foca mais - junho 2016
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DIRETÓRIO ACADÊMICO DE CI-ÊNCIAS BIOLÓGICAS DEBATEVIOLÊNCIA SEXUAL.pág. 7
universidadeespecialistas debatem so-bre a questão de gêneroe da cultura do estupro.pág. 4
a representação femininana política a partir deuma perspectiva local.pág. 3
sabatina política
Mayara Gomes (Foto) fala sobre ofeminismo negro nesta ediçãoespecial sobre questões de gênero.Pág. 7
FFEEMMIINNIISSMMOO NNEEGGRROO
EDITORIAL
Os otimistas hão de concordar com o editorial da ediçãoanterior Foca Mais. O jornalismo não está morrendo. Está emtransformação. E essa mudança passa pelas novas gerações dejornalistas, que têm a missão de manter o que há de melhor no“jeito antigo” de levar informação às pessoas e, ao mesmotempo, encontrar formas mais apropriadas e interessantes parareinventar o “sistema”. Feliz ou infelizmente, essa virada é umprocesso. Ou seja, não há uma chavinha que, quando acionada,faz a conversão para a nova fase.
Dito isso – ou seja, compreendendo que se trata de ummodelo em evolução – é preciso reconhecer os méritos doFoca Mais. É obviamente uma tentativa de experimentar, comos pontos positivos e negativos intrínsecos às dores e delíciasde se aventurar por terrenos que não estejam plenamentemapeados. Também como modelo em construção, não se podenegar as falhas. E, como o ano de publicações está apenascomeçando, é o momento ideal para dedicar mais tempo eespaço ao que pode ser melhorado para as próximas edições.
O primeiro rumo a acertar é a seleção de assuntos. Oleitor pode ficar confuso. Não há uma linha claramentedefinida. É cultura, é comportamento, é geleia geral? É jornal?É revista? É a mistura de ambos e, assim, pretende inauguraruma nova forma de levar informação ao público? Nem ostemas tampouco a diagramação ou a estrutura narrativa seconversam. Sobre os textos, há a necessidade de uma revisãomais apurada.
Alguns clichês são dispensáveis. O que se quer dizercom “um endereço permanece o mesmo há três décadas”?Nesse sentido, os primeiros parágrafos das matérias sobre odesemprego, a sabatina e a volta do Fresno a Ponta Grossatambém merecem ser revisitados, com um olhar maisreflexivo. O destaque da edição fica com a capa, singela econvidativa.
E que venha uma nova fase de experimentações.
EXPEDIENTE
Os dados de violência contra a mulher são alarmantes.A cada dois minutos cinco são espancadas. A cada 11 minutosuma é estuprada. E, a cada dia, 179 são agredidas, e dessas, 13morrem. E não é de hoje que isso acontece. A história daviolência cometida contra o sexo feminino é a mesma queatinge nossas tataravós. Sim, aquelas mesmas que foramensinadas que lugar de mulher é na cozinha ou cuidandodos filhos. Aquelas mesmas que aprenderam desde cedo quemulher não pode competir com homem, pelo contrário,deve ser ensinada a servílo. A sistematização da violênciacontra as mulheres é historicamente construída, começandopelas desigualdades que vigoram nos pequenos campossociais, políticos, culturais e econômicos da maioria absolutada sociedade. Sempre somos colocadas em segundo plano.
O século é XXI, até nossa avó que foi ensinada aservir e ser submissa ao homem, está mais antenada e chegaa fazer alguns comentários feministas que nos enchem deorgulho. Porém, há muito a ser feito ainda. Recentemente,uma menina de 15 anos foi estuprada por cerca de 33
homens. Parte da sociedade indingouse, e a outra? Ah, essaaproveitou para desferir os piores e mais condenatórioscomentários. "Se fosse moça direita não estava em bailefunk!", "15 anos e já é mãe? Boa coisa não é", "Se tivesse emcasa não teria acontecido isso!"
E quem é que dita o que é certo ou errado? Por quealguns insistem em querer fazer com que a mulhersubmetase à vontades que sequer são delas? Tentandoresponder á essas perguntas, resolvemos dedicar toda a nossaedição do mês de junho ao tema. Incluindo uma mesa dedabate composta apenas por mulheres. Um especial sobre avida e trajetória de mulheres no cenário políticopontagrossense. E também uma reportagem que retrata avida de mulheres que em nada deixam a desejar em seustrabalhos, os quais por muito tempo foram consideradoscomo "coisa de homem". Afinal, lugar de mulher é onde elaquiser estar.
OMBUDSMAN
Katia Brembatti
FOCA MAIS
O Foca Mais é composto por alunos do segundo e terceiro ano de jornalismo da UEPG. Diagramadores: Bruna Oliveira,Leonardo Camargo e Melissa Moura. Repórteres: Anna Cuimachowicz, Bruna Oliveira, Daniel Lisboa, Felipe Deliberaes,Lauro Alexandre, Marina Semensati e Matheus Pileggi. Editores: Douglas Kahl, Lucas Boamorte, Marcelo Ribas e PedroGuimarães. Fotógrafos: Saori Honorato e Lucas Boamorte. Editores de imagem: Danilo Schleder e Pedro Guimarães. SocialMedia: Bruna Oliveira e Vitor Carvalho. Professora responsável: Paula de Souza Paes. Ano 1. Edição nº 2. Junho de 2016.Fechamento: 4 de julho.
por Lauro Alexandre
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política
Mulhereslutam pelarepresentaçãopolítica
Uma das principais pautas domovimento feminista é a falta de representatividade das mulheres nos espaços relacionados às decisões políticas.Atualmente, a composição das CasasLegislativas atestam essa falta de representação. Com uma análise da representatividade nacional, ou até mesmorecortando essa análise para o cenáriolocal, os números comprovam que apolítica ainda é um campo dominadopelos homens
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), durante as últimas eleições, em 2014, o estado doParaná, lançou 344 candidatos ao cargode Deputado Federal, destes 235 eramhomens e apenas 109 eram candidatasmulheres. Para o cargo de DeputadoEstadual foram 847 candidatos commais de 500 candidatos homens e 267candidatas do sexo feminino. Para ocargo de governador, a única candidataa disputar as eleições foi a SenadoraGleisi Hoffmann do Partido dos Trabalhadores (PT).
Quando olhamos para o cenáriolocal, em Ponta Grossa, essa divergência é ainda mais grave. Na história dacidade, foram eleitas apenas nove mulheres para o cargo de vereadora, sendoa primeira no ano de 1951. Nenhumadessas mulheres chegou a presidir aCâmara de Ponta Grossa e a cidadenunca teve uma candidata ao cargo deprefeita.
De acordo com os dados do TSEsobre as duas últimas eleições municipais, no ano de 2008 houveram apenas48 candidatas ao cargo de vereadora,sendo eleitas as candidatas Aline de Almeida Cesar (PMDB) e Profª Ana Maria Holleben. Já nas eleições de 2012,que elegeram os candidatos que exercem as funções públicas atualmente,foram 117 ca ndidatas do sexo femininoe 279 do sexo masculino. Apenas duasmulheres foram eleitas para o cargo, avereadora Profª Ana Maria Holleben,que teve seu mandato suspenso por de
cisão judicial e a vereadora Adélia Souza, que atualmente se encontra delicença das suas atividades. Apesardo baixo número de mulheres exercendo o cargo de vereadoras, o númerode candidatas do sexo feminino temaumentado consideravelmente. O Tribunal Superior Eleitoral estipula queuma cota de no mínimo 30% e no máximo 70% de candidatos de cada sexopor partido ou coligação.
O vereador de Ponta Grossa epresidente do Partido da Mulher Brasileira (PMB) na cidade, Julio Kuller explica como é possível uma presidênciamasculina no partido. “O partido damulher brasileira não é um partido feminista, ele é um partido que luta pelosdireitos da mulher como o principalelo de ligação da família. Dentro do estatuto do partido não há problema algum de ser presidente homem, mastem que ser a vice mulher, ou quando apresidente é mulher o vice tem que serhomem. Então não é um partido demulheres, é um partido de valorizaçãoda mulher”.
Kuller também é précandidatoao cargo de prefeito de Ponta Grossa ese diz empolgado pelo número de filiados ter aumentado e possibilitado quemais mulheres se lancem candidatasnessas eleições. “Mas nós estamos muito felizes, porque a nossa filiação, nóstemos mais de 600 filiados e 70% sãomulheres. Nós temos também umachapa para concorrer a câmara munici
pal, onde também 60% é mulher, entãoa mulher vai colocar seu nome à disposição agora para que possa ter efetivamente essa representatividade.”
Recentemente, uma pesquisa dedados foi divulgada por meio de reportagens, relatando a trajetória de diferentes mulheres na políticapontagrossense. Os textos foram divididos em seis partes e trazem dadoshistóricos da cidade, contextualizando asituação de diferentes mandatos e aatuação das mulheres nesse cenário.
O trabalho foi realizado pelasjornalistas Gisele Barão e Luciane Justus, através do projeto de jornalismoindependente Maria Pauteira. Divulgando as notícias por meio de um site epelas redes sociais, o projeto abordatemas voltados aos Direitos Humanos,envolvendo a prática da cidadania e aatuação do jornalismo. As reportagenssobre as vereadoras podem ser acessadas no site.
