história de ms povoamento

Post on 30-Jun-2015

1.362 Views

Category:

Documents

0 Downloads

Preview:

Click to see full reader

TRANSCRIPT

História de MS – Povoamento:

O Vice-reinado do rio da Prata e o Paraguai:

• A história colonial sul-matogrossense, entretanto, permanecia muito ligada à busca pela prata no Peru. Com a destruição do Império Inca e o sucesso da exploração da prata em território peruano através do porto de Lima, a região do Rio da Prata do império espanhol encontrava-se decadente e suscetível aos portugueses.

• Uma vez que estes se expandiam ao Uruguai, em abril de 1776 o rei Carlos III de Espanha ordenou que o governador do Rio da Prata, Pedro Antônio de Cevallos, pensasse em uma maneira de desenvolver a região de Buenos Aires.

• A resposta foi a tomada da Colônia do Sacramento dos portugueses e a criação do Vice-reinado do rio da Prata, que continha praticamente os territórios dos atuais países da Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai, além de uma parte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.

• Com as guerras napoleônicas, no entanto, e o ataque inglês a Buenos Aires, no início da década de 1810, o vice-reinado do Rio da Prata se desfez. O sudoeste sul-matogrossense, por sua vez, passou a fazer parte do Paraguai, que declarou sua independência da Espanha em 15 de maio de 1811.

• A frente colonizadora da família Garcia Leal no Bolsão Sul-Mato-Grossense:

• No ano de 1829, uma expedição enviada por João da Silva Machado, Barão de Antonina, e chefiada pelo sertanista Joaquim Francisco Lopes, visando a expansão dos campos de pecuária do vale do Rio São Francisco, atravessou o Rio Paraná e fez contato com os índios Ofaiés, que eram dóceis, na região da atual Três Lagoas.

• Também faziam parte dessa entrada Januário Garcia Leal Sobrinho, seus irmãos e outros sertanistas. Januário Garcia Leal Sobrinho e sua família permaneceram, aproveitando a oportunidade, no leste sul-matogrossense, fundando o Arraial de Sete Fogos, que mais tarde se tornaria Paranaíba.

Os irmãos Lopes e a ocupação dos Campos de Vacaria:

• Quanto à família Lopes, dos irmãos Joaquim Francisco e José Francisco Lopes, adentrou com outros colonizadores o sul de Mato Grosso. Iniciou-se, assim, em 1830, o povoamento de fato das terras que hoje constituem o atual Mato Grosso do Sul, dando um novo impulso a antigas povoações como

• Miranda, Corumbá e ao Arraial de Belliago, que se tornou Coxim. Data dessa época, também, o primeiro movimento migratório para a região da colônia de Dourados - Rio Brilhante, nos "Campos de Vacaria", seria inicialmente ocupada em 1835 por Antônio Gonçalves Barbosa.

Desentendimentos quanto ao território:

• O Governo Central sabia da situação complicada das fronteiras do sul matogrossense, então em 1839 o Almirante Augusto Leverger, Cônsul-Geral do Brasil, foi nomeado com o intuito de estabelecer boas relações com o Paraguai.

• Esse cargo, Leverger só o aceitou em 1843, e já no ano seguinte os dois países iniciaram conversações sobre a navegação do Rio Paraguai. Essa tentativa, no entanto, fracassou, uma vez que o Brasil não revelou em tempo sua visão sobre os limites fronteiriços.

• A partir de então, Bolívia e Paraguai passaram a reivindicar as terras ocupadas por brasileiros, e medidas foram tomadas por parte do Governo Central brasileiro a fim de evitar qualquer movimentação que viesse a ameaçar o território do país.

• Em 1850, aconteceu a solenidade de fundação do forte no sopé do morro chamado Pão de Açúcar. Ainda nesse ano, Carlos Antonio López, governante paraguaio, cercou essa construção e abriu fogo contra ela, obrigando os soldados a se retirarem. Os índios guaicurus, que viviam nas proximidades e eram inimigos dos paraguaios, tentaram

• socorrer os brasileiros, porém tudo já havia sido destruído. Revoltados, os guaicurus então subiram o Rio Paraguai e atacaram o Forte Olimpo.

