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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS – UNIFAL–MG
ERICA NICACIO HORNINK
UTILIZAÇÃO DAS FERRAMENTAS DE MARKETING NA ABERTURA DE
NOVOS CURSOS DE GRADUAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO EM UMA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DE MINAS
VARGINHA MG
2014
ERICA NICACIO HORNINK
UTILIZAÇÃO DAS FERRAMENTAS DE MARKETING NA ABERTURA DE
NOVOS CURSOS DE GRADUAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO EM UMA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DE MINAS
Dissertação apresentada como parte dos
requisitos para obtenção do título de
Mestre em Gestão Pública e Sociedade
pela Universidade Federal de Alfenas,
campus Varginha.
Área de concentração: Gestão Pública e
Sociedade.
Orientador: Professor Dr. Luiz Henrique
de Barros Vilas Boas.
VARGINHA MG
2014
Hornink, Erica Nicacio.Utilização das ferramentas de marketing na abertura de novos
cursos de graduação : um estudo de caso em uma universidade federal do Sul de Minas / Erica Nicacio Hornink. - 2014.
153 f. - Orientador: Luiz Henrique de Barros Vilas BoasDissertação (mestrado em Gestão Pública e Sociedade) -
Universidade Federal de Alfenas, campus Varginha, 2014.Bibliografia.
1. Marketing - Educação. 2. Ensino superior - Marketing. I. Vilas
Boas, Luiz Henrique de Barros. II. Título.
CDD: 378
Dedico ao meu amor Gabriel, que me
incentivou e apoiou na realização deste
trabalho.
AGRADECIMENTOS
Ao professor Luiz Henrique de Barros Vilas Boas por ter orientado a
construção desta dissertação.
Aos professores Fernando de Souza Coelho e Gustavo Ximenes Cunha pelas
contribuições durante a qualificação.
Aos professores e colegas de turma do curso de Gestão Pública e Sociedade
pelos ensinamentos e trocas de experiência.
Ao Marcel, secretário do PPGPS, pela solicitude e colaboração durante todo o
mestrado.
Ao Presidente da Câmara Municipal de Varginha Leonardo Vinhas Ciacci e
Ex-presidente Vérdi Lucio Melo por terem autorizado minha formação neste
mestrado.
Aos colegas da Câmara Municipal de Varginha que possibilitaram que este
mestrado fosse realizado concomitante ao meu trabalho e acompanharam seu
desenvolvimento, em especial Márcia, Robson, Mirella e Carla.
A todos professores da Instituição pesquisada que prontamente se
dispuseram a contribuir com o trabalho, permitindo que suas entrevistas fossem
utilizadas nesta dissertação.
À minha família pelo apoio, carinho e compreensão, em especial minha mãe
que compreendeu minhas ausências e meu marido que me auxiliou e apoiou
durante toda a construção desta dissertação.
Aos amigos Katia, Marcelo, Letícia, Danielle, Denise, Simone, Sônia, Marli,
Rosângela, Cleide, Ivenise, Bruna, Luciana e todos os amigos que de alguma forma
contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho.
Aos amigos de Alfenas que me acompanharam nestes anos de trabalho, em
especial Fábio, Adriana, Raquel, Flávio, Cris, Vinícius, Erica, Rogério, Malu, Paulo,
Marcelo, Luciana, Cláudia, Neto, Cátia e Mário Sérgio.
A todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.
RESUMO
O ensino superior no Brasil tem crescido nos últimos anos, com abertura de
novas universidades e expansão das existentes, sendo necessário compreender
como este processo está ocorrendo, principalmente com foco no marketing. Para
compreender parte deste processo, realizou-se um estudo de caso em uma
Universidade Federal do Sul de Minas Gerais a fim de investigar se estão sendo
utilizadas ferramentas de marketing na elaboração e abertura de novos cursos, visto
que a universidade estudada é centenária e que dobrou a quantidade de cursos de
2009 a 2013. Para tanto, realizou-se análise de conteúdo nos Projetos Político
Pedagógicos dos cursos implantados e nas entrevistas dos professores que
participaram efetivamente da elaboração dos Projetos e das pró-reitoras de
graduação do período analisado. Encontraram-se poucos indícios da utilização
direta das ferramentas de Marketing nos Projetos e entrevistas, sendo que
provavelmente as ferramentas não devem ter sido utilizadas com todo seu potencial,
sendo utilizadas de maneira inconsciente, sem o real reconhecimento de sua
utilização. A ferramenta que apresentou mais indícios de utilização foi a Pesquisa de
Marketing, caracterizada na busca de informações na internet e projetos de outras
universidades, seguida pelo Benchmarking. Conclui-se que as ferramentas de
marketing podem auxiliar na implantação de novos cursos, apresentando um modelo
de como isto pode acontecer, porém é necessário que se realize uma capacitação
interna, a fim de que concepções prévias possam ser esclarecidas, organizadas,
sistematizada e procedimentalizadas.
Palavras-chave: Ferramentas de marketing. Novos cursos. Instituições de Ensino
Superior.