Mulheres na História Política
"O partido da mulherbrasileira não é um
partido feminista, ele éum partido que luta
pelos direitos da mulher"Julio Kuller (PMB)
ARTE: LAURO ALEXANDRE 3
Violência contra a mulher
Nessa edição a sabatina terá como tema a violência contra a mulher. Para compôr a mesa de discussões,trouxemos três profissionais que irão esclarecer alguns aspectos polêmicos que envolvem esse assunto.
Psicóloga, mestranda epesquisadora, especialmente na área do estudode gênero. Seu trabalhosempre esteve centrado nadefesa dos Direitos Humanos, nas mulheres, crianças e adolescentes e,também no respeito àsidentidades da pluralidadecultural.
Advogada, vicepresidenteda Comissão da mulher daOrdem dos Advogados doBrasil Subseção de PontaGrossa, membro do Coletivo feminista ResistênciaAmapô. Participou de várias campanhas contra aviolência doméstica, comoSemana Nacional da Pazem Casa. Bem como doOutubro Rosa.
Formada em Licenciaturaem Geografia pela UEPG.Mestre em Geografia também pela UEPG. Atua nomovimento feminista desde2012 de maneira independente. Nesse ano estáconstruindo o Coletivo Feminista Resistência Amapô,e também o Frente Feminista Malalas.
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A violência sistemática contra a mulher,infelizmente tornouse comum. O simples fatode sermos mulheres acaba acarretando medoem nossa vida. Medo de sair sozinha. Medode ser estuprada. O que faz com que outraspessoas pensem que não temos o direito deescolher o que acontece com o nosso própriocorpo? Recentemente, uma mulher foiassediada por um cantor e em resposta eledisse: “nem me considero um homem, soucriança ainda”. Outro caso recente é o damenina de apenas 16 anos que foi violentadapor cerca de 33 homens no Rio de Janeiro.Independente do número, o fato acontece commilhares de mulheres todos os dias. Já passoua hora de nós discutirmos á respeito disso.
Eu particularmente estudo sobre cultura, e ela fala sobre a identidades, sobre a construção da identidadepessoal. Quando nós falamos em cultura doestupro, falamos em uma sociedade que foiconstruída através de paradigmas patriarcais e, na nossa região ainda há a existênciado discurso coronelista, só refornaçandoainda mais o termo “cultura”. Com certeza,nós mulheres, desde pequenas até a faculdade, já passamos por algum desrespeito.Precisamos nos unir contra todo e qualquertipo de violência, já passou da hora, estamos em 2016. Não estamos falando da violência cometida só contra a mulher, negro,indígena, homossexual, mas sim contra oser humano. Não valorizar o outro é nãovalorizar o próprio ser humano.
Quando há uma normalização que a mulher é a culpada pela violência, até em casos bárbaros como o damenina que foi estuprada por 33 homens,nós temos um grande problema. Não há denossa parte uma cultura de proteger e tentar entender o lado feminino. É instintivo oato de culpar a mulher, nós não somosapoiadas. Há mais um cenário de normalização e culpabilização do que de acolhimento.
A culpa é impostaà mulher, seja em redes sociais ou em público. Associam o estupro com o fato de elaestar usando roupas curtas, como se o atodo estupro fosse mérito para alguém. Érepugnante. E o pior de tudo é ver que issoacontece em delegacias, até mesmo no judiciário, onde deveria ser um lugar que acolhe a mulher após a denúncia de umaviolência doméstica. Mas o que acontece éque a mulher precisa se explicar, muitasvezes é constrangida, deixando se ser devidamente amparada tanto em aspectos sociais quanto legais. sociais.
: baseiase no como cadapovo constrói sua cultura. Há lugares emque o homem é sempre quem manda, odono da casa. Mas há outros, na África porexemplo, em que é a mulher quem comanda, não com uma função coercitiva, massim representativa. A Revolução Industrial,Francesa ajudou um pouco nesse aspecto,mas ainda temos uma sociedade despreparada. Tivemos nesses últimos 30 anos umconsiderável avanço nessa questão, masainda temos uma sociedade que mescla diversas opiniões, inclusive opiniões de pessoas mais velhas e que são um tantoconservadoras.
nós temos uma cultura de500 anos de exploração e, a história do
Brasil está diretamente ligada a história doestupro. Na escravidão, quando o corpo damulher negra é comparado com o do homem, notavase um potencial maior de violência sexual por parte do homem, já quea mulher possuía um corpo mais frágil. Opatriarcado se deu de tal forma e nunca foiquestionado, acabou se normalizando.