Índios Guaicurus:

Forte Olimpo:

• Em 6 de abril de 1856, Brasil e Paraguai puseram termo aos desentendimentos, dilatando a questão por dois anos. Em 1858, a missão Rio Branco, de José Maria da Silva Paranhos, Visconde Rio Branco, foi a Assunção firmar uma convenção que liberava a navegação dos rios Paraguai e Paraná para os navios de guerra do Paraguai e do Brasil.

• Nessa ocasião, porém, a questão dos limites foi adiada. Estas seriam as últimas negociações entre os dois países, pois seis anos depois Francisco Solano López, ditador paraguaio, executaria a invasão das terras disputadas.

• A situação na Bacia Platina, que ditaria os rumos no sul matogrossense, agravar-se-ia ainda mais devido a acontecimentos no Rio Grande do Sul e Uruguai. A então província do Rio Grande do Sul permanecia instável desde o fim da Revolução Farroupilha, uma vez que esta terminara por negociação política e não por uma derrota armada infligida pelo Governo Imperial aos revoltosos.

• Simultaneamente, o Uruguai encontrava-se em guerra civil, os blancos do partido do então presidente Atanásio da Cruz Aguirre tentando sufocar a oposição dos colorados, partido de Venâncio Flores. Com o agravamento dos conflitos no Uruguai,

• tornaram-se comuns perseguições e saques que atravessavam a fronteira ao território brasileiro, uma vez que eram numerosas as famílias de origens brasileiras naquele país. Após o ultimato feito pelo Governo Imperial ao presidente Aguirre para que ele consertasse a situação, ultimato este que não

• foi aceito, Dom Pedro II, a pedido de Venâncio Flores, enviou o Exército Brasileiro para estabilizar aquele país.

• Em pouco mais de nove meses, a operação das tropas imperiais brasileiras pacificou o Uruguai e depôs Atanásio da Cruz Aguirre, em episódio que levou o nome de Guerra contra Aguirre.

A Guerra do Paraguai:

• O ditador paraguaio Solano López, no entanto, utilizou a intervenção no Uruguai como motivação para o sequestro do navio brasileiro Marquês de Olinda e a captura do presidente da província de Mato Grosso, Frederico Carneiro de Campos.

Solano Lopez:

Marquês de Olinda:

• Pouco mais de um mês depois, as tropas paraguaias invadiram o território do sul matogrossense, antes mesmo de uma declaração formal de guerra ao Brasil. Na verdade, Solano López e suas tropas tinham em mente uma política expansionista, e pretendiam criar o "Paraguai Maior",

• anexando regiões da Argentina, do Uruguai e do Brasil, como Rio Grande do Sul e Mato Grosso, e ganhar acesso ao Oceano Atlântico, fator tido como imprescindível para a continuação do progresso econômico do Paraguai.

• Prova disto é o fato de que, em fins do ano de 1863, um estrategista de alto gabarito paraguaio, disfarçado de fazendeiro, tinha sido enviado a Corumbá para “conhecer” os campos do sul e suas fazendas de gado.

• Assim, em dezembro de 1864, o sul de Mato Grosso, na colônia de Dourados, foi invadido pelo próprio espião Isidoro Resquin, que desta vez possuía uma numerosa guarnição consigo. Foi de Resquin, conhecedor do valor das tropas brasileiras desde seus trabalhos de espionagem, a seguinte frase: "Si todos los brasileiros son valientes así, mía no és un simples paseo militar".

Isidoro Resquin:

• De fato, havia uma guarnição de soldados sob o comando do herói Antônio João Ribeiro à espera das tropas Os brasileiros lutaram até o último soldado ter perdido a vida, só então tendo sido possível às tropas paraguaias avançarem.