ABSTRACT
Higher education in Brazil has grown in recent years with the opening of new
universities and expansion of the existing ones, being necessary to understand how
this process is taking place, especially with a focus on marketing. To understand a
part of this process, we performed a case study on a Federal University in the South
of Minas Gerais in order to investigate whether marketing tools in the development
and opening of new courses are being used, given that the university studied is
centennial and doubled the amount of courses from 2009 to 2013. For this, we
performed content analysis in Politico-Pedagogical Projects of implemented courses
and interviewed teachers who effectively participated in the preparation of projects
and Graduation prorector of the period. We have found few evidences of direct use of
marketing tools in the projects and in the interviews, and probably the tools were not
used to their full potential, being used unconsciously, without actual recognition of
their use. The tool that presented more evidence of use was the Marketing Research,
characterized by search for information on the internet and other university projects,
followed by Benchmarking. The conclusion is that marketing tools can help
implement new courses, presenting a model of how this can happen, but it is
necessary to conduct an internal training, so that preconceptions can be clarified,
organized, systematized and procedured.
Keywords: Marketing tools. New courses. Higher Education Institutions.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Diagrama síntese da Educação Superior no Brasil, a história
da Universidade estudada e o surgimento das Ferramentas de
Marketing no tempo...................................................................... 41
Figura 2 - Tipo de universidades pesquisadas nos artigos apresentados
no Colóquio Internacional de Gestão Universitária nas Américas
abordando o tema marketing em cursos de graduação de IES.... 51
Figura 3 - Modelo de Análise das etapas e ações realizadas na pesquisa... 56
Figura 4 - Fases da técnica de Análise de Conteúdo.................................... 58
Figura 5 - Esquema sugestivo para aplicação das ferramentas de
marketing na criação de cursos de graduação............................. 94
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Síntese das Ferramentas de Marketing apresentadas................. 40
Quadro 2 - Descrição das categorias criadas para análise dos PPPs............ 62
Quadro 3 - Relação das categorias encontradas nos PPPs com as
ferramentas de marketing............................................................. 64
Quadro 4 - Indícios de Ferramentas de Marketing encontrados nas
Entrevistas.................................................................................... 69
Quadro 5 - Síntese de meios de potencializar as Ferramentas de Marketing
na abertura de novos cursos........................................................ 93
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Número de cursos da universidade por ano................................. 23
Tabela 2 - Artigos publicados na Revista Gestão Universitária da
América Latina.............................................................................. 46
Tabela 3 - Artigos apresentados nos Colóquios Internacionais de
Gestão Universitária nas Américas............................................... 50
Tabela 4 - Unidades de Registros encontradas nos Projetos por curso e
Categoria...................................................................................... 66
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AEGES – Associação de Especialistas em Gestão da Educação Superior
AI – Ato Institucional
AMA – American Marketing Association
ANDIFES – Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de
Ensino Superior
APQC – American Productivity & Quality Center
BCG – Boston Consulting Group
BI – Bacharelado Interdisciplinar
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CEAD – Centro de Educação à Distância
CECIERJ – Fundação Centro de Ciência e Educação Superior a Distância do
Estado do Rio de Janeiro
CEDERJ – Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do
Rio de Janeiro
COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
EAD – Educação à distância
ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio
ESA – Estágio Supervisionado em Administração
ESOMAR – European Society for Opinion and Marketing Research
FAAP – Fundação Armando Alvares Penteado
FACINTER – Faculdade Internacional de Curitiba
FOFA – Força, Fraqueza, Oportunidade, Ameaça
FORPROF – Fórum Estadual Permanente de Apoio a Formação Docente
FSA – Faculdade Santo Agostinho
GT – Grupo de Trabalho
GUAL – Gestão Universitária na América Latina
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IES – Instituição de Ensino Superior
IFES – Instituição Federal de Ensino Superior
INEP – Instituo Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
INPEAU – Instituto de Pesquisas e Estudos em Administração Universitária
LDB – Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional
MEC – Ministério da Educação
ONU – Organização das Nações Unidas
PARFOR – Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica
PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional
PingIFES – Plataforma de integração de dados das IFES
PIS – Programa de Integração Social
PNE – Plano Nacional de Educação
PPP – Projeto Político Pedagógico
ProUni – Programa Universidade para Todos
RAE – Revista de Administração de Empresas
REGE – Revista de Gestão USP
REUNI – Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais
SEED – Secretaria de Educação a Distância
SINAES – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
SISU – Sistema de Seleção Unificado
SWOT – Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats
UAB – Universidade Aberta do Brasil
UCA – Universidade Nacional de Caaguazú
UDESC – Universidade do Estado de Santa Catarina
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina
UNMdP – Universidade Nacional de Mar del Plata
UNTREF – Universidade Nacional de Tres de Febrero
UTIC – Universidade Tecnológica Intercontinental
UTN – Universidad Tecnologica Nacional
UV – Universidad Veracruzana
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 16
1.1 OBJETIVO …................................................................................. .... 17
1.2 JUSTIFICATIVA 17
2 BREVES NOTAS SOBRE A HISTÓRIA DO ENSINO SUPERIOR
NO BRASIL ….................................................................................... 25
