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Instituto de Treinamento e Pesquisa em Gestalt-Terapia de Goiânia
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu com vistas a
Especialização na Abordagem Gestáltica
Chancela da Pontifícia Universidade Católica de Goiás-PUC-GO
COMO A MELHORA DO CLIENTE SE MOSTRA AO TERAPEUTA
GESTÁLTICO
Especializanda: Maria Eleuza Pereira
Orientadora: Marisete Malaguth Mendonça
Goiânia/GO,
Novembro de 2010
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COMO A MELHORA DO CLIENTE SE MOSTRA AO TERAPEUTA
GESTÁLTICO1
Especializanda: Maria Eleuza Pereira2
Orientadora: Marisete Malaguth Mendonça3
Resumo: Este artigo resulta de uma pesquisa que teve como objetivo verificar como Gestaltistas, atuando no
atendimento clínico, avaliam a melhora de seus pacientes. Realizaram-se cinco entrevistas por meio
das quais, utilizando o método fenomenológico de Giorgi, foram obtidas vinte e cinco unidades de
sentido. Essas unidades são os indicadores de melhora do cliente, utilizados pelas entrevistadas para
definir a evolução da pessoa no decorrer do processo psicoterapêutico. Verificou-se que a estrutura da
experiência de melhora pode ser entendida em três dimensões existenciais: a intrapsíquica, a
interpessoal e a transpessoal. Os intrapsíquicos somaram quinze indicadores; os interpessoais, nove
indicadores e o transpessoal, apenas um indicador. Tal resultado indica o interesse e o prestígio da
dimensão intrapsíquica junto aos terapeutas entrevistados, seguida da dimensão interpessoal e a
relativa pouca importância da dimensão transpessoal como indicio de saúde existencial.
Palavras-chave: Saúde existencial, Gestalt-terapia, indicadores de melhora do cliente, dimensões
intrapsíquica, interpessoal e transpessoal.
Introdução
Profissionais de várias especialidades possuem indicadores de seus sucessos e
fracassos que oportunizam a melhoria dos procedimentos e viabilizam resultados
mais eficazes. E o psicólogo clínico, como avalia o resultado do trabalho
desenvolvido com o seu paciente? Quais os indícios de progresso do cliente no
processo psicoterapêutico? Essas inquietações que permeiam o início da vida
profissional da maior parte dos psicoterapeutas e persistem mesmo após anos de
exercício da psicologia clínica, foram a motivação para que se prosseguisse com esta
pesquisa.
1 Artigo apresentado ao Instituto de Treinamento e Pesquisa em Gestalt-terapia de
Goiânia como requisito à conclusão do curso de Especialização Lato-Sensu em
Gestalt-terapia. 2 Graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás - PUC-GO. Especializanda
em Gestal-Terapia pelo Instituto de Treinamento e Pesquisa em Gestalt-Terapia de Goiânia –
ITGT/PUC-GO 3 Psicoterapeuta, Mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO).
Fundadora, Diretora Acadêmica e Revisora de textos do Instituto de Treinamento e Pesquisa em
Gestalt-Terapia de Goiânia – ITGT. Professora do Departamento de Psicologia na PUC de Goiás
3
Este artigo visa verificar como diferentes profissionais, atuando como gestalt-
terapeutas, avaliam a melhora da existência dos seus clientes no processo de
psicoterapia. A necessidade de investigar o tema abordado surgiu com os primeiros
atendimentos e com a incerteza de estar trilhando o melhor caminho para o
desenvolvimento do cliente e o restabelecimento de sua saúde existencial.
Saúde e doença em Fenomenologia
Para a fenomenologia, concepção filosófica que forneceu embasamento para
elaboração deste trabalho, o homem é um ser relacional. É no contato com o mundo
circundante que o indivíduo vive as experiências que dão significado à sua
existência. Essa relação capaz de proporcionar crescimento e realização,
paradoxalmente traz situações que podem ser vivenciadas como paralisadoras e
impeditivas do desenvolvimento (Forghieri, 1993). Assim, para esta autora, quando a
pessoa não consegue lançar mão de suas possibilidades, usando sua capacidade de
escolha para enfrentar e superar os fatores contrários à realização de sua
potencialidade ela está existencialmente adoecida. Na ignorância das próprias
possibilidades, as limitações e conflitos inerentes à existência, ganham uma
dimensão exagerada sufocando a capacidade de reagir daquela pessoa. É preciso a
coragem de ser para enfrentar a própria condição existencial, superando obstáculos
como o medo, a angústia, a insegurança, os imprevistos e as restrições de todos os
tipos.
Torna-se relevante discutir o que se entende por melhora do cliente no processo
psicoterapêutico. Para a Gestalt-terapia, saúde e patologia não são percebidas como
eventos isolados, mas sim coexistindo em um processo dialético:
Saúde não é um estado, mas um processo, no qual o organismo vai se
atualizando conjuntamente com o mundo, transformando e atribuindo-lhe
significado à medida que ele próprio se transforma (...) Normal é aquele que
supera os conflitos, criando-se dentro de sua liberdade, atendendo
4
igualmente às coações da realidade. Patológico é o momento em que o
indivíduo permanece preso à mesma estrutura sem mudança e sem criação
(Augras, 1986, pp. 11 e 12).
Entende-se, então, que não há um estado fixo de normalidade, mas normal
seria o fluir de um processo, no qual o indivíduo encontra determinadas dificuldades
no enfrentamento e superação de algumas situações, dificuldades estas que lhe
possibilitam ir reconfigurando novas estruturas mais adaptadas às condições atuais
(Malaguth, 2010). Cada evento suscita uma carga emocional própria, com grau de
dificuldade específico para aquele indivíduo, o que pode deixá-lo preso a respostas
insatisfatórias, causando um desequilíbrio no organismo. Esses momentos em que a
situação mobilizadora exige grande carga de energia sem resultados geradores de
mudança são chamados de patológicos. E à medida que o indivíduo consegue, na
interação com o mundo, atualizar-se respondendo às exigências do meio, está
vivendo uma situação de saúde ou normalidade (Perls, 1988).
A psiquiatria convencional conclui pela normalidade ou patologia, avaliando,
principalmente, a maioria estatística. Entretanto, a fenomenologia aponta para a
inadequação dessa definição que desconsidera aspectos importantes do
comportamento e exclui grupos não ajustados às regras vigentes. Diante dessa
perspectiva, seria mais apropriado considerar saudável, do ponto de vista existencial,
o indivíduo com capacidade de transformar o meio, às vezes inadequado, em um
mundo satisfatório. O cliente melhora, então, ao tornar-se capaz de superar os seus
conflitos criativamente, sem perder o contato com a realidade, usando esse contato
como força propulsora para sua construção no mundo (Augras, 1986).
Yontef (1998), baseando-se em PHG (1951), acredita igualmente que uma
pessoa saudável não se ajusta simplesmente ao meio, ela interage criativamente em
busca da melhor solução, responsabilizando-se pelas suas escolhas. Suas figuras são
5
claras e bem formadas, destacando-se do fundo. A necessidade dominante é
percebida com clareza e uma solução criativa é encontrada, fazendo com que a figura
mude.
Para Ponciano (2007) a pessoa adoece quando o contato é interrompido,
dificultando a autorregulação organísmica. Esta é o processo através do qual se dá o
re-equilíbrio espontâneo do organismo quando este entra em contato com o meio, e
logra conseguir a satisfação de suas necessidades físicas ou psico-sociais. A doença
dá-se na perturbação da relação e deve ser avaliada observando a pessoa no campo
no qual está inserida. Portanto tratar a doença é ineficaz, o que deve ser tratado é a
pessoa adoecida, cuja relação com o seu meio está comprometida. Para tratá-la deve-
se restaurar sua capacidade de contatar plenamente a si própria, o outro e o mundo.
O contato está estreitamente ligado ao processo de formação e fechamento das
gestalten4. Quando mais situações inacabadas um cliente tem, menos saudável ele é e
mais empobrecido o seu contato.
Para Hycner (1995) a doença é uma disfunção da existência total da pessoa e é
um sinal de que ela necessita de cuidado para que sua existência novamente se torne
integrada. Em geral o que leva um cliente procurar a terapia é o diálogo perturbado e
a dificuldade de contato. A cura está intimamente ligada à relação dialógica e a
awareness5 do cliente. Uma relação saudável exige verdadeiros relacionamentos
interpessoais, não objetais, onde haja reciprocidade entre as pessoas.
Polster e Polster (2001) consideram o termo doente inadequado a grande parte
dos clientes que procuram terapia. Por isso, no lugar de cura, opta por crescimento e
4 Gestalten: plural de Gestatl - o indivíduo em contato com sua totalidade percebe suas necessidades,
sendo que uma delas se configura como a principal, tornando se figura, enquanto as demais
permanecem como fundo. As figuras fluem, transformando-se e integrando-se ao fundo, à medida que
a necessidade emergente é suprida e outra situação se configura. Este processo é responsável pela
formação/fechamento das Gestalten. 5 “Awareness é o processo de estar em contato vigilante com os eventos mais importantes do campo
indivíduo/ambiente com total apoio sensoriomotor, emocional, cognitivo e energético” (Yontef, 1998,
p. 31).
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menciona que as pessoas cada vez mais não perseguem simplesmente a cura, mas
procuram viver melhor, investindo em auto-aperfeiçoamento e em descoberta
pessoal.
