fazenda coutos recebe base comunitária de segurança, mas faltam serviços básicos

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Há carências nas áreas de saneamento, acessibilidade e educação que Estado e prefeitura prometem solucionar

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SALVADORSALVADOR TERÇA-FEIRA 17/1/2012A4

REGIÃO METROPOLITANA

salvador@grupoatarde.com.br

Editor-coordenadorCláudio Bandeira

PARTICIPE O que você acha do estado das praiasem Salvador? http://cidadaoreporter.atarde.com.br

CIDADANIA Há carências nas áreas de saneamento, acessibilidade e educação que Estado e prefeitura prometem solucionar

Fazenda Coutos recebe Base Comunitáriade Segurança, mas faltam serviços básicos

JULIANA BRITO

A quinta Base Comunitáriade Segurança (BCS) e a pri-meira que não faz fronteiracom bairros consideradosnobres foi inaugurada on-tem pelo governo baiano emFazenda Coutos, subúrbioferroviário. A comunidade,carente de infraestrutura bá-sica, tem uma população de22.661 habitantes, predomi-nantemente de baixa renda eescolaridade. A densidadeterritorial na região é três ve-zes superior à de Salvador,sendo o 35º bairro mais po-puloso da cidade.

Criada na década de 80, co-mo muitas outras comunida-des surgidas nas últimas trêsdécadas, Fazenda Coutos ain-da não existe oficialmente.Mas os seus problemas sãobastante reais. Moradoresapontam problemas de in-fraestrutura: há carência decreche; a coleta de lixo é falha;e os serviços ainda são limi-tados na região.

“Em 1995, fizemos campa-nha para conseguir até o ano2000 agências bancárias,uma agência dos Correios euma delegacia integrada, eaté agora nada. Também nãotemos agência lotérica, e sequisermos pagar conta temosque ir a Paripe ou Periperi”,reclama o líder comunitárioGrimaldo Jorge da Silva.

EscolaMuitas ruas continuam semasfalto e apresentam esgotosa céu aberto. “Os moradores[da Rua Paquistão] se junta-ram para colocar o asfalto,mas a chuva acabou com tu-do”, lamenta a dona de casaMarineusa Oliveira. O postode saúde também é alvo de

reclamações sobre a falta demateriais. “Há seis meses fizo exame do pezinho na mi-nha filha, e até agora não estápronto. No posto às vezes faltavacina, ou a gente vai buscarum remédio e não tem”, re-clama a dona de casa GeisaMoura.

Durante o discurso, feito nasolenidade de inauguração

da base, o também líder co-munitário Tiago Ferreira fezum apelo ao governador Ja-ques Wagner para a aberturade uma escola de nível médiona localidade e de investi-mentos em centros profissio-nalizantes.

“Precisamos dar oportuni-dades aos jovens. Por falta dis-so, a juventude se perde, e énecessário fazer o resgate so-cial”, argumentou, recebendocomo resposta do governadorapromessadechecar“asreaispossibilidades de instalaçãode uma escola no bairro”.

Ações de inclusãoO prefeito João Henrique foi àinauguração da base de Fa-zenda Coutos e espera que aação possa restaurar os ser-viços públicos na localidade.“A prefeitura vai poder ofe-recer os seus serviços, o queaté agora não podia ser feito.Em todo o Brasil, onde o trá-fico de drogas se estabelece,ele decide quem entra e a quehoras vão ser feitos os ser-viços”, disse.

Sobre o problema, o co-mandante da Polícia Militar,Alfredo Castro, afirmou queforam “pontuados os pontosde drogas, nos quais a políciaintensificou a atuação”. Eleacrescenta que município eEstado vão promover campa-nhas educativas e de saúde nolocal.

“Vamos fazer campanhaseducativas e de vacinação;promover a inclusão digital;os policiais militares vão es-tar envolvidos em atividadesde recreação; e haverá orien-tação à população por partedos bombeiros de prevençãoa incêndios e de armazena-mento e manuseio de boti-jões”, enumera Castro.

22,6 milé o número de habitantesque vivem na comunidadede Fazenda Coutos, deperfil predominantementede baixa renda eescolaridade. É o 35º bairromais populoso da cidade

Marco Aurélio Martins / Ag. A TARDE

A nova base conta com um efetivo de 120 policiais, 15 câmeras de mapeamento em pontos estratégicos e vai abranger faixa de 6 km², englobando Fazenda Coutos I, II e III

Comerciantes ampliam negóciosapós a redução da criminalidadeMAÍRA AZEVEDO

Os comerciantes das quatrolocalidades onde já foram im-plantadas Bases Comunitá-rias de Segurança (Calabar,Nordeste, Vale das Pedrinhas,que atende a Chapada do RioVermelho, e Santa Cruz têmmotivos para festejar. É que,com a redução da crimina-lidade, novas possibilidadesde negócios apareceram.

Dono de uma barbearia noCalabar, há 13 anos, AndersonQueiroz, conhecido comoDenson Cortes, afirma que es-tá vivendo o seu melhor mo-

mento como empreendedor.“Perdi as contas das vezes emque tive de fechar o salão porcausa dos tiroteios. Com achegada da base, nunca maisouvi um só disparo de armade fogo e hoje me dou ao luxode ter clientes inclusive de ou-tros bairros”, diz Anderson.

A situação se repete no Nor-deste de Amaralina. O que an-tes era apenas um barzinhoque vendia bebidas alcoólicasse tornou uma ampla delica-tessen, seguindo os mesmospadrões de grandes redes. “Osdonos só fizeram a reformadepois da chegada da PM (re-

ferindo-se à BCS). Agora émais seguro”, conta uma dasfuncionárias, que preferiunão se identificar.

Não só os comerciantes sesentem mais seguros com asbases. Agente comunitário decombate às endemias e mo-rador do Nordeste de Ama-ralina há 38 anos, Roberto Al-ves conta que muitas vezes osagentes eram impedidos derealizar suas funções. “Éra-mos obrigados a recolhernossas ferramentas de traba-lho e voltar para o posto. Porissotambémadenguesealas-trou aqui”, conta o agente.

Arestides Baptista / Ag. A TARDE

O comércio no Nordeste de Amaralina ganhou com as BCs

Proposta éagregar combateao crime comações sociais

MAÍRA AZEVEDO EJULIANA BRITO

O Superintendente de Com-bate à Violência da Secretariada Segurança Pública do Es-tado, coronel Zeliomar Al-meida, afirma que “as BasesComunitárias são implantan-das em locais estratégicos queapresentam altos índices decriminalidade. A nossa pro-posta é agregar ações de com-bate a violência políticas pú-blicas”, explica.

No entanto, a implantaçãodasBCSsnãoéconsensoentreespecialistas. A socióloga emestre em antropologiaafro-brasileira pela Universi-dade Federal da Bahia, VilmaReis, por exemplo, questionasobre a eficácia dos equipa-mentos. Para ela, apenas achegada da base por is só nãoassegura uma mudança con-creta na vida dos moradorese a metodologia utilizada pe-los policiais precisa se maisdiscutida com a sociedade.

“Será que a única forma deentrar nessas comunidades écom a polícia? Foi oferecidoantes algum tipo de atendi-mento para dependentes docrack?, pergunta.

“Não é a única solução paraenfrentarmos a criminalida-de, mas acreditamos no pro-jeto”, disse o secretário de Se-gurança Pública da Bahia,Maurício Barbosa.

O governador Jaques Wag-ner se baseia nos bons resul-tados obtidos no Nordeste deAmaralina e no Calabar paraapostar no sucesso da baseinstalada no subúrbio ferro-viário. “No caso do Calabar,até agora, em dez meses apósa instalação, o número de ho-micídios foi reduzido prati-camente a zero. Quanto aoNordeste de Amaralina, a re-dução foi de 70%. Tenho cer-teza que aqui, em FazendaCoutos, os resultados serão osmesmos”, reafirmou.

A base em Fazenda Coutosvai contar com um efetivo de120 policiais comandados pe-lo capitão Alan Carlos, queatuou no Calabar, e vai abran-ger uma faixa de 6 km², en-globando Fazenda Coutos I, IIe III. Além do policiamento edo trabalho preventivo, quevai contar com a ajuda de 15câmeras de mapeamento empontos estratégicos - essa seráa primeira base comunitáriaa ter mapeamento digital.

“Precisamosmelhorar aacessibilidadepara oscadeirantes”CELSO DOS SANTOS, morador

“Moradores seuniram para pôro asfalto, mas achuva acaboucom tudo”MARINEUSA OLIVEIRA, moradora

“Promoveremoscampanhaseducativas, devacinação e deinclusão digital”ALFREDO CASTRO, comandanteda PM

Fazenda Coutos: comunidade reclama por investimentos

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