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA SOBRE MARKETING …................. 31
3.1 MARKETING ….................................................................................. 31
3.2 AS FERRAMENTAS DE MARKETING............................................... 33
3.2.1 Pesquisa de Marketing …................................................................... 33
3.2.2 Benchmarking …................................................................................. 34
3.2.3 Análise SWOT …................................................................................ 35
3.2.4 Diferenciação e Segmentação …........................................................ 36
3.2.5 Matriz BCG …..................................................................................... 38
3.2.6 Composto de Marketing ….................................................................. 38
3.2.7 Síntese das Ferramentas de Marketing ….......................................... 40
3.3 MARKETING EDUCACIONAL …........................................................ 42
3.4 EVIDÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DO MARKETING EM INSTITUIÇÕES
DE ENSINO ….................................................................................... 43
4 METODOLOGIA …............................................................................. 55
4.1 Revisão Bibliográfica …...................................................................... 57
4.2 Técnica Análise de Conteúdo …......................................................... 57
4.2.1 Identificação das categorias …........................................................... 59
4.2.2 Exploração do material …................................................................... 63
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO ….............................................................. 65
5.1 DADOS SINTÉTICOS DAS ANÁLISES DE CONTEÚDOS …............ 65
5.2 ANÁLISE POR CURSO ….................................................................. 70
5.2.1 Curso de Ciências Biológicas modalidade a distância (Biologia EAD) 70
5.2.2 Curso Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Economia: Ciências
Atuariais; Administração Pública; Ciências Econômicas com Enfase
em Controladoria …............................................................................. 73
5.2.3 Curso Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia:
Engenharia Ambiental e Urbana; Engenharia de Minas; Engenharia
Química …........................................................................................... 75
5.2.4 Curso de Ciências Sociais – Bacharelado e Licenciatura ….............. 78
5.2.5 Curso de Fisioterapia …...................................................................... 79
5.2.6 Curso de História …............................................................................ 82
5.2.7 Curso de Letras Português e Espanhol – Bacharelado e Licenciatura 83
5.2.8 Curso de Pedagogia a distância (Pedagogia EAD) …........................ 84
5.2.9 Curso de Química Licenciatura a distância (Química EAD) …........... 85
5.2.10 Novas propostas de cursos …............................................................ 88
6 POTENCIAIS CONTRIBUIÇÕES DAS FERRAMENTAS DE
MARKETING EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR …......... 90
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS …........................................................... 97
8 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES PARA ESTUDOS
FUTUROS …...................................................................................... 101
REFERÊNCIAS ….............................................................................. 103
APÊNDICES …................................................................................... 112
16
1 INTRODUÇÃO
O mercado de ensino superior no Brasil tem crescido muito nos últimos anos,
com a abertura de novas universidades e expansão das universidades existentes.
Segundo dados do último relatório do Censo da Educação Superior do INEP
(INEP, 2013, p. 33), em 2009 o Brasil possuía 2.314 Instituições de Educação
Superior, chegando em 2011 com 2.365 instituições. Segundo o mesmo relatório
(Ibid, p. 77), em 2009 realizaram-se 5.954.021 matrículas em cursos de graduação e
em 2011 este número subiu para 6. 739.689 matrículas.
Desta forma, este mercado em grande expansão tem exigido que as
universidades se diferenciem uma das outras (COLOMBO, 2008) e se destaquem
para que o seu público-alvo seja atraído e a universidade consiga mais alunos.
Nesse sentido, as universidades privadas estão criando estratégias baseadas no
mercado para assim obter o melhor resultado possível.
Quando se fala em criar estratégias de mercado para atrair alunos é comum
se pensar imediatamente em universidades particulares, as quais utilizam
estratégias de marketing há mais tempo, principalmente para atrair e manter alunos
(COSTA et al., 2011; LINHARES, 2009; SCAGLIONE; PIZA, 2011).
Por outro lado, percebe-se que existe pouco estudo de marketing no setor
público, principalmente em universidades públicas, que normalmente apresentam
uma concorrência grande para o ingresso, devido à gratuidade e qualidade dos
cursos oferecidos.
No entanto, a gestão pública brasileira vem passando por algumas
modificações. Se no passado a gestão pública era mais burocrática, atualmente é
possível perceber uma gestão gerencial (BRESSER-PEREIRA, 2005) e societal
(TENÓRIO, 1998; PAULA, 2005).
Ao analisar o ensino superior, é possível perceber que existe esforço do
Governo Federal em instituir mecanismos para avaliar as instituições existentes,
sejam elas públicas ou privadas, com o objetivo de promover a efetivação da diretriz
da qualidade no ensino superior.
Desta forma, para uma instituição abrir um novo curso de graduação existem
diversos procedimentos que devem ser realizados. Algumas instituições apontam
nos projetos dos novos cursos a demanda existente para a abertura do mesmo, o
17
que demonstra uma preocupação em atender e satisfazer o mercado, o que
caminha ao encontro de um dos princípios de marketing.
Neste contexto, esta dissertação visa investigar como as universidades
públicas fazem uso de ferramentas de marketing para abertura de novos cursos de
graduação.
1.1 OBJETIVO
Investigar o uso das ferramentas de marketing durante o processo de
criação de novos cursos de graduação em uma Universidade Federal do Sul de
Minas Gerais, no período de 2009 à 2013, e propor um modelo de utilização destas.