Cancello (1991) afirma que o conceito de melhora para um cliente específico é
sempre elaborado ao longo do processo terapêutico e vai se formando à medida que
ele caminha em seu autoconhecimento. Esses momentos nos quais a melhora do
paciente é percebida são pinçados do tempo total da terapia e, assim como na nossa
vida somos capazes de apontar episódios significativos que contribuíram para a
constituição do que somos, esses momentos registrados nas sessões vão definindo a
saúde para aquela pessoa. Portanto, a melhora do cliente revela-se no presente ao
terapeuta, que toma como referência o início da terapia.
Para Malaguth (2001), a doença é a fragmentação da unidade do homem, a
alienação de partes de si mesmo, por meio da interrupção do experienciar o contato
exigido pela situação vivida no aqui e agora. Ela considera que toda perturbação da
unidade solidária do funcionamento humano provém dessas interrupções da
formação das gestalten ou todos sensoriais, perceptivos, emocionais, intelectuais que
o organismo necessita para captar o sentido e a adequação do ajustamento ao meio,
ajustamento criativo e não mera adaptação passiva. Complementa a autora, em
contato pessoal na Orientação, que a saúde existencial seria o restabelecimento do
contato interrompido na frente interna e externa, por meio do diálogo intrapessoal
com os diversos e conflitantes aspectos de si mesmo, e o diálogo interpessoal com o
outro, com a diferença, necessariamente desestabilizadora do eu. O diálogo
recomendado pela Gestalt, implica em uma relação autêntica consigo e com os
outros. Só assim, via contato e diálogo autênticos, a unidade organísmica e a unidade
eu-mundo podem ser restabelecidas, finaliza.
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O Processo psicoterapêutico
O objetivo da psicoterapia, para Yontef (1998), é que o cliente atinja a
awareness, vivênvia que pressupõe a capacidade de contato, implicando em
conhecimento do ambiente, a responsabilidade pelas escolhas, o autoconhecimento e
a auto-aceitação. A Gestalt-terapia não visa alterar diretamente o comportamento, o
foco é no crescimento e na autonomia do cliente, aumentando sua consciência e
integrando partes anteriormente alienadas. O contato e a awareness são obtidos no
presente, sendo que o primeiro abre o caminho para a segunda.
Ginger e Ginger (1995) consideram que a terapia tem como objetivo a
sustentação e desenvolvimento do bem estar harmonioso e não a cura, quando
entendida como enquadramento do indivíduo em um padrão socialmente aceito. A
Gestalt-terapia, por valorizar as diferenças individuais, repudia a busca da
normalidade no sentido de padronização do comportamento. O desenvolvimento
pessoal, a formação e a plenitude do potencial humano são preferíveis, como saúde
existencial, à simples adaptação social.
Não se trata de subestimar o papel do meio social na vida do indivíduo;
Cancello (1991) lembra que o desenvolvimento da pessoa não ocorre somente dentro
dos consultórios, ele acontece também na vida. As experiências terapêuticas se dão
dentro e fora da terapia. Se o indivíduo não adquire a capacidade de levar a “cura”
para o cotidiano, expõe seriamente que não logrou atingir ainda seu equilíbrio e
bem-estar. A conciliação entre as necessidades individuais e as exigências do meio é
um ponto chave para a satisfação pessoal e indicador de maturidade. A melhora é
percebida inicialmente na relação estabelecida entre o terapeuta e seu paciente e cabe
ao terapeuta estar atento ao resultado de suas intervenções no contexto onde se situa
o cliente.
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Para que o processo de psicoterapia inicie é necessário que o cliente perceba
que alguma coisa nele não está funcionando bem e que pode ser melhorada com o
auxílio da terapia; precisa, acima de tudo, ter o desejo de mudança. O psicoterapeuta
verifica, além da vontade do cliente de atingir um bem estar biopsicossocial, o tipo
de problema que está vivenciando, a sua disponibilidade e os recursos internos para
superá-lo e o que espera conseguir com a terapia. Embora a terapia não vise resolver
os problemas pontuais do cliente, atua desenvolvendo-lhe os recursos próprios de
lidar com eles, clareando e ampliando sua visão de si mesmo e do meio ao qual está
inserido, munindo-o de forças para agir, seguindo suas próprias decisões (Ponciano,
1986). O processo psicoterapêutico, prossegue este autor, deve auxiliar o cliente a
retomar ou reiniciar o seu crescimento, independência e maturidade. Por meio da
psicoterapia se espera que ele possa perceber formas melhores de lidar consigo
mesmo e com o mundo circundante.
Giovanetti (1999) entende que a principal missão do terapeuta é ajudar o
cliente a reorganizar sua existência, incentivando-o a descobrir o sentido mais
profundo de sua vida, obter coerência interna e resgatar sua dimensão espiritual. O
terapeuta também deve auxiliar a pessoa a se aproximar de si mesmo, aumentando a
autoconfiança, assumindo a responsabilidade por si e por suas decisões e
desenvolvendo uma relação autêntica na convivência inter-humana.
Desenvolvimento
Optou-se por realizar este trabalho dentro dos preceitos da Fenomenologia, por
ser o método que demonstra melhor adequação à pesquisa qualitativa, viabilizando a
apreensão da subjetividade do sujeito e o significado da experiência relatada.
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A investigação fenomenológica proporciona a oportunidade de conhecer o
fenômeno “sob um novo olhar”. É uma tentativa de encontrar a essência da coisa
estudada, sem ideias pré-estabelecidas, permitindo a manifestação do sentimento e da
subjetividade de cada indivíduo naquele momento (Petrelli, 2001).
Malaguth (2004), lembra que o observador, utilizando o Método
Fenomenológico, deve estar o mais aberto possível àquilo que surgir para que o
apreendido corresponda à realidade e o conhecimento alcançado com a experiência
corresponda à verdade, à essência básica. É necessário estar cônscio de que as
possibilidades são inumeráveis havendo sempre a probabilidade de percepção do
fenômeno sob uma nova perspectiva. Sob esse prisma a fenomenologia pode ser
considerada como a filosofia do inacabamento. Acrescenta que os resultados obtidos
podem vir em complemento ao já conhecido ou implicar em alteração e reformulação
do pensamento vigente.
Portanto, este estudo é apenas um recorte da realidade e não pretende de forma
alguma esgotar o tema, mas apresentar o fenômeno, conforme apreendido pelos
participantes desta pesquisa. Buscou-se identificar as unidades significativas
presentes na fala das entrevistadas, decorrentes de suas vivências no consultório,
registrando-as para análise sobre o assunto e, a seguir, a discussão dos resultados.
Método fenomenológico de Giorgi
Esta pesquisa foi realizada seguindo o método fenomenológico de Giorgi, para
obtenção das unidades de significado ou unidades de sentido percebidas nos relatos
das entrevistadas.
As unidades de significado são ideias centrais identificadas na descrição dos
entrevistados em resposta ao questionamento inicial que, segundo o ponto de vista do
pesquisador, trazem em si informações significativas sobre o fenômeno estudado. É a
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partir da seleção das unidades de significado que se faz a redução fenomenológica
chegando à essência do fenômeno (Martins e Bicudo, 1989), que neste trabalho será
tratada por indicadores de melhora do cliente.
Os quatro passos do método fenomenológico de Giorgi:
O trabalho foi desenvolvido seguindo os quatro passos do método
fenomenológico de Giorgi, conforme descrito por Moreira (2002):
Primeiro passo: fez-se uma leitura geral das entrevistas transcritas, entrando em
contato com o sentido total do que foi dito. Para executar esta atividade foi
necessário que a pesquisadora se sentisse à vontade com a pesquisa transcrita, lendo-
a até conseguir uma visão clara do todo.
Segundo passo: após obter o sentido do todo, voltou-se ao início da entrevista
para uma nova leitura. O texto foi dividido em fragmentos de informação de acordo
com as idéias centrais ou unidades de sentido específicas que apresentavam.
Terceiro passo: realizou-se a leitura de todas as unidades de sentido para que
fosse possível discriminar as unidades relevantes ao objeto de estudo.
Quarto passo: finalmente as unidades de sentido foram sintetizadas em
categorias ou eixos unificadores de forma que estes expressassem as vivências dos
entrevistados consideradas como da mesma natureza, o que passou a ser
denominado de estrutura da experiência, conforme manifestada à pesquisadora.
Participantes
Participaram deste estudo cinco psicólogas, com formação em Gestalt-terapia,
que atuam no atendimento clínico:
Entrevistada I: 04 anos de experiência. Especialista em Gestalt-terapia pelo
Instituto de Treinamento e Pesquisa em Gestalt-terapia de Goiânia - ITGT.
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Entrevistada II: 25 anos de experiência. Especialista em Gestalt-terapia pelo
Instituto de Gestalt-Terapia e Atendimento Familiar, do Rio de Janeiro - IGT.
Entrevistada III: 25 anos de experiência. Especialista em Gestalt-terapia pelo
Centro de Gestalt-terapia de Brasília – CEGEST.
Entrevistada IV: 19 anos de experiência. Especialista em Gestalt-terapia pelo
Instituto de Treinamento e Pesquisa em Gestalt-terapia de Goiânia - ITGT.
Entrevistada V: 09 anos de experiência. Especialista em Gestalt-terapia pelo
Instituto de Treinamento e Pesquisa em Gestalt-terapia de Goiânia - ITGT.
Instrumento
Utilizou-se a entrevista qualitativa fenomenológica, com a seguinte pergunta
norteadora: “na sua experiência como gestalt-terapeuta, como a melhora do cliente se
mostra à sua pessoa?”
A entrevista não estruturada foi a que melhor se ajustou a este estudo, por
permitir a descrição da experiência de cada participante. Algumas perguntas foram
acrescentadas ao longo das entrevistas, com o intuito de esclarecer dúvidas ou clarear
tópicos abordados.
Procedimento
As entrevistas foram agendadas por telefone, ocasião em que o tema e
finalidade da pesquisa foram repassados à psicóloga contatada. Após a aquiescência
das entrevistadas em contribuir com o estudo, a pesquisadora agendou data e local
para realizar a entrevista, que foi gravada e posteriormente transcrita. O texto
transcrito foi encaminhado às mesmas que, em concordando com a utilização do
material, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, de acordo com a
Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, conforme modelo do anexo A. O
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tempo de duração das entrevistas variou de 10 minutos a 25 minutos, conforme
disponibilidade de cada entrevistada para descrever sua experiência em consultório.
Resultados e Discussão
As entrevistadas expuseram suas experiências, traduzindo em palavras a
percepção do que representa para elas a melhora para os seus pacientes. Discutir-se-
á a seguir as Unidades de Sentido (US), ou seja, os indicadores da melhora dos
clientes, obtidos nas entrevistas, cujos trechos estão reproduzidos no anexo B.
Apresentar-se-ão também as tabelas com os fragmentos das entrevistas de onde
foram retiradas as Unidades de Sentido registradas a seguir.
Unidades de Sentido (US) Identificadas
US 1: O cliente supera a queixa ou conflito inicial.
A superação da queixa inicial foi apontada como um dos indicadores de
melhora do cliente, por duas entrevistadas, conforme tabela abaixo.
Tabela 01
Entrevistada I “uma das melhoras é quando o cliente traz uma queixa explícita e
depois de um tempo de terapia a gente vê que aquela queixa não
existe mais e, principalmente, quando ele percebe.”
Entrevistada V “a pessoa começa a estar mais disponível, a energia dela sai
desse conflito e fica mais disponível para agir em prol dela
mesma, para ela fazer coisas tanto em relação a si mesma quanto
em relação ao mundo que ela vive, coisas que a façam se sentir
melhor. (...) ter um sofrimento menor, acho que o sofrimento, a
dor em si, diminui.”
Para Perls (1988) o primeiro passo na terapia é descobrir do que o paciente
necessita. Alguns chegam com figuras bem definidas, ou seja, com uma queixa
inicial, conforme relatado na Tabela 01. Nesse caso, a melhora ocorre quando as
necessidades subjacentes à figura, que fez o cliente procurar ajuda na terapia, são
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supridas ou ressignificadas como ilusórias e abandonadas e ele fica livre para que
outras figuras fluam.
US 2: O cliente descreve melhor sua experiência.
Este indicador foi citado por uma das entrevistadas e transcrito na tabela 2.
Tabela 2
Entrevistada III “ele mesmo vai buscando descrever, favorecendo a minha
entrada no mundo dele. O paciente chega com um mundo
fechado que nem ele compreende. Ele vai melhorando quando
ele compartilha melhor o significado porque ele também já
compreendeu.”
Polster & Polster ( 2001), conduzem a terapia incentivando o cliente a
recuperar suas funções de contato desenvolvendo a capacidade de encontrar consigo
e com o outro. A fala é uma das formas de contatar o outro; por meio dela a pessoa
expressa suas motivações, seu modo de ser no mundo e é apreendida pelos demais.
Dizer realmente aquilo que se deseja, quando já se compreendeu o significado para si
mesmo, é um ato grandioso e vital para uma comunicação genuína. Cada palavra
autêntica vem carregada de possibilidade de contato, pois é uma afirmação pessoal
do indivíduo que busca o outro (Polster & Polster, 2001).
US 3: O cliente escuta melhor o terapeuta.
Este foi um dos indicadores citados, conforme transcrição do trecho que deu
origem à US3.
Tabela 3
Entrevistada III “O cliente é capaz de (...) escutar mais (...) ele escuta melhor o que
eu pergunto.”
Em nossa cultura utiliza-se o mesmo verbo para duas ações bem diferentes:
diz-se que alguém ouviu quando ele percebeu o som das palavras e respondeu algo
muito diferente do perguntado e diz-se o mesmo quando, além de perceber as
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palavras, a pessoa apreendeu o mundo de significados daquele que falou. O ouvir,
verdadeiramente, é mais que observar, é entrar em contato, é estar em relação
(Amatuzzi, 1990). O cliente ao ser escutado na relação pelo seu terapeuta passa a
escutá-lo melhor e, em seguida, expande o aprendizado para fora do espaço
terapêutico
US 4: O cliente desenvolve a escuta em suas relações.
O desenvolvimento da escuta do outro fora da sessão foi o indicador seguinte
de melhora do cliente, citado pela entrevistada IV.
Tabela 4
Entrevistada IV “O que o outro fala passa a ser muito mais importante até
porque a escuta passa a ser muito mais tranquila.”
Segundo Polster e Polster (2001), a terapia deve atuar na restauração e
desenvolvimento das funções de contato. O ouvir é um importante elemento para o
crescimento pleno de um ser humano interferindo diretamente na eficiência
relacional do indivíduo.
Ao ouvir de forma disfuncional, o indivíduo direciona sua escuta
especializando-se em referências específicas que interferem negativamente na
qualidade da audição, gerando as distorções. A palavra ouvida, em contato com o
mundo interno do indivíduo, transforma-se em significados que vão muito além do
sentido comunicado pelo falante. Melhorar o processo de comunicação implica
necessariamente na ação do terapeuta intervir na forma como o cliente ouve,
reduzindo as distorções. Isso permite ao cliente ouvir verdadeiramente aquele que
fala não só na sessão, mas também fora do espaço clínico (Polster & Polster, 2001).
US 5: O cliente desenvolve a auto-escuta.
Este indicador foi referido por uma das entrevistadas.
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Tabela 5
Entrevistada III “ele é capaz de se escutar (...) Ele começa a ter uma
autoescuta.., eu acho que fazer terapia é se escutar e quando ele
vai se escutando, ele vai escutando os sintomas e ao escutar os
sintomas ele vai compreendendo os significados dos sintomas
no contexto em que ele vive.”
Hycner (1995), entende os sintomas na abordagem dialógica da Gestalt-terapia,
como tentativas extremas de estabelecer o diálogo que não deu certo, como uma
forma que o organismo encontrou de obter resposta para as situações interrompidas.
Inicialmente, o cliente recusa as mensagens recebidas de si mesmo porque elas não
se enquadram nas suas expectativas ou nas expectativas do meio. Ele reprime as
awareness para não entrar em contato com as demandas penosas ao seu ser. A terapia
auxilia o paciente a escutar-se, a aceitar-se e integrar à sua totalidade as respostas que
for obtendo.
US 6: O cliente observa melhor o ambiente.
Uma das entrevistadas percebeu que o cliente melhora quando consegue
observar detalhes concretos do ambiente, conforme relatado na tabela 6.
Tabela 6
Entrevistada III “quando ele começa a me perceber nas mínimas coisas, às
vezes até perceber o consultório (...) Então, além da audição eu
percebo a visão.”
Yontef (1998), prescreve em terapia, o aprendizado pelo cliente do uso dos
sentidos para explorar por conta própria a si mesmo e ao ambiente. Ele aprende a
utilizar as funções de contato para assimilação no aqui e agora. Aprende o processo
de ficar consciente do que está fazendo e como está fazendo. Além disso, à medida
que vai fechando as gestalten aumenta sua disponibilidade para o contato com o
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meio e ele começa a ver detalhes antes não percebidos porque estava muito
envolvido com seus conflitos.
US 7 – O cliente torna-se consciente ou aware.
Tornar-se consciente ou aware foi destacado por três das cinco entrevistadas,
como um indicador de melhora do cliente.
Tabela 7
Entrevistada I “tem caso que... são queixas amplas, queixas não definidas. Eu
observo que a melhora é quando o cliente vai se tornando
consciente das coisas dele.”
“ele vai tomando consciência de como ele lida com as coisas
dele... e ao tomar essa consciência ele vai mudando...”
“quando ele mesmo consegue olhar para as coisas dele com um
olhar, não sei se com olhar diferente, crítico ... Então quando o
próprio cliente consegue ter atitude sem a intervenção do
terapeuta.”
Entrevistada IV “ele vai ampliando o contato e nessa ampliação de contato vai
tendo mais consciência (...) vai tendo uma forma mais
organizada de lidar com as coisas dele e vai tendo a
awareness.”
Entrevistada V “A pessoa vai tendo um melhor conhecimento de si, vai
vivendo sob uma perspectiva diferente.”
“Ela começa a ver alternativas que antes ela não via, ela
começa a ver os próprios problemas sob uma perspectiva mais
ampla do que via antes.”
“A própria pessoa vai percebendo que está melhor, as pessoas
vão percebendo que ela está melhor (...) Um indicativo
concreto que a pessoa está bem é quando ela percebe que está
bem e eu também percebo.”
Alguns pacientes possuem queixas não definidas, com o avançar da terapia as
muitas figuras abertas, com suas situações inacabadas, vão atingindo a totalidade ou
o significado. O cliente torna-se aware, quando fica com o que está presentemente
claro, conseguindo mover-se de uma experiência para outra, percebendo as
alternativas que se apresentam (Perls, 1988).
Segundo Ginger e Ginger (1995) a Gestalt-terapia facilita a tomada de
consciência global e isto implica no fato da pessoa conhecer a forma como se
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funciona, como ocorre o ajustamento criativo ao meio, como são integradas novas
experiências no presente, como são seus processos de evitação e mecanismos de
defesa.
A percepção do paciente, inicialmente limitada às impressões sensoriais
externas, vai se expandindo à medida que ele se conhece, incluindo muitos outros
fatores internos e externos. O conscientizar-se significa o conhecimento de suas
capacidades e habilidades, que pressupõe ter acionado as funções sensoriais, motoras
e intelectuais. A tomada de consciência pelo cliente apresenta ao terapeuta uma
imagem dos recursos deste, pois não ocorre apenas na esfera mental ou das palavras.
Ao aumentar a conscientização, a orientação e mobilidade do indivíduo também
aumentam, dando-lhe maior liberdade de escolha e de ação (Perls, 1988).
US 8 – O cliente supera as introjeções.
A superação das introjeções foi um dos fatores de melhora do cliente, segundo
a experiência da entrevistada IV, tabela 8.
Tabela 8
Entrevistada IV “Ele consegue aproximar da própria verdade, o que é verdade
para ele, diminui as introjeções, separa o que é seu e o que é do
outro (...) A evolução da pessoa na terapia é decorrente dessa
aproximação com ela mesma. Tem coisas fáceis de aceitar e
coisas difíceis, complicadíssimas, mas são dela e ela aprende a
lidar com aquilo.”
Segundo Perls (1988), a pessoa que introjeta tem pouca oportunidade para
desenvolver sua própria personalidade porque está muito envolvida com as normas,
atitudes, modo de agir e pensar que não são verdadeiramente dela. A terapia consiste
em corrigir as falsas identificações, restabelecendo a capacidade do cliente de
discriminar o que de fato lhe pertence
US 9 - O cliente obtém auto-aceitação e autorrespeito.
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Uma das entrevistadas percebeu que o cliente melhora quando obtém auto-
aceitação e auto-respeito, conforme tabela 9.
Tabela 9
Entrevistada V “ter uma aceitação maior de si mesmo, tanto das suas limitações,
daquilo que ele realmente não dá conta, quanto em relação às
suas possibilidades, às suas potencialidades...poder respeitar-se,
se olhar no espelho... e você pode até não gostar, mas se
respeitar.”
Quando a pessoa não se aceita, necessita constantemente de apoio externo.
Busca o apoio dos outros para suprir o auto-conceito deficitário e ineficaz. Entretanto
sua auto-imagem está tão comprometida que não possui a capacidade de aceitar
genuinamente os elogios que recebe, continuando insatisfeito diante das
demonstrações de aprovação e afeição recebidas (Perls, 1988). A terapia bem
sucedida consegue promover a integração do paciente sem alienar nenhum aspecto
próprio dele. A pessoa que possui auto-aceitação não julga ou condena a si mesma,
sua própria vivência ou a sua história. Jacobs (1997), assegursa que o cliente
consegue aceitar-se e respeitar-se à medida que se percebe aceito e respeitado pelo
terapeuta).
US 10 - O cliente adquire independência (auto-suporte).
Duas das cinco entrevistadas afirmaram que o cliente melhora quando obtém
independência, conforme transcrição na tabela 10.
Tabela 10
Entrevistada II “o terapeuta percebe a melhora do cliente no momento em que
o indivíduo começa a agir com independência ... quando você
percebe o indivíduo começa a agir sozinho, você percebe o
crescimento.”
Entrevistada IV “tem gente que está muito perdida e devido a isso fica muito
dependente do terapeuta inicialmente e, com o tempo, começa
a decidir as coisas – isso é um crescimento importante (...) a
pessoa adquire seu auto-suporte.”
19
Para Tobin (1977), a pessoa que não possui auto-suporte procura manipular os
outros para assumirem a responsabilidade por sua vida. A necessidade contínua de
apoio dos outros tem origem em sentimentos de incompletude, inadequação e de
estar dividido em pedaços. Atingir a totalidade, a harmonia interna do corpo, mente e
espírito é o grande desafio humano. A terapia permite ao paciente validar-se como
ser humano, para que ele se sinta completo em si mesmo e integrado.
Para Perls (1977), maturidade é a transição do apoio obtido externamente para
o auto-apoio e é alcançado quando o potencial do indivíduo é desenvolvido. Assim
ele se torna mais capaz de mobilizar seus próprios recursos para lidar com o meio
ambiente.
US 11 - O cliente ressignifica a antiga experiência.
Duas entrevistadas relataram que o cliente melhora quando ressignifica a antiga
experiência, conforme descrito na tabela 11.
Tabela 11
Entrevistada III “ele é capaz de significar melhor, detalhar melhor, descrever
melhor a experiência que está acontecendo com ele. Para mim o
processo psicoterapêutico tem o objetivo de ressignificar o já
significado. Então o cliente chega com significado envelhecido
e muitas vezes fora do contexto. Então ele vai melhorando
quando ele vai ressignificando e contextualizando o que ele está
vivendo.”
Entrevistada IV “capacidade de ressignificar sua história.”
Juliano ( 1999, p. 47), esclarece que embora as pessoas não possam mudar as
suas experiências passadas, elas podem modificar radicalmente o modo como olham
para elas. Ninguém tem o poder de mudar os fatos ocorridos, mas eles sempre podem
ser vistos a partir de uma perspectiva diferente, possibilitando a reconstrução da
própria história. O terapeuta trabalha para “completar, focalizar, desfocalizar, mudar
20
o contexto, entrar em contato e transformar a percepção intrapessoal, interpessoal e
transpessoal”.
US 12: O cliente consegue viver no aqui e agora.
Este indicador foi citado por um das entrevistadas, conforme exposto na tabela
12.
Tabela 12
Entrevistada IV “A pessoa consegue viver no aqui e agora (...) O futuro fica em
cima de projetos e não de fantasias.”
Para Polster e Polster (2001) é difícil para o cliente perceber que somente o
presente existe e que ignorá-lo é afastar-se da realidade. Entretanto, é necessário
compreender que as ações de lembrar e planejar podem ser consideradas presentes. O
passado e o futuro contextualizam o aqui e agora e compõem o fundo contra o qual
este emerge.
Em decorrência, alertam os autores que uma postura rígida por parte do
terapeuta, permitindo ao paciente que expresse somente as experiências com verbos
no tempo presente antes que ele consiga viver no aqui e agora, conduz apenas a uma
obediência vazia, longe de uma presença vital.
US 13 – O Cliente começa a perceber o outro.
Este foi mais um dos indicadores citados. Segue a transcrição do trecho que
originou a US.
Tabela 13
Entrevistada III “Ele melhora quando ele entra dentro dele e quando ele sai de
dentro dele. Ele entra, entrando no mundo dos significados dele
e ele sai quando percebe que existe o outro”... “ele vai
ampliando a percepção dos outros (...) é como se o universo
fosse se abrindo para ele. Uma cliente minha disse que depois
que ela começou a fazer terapia, é capaz de perceber o mundo
diferente.”
21
Augras (1986), destaca que ser social é próprio do humano e o seu crescimento
está vinculado ao encontro com os demais. Privar-se do outro é viver de forma alheia
à coexistência, importante estrutura do ser no mundo. O conhecimento do outro
pressupõe um encontro consigo mesmo, a compreensão de si que é o ponto de
partida para a compreensão do outro. Ao mesmo tempo em que uma pessoa se depara
com a imagem do outro que contribui como modelo para construção de si mesmo,
também se depara com a alteridade. A dificuldade de perceber o outro na sua
alteridade pode refletir a dificuldade de aceitar a si mesmo com as suas contradições
e ambiguidades. Algumas das perturbações no relacionamento interpessoal poderiam
ser identificadas como dificuldade de relacionar com a própria alteridade, pois ao
encontrar o outro a pessoa encontra com aspectos de si mesma.
US 14 - O cliente começa a observar a se nos relacionamentos.
Este indicador foi citado por uma das entrevistadas.
Tabela 14
Entrevistada V “Ele começa a se observar no relacionamento com as outras
pessoas.”
Para Forghieri (1993), a relação do homem com outras pessoas é fundamental
desde o seu nascimento. O indivíduo identifica seu potencial propriamente humano,
como amor, liberdade e responsabilidade, no encontro e na relação dessa natureza
com o outro. Nesse contexto, as pessoas se atualizam, compreendem e desenvolvem
tais potencialidades. Assim, é no convívio com os outros que se define o tipo de ser
humano que se é.
US 15 - O cliente percebe a si mesmo e ao outro como compartilhando a
mesma condição humana.
Este indicador foi citado por uma das entrevistas e está transcrito na tabela 15.
22
Tabela 15
Entrevistada IV “À medida que a pessoa se enxerga, ela passa a ter um
sentimento de pertencimento e isso possibilita uma maior
revelação de sua pessoa. Fala com mais tranquilidade suas
coisas, seus sentimentos ao perceber não é único nesse mundo.
É um pertencimento à raça humana... tipo: „eu tenho isso e
outras pessoas também têm‟ ”
Recorrendo ainda à Forghieri (1993), nota-se que ela afirma que as pessoas
possuem a capacidade de se compreenderem mutuamente, por serem muito
semelhantes. Embora suas experiências sejam distintas, possuem a mesma condição
humana. Diferente da relação com o mundo material, na qual o ser humano utiliza-se
de objetos sem deles obter resposta, no encontro com o outro ocorre uma interação
que altera os dois. Nessa interação, segundo a orientadora desse artigo, a percepção
da condição semelhante entre as pessoas é o mais alto nível de consciência holística
e a mais libertadora experiência a que pode chegar o nosso cliente e qualquer ser
humano.
US 16 - O cliente passa a aceitar e a respeitar a si mesmo e ao outro.
Esta US foi citada por uma das cinco entrevistadas e está transcrita abaixo.
Tabela 16
Entrevistada IV “A pessoa na terapia acaba tendo uma maior aceitação de suas
verdades... a aceitação de si e do outro.”
“A pessoa passa a ter consideração e respeito por ela e pelo
outro. Com isso ela fica mais humilde.”
Feldman (2006) considera que uma boa auto-imagem torna a pessoa mais apta
a iniciar novas relações e a mantê-las, preservando a individualidade, mantendo um
nível de exigência e expectativa razoável em relação aos outros, clareza diante de
críticas e respeito pela alteridade. Todos esses aspectos são importantes para a
preservação de relações saudáveis. A terapia gestáltica visando manter um bom
23
relacionamento com o cliente, aumenta as chances do indivíduo desenvolver a
aceitação e respeito por si mesmo e pelo outro.
US 17 - O cliente começa a considerar o outro em suas decisões.
Este foi um dos indicadores citados e está descrito na tabela 17.
Tabela 17
Entrevistada IV “Quando começa, de verdade, a considerar a si próprio e ao
outro em suas decisões.”
Segundo Hycner (1995), o indivíduo vai se tornando saudável à medida que
consegue ir convivendo mais dialogicamente com os seus semelhantes. Torna-se
capaz de experienciar a realidade do outro sem perder o contato com sua própria
realidade. Este é um dos fatores que promove a tomada de decisão responsável. O
cliente que se torna dialógico vai percerbendo que suas escolhas pessoais produzem
efeito não somente na sua vida, mas, também na vida das demais pessoas.
US 18 - O cliente começa a assumir a responsabilidade pelas suas próprias
escolhas.
Este foi apontado como indicador de melhora por três entrevistadas, conforme
tabela 18.
Tabela 18
Entrevistada III “ Começa a sair um pouquinho do papel de vítima e a assumir
a responsabilidade que ele tem.”
Entrevistada IV “Outro passo é fazer escolhas”
Entrevistada V “Aparece a possibilidade de escolher, de não ser simplesmente
empurrada pela vida. A pessoa toma mais posse de si e das suas
escolhas.”
Tobin (1977), alerta que a pessoa existencialmente adoecida confia em suas
obrigações, no que julga o esperado ou no que as pessoas lhe dizem em vez de
confiar em si mesma, no seu modo de ver e de ser. Ela se percebe como uma vítima,
24
à mercê de forças externas, contra as quais não pode lutar, por isso não se sente
responsável pelo que lhe acontece. Não consegue perceber as alternativas disponíveis
e lamenta pelas alternativas não disponíveis. De forma inversa, a pessoa integrada se
sente livre, percebe que tem e faz escolhas, sentindo-se responsável pela sua própria
vida. Essa responsabilidade se reveste, normalmente, da liberdade para responder de
várias maneiras a uma situação.
Para Feldman (2006), responsabilizar-se por si mesmo é o ponto culminante do
processo de crescimento do paciente. É quando ele se sente agente da própria
mudança. O indivíduo pode assumir a responsabilidade como resultado de sua
história ou pode assumi-la a partir do encontro com o outro, quando ele compreende
qual a sua parcela de responsabilidade em determinada situação compartilhada com
outras pessoas.
US 19 - O cliente amplia a consciência da sua construção do próprio
futuro.
Este indicador foi citado por uma das pesquisadas, conforme transcrito na
tabela abaixo.
Tabela 19
Entrevistada III “Quando ele é capaz de vislumbrar perspectivas futuras,
quando ele não vive só do passado e nem do presente, mas
quando ele percebe que fazendo isto agora ele tem uma
responsabilidade no futuro (...) ele amplia a sua consciência na
temporalidade.”
D‟agri, Lima e Orgler (2007), referem-se a este aspecto colocando que o
homem possui uma capacidade de elaboração que o mantém em permanente
construção. Está sempre se transformando, construindo o seu futuro no aqui e agora,
por meio de suas ações. Em terapia, o cliente que está crescendo começa a perceber
25
que suas escolhas no presente têm implicações posteriores, não mais atribuindo ao
destino os episódios ruins de sua vida.
Segundo Augras (1986), a pessoa aceita a certeza de sua finitude e organiza-se
para assegurar sua realização dentro do espaço-tempo de sua existência. Ainda que
não tenha domínio sobre sua própria morte, adquire liberdade para edificar o futuro.
O ser saudável faz planos, projeta-se em uma perspectiva futura, conseguindo
finalmente integrar, de forma harmoniosa, o envelhecer e o morrer à sua existência.
US 20 - O cliente vai se tornando o seu próprio terapeuta.
Para duas entrevistadas esta noção é um dos indicadores da melhora
identificada no cliente.
Tabela 20
Entrevistada III “Lembrar da terapia em um contexto fora da terapia, ...Ele se
interessa em fazer as lições de casa... ele consegue se
autoquestionar, a pergunta não vem mais só do terapeuta...
quando ele deixa de ser hétero-questionado para ser
autoquestionado, ele passa a ser um curioso de si mesmo.”
Entrevistada V “A pessoa trabalha muito fora do ambiente terapêutico... ela dá
conta de levar a terapia lá para fora, com as pessoas que ela
convive. É como se ela assumisse o comando da própria vida”
“As pessoas que ficam muito tempo em terapia suportam
melhor as ausências, as férias, as interrupções... quando é
necessário, elas ficam bem longe da terapia e voltam sem
sofrimento, porque para algumas pessoas é muito sofrido
interromper.”
(Polster & Polster, 2001), afirmam que a Gestalt-terapia incentiva o cliente a
levar a terapia para fora do consultório, podendo lançar mão, inclusive, da lição de
casa, mencionada na tabela 20. Trata-se de um grande passo porque abre
possibilidade ao cliente de se auto-explorar, multiplicando os resultados a um nível
que jamais seria obtido somente nas sessões ou que pelo menos exigiria um grande
investimento financeiro e de um tempo muito maior. Estes autores percebem que à
26
medida que o paciente amplia o envolvimento com o processo psicoterapêutico
integra-o a sua vida, passando a ser um curioso de si mesmo.
US 21 - O cliente desenvolve o diálogo em suas relações.
Este indicador foi relatado por uma das entrevistadas.
Tabela 21
Entrevistada IV “A pessoa desenvolve e aumenta suas condições de dialogar.
No começo o cliente tem muita dificuldade de dialogar, ele não
dá conta de falar o que pensa e sente (...) É uma evolução
quando o cliente começa a perceber que sua fala provoca
alguma coisa no outro e se torna mais responsável ao assumir
sua fala (...) dá conta tanto de defender suas decisões de
maneira tão veemente quanto abrir mão ou ceder.”
No diálogo cada uma das pessoas envolvidas tem em mente o outro, em sua
singularidade, estabelecendo uma relação de mutualidade. Hycner (1995), está de
acordo com a afirmação de que o diálogo não ocorre dentro, mas entre as pessoas
que têm o desejo de encontrar genuinamente o outro ou outros. O importante é a
abertura e a intenção com que as pessoas se encontram. O que diferencia o diálogo
da comunicação técnica ou do monólogo é o interesse na alteridade da outra pessoa,
acentua este autor.
US 22 – O cliente desenvolve a espiritualidade, retornando à sua religião.
Este indicador foi citado pela entrevistada III e está descrito abaixo.
Tabela 22
Entrevistada III “ele se cura, nem é melhora, é cura, quando ele inclui a
dimensão da espiritualidade, quando ele resgata a religião dele”
Embora a entrevistada tenha se referido à religião, foi feito neste trabalho, a
opção de se comentar sobre a espiritualidade, sem referência ao credo.
Retornando a Hycner(1995), pode-se considerar que a repressão e o
distanciamento do homem em relação ao sagrado contribuíram para delinear a
27
situação de isolamento e ansiedade atuais. Ao entrar em contato com o sagrado o
homem percebe ser mais igual que desigual à humanidade. Ele pensa que a pessoa
torna-se mais humana ao se aproximar de um ser superior. Como cada ser humano é
visto como parte da unidade universal, quando o paciente reconhece essa importante
dimensão da própria identidade, vai muito além do seu ser individual e limitado,
abrindo-se à possibilidade do encontro consigo e com o outro.
US 23 – O cliente adquire paz e tranquilidade existencial.
Duas das entrevistadas citaram o indicador transcrito na tabela 23.
Tabela 23
Entrevistada IV “Aumenta-se a clareza das coisas e também a humildade,
diminui sua necessidade de provar um monte de coisa para
várias pessoas. Ela pode ser ela mesma (...) É adquirir uma
tranquilidade em sua existência (...) diminui um pouco a
vaidade.”
Entrevistada V “a pessoa fica mais em paz.”
Forghieri (1993), pondera que ainda que a angústia e a preocupação permeiem
a existência humana, o paciente saudável consegue viver mais momentos de sintonia
e tranquilidade. Quanto menos situações pendentes o indivíduo possui, mais abertura
ele consegue para viver relações plenas, impregnadas de harmonia e bem-estar.
Indivíduos existencialmente saudáveis, que reconhecem e aceitam suas limitações,
sentem-se predominantemente tranquilos e satisfeitos consigo e com a sua existência.
US 24 - O cliente consegue se ajustar ao mundo criativamente.
Este indicador foi citado por uma das entrevistadas.
Tabela 24
Entrevistada IV “A pessoa consegue enfrentar o mundo, consegue enfrentar ela
mesma, as coisas dela (...) Olhar para a realidade, olhar para a
circunstância e perguntar o que eu posso fazer? (...) A pessoa
consegue se ajustar ao mundo criativamente. Esse ajustamento,
esse jeito de viver da melhor forma possível naquele momento
28
é alcançado na terapia.”
Para Yontef (1998), o cliente engajado em um processo de maturidade entra em
contato com o seu espaço vital e assume a responsabilidade por atingir o bem estar,
ajustando-se criativamente ao meio. Isto ocorre quando o indivíduo toma consciência
das suas necessidades e da realidade, percebendo-se capaz de recriá-la e manipulá-la
de maneira a obter satisfação. Não se trata de mera adaptação ao ambiente. Nessa
dinâmica, o indivíduo transforma e é transformado pelo meio, garantindo o seu
crescimento e agindo responsavelmente em busca da satisfação de suas necessidades
e do próprio desenvolvimento.
US 25 – O cliente atinge a ação ética.
Este indicador foi citado por uma das cinco entrevistadas.
Tabela 25
Entrevistada IV “O ponto máximo da terapia é quando o cliente passa a buscar
dentro dele suas respostas, o que Minkowski chama de ação
ética”
Minkowski (1993), citado por Andrade (2005), assegura que ao atingir a ação
ética,o cliente, antes restrito ao cumprimento de normas e preceitos sociais, vê
emergir os seus valores pessoais. A ética, sob esse ponto de vista, está ligada ao
sentido da existência da pessoa, que consegue entrar em contato com a verdade mais
profunda do seu ser. Vê cada pessoa possuindo uma vocação existencial e ao se
deixar orientar por ela dá sentido à sua vida. Em comunhão com sua existência e com
o universo sente-se livre para fazer o que entende ser o correto
Estrutura da experiência: Indicadores de melhora do cliente
Nas tabelas 26, 27 e 28 encontram-se as unidades de sentido colhidas nas
entrevistas com os psicoterapeutas que participaram deste trabalho.
29
Considerou-se que a melhora do cliente vista nas Unidades de Sentido
identificadas pode ser estruturada em três eixos ou categorias denominadas
dimensões da experiência existencial: a intrapsíquica, a interpessoal e a transpessoal,
conforme demonstrado a seguir.
Tabela 26 – Indicadores de melhora do cliente na Dimensão Intrapsíquica
Ocorrências das Unidades de Sentido referentes à Dimensão Intrapsíquica
Ocorrências Nº US Unidades de Sentido
Entrevista I e V US 1 O cliente supera a queixa ou conflito inicial.
Entrevista III US 2 O cliente descreve melhor sua experiência.
Entrevista III US 5 O cliente desenvolve a autoescuta.
Entrevista I, IV e V US 7 O cliente torna-se consciente.
Entrevista IV US 8 O cliente supera as introjeções.
Entrevista V US 9 O cliente obtém auto-aceitação e autorrespeito.
Entrevista II e IV US 10 O cliente adquire independência (autossuporte).
Entrevista III e IV US 11 O cliente ressignifica a antiga experiência.
Entrevista IV US 12 O cliente consegue viver no aqui e agora.
Entrevista III, IV e
V
US 18 O cliente começa a assumir a responsabilidade
pelas suas próprias escolhas.
Entrevista III US 19 O cliente amplia a consciência da sua construção
do próprio futuro.
Entrevista III e V US 20 O cliente vai se tornando o seu próprio terapeuta.
Entrevista III US 22 O cliente desenvolve a espiritualidade e retorna à
sua religião.
Entrevista IV e V US 23 O cliente adquire paz e tranquilidade existencial.
Entrevista IV US 24 O cliente consegue se ajustar ao mundo
criativamente.
Tabela 27 – Indicadores de melhora do cliente na Dimensão Interpessoal
Ocorrências das Unidades de Sentido referentes à Dimensão Interpessoal
Ocorrências Nº US Unidades de Sentido
Entrevista III US 3 O cliente escuta melhor o terapeuta.
Entrevista IV US 4 O cliente desenvolve a escuta em suas relações.
Entrevista III US 6 O cliente observa melhor o ambiente.
Entrevista III US 13 O cliente começa a perceber o outro.
Entrevista V US 14 O cliente começa a observar os seus
relacionamentos.
Entrevista IV US 16 O cliente passa a aceitar e a respeitar si mesmo e ao
outro.
Entrevista IV US 17 O cliente começa a considerar o outro em suas
decisões.
30
Entrevista IV US 21 O cliente desenvolve o diálogo em suas relações.
Entrevista IV US 25 O cliente atinge a ação ética.
Tabela 28 – Indicador de melhora do cliente na Dimensão Transpessoal
Ocorrência da Unidade de Sentido referente à Dimensão Transpessoal
Ocorrências Nº US Unidades de Sentido
Entrevista IV US 15 O cliente percebe a si mesmo e ao outro como
compartilhando a mesma condição humana.
Conclusão
Foram para estes indicadores categorizados nas dimensões intrapsíquica,
interpessoal e transpessoal que apontou este trabalho. Se por um lado não existe, ao
se iniciar o processo psicoterapêutico, um prognóstico pré-definindo para a cura de
uma determinada pessoa, por outro lado, é possível esperar que o cliente faça uma
jornada singular em busca de clareza das suas necessidades e da aquisição da
capacidade para supri-las responsavelmente, estando cônscio tanto da extensão da
sua escolha nos eventos da existência como das repercussões destas no espaço de
convivência e até na comunidade.. Ao terapeuta não cabe fazer julgamento de valor
sobre as necessidades de seus pacientes, sua tarefa é facilitar que cada um atinja a
maturidade que o levará a encontrar os seus objetivos e a lutar por eles dentro dessa
consciência transpessoal. O terapeuta deve estar atento ao risco de incorrer no erro
de uniformizar os clientes, ajustando-os conforme as necessidades e valores culturais
ou do próprio terapeuta.
Foi visto que a melhora do cliente se mostra ao terapeuta à medida que ele
avança especialmente nas demandas intrapsíquica e interpessoal e, secundariamente,
na transpessoal. Estas dimensões são aspectos interdependentes perceptíveis dentro
do processo psicoterapêutico gestáltico com ênfase no dialógico. A ênfase gestáltica
no dialógico não se restringe à relação entre terapeuta-cliente, mas também entre
31
cliente e demais pessoas. Hycner (1995), conceitua esta posição como uma
abordagem vai ao encontro do cliente no nível psicológico em que ele se encontra,
auxiliando-o a ter uma relação mais saudável com o mundo. Este tipo de relação
implica no desenvolvimento da pessoa nas três dimensões fundamentais da
existência humana e referidas nesta pesquisa.
As fases intrapsíquica e interpessoal são percebidas com clareza na terapia. A
dimensão intrapsíquica é normalmente a primeira, quando é explorado o mundo
interno do cliente. A interpessoal vem a seguir, com a construção do entre, uma
realidade inter-humana criada pelo cliente e pelo terapeuta e que é muito mais do que
a soma das realidades dos dois. A saúde existencial do cliente se mostra quando este
consegue equilibrar separação e relação dentro e fora do contexto terapêutico. A
fixação em qualquer um dos pólos significa interrupção do diálogo ou do
crescimento. Jacobs (1997), concorda que o encontro inter-humano é uma dimensão
primordial para o autodesenvolvimento. Esta autora também considera que o
processo terapêutico segue uma linha diretriz partindo das questões intrapsíquicas,
pois à medida que o cliente se organiza internamente, vai se tornando disponível
para a dimensão inter-relacional. No decorrer do processo terapêutico o cliente vai
buscando tipos diferentes de interação com o outro, à medida que ele avança em seu
desenvolvimento. O relacionamento inicialmente estabelecido com o terapeuta vai se
estendendo para além do consultório e se configurando nas demais relações. E, de
acordo com Malaguth (1998), o entre que nasce do contato cliente-terapeuta é a
dimensão espiritual da terapia, por acontecer no âmbito transpessoal que, passando
pelo pessoal, eleva o ser humano além da pessoalidade e o comunga com o universal.
Esta dimensão normalmente surge após as fases intrapsíquicas e interpessoais serem
trabalhadas. É uma dimensão que mais recentemente passou a ser considerada e, por
32
isso, é menos familiar - o que é confirmado nesta pesquisa- e ainda sujeita a
questionamentos. Transpessoal tem a conotação de ir além do individual, sem
suprimir o pessoal. Requer que a pessoa tenha consciência da própria identidade e
que já tenha atingido maturidade suficiente para ir a uma esfera mais ampla sem se
perder. Ao encontrar o sagrado, o ser humano se depara com a unidade do mundo da
qual é parte integrante. Percebe-se mais igual do que diferente dos demais seres
humanos, essa comunhão com o universal aproxima o homem dos seus semelhantes,
tornando o mais apto às relações interpessoais. Os resultados dessa pesquisa revelam,
como foi visto, que a prioridade das terapeutas é pela dimensão intrapsíquica,
seguida da dimensão interpessoal. A dimensão transpessoal não é praticamente
levada em consideração como manifestação de saúde existencial. Entretanto, parece
evidente a um olhar atento, a afirmação de Hycner (1995), que as três dimensões
estão profundamente relacionadas entre si, dando base e sustentação umas às outras.
Referências
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Jacobs (Orgs.), Relação e cura em Gestalt-terapia (pp. 67-94, 199-214). São
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Malaguth, M. (1998). Dimensão Espiritual da Terapia. Revista do IV Encontro
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Perls, F. Hefferline, R. e Goodmann, P. (1951/1998) Gestalt-terapia. São Paulo:
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Petrelli, R. (2001). Fenomenologia, teoria, método e prática. Goiânia: UCG.
Polster, E. & Polster, M. (2001). Gestalt-terapia integrada. São Paulo: Summus.
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Paulo: Summus.
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Gestalt. (pp. 177-199). São Paulo: Summus.
Yontef, G. (1998). Processo, diálogo e awareness. São Paulo: Summus.
36
Anexo A
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIMENTO
Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, em uma
pesquisa desenvolvida no Instituto de Treinamento e Pesquisa em Gestalt-terapia de
Goiânia- ITGT-, chancelado pela Universidade Católica de Goiás.
Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte
do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua, e
a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa, você não será penalizado
de forma alguma. Em caso de dúvida, você pode procurar o Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Católica de Goiás pelos telefones 3227-1071.
Informações sobre a pesquisa:
Título do Projeto: Como a melhora do Cliente se Apresenta ao Gestalt-Terapeuta
Pesquisador Responsável: Maria Eleuza Pereira
Telefone para contato: 62- 8414 0416
Objetivo do Estudo: Identificar os indicadores de melhora do cliente no processo
psicoterapêutico gestáltico.
Procedimento: Entrevista gravada e posteriormente transcrita e analisada
Assinatura da pesquisadora: ___________________________
Assinatura do entrevistado: ____________________________
Data: __________________
Anexo B
Entrevista I
Método Fenomenológico de acordo com Amedeo Giorgi (1985)
Primeira etapa:
Transcrição da entrevista
Segunda etapa:
Unidade de Sentido (US)
Terceira etapa:
Unidades de Sentido
Diretamente Relacionadas
Fragmento 1
“uma das melhoras é quando o cliente traz uma queixa explícita e
depois de um tempo de terapia a gente vê que aquela queixa não
existe mais e, principalmente, quando ele percebe.”
US 1
O cliente supera a queixa ou conflito inicial.
Todas as unidades de
sentido foram diretamente
relacionadas ao tema
estudado.
Fragmento 2
“tem caso que... são queixas amplas, queixas não definidas. Eu
observo que a melhora é quando o cliente vai se tornando
consciente das coisas dele.”
US 2
O cliente torna-se consciente.
Fragmento 3
“ele vai tomando consciência de como ele lida com as coisas
dele... e ao tomar essa consciência ele vai mudando... o fato dele
tomar essa consciência de como é a atitude dele diante do mundo,
atitude dele diante das pessoas, à medida que ele vai tomando
consciência disso, ele consequentemente vai tendo algumas ações
diferentes na vida... só dele tomar consciência e o sentimento dele
mudar, eu considero uma melhora.”
US2
O cliente torna-se consciente.
Fragmento 4
“quando ele mesmo consegue olhar para as coisas dele com um
US 2
38
olhar, não sei se com olhar diferente, crítico, mas quando ele
mesmo consegue identificar o que ele está fazendo... Então
quando o próprio cliente consegue ter atitude sem a intervenção
do terapeuta.”
O cliente torna-se consciente
Unidades de Sentido da Entrevista I
US 1 Superar a queixa ou conflito inicial
US 2 O cliente torna-se consciente
39
Entrevista II
Método Fenomenológico de acordo com Amedeo Giorgi (1985)
Primeira etapa:
Transcrição da entrevista
Segunda etapa:
Unidade de Sentido (US)
Terceira etapa:
Unidades de Sentido
Diretamente Relacionadas
Fragmento 1
“o terapeuta percebe a melhora do cliente no momento em que o
indivíduo começa a agir com independência....quando você percebe o
indivíduo começa a agir sozinho, você percebe o crescimento.”
US 1
O cliente adquire autossuporte (independência).
Todas as unidades de
sentido foram diretamente
relacionadas ao tema
estudado.
Unidades de Sentido da Entrevista II
US 1 O cliente adquire autossuporte (independência).
40
Entrevista III
Método Fenomenológico de acordo com Amedeo Giorgi (1985)
Primeira etapa:
Transcrição da entrevista
Segunda etapa:
Unidade de Sentido (US)
Terceira etapa:
Unidades de Sentido
Diretamente Relacionadas
Fragmento 1
“o cliente é capaz de ... escutar mais... ele escuta melhor o que eu
pergunto.”
US 1
O cliente escuta melhor o terapeuta.
Todas as unidades de
sentido foram diretamente
relacionadas ao tema
estudado.
Fragmento 2
“ele é capaz de significar melhor, detalhar melhor, descrever
melhor, descrever melhor a experiência que está acontecendo com
ele. Para mim o processo psicoterapêutico tem o objetivo de
ressignificar o já significado. Então o cliente chega com
significado envelhecido, já dado, e muitas vezes fora do contexto.
Então ele vai melhorando quando ele vai ressignificando e
contextualizando o que ele está vivendo.”
US 2
O cliente ressignifica a antiga experiência.
Fragmento 3
“ele é capaz de se escutar... Ele começa a ter uma autoescuta.”
“ele (o cliente) mesmo vai buscando descrever, favorecendo a
minha entrada no mundo dele. O paciente chega com um mundo
fechado de significado que nem ele compreende. Ele vai
melhorando quando ele compartilha melhor o significado porque
ele também já compreendeu.”
“a melhora em relação à escuta, eu acho que fazer terapia é se
US 3 O cliente desenvolve a autoescuta.
US 4
O cliente descreve melhor sua experiência.
US 3
41
escutar e quando ele vai se escutando, ele vai escutando os
sintomas e ao escutar os sintomas ele vai compreendendo os
significados dos sintomas no contexto em que ele vive.”
O cliente desenvolve a autoescuta.
Fragmento 4
“quando ele começa a me perceber nas mínimas coisas, às vezes
até o perceber o consultório... Então, além da audição eu percebo a
visão.”
“ele melhora quando ele entra dentro dele e quando ele sai de
dentro dele. Ele entra, entrando no mundo dos significados dele e
ele sai quando ele percebe que tem o outro.”
US 5
O cliente observa melhor o ambiente.
US 6
O cliente começa a perceber o outro.
Fragmento 5
“sair um pouquinho do papel de vítima e ele começa a assumir a
responsabilidade que ele tem.”
US 7
O cliente começa a assumir a responsabilidade
pelas suas próprias escolhas.
Fragmento 6
“ele vai ampliando a percepção dos outros... é como se o universo
fosse se abrindo para ele. Uma cliente minha disse que depois que
ela começou fazer terapia ela é capaz de perceber o mundo
diferente.”
US 6
O cliente começa a perceber o outro.
Fragmento 7
“quando ele é capaz de vislumbrar perspectivas futuras, quando
ele não vive só do passado e nem do presente, mas quando ele
percebe que fazendo isto agora ele tem uma responsabilidade no
futuro ... ele amplia a consciência dele na temporalidade.”
US 8 O cliente amplia a consciência da sua construção do
próprio futuro.
Fragmento 8
“ele se cura, nem é melhora, quando ele inclui a dimensão da
espiritualidade, quando ele resgata a religião dele”
US 9
O cliente desenvolve a espiritualidade e retorna à
sua religião.
Fragmento 9
“Lembrar da terapia em um contexto fora da terapia, para mim, US 10
O cliente vai se tornando o seu próprio terapeuta.
42
significa uma melhora... O cliente melhora quando ele internaliza
as tarefinhas de casa, ele melhora demais quando, além de
internalizar, ele faz as tarefas de casa, além de fazer, ele melhora
mais ainda quando ele traz as tarefas de casa feitas. ...O cliente
melhora quando ele consegue se autoquestionar, a pergunta não
vem mais só do terapeuta... quando ele deixa de ser
héteroquestionado para ser autoquestionado, ele passa a ser um
curioso de si mesmo.”
43
Unidades de Sentido da Entrevista III
US 1 O cliente escuta melhor o terapeuta
US 2 O cliente ressignifica a antiga experiência
US 3 O cliente desenvolve a autoescuta
US 4 O cliente descreve melhor sua experiência
US 5 O cliente observa melhor o ambiente
US 6 O cliente começa a perceber o outro
US 7 O cliente começa a assumir a responsabilidade pelas suas próprias escolhas.
US 8 O cliente amplia a consciência da sua construção do próprio futuro.
US 9 O cliente desenvolve a espiritualidade e retorna à sua religião.
US 10 O cliente vai se tornando o seu próprio terapeuta
44
Entrevista IV
Método Fenomenológico de acordo com Amedeo Giorgi (1985)
Primeira etapa:
Transcrição da entrevista
Segunda etapa:
Unidade de Sentido (US)
Terceira etapa:
Unidades de Sentido
Diretamente Relacionadas
Fragmento 1
“quando começa, de verdade, a considerar a si próprio e ao outro
em suas decisões.”
“Outro passo é fazer escolhas”
US 1
O cliente começa a considerar o outro em suas
decisões.
US 2
O cliente começa a assumir a responsabilidade pelas
suas próprias escolhas.
Todas as unidades de
sentido foram diretamente
relacionadas ao tema
estudado.
Fragmento 2
“tem gente que está muito perdida e devido a isso fica muito
dependente do terapeuta inicialmente e, com o tempo, começa a
decidir as coisas – isso é um crescimento importante... a pessoa
adquire o próprio autossuporte.”
US 3
O cliente adquire autossuporte (independência).
Fragmento 3
“O ponto máximo da terapia é quando o cliente passa a buscar
dentro dele suas respostas, o que Minkowski chama de ação
ética.”
US 4
O cliente atinge a ação ética.
Fragmento 4
“consegue aproximar da própria verdade, o que é verdade para
ela, diminui as introjeções, separa o que é seu e o que é do
outro... A evolução da pessoa na terapia é decorrente da
aproximação com ela mesma. A cada dia fica mais visível o que
ela sente, o que ela pensa e a ação dela fica mais coerente, pois
US 5
O cliente supera as introjeções.
45
ela se aproxima de sua verdade. Ela separa o que é dela e o que
não é e assume o que é dela. Tem coisas fáceis de aceitar e coisas
difíceis, complicadíssimas, mas são dela e ela aprende a lidar
com aquilo.”
“a pessoa na terapia acaba tendo uma maior aceitação de suas
verdades... aceitação de si e do outro.”
US 6
O cliente passa a aceitar e respeitar a si mesmo e ao
outro.
Fragmento 5
“a pessoa desenvolve e aumenta suas condições de dialogar. No
começo o cliente tem muita dificuldade de dialogar, ele não dá
conta de falar o que pensa e sente, pois na verdade nem sabe ao
certo seus pensamentos e sentimentos e com o tempo o cliente se
conhece melhor e aí consegue ter esse diálogo. É uma evolução e
o cliente começa a perceber que sua fala provoca alguma coisa
no outro e se torna mais responsável ao assumir sua fala... Ao se
conhecer fica mais claro para o cliente defender o que ele
acredita, o que ele pensa e fica até mais fácil abrir mão de algo...
dá conta tanto de defender suas decisões de maneira mais
veemente quanto abrir mão, ceder.”
“O que o outro fala passa a ser muito mais importante até porque
a escuta passa a ser muito mais tranquila.”
US 7
O cliente desenvolve o diálogo nas suas relações.
US 8
O cliente desenvolve a escuta em suas relações.
Fragmento 6
“A medida que a pessoa se enxerga, ela passa a ter um
sentimento de pertencimento e isso possibilita uma maior
revelação de sua pessoa. Fala com mais tranquilidade suas coisas,
seus sentimentos ao perceber não é único nesse mundo. É um
pertencimento à raça humana. Eu tenho isso e outras pessoas
também têm.”
US 9
O cliente percebe a si mesmo e ao outro como
compartilhando a mesma condição humana.
US 6
46
“A pessoa passa a ter consideração e respeito por ela e pelo
outro. Com isso ela fica mais humilde.”
“Aumenta-se a clareza das coisas e também a humildade, diminui
sua necessidade de provar um monte de coisa para várias
pessoas. Ela pode ser ela mesma... É adquirir uma tranquilidade
em sua existência... diminui um pouco a vaidade.”
O cliente passa a aceitar e respeitar a si mesmo e ao
outro.
US 10
O cliente adquire paz e tranquilidade existencial.
Fragmento 7
“capacidade de ressignificar sua história.”
US 11
O cliente ressignifica a antiga experiência.
Fragmento 8
“a pessoa consegue viver no aqui e agora... O futuro fica em cima
de projetos, e não de fantasias.”
US 12
O cliente consegue viver no aqui e agora.
Fragmento 9
“começa a ter relações mais saudáveis porque o diálogo
restaurou, seu autoconhecimento aumentou, sua humildade é
verdadeira, sua escuta é mais atentiva, sua fala mais assertiva.
Com essas atitudes a pessoa incentiva relações mais saudáveis,
tanto no trabalho quanto no ambiente familiar.”
US 7
O cliente desenvolve o diálogo nas suas relações.
Fragmento 10
“ela consegue enfrentar o mundo, consegue enfrentar ela mesma,
as coisas dela... Olhar para a realidade, olhar para a circunstância
e perguntar o que eu posso fazer?... A pessoa consegue se ajustar
no mundo criativamente. Esse ajustamento, esse jeito de viver da
melhor forma possível naquele momento é alcançado na terapia.”
US 13
O cliente consegue se ajustar criativamente ao
mundo.
Fragmento 11
“ela vai ampliando o contato e nessa ampliação de contato vai
tendo mais consciência... vai tendo uma forma mais organizada
US 14
O cliente torna-se consciente.
47
das coisas dela e vai tendo a awareness.”
Unidades de Sentido da Entrevista IV
Expressões Psicológicas Unidades de Sentido
US 1 O cliente começa a considerar o outro em suas decisões.
US 2 O cliente começa a assumir a responsabilidade pelas suas próprias escolhas.
US 3 O cliente adquire autossuporte (independência).
US 4 O cliente atinge a ação ética.
US 5 O cliente supera as introjeções.
US 6 O cliente passa a aceitar e respeitar a si mesmo e ao outro.
US 7 O cliente desenvolve o diálogo nas suas relações.
US 8 O cliente desenvolve a escuta em suas relações.
48
US 9 O cliente percebe a si mesmo e ao outro como compartilhando a mesma condição humana.
US 10 O cliente adquire paz e tranquilidade existencial.
US 11 O cliente ressignifica a antiga experiência.
US 12 O cliente consegue viver no aqui e agora.
US 13 O cliente consegue se ajustar criativamente ao mundo.
US 14 O cliente torna-se consciente.
49
Entrevista V
Método Fenomenológico de acordo com Amedeo Giorgi (1985)
Primeira etapa:
Transcrição da entrevista
Segunda etapa:
Unidade de Sentido (US)
Terceira etapa:
Unidades de Sentido
Diretamente Relacionadas
Fragmento 1
“a pessoa fica mais em paz.”
“a pessoa vai tendo um melhor conhecimento de si,
vai vivendo sob uma perspectiva diferente.”
“começa a se observar no relacionamento com as
outras pessoas.”
US 1
O cliente adquire paz e tranquilidade existencial.
US 2
O cliente torna-se consciente.
US 3
O cliente começa a observar os seus relacionamentos.
Todas as unidades de
sentido foram diretamente
relacionadas ao tema
estudado.
Fragmento 2
“ter uma aceitação maior de si mesma, tanto das suas
limitações, daquilo que ela realmente não dá conta,
quanto em relação às suas possibilidades, às suas
potencialidades.”
“Ela começa a ver alternativas que antes ela não via,
ela começa a ver os próprios problemas sob uma
perspectiva mais ampla do que via antes.”
“a pessoa começa a estar mais disponível, a energia
dela sai desse conflito e fica mais disponível para agir
em prol dela mesma, para ela fazer coisas tanto em
relação a si mesma quanto em relação ao mundo que
ela vive, coisas que a façam se sentir melhor. ... ter
US 4
O cliente obtém autoaceitação e autorrespeito.
US 2
O cliente torna-se consciente.
US 5
O cliente supera a queixa e o conflito inicial.
50
um sofrimento menor, acho que o sofrimento, a dor
em si diminui.”
Fragmento 3
“a pessoa trabalha muito fora, ela não fica com a
terapia só aqui no consultório... ela dá conta de levar a
terapia lá para fora, com as pessoas que ela vive. É
como se ela pegasse o comando da própria vida, ela
vai mudando, tomando posse das coisas que ela pode
fazer, das coisas que ela não pode e ela vai mudando,
se vê diferente.”
US 6
O cliente vai se tornando o seu próprio terapeuta.
Fragmento 4
“De se respeitar, de se olhar no espelho e ela pode até
não gostar, mas de se respeitar.”
“aparece a aceitação a possibilidade de escolher, de
não ser simplesmente empurrada pela vida. A pessoa
toma mais posse de si e das suas escolhas.”
US 4
O cliente obtém autoaceitação e autorrespeito.
US 7
O cliente começa a assumir a responsabilidade pelas suas
próprias escolhas.
Fragmento 5
“a própria pessoa vai percebendo que está melhor, as
pessoas vão percebendo que ela está melhor... Um
indicativo concreto que a pessoa está bem é quando
ela percebe que está bem e eu também percebo.”
“As pessoas que ficam muito tempo em terapia
suportam melhor as ausências, as férias, as
interrupções. O que eu quero dizer com isso é que,
quando é necessário, elas ficam bem longe da terapia
e voltam sem sofrimento, porque para algumas
US 2
O cliente torna-se consciente.
US 6
O cliente vai se tornando o próprio terapeuta.
51
pessoas é muito sofrido voltar.”
Unidades de Sentido da Entrevista V
US 1 O cliente adquire paz e tranquilidade existencial.
US 2 O cliente torna-se consciente.
US 3 O cliente começa a observar os seus relacionamentos.
US 4 O cliente obtém autoaceitação e autorrespeito.
US 5 O cliente supera a queixa e o conflito inicial.
US 6 O cliente vai se tornando o seu próprio terapeuta.
US 7 O cliente começa a assumir a responsabilidade pelas suas próprias escolhas.
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