Nós temos no códigopenal o crime de assédio sexual, o qual seconfigura em constranger alguém com afinalidade de obter vantagem sexual, aplicandose em casos onde o assediador ocupasse uma posição hierárquica superior,seja ela emprego, cargo ou função. Seriaum patrão, ou até mesmo um professor. Amulher pode estar indo para onde quiser,universidade, festa, ela não pode ser abordada com palavras indelicadas. A partir domomento que o direito de ir e vir de umamulher é interrompido, é assédio. Ao meuver, todas essas importunações são assédio.E não há nenhuma lei específica para essescasos, apenas uma lei que proíbe importunar alguém em local público de modoofensivo ao seu pudor. Quando uma mulher vai fazer um B.O (boletim de ocorrência), denunciando um assédio, geralmenteela é atendida por um homem que fala queela deveria agradecer por ter sido achadabonita, por ter sido chamada de “gostosa”,“delícia”.Ou quando a mulher vai retiraruma queixa na delegacia, quase sempre porfalta de condições financeiras para continuar o processo, ela é ridicularizada, ouvecoisas do tipo “Ah, essa gosta de apanharmesmo!”.Tudo isso num local onde ela deveria se sentir acolhida e apoiada.
Eu observo nos meus casos clínicos muita vergonha por parte damulher. Elas ficam extremamente fragilizadas. Não acreditam mais em nada, nemno mundo, nem nas coisas, e nem nos outros. É terrível ouvir as histórias. Geralmente, as pessoas acham que isso nunca vaiacontecer, mas acontece, e por fazermos
parte dessa sociedade coronelista, patriarcal,aprendemos a ter nosso pai, irmão ou umapessoa próxima, como apoio. Nós não ensinamos nossos filhos á terem medo do tio,por exemplo. Temos que cuidar principalmente das nossas crianças, observar o silêncio, porque elas ficam com medo de queninguém acredite caso elas contem.
A gente não pode pensarque violência sexual só está atrelada à açõesperigosas. Isso nos faz acreditar que espaçoprivado é mais seguro que espaço público.Nós, mulheres, associamos muito mais espaço público com vulnerabilidade, umavez que, no espaço público, o homempossui muito mais comando. Eles mexemcom a gente e nos intimidam a acreditarque aquele lugar onde estamos é deles. Euentrevistei algumas mulheres sobre isso e,elas diziam que achavam que era normal.Elas não entendiam porque não tinhamconhecimento sobre o assunto. Porque emescolas não se pode ensinar sobre sexo quevocê está incitando a criança a fazer sexo.Porém, pode estuprar uma criança dequatro anos sem ela saber que está sendoestuprada.
Há também o estupro dentro do relacionamento. Quando amulher não quer ter relações sexuais como marido ou namorado e, ele a obriga. Écomum o marido chegar alcoolizado emcasa e exigir sexo da mulher, pois na visãopatriarcal, a mulher está lá para satisfazer osdesejos do homem. Esses casos são estuprosim e, estão reconhecidos como tal na leiMaria da Penha. A vontade da mulher deveser respeitada. Sim é sim. Não é não.
É muito complicado quandoas pessoas têm essa visão de que estamosexcluindo os homens. Muitos falam: “‘Ah,vocês estão sendo iguais os machistas, excluindo e querendo seguir sozinhas”. É extremamente complicado. O cenário dofeminismo é onde o homem oprime a mulher, é uma relação de poder desigual. Nãosignifica que o homem não deva participar,mas sim que o protagonismo deve ser damulher. Ele não precisa defendêla, ela fazisso por si só. O homem pode atuar comopró feminista, falando para amigos, para afamília, ajudando assim a aumentar essaconscientização.
A cada nova ediçãodo Foca Mais, aSabatina apresentaráum debate sobretemas da atualidade.Confira na nossapágina do facebooke do youtube ovídeo desta sabatina.
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SABATINA
Gruposacadêmicos se
organizampara discutir
violênciasexual na UEPG Exposição de casos de estupro na mídia traz a discussão
para o universo acadêmico
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A repercussão do caso do estuprocoletivo nas redes sociais acendeu adiscussão em relação aos casos de violênciae assédio que acontecem contra a mulherdentro da UEPG. A mesa redondaorganizada pelo Diretório AcadêmicoErasmus Darwin, do Setor de CiênciasBiológicas, discutiu o assédio sexual emoral na universidade e mostrou que setem muito a discutir sobre as relaçõesentre professores e alunos.
A mestra em Geografia e integranteda Frente Feminista Malalas, Mayã deCampos, afirma que ocorre uma relaçãode poder entre o professor e o aluno.Além disso, envolve algo sério esensível: a relaçao entre a graduação e odiploma. Segundo Campos, esses fatorespodem levar ao assédio, tanto moralquanto sexual e, em consequência, osilêncio.
O professor de Farmácia erepresentante docente no conselhoadministrativo da Universidade, AirtonPereira, acredita que o assunto é muitopouco debatido e que os alunos muitasvezes nem sabem que estão sofrendoassédio moral. Para ele, um canal comoa Ouvidoria para as denúncias seremfeitas é fundamental para remediar asituação.
O papel da Ouvidoria
A Ouvidoria fica no prédio daReitoria. A ouvidora se chama LorenaLopes. Com mais de 30 anos comofuncionária da casa, ela está prestes a seaposentar. Segundo Lopes, para serouvidor é necessária uma extensa carreira,e, no caso da UEPG, não só exercer o aárea do direito como conhecer ofuncionamento de onde trabalha. É naOuvidoria que a pessoa pode denunciarqualquer situação que deva ser analisadalegalmente, de forma anônima ou não,desde mordidas por cachorros até uso dedrogas.
Muitas pessoas pensam que aOuvidoria é um serviço interno daUniversidade. Lopes explica que aOuvidoria responde à controladoria geraldo Estado em Curitiba, de onde as ordens ea fiscalização de seu serviço sãoexecutadas. “Eu sou uma burocrata. Nãosou amiga do reitor. A gente tem que serprofissional”, afirma. Mas esse assunto épolêmico visto que, mesmo tendo certa “liberdade”, cabe ao reitor autorizar ou nãoa abertura de um processo.
Apenas dois casos de assédio sexualforam denunciados até hoje. Um foiarquivado em 2015 por falta de provas e ooutro caso está em andamento em relaçãoao curso de Biologia. Mayã, da frentefeminista Malalas, acredita que essenúmero seja baixo. Já Lorena reconheceque o interesse pela ouvidoria referente aotema cresceu junto com a repercussãoobservada nas redes sociais.
A ouvidora entende que o assédiosexual é uma situação delicada e complexa.Ela certifica que, em caso de denúncia,ocorre o encaminhamento de suporte naCoordenadoria de Assistência e Orientaçãoao Estudante (CAOE). No caso emandamento, a jovem foi até a Ouvidoria,relatou o seu caso e agora foi formada umacomissão para julgar se houve ou não o
assédio sexual. “Essa parte de denúncia nãoexistia antes. Agora nós estamosprocessando (o suspeito)“ confirma Lorena.Para ela, a Ouvidoria está em estágio decrescimento e logo será institucionalizada.
Para a psicóloga Ana Bela dos Santos, épreciso de muito apoio à mulher que sofreesse tipo de violência, vindo de amigos,família, grupos de intervenção, a delegaciada mulher, Centro de Atenção Psicossocial(CAPS). “O símbolo que a mulher encontra(ao sofrer o estupro) é terrível. O símbolo
da falta de crença. A crença no mundo,nas coisas, no outro, acaba”, argumenta.
A segurança da Universidade
O Campus em Uvaranas abrangeuma área extensa, quase 600 mil metrosquadrados. São 67 vigias para fazer asegurança diária do local, que tambémsão responsáveis pelo patrulhamento doCampus central. Foram 269 ocorrênciasrespondidas pela vigilância ano passado,85 este ano.O território do Campus Uvaranasapresenta matagais e pontos maliluminados. Muitas pessoas de fora o
utilizam como passagem, para pegar umônibus ou passear. Certas vezes estaabertura traz problemas, como foi o casoda tentativa de estupro de uma menina quesaía da pista de atletismo por um suspeitoainda foragido. Ou também o homemflagrado em vídeo se masturbando noponto de ônibus ao lado de alunas no anopassado.“Nós não temos a cultura de proteger amulher. Não temos a cultura de entender olado feminino”, afirma Mayã de Campos.Será que a segurança do Campus conseguecompreender essa problemática? Será elasuficiente para proteger a mulher quanto aviolência sexual, seja física quanto verbal?Perguntas essas que deixamos para o leitorrefletir.
"Apenas dois casosde assédio sexual
foram denunciadosaté hoje. Um foi
arquivado em 2015por falta de provas eo outro caso está em
andamento emrelação ao curso de
Biologia"
por Matheus Pileggi
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UNIVERSIDADE
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As mulheres negras são maioria dasvítimas em diversos indicadores de violações de direitos humanos, segundo pesquisa publicada no site do Instituto PatríciaGalvão, que atua no campo do direito àcomunicação e dos direitos das mulheresbrasileiras. O racismo é uma das faces dasviolações a mulher negra.
Para a estudante de Licenciatura emArtes Visuais, Mayara Gomes, a participação da mulher negra no mundo artísticovisual é uma extensão do período da escravidão, sem muitas mudanças. “A mulhernegra ainda sofre com abusos de uma sociedade racista e machista, trabalho de remuneração injusta e dignidade humanainsuficiente”, explica.
Mayara diz que o ambiente artísticonão é diferente das representações midiáticas. “A mulher negra tem pouca representação sendo lembrada pela herança escravapelo sofrimento e desigualdade”, complementa. A estudante explica que a poucotempo esse cenário vem mudando comartistas como: Rosana Paulino Doutora emArtes Visuais pela USP que com o seu trabalho combina bem a questão de gênero eetnia, contando um pouco da sua históriacomo mulher negra na sociedade. E cita
ainda Sonia Gomes que com seu trabalhoendossa as suas raízes, uma tecelã de história e arte, e Ayéola Moore radicada naBahia há mais de dez anos que em suasobras faz questão de afirmar a sua identidade, como mulher e negra no Brasil.
A professora do Departamento deEstudos da Linguagem e Coordenadora doMestrado em Linguagem, identidade esubjetividade, Ione da Silva Jovino, diz queos resultados de pesquisas, principalmenteno campo da cultura visual, tem mostradocomo as imagens interferem no nosso modo de ser.
Quando se trata da representatividade de minorias, os discursos emitidos pelamídia traidicional coloca a mulher negradentro de estereótipos, segundo Ione. “ Infelizmente a maior parte das pessoas temseu conhecimento formado a partir do conhecimento midiático. A partir da novela,jornais televisivos, rádio. Quando a gentefala que representatividade importa, estamos falando desses espaços”, explica.
Ione comenta ainda a representaçãopolítica: “Nossa política atual é branca emasculina. Não tem nem espaço para mulheres em geral, imagine mulheres negras.Mulheres militantes, politizadas, empode
radas, pesquisadoras, entendedoras daquestão racial e feminista não tem espaçona política feita por homens brancos econservadores”, ressalva.
A youtuber Iole Milicio Demarchi,do canal Dona Florida, sentese pouco representada pela mídia brasileira. Ela buscasuas referências principalmente no YouTube, “Foi só depois do meu contato maiorcom as YouTubers negras que consegui mever como negra e perceber porque eu nãoencontrava referências para me arrumar eme cuidar”, explica.
Iole vê a internet como o principalinstrumento na formação da identidade damulher. “É um instrumento de aproximação entre as mulheres, de difusão de informações importantes e de referência paraa formação de identidade”.
Não existe um meio de monitoramento midiático quanto a representaçãonegra. O Ministério Público é o órgão quedeve ser acionado pela população para tomar atitudes contra práticas racistas. Em1968, o Estado Brasileiro assinou umaconvenção contra todas as formas de discriminação, mas a luta pela democratizaçãoda mídia ainda é uma realidade.
por Anna Cuimachowicz
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Demanda porespaços de
representatividadeé pauta para
feministas negras
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cidade
Segundo dados obtidos no InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),a contribuição dos negros ao longo da história do país envolve religião, música, culinária, indumentária e outras manifestações.
O turbante, por exemplo, é um tecido que fez parte da indumentária dos escravos. Além de um adereço, ele possuíafunção social e religiosa. Também conhecido como Ojá, ele múltiplas funções, comoa de carregar bebês, enrolar na cabeça ouadornar o busto. Ele compõe o traje típicodas baianas e é utilizado em religiões comoo Candomblé e a Umbanda.
Em 1930, o estilista francês Paul Poiret, introduziu o acessório na alta costuraeuropeia. No entanto, durante a década de60, o uso do turbante retornou como umareafirmação do movimento negro nos Estados Unidos.
A apropriação feita pela indústria damoda é bastante questionada. A YouTuber
, conta um poucosobre a apropriação cultural.
O que é apropriação culturalpara você?
Para mim, apropriação cultural équando uma classe dominadora utiliza de
algo de uma cultura oprimida, retirandoseu objetivo, significado. Eu procuro veresse assunto de uma maneira contextualizada, vendo como ela afeta a luta de determinados povos que batalham para seremvistos, representados, respeitados. Quandopor exemplo, alguém usa uma roupa característica da cultura japonesa ou irlandesa, a grande maioria sabe que aquela roupafaz parte dessas culturas, respeitam e/ouentendem seus significados. Já no caso dospovos indígenas e dos negros, seus acessórios são utilizados de forma banal, como ococar e o turbante, que são usados pela indústria da moda como somente um adereço, que embeleza o povo branco emarginaliza os povos que precisam destespara reforçar sua cultura, sua raiz, sua representatividade, já tão afetada.
Como isso afeta a cultura ea identidade da mulher negra?
O grande debate sobre a apropriaçãocultural gira em torno de que as mulheresbrancas tem direito de utilizar acessóriosde representatividade negra, da mesmaforma que mulheres negras podem utilizaros da cultura branca, e que não é de direitodasne
gras, privar uma mulher branca de usar oque ela quer. No entanto não é levada emconsideração a privação que temos desde onosso nascimento. Nós negras, somos privadas de usar o cabelo natural volumoso;somos privadas de colorir o cabelo, já quecor não combina com cachos; somos privadas de usar batom colorido pelo tamanho de nossos lábios, e assim por diante,somos privadas por uma sociedade queembeleza os traços caucasianos. Quandofalamos em apropriação cultural, estamostentando mostrar o quanto essa identidadenegra é afetada por ela, estamos tentandolutar por uma visibilidade, algo que asmulheres brancas, neste aspecto não precisam, pois tem a sua disponibilidade serquem quiserem desde que nascem.
Você se sente representadapela mídia?
Me sinto pouco representada. Buscoreferências sempre na internet, principalmente no YouTube, para dicas de maquiagem, cabelo, acessórios, etc. Foi só depoisdo meu contato maior com as YouTubersnegras que consegui me ver como negra eperceber porque eu não encontrava referências para me arrumar e me cuidar.
Uma conversa sobre apropriação cultural
Historicamente setores da sociedade convencionaram o que seriam para homens ou para mulheres. Issoinclui, principalmente as profissões.Mesmo com as mudanças que as gerações proporcionam, o ambiente aindaapresenta a dominação masculina, mesmo os homens não sendo maioria napopulação mundial.
De acordo com estudos do IBGE,nos últimos dez anos a desigualdade defunções e salarial pouco mudou. Os dados das pesquisam revelam tambémque apenas 5% das mulheres no mercado de trabalho ocupamcargos de chefia.Motorista da empresa detransporte público da cidade, Claudinéia Corrêa, éuma das tantas que enfrenta esse dilema. Das13:30h às 19:30h, de segunda a sexta, sua linha percorre a Vila XV, na região periférica da cidade.Durante os fins de semana ela muda deendereço, assumindo a rota da vila DalCol e Vila Margarida.
Claudinéia trabalha há 1 ano emeio na Viação Campos Gerais (VCG),entrou como trocadora, função queocupou durante 6 meses. “Minha intenção sempre foi ser motorista”.
Para ser motorista, ela passou porum treinamento, no qual ela foi supervisionada por instrutores. "Essa escolinha é obrigatória para todos quequerem ser motoristas independente daexperiência que tiver. Mas, eles geralmente dificultam para que as mulheresse inscrevam".
Apesar dessa pequena dificuldade, ela relata que não existem preconceitos por parte dos colegas, e quedentro da empresa existem políticaspara que essas coisas não aconteçam.“Eu sempre imponho respeito, porqueeles devem isso a mim e dessa maneira
o preconceito diminui, sem contar quenas reuniões sempre é mostrado que asmulheres tem feito um trabalho melhores que os homens” comenta.
Entre as viagens que faz, algoperceptível é a maneira de tratamentoque se inicia com algo que chama muita atenção: O sorriso, estampado norosto sempre acompanhado por um: “Olá, como vai?”. Essa atenção renderam boas amizades, como a de um senhor morador do Núcleo Pitangui, quetodos os dias leva comida para Claudinéia. “Quando eu trabalhei na linha do
Núcleo Pitangui, eu sempre via eletriste e comecei a conversar com ele.Desse gesto surgiu uma grande amizade” conta.
Claudinéia conta que sempre quegosta de coisas que a fazem sentirsedesafiada, e o desafio vai além de desbancar colegas homens, ele passa também por aceitação. Entre um troco eoutro ela conta que existem situaçõesque alegram e chateiam. “Uma senhoraidosa embarcou no terminal, e se sentou, porém quando me viu desceu do
ônibus, dizendo que não entraria numônibus guiado por uma mulher”. Paramostrar o outro lado, ela conta maisuma história, antes de parar no pontofinal, “No prontosocorro um senhortambém idoso embarcou, se sentou etempo depois percebi que ele estavachorando, resolvi perguntar o que estava acontecendo, e ele respondeu: 'Eununca imaginei que poderia ver umamulher ocupando essa posição, e vervocê ai me emociona'. Isso é algo querecompensa”.
Entre uma parada e outra, umcasal acena para o ônibus e ao invés de embarcar, leva uma sacolade frutas como presente. Segundo a motorista isso é bemcomum, “ Ganho muitascoisas aqui, quando
entrego o ônibus muitos colegas tiramsarro, dizendo que não irei mais precisar fazer compras” risos.
Claudinéia se sente realizada, epor sua vontade nunca mais deixariade ser motorista, mas o sonho de casarpode atrapalhar isso, pois seu companheiro não aceita. “Bom, ele não gosta,mas até casar eu vou levando. Vai queeu consigo convencêlo” complementa.
por Lucas Boamorte
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Cidadania
“Eu sempre imponho respeito, porque elesdevem isso a mim e dessa maneira o pre
conceito diminui".Claudinéia Corrêia
Histórias de respeito e competência no volante
FOTO: LENTE QUENTE8
A cultura do “nem todos”
o fim de maio, uma jovem menor de idade foiestuprada por 33 homensem uma comunidade pobre do Rio de Janeiro. Ocaso, ainda longe da fase
de julgamento e com apenas sete indiciados, ganhou repercussão mundial: o canal norteamericano CNNobservou que “o ocorrido abalou oBrasil, nação acostumada a elevadosníveis de violência”, e a catari Al Jazeera informou em seu site que “asimagens [do estupro] foram amplamente circuladas, chocando muitos nopaís que sofre com alto índice de crimes contra mulheres”.
Que o trágico acontecimentodominou nossas rodas de conversapor algum tempo, todos sabemos.Que milhares de mulheres indignadasse mobilizaram emmanifestações pedindo o fim dacultura do estupro,também. E, claro,sabemos que muitosde nós, homens,também ficamoshorrorizados e incapazes de assimilara desumanidade dos33 estupradores.Mas nem todosencontraram em sio sentimento desolidariedade paracom a vítima. Enem todos aceitam que, de forma ououtra, somos todos culpados e cúmplices de uma cultura assassina.
Por cada cartaz manchado detinta vermelha, símbolo do sangue demulheres violentadas, um homem selevantava de seu trono proverbial para bradar que a culpa não era dele. Acada afirmação incontestável de quetodos nós dos cromossomos XY somos estupradores em potencial, osangue de um santo autoproclamadofervia. Fervia a uma temperatura quenão ferveu quando viu a carioca de 16anos, desacordada e nua, ter sua existência reduzida a um objeto. É a novaramificação da cultura do estupro: acultura do “nem todos”, que já contacom milhões de adeptos, incapazes desentar no banco de trás mesmo
quando o veículo não lhes pertence.Muitos dos praticantes do
“nem todos” se rotulam como feministas – bradando aos quatro ventos oquão conscientes, respeitosos e desconstruídos são, e exigem a cooperação de seus similares. Segundo asmaiores autoridades no assunto –mulheres – estes não entendem o Xda questão. “É um comportamentoenraizado. Os caras, influenciadospela sociedade patriarcal na qualsempre estiveram inseridos como opilar mais importante, não aceitamperder esse holofote”, explica MayaraScheffer, integrante da Frente Feminista Malalas, uma organização formada por universitárias de Ponta Grossa.
O nosso “nãoprotagonismo” éelaborado por Mayã Campos, integrante do Coletivo Feminista Resis
tência Amapô etambém da Malalas: “O movimentofeminista nasce daexistência de umarelação estruturalde opressão, naqual o homemoprime a mulher.Quando falamosque o homem nãodeve participar, éno sentido de que oprotagonismo temque girar em tornoda mulher”. Entãoisso quer dizer que
não podemos atuar de forma alguma?“O homem ajuda quando se posicionacontra atitudes machistas de outroshomens. Tem que questionar quandosua roda de amigos está objetificandoalguma mulher e tem que conversarcom o pai quando ele é machista com a
mãe”, afirma Mayã.
Eis, portanto, o X da questão:nada disso é sobre nós. “Acho importante que os homens tenham a cabeçacada vez mais aberta a esse assunto.Que sejam receptivos. E que comecem a agir de forma coerente com oque acreditam. Uma vez que isso forestabelecido que se trata de respeito,empatia e apoio o negócio anda”,explica Mayara. E quem somos eu ouvocê para contestar isso, meu amigo?
N
"O homem ajudaquando se
posiciona contraatitudes
machistas deoutros homens."
por Felipe Deliberaes
O preconceito social se manifesta, nas supostas 'pessoas de bem', através de cada asterisco metafórico colocado ao fim das palavras da jovem vítima de estupro no Rio de Janeiro e de cada argumento de defesa tecido em prol dos criminosos. E o “nem todos” anda de mãos dadas com ele. Juntos, o preconceito e o “nem todos” passam perto da favela – não por dentro – e dão esmola a uma criança negra na rua. Seguem, orgulhosos e denarizes mirando o céu, para uma manifestação verde, amarela e branca (muito branca) na Avenida Paulista. Voltam para casa, ligam o computador,e abrem seus murais virtuais. Escrevem, respectivamente: “É triste o que aconteceu, mas a menina vivia na favela com traficantes” e “Eu respeito todasas mulheres, porém elas não podem facilitar”. Discursos similares. A vítima dos 33 homens foi acusada de facilitar, forjar, e até ter colaborado para quefosse violentada. Reconheçamos que a cultura do estupro começa dentro de nós – este pode ser o primeiro passo para acabar com ela.
Nikolas Souza é advogado e pósgraduando em
Criminologia na Universidade Católica de Santos.
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