Objetivos específicos:
a) Identificar indícios de utilização das ferramentas de marketing nos
documentos do Projetos Político Pedagógicos (PPPs) dos cursos abertos no
período em questão, assim como por meio de entrevistas;
b) Contextualizar o uso das ferramentas de marketing na universidade estudada.
c) Relacionar os indícios de utilização das ferramentas de marketing
encontrados nos documentos dos PPPs com os das entrevistas;
d) Compreender os possíveis usos das ferramentas de marketing na abertura de
novos cursos de graduação em uma Universidade Federal do Sul de Minas;
e) Propor um modelo de aplicação das ferramentas de marketing na criação de
novos cursos de graduação.
1.2 JUSTIFICATIVA
A gestão pública brasileira sofreu diversas modificações e tem avançado para
uma gestão focada em resultados e com a participação da sociedade (PAULA,
2005).
Antigamente a gestão pública tinha um foco patrimonial, onde a reverência ao
18
soberano garantia a legitimidade das regras por ele instituídas (OLIVEIRA, 2013, p.
17), assim a gestão era realizada com base na dominação tradicional ou patriarcal, a
qual assegurava ao soberano a autoridade sobre os indivíduos.
Com o tempo, regras impessoais e universais foram sendo criadas para
regular relações sociais e sustentar a ordem capitalista emergente, que exigia
segurança, objetividade e previsibilidade do Estado (OLIVEIRA, 2013, p. 18) e assim
a gestão burocrática emerge, buscando substituir o modelo clientelista utilizado no
patrimonialismo, porém que ainda hoje é encontrado em muitas instituições públicas.
Desta forma, “administração pública burocrática se caracteriza pela
profissionalização, a ideia de carreira, a hierarquia funcional, a impessoalidade, o
formalismo, em síntese, o poder racional legal” (COSTA, 2008, p. 865-866), onde a
estrutura social direciona suas atividades coletivas a um aparelho impessoal,
hierarquicamente organizado, com métodos racionais (MOTTA, 1981, p. 7).
Porém, a gestão burocrática apresentava algumas disfunções como a
despersonalização das relações humanas, exageros de autoridade, resistência à
mudança, hierarquização das decisões, o que desgastou seu modelo e levou
intelectuais a criarem novas formas de gestão, como a gestão pública gerencial e a
gestão pública social.
A gestão pública gerencial, cujo precursor do Governo Federal foi Bresser-
Pereira, propôs profissionalizar e utilizar práticas de gestão do setor privado no setor
público. Sua proposta era ter o foco em resultados, a orientação para o cidadão-
consumidor e capacitação de recursos humanos (OLIVEIRA, 2013, p. 24),
introduzindo descentralização de processos e delegação de poder. Também
propunha a realização de parcerias entre sociedade e Estado, onde o Estado não
era mais o prestador do serviço, mas o controlador e fiscalizador.
A gestão pública social ou societal, delineada por Paes de Paula e Prestes-
Motta, propôs uma gestão participativa, com a promoção do engajamento popular e
o controle social. Assim a “gestão social enfatiza a elaboração de experiências de
gestão focalizadas nas demandas do público-alvo” (PAULA, 2005, p. 41), onde o
gerenciamento mais participativo e dialógico fazem parte do processo decisório
exercido pelos diferentes sujeitos sociais (TENÓRIO, 1998, p. 16).
Neste sentido, as universidades públicas começaram a focar também em
resultados, assim como as universidades privadas, porém com um outro objetivo
19
que não o lucro, mas o desenvolvimento de pesquisa e inovação, de projetos de
extensão e ensino de qualidade.
Assim, é possível perceber que a gestão pública brasileira vem tentando criar
mecanismos de controle e avaliação em todas as áreas e na educação não é
diferente.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)1,determina em seu
artigo 12 que os estabelecimentos de ensino deverão elaborar e executar sua
proposta pedagógica, ou seja, “toda instituição educacional, independentemente do
seu nível, deve assumir o trabalho de refletir sobre sua intencionalidade educativa e,
consequentemente, definir suas ações” (FELICIO, 2010, p. 147). No caso das
instituições de ensino superior (IES), estas devem criar os Projetos Político
Pedagógicos (PPPs) para todos seus cursos.
Os PPPs são definidos por Veiga (2003, p. 271) “como um documento
programático, que reúne as principais ideias, fundamentos, orientações curriculares
e organizacionais de uma instituição educativa”. Ainda segundo a autora ( ibid, 2008,
p. 14), para se criar um PPP é necessário a realização de pesquisas, estudos,
reflexões e discussões com professores, especialistas em educação, alunos e ex-
alunos.
No mesmo sentido, Neves (2008, p. 110) define o PPP como “um instrumento
de trabalho que mostra o que vai ser feito, quando, de que maneira, por quem, para
chegar a que resultados”.
Assim, é possível perceber que a construção de um PPP para um novo curso
não é fácil e muitos elementos são necessários, tais como: a finalidade, a estrutura
organizacional necessária, o currículo, o tempo de formação de alunos, o processo
de decisão, as relações de trabalho e as avaliações (VEIGA, 1995 apud PINHEIRO,
2008, p. 79).
Estes elementos devem ser derivados do planejamento estratégico da
instituição, o qual é composto pelo PDI, ensino pedagógico, administração financeira
e mercadológica.
