa e sonora das palavras, imprimindo
13
ritmo , cadência. Na antiguidade a poesia integrava-se harmoniosamente na vida
cotidiana. Era ao mesmo tempo “ensinar a deleitar”, em outras palavras, era
divertimento, ritual, criação, exercício lúdico para a recitação.
A recitação, segundo as autoras BELTRÃO e GORDILHO (2007), é quase
uma melodia – tem rítmo, que resulta da cadência harmoniosa entre sílabas
acentuadas e átonas. É dar intensidade vocal e entonação, equilibrando a fala para
garantir a espontaneidade do discurso. É revelar ao píblico os sentimentos inerentes
ao poema, utilizando, inclusive, expressão corporal.
Além de tudo, contar a própria história significa viajar no túnel do tempo
reencontrar, no passado, pessoas e acontecimentos marcantes. Também pode ser
uma forma de revelar como somos, nossas paixões, e as metas para o futuro. Para
isso, é hora de resgatar do passado pessoas, lugares e acontecimentos
significativos pra escrever uma parte das memórias que irão compor autobiografia e
biografia.
Autobiografia, segundo as autoras BELTRÃO e GORDILHO (2007), s.f.
Vida de um indivíduo escrita por ele mesmo.
Biografia, segundo as autoras BELTRÃO e GORDILHO (2007), s.f.
Descrição da vida de uma pessoa.
Compor memórias para mostrar um pouco do que você é no presente e o
que espera no futuro. Esse registro será guardado em uma “cápsula do tempo” e,
certamente, ao retomá-lo no futuro, você viverá um momento muito especial.
2.1 CRÍTICA AOS POETAS
A análise de Platão acerca da poesia, nos diferentes diálogos, segundo
MURRAY (1996), nunca é tomada como uma reflexão isolada, mas sempre inserida
no contexto de uma discussão mais ampla, a do processo de permanente re-criação
de si mesmo que é seu pensamento filosófico. Para MURRAY, “nós não podemos
falar de uma teoria platônica da poesia, mas, preferencialmente, de uma coleção de
textos em que várias atitudes, imagens e mitos sobre a poesia são expressos”
(1996, p. 2). No decorrer dos diálogos platônicos, segundo MURRAY (1996), nos
deparamos com a diversidade de tratamentos dados por Platão à poesia, mas é
14
sobretudo, a condenação dos poetas miméticos, na Politéia, que suscita, desde a
sua época, uma série de críticas às teses platônicas. De Aristóteles, na Poética,
passando pelos neoplatônicos, a crítica ao pensamento platônico encontra em
Nietzsche seu mais acirrado censor. Na terceira dissertação de a Genealogia da
Moral, o filósofo alemão, em suas reflexões acerca do que significa o ideal ascético,
acusa Platão de ser “o maior inimigo da arte que a Europa jamais produziu” (III, 25;
32-34).
Criticando Platão, NIETZSCHE, seguindo uma tradição que começa com
Aristóteles, MURRAY (1996), tenta reabilitar a poesia, através de Homero, seu
representante mais ilustre e o principal alvo dos ataques de Platão ao fazer poético.
Afastandonos da interpretação nietzscheana, defendemos que a condenação de
Platão a Homero integra o projeto platônico de restabelecer uma paideía autêntica e
politicamente justa, recuperando valores preconizados pela poesia homérica e,
principalmente, revitalizando o papel da própria poesia, enquanto prática e discurso
pedagógicos; poesia que, agora com bases filosóficas, se tornaria dianoética,
investigadora, filósofa.
Ao concentrar sua atenção na produção dos poetas, Platão critica o logos
humano, capaz de levar ao erro e ao engano, principalmente através da prática da
mímesis. Sabemos que a noção de mímesis platônica é marcada pela diversidade
de sentidos e aplicações. A linguagem mimética sustenta MURRAY,
“é usada não apenas na arte da poesia, pintura, música e dança, mas também, por exemplo, na relação entre linguagem e realidade e, entre o mundo material e o que é paradigma eterno” (1996, p. 3).
A noção de mimese se expande ou se retrai, segundo MURRAY,
dependendo do contexto em que é aplicada. A mimese tanto pode abranger uma
parte da poesia ou toda a poesia, se pensarmos na tradicional divisão da poesia, na
Politéia, III, 392d6-394c6, onde PLATÃO classifica-a em três estilos: a narrativa
simples (haplê diégesis), representada pelo ditirambo, quando “é o próprio poeta que
fala” (III, 392d10); a mimese (dia miméseos), representada pela tragédia e pela
comédia, quando o poeta “profere um discurso como se fosse outra pessoa” (III,
393c1) e a narrativa mista (di’amphotéron), representada pela poesia épica, quando
o poeta constroi sua composição “constituída por ambas” (III, 394c4), narrativa
simples e mimese.
15
Mas a noção de mimese, segundo MURRAY (1996), também pode estender-
se à filosofia e é justamente esse aspecto o centro de nosso interesse. Nossa
hipótese sustenta-se no pressuposto de que Platão é um crítico da mimese que
mimetiza o tempo todo. A escrita platônica, sob a forma de diálogo, é profundamente
marcada pela mimese. PLATÃO faz exatamente o que ele condena nos poetas: ele
simula, se esconde atrás de seus personagens, ou mesmo se faz passar por eles,
num ato que é todo mimético. PLATÃO defende a haplê diégesis como a narrativa
ideal, mas seus diálogos são em grande parte compostos por mímesis. A crítica
mimética de PLATÃO à mimese, a exemplo da crítica à poesia ou à retórica
sofística, é toda ela sustentada pela preocupação em discernir a verdadeira mimese
da falsa mimese, o que TATE classifica como a distinção entre uma boa mimese e
uma má mimese, ou ainda como “a distinção entre dois tipos de artistas, o ignorante
de um lado e o esclarecido do outro.” (1928, p. 21).
Segundo TATE (1928), a poesia tomada nela mesma, a que mimetiza a
natureza sensível na sua aparência, estaria no gênero da má mimese, pois praticada
sem reflexão e meramente mimética, sendo por isso caçada da cidade. Já a poesia
intermediada pelo pensamento dialético, aquela que se volta para as Formas no
sentido de se aproximar o mais possível do que ela possui de real, estaria incluída
no gênero da boa mimese. Se pensarmos nesta distinção na Politéia, veremos que
PLATÃO, ao definir o modelo de poesia a ser adotada pelo filósofo, distingue, de um
lado, a poíesis praticada pelo poietés tradicional, a que mimetiza os objetos na sua
aparência e não no que eles possuem de verdadeiro (X, 598b2-4), dada a sua
natureza falsa e enganosa (III, 387b4) e, do outro, a poíesis praticada pelo poietés
que é philósophos e, portanto, se esforça para se tornar, por meio da mimese, o
mais semelhante possível às realidades ordenadas e segundo a razão.
Para efeito de citação da Politéia, utilizamos a tradução de Maria Helena da
Rocha Pereira para Calouste Gulbenkian, com algumas alterações de modo a dar
mais rigor e precisão a nossa discussão. Nessa descrição do plano das formas,
segundo TATE (1928), PLATÃO ressalta a natureza do ordenado como um atributo
específico do filósofo, o único a contemplar os seres naquilo que possuem de real.
Segundo esse princípio, o filósofo deve manter, na sua prática entre os
homens, o modelo divino (theío paradeígmati) (VI, 500e3), por ser o único capaz de
conduzir a alma, harmoniosamente, em direção à verdade. Platão não nega o uso
16
da mimese na filosofia e nem poderia fazê-lo; a estrutura de seus diálogos é toda ela
composta por elementos miméticos, os mesmos utilizados pelos poetas de sua
época e condenados por ele, com a diferença de que Platão, ao agir mimeticamente,
o faz segundo critérios refletidos, capazes, portanto, de mostrar a diferença entre a
mimese praticada por ele e a praticada pelos poetas. PLATÃO não condena todo o
uso da mimese, mas, mais especificamente, o uso da mimese sem reflexão e exige,
da parte do poeta e do retórico, que mantenham, em suas composições, a mimese
reflexiva, pois ela é a única capaz de reconhecer as formas (eíde) da temperança,
da coragem, do espírito de liberdade, da grandeza da alma e de todas as qualidades
irmãs destas e também as opostas a essas. Sem a busca desse conhecimento das
formas, Platão acredita ser impossível vir reconhecer “a sua presença onde elas se
encontram, elas e as respectivas imagens (eikónas)” (III, 402c5-6).
PLATÃO, segundo TATE (1928), critica nos poetas miméticos a ausência de
discernimento que os impede de ultrapassar os limites de sua sophía e buscar a
visão das formas na sua plenitude. Atingindo essa etapa, o poeta passaria da mera
poesia para a poesia mediada pela filosofia. A pretensão do poeta em tornar-se
educador da cidade, na Politéia, deve levá-lo, de maneira análoga ao rei e aos
governantes, a “cultivar o amor verdadeiro da filosofia verdadeira” (III, 499c1-2) e a
efetuar esse processo de transição entre a pragmática da poesia e a reflexividade da
filosofia, dando à sua poesia um suporte crítico. O poeta tornar-se filósofo ou, o seu
contrário, o filósofo tornar-se poeta, sem dúvida parece mais uma das teorias
impossíveis de se realizar, senão através do lógos, e PLATÃO realiza isso
introduzindo na filosofia o discurso mimético, do qual a Politéia é um caso exemplar.
Utilizando os procedimentos miméticos na sua obra, Platão, principalmente através
de Sócrates, transmite para os gregos, assim como os poetas, o exemplo digno de
ser imitado pelos espíritos portadores de uma natureza filosófica. PLATÃO condena
na pura poesia mimética, no Livro X da Politéia, o fato de a mesma não apresentar
os bons modelos que ele exige para o governo da cidade fundada sob o ideal da
perfeição. Como ele utiliza a mimese, sustentado por princípios filosóficos, teme o
efeito da poesia mimética que não se orienta por estes princípios, na “destruição da
inteligência (dianoías) dos ouvintes” (X, 595b6-7), que não sabem discernir a
verdadeira da falsa mimese e se deixam conduzir pela “bela mentira” (kalôs
17
pseúdetai) (II, 377d9) contada de um modo que não convém, pelos poetas, em seus
mitos.
Mais uma vez, a discussão acerca da poesia, seja ela de natureza mimética
ou não, segundo TATE (1928), recai na oposição entre poesia e filosofia. Platão não
descarta de todo a mimese, assim como não descarta de todo a poesia. Seu
problema diante de uma e de outra diz respeito não à léxis, mas ao conteúdo de
seus versos, que não é estabelecido a partir dos princípios estabelecidos como os
melhores para guiar uma cidade que se quer boa e justa. A crítica a Homero é toda
ela atravessada por essa ambigüidade: PLATÃO aceita e faz uso das técnicas
miméticas e até mesmo admite Homero como o “maior dos poetas (poietikótaton) e
o primeiro dos tragediógrafos (tragoidopoiôn)” (X, 607a3), porém recrimina na sua
poesia o fato de suas representações não expressarem as concepções dos deuses
e do homem resultantes da verdadeira pesquisa dialética e estabelecidas pela
cidade como paradigmas.
PLATÃO, ao criticar Homero, segundo TATE (1928), pretende atingir todo o
referencial de poesia que ele representa. Através de Homero, nosso filósofo coloca
em xeque toda a formação cultural dos gregos, procurando dar a ela um novo
redimensionamento. Atingindo a imagem do maior poeta da Grécia, Platão questiona
toda a tradição poética que tem em Homero o seu educador por excelência e
oferece o seu método como o mais conveniente para educar uma cidade guiada por
princípios éticos, políticos e filosóficos. Ao censurar o uso indevido da mimese por
Homero, quando em seus cantos, o poeta coloca na boca dos deuses e dos heróis
lamentações e injúrias, Platão aponta, ao mesmo tempo, para uma boa mimese, que
é ordenada pela filosofia e, portanto, mais próxima de um discurso verdadeiro e
coerente.
Quando pensamos no jogo de cena que envolve a expulsão dos poetas,
onde o filósofo utiliza a força da argumentação aliada à linguagem poética, em um
processo que é todo mimético, segundo TATE (1928), não podemos considerar a
crítica platônica à mímesis como uma mera condenação, ou uma depreciação
estética da poesia, que Platão, como todo grego da época, aprendeu a amar desde
a mais tenra idade. Ao contrário, compreendemos essa crítica como uma defesa de
seu projeto ético-político para a cidade fundamentada em um logos crítico e reflexivo
que redimensiona o papel da poesia. Nesse sentido, a crítica platônica à poesia
18
mimética pode ser entendida como o reflexo de sua tentativa de estender o lógos
filosófico à poesia. Mais uma vez, Platão estende a sua crítica para além da simples
forma da poesia, na tentativa de distinguir a mimese feita sem reflexão da mimese
capaz de discernir a imagem do que é real. Esse esforço de Platão é mostrado no
próprio Livro X da Politéia, o mais severo em relação à poesia mimética, onde ele
abre precedentes para que esse tipo de poesia continue a atuar na formação dos
cidadãos, “se tiver argumentos (lógon) para provar que deve estar presente numa
cidade bem governada (pólei eunomouménei)” (X, 607c4-5). Através desse apelo,
Platão. Se no livro II, Platão faz concessão à narrativa épica e ao drama trágico, no
livro X ele simplesmente exclui esses dois gêneros poéticos, mantendo na cidade
unicamente “hinos aos deuses e encômios aos varões honestos e nada mais”
(X,607a4-5). Essa mesma restrição pode ser encontrada, em Leis, VII, 801e1. Na
nota a essa passagem das Leis, encontramos a distinção desses dois gêneros, do
seguinte modo: O hino (húmnos) é um poema em honra aos deuses que se canta
acompanhado de uma lira... O elogio (enkómion, que Platão não parece distinguir do
épainos), é o ponto de partida de um canto coral reservado ao banquete
(sumpósion). As regras presidindo à composição do épainos e do enkómion são
descritas por Aristóteles (Retórica, I, 9, 1367b28-36) (Pradeau, Les Lois: Livres VII à
XII, nota 62, p. 306). Por ser um gênero de canto praticado para honrar aos deuses,
o hino não comporta o uso de coreografia parece querer mostrar a nós leitores que,
embora os seus diálogos sejam compostos por elementos miméticos, eles não
podem ser considerados como pura poesia. Ao incorporar a técnica mimética no
discurso filosófico, Platão apresenta a filosofia como uma alternativa à tradicional
educação grega, que envolvia o uso conjunto da poesia, da música, do teatro e da
dança, no sentido de formar um bom cidadão. Aproveitando alguns dos elementos
que compõem o que os gregos da época chamam por mousiké, Platão incorporaos a
seu sistema filosófico, porém com o nítido objetivo de mostrar que eles não são mais
suficientes na paideía de uma sociedade na qual os valores vêm sendo
constantemente postos em questão.
Diante dessas mudanças, segundo TATE (1928), PLATÃO considera
insuficiente a antiga educação pela poesia, porém reconhece a importância de
manter em sua prosa filosófica algumas das estratégias narrativas usadas pelos
poetas. Platão tem, para com a poesia, uma relação análoga à dos apaixonados que
19
reconhecem não ser vantajoso manter esse amor e resolvem se afastar, apesar dos
sofrimentos que essa atitude traz (X, 607e3-7)4. O mesmo faz Platão com relação à
poesia; ele a ama, mas afasta-se dela, temendo seus efeitos negativos na alma dos
cidadãos. No entanto, não consegue se desvencilhar de todo daquela que foi a sua
primeira educação e, porque não dizermos, paixão. Pensando em um modo de
tornar o discurso poético norteado pela idéia de bem e de verdade, PLATÃO tenta
salvar a poesia do descrédito a que ele mesmo lançou- a, dirigindo-a para a filosofia,
pois, como ele defende nas Leis, os poetas e os filósofos são produtores do mesmo
gênero de poesia, mostrando-se “concorrentes e rivais no mais belo drama que
somente a verdadeira lei é capaz de realizar” (VII, 817b6-9).
O poeta e o filósofo são mimetai, ambos mimetizando o que a vida tem de
mais belo e excelente, suas leis e costumes. No entanto, PLATÃO não se contenta
em ser mais um educador da cidade, sua rivalidade com Homero reforça, segundo
MURRAY, o seu desejo de “substituir a poesia pela filosofia” (1996, p. 22). Envolvido
pelo desejo de assumir o lugar antes ocupado pelo poeta, Platão instaura uma
reforma na cidade, cujo objetivo visa propiciar na alma de cada indivíduo um bom
governo, de modo a conduzi-la à contemplação da verdade e que culmina na
expulsão do poeta mimético. Por mais paradoxal que possa parecer o fato de Platão
condenar a mimese e ao mesmo tempo a passagem comentada refere-se a uma
das mais belas alegorias de Platão, onde Sócrates defende a Glaucón, o
afastamento da poesia, se esta não se adequar ao modelo proposto para a cidade:
Mas, se assim não for, meu caro amigo, faremos como aqueles que, quando estão
apaixonados (erasthéntes) por alguém, e reconhecem que aquele amor (érota) não
lhe é proveitoso, se afastam dele, embora com esforço; do mesmo modo nós, devido
ao amor (érota) por essa poesia (poiéseos) que em nós se formou por influência da
educação dos nossos belos Estados, estaremos dispostos a vê-la como muito boa
(beltísten) e verdadeira (alethestáten), mas, enquanto não for capaz de se justificar,
escutá-la-emos, repetindo para nós mesmos os argumentos que expusemos, e
aquele mesmo canto mágico, tomando precaução para não cairmos novamente
naquela paixão (érota) da nossa infância, e que é a da maioria. Repetiremos que
não devemos preocupar-nos com esta poesia (poiései), como detentora da verdade,
e como coisa séria, mas o ouvinte deve estar prevenido, receando pelo seu governo
interior, e acreditar nas nossas afirmações acerca da poesia (perì poiéseos) (X,
20
607e3-608b2). Fazer uso dela, para HAVELOCK é o fato de que a “mímesis tornou-
se a palavra par excellence do instrumento lingüístico próprio do poeta e sua
capacidade especial de utilizar-se dele para representar a realidade” (1996, p. 42).
Platão condena na mimese a sua capacidade de mascarar e distorcer a realidade;
no entanto, reconhece o seu poder de representação e isso o leva a empregá-la no
seu discurso filosófico.
Quer-se concluir indicando que, na crítica de Platão à poesia mimética,
segundo TATE (1928), encontram-se em questão, sobretudo, os exageros
cometidos pelos poetas que imitam compulsivamente todos os elementos da
natureza, sem ter a devida referência do objeto representado. Quanto ao uso que
faz da mimese na filosofia, Platão, de modo análogo ao pintor que desenha um
modelo e o apresenta como o mais belo dos homens, também quer “produzir em
palavras o modelo de uma cidade boa” (V, 472e1-2) e, ao fazer isso, torna o
discurso filosófico mimético, dando, finalmente, à filosofia, o suporte necessário para
se tornar o modo privilegiado de educar a cidade e seus cidadãos.
Para concluir, defende-se, segundo TATE (1928), que Platão é um poeta
mimético que vem a tornar-se um crítico da mimese, em virtude de ser um crítico
preocupado não com a poesia em si, mas com a função ético-política que a poesia
exerce na educação da cidade. Tomamos a Politéi, com o objetivo de mostrar que,
mesmo sendo esse um diálogo no qual Platão tematiza a mímesis, a sua reflexão
ela mesma é mimética: da fabricação (poesia) da cidade com palavras (imagem),
que por sua vez é uma re-criação da cidade concreta (mimese) à linguagem
eminentemente poética de seus diálogos, marca singular de seu fazer filosófico.
Nesse breve percurso, acreditamos ter posto, assim, em evidência e questionado a
aparente contradição que significaria o fato de Platão condenar a poesia fazendo
poesia, ou a mimese fazendo mimese. Como pondera Socrátes na seguinte
passagem:
É que não há vagar, ó Adimanto, para quem verdadeiramente (alethôs) aplica o seu pensamento (diánoian) às essências (oûsiai), de olhar para baixo, para os atos (pragmateías) dos homens, de lutar com eles, enchendo-se de inveja e malevolência; mas, olhando e contemplando objetos ordenados e que se mantêm sempre do mesmo modo, que não prejudicam nem são prejudicados uns pelos outros, todos em ordem (kósmoi) e comportando-se segundo a razão (lógon), é isso que imitamos (mimeîsthaí) e a isso nos assemelhamos (aphomoioûsthai) o mais possível (VI, 500b9-c6)1.
21
O filósofo é um mimetés: no entanto, segundo ZIMBRICH (1984), sua
produção se diferencia das demais produções miméticas pelo fato de o mesmo
conviver com o que é divino e ordenado2, tornando-se ele próprio “ordenado e
divino, tanto quanto é possível a um homem vir a sê-lo” (VI, 500d1). Para efeito de
citação da Politéia, utilizou-se a tradução de Maria Helena da Rocha Pereira para
Calouste Gulbenkian, com algumas alterações de modo a dar mais rigor e precisão
a nossa discussão.
Nessa descrição do plano das formas, segundo ZIMBRICH (1984), Platão
ressalta a natureza do ordenado como um atributo específico do filósofo, o único a
contemplar os seres naquilo que possuem de real. Segundo esse princípio, o filósofo
deve manter, na sua prática entre os homens, o modelo divino (theío paradeígmati)
(VI, 500e3), por ser o único capaz de conduzir a alma, harmoniosamente, em
direção à verdade. Platão não nega o uso da mimese na filosofia e nem poderia
fazê-lo; a estrutura de seus diálogos é toda ela composta por elementos miméticos,
os mesmos utilizados pelos poetas de sua época e condenados por ele, com a
diferença de que Platão, ao agir mimeticamente, o faz segundo critérios refletidos,
capazes, portanto, de mostrar a diferença entre a mimese praticada por ele e a
praticada pelos poetas. Platão não condena todo o uso da mimese, mas, mais
especificamente, o uso da mimese sem reflexão e exige, da parte do poeta e do
retórico, que mantenham, em suas composições, a mimese reflexiva, pois ela é a
única capaz de reconhecer as formas (eíde) da temperança, da coragem, do espírito
de liberdade, da grandeza da alma e de todas as qualidades irmãs destas e também
as opostas a essas. Sem a busca desse conhecimento das formas, Platão acredita
ser impossível vir reconhecer “a sua presença onde elas se encontram, elas e as
respectivas imagens (eikónas)” (III, 402c5-6).
Platão, segundo ZIMBRICH (1984), critica nos poetas miméticos a ausência
de discernimento que os impede de ultrapassar os limites de sua sophía e buscar a
visão das formas na sua plenitude. Atingindo essa etapa, o poeta passaria da mera
poesia para a poesia mediada pela filosofia. A pretensão do poeta em tornar-se
educador da cidade, na Politéia, deve levá-lo, de maneira análoga ao rei e aos
governantes, a “cultivar o amor verdadeiro da filosofia verdadeira” (III, 499c1-2) e a
efetuar esse processo de transição entre a pragmática da poesia e a refletividade da
filosofia, dando à sua poesia um suporte crítico. O poeta tornar-se filósofo ou, o seu
22
contrário, o filósofo tornar-se poeta, sem dúvida parece mais uma das teorias
impossíveis de se realizar, senão através do lógos, e Platão realiza isso introduzindo
na filosofia o discurso mimético, do qual a Politéia é um caso exemplar. Utilizando os
procedimentos miméticos na sua obra, Platão, principalmente através de Sócrates,
transmite para os gregos, assim como os poetas, o exemplo digno de ser imitado
pelos espíritos portadores de uma natureza filosófica. Platão condena na pura
poesia mimética, no Livro X da Politéia, o fato de a mesma não apresentar os bons
modelos que ele exige para o governo da cidade fundada sob o ideal da perfeição.
Como ele utiliza a mimese, sustentado por princípios filosóficos, teme o efeito da
poesia mimética que não se orienta por estes princípios, na “destruição da
inteligência (dianoías) dos ouvintes” (X, 595b6-7), que não sabem discernir a
verdadeira da falsa mimese e se deixam conduzir pela “bela mentira” (kalôs
pseúdetai) (II, 377d9) contada de um modo que não convém, pelos poetas, em seus
mitos.
Mais uma vez, segundo ZIMBRICH (1984), a discussão acerca da poesia,
seja ela de natureza mimética ou não, recai na oposição entre poesia e filosofia.
Platão, segundo ZIMBRICH (1984), não descarta de todo a mimese, assim como
não descarta de todo a poesia. Seu problema diante de uma e de outra diz respeito
não à léxis, mas ao conteúdo de seus versos, que não é estabelecido a partir dos
princípios estabelecidos como os melhores para guiar uma cidade que se quer boa e
justa. A crítica a Homero é toda ela atravessada por essa ambigüidade: Platão
aceita e faz uso das técnicas miméticas e até mesmo admite Homero como o “maior
dos poeta (poietikótaton) e o primeiro dos tragediógrafos (tragoidopoiôn)” (X, 607a3),
porém recrimina na sua poesia o fato de suas representações não expressarem as
concepções dos deuses e do homem resultantes da verdadeira pesquisa dialética e
estabelecidas pela cidade como paradigmas. Platão, ao criticar Homero, pretende
atingir todo o referencial de poesia que ele representa. Através de Homero, nosso
filósofo coloca em xeque toda a formação cultural dos gregos, procurando dar a ela
um novo redimensionamento.
Atingindo a imagem do maior poeta da Grécia, segundo ZIMBRICH (1984),
Platão questiona toda a tradição poética que tem em Homero o seu educador por
excelência e oferece o seu método como o mais conveniente para educar uma
cidade guiada por princípios éticos, políticos e filosóficos. Ao censurar o uso
23
indevido da mimese por Homero, quando em seus cantos, o poeta coloca na boca
dos deuses e dos heróis lamentações e injúrias, Platão aponta, ao mesmo tempo,
para uma boa mimese, que é ordenada pela filosofia e, portanto, mais próxima de
um discurso verdadeiro e coerente. Quando pensamos no jogo de cena que envolve
a expulsão dos poetas, onde o filósofo utiliza a força da argumentação aliada à
linguagem poética, em um processo que é todo mimético, não podemos considerar a
crítica platônica à mímesis como uma mera condenação, ou uma depreciação
estética da poesia, que Platão, como todo grego da época, aprendeu a amar desde
a mais tenra idade. Ao contrário, compreendemos essa crítica como uma defesa de
seu projeto ético-político para a cidade fundamentada em um logos crítico e reflexivo
que redimensiona o papel da poesia. Nesse sentido, a crítica platônica à poesia
mimética pode ser entendida como o reflexo de sua tentativa de estender o lógos
filosófico à poesia. Mais uma vez, Platão estende a sua crítica para além da simples
forma da poesia, na tentativa de distinguir a mimese feita sem reflexão da mimese
capaz de discernir a imagem do que é real. Esse esforço de Platão é mostrado no
próprio Livro X da Politéia, o mais severo em relação à poesia mimética, onde ele
abre precedentes para que esse tipo de poesia continue a atuar na formação dos
cidadãos, “se tiver argumentos (lógon) para provar que deve estar presente numa
cidade bem governada (pólei eunomouménei)” (X, 607c4-5). Através desse apelo,
Platão 3 Se no livro II, Platão faz concessão à narrativa épica e ao drama trágico, no
livro X ele simplesmente exclui esses dois gêneros poéticos, mantendo na cidade
unicamente “hinos aos deuses e encômios aos varões honestos e nada mais” (X,
607a4-5). Essa mesma restrição pode ser encontrada, em Leis, VII, 801e1. Na nota
a essa passagem das Leis, encontramos a distinção desses dois gêneros, do
seguinte modo: O hino (húmnos) é um poema em honra aos deuses que se canta
acompanhado de uma lira ... O elogio (enkómion, que Platão não parece distinguir
do épainos), é o ponto de partida de um canto coral reservado ao banquete
(sumpósion). As regras presidindo à composição do épainos e do enkómion são
descritas por Aristóteles (Retórica, I, 9, 1367b28-36) (Pradeau, Les Lois: Livres VII à
XII, nota 62, p. 306). Por ser um gênero de canto praticado para honrar aos deuses,
o hino não comporta o uso de coreografia. Parece querer mostrar a nós leitores que,
embora os seus diálogos sejam compostos por elementos miméticos, eles não
podem ser considerados como pura poesia. Ao incorporar a técnica mimética no
discurso filosófico, Platão apresenta a filosofia como uma alternativa à tradicional
24
educação grega, que envolvia o uso conjunto da poesia, da música, do teatro e da
dança, no sentido de formar um bom cidadão. Aproveitando alguns dos elementos
que compõem o que os gregos da época chamam por mousiké, Platão incorporaos a
seu sistema filosófico, porém com o nítido objetivo de mostrar que eles não são mais
suficientes na paideía de uma sociedade na qual os valores vêm sendo
constantemente postos em questão.
Diante dessas mudanças, segundo ZIMBRICH (1984), Platão considera
insuficiente a antiga educação pela poesia, porém reconhece a importância de
manter em sua prosa filosófica algumas das estratégias narrativas usadas pelos
poetas. Platão tem, para com a poesia, uma relação análoga à dos apaixonados que
reconhecem não ser vantajoso manter esse amor e resolvem se afastar, apesar dos
sofrimentos que essa atitude traz (X, 607e3-7)4. O mesmo faz Platão com relação à
poesia; ele a ama, mas afasta-se dela, temendo seus efeitos negativos na alma dos
cidadãos. No entanto, não consegue se desvencilhar de todo daquela que foi a sua
primeira educação e, porque não dizermos, paixão. Pensando em um modo de
tornar o discurso poético norteado pela idéia de bem e de verdade, Platão tenta
salvar a poesia do descrédito a que ele mesmo lançou- a, dirigindo-a para a filosofia,
pois, como ele defende nas Leis, os poetas e os filósofos são produtores do mesmo
gênero de poesia, mostrando-se “concorrentes e rivais no mais belo drama que
somente a verdadeira lei é capaz de realizar” (VII, 817b6-9).
O poeta e o filósofo são mimetai, ambos mimetizando o que a vida tem de
mais belo e excelente, suas leis e costumes. No entanto, Platão não se contenta em
ser mais um educador da cidade, sua rivalidade com Homero reforça, segundo
MURRAY, o seu desejo de “substituir a poesia pela filosofia” (1996, p. 22). Envolvido
pelo desejo de assumir o lugar antes ocupado pelo poeta, segundo MURRAY
(1996), Platão instaura uma reforma na cidade, cujo objetivo visa propiciar na alma
de cada indivíduo um bom governo, de modo a conduzi-la à contemplação da
verdade e que culmina na expulsão do poeta mimético. Por mais paradoxal que
possa parecer o fato de Platão condenar a mimese e ao mesmo tempo a passagem
comentada refere-se a uma das mais belas alegorias de Platão, onde Sócrates
defende a Glaucón, o afastamento da poesia, se esta não se adequar ao modelo
proposto para a cidade: Mas, se assim não for, meu caro amigo, faremos como
aqueles que, quando estão apaixonados (erasthéntes) por alguém, e reconhecem
25
que aquele amor (érota) não lhe é proveitoso, se afastam dele, embora com esforço;
do mesmo modo nós, devido ao amor (érota) por essa poesia (poiéseos) que em
nós se formou por influência da educação dos nossos belos Estados, estaremos
dispostos a vê-la como muito boa (beltísten) e verdadeira (alethestáten), mas,
enquanto não for capaz de se justificar, escutá-la-emos, repetindo para nós mesmos
os argumentos que expusemos, e aquele mesmo canto mágico, tomando precaução
para não cairmos novamente naquela paixão (érota) da nossa infância, e que é a da
maioria. Repetiremos que não devemos preocupar-nos com esta poesia (poiései),
como detentora da verdade, e como coisa séria, mas o ouvinte deve estar
prevenido, receando pelo seu governo interior, e acreditar nas nossas afirmações
acerca da poesia (perì poiéseos) (X, 607e3-608b2). Fazer uso dela, para Havelock é
o fato de que a “mímesis tornou-se a palavra par excellence do instrumento
lingüístico próprio do poeta e sua capacidade especial de utilizar-se dele para
representar a realidade” (1996, p. 42). Platão condena na mimese a sua capacidade
de mascarar e distorcer a realidade; no entanto, reconhece o seu poder de
representação e isso o leva a empregá-la no seu discurso filosófico.
Quer-se concluir indicando que, na crítica de Platão à poesia mimética,
segundo MURRAY (1996), encontram-se em questão, sobretudo, os exageros
cometidos pelos poetas que imitam compulsivamente todos os elementos da
natureza, sem ter a devida referência do objeto representado. Quanto ao uso que
faz da mimese na filosofia, Platão, de modo análogo ao pintor que desenha um
modelo e o apresenta como o mais belo dos homens, também quer “produzir em
palavras o modelo de uma cidade boa” (V, 472e1-2) e, ao fazer isso, torna o
discurso filosófico mimético, dando, finalmente, à filosofia, o suporte necessário para
se tornar o modo privilegiado de educar a cidade e seus cidadãos. Para concluir,
defende-se que Platão é um poeta mimético que vem a tornar-se um crítico da
mimese, em virtude de ser um crítico preocupado não com a poesia em si, mas com
a função ético-política que a poesia exerce na educação da cidade. Toma-se a
Politéi, com o objetivo de mostrar que, mesmo sendo esse um diálogo no qual
Platão tematiza a mímesis, a sua reflexão ela mesma é mimética: da fabricação
(poesia) da cidade com palavras (imagem), que por sua vez é uma re-criação da
cidade concreta (mimese) à linguagem eminentemente poética de seus diálogos,
marca singular de seu fazer filosófico. Nesse breve percurso, acreditamos ter posto,
26
assim, em evidência e questionado a aparente contradição que significaria o fato de
Platão condenar a poesia fazendo poesia, ou a mimese fazendo mimese.
2.2 A MOTIVAÇÃO DA APRENDIZAGEM COM A POESIA
Na concepção de BAKHTIN (1992), a linguagem é analisada a partir da
interação entre os indivíduos dentro de uma prática social; a língua não é apenas um
amontoado de palavras, nem é individual, mas acontece através da interação verbal,
abrangendo todo o conhecimento que o locutor possui do interlocutor (destinatário),
na sua responsividade e no diálogo, dentro de um sentido mais amplo, seja na fala
(quem fala, fala para alguém e com alguém), na leitura (quem lê, decodifica,
compreende, interpreta e apreende algo) e na escrita (o que se escreve responde a
alguma coisa, pois confirma, discute ou propõe algo a um grupo social).
Segundo BAKHTIN (1992, p.123):
A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema abstrato de formas lingüísticas nem pela enunciação monológica isolada, nem pelo ato psicofisiológico, de sua produção, mas pelo fenômeno social da interação, realizada através da enunciação ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade fundamental da língua. Mas pode-se compreender a palavra “diálogo”, num sentido amplo, isto é, não apenas com a comunicação em voz alta, de pessoas colocadas face a face, mas toda comunicação verbal, de qualquer tipo que seja.
Os enunciados sempre se organizam com determinadas finalidades de
ordem temática, composicional e estilística, que os enquadram pelas suas
características como pertencentes a este ou aquele gênero. Assim, tomamos o
conceito de gênero como objeto para o ensino. BAKHTIN (1992), compreende que
esses enunciados são individuais quando utilizados isoladamente, mas em outras
situações a língua constroi enunciados relativamente estáveis denominados gêneros
do discurso e que essa fartura de construções e formas pode variar, de um bilhete a
uma poesia. O gênero, antes de constituir um conceito, é uma prática social e deve
orientar a ação pedagógica com a língua, privilegiando o contato real do estudante
com a multiplicidade de textos produzidos e que circulam socialmente. Esse contato
com os gêneros, portanto, tem como ponto de partida a experiência e não o
conceito. Nessa concepção, o texto é visto como lugar onde os participantes da
interação dialógica se constroem e são construídos. Todo texto é, assim, articulação
de discursos, vozes que se materializam, ato humano, é linguagem em uso efetivo.
27
Acrescente-se a isso que as considerações de Bakhtin sobre o lugar da fala trazem
para o âmbito da discursividade as relações sociais.
BAKHTIN (1992, p. 123), coloca que “o discurso escrito é de certa maneira
integrante de uma discussão ideológica em grande escala: ele responde a alguma
coisa, refuta, confirma, antecipa as respostas e objeções potenciais, procura apoio,
etc.” Assim, diríamos que na produção escrita são as condições de escrita que
determina o discurso: quem escreve o que escreve para quem escreve, para que
escreve, por que escreve, quando, onde e como se escreve. Também consideramos
que cada gênero textual possui suas particularidades: a composição, a estrutura e o
estilo que variam conforme a produção de uma poesia ou um bilhete. Essas
composições devem ser apresentadas aos alunos a partir de experiência reais e
para que eles se envolvam com os textos que produzem e assumam a autoria do
que escrevem.
As atividades despertaram interesses nos alunos dando oportunidade de
expressar seus sentimentos com relação às poesias, enriquecendo o conhecimento
de todos. E essa estratégia contribuiu para desinibi-los, desenvolver o ato de ouvir,
ajudar a utilizar as diferentes maneiras de falar e ressaltar a importância da
comunicação oral e escrita entre as pessoas através da poesia.
Sobretudo, a questão do preconceito por parte da maioria dos meninos, em
relação à leitura e produção de poesia acredita-se que objetivo foi alcançado com
algumas observações, assim pode-se dizer que foi positivo e que valeu a pena.
Ainda se tivesse que refazer, faria tudo novamente, pois já no 1° semestre liam-se
diversas poesias e para finalização já estavam recitando sem tantas imposições.
2.3 O POEMA NOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS DE LÍNGUA
PORTUGUESA
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa
(BRASIL,1997), esclarecem que as transformações tecnológicas e industriais
provocaram uma expansão das práticas de leitura e de escrita e uma ampliação da
diversidade de textos e de seus suportes. Como conseqüência, a circulação da
escrita tem se ampliado consideravelmente. Desacreditando de concepções de
28
aprendizagem e de língua que não atendem às demandas da sociedade
contemporânea, que tem como pilares a técnica, a informação e o consumo,
propõem mudanças nas finalidades da educação, uma vez que a escola precisa
responder a novas exigências da sociedade.
Para tal, os PCN (BRASIL, 1997 e 1998), fundamentam o ensino numa
concepção interacionista da linguagem que, em suas modalidades oral e escrita, se
concretizam nos gêneros do discurso, relacionando-os ao uso efetivo que se faz
deles numa sociedade letrada. O termo “letramento” é explicado em nota de rodapé
como sendo:
Produto da participação em práticas sociais que usam a escrita como
sistema simbólico e tecnologia. São práticas discursivas que precisam da escrita
para torná-las significativas, ainda que às vezes não envolvam as atividades
específicas de ler ou escrever. Dessa concepção decorre o entendimento de que,
nas sociedades urbanas modernas, não existe grau zero de letramento, pois nelas é
impossível não participar, de alguma forma, de algumas dessas práticas. 2202
(BRASIL, 1997, p. 23).
À escola cabe a responsabilidade de ampliar o grau de letramento dos
alunos para que, ao concluir o ensino fundamental, tenham desenvolvido
competências para interpretar diferentes textos em circulação na sociedade e
produzir textos eficazes nas mais diversas situações.
Para atingir tais objetivos, no item LINGUAGEM, ATIVIDADE DISCURSIVA
E TEXTUALIDADE, os PCN (BRASIL, 1997) propõem como norteadora da prática
de ensino a interlocução, que se realiza por meio do discurso. Este, quando
produzido oralmente ou por escrito, constitui-se em um texto que corresponde a uma
unidade significativa global, independente de sua extensão. Produzido em situações
concretas diversas, todo texto se organiza dentro de um determinado gênero.
Determinado historicamente, o gênero diz respeito à forma em que o texto se
apresenta e que deriva dos usos sociais e das intenções comunicativas dos
interlocutores. O documento prossegue, tentando melhor explicitar a Teoria dos
Gêneros do Discurso:
Os vários gêneros existentes, por sua vez, constituem formas relativamente
estáveis de enunciados, disponíveis na cultura, caracterizados por três elementos:
29
conteúdo temático, estilo e construção composicional. Pode-se ainda afirmar que a
noção de gêneros refere-se a “famílias” de textos que compartilham algumas
características comuns, embora heterogêneas, como visão geral da ação à qual o
texto se articula, tipo de suporte comunicativo, extensão, grau de literariedade, por
exemplo, existindo em número quase ilimitado. (BRASIL, 1997, p. 26).
Ainda no item LINGUAGEM, ATIVIDADE DISCURSIVA E TEXTUALIDADE,
os PCN (BRASIL, 1997), fazem referência a poemas, quando falam sobre a forma
em que os gêneros foram e vão sendo moldados historicamente, daí seu
reconhecimento nos usos sociais:
Diante da expressão “senhoras e senhores”, a expectativa é ouvir um
pronunciamento público ou uma apresentação de espetáculo, pois sabe-se que
nesses gêneros o texto, inequivocadamente, tem essa fórmula inicial. Do mesmo
modo, pode-se reconhecer outros gêneros como cartas, reportagens, anúncios,
poemas, etc. (id., p. 26-27)
Mas há um item dedicado especialmente à literatura: A ESPECIFICIDADE
DO TEXTO LITERÁRIO que ocupa 2 linhas da página 36, a página 37 e 2 linhas da
página 38, ou seja, 1 página e 4 linhas entre as 135 páginas dos PCN (BRASIL,
1997). Neste pequeno espaço escreveu-se sobre a importância de se incorporar a
literatura às práticas cotidianas da sala de aula, por ser a literatura uma forma
específica de conhecimento. O texto literário é uma variável de constituição da
experiência humana. Explica-se que a literatura “não é cópia do real, nem puro
exercício de linguagem, tampouco mera fantasia que se asilou dos sentidos do
mundo e da história dos homens” (p. 37). Na literatura, a relação com a realidade é
indireta, podendo ser esta apropriada e transgredida pela imaginação, o que é feito
pela mediação dos signos verbais “(ou mesmo não-verbais conforme algumas
manifestações da poesia contemporânea)”.
A literatura, ao mesmo tempo, aproxima-se e afasta-se do real, num
movimento em que se misturam as invenções da linguagem, a expressão das
subjetividades, o trânsito das sensações e os mecanismos ficcionais a
procedimentos racionalizantes, referências indiciais, citações da vida cotidiana.
Pensar o ensino da literatura significa reconhecê-la como um tipo particular
de escrita. Daí a necessidade de a escola evitar equívocos já cometidos em sua
30
relação com os textos literários: “tratá-los como expedientes para servir ao ensino
das boas maneiras, dos hábitos de higiene, dos deveres do cidadão, dos tópicos
gramaticais, das receitas desgastadas do `prazer do texto´, etc.” (p. 37). Os PCN
(BRASIL, 1997), entendem que os procedimentos citados pouco ou nada contribuem
para formar leitores que identifiquem “as sutilezas, as particularidades, os sentidos,
a extensão e a profundidade das construções literárias.” (p. 37-38).
Na relação dos OBJETIVOS GERAIS DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA O
ENSINO FUNDAMENTAL (p. 41-42), um deles é a valorização da leitura como fonte
de informação, via de acesso aos mundos criados pela literatura e como
possibilidade de fruição estética.
No item PROJETOS DE LEITURA, aparece como exemplo “produção de fita
cassete de contos ou poemas lidos para a biblioteca escolar” (p. 62).
Nas páginas 110 e 127, valoriza-se a leitura como fonte de fruição estética e
entretenimento e o interesse pela leitura ou audição de textos literários e
informativos. Poemas, parlendas, canções são recomendados como gêneros
discursivos adequados para o trabalho com a linguagem oral e escrita (p. 111, 112,
128, 129).
Enfim, de acordo com os PCNs (BRASIL, 1997), o texto literário é um dentre
os demais gêneros discursivos que são produzidos socialmente: “O nome que
assina um desenho, a lista do que deve ser comprado, um conto ou um romance,
todos são textos” (p. 36).
Os PCN (BRASIL, 1998), acrescentam a importância de o trabalho na sala
de aula priorizar os mais variados textos que caracterizam os usos públicos da
linguagem, considerando-os vitais para a plena participação do aluno numa
sociedade letrada. Textos que favoreçam a reflexão crítica, o exercício de formas de
pensamento mais elaboradas e abstratas, bem como a fruição estética dos usos
artísticos da linguagem. Lembram, na página 26, que a heterogeneidade textual
requer diferentes tratamentos didáticos, não sendo possível submeter à mesma
prática social de leitura textos diversos, como uma notícia, um artigo de divulgação
científica e um poema, por solicitarem abordagens específicas.
Para a PRÁTICA DE ESCUTA DE TEXTOS, na categoria “gêneros
literários”, recomendam: cordel e canção enquanto para a PRÁTICA DE LEITURA
31
DE TEXTOS é o poema que é privilegiado.” (p. 54). Para a PRODUÇÃO DE
TEXTOS ORAIS, a canção é recomendada enquanto o poema o é para a PRÁTICA
DE PRODUÇÃO DE TEXTOS ESCRITOS. Sugerem a preparação prévia de leitura
expressiva de textos dramáticos ou poéticos ou a sua memorização para recitação
pública sem apoio escrito. (p. 75).
32
3. O POEMA: UMA DAS ARTES DA PALAVRA
Podemos perceber ecos da poesia em muitos usos da linguagem, mas é no
poema - ou na prosa poética ou no poema em prosa - que os vestígios mais se
evidenciam. Brincando com a linguagem, desperta para possibilidades de sentidos
outros além dos usuais, explora coerentemente coincidências sonoras entre
palavras e produz identidades por analogias através de metáforas e imagens
(MORICONI, 2002).
Para o poeta José Paulo Paes (1996), o objetivo fundamental da criação de
poemas é o de nos mostrar a infindável novidade da vida e do mundo; libertar-nos
da mesmice do dia-a-dia, ao colocar em movimento nosso poder de imaginação;
sensibilizar-nos para sentidos mais profundos que os seres e as coisas podem ter;
associar, inusitadamente, elementos que aparentemente se distanciam;
compreender fantasia e realidade como elementos essenciais que compõem nossas
experiências de vida.
Também para o poeta é falsa a idéia de o poema ser, obrigatoriamente, um
tipo de linguagem enfeitada, rimada e metrificada, distante e independente da
realidade. Mas deve ser, antes e sobretudo, a linguagem da vida feita surpresa
diante dos mistérios do mundo, o interior e o exterior do homem, a palavra que
questiona o sentido da vida e da morte.
Compreende-se, então, que a criação de um poema, ou de outras
modalidades artísticas, resulta de tensões muito fortes no interior do autor, dentre
elas a de assumir o compromisso de articular a ansiedade de sua expressão pessoal
e a produção já existente, que condiciona os modos de comunicação (BOSI, 1995).
Ou seja, a linguagem do poeta é regulada tanto pela expressão pessoal quanto pelo
compromisso com a comunicação pública. O encontro da exigência subjetiva com o
universo de possibilidades formais de expressão nem sempre é pacífico. A arte
poética, portanto, é trabalho; é escolha consciente do poeta (CYNTRÃO, 2004). O
artista sabe que não pode exceder-se em seus sentimentos ou ressentimentos
pessoais, contudo deve domá-los, domando-se a si mesmo (FISCHER, 2002).
Para Octavio Paz (2003), a operação poética tem como característica um
dizer de algo datado e histórico.
Uma experiência poética sempre elege uma experiência histórica, podendo
ser esta pessoal, social ou a imbricação de ambas, que se expressa por meio do
poema, que é a criação de uma imagem (ou sentido) através de uma forma verbal,
frase ou conjunto de frases unidas, ditas ou escritas/desenhadas/pintadas pelo
poeta. Se as imagens do mundo se concretizam na escritura dos poemas, são
válidas: como obras, existem na realidade objetiva. No entanto o poema, enquanto
objeto feito de palavras, ao criar uma imagem, é tocado pela poesia, tornando-se a
outra voz (PAZ, 1993). A outra voz afasta-se da percepção automática do óbvio da
linguagem que nomeia o mundo para imprimir àquilo que diz outras verdades, outros
sentidos, enfim, a pluralidade possível da realidade.
Ao criar outras imagens sobre o mundo e afirmá-las, ainda que pareçam
absurdas, revelam para nós o que somos. Isto porque o poeta não descreve, não
explica, não representa, mas apresenta a imagem. Não há no poema um querer
dizer; o poeta diz (PAZ, 2003). Para construir o sentido do que está sendo dito pelo
poeta, o leitor é desafiado a ressuscitar, reviver e recriar a sua própria experiência
do real. O poema o leva a ir ao outro, colocar-se fora de si mesmo e,
simultaneamente, voltar-se para si mesmo. E o mesmo exercício de liberdade que o
poeta viveu, o leitor vive também. Por isso, o poema nos faz recordar o que pode
estar em nós esquecido: o que somos realmente. O leitor recria a experiência e cria-
se a si mesmo, descobrindo sua outridade.
A experiência de criação não pode lançar mão de uma linguagem tão
subjetiva que leve à destruição de todas as convenções. Isto contraria a própria
função da poesia que, por ser uma experiência humana, é uma experiência social.
Veiculando conceitos abstratos ou compondo-se de expressões simples e diretas,
um poema é sempre uma mensagem única, uma vez que cada palavra é
selecionada intencionalmente para ocupar o devido lugar, processo em que são
esculpidas a forma e a estrutura do poema (FISCHER, 2002).
O poeta, normalmente, não gosta da palavra acostumada, não se contenta
em repetir o já-dito, querendo ultrapassar a aparência e alcançar a essência dos
seres, das coisas e suas relações. No poema, a significação objetiva da palavra é
ultrapassada por sentidos outros por meio de novas associações, daí a atividade
poética ser considerada mágica. A magia consiste no fato de o poeta recriar o
mundo, ao nomeá-lo, o que confere a ele - poeta – poder sobre o mundo. As
34
palavras, no poema, aparecem renovadas, como se estivessem sendo ditas pela
primeira vez num contexto específico, desvelando sentidos que pareciam ocultados.
Isto ocorre até com palavras de gírias e termos técnicos quando transpostos para
um poema; outras recuperam o antigo viço. Há também a criação de novas palavras
pelo poeta, antes jamais ouvidas (idem). CYNTRÃO (2004), considera o poeta um
desorientador de paradigmas. Na medida em que cria um discurso, que é sempre a
dialética das práxis sociais em confluência com suas inspirações subjetivas, é capaz
de desnudar o contra-senso do mundo e expor mais visivelmente as relações entre
os seres e as coisas.
Em dicionários mais recentes, já não encontramos definições para a poesia
que a identificam com a magia, o encantamento e a profecia, mas com uma arte
relacionada a emoções, composta por pessoas de grande sensibilidade,
imaginativas e sonhadoras, o que pode ser um defeito ou qualidade. Provavelmente
os significados representam ecos do Romantismo que rompeu com a magia que era
peculiar ao poema, ao expressar os sentimentos, explicitamente, para tornar a obra
poética acessível a todos. Através de Rilke, a identificação do poema com a magia
da recriação das palavras foi recuperada (LARROSA, 1999), porém, o Romantismo
ainda tem deixado suas marcas na concepção de autores e de muitos leitores.
Sendo criação ou encantamento, magia ou palavra profética, ainda que mudando de
rosto ou de nome, a poesia parece se manter “uma”, como parece reconciliar o
tempo, confundindo o princípio de mudança e o princípio de permanência. (PAZ,
1993).
3.1 RECITAR POESIA
Os temas das poesias recitadas, variam muito. Desde poesia de amor,
desejo, poesias que expressam a revolta, a violência e os preconceitos. As poesias
expressam os sentimentos dos poetas, seus problemas anseios, medos e
expectativas. Os temas relacionados ao amor, violência, preconceito, ainda que
recorrentes, cedem lugar a outros, pois, o foco de atenção dos poetas e os assuntos
mais abordados giram em torno de questões como a pobreza, a desigualdade social,
o racismo, o desemprego, a falta de segurança, as questões ambientais e demais
problemas do cotidiano brasileiro. Por mais que os temas variem, a predominância
35
poética está voltada para o cotidiano dos pobres. Até mesmo nas poesias que
abordam o tema amor, o envolvimento afetivo é relacionado com as condições
precárias em que se vive.
3.2 TRABALHAR A POESIA POR ETAPAS
A emoção flui em cada ser humano de forma diferente e aproximando essa
emoção da linguagem poética, procuraremos fazer com que o aluno se integre e
interaja efetivamente ao ambiente escolar. As atividades desenvolvidas no projeto
visam relacionar e conhecer poemas diversos, sensibilizar os alunos para uma
observação mais apurada dos elementos com as quais as palavras se entrelaçam
em uma poesia, oportunizar o acesso à linguagem poética e expressar sua emoções
criando seus próprios poemas. Também dará condições ao educando, através da
oralidade, leitura e escrita, ampliar sua capacidade comunicativa e sua inserção no
espaço em que vive, tornando-o um aluno mais motivado, mais participativo e mais
questionador, ampliando suas possibilidades de aprendizagem. O projeto Poesia na
Escola será desenvolvido nas seguintes etapas:
1ª Etapa: Apresentar a proposta aos alunos ressaltando a importância de conhecer e
ser capaz de apreciar e produzir poesias, mostrar credibilidade no potencial e na
capacidade de cada um, de forma a trabalharem intensamente, produzindo e
aprendendo. Propor que participem das atividades e mostrem que sabem, são
capazes e possa transformar as palavras em arte, levar o leitor a um mundo criado
por eles.
2ª Etapa: Converse com eles sobre poesia, procure saber se conhecem alguns
poemas, se gostam ou não e por quê. Desafie-os argumentando, que é preciso
conhecer para gostar. Confira se identificam as canções populares como poemas,
peçam-lhes que registrem as letras das músicas que mais gostam no caderno e
leiam para a turma, pois este pode ser o ponto de partida para introduzir outros
poemas mais elaborados. Pergunte como sabem que se trata de poemas. Deixe que
expressem suas idéias, procurando observar quais elementos dessa linguagem já
são percebidos por eles.
36
3² Etapa: Traga livros de poesia para a sala de aula de deixe que leiam, mas peçam
para observar o tema, os títulos, as ilustrações, os autores e outros detalhes que
acharem interessantes. Peça-lhes que tragam para a aula seguinte, a poesia que
mais gostaram registradas no caderno, para declamar ou ler para os colegas.
4ª Etapa: Após declamarem ou lerem as poesias trazidas, pergunte a razão da
escolha e deixe-os expor suas idéias e opiniões. A seguir, apresente algumas
poesias e proponha que leiam e observem os títulos, os temas, as ilustrações, a
estrutura e aproveite para falar dos autores. Peça que escolham o poema que mais
lhes chamou a atenção e expliquem a razão da sua escolha. Procure criar um clima
de respeito, onde todos podem e devem expressar seus sentimentos e que serão
acolhidos pelo grupo. Estimule-os e esclareça que a poesia atinge, sobretudo, o
emocional do leitor. Até esse momento é fundamental que os alunos comecem ou
continuem a gostar de poesia.
5ª Etapa: Agora, você decidirá quais atividades relacionadas à poesia você vai
trabalhar. Pode optar pelo acróstico (tipo de poema (rimado ou não) em que se
coloca o nome de alguém é colocado na vertical, sendo que cada letra o início de
um verso), pela paráfrase (espécie de texto que retoma a estrutura do original de
outro, mas com reflexões ou idéias próprias) ou pela paródia (imitação cômica de
uma composição literária). Caso ache interessante pode trabalhar mais de uma
delas. Os poemas e as atividades serão trabalhados da maneira como você achar
conveniente e depois do trabalho realizado, os alunos poderão expor suas
produções no mural da escola ou fazer uma apresentação para outras turmas (no
caso da paródia). O objetivo dessas atividades será sensibilizar os alunos para uma
observação mais apurada dos elementos com os quais se tece a poesia.
6ª Etapa: Mais uma vez traga livros de poesias para a sala e faça outra aula de
leitura, sem compromisso, ler por prazer, por distração, por gostar de poesias.
7ª Etapa: Este é o momento em que os alunos poderão produzir seus próprios
poemas, peça-lhes que pensem em um tema bem interessante, você pode sugerir
ou pedir sugestões e colocar na lousa: o aniversário de 50 anos da escola, a família,
o sol, o beijo e outros.
Estimule-os a pensar em tudo o que leram e aprenderam e soltar as idéias e os
sentimentos.
37
8ª Etapa: Após escreverem os poemas, os alunos farão a reestruturação das
poesias, em grupo, sempre com o auxílio do professor, onde poderá juntos arrumar,
completar, alterar passagens, melhorar, ilustrar e reescrever até que cada autor
considere que seu poema está pronto.
9ª Etapa: De posse dos poemas revisados e reescritos para a divulgação, os alunos
entregarão uma cópia ao professor e colocará outra no mural da escola para que
possam ser apreciadas pelos colegas de outras turmas. Também escolherão as três
melhores poesias da turma para que possam competir no Concurso de Poesias com
as outras turmas. As melhores poesias serão editadas em uma coletânea e
apresentadas no Concurso de Intérpretes. Também cabe ao professor, em conjunto
com a direção, fazer a edição e em parceria com os alunos a divulgação e a
organização do lançamento, o qual
deve ser um evento festivo que contará com a presença de toda a comunidade
escolar, dos pais e familiares.
10ª Etapa: A publicação dos poemas é um momento importante, mas também é
imprescindível fazer uma avaliação com os alunos, retomando todas as etapas do
projeto fazendo um balanço dos avanços alcançados durante todo o
desenvolvimento da proposta, uma análise de seus progressos e das dificuldades
que precisam ser superadas, para continuar progredindo na construção do
conhecimento.
38
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer do desenvolvimento deste projeto pode-se perceber que todas
as atividades propostas aos alunos mexeram com suas emoções, também
despertaram interesses nos mesmos dando oportunidade de expressar seus
sentimentos através das poesias, enriquecendo o conhecimento de todos os
envolvidos. E essa estratégia contribuiu para desinibi-los, desenvolver o ato de ouvir,
ajudar a utilizar as diferentes maneiras de falar e ressaltar a importância da
comunicação oral e escrita entre as pessoas através da poesia.
Sobretudo, a questão do preconceito por parte da maioria dos meninos, em
relação à leitura e produção de poesia acredita-se que objetivo foi alcançado com
algumas observações. Assim pode-se dizer que ao concluir-se o projeto foi positivo
e que valeu a pena. Ainda se tivesse que fazer, faria tudo novamente, pois já no 1°
semestre os alunos liam diversas poesias e para finalização deste já estavam lendo,
compondo e recitando sem imposições. Todos os alunos participaram das atividades
relacionadas, mesmo que poucos tenham suas poesias escolhidas e eternizadas na
escola. Com esse incentivo acredita-se que nossos alunos se sentiram mais ligados
a esse tipo de expressão escrita apreciando lêlas, interpretá-las e talvez até
escrevê-las, sanando assim suas dificuldades e ampliando seus conhecimentos.
De acordo com as propostas anteriormente citadas, observamos que é de
suma importância trabalhar os gêneros poéticos escritos e orais na sala de aula para
ensinar ao aluno a língua escrita, pois, a partir desses gêneros, o aluno desenvolve
a autonomia na sua fala e na capacidade de linguagem. O professor faz parte desse
desenvolvimento do aluno e deve procurar meios para promover essa autonomia,
por meio de pesquisas, brincadeiras e interações com o próprio aluno. Com isso,
destacamos a importância não apenas do professor, mas também de um governo
todo para intervir na aprendizagem daqueles pequenos cidadãos que a escola
deveria formar como cidadãos pensantes, e não como moldados conforme as
necessidades do governo de constituir uma sociedade alienada. Por incrível que
pareça, é na sala de aula que começamos a criar alunos com opiniões próprias e
trabalhar os gêneros orais para o desenvolvimento dessa opinião é muito importante
para desenvolvimento desse aluno na sua vida adulta.
Concluí-se a importância desta monografia para uma colaboração às
professoras da sala de aula. E espera-se poder contribuir com esta análise
apresentando uma melhor forma de desenvolver as atividades para a aprendizagem
dos alunos, partindo sempre da oralidade das crianças para o gênero escrito
poético.
Ficou constatado, nas salas de aula em que foi desenvolvida a proposta de
monografia, que os poemas não mais são utilizados para exercícios de gramática ou
ortografia, como pseudo-textos de auto-ajuda ou para identificação de estrofes e
rimas. A dimensão estética do texto está sendo levada em conta, vinculada à
composição lingüística que configura o poema como um trabalho artístico e sua
relação com a vida. O poema mediou encontros sociais e culturais, ao possibilitar a
manifestação da visão de mundo dos alunos e até o desgosto por determinados
poemas destacando-se entre os diversos gêneros e representando a outra voz, até
mesmo quando negado por uma das professoras e trazido para a sala de aula por
intermédio de algum aluno.
40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, Carlos Drummond de. Simplesmente Drummond. Rio de Janeiro: Record, 2002. v. I. (Coleção Literatura em Minha Casa). ANDRADE, Carlos Drummond de. BARROS, de Manoel. MELLO, de Thiago. A poesia dos bichos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. v. I. (Coleção Literatura em Minha Casa). ANDRADE Mário. Na onda dos versos. São Paulo: Ática, 2003. v. I. (Coleção Literatura em Minha Casa). ALMEIDA, Manuel Pires de (1597-1655). Discurso sobre o poema heróico. Manuscrito depositado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisboa), cota: Casa do Cadaval, vol.1, fls.629-37.
ALIENDE, Felipe; CONDEMARIN, Mabel. Leitura: teoria, avaliação e desenvolvimento. Porto Alegre : Artes Médicas, 1987. ANTUNES, Arnaldo. Tudos. 7. ed. São Paulo: Iluminuras, 2009. BELTRÃO, Eliana Santos. GORDILHO, Tereza. Novo Diálogo: 8º Ano - 7ª Série. São Paulo: FTD, 2007. BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais. Língua Portuguesa. 3. ed. Brasília: A secretaria, 2001. BICALHO, Gabriel. Caravela (redescobrimento). Brasília: Ministério da Educação, 2006. (Coleção Literatura para todos; volume IV) BOCHECO, Elói Elizabete. Batata cozida, mingau de cará (tradição oral). Brasília: Ministério da Educação, 2006. (Coleção Literatura para todos; volume VIII). BUENO , Silveira. Minidicionário da língua portuguesa. São Paulo, FTD, 2000. BOMTEMPO, Luiza. AMAE educando. Belo horizonte, ano 37, n.321, p.41-44, mar. 2004. BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997. BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 6. ed. São Paulo: Hucitec, 1992.
BRANDÃO, H. M. B.; MARTINS, A. A. A leitura literária no PNLD diante dos PCNs: Pretextos versus contextos ou “A escolinha do professor mundo”. In: ROJO, R; BATISTA, A. A. (orgs.). Livro didático de língua portuguesa, letramento e cultura da escrita. Campinas: Mercado de Letras, 2003. BRASIL.. Parâmetros curriculares nacionais: Língua Portuguesa: 1o. e 2o. ciclos. Brasília: MEC/SEF, 1997.
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: Língua Portuguesa: 3o. e 4o. ciclos. Brasília: MEC/SEF,1998. CARVALHO, José Ribamar de Sousa. Poesias. 20. ed. Alta Floresta: EGM, 2005. CAMPELLO, Bernadete Santos et al. A biblioteca escolar: temas para uma prática pedagógica. Belo Horizonte : AutênticA, 2002. CÉSAR, Ana Cristina. ALVIM, Francisco. LEMINSKI Paulo. Poesia marginal: para gostar de ler. São Paulo: Ática, 2007. COSSON, Rildo, Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.
CYNTRÃO, Sylvia Helena. Como ler o texto poético: caminhos contemporâneos. Brasília: Plano Editora, 2004.
DIRETRIZES curriculares de língua portuguesa para os anos finais do ensino fundamental e médio. PARANÁ, 2008. Disponível em: <http://portugues.seed.pr.gov.br/> . Acesso em: 08 dez. 2008. FUNDAÇÃO CESGRANRIO. Língua Portuguesa: 3ª fase do 2º Ciclo e 3º Ciclo (5ª a 8ª série do Ensino Fundamental). Cuiabá: SEDUC, 2006. FIGUEIRA, Valter (coord.). Coletânea de poesias: escritores de Alta Floresta. Alta Floresta: EGM, 2004. (1. Poesia brasileira II. Autores Regionais III). FISCHER, Ernst. A necessidade da arte. Trad.Leandro Konder. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. GADOTI, Moacir. História das idéias pedagógicas. São Paulo: Ática, 1999. GEBARA, Ana Elvira. A poesia na escola: leitura e análise de poesia para crianças. São Paulo: Cortez, 2002. v.10. HAVELOCK, Eric. Prefácio à Platão. Trad. Enid Abreu Dobránzsky. São Paulo: Papirus, 1996. __________. Introduction à la lecture des dialogues de Platon. Trad. Olivier Berrichon-Sedeyn. Combas: L’éclat, 1991.
JOSÉ, Elias. Tem gato na tuba e outros poemas. São Paulo: Martins Fontes, 2002. v. I. (Coleção Literatura em Minha Casa). LIMA, Ronaldo Adriano de Freitas. Coletânea de poesias: escritores de Alta Floresta. Alta Floresta: CIDADE, 2008. (1. Poesia brasileira II. Caderno Poético). LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo : Ática, 1997. LAJOLO, Marisa. Palavras de encantamento. São Paulo: Moderna, 2001.
42
LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 5. ed. São Paulo: Ática, 2002. (Educação em ação). LAJOLO, Marisa e ZILBERMAN, Regina. A formação da leitura no Brasil. 3. ed. São Paulo: Ática, 1999. (Série Temas, Literatura brasileira, Volume 58). LARROSA, Jorge. Pedagogia profana: danças, piruetas e mascaradas. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. LIMA, Ronaldo Adriano de Freitas. Coletânea de poesias: escritores de Alta Floresta. Alta Floresta: CIDADE, 2007. (1. Poesia brasileira II. Caderno Poético). LIMA, Ronaldo Adriano de Freitas. Coletânea de poesias: escritores de Alta Floresta. Alta Floresta: CIDADE, 2006. (1. Poesia brasileira II. Caderno Poético). LISBOA, Henriqueta: O menino Poeta. 10. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1996. MARTINS, A. A.; BRANDÃO, H. M. B.; MACHADO M.Z.V. Escolarização da leitura literária. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. MARTINS, M. H. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 2006. MCKEON, Richard. Critics and criticism. ancient and modern. In: R. S. Crane et al (org.). Literary criticism and the concept of imitation in antiquity.Chicago: Tehe University of Chicago Press, 1952, p. 147-175. MENDONÇA, Luciana V. P. de. Abraão e as frutas. Brasília: Ministério da Educação, 2006. (Coleção Literatura para todos; volume IX). (1. Poesia brasileira). MELO, C. Leitura literária na escola e valores. Inovar a tradição. In: Puertas a lalectura, n° 3, Cáceres, Universidade de Extremadura, nov. 2000. MEUS PRIMEIROS versos, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. (Literatura em minha casa, volume IV). Antologia de poetas brasileiros. MORICONI, Ítalo. Como e por que ler a poesia brasileira do século XX. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. MORAES, Vinicius de. A arca de Noé: poemas infantis. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2002. v. I. MUHANA, Adma Fadul. Poesia e pintura ou pintura e poesia. São Paulo: EDUSP, 2002. MURRAY, Penelope. Plato on poetry. New York; Melbourne: Cambridge University Press, 1996. NIETZSCHE, Friedrich W. Zur genealogie der moral. Kritischen Studienausgabe. Herausgegeben von Giorgio Colli und Mazzino Montinari. Berlin/ New York: Walter de Gruyter, 1993.
43
__________. Nomoi. Nach der Übersetzung Friedrich Schleiermachers, ergänzt durch Übersetzungen von Franz Susemihl u.a. Frankfurt am Main und Leipzig: Insel, 1991. PAES, José Paulo. Poesia para crianças. São Paulo: Giordano, 1996. PAZ, Octavio. A outra voz. Tradução: Wladir Dupont. São Paulo: Siciliano, 1993. PLATO and ‘Imitation’. Classical Quarterly 26, p.161-169, 1932. PLATO. La République, 2v. Texte établi et traduit par Émile Chambry. Introduction par Auguste Diès. Paris: Les Belles Lettres, 1948. PLATO. République. Livres VI e VII. Traduction et commentaire par Monique Dixsaut. Paris: Bordas, 1986. PLATÃO. A República. Trad. J. Guinsburg. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1965. __________. La République. Traduction, introduction et notes par Georges Leroux. Paris: GF Flammarion, 2002. __________. Les Lois: Livres I-VI. Traduction, introduction et notes par Luc Brisson et Jean-François Pradeau. Paris: GF Flammarion, 2006. __________. Les Lois: Livres VII-XII. Traduction, introduction et notes par Luc Brisson et Jean-François Pradeau. Paris: GF Flammarion, 2006. POEMAS que contam a história. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002, (Coleção Literatura em minha casa; Poesia, volume I). PROGRAMA gestão de aprendizagem escolar - GESTAR II. Língua portuguesa. Formação de Professores: Cadernos de teorias e Práticas: 1, 2, 4, 6 – TPs: 1, 2, 4, 6. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008. QUINTANA, Mário. Eu passarinho: poesia. São Paulo: Ática, 2009. (Para Gostar de Ler). QUINTANA, Mário. Antologia poética: poesia. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995. (Poesia Brasileira I; Título I).
ROCHA, Robson. Lágrimas de medo. Alta Floresta: EGM, 2000. (Poesia brasileira). SOTO, Pascoal. LEITE, A. de P. Maristela. Palavras de encantamento. Antologia de poetas brasileiros. São Paulo: Moderna, 2001. v. I. (Coleção Literatura em Minha Casa). TATE, James. ‘Imitatio’ in Plato’s Republic. Classical Quarterly 22, p.16-23, 1928. TEMPO de poesia. São Paulo: Global, 2003. (Coleção Literatura em minha casa; Poesia brasileira coletâneas, volume I).
44
top related