Tenente Antônio João:

• Durante a Guerra do Paraguai, quando o Brasil se uniu à Argentina e ao Uruguai para combater o Paraguai, o sul matogrossense foi palco de alguns de seus mais dramáticos episódios.

• Após ter sido aprisionada no Rio Paraguai a Canhoneira Amambaí, pertencente à Marinha do Brasil, e uma vez declarada a guerra, após a

• invasão do sul matogrossense pelo exército paraguaio, o Governo Imperial brasileiro enviou um contingente militar terrestre para combater os invasores em Mato Grosso.

• Em abril de 1865, uma coluna partiu do Rio de Janeiro e se juntou a reforços em Uberaba, percorrendo mais de dois mil quilômetros a pé até alcançar Coxim. Essa cidade, no entanto, estava deserta e tinha sido saqueada, o mesmo tendo ocorrido em Miranda e em outros povoamentos do sul matogrossense.

• Suas populações, ou haviam fugido, ou sido mortas, ou levadas reféns para o Paraguai, onde executaram trabalhos forçados.

• Enfrentando adversidades, a exaustão e a falta de alimentos, que não encontravam nas cidades abandonadas, as tropas do Exército do Brasil somente resistiram graças às doações feitas por José Francisco Lopes do gado de sua própria família para alimentá-los, já nos limites do território brasileiro.

• José Francisco Lopes, que tivera a família sequestrada pelos paraguaios, fizera-se voluntário e guiava as tropas brasileiras, graças ao seu conhecimento do território. Mesmo com sua ajuda, no entanto, era grande a perda de brasileiros.

• Dos 2.780 homens que originalmente faziam parte daquele destacamento, em janeiro de 1867, quando alcançaram a fronteira paraguaia, restavam somente 1.680. Nesse mesmo mês, o coronel Carlos de Morais Camisão assumiu o comando da coluna e invadiu o território paraguaio.

Coronel Carlos Camisão:

• Os brasileiros conseguiram penetrar até Laguna, a qual alcançaram em abril. Longes das linhas brasileiras e sem mantimentos para o sustento das tropas, afligida por doenças como cólera, tifo e beribéri, a coluna do Exército brasileiro teve de se retirar

Beriberi:

Cólera:

Tifo:

• sob os constantes ataques da cavalaria paraguaia, que utilizavam táticas de guerrilha à moda indígena, infligindo perdas severas aos brasileiros. Nessa retirada, no entanto, a atuação do Guia Lopes foi vital para impedir um total massacre dos brasileiros.

José Francisco Lopes:

Retirada da Laguna:

• Mostrou os caminhos aos soldados brasileiros por terras sul-matogrossenses e despistou o inimigo em um terreno difícil. Entre os brasileiros se encontrava o Visconde de Taunay, que mais tarde escreveria um livro sobre o assunto. Somente 700 homens sobreviveram, mas sem o Guia Lopes poderiam ter morrido muitos mais.

Visconde de Taunay:

• Quando terminou a Guerra do Paraguai em 01 de março de 1870, o sul matogrossense se encontrava chacoalhado pela convulsão social. O processo de povoamento, que começava a se acelerar na primeira metade do século XIX, estava parado na maioria das cidades.

• No centro, oeste e sul do atual estado de Mato Grosso do Sul, encontravam-se propriedades e povoados abandonados ou destruídos, estando as populações dispersas e abatidas pela fome, miséria e doenças.

• A única região em que a vida continuou a um passo regular foi a região leste e nordeste do estado, onde a frente colonizadora da família Garcia Leal e seus agregados aos poucos se expandia ao sul da cidade de Paranaíba para na década de 1880 colonizar o município de Três Lagoas.

• Ao contrário do que aconteceu no restante das terras sul-matogrossenses, as propriedades desta região nunca se encontraram devolutas ou improdutivas porque a guerra nunca chegou até ali. Foi por esse motivo que, estando essas terras ocupadas, as próximas frentes colonizadoras a entrar no sul de Mato Grosso não se demoraram nesta área, muito embora fosse muito atraente do ponto de vista econômico.

• não se demoraram nesta área, muito embora fosse muito atraente do ponto de vista econômico. Durante a Retirada da Laguna, por exemplo, o próprio Visconde de Taunay demorou-se na vila de Paranaíba, onde encontrou em Jacinta Garcia Leal inspiração para escrever seu livro Inocência.

• É necessário lembrar, no entanto, que mesmo esta pacata vila sofreu com os males do conflito no Paraguai, entre eles doenças como a lepra, que infestaram a região e com a qual a própria Jacinta Garcia Leal estava contaminada.

Lepra:

Reocupação do centro, oeste e sul de Mato Grosso do Sul:

• Uma vez terminada a Guerra do Paraguai, aqueles soldados que no sul matogrossense haviam estado passaram a relatar, ao retornarem a suas províncias de origem, as gigantescas terras de vacarias existentes em Mato Grosso.

• Iniciou-se, assim, um massivo processo de migração regional para a área, com povoadores sobretudo vindos de províncias como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Bahia. Datam deste período a ocupação, por exemplo, de municípios como Campo Grande e Sidrolândia, assim como a reocupação da área de Dourados.

• Nessas localidades, estabeleceram-se extensas fazendas de pecuária que faziam uso do pasto nativo existente na região. O próprio nome "Campo Grande", por exemplo, alude aos largos campos de vacaria, ou seja, pradarias, com vegetação gramínea ideal para a criação de gado.

Campos de Vacaria:

• Nessa área estabeleceu-se José Antônio Pereira com seu filho Antônio Luiz, os escravos João Ribeira e Manoel e o sertanista Luiz Pinto Guimarães. Vindos por Goiás, passaram pelo atual município de Costa Rica, próximo à frente colonizadora dos Garcia Leal, e adentraram o sul matogrossense até sua área central, na confluência dos córregos Segredo e Prosa.

Campo Grande:

Museu José Antônio Pereira:

• Assim, em meio à falta de perspectiva que abatia o sul matogrossense, criavam-se oportunidades para guinadas nos rumos, especialmente devido à presença de terras férteis em grande quantidade e às possibilidades de atividades extrativas.

• O crescente comércio internacional foi fator predominante para a reocupação da fronteira oeste brasileira, feita possível pelos dois primeiros ciclos econômicos sul-matogrossenses: o ciclo da erva-mate e o ciclo do gado.

Erva Mate:

A Companhia Matte Larangeira e a República Velha:

• No ano de 1872, a uma comissão mista formada por brasileiros e paraguaios coube redesenhar os limites entre os dois países, tarefa que nunca havia sido completada anteriormente à guerra. Nesse processo de remarcação de fronteiras esteve presente

• Thomás Larangeira, que acompanhava um envolvido nas negociações que era seu patrão. Assim, foi possível a Thomás Larangeira conhecer bem a área de fronteira, onde, em meio a terras indígenas e devolutas, encontrou extensos ervais nativos de Ilex paraguariensis, a erva-mate.

Ervais:

Erva Mate:

• Concessão para atividades extrativas em terras devolutas – o início:

Thomaz Larangeira:

• Quando do final dos trabalhos de demarcação, no ano de 1874, Thomás Larangeira trouxe do Rio Grande do Sul especialistas em erva-mate para que pudesse dar início aos trabalhos nos ervais, tendo contratado, também, mão-de-obra paraguaia.

• Dez anos mais tarde, por intermédio do Barão de Maracaju, recebeu a concessão para explorar legalmente aquelas terras, que até então encontravam-se devolutas. A autorização deu-se pelo Decreto nº 8,799 do Governo Imperial, datando de 9 de setembro de 1884 e assinado por Dom Pedro II.

• Dada a facilidade em se encontrar mercados consumidores, principalmente o Uruguai e a Argentina, e o fato de não existir muitos gastos na lida da erva-mate, o negócio mostrou-se, desde o começo, muito lucrativo.

top related