A LDB (BRASIL, 1996) também estabelece as seguintes finalidades da
educação superior:
Art. 43º. A educação superior tem por finalidade:I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do
1 Lei nº 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. (BRASIL, 1996)
20
pensamento reflexivo;II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para ainserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimentoda sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando odesenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão dacultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meioem que vive;IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos etécnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saberatravés do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação;V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissionale possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentosque vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora doconhecimento de cada geração;VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, emparticular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados àcomunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando àdifusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e dapesquisa científica e tecnológica geradas na instituição. (LDB, 1996)
Assim, percebe-se que a LDB aponta em seu inciso II a importância de formar
pessoas aptas a inserir no mercado de trabalho, em seus diversos setores,
contribuindo para o desenvolvimento da sociedade brasileira, adquirindo
conhecimentos e sendo capaz de colaborar para a solução dos problemas da
sociedade, ou seja, demonstra que os cursos devem ser voltados a necessidade do
mercado e contribuir para o desenvolvimento do país.
Neste mesmo sentido, o inciso VI da mesma lei traz a importância de
estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, ou seja, novamente
aponta para a necessidade dos cursos serem voltados a resolução de problemas
existentes na sociedade, estabelecendo uma relação de reciprocidade entre
universidade-comunidade, na qual a comunidade apresenta suas demandas e a
universidade pode contribuir solucionando problemas/demandas existentes.
No entanto, para que as universidades alcancem suas finalidades propostas
pela LDB é necessário que seus cursos sejam planejados e preocupados com a
demanda latente existente no mercado, caso contrário, sem o conhecimento das
necessidades e desejos da sociedade, não haverá uma contribuição significativa.
Pensando em conseguir avaliar e acompanhar o ensino superior, em 2004,
criou-se o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), por meio
da Lei nº 10.861, considerado um marco na história que avalia as instituições de
ensino superior, seus cursos, assim como o desempenho dos estudantes.
Nesse sentido, em 2006, o MEC lançou a Plataforma de Integração de Dados
21
das IFES (PingIFES), sendo este um sistema unificado para as instituições federais
enviarem seus dados (ex.: matriculados, diplomados etc), por meio do qual se
concretiza o SINAES e os índices de avaliação, assim como dados para fomentar a
matriz de financiamento das instituições.
Com essas ações, o governo seguiu uma tendência, que vem acontecendo na
Europa e na América Latina, onde são criados e consolidados sistemas de avaliação
das instituições de ensino superior a partir de uma concepção em que os órgãos
responsáveis por esse processo têm como objetivo desenvolver e implementar
estratégias que assegurem a qualidade da instituição e da formação dos estudantes
(BRASIL, 2005, p. 9).
Assim, criaram-se dez dimensões de avaliação, por meio de elementos
centrais, com o objetivo de “promover uma perspectiva orgânica e norteadora da
elaboração e das ações pertinentes ao desenvolvimento da avaliação externa”
(BRASIL, 2005, p.15).
A primeira dimensão incorpora a missão e o plano de desenvolvimento
institucional (PDI). A missão de uma instituição deve estabelecer a direção central da
instituição, apontando para a destinação de recursos e identificação de
oportunidades (HONORATO, 2004, p. 62), sendo que o PDI deve estar alinhado com
a missão da instituição, apresentando a filosofia de trabalho da instituição, seus
valores, sua visão de futuro, materializando assim em objetivos estratégicos e
respectivas metas. Segundo o MEC (BRASIL, 2005, p. 15), o PDI deve se articular
com os Projetos Político Pedagógicos dos Cursos da instituição.
A segunda dimensão incorpora a perspectiva científica e pedagógica
formadora: políticas, normas e estímulos para o ensino, a pesquisa e a extensão,
sendo que na área de ensino de graduação e pós-graduação é apontado como
necessário demonstrar a relação das atividades de ensino com as demandas locais,
regionais, nacionais e/ou internacionais, com os Projetos Pedagógicos dos Cursos e
suas propostas curriculares.
Percebe-se, nesta dimensão, uma preocupação em criar cursos que atendam
uma demanda, o que é também uma preocupação do marketing, ou seja, criar
produtos ou serviços que atendam a demanda do mercado ao qual este pertença.
A terceira dimensão incorpora a responsabilidade social das Instituições de
Ensino Superior (IES), que destaca a inclusão social, o desenvolvimento econômico
22
e social, que incluem atender as demandas de desenvolvimento local, regional,
nacional e internacional, o meio ambiente e a preservação da memória e do
patrimônio cultural.
A quarta dimensão incorpora a comunicação com a sociedade. A quinta
dimensão inclui as políticas de pessoal, carreira, aperfeiçoamento, condições de
trabalho. A sexta dimensão a organização e gestão da instituição. A sétima dimensão
diz respeito a infraestrutura física e recursos de apoio. A oitava dimensão é
planejamento e avaliação, sendo que é necessário apresentar a relação entre o PDI,
os Projetos Político Pedagógicos dos Cursos e a autoavaliação institucional,
incluindo a definição de ações futuras. A nona dimensão são as políticas de
atendimento aos estudantes e a décima dimensão a sustentabilidade financeira da
instituição.
Assim, segundo recomendações do MEC, os Projetos Político Pedagógicos
dos cursos devem apresentar:
[…] o histórico do curso; sua contextualização na realidade social, o quepossibilita articulá-lo às distintas demandas da sociedade; a aplicação daspolíticas institucionais de ensino, de pesquisa, quando for o caso, e deextensão, bem como todos os elementos das Diretrizes CurricularesNacionais, assegurando a expressão de sua identidade e inserção local eregional. (BRASIL, 2005, p. 35)
Desta forma, Benini e Oliveira (2007, p. 131) apresentam que o desafio do
novo milênio é que as mudanças do ensino superior venham ao encontro das
exigências do mercado econômico-social, ou seja, destaca a necessidade dos
cursos do ensino superior serem baseados em demandas do mercado, percebendo-
se a necessidade das instituições de ensino superior em apreenderem a adaptarem-
se às exigências da sociedade vigente (ibid, p.134) e criarem cursos de acordo com
as necessidades destas exigências.
Para alcançar estes objetivos, as universidades podem utilizar algumas
ferramentas de marketing no desenvolvimento de novos cursos contribuindo para
que este novo desafio das instituições de ensino público seja enfrentado por meio da
criação de cursos que atendam às demandas e necessidades do mercado,
contribuindo assim para que o desenvolvimento da região seja alcançado.
O trabalho de Benini e Oliveira (2007, p. 140-141) apresenta indícios da
preocupação das universidades em discutir e implantar reformas curriculares, em
todos os níveis, com pretensão de atender as demandas existentes na sociedade.
Neste contexto de mudanças, percebem-se indícios nas IES do uso destas
23
ferramentas de marketing. Entretanto, seu uso se mostra ainda pouco estudado e
sistematizado, fazendo-se necessário um ponto focal como estudo de caso para
exploração inicial da questão.
A escolha do ponto focal trata-se de uma lente micro de um universo macro
das IES, sendo que o contexto do programa Reuni caracteriza um interessante
período para se trabalhar a questão do uso das ferramentas de marketing tendo em
vista a grande expansão dos cursos num curto prazo.
A universidade escolhida para foco foi uma das que apresentou um dos
maiores crescimentos proporcionais no período do Reuni, sendo esta uma instituição
centenária, a qual permaneceu por um longo período como escola de ensino
superior, oferecendo apenas dois cursos e, no final dos anos 90, iniciou novos
cursos, subdividindo estes em modalidades de licenciatura e bacharelado em 2002,
quando mais um curso foi aberto.
Em 2005, quando transformou-se a escola em universidade, possuía apenas
6 cursos e entrou em um processo de expansão e abertura de novos cursos,
conforme é possível ver na Tabela 1, alcançando 32 cursos em 2013 (533% de
crescimento).
Tabela 1 - Número de cursos da universidade por ano.
Ano Nº cursos novos Total de cursosAté 2005 - 6
2006 5 112007 5 162008 - 162009 16 322010 - 322011 - 312012 1 322013 - 32
Fonte: Website da universidade
Este crescimento dos cursos fez parte de incentivos do Governo Federal, a
partir do Programa de Expansão do Ensino Superior e o Reuni. Estes programas
favoreceram as universidades a abrirem novos cursos, sendo as escolhas destes de
autonomia das instituições, que submeteram suas propostas de projetos ao
Ministério de Educação.
Este exponencial crescimento pode ter ocorrido acompanhado do uso
consciente ou inconsciente de ferramentas do marketing, como Pesquisa de
Marketing, Benchmarking, Análise SWOT, Diferenciação e Segmentação, Matriz
24
BCG e Composto de Marketing.
Assim, este trabalho busca compreender se uma Universidade Federal do Sul
de Minas Gerais fez uso destas ferramentas para a abertura dos novos cursos, e
caso identificado, de que maneira se deu a sua utilização
25
2 BREVES NOTAS SOBRE A HISTÓRIA DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
A compreensão da dinâmica atual de funcionamento das instituições públicas
de ensino superior no Brasil, assim como dos processos de criação de novos cursos
nestas, demanda da contextualização histórica que se conectará com os aspectos
culturais, políticos e pedagógicos que envolvem o ambiente universitário e seus
servidores.
Criou-se o ensino superior no Brasil em meados de 1800, quando a família
real portuguesa se instalou no Brasil e sentiu-se a necessidade de profissionalizar a
mão de obra, ressaltando-se as demandas da família real e da corte portuguesa.
Assim, por decreto em 1808, criaram-se o Curso Médico de Cirurgia na Bahia
e a Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica no Hospital Militar do Rio de Janeiro.
Depois em 1810, por meio da Carta Régia, instituiu-se a Academia Real Militar, que
deu início à atual Escola de Engenharia da UFRJ.
Este primeiro período, que foi entre 1808 e o início da República em 1889,
marcou-se pela abertura dos cursos num modelo de escolas autônomas. A partir da
Primeira República, entre 1889 e 1930, o sistema se descentraliza e surgem
diversas escolas, tanto públicas (estaduais ou municipais), quanto privadas.
A universidade surge oficialmente em 1920, quando o então presidente
Epitácio Pessoa institui, com base no decreto nº 11.530/1915, a primeira
universidade oficial, com autonomia didática e administrativa.
Surgem neste período as discussões das funções e papéis da universidade
em duas posições: “os que defendem como suas funções básicas a de desenvolver
a pesquisa científica, além de formar profissionais, e os que consideram ser
prioridade a formação profissional” (FAVERO, 2006, p. 22).
Naquela época, criou-se a universidade para ser um espaço de investigação
científica e de produção de conhecimento, não se preocupando com as
necessidades da realidade onde ela fazia parte (FAVERO, 2006, p. 19).
As três primeiras foram a Universidade Nacional do Rio de Janeiro, a
Universidade do Distrito Federal (que também se localizava no Rio de Janeiro) e a
Universidade de São Paulo (estadual).
Assim o Brasil passou pela revolução de 1930, logo em seguida passando
26
pelo Estado Novo. Com o fim da era Vargas, em 1945, o país entra numa nova fase,
na qual as universidades passam a lutar por suas autonomias.
Em 1968, em um contexto de crise institucional culminado no AI-5 (Ato
institucional), a Reforma Universitária surge da mobilização estudantil fazendo
pressão para o Governo buscar medidas para solucionar os problemas
educacionais.
Neste mesmo ano o governo criou por decreto (nº 62.937/68) o Grupo de
Trabalho (GT) encarregado de estudar as medidas que deveriam ser tomadas para
resolver a crise da universidade. O GT se constituiu por representantes dos
Ministérios da Educação e Planejamento, do Conselho Federal de Educação e do
Congresso (MENDONÇA, 2000, p. 147), e seu objetivo era “estudar a reforma da
Universidade brasileira, visando à sua eficiência, modernização, flexibilidade
administrativa e formação de recursos humanos de alto nível para o
desenvolvimento do país” (BRASIL, 1983, p. 15).
O relatório do GT apontou para a falta de flexibilidade necessária para
oferecer produto/serviço universitário amplamente diversificado e capaz de
satisfazer às solicitações de um mercado de trabalho cada vez mais diferenciado
(BRASIL, 1983), o que demandou uma reforma.
Após esta Reforma, o ensino superior ampliou suas matrículas,
principalmente nas instituições privadas, que não tinham grande preocupação com a
qualidade de ensino e a pesquisa, como acontecia com as instituições públicas.
Nos anos 70, abriram-se muitos cursos no período noturno pelas instituições
privadas, os quais visavam suprir uma demanda reprimida, uma vez que muitos
brasileiros terminavam o ensino médio e viam no ensino superior a possibilidade de
ascensão ocupacional (DURHAM, 2003, p. 23).
Naquela época, as universidades tinham autonomia para criar novos cursos e
vagas sem o controle do Conselho Federal de Educação, razão pela qual escolas de
ensino superior passaram por um processo de fusão e incorporação a fim de adquirir
a autonomia que a universidade oferecia.
Na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 207, diz-se que “as
universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão
financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extensão”, ou seja, o tripé de ensino-pequisa-extensão ficou
27
assegurado pela Constituição Federal.
Assim, o ensino superior se desenvolveu e se constituiu, sendo que em 1996
se criou a nova Lei de Diretrizes e Bases (Lei nº 9.394/96), que tinha como uma de
suas finalidades a formação dos alunos em diferentes áreas do conhecimento, aptos
para a inserção em setores profissionais e participação no desenvolvimento da
sociedade.
Com a LDB, as universidades foram obrigadas a associar o ensino e a
pesquisa como condição para se credenciar e com periodicidade aconteciam
processos de avaliações para a instituição se recredenciar.
Ressalta-se que até 1997 não se permitia, legalmente, que instituições de
ensino superior fossem lucrativas, portanto as instituições privadas eram
predominantemente confessionais ou comunitárias, sem fins lucrativos (DURHAM,
2003, p. 24-25).
Após a LDB, houve algumas reformas no ensino superior, sendo que a
primeira delas aconteceu durante os governos de Fernando Henrique Cardoso, que
ao assumir o país implantou suas políticas, cujos eixos centrais eram o ajuste fiscal
e a implantação do Estado mínimo (VALLE, 2009, p. 58), tendo a privatização como
um dos eixos centrais (CHAVES, 2008, p. 333).
Apesar de Fernando Henrique Cardoso tentar transformar as universidades
federais em organizações sociais, a comunidade acadêmica protestou e conseguiu
frustrar os projetos em ambas tentativas. (RIBEIRO, 2007, p. 75).
A ideia era alterar o financiamento do ensino superior de instituições para
indivíduo, por faixa de renda, assim como foi feito na Coreia, onde aconteceu a
terceirização da universidade. Entretanto, o sistema de ensino superior seguiu as
diretrizes da ONU, a qual determina que o ensino superior deve se tornar mais
diversificado e flexível, assim expandindo suas vagas, porém com contenção dos
gastos públicos (CHAVES; LIMA; MEDEIROS, 2008, p. 334), ou seja, esta
diversificação aconteceu no setor privado, diversificando assim as fontes de
financiamento.
Segundo Ristoff (2008, p. 45), se a palavra de ordem até meados de 2000 era
expandir, esta palavra passou a ser democratizar. Assim, a segunda geração da
reforma aconteceu durante o governo Lula, no qual foi instituído o ProUni, a criação
de novos campi nas instituições federais de ensino superior, a proposta de expansão
28
do ensino noturno público, a criação de novas universidades federais, o Reuni e a
expansão da educação a distância, em 2006, por meio da Universidade Aberta do
Brasil (UAB).
Ainda na tentativa do processo de democratização, criou-se o Programa de
Universidade para Todos (ProUni), instituído pela Lei nº 11.096/2005, que visa
aproveitar as vagas ociosas das instituições privadas de ensino superior (com ou
sem fins lucrativos) e preenchê-las com estudantes que tenham cursado todo o
ensino médio na escola pública ou com bolsas de estudos integrais ou que sejam
portadores de deficiência ou professores da rede pública de ensino para cursos de
licenciatura, normal superior e pedagogia destinados à formação do magistério da
educação básica. Estes alunos podem conseguir bolsas integrais, de 50% ou 25%,
as quais são custeadas pelo poder público com transferência do recurso público
mediante isenção fiscal (CSLL2, COFINS3, PIS4 e Imposto de Renda das Pessoas
Jurídicas).
Outro programa também desenvolvido, buscando atender a uma necessidade
de expansão do ensino superior, foi o Reuni, que é o Programa de Apoio ao Plano
de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais. Sua criação se
concretizou por meio do Decreto nº 6.096 que surge com o propósito de congregar
esforços para a consolidação de uma política nacional de expansão da educação
superior pública (BRASIL, 2007, p. 4).
O objetivo do Reuni é
criar condições para a ampliação do acesso e permanência na educaçãosuperior, no nível de graduação, para o aumento da qualidade dos cursos epelo melhor aproveitamento da estrutura física e de recursos humanosexistentes nas universidades federais, respeitadas as característicasparticulares de cada instituição e estimulada a diversidade do sistema deensino superior. (BRASIL, 2007, p. 10)
Assim, as universidades aderiram voluntariamente ao programa, submetendo
suas propostas ao Reuni, dentro das dimensões estruturantes: 1. ampliação da
oferta de educação superior pública, 2. reestruturação acadêmico curricular, 3.
renovação pedagógica da educação superior, 4. mobilidade intra e interinstitucional,
5. compromisso social da instituição e 6. suporte da pós-graduação ao
desenvolvimento e aperfeiçoamento qualitativo dos cursos de graduação (BRASIL,
2007, p. 11 e 12).
2 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.3 Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social.4 Contribuição para o Programa de Integração Social.
29
Segundo o relatório que analisou a expansão das Universidades Federais
(BRASIL, 2012, p. 27) existem três importantes dimensões da expansão das
Universidades: política, pedagógica e de infraestrutura.
A dimensão política cumpriu seu objetivo que era de possibilitar uma maior
democratização do acesso, com aumento de vagas, assim como com a criação de
novas universidades e novos campus universitário. Porém, verificou-se que apenas
a comunidade interna participou das discussões, necessitando “ampliar as
discussões com a comunidade externa, seja para definição de seus cursos, seja
para a discussão da localização de seus campus de modo a implantar cursos
relacionados com a vocação dos municípios onde serão implantados”(BRASIL,
2012, p. 28).
Na dimensão pedagógica verificou-se que mais de 80% dos reitores
afirmavam que houve revisão da estrutura acadêmica, assim como, houve
preocupação de todos em criar programas voltados para o sucesso dos estudantes
(BRASIL, 2012, p. 29), o que demonstra uma preocupação em atender demandas
do mercado.
Na dimensão da infraestrutura constatou-se que houve um processo de
investimento em infraestrutura, dada a situação precária que as instituições se
encontravam.
Constatou-se no relatório (BRASIL, 2012, p. 31) que houve planejamento para
a expansão, como: estudo na definição dos locais das universidades e cursos que
levaram em consideração a localização geográfica e sua importância no contexto
das micro e mesorregiões, disponibilização de infraestrutura de apoio, melhores
condições para disponibilização de serviços necessários (rede de internet, transporte
e infraestrutura para apoio aos estudantes, professores e técnicos administrativos).
Neste contexto, também é importante destacar que o ingresso nas
universidades federais está sendo realizado por meio do Exame Nacional do Ensino
Médio – ENEM, o qual foi criado em 1998 com o objetivo de avaliar o desempenho
do estudante ao final do ensino médio. Porém, com a criação do ProUni, este exame
sofreu algumas modificações, sendo utilizado como critério para a seleção de bolsas
e, em 2009, apresentou uma nova versão, a qual vinculou-se ao Sistema de Seleção
Unificada – SISU, que seleciona estudantes exclusivamente pela nota obtida no
exame para as universidades federais.
30
Desta forma, atualmente, para estudar em uma universidade federal faz-se
necessário a realização do ENEM e, em seguida, escolher em qual universidade
deseja estudar de acordo com a sua nota.
As políticas nacionais que desencadearam os atuais programas de ingresso e
permanência dos estudantes nas universidades, assim como aquelas que
incentivam a criação dos cursos superiores, são determinantes para a escolha
destes, seja consciente ou inconscientemente.
Neste contexto, torna-se importante que a criação dos cursos de graduação
estejam alinhados aos anseios dos estudantes, atendendo a uma demanda da
região e do mercado de trabalho.
Diante deste percurso histórico, percebe-se um caminhar do ideário elitista da
universidