fundamentos teÓrico- metodolÓgicos histÓria · apoio à educação pré - escolar – programa...
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FUNDAMENTOS TEÓRICO- METODOLÓGICOS HISTÓRIA
QUE É HISTÓRIA? ―A história deve ser pensada no duplo sentido do termo: como experiência
humana e como sua própria narração, interpretação e projeção. Essa experiência
não se modifica enquanto passado. O que se modifica é a investigação sobre ela, de
acordo com as problemáticas que o investigador se coloca no presente, que
envolvem sua própria experiência de vida e as concepções das quais parte‖.
(VIEIRA; et ali, 2000, p. 29).
O segundo sentido destacado na citação refere-se ao conhecimento da
História no âmbito da ciência. Como ciência, a História define historicamente o seu
objeto, o qual se estabelece de acordo com o tempo e contexto social de
determinada sociedade.
Atualmente, o objeto de estudo da História parte do conhecimento humano
que busca compreender e explicar o conjunto das experiências humanas realizadas
por todas as pessoas, coletivamente, ao longo do tempo em diferentes sociedades.
Pois, tanto os homens, as mulheres, as crianças, os grupos indígenas, os africanos,
os americanos, os asiáticos, a classe trabalhadora, a classe dominante, participam
da construção da história. Entendendo que esses sujeitos devem ser apreendidos
em suas diferentes relações sociais: trabalho, lazer, família, escola, costumes, etc.
Assim, não se encontra como objeto de estudo os fatos, os heróis, as datas
comemorativas de forma isolada e descontextualizada como fora estabelecido nos
currículos em outros tempos.
Portanto, a forma como o objeto de estudo é determinado como conteúdo
escolar depende dos objetivos, das intenções estabelecidas e da função que se quer
que ela tenha em relação aos indivíduos, a cultura e a sociedade na qual se está e
aquela que se almeja.
Outro fator importante a ser ressaltado é a análise que os historiadores fazem
dos documentos históricos. Essas fontes revelam os vestígios coletivos que mostram
a história dos povos, suas crenças, seus valores, seus comportamentos, enfim,
como as pessoas viveram em outros tempos.
O
Nesse entendimento, a História como disciplina se ocupa dos procedimentos
metodológicos para o estudo dessas diferentes sociedades, abandonando a visão
dos heróis, das datas comemorativas, dos fatos isolados; para aprender a história de
todas as pessoas, de todos os sujeitos históricos1.
No caso da Educação Infantil o objetivo é desenvolver na criança uma
perspectiva de identidade individual e coletiva, de noção de tempo e de documento
histórico. Que a criança reconheça, por exemplo, que desde o nascimento os
sujeitos traçam seus percursos, que parte de suas ações são registradas em
documentação pessoal, outras coletivamente e que essas ações sofrem
transformações ao longo do tempo, pois as pessoas mudam constantemente e isto é
válido também para a sociedade, nada permanece igual. Essas alterações são
decorrentes das ações, pois todos são sujeitos e agentes históricos.
ISTÓRIAS DO ENSINO DE HISTÓRIA
A história, como disciplina curricular, surgiu no sistema público de ensino
francês no século XIX no contexto das lutas burguesas, do nacionalismo, da
formação dos ―Estados-Nação‖ e do enfrentamento, pelos segmentos dominantes,
às reivindicações proletárias feitas na Comuna de Paris2.
O conteúdo da disciplina centrava-se na formação do cidadão para a pátria.
Sendo assim, no momento em que a educação passou a ser um direito de todos
numa perspectiva laica, universal, gratuita e obrigatória, o conhecimento histórico
escolar serviu, justificou e consolidou os ideais nacionalistas no século XIX.
No Brasil, a História como disciplina escolar se efetivou com a criação do
Colégio Pedro II3 em 1838. Neste mesmo ano surgiu a História enquanto disciplina
1 1
SUJEITOS HISTÓRICOS: indivíduos, grupos ou classes sociais participantes de acontecimentos e
repercussão coletiva e/ou imersos em situações de luta por transformações ou permanências. Atores sociais que consciente ou inconscientemente, agem e transformam a sua realidade.
2 Nome dado à primeira experiência histórica de um governo proletário, ocorrida entre março e maio de 1871,
na França. UOL EDUCAÇÃO. 3 Instituição de ensino superior do Rio de Janeiro fundada em 1739. Foi convertido em instituição de ensino
secundário, sob a denominação de Colégio Pedro II em 1837.
H
e enquanto História Acadêmica, onde foi criado IHGB (Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro). Enquanto o Colégio foi criado para formar os filhos da
nobreza da Corte do Rio de Janeiro e prepará-los para exercício do poder, cabia ao
Instituto construir a genealogia nacional, ou seja, tratava-se da ―(...) necessidade de
retornar-se ao passado, com objetivo de identificar ‗a base comum‘ formadora da
nacionalidade. Daí os conceitos tão caros às histórias nacionais: Nação, Pátria,
Nacionalismo, Cidadania‖. (NADAI, 1986, p. 106).
Esse ensino tinha como objetivo criar uma identidade nacional homogênea
em torno de um Estado politicamente organizado. Assim, segundo NADAI (1993,
p.146)
(...) a história inicialmente estudada no país foi a História da Europa Ocidental, apresentada como verdadeira História da Civilização. A História pátria surgia como seu apêndice, sem um corpo autônomo e ocupando papel extremamente secundário. Relegado aos anos finais dos ginásios, com número ínfimo de aulas, sem uma estrutura própria, consistia em um repositório de biografias de homens ilustres, de datas e batalhas.
Os conteúdos selecionados de História do Brasil tinham como referência a
produção historiográfica do IHGB e, como a historiografia européia enfatizava a
história da nação.
Havia uma profunda relação entre as duas instituições supracitadas. Os
membros do IHGB eram professores do Colégio D. Pedro II. Até metade do século
XIX eram nestes espaços que produziam os conhecimentos históricos.
A partir de 1860 a História Nacional apareceu sistematicamente nos
currículos, tendo como conteúdos seus heróis e datas históricas. O sentido patriótico
das propostas curriculares enfatizava valores e comportamento cívico, como por
exemplo, a obediência às leis.
Com a Lei 5.692/71 que reformulou o ensino de 1º e 2º graus, os conteúdos
de História e Geografia para as séries iniciais foram substituídos pelos Estudos
Sociais que englobavam ainda, a Educação Moral e Cívica e os conteúdos de
História permaneceram no Segundo Grau (denominação extinta). A concepção que
orientava a seleção e organização dos conteúdos priorizava uma visão harmônica
da sociedade. O objetivo era preparar a criança para a cooperação nos grupos
sociais de convivência e para o cumprimento dos deveres com a Comunidade, o
Estado e a Nação.
O programa impunha um ensino diretivo, acrítico, no qual o passado aparecia
como uma sucessão linear de fatos de caráter político-institucional, livre de conflitos.
As desigualdades sociais eram tratadas como fatos universais e naturais.
A classe dominante tentava contar a história da sua forma, selecionando nos
materiais e currículos o que devia ser escrito, os agentes sociais que deveriam ser
lembrados, os que deveriam ser extintos da memória social. Procurava ocultar as
diferenças e contradições das relações sociais.
O fim da ditadura militar4 e a redemocratização do país, na década de 1980,
marcaram a retomada do ensino de História como campo específico do saber
escolar. Os debates e discussões dos professores de todos os níveis colocaram
novos problemas e a necessidade da reestruturação dos conteúdos e metodologias,
objetivando um ensino de história mais crítico, dinâmico, participativo, que
superasse a linearidade, o mecanicismo, o factualismo5 e o ufanismo6 nacional,
trazendo a tona aspectos, fatos, agentes sociais que permitem demonstrar tramas
de dominação.
Na Educação Infantil é possível destacar propostas como o Currículo Básico
para a Escola Pública do Estado do Paraná e o Projeto Araucária - Centro de Apoio
à Educação Pré - escolar.
Este último, em sua primeira fase, de julho de 1985 a dezembro de 1988,
atuou como parceiro do SESI e Prefeituras de Curitiba e Rio Branco do Sul, tendo
como objetivo a implantação de uma proposta curricular para as crianças da
educação infantil.
De janeiro de 1989 a dezembro de 1992, o Projeto Araucária - Centro de
Apoio à Educação Pré - escolar – Programa de Extensão da Universidade Federal
do Paraná desenvolvido com apoio da Fundação Bernard Van Leer, da Holanda, se
4 O Brasil foi governado pelos militares de 1964 a 1985. Esse período foi marcado pelo autoritarismo e
ausência de democracia. 5 Segundo Dicionário da UNESP é a Fidelidade aos fatos.
6 Ufano provém da língua espanhola e significa a vanglória de um grupo arrogando a si méritos
extraordinários. Portanto, no caso do Brasil, pode-se afirmar que o ufanismo é a atitude ou posição tomada por determinados grupos que enaltecem o potencial brasileiro, suas belezas naturais, riquezas e potenciais.
transformou na base para todo o trabalho com Nível supracitado: ofertava curso de
aperfeiçoamento aos profissionais que atuavam na Educação Infantil; elaboravam e
implantavam proposta pedagógica (0 a 6 anos), produziam material didático
pedagógico e realizavam pesquisas.
Pode-se dizer que na Educação Infantil o aprendizado constituía-se em
temas, muitas vezes fragmentados, tais como: Casa, Eu me Conheço, Folclore,
Páscoa, Natal, ou seja, a base era um trabalho com as ―datas comemorativas‖.
Próximo a comemoração, como por exemplo, o Dia do Índio, realizava-se várias
atividades com esta temática: cocar, colar, cartaz, pintura no rosto das crianças.
As atividades eram previamente definidas, trazendo passo a passo as
atividades a serem desenvolvidas, predominando um trabalho com desenhos
mimeografados, colagem de materiais (feijão, raspa de lápis, lã, etc.), as quais
muitas vezes eram repetidas ano após ano.
Segue abaixo exemplo de atividades da apostila do Projeto Araucária:
Acer vo CMEI Anjo da Guarda - Piraquara
Observa-se que as atividades em geral não apresentavam função social, não
auxiliavam a criança a apreender a realidade histórica.
Entretanto, o Projeto Araucária foi uma experiência inovadora no contexto em
que foi idealizado, pois, até aquele momento não existia uma proposta
sistematizada, ele representou a superação do assistencialismo.
Mas atualmente precisa-se pensar em uma educação que possibilite um
aprendizado ativo, como na disciplina de História, por exemplo, onde a criança
estabeleça as relações de semelhanças, diferenças; permanências e mudanças,
desenvolvendo um pensar histórico, mesmo que genuíno sobre a realidade.
Entende-se que cada sociedade expressa sua organização, suas contradições e
transformações humanas no decorrer do processo histórico. Nesta relação todos os
sujeitos apropriam-se de conhecimentos, valores, atitudes e hábitos, necessários
para sobreviver na sociedade7. Isso é aprendizado.
Desde o nascimento do bebê o desenvolvimento da emoção, da afetividade,
da imaginação, da memória, da linguagem, entre outros, progride através da
mediação social e da influência do meio que a criança está inserida, ou seja, a
7 Aqui entendida como as diferentes formas de organização que os seres humanos concretizam para tornar
possível a existência.
criança internaliza na relação com as pessoas, com os objetos, com os sentimentos,
com as emoções, constituindo-se enquanto sujeito com personalidade própria, mas
que faz parte das relações presentes em um grupo. Portanto, à medida que a
criança aprende, ela se desenvolve.
A cada momento que ela se desenvolve ela estabelece uma forma específica
de se relacionar com o mundo que a cerca. Não que ela abandone formas antigas,
mas estas deixam de predominar e coexistem com outras. Como por exemplo: a
criança de 0 a 1 ano estabelece relação com o mundo através da comunicação
emocional, ela necessita do adulto para manter a sua sobrevivência. Depois desta
idade, até por volta dos 3 anos predomina o contato com os objetos, ela ainda
necessita do adulto, mas não da forma que necessitava, ela já consegue ser sujeito
de algumas ações.
Portanto, é fundamental entender a relação colocada por Vigotsky8 (1896-
1934) e seguidores como Davidov9 (1930-1988), Leontiev10 (1903-1979), sobre a
origem e desenvolvimento do psiquismo, processos intelectuais, emoções,
consciência, atividade, linguagem, desenvolvimento humano e aprendizado, bem
como, as situações de aprendizado que devem predominar e quais devem coexistir
na disciplina de História em cada fase de desenvolvimento.
Isto dará clareza quanto o nível de aprofundamento nesta área do
conhecimento.
8 Lev Semenovitch Vygotskyij, sendo o sobrenome também transliterado como Vigotski, Vygotski ou Vigotsky)
Pensador importante em sua área, foi pioneiro na noção de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais e condições de vida.
9 Vasili Vasilievich Davydov, (1930- 1998) membro da Academia de Ciências Pedagógicas, doutor em
psicologia. Pertence à terceira geração de psicólogos russos e soviéticos.
10 Alexei Nikolaevich Leontiev (em russo: Алексей Николаевич Леонтьев) (1903 — 1979) foi um psicólogo
russo. A partir de 1924, depois de graduar-se em Ciências Sociais, aos vinte anos, Leontiev passou a trabalhar com Lev Vygotsky. Foi relevante a sua participação na proposição de construção de uma psicologia cultural-histórica. Morreu de ataque cardíaco em 1979.
ARA QUE SERVE O ENSINO DE HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL?
Na Educação Infantil o aprendizado histórico é fundamental para desenvolver
a consciência histórica das crianças11 pequenas. De acordo com Rüsen (2001), a
consciência histórica é uma dimensão da consciência humana, na qual se relaciona
o passado, presente e futuro, ou seja, as noções de tempo se relacionam quando se
explica qualquer acontecimento para uma pessoa. Por exemplo, no Conselho de
Classe (Pré-Conselho) quando se descreve o aprendizado de uma criança e retoma-
se a prática baseada no PTD (Plano de Trabalho Docente) busca-se superar a
dificuldade de conteúdo ou aprendizado do mesmo, projetando futuras práticas para
proporcionar um melhor aprendizado a essa criança, essa forma de explicar produz
uma determinada consciência histórica, porque se relacionam passado, presente e
futuro. A consciência histórica cumpre duas funções para as pessoas: a) criação de
identidade histórica; b) orientação temporal da vida.
Nessa direção, é importante desde a infância, desenvolver a percepção que
todas as pessoas constroem a história, e que cada pessoa ou cada povo constrói e
reflete um modo de vida, um tempo histórico e um determinado contexto.
Portanto, deve-se levar em consideração o fato de que as decisões,
individuais ou coletivas também criam um determinado futuro para os descendentes,
bem como, a leitura sobre o passado influencia as projeções futuras. Pode-se
exemplificar tal situação com a elaboração da Proposta Curricular do Município, a
qual foi construída por um grupo de professores em um determinado momento
(presente), nesse processo, para sistematizarem os conteúdos e situações de
ensino, os professores envolvidos lançaram mão de seus conhecimentos
pedagógicos, históricos e de suas experiências de vida (passado), este trabalho
influenciará as práticas de ensino e aprendizado (futuro).
Para começar desenvolver esta consciência nas crianças precisam-se
desenvolver discussões acerca de noções temporais, como causa e efeito, mudança
histórica, semelhanças e diferenças no tempo e no espaço e simultaneidade
temporal.
11
Criança aqui é entendida como ser histórico e social, um ser cuja infância se realiza a partir das relações existentes.
P
Além das noções temporais, é importante desenvolver competências de
análise, síntese, conclusões, hipóteses, comparações e interpretações a partir de
diferentes fontes históricas, considerando um nível crescente de complexidade.
Nesse sentido, Vigotsky (1962) apud Cooper (2006) nos coloca em seu
trabalho sobre desenvolvimento, que novos conceitos são apreendidos por
julgamento e erro durante discussão, na qual o professor encoraja o uso do porque,
explica conceitos, fornece informações e faz correções.
INALIDADES DO ENSINO DE HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.
Que a criança...
¬ Desenvolva interpretações históricas da sua realidade;
¬ Estabeleça relações e confrontações entre o presente e passado;
¬ Localize as suas ações e as de outras pessoas no tempo e no espaço;
¬ Utilize elementos do método da ciência histórica (problematização,
causalidade, noções temporais, uso do documento histórico) para
interpretar sua realidade;
¬ Construa noções de diferenças e de semelhanças (compreensão do
"eu‖ e a percepção do "outro");
¬ Construa noções de continuidade e de permanência (percepção de que
o "eu" e o "nós" são distintos de outros tempos vividos), compreendam que
no mundo as pessoas se relacionavam de outra maneira;
¬ Perceba a relação de interdependência entre a identidade individual e
coletiva.
F
IXOS DA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO
Pensando a História enquanto disciplina é necessário ter clareza que independente da turma, da idade, do nível, existem eixos que norteiam os conteúdos presentes na Proposta Curricular. Eixos que se relacionam, se integram e são imprescindíveis no trabalho para desenvolver na criança uma consciência histórica. Exemplificando no esquema a seguir:
ONTEÚDOS
Os conteúdos são selecionados e tornam-se significativos em função “do conteúdo social que carregam e não pela quantidade de fatos que os constituem”
(HORN, 2006, p.109). Para formação da consciência histórica deve-se levar em consideração o
nível de abstração das crianças (conhecimentos prévios), subordinando a seleção
de conteúdos e situações de aprendizado, às necessidades e à relação de cada
turma com o conhecimento histórico.
Tendo clareza sobre as Leis12, deve-se estabelecer a relação com a História e
Cultura Indígena e Africana. Entendendo que não se trata de cumprir as Leis
12
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e indígena - Lei 10.639/03, 11645/08 – Constituição Federal de 1988: arts.5º I, 210, 215, 231 e 232, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: arts. 26, 32, 78 e 79, Lei 10.172/01: Capítulo sobre Educação Escolar Indígena, Parecer 14/99 –
E
C
PRESENTE Problemas
FUTURO Sociedade que queremos
PASSADO Vestígios escritos, orais,
etc.
Consciência histórica
burocraticamente e muito menos de reforçar situações de preconceito, mas de se
rever a urgente necessidade de reescrever a história sob a ótica da presença e
participação desses povos, não como escravos, mas como sujeitos históricos
produtores da cultura brasileira.
Assim sendo, os conteúdos que tratam da História e Cultura Africana, bem
como, a Cultura Indígena não podem ser tratados em momentos esporádicos, mas
na relação constante entre eles, sendo a igualdade enfatizada como princípio. Isso
pressupõe semelhanças e diferenças, não inferioridade. Percebendo que as
diferenças encontradas, por exemplo, nos indicadores socioeconômicos, em relação
à população negra, indígena, entre outras, evidenciam falta de oportunidade e de
acesso e não falta de capacidade e competência.
Assim, em todos os anos e no trabalho de vários conteúdos, estará se
trabalhando com as relações sociais e a História da África e também de outros
lugares e povos.
Outro ponto importante a ser esclarecido é que, a partir do conteúdo
selecionado, é necessário ao professor definir os objetivos e os critérios de
avaliação para o Plano de Trabalho Docente que está sendo elaborado, tendo
clareza que o objetivo principal proposto no quadro de conteúdos é anual, ou seja,
ao final de um determinado ano, verificar se a criança, com a mediação necessária
do professor entre a criança e o conhecimento histórico, através da documentação
histórica, apropriou-se do que foi sugerido para aquele momento.
Sendo assim, os conteúdos estão organizados a partir de um objetivo
principal, ou seja, o que a criança tem que demonstrar ao final do trabalho com
aqueles conteúdos.
Tendo clareza que para alguns conteúdos e situações não serão elaborados
Planos de Trabalho Docente, pois eles fazem parte da relação constante entre a
criança e o professor, como por exemplo, as situações: ―Chamar a criança pelo
nome e não pelo apelido‖, ―Conversar com a criança‖, ―Proporcionar momentos onde
a criança escolha brinquedos de acordo com sua curiosidade‖, ―Ajudar a criança a
enfrentar situações de conflito respeitando as outras crianças e adultos‖, entre
outros.
Conselho nacional de Educação, Resolução 03/99 – Conselho Nacional de Educação e Decreto Presidencial 5.051/04.
Os eixos e conteúdos apresentam um grau de complexidade e intenção no
decorrer dos anos, conforme tabela a seguir:
CONTEÚDO INICIA-SE COM O BEBÊ...
PARA QUE ELE VENHA...
A INFÂNCIA E SUAS
CARACTERÍSTICAS
...reconhecendo-se
...estabelecer relações de semelhanças e diferenças entre gênero e etnia.
A INFANCIA E SUA RELAÇÃO COM
OUTRAS PESSOAS
...interagindo com outras pessoas
...estabelecer as semelhanças e diferenças, as permanências e mudanças na vida em sociedade com suas regras de convivência. Percebendo que as ações mudam ao longo do tempo e que as ações individuais influenciam no coletivo.
A INFANCIA E OS COSTUMES
ALIMENTARES
...comendo sozinho.
...relacionar o modo de alimentar-se às vivencias em diferentes sociedades.
A INFANCIA E SUA RELAÇÃO COM O
IMAGINÁRIO
...ouvindo pequenas histórias.
...estabelecer relações com as lembranças, com as memórias, com o passado - percebendo que algumas coisas permanecem em determinados aspectos e outras mudam no decorrer dos tempos.
A INFANCIA E
SEUS PERTENCES
...cuidando de suas coisas, de seus brinquedos.
...estabelecer uma consciência de preservação de patrimônio, bem como, que as coisas produzidas pelos homens impactam a vida das pessoas no seu tempo.
A INFANCIA E A
DIVERSÃO
...observando, brincando no berço.
...entender que brincar e se divertir são necessidades básicas e que ocorrem mudanças e permanências em relação a isso no passado, no presente e no futuro.
BERÇARIO – 4 meses a 1 ano
ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA
OBJETIVO PRINCIPAL
Perceber o ―eu‖ e o ―outro‖.
CONTEÚDOS
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO-
APRENDIZADO
IDENTIDADE PESSOAL: nome do bebê, dos colegas, professores e funcionários. - Chamar o bebê pelo nome e não pelo apelido, empregando um tom acolhedor e carinhoso. - Chamar os colegas, professores e funcionários pelo nome quando se aproximam do bebê.
A INFÂNCIA E SUAS CARACTERÍSTICAS: seu corpo, sua identidade - Levar o bebê a familiarizar-se com o próprio corpo.
A INFÂNCIA E SUA RELAÇÃO COM OUTRAS PESSOAS: interação entre os bebês e adultos que o cercam. - Conversar com os bebês. - Proporcionar momentos de interação através de brincadeiras e imitações.
A INFÂNCIA E OS COSTUMES ALIMENTARES: estímulo às formas de alimentar-se. - Incentivar o bebê segurar a mamadeira. - Incentivar o bebê levar à boca colher e copo durante suas refeições.
A INFÂNCIA E A RELAÇÃO COM O IMAGINÁRIO - Ler pequenas histórias, contos, versos que revelem para o bebê organização das sociedades, papéis, relações entre o presente e o passado.
A INFÂNCIA E PERTENCES: cuidado com seus pertences. - Sempre que utilizar peça do vestuário, objetos, brinquedos, nomeá-los e demonstrar o cuidado: ―_ Vamos guardar este urso na caixa‖.
A INFÂNCIA E A DIVERSÃO: brinquedos e brincadeiras - Deixar brinquedos nos locais que as crianças tenham acesso atentando para os materiais e peças adequados para a idade. - Proporcionar momentos onde os bebês escolham brinquedos de acordo com a curiosidade.
PRES
FUT.
PAS.
Cons. histórica
MATERNAL I – 1 a 2 anos
ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA
OBJETIVO PRINCIPAL
Compreender o ―eu‖ e identificar o ―outro‖.
CONTEÚDOS
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO-
APRENDIZADO
IDENTIDADE PESSOAL: nome da criança, dos colegas, professores e funcionários. - Chamar a criança pelo nome e não pelo apelido, empregando um tom acolhedor e carinhoso. - Levar a criança identificar os colegas, professores e funcionários.
A INFÂNCIA E SUAS CARACTERÍSTICAS: seu corpo - sua identidade, características de cada um. - Levar a criança a familiarizar-se com o próprio corpo. - Incentivar a observação e valorização dos diferentes tons de pele, tipos de cabelo, etc.
A INFÂNCIA E SUA RELAÇÃO COM OUTRAS PESSOAS: interação entre as crianças e adultos que o cercam - Conversar com as crianças - Proporcionar momentos de interação através de brincadeiras e imitações.
A INFÂNCIA E OS COSTUMES ALIMENTARES: estímulo às formas de alimentar-se -Incentivar a criança a comer sozinha levando a boca talheres e copo durante suas refeições.
A INFÂNCIA E A RELAÇÃO COM O IMAGINÁRIO - Ler pequenas histórias, contos, versos que revelem para a criança a organização das sociedades, papéis, relações entre o presente e o passado.
A INFÂNCIA E PERTENCES: cuidado com seus pertences. - Incentivar e auxiliar a criança guardar pertences e brinquedos em lugares apropriados.
A INFÂNCIA E A DIVERSÃO: brinquedos e brincadeiras - Deixar brinquedos nos locais que as crianças tenham acesso atentando para os materiais e peças adequados para a idade. - Proporcionar momentos onde as crianças escolham brinquedos de acordo com a curiosidade.
PRES
FUT.
PAS.
Cons. histórica
MATERNAL II – 3 anos completos ou a completar ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA
OBJETIVO PRINCIPAL Compreender que na realidade existem semelhanças e
diferenças entre o ―eu‖ e o ―outro‖.
CONTEÚDOS
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE
ENSINO-APRENDIZADO
IDENTIDADE PESSOAL: nome da criança, dos colegas e familiares - Chamar a criança pelo nome e não pelo apelido, empregando um tom acolhedor e carinhoso. - Identificar nomes semelhantes na turma e nas famílias. - Levar a criança identificar o nome dos familiares, bem como os nomes que permaneceram na família.
A INFÂNCIA E SUAS CARACTERÍSTICAS: organização e atividades do cotidiano. - Explorar as semelhanças e diferenças entre o cotidiano da criança e outras crianças de outros locais: o que fazem, a que momento do dia, noções de antes e depois, quais suas preferências, do que não gostam, do que tem medo, etc.
A INFÂNCIA E SUA RELAÇÃO COM OUTRAS PESSOAS: interação entre as crianças e adultos, hábitos e regras para convivência social, relações familiares. - Proporcionar momentos de interação através de brincadeiras, imitações. - Proporcionar momentos que as crianças partilhem seus brinquedos. - Incentivar a criança a enfrentar situações de conflito respeitando as outras crianças e adultos. - Levar a criança conhecer e aprender a respeitar regras simples. - Identificar os membros de sua família nomeando o grau de parentesco.
PRES
FUT.
PAS.
Cons. histórica
CONTEÚDOS
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE
ENSINO-APRENDIZADO
A INFÂNCIA E OS COSTUMES ALIMENTARES: diferenças nas formas de alimentar-se. - Ensinar a criança a comer sozinho utilizando talheres, copo e prato durante suas refeições. - Demonstrar e orientar como a criança sentar-se adequadamente para realizar suas refeições. - Demonstrar diferentes formas de realizar as refeições, os horários, etc. em outras sociedades.
A INFÂNCIA E SUA RELAÇÃO COM O IMAGINÁRIO: histórias orais. - Ler pequenas histórias, inclusive africanas, indígenas, presentes em diferentes contextos, com suas relações sociais, aspectos do presente, passado e futuro. - Registrar histórias orais passadas de geração em geração.
A INFÂNCIA E SEUS PERTENCES: cuidado com seus pertences e os pertences coletivos; história do calçado. - Estimular o cuidado com seus pertences: mochila, agenda, escova, pente, brinquedos, etc. e os pertences coletivos. - Conhecer objetos diferentes utilizados por crianças em diferentes locais. - Conhecer a história dos calçados: semelhanças, diferenças, permanências e mudanças.
A INFÂNCIA E A DIVERSÃO: brinquedos, brincadeiras e passeios. - Proporcionar momentos onde as crianças escolham brinquedos de acordo com a curiosidade. - Identificar formas de lazer semelhantes e diferentes realizadas com os grupos familiares. - Promover situações de piqueniques, festas, passeios, conversando e orientando sobre estes momentos.
PRÉ ESCOLAR I – 4 anos completos ou a completar ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA
OBJETIVO PRINCIPAL Perceber que existem continuidades e mudanças ao longo do tempo na vida das pessoas
CONTEÚDOS
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO-
APRENDIZADO
IDENTIDADE PESSOAL: nome – significado -Chamar a criança pelo nome e não pelo apelido, empregando um tom acolhedor e carinhoso. - Mostrar para a criança o significado do seu nome. - Estabelecer as semelhanças e diferenças entre os significados dos nomes da turma. - Identificar os nomes que permanecem na família de geração a geração.
A INFÂNCIA E SUAS CARACTERÍSTICAS: relações de gênero - Realizar brincadeiras coletivas, nas quais meninos e meninas se revezam nos papéis, sem menosprezar ou desprezar papéis considerados masculinos ou femininos. - Demonstrar que em outros tempos tudo era para menino ou para menina.
A INFÂNCIA E SUA RELAÇÃO COM OUTRAS PESSOAS: interação entre as crianças e adultos, hábitos e regras para convivência social, grupos sociais. - Proporcionar momentos de interação através de brincadeiras, imitações. - Identificar os grupos sociais aos quais pertence. - Conhecer e aprender respeitar regras simples de convivência. - Explorar valores e atitudes presentes em nossa sociedade. - Registrar histórias orais sobre as regras de convivência passadas de geração em geração.
PRES
FUT.
PAS.
Cons. histórica
CONTEÚDOS
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO-
APRENDIZADO
A INFÂNCIA E OS COSTUMES ALIMENTARES: diferença nas formas de alimentar-se. - Reconhecer comportamento à mesa, em nossa e outras sociedades. A INFÂNCIA E SUA RELAÇÃO COM O IMAGINÁRIO: relação causa-efeito - Ler histórias mostrando quem faz parte, o que os personagens estão fazendo, nome dos personagens, relação causa-efeito (―A Branca de Neve dormiu‖ – efeito; por que comeu a maça envenenada – causa)
A INFÂNCIA E SEUS PERTENCES: cuidado com seus pertences e os pertences coletivos; história das vestimentas. - Estimular o cuidado com seus pertences: mochila, estojo, escova, agenda, brinquedos, etc. e os pertences coletivos: carteira, parque, espaços, etc. - Demonstrar vestimentas utilizadas em outros locais que não são utilizadas por nós devido ao clima, cultura, etc.
A INFÂNCIA E A DIVERSÃO: brinquedos, brincadeiras e passeios. - Proporcionar momentos onde as crianças escolham brinquedos de acordo com a curiosidade. - Explorar brincadeiras realizadas em diferentes sociedades. - Analisar diferentes tipos de lazer em diferentes locais.
PRÉ ESCOLAR II – 5 anos completos ou a completar
ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA
OBJETIVO PRINCIPAL
Compreender que o ―eu‖ e o ―nós‖ são distintos de outros tempos vividos, ou seja, que no mundo as pessoas se relacionavam de outra maneira.
CONTEÚDOS
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO-
APRENDIZADO
IDENTIDADE PESSOAL: - Nome, sobrenome e apelido. - Chamar a criança pelo nome e não pelo apelido, empregando um tom acolhedor e carinhoso. - Incentivar a criança a perceber a importância de ter um sobrenome, bem como, relação de parentesco, genealogia. - Perceber que apelidos identificam as pessoas.
A INFÂNCIA E SUAS CARACTERÍSTICAS: diferença e igualdade nas relações de gênero. - Demonstrar brincadeiras que meninos e meninas realizam, brincadeiras que ainda são consideradas somente para menino e/ou para menina. -Propor situações onde o menino cuide da casa, cozinhe, passe roupa, cuide dos filhos - que são vistas como funções das mulheres. Assim as crianças trocam e experimentam os papéis considerados masculinos ou femininos durante os momentos de brincadeira. - Explorar papéis desempenhados por homens e mulheres em outros tempos.
A INFÂNCIA E SUA RELAÇÃO COM OUTRAS PESSOAS: papéis sociais, hábitos e regras para convivência social, diferentes relações familiares. - Vivenciar papéis sociais dos adultos. - Fazer análise de diferentes organizações familiares presentes na sociedade hoje e outros tempos. - Relacionar suas experiências de tempo com outras crianças e famílias. - Demonstrar a lógica da convivência social, valores e regras.
PRES
FUT.
PAS.
Cons. histórica
CONTEÚDOS
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO-
APRENDIZADO
A INFÂNCIA E OS COSTUMES ALIMENTARES: mudança nas formas de alimentar-se. - Demonstrar a origem das comidas predominantes em seu grupo social e outros grupos. - Estabelecer as permanências e mudanças, semelhanças e diferenças na alimentação em diferentes épocas e povos.
A INFANCIA E SUA RELAÇÃO COM O IMAGINÁRIO: lembranças, história oral, importância das fontes históricas. - Lembrar-se do que aconteceu em suas vidas e que as pessoas guardam suas lembranças de infância: comidas, roupas, brincadeiras; semelhanças e diferenças em relação sua infância. - Mostrar para as crianças que os contos, causos, lendas derivam da história oral: mostram formas de vida no passado que continuam nos dias de hoje: pessoas compravam e vendiam; viajavam, celebravam, pessoas boas e más; pessoas que sentiam medo, etc. e aspectos que mudaram como a profissão de sapateiro, lenhadores, banquetes, moinhos, etc. - Introduzir a idéia que aspectos do passado mudam e outros continuam. - Perceber que a história oral, as imagens, as pinturas são importantes fontes de pesquisa sobre de infância em outros tempos.
A INFÂNCIA E SEUS PERTENCES: cuidados com seus pertences, com os coletivos, cuidados com o patrimônio. - Estimular o cuidado com seus pertences, com os pertences coletivos e conseqüentemente preservação do patrimônio. - Incentivar o bom uso do ambiente escolar, mostrando as conseqüências da má utilização do patrimônio. - Discutir e demonstrar sobre como as coisas eram feitas, como eram usadas, explorar como elas funcionam e o impacto na vida das pessoas.
A INFÂNCIA E A DIVERSÃO: brinquedos e brincadeiras, passeios. - Promover situações de piqueniques, festas (época, padrões, vestimentas, aspectos históricos, passeios), conversando e orientando sobre estes momentos. - Conhecer a história de alguns brinquedos. - Analisar brincadeiras e brinquedos que existiam no passado e existem ainda hoje e os que não existiam no passado.
OMO ENSINAR HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ...
stabelecendo relação de semelhanças e diferenças entre etnias e
gêneros.
Na atualidade é inevitável que as crianças entrem em contato com discursos
negativos de discriminação, preconceitos e rótulos. Precisam-se deixar de lado os
clichês e reconhecer que existem diferenças, que as pessoas não são todas iguais.
Neste contexto, percebe-se a urgente necessidade de reescrever a história
sob a ótica da presença e participação dos povos indígenas e negros como sujeitos
históricos produtores da cultura brasileira.
Desde muito cedo, as crianças acabam internalizando representações
negativas, e acabam por não gostar de si próprias e dos outros que lhe
assemelham. É preciso parar com estereótipos, por exemplo, de assimilação entre o
negro e ruim. Pois são elementos completamente sem nexo, e acima de tudo, uma
forma grotesca de preconceito. É preciso levar as crianças, o pensamento e o
exemplo, de que não existe correlação entre a capacidade intelectual e a cor da
pele, todos possuem as mesmas capacidades físicas e mentais, não é a cor da pele
que irá determinar quem é ou não capaz. É necessário formar nelas atitudes
favoráveis às diferentes relações raciais das pessoas com as quais convivem na
sociedade.
Entende-se que ao trazer estas discussões para as turmas da Educação
Infantil, abre-se a possibilidade de problematizar estereótipos presentes em nossa
sociedade, oportunizando as crianças informações e conhecimentos de elementos
do contingente de origem de pelo menos metade da população brasileira, bem
como, possibilitar a identificação positiva da criança negra e indígena.
Entendendo que estas culturas não devem ser vistas como adorno, como algo
que deve ser trabalhado esporadicamente, mais sim nas práticas diárias com
brincadeiras, músicas, etc., que enfatizem a igualdade como princípio. Isso
pressupõe semelhanças e diferenças, não inferioridade destes povos.
C
...E
É necessário informar sobre a diversidade, o passado e o presente da
experiência indígena e africana, desenvolver o conceito de identidade, alteridade,
cultura. Como foi citado acima, sem concentrar aulas para trabalhar somente a
cultura destes povos em uma data específica, um horário, um professor ou um livro
específico.
Para superar essa metodologia segregadora é possível, por exemplo, ao
abordar brincadeiras, partir das brincadeiras realizadas pelas crianças da turma,
mostrar as brincadeiras que outras crianças, em outros lugares e/ou sociedades
realizam - as africanas, as indígenas, as americanas, as européias, entre outras –
para estabelecer as brincadeiras que são semelhantes e as que são diferentes das
que elas realizam. A partir desse ponto podem-se demonstrar brincadeiras antigas
da nossa sociedade e de outras sociedades, estabelecendo o que permaneceu e o
que mudou no decorrer dos tempos. Tendo clareza que a situação de aprendizado
utilizada depende do nível de aprofundamento da turma.
Sintetizando:
Brincadeira que As brincadeiras que outras
A criança realiza crianças realizam atualmente em
outras sociedades
http://www.fotodependente.com pibmirim.socioambiental.org/.../brincadeiras Mvezo África. www.estadao.com.br
Woshington. http://www.atardeonline.com.br http://serfelizetefazerfeliz.blogspot.com/2011
Vidaleve.com
Observando o exemplo acima, devem-se explorar as semelhanças e
diferenças entre as brincadeiras realizadas por elas e por outras crianças, como
nas imagens demonstradas: as indígenas, as africanas, americanas, cadeirante,
menina jogando bola etc. Entendendo que não se deve elaborar um PTD (Plano de
Trabalho Docente) específico para abordar estas relações, mas trabalhá-las no
contexto histórico.
Após esta demonstração, análise, exploração, levantamento de dados,
precisa-se explorar as brincadeiras que permaneceram e as que mudaram no
decorrer dos tempos.
Para isso pode-se analisar pinturas antigas que retratam brincadeiras, como
Jogos de Criança, de Pieter Brueghel, onde aparecem aproximadamente 250
personagens (adultos e crianças) que brincam em uma aldeia medieval. Percebe-se
também cerca de 80 jogos diferentes. Algumas permanecem até hoje.
Pieter Bruegel. Brincadeiras Infantis. 1560. Óleo sobre madeira, 118X161cm. Kunsthistoriches Museum, Viena. In:MICKLETHWAIT, Lucy. Para a criança brincar com arte. São Paulo: Ática, 1997, p.10.
Poderia-se usar também um relato, como o citado abaixo da década de 1950.
Observando a pintura, o relato ou outras fontes (fotografias, imagens, relatos,
etc.) identificar o que permaneceu e o que mudou nas brincadeiras no decorrer dos
tempos.
...
Quando se trata de um trabalho com etnias é fundamental rever alguns
conceitos:
- o do negro visto como escravo: não se pode naturalizar a situação do negro como escravo. Os negros não eram escravos, foram escravizados. A África não é uma terra de escravos. Os povos africanos são portadores de história, de saberes, de conhecimentos, tanto como outros povos. - o da África como um continente primitivo: a imagem de que o continente africano é povoado por tribos primitivas em imensas florestas está presente no imaginário da maioria das pessoas. Imagem construída pelos meios de comunicação e pelos próprios livros didáticos. Na África tivemos grandes nações e impérios (como por exemplo, o Egito Antigo). Muito das tecnologias utilizadas no Brasil, no cultivo da cana-de-açúcar e na mineração, foram trazidos pelos negros oriundos da África; - o branco é apresentado como condição humana “natural”, como representante da espécie. Ser branco é apresentado como condição normal da humanidade: os não-brancos constituem exceção. - os indígenas não trabalham, são indolentes e ociosos. O trabalho indígena é diferente: em geral não há separação entre produção, lazer e crença e nem tem por finalidade a produção de excedentes. - indígenas não evoluíram, são primitivos. Não há povos primitivos e povos avançados. Há povos diferentes. A lógica na qual se assenta a rede de parentesco
―No meu tempo de criança eu e meus vizinhos nos reuníamos para brincar de casinha. Cada um trazia um pedaço de tábua, tijolo, copinho, etc. Fazíamos bolo com terra, decorávamos com flores, fazíamos café... ali ficávamos brincando até anoitecer.‖
Joanita F. S. Zeni Memória déc. 50
dos indígenas, por exemplo, é bastante sofisticada e complexa. Para conhecê-la o antropólogo (não indígena) tem que se utilizar de fórmulas algébricas. - indígenas são personagens isolados no passado. Eles descendem de populações milenares. Ocuparam toda a América do Sul e desenvolveram diferentes práticas sociais, econômicas e culturais ao longo do tempo. - indígenas são puros. Todos percorrem trajetórias particulares de interação com outros povos e nunca pararam de produzir mudanças em seus modos de vida. Geralmente as pessoas se surpreendem ao ver indígenas consumindo produtos industrializados, mas não acham estranho ver os não indígenas modificando a textura do cabelo, a cor da pele, não usando roupa, etc. - indígenas são vítimas. Indígenas são sujeitos históricos. Agem, pensam, sentem, ou seja, experimentam potencialidades humanas dos não indígenas. São produtores de cultura. Eles foram catequizados, enganados, torturados, escravizados, mortos. Mas como construtores de trajetórias, eles enganaram, seqüestraram, mataram, organizaram-se e estão todos os dias lutando por seus direitos. Considerá-los vítimas é negar-lhes a condição de sujeitos históricos.
Esses conceitos precisam ser discutidos e superados com as crianças, para
que elas comecem estabelecer outra visão que não seja a preconceituosa,
discriminatória. Além de valorizar a discussão étnico-racial é de fundamental
importância abordar as pessoas com necessidades especiais e os meninos e
meninas em posição de igualdade, sem reforçar ―coisas, cores, brinquedos, só de
menina ou só de menino‖, pois não cabe mais uma educação que ignore estas
relações ou as trate como algo a parte.
A noção de gênero diz respeito a uma identidade sociocultural atribuída a
cada sexo, influenciando os comportamentos do homem e da mulher de uma
determinada sociedade.
Muitos papéis e situações de subordinação são justificados, pelo senso
comum, a partir da parte física do corpo, todavia, deve-se compreender que esses
papéis e situações não pertencem à natureza das mulheres e homens, mas são
construções históricas e mudam ao longo do tempo, de sociedade para sociedade.
Quando falamos em noção de gênero no ensino de História, estamos
considerando também a história da mulher. A qual começou a ser visível na história
a partir da década de 1970.
A dificuldade encontrada são as fontes a serem exploradas, porque a maioria
dos registros históricos, conhecidos até então, eram de autoria de homens, ou seja,
a versão dos homens em relação às mulheres, as meninas.
Para estudar a mulher, a menina como sujeito histórico é preciso buscar
fontes que a revelem hoje e em outros tempos: livros de cozinha, os contos, os
jornais, a literatura, as fotografias, etc. A importância dessas fontes é demonstrar
que elas não são apenas reprodutoras de comportamento estipulado pelos homens.
A seguir demonstra-se uma possibilidade de trabalho com a literatura.
Numa casinha branca, lá no Sítio do Picapau Amarelo, mora D. Benta. Quem
passa pela estrada e a vê na varanda, de cestinha de costura no colo e óculos de
ouro na ponta do nariz, segue seu caminho pensando:
- Que tristeza viver assim tão sozinha neste deserto ...
Mas engana-se. Dona Benta vive feliz em companhia da neta Lúcia, a menina
do narizinho arrebitado, ou Narizinho, como todos a dizem. Narizinho tem sete anos,
é morena como jambo, gosta muito de pipoca e faz uns bolinhos de polvilho bem
gostosos.
Na casa mora também tia Nastácia e Emília, uma boneca de pano bastante
desajeitada de corpo. Emília foi feita por tia Nastácia, com olhos de retrós preto e
sobrancelhas lá em cima. Apesar disso Narizinho gosta muito dela, não almoça nem
janta sem a ter ao lado, nem se deita sem primeiro acomodá-la numa redinha entre
dois pés de cadeira.
Além da boneca o outro encanto da menina é o ribeirão que passa pelos
fundos do pomar.
Todas as tardes Lúcia toma a boneca e vai passear à beira d’água, onde se
senta na raiz de um velho ingazeiro para dar farelo de pão aos lambaris. Nesse
divertimento leva a menina horas, até que tia Nastácia apareça no portão do pomar
e grite em voz sossegada:
- Narizinho, vovó está chamando!... (Texto adaptado de MONTEIRO
LOBATO, 1964, p.3)
Esse capítulo das ―Reinações de Narizinho‖ mostra o mundo feminino do
Sítio, que aos poucos cede a presença do Marques de Rabicó, Visconde de
Sabugosa e Pedrinho que é apresentado a seguir:
Chegou o grande dia. Na véspera viera para Dona Benta uma carta de
Pedrinho que começava assim: Sigo para aí no dia 6. Mande à estação o cavalo
pangaré e não se esqueça do chicotinho de cabo de prata que deixei pendurado
atrás da porta do quarto de hóspedes (MONTEIRO LOBATO, 1964, p.50).
E, após sua chegada no sitio.
- Adivinhe o que eu trouxe para você! – disse, escondendo atrás das costas
um embrulho volumoso.
- Já sei – respondeu a menina incontinenti. Uma boneca que chora e abre e
fecha os olhos.
Pedrinho ficou desapontado, porque era justamente o que havia trazido.
- Como adivinhou Narizinho?
A menina deu uma risada gostosa.
- Adivinhei porque conheço você. Fique sabendo que as meninas são mais
espertas que os meninos...
- Mas não têm mais muque! – replicou ele orgulhoso. E concluiu: com este
muque e a sua esperteza, Narizinho, quero ver quem pode com a nossa vida! (texto
adaptado MONTEIRO LOBATO, 1964, p.50).
A literatura pode ser um caminho para a introdução na história de uma
reflexão sobre gênero. Levantando questões de discussão com as crianças:
- Como era o Sítio antes da chegada de Pedrinho?
- Quais as brincadeiras de Narizinho?
- Qual era a relação de convivência entre Narizinho e as outras pessoas que
moravam no Sítio?
- Como Pedrinho chega ao Sítio?
- O que Pedrinho leva de presente para Narizinho?
- Qual a comparação feita entre os meninos e meninas?
Outras reflexões podem ser feitas a partir do presente, problematizando
historicamente o contexto no qual se passa a aventura do Sítio: como as meninas
brincam hoje, e os meninos? Em que momento meninas e meninos brincam juntos?
Em sociedades diferentes, como brincam os meninos e as meninas? Tendo
clareza que estas questões problematizadoras são exemplos e que devem ser
realizadas passo a passo com demonstrações de outras fontes, como por exemplo:
ao problematizar as brincadeiras de meninos e meninas em outras sociedades,
precisam-se fundamentar com fotos, imagens ou filmes, para análise e comparações
dos elementos propostos.
Observando estas imagens é possível refletir sobre a vida privada, sobre a
família e as relações de gênero aí implicadas.
http://bbel.uol.com.br/comportamento/post/casamento-moderno--trabalho-e-vida-conjugal.aspx
Revista Querida 1955 Rio - Polícia da Guanabara - Década de 50
- O que cada imagem representa?
- Quais os objetos mostrados? ( os objetos tem história e compõem o universo do
masculino e feminino articulando o público e o privado, passado e presente).
- Quais as tarefas desempenhadas, por homens, mulheres, crianças?
- Na sua casa quem cumpre estas funções?
- Quais as tarefas diárias atribuídas a meninos/meninas/homens e mulheres em sua
casa?
- Qual era o espaço da mulher antigamente?
- E do homem?
As discussões de gênero podem ser problematizadas com a história
econômica, com as invenções tecnológicas, com a história vivida pelas pessoas
comuns da sociedade.
Assim, pode-se transmitir consciente e/ou inconscientemente, valores que
legitima atitudes preconceituosas, mas também se pode re-construir novos valores e
significados com as crianças, sobre as relações de gênero, étnico racial,
necessidades especiais e diferenças culturais. Entretanto, para que isso ocorra, é
necessária uma educação que invista no desenvolvimento de cidadãos "homens e
mulheres", livres de estereótipos que enfatize os princípios da competência,
responsabilidade, ética, cidadania e respeito a si mesmo, ao outro e ao universo.
esenvolvendo as noções de tempo
O tempo tem sua história e a história, por sua vez, não pode abrir mão do tempo.
TURAZZI
Trabalhar a história implica um trabalho diário com a temporalidade. Deve-se
viajar do presente para um passado mais próximo ou mais distante.
Para iniciarmos uma discussão sobre o tempo na Educação Infantil é
necessário partir do tempo e mudanças na vida das próprias crianças e de sua
família, onde eles podem sequenciar e explicar fatos que acontecem no seu
cotidiano. Por exemplo, problematizam-se quando eles eram bebê ou quando os
avós eram crianças. Auxilia-se medir o tempo a partir do aniversário, dos meses, das
semanas, dos dias, das noções de antes, depois, ontem, amanhã, etc.
As crianças podem relacionar sua experiência de tempo com as de outras
crianças e famílias no presente, bem como, a relação com um passado um pouco
mais distante. Para isso pode-se utilizar contos de fadas, mitos e lendas, os quais
...D
refletem pessoas e relações do passado. Mostram que sempre existiram pessoas
boas e más, pobres e ricas, que a forma de viver de pessoas distantes permaneceu:
pessoas compravam e vendiam, viajavam, comemoravam, tinham medos, e que
muita coisa mudou: profissões que não existem mais: limpa - chaminés, lenhadores,
etc.
Na discussão referente ao tempo é fundamental tratar do tempo que serve de
ferramenta para a história:
Tempo cronológico - localiza os fatos históricos13 no tempo a partir da cronologia e
do calendário predominante no mundo ocidental - linear, datado, sucessão de dias,
noites, meses, anos, séculos. É utilizado como instrumento para situar um
acontecimento no tempo.
Tempo histórico - é diferente do tempo cronológico, pois ele não se limita a uma
contagem progressiva e linear do tempo, mas permite a compreensão e explicação
dos momentos históricos nos movimentos de transformações rápidas (como as
decisões políticas), longos (crenças, mentalidade), rupturas (Revoluções) e
continuidades das sociedades (desigualdades).
Além das noções de permanências e mudanças citadas acima, é fundamental
desenvolver as noções temporais de semelhanças e diferenças.
Para estas análises podemos seguir o esquema abaixo na construção de um
Plano de Trabalho Docente:
13
FATOS HISTÓRICOS: remetem para ações realizadas por indivíduo, pela coletividade, envolvendo
eventos políticos, sociais, econômicos e culturais.
... Quando se sugere iniciar uma discussão a partir da vida das próprias
crianças, não se está reduzindo a análise apenas do seu dia a dia em seus aspectos folclóricos ou curiosos.
Assim, como não se deve induzir as crianças nos momentos de comparações a julgamentos simplistas (antes era bom, agora é ruim e vice-versa) porque esta abordagem não leva a uma recuperação significativa da realidade.
PRESENTE semelhanças e diferenças
entre o que a criança vive e outras crianças vivem em
outras sociedades
PASSADO permanências e mudanças. o que as pessoas viveram
em outros tempos e permanece/ou mudou no
cotidiano atual.
HISTÓRIA (vida das mulheres, das
crianças, dos homens, dos idosos, etc.)
Causa e efeito
Causa e
efeito
rabalhando com diferentes Documentos
Compreende-se como documento histórico todo o material produzido em um
determinado período, que possa auxiliar na análise de determinada sociedade em
determinado tempo.
É importante destacar que o documento não é espelho fiel de uma realidade
examinada. É sempre representação de partes e momentos particulares. Não
revelam nada por si mesmo e não são neutros, sofrem influência de quem os
produziu, pois a cada interpretação eles sofrem alterações e mudanças.
Sendo assim, a cada interpretação são atribuídos os devidos e respectivos
valores.
O documento pode ser identificado como recurso didático (livros, mapas,
músicas, etc.) e como fonte histórica (fragmentos ou indícios de situações já
vividas.).
De qualquer modo, o documento histórico fundamenta todo trabalho em
História, porque permite o diálogo da criança com realidades passadas. É ele que dá
a base científica a esta disciplina. A partir dele que se instrumentaliza as crianças
para que construa compreensões mais elaboradas sobre o mundo, superando os
saberes do senso-comum.
Atualmente não se considera fonte histórica, apenas o documento escrito
como já foi considerado no século XIX. Se fosse assim, como seriam estudados os
povos que não detinham a escrita? Eles não teriam história?
Considera-se fonte qualquer produção humana, individual ou coletiva,
apresentada por meio de qualquer suporte para o estudo de um contexto histórico.
Assim, pode-se estudá-lo através dos documentos iconográficos14, fontes
orais, testemunhos da história local, além de diferentes linguagens, como, cinema,
informática, entre outros, todos reveladores de seu momento.
14
Gênero documental integrado por documentos que contém imagens fixas, impressas, desenhadas ou fotografadas, como pinturas, fotografias e gravuras. Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivistica.
...T
TIPOS DE DOCUMENTOS
A seguir apresentam-se sugestões de trabalho com algumas linguagens/documentos. Texto literário e histórico
História e Literatura apresentam muitas relações, pois o texto literário e o
texto histórico aparecem na forma de narrativa: ambos apresentam personagens,
ambientes e tempos nos quais se desenvolvem as ações. Todavia, mesmo que eles
sejam comuns, o texto nunca é semelhante e carrega visões de mundo.
A literatura, no decorrer dos séculos esteve ligada às camadas
economicamente privilegiadas. Desta forma ao ler um romance, um conto, um
―clássico‖, que geralmente retratam o comportamento humano, sofrimentos, valores,
PINTURA GRAVURA FILME FOTOGRAFIA TESTEMUNHO ORAL CONVERSA MÚSICA PAISAGEM UTENSÍLIO ROUPA
ESCULTURA
FONTE LITERÁRIA CORRESPONDENCIA MEMÓRIA AUTOBIOGRAFIA DIARIO
TEXTO HISTÓRICO
questionamentos e sonhos próprios do ser humano, pode-se perceber a visão de
mundo de quem os produziu.
Assim, a Literatura é uma fonte de pesquisa riquíssima para História, porque
reflete as ideias, valores coletivos e a visão de mundo da sociedade de seu tempo.
O professor deve ter clareza que são fontes privilegiadas para obter dados
que confirmam, complementam ou preenchem lacunas de outras fontes de
pesquisa.
É possível analisar com as crianças o assunto do texto, a relação do título
com o tema, a época e o contexto em que foi produzido. Além disso, verificar com
as crianças a seqüência das informações, o objetivo do autor, o que é narrado, o
que é anterior, simultâneo ou posterior a um fato apresentado. Que relações de
causalidade e efeito podem perceber, entre outros.
Memória e história oral
... a imagem que nós temos dos outros povos e de nós mesmos é
associada à história que nos foi contada
quando nós éramos crianças. Marc Ferro.
http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://3.bp.com/
SIMULTÂNEO – não é um processo natural, os fatos acontecem ao mesmo tempo, no mesmo lugar ou em lugares diferentes. CAUSALIDADE - relação entre um evento (a causa) e um segundo evento (o efeito), sendo que o segundo evento é uma consequência do primeiro.
A história oral durante muito tempo despertou pouco interesse pela
resistência da sua incorporação como fonte histórica, os historiadores até a década
de 1950 não valorizavam em seus trabalhos as fontes orais, pois eram céticos em
relação a validade deste tipo de documento para escrita da história. A partir da
década de 1960, as transformações culturais ocorridas no ocidente e ampliação de
temas de investigação histórica impulsionaram a utilização de fontes orais pelos
historiadores preocupados com o passado das mulheres, crianças, trabalhadores,
jovens e outros.
Atualmente encontram-se três linhas de trabalho:
- ―História oral‖: trabalha com os depoimentos orais para preencher lacunas
deixadas pelos documentos escritos. Tem se voltado tanto para estudo das elites
como os grupos excluídos, cujas fontes são muito precárias. No caso da
recuperação do ultimo grupo, os depoimentos orais podem servir como instrumento
de identidade e de transformação social.
- Memória e História: atribui-se papel central nessa relação. Neste caso a veracidade
dos depoimentos não é preocupação central. Muito utilizada para produzir e
reproduzir a História e as tradições culturais dos povos, tendo por base a memória.
Utilizada nos Centros Municipais.
- Instrumento de intervenção social: voltada para recuperação da trajetória de
segmentos excluídos e marginalizados ou para registrar memórias de grupos
impactados por traumas de guerras, massacres, catástrofes, entre outros.
Para trabalhar com a história oral precisam-se tomar alguns cuidados: Na captação dos depoimentos, deve-se:
- Registrar informações básicas: Nome do entrevistado, idade e data da entrevista.
- Transcrever as fontes,
- Constituir um arquivo
Além disto, é necessário:
- O entrevistado definir o local e o horário;
- O pesquisador definir o tema;
- O pesquisador dirigir a entrevista através de um roteiro previamente estabelecido.
- Evitar locais públicos;
- Se possível obter o auxilio de documentação como fotos e cartas antigas;
- Não prosseguir se o entrevistado estiver cansado. Marcar novo dia para a
entrevista;
- Realizar uma pergunta de cada vez;
- Evitar questionamentos duplos;
- Evitar interrupções;
- Não discordar do narrador;
- Não induzir as respostas, nem complementá-las.
Deve-se também fazer uma carta de cessão, que é um documento de autorização para a utilização de entrevistas. Segue modelo abaixo:
CARTA DE CESSÃO (local e data)
Destinatário, Eu, (nome, estado civil, documento de identidade, declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais de minha entrevista gravada em (datas das entrevistas) para (nome do entrevistador ou da instituição) usá-las integralmente ou em partes, sem restrições de prazos ou citações, desde a presente data. Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objeto dessa carta de cessão, subscrevo a presente. ____________________________________ Assinatura do Depoente
Pintura/imagem "A qualidade de um pintor depende da quantidade de passado que carrega consigo."
Picasso
A pintura desempenha papel relevante em uma aula de História, porque as
obras de arte são representações da realidade humano social. Por isso elas não
podem ser vistas apenas como ilustrações.
É importante salientar que a imagem não se esgota em si mesma, isto é, há
sempre muito mais a ser analisado, apreendido, além daquilo que se lê e vê. A
pintura é uma espécie de ponte entre a realidade retratada e outras realidades, no
passado e no presente. Ela não é retrato de uma verdade, ―nem a representação fiel
de eventos ou de objetos históricos, assim como teriam acontecido ou assim como
teriam sido‖. (PAIVA, 2006, p.20), pois selecionam, omitem alguns elementos e
destacam outros, segundo as demandas do presente, ou seja, ela é uma construção
histórica que retrata determinado momento e lugar que quase sempre foi pensado e
planejado por um autor com uma intenção.
A partir dessa compreensão ao analisar uma pintura pode-se levantar alguns
questionamentos:
Hermann Werner -La Confidence À La Grand-mère,(1816/1905). In http://www.google.com.br/imgres?q=Hermann+Werner&um=1&hl=pt-
BR&gbv=2&tbm=isch&tbnid=l0srRnsrcd63-
a) O que você está vendo nesta pintura? b) Quais as pessoas que aparecem? c) Qual é a expressão de cada uma? Estão tristes, alegres, bravos? d) Será que é o retrato de uma família? e) Como elas estão vestidas? ―observação dos indícios da classe social‖. f) O que a avó está fazendo? Você tem avós? Como eles são? g) Quais os objetos que aparecem na pintura? h) Eles são semelhantes ou diferentes dos que você conhece? i) Qual o animal que aparece? O que eles estão fazendo? Você tem animal de estimação? j) O que será que a neta está falando para a avó? k) Será que é um segredo? O que é um segredo? Você tem um segredo? Fotografia
A imagem fotográfica é mais que a retenção de um fragmento do real sobre um suporte.
São trechos de uma realidade suspensa no tempo roubado da vida e devolvido a ela com revelações inesperadas.
Luis Humberto
Desde que foi inventada a fotografia foi reconhecida como importante
documento, é bastante utilizada nas pesquisas históricas. Não são apenas as
fotografias tiradas por profissionais que podem ser consideradas fontes
documentais, mas os retratos de pessoas, fotos de família, de grupos profissionais,
políticos, paisagens, cartões postais, entre outros.
Como todo documento, a fotografia também não é uma reprodução fiel do
real, pois ela é produto das escolhas de quem a realizou.
Diante de uma fotografia pode-se realizar alguns questionamentos:
http://laeti.photoshelter.com/gallery-image/Imigracao-Japonesa/G0000V5keCDEfegI/I0000f1ssAekRy3Y
a) Como é classificado este documento: uma fotografia, um desenho? b) O que foi registrado? c) Qual deve ter sido a intenção da família em tirar esta fotografia? d) Que impressão causa a fotografia? e) Quais as pessoas que fazem parte desta família? f) Quem é o mais velho? E o mais novo? g) Sua família é assim? h) Quem mais faz parte da sua família e que não faz parte da família das crianças da foto?
i) Que dia da semana será que eles tiraram esta foto? Por que? j) Por que o vestuário dos meninos e das meninas era muito parecido com o
dos adultos? k) Qual o animal que aparece na fotografia? Por que será que ele aparece?
Você tem animal em casa? Qual?
Exemplo de análise da fotografia
Não há informações sobre o fotógrafo, mas é bem provável que seja um
profissional, porque a composição do grupo revela a experiência em produzir
tradicionais fotografias de família.
Casal de imigrantes japoneses com os cinco filhos em frente à plantação de
café. Esposa e marido estão próximos, um atrás do outro: a mulher sentada em
cadeira com o seu filho mais novo no colo, dona de casa, educadora, aquela que
cuida do bem-estar de todos; suas duas filhas também estão sentadas em cadeiras
ao seu lado. Seu marido posicionado atrás dela, em pé, a figura mais alta, que zela
pela segurança de sua família. Os filhos mais velhos do casal estão de pé como o
pai. Todos demonstram muita seriedade e ordem.
Audiovisual (Filme e/ou desenho animado)
Para o ensino de História o filme oferece muitas possibilidades. Todos os
filmes podem ser objeto de estudo, pois, ―são produtos de seu tempo, usam
tecnologia de uma época e refletem ideias e símbolos da sociedade que os produziu
e consumiu‖ (CAMPOS; FARIA p.53).
A utilização de filmes não precisa enaltecer ou ridicularizar, mas levar as
crianças entender que o cinema é uma representação de um determinado momento
da história.
Precisa-se ter clareza que alguns filmes compõem o imaginário infantil e, por
isso, são relevantes para o processo educativo das crianças, pois esse público
relaciona-se basicamente com as imagens e com o mundo, primeiro pela emoção,
depois pela razão. Falar, pois, com o público infantil, é um assunto muito sério, pois
se ensina sobre a cultura, se fala em formação de caráter, de personalidade;
incentiva valores, identidades, subjetividades, atitudes, comportamentos e normas,
ou seja, percebe-se que as relações sociais são também constituídas por meio da
linguagem visual dos filmes, que se apropriam de todo um aparato tecnológico para
formar sujeitos.
O CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) precisa gerir espaços de
problematização dessas questões com seus professores e crianças, mantendo um
olhar de criticidade onde o professor repense sua prática pedagógica em relação
aos filmes infantis, pois muito mais que o entretenimento eles também estão
ensinando.
A seguir apresentam-se sugestões de indagações referentes ao filme ―Kiriku e
a feiticeira‖:
Título Original: Kirikou et la sorcière
País de Origem: França / Bélgica / Luxemburgo
Gênero: Animação
Classificação etária: Livre
Tempo de Duração: 71 minutos
Ano de Lançamento: 1998
Site Oficial: http://www.kirikou.net
Estúdio/Distrib.: Espaço Filmes e Imovision
Direção: Michel Ocelot
a) Qual é o titulo do filme? b) Que relação existe entre o título e o enredo? c) Onde se passa a história? d) Quem são os personagens principais? e) Como é o dia dos personagens? f) Como é a roupa das pessoas? g) Do que as crianças brincam? Você conhece alguma das brincadeiras? h) Como são as casas? i) Você concorda com as atitudes do Kiriku? j) A forma que as pessoas vivem (comem, vestem-se, trabalham) no filme é
semelhante ou diferente de como você vive?
As questões a serem desenvolvidas, analisadas, são particulares para cada
desenho ou filme. Dependem dos objetivos propostos para aquele momento.
Para utilizar esta fonte de forma coerente, deve-se checar o vídeo antes,
conhecê-lo e ver a qualidade da cópia.
Histórias em quadrinhos
As histórias em quadrinhos usadas como fonte histórica, podem trazer
aspectos sociais do passado e pontos de partida para discussões conceituais, como
o conceito de tempo e suas múltiplas dimensões temporais: sucessão, duração e
simultaneidade. Assim, as recordações presentes nos quadrinhos podem ser
utilizadas para ilustrar o conceito de tempo histórico: as expressões como ―mais
tarde...‖ ou ―logo depois...‖ são exemplos de sucessão e, por sua vez, a expressão
―enquanto isso...‖ pode facilitar à criança a compreensão da ideia de simultaneidade.
Além disso, os elementos visuais presentes nas histórias em quadrinhos
podem indicar a passagem do tempo: o da natureza, o do relógio e o da fábrica;
como o desenho da lua para indicar o anoitecer, o relógio na parede de um
escritório, e o personagem marcando o cartão de ponto no final do expediente
(VILELA, 2008, p. 107).
Ao trabalhar com as histórias em quadrinhos em sala de aula, o professor não
deve trabalhá-las de forma isolada, mas inserí-las em conteúdos, temas e unidades
específicos do ensino de História, acompanhada ou não de outros documentos.
É necessário incentivar a criança a aprofundar a descrição superficial,
questionando, por exemplo:
In:
http://www.csj.g12.br/ensfun2/projetos/2010/disseminar_valorizar/red2010/red6/quadrinhos_6.htm
a) O que a Mônica e o Cebolinha estão fazendo? b) Eles têm filho? Quem é o filho deles? c) Que objetos aparecem no segundo quadrinho? d) Qual o objeto que o Cebolinha está usando e para que ele serve? e) Você já viu um espanador? Tem um em sua casa? f) Como os personagens estão vestidos? g) Quem sai para trabalhar e quem fica em casa trabalhando? h) Na sua casa quem sai para trabalhar? i) Quem fica em casa trabalhando? j) Qual a expressão do Cebolinha? Porque ele está com esta expressão? k) Você ajuda na limpeza e organização da casa? Como?
Propaganda
A propaganda e a publicidade fazem parte da vida social, porque estão
ligadas à implantação de uma ideia ou de uma crença na vida das pessoas. A
publicidade em específico tem como objetivo a venda de produtos e serviços.
A televisão, o rádio, a imprensa de grande tiragem (jornais e revistas), os
grandes outdoors, os transportes coletivos, a internet e outros meios de
comunicação são usados para influenciar os gostos, opiniões e as preferências do
individuo. Para isso eles desenvolvem uma linguagem específica para cada mídia
explorando os anseios e necessidades cotidianas.
Existem inúmeros tipos de propaganda: política, eleitoral, governamental e a
mais vivida pelas crianças: a comercial, usada para influenciar e despertar
interesses que muitas vezes não são significativos para aquela fase da vida, como
por exemplo, propagandas que influenciam a menina a comprar sapatos.
http://www.portaldapropaganda.com/design/2007/05/0001
Qualquer que seja a propaganda, ela é um importante documento a ser usado
pelos professores porque informa sobre a sociedade e a época que a produziu e a
consumiu.
Na propaganda abaixo, por exemplo, é utilizada uma frase simples e direta:
―peça baton‖, que é repetida várias vezes. Além disso, ordena a ação de pedir. Um
dos objetivos do uso desses recursos é possibilitar que as crianças memorizem e
executem a ordem de ―pedir baton‖. Por fim, ao final da propaganda, independente
se os leitores gostem ou não do chocolate Baton, é feita a seguinte afirmação: ―O
chocolate que não sai da sua boca‖.
Entendendo a propaganda como forte influência para as crianças é importante
fazer alguns questionamentos:
a) Que produto a propaganda está anunciando? Qual o objetivo da propaganda? b) Essa propaganda foi feita para crianças ou para adultos? Por quê? c) O que ela manda as crianças fazerem? d) Por que ela repete várias vezes a frase: ―peça baton‖? e) Por que ela usa a frase: ―O chocolate da Garoto que não sai da sua boca?‖ f) Será que é correto comer tanto chocolate? Por quê?
A propaganda a seguir é da refeição ―SUPER‖ de Aveia Quaker. Foi divulgado
na década de 1940, um período marcado pela 2ª Guerra mundial.
A população brasileira estava sentindo os efeitos da guerra, sofrendo
racionamento de alimentos e de combustível, o que obrigava as famílias a
enfrentarem longas filas para comprar pão. A expectativa de vida do brasileiro
estava em torno de 40 anos. Em Pernambuco, naquele período, a expectativa de
vida era bem menor: 35 anos. No Rio Grande do Norte, menor ainda: 33 anos.
Um tempo que se precisava pensar nas crianças desnutridas.
Anúncios de Julho de 1942.In: http://propagandasantigas.blogspot.com.br/
A seguir sugestões de questionamentos referentes a propaganda:
a) Que tipo de propaganda é mostrada no folheto? b) O que aparece? c) Qual a relação da imagem com o título? d) Para quem o alimento é feito? Para adultos ou crianças? e) O que a propaganda afirma que o alimento faz?
f) Como ele deve ser consumido? Por quê? g) A aveia Quaker permanece até os dias de hoje. Você utiliza? h) O que a propaganda da Aveia afirma nos dias atuais?
Assim, independente do Documento/ da Linguagem a ser explorada, torna-se
necessário que os professores busquem situações de ensino – aprendizado
significativas, construindo problematizações históricas, apreendendo a partir dos
sujeitos históricos, das histórias silenciadas, das histórias que não tiveram acesso à
História.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CABRINI, Conceição. O ensino de história: revisão urgente. 5 ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. Cadernos temáticos: inserção dos conteúdos de história e cultura afrobrasileira e africana / Paraná. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Departamento de Ensino Fundamental. –Curitiba: SEED - Pr., 2005. CAINELLI, Marlene. Educação Histórica: perspectivas de aprendizagem na história no ensino fundamental. EDUCAR EM REVISTA. Curitiba, PR: Ed. UFPR, 2006. CAMPOS, Helena Guimarães; FARIA, Ricardo de Moura. História e Linguagens. 1 ed. São Paulo FTD, 2009. COOPER, Hilary. Aprendendo e ensinando sobre o passado a criança de três a oito anos. EDUCAR EM REVISTA. Curitiba, PR: Ed. UFPR, 2006. FERREIRA, Marieta de Moraes; FRANCO, Renato.Aprendendo História: reflexão e ensino. São Paulo: Editorado Brasil, 2009. HORN, Geraldo Balduino; GERMINARI, Geyso Dongley. O ensino de História e seu Curriculo: teoria e método. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. NADAI, Elza. A escola pública contemporânea: os currículos oficiais de história e o ensino de história e o ensino temático. Revista brasileira de história – ANPUH. São Paulo: Marco Zero, vol.3, n 25-26, set./92 ago./93 p.143-162. OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de.(Coord.) História: ensino fundamental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. Coleção Explorando o Ensino; v. 21) PAIVA, Eduardo França. História e imagens. 2ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. PRATS, Joaquín. Ensinar no contexto das Ciências Sociais: princípios básicos. EDUCAR EM REVISTA. Curitiba, PR: Ed. UFPR, 2006. RÜSEN, Jörn. Razão Histórica: teoria da história: fundamentos da ciência Histórica. Brasília: UnB, 2001. TURAZZI, Maria Inez; GABRIEL,Carmem Tereza. Tempo e história. São Paulo: Scipione, 2004. (Pensamento e ação no magistério)
VIEIRA, Maria P. de A.; et ali. A pesquisa em história. São Paulo: Ática, 2000.
VILELA, Túlio. Os quadrinhos na aula de História. In: RAMA, Angela e VERGUEIRO, Waldomiro (Org.). Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2008. Principais sites consultados HTTP://www.webartigos.com/articles/15433/1/APRENDER-E-ENSINAR-HISTORIA-NO ENSINO-FUNDAMENTAL-DO -PCN1997/pagina1.htmlixzz1omxmegon.Acesso 08/06/2011. http://www.google.com.br/imgres?q=Hermann+Werner&hl=pt-RR&gbv=2&tbm=isch&tbnid=l0srRnsrcd63-M:&imgrefurl=http://tereoliva.blogspot.com/2012/02/vovovovsky.html&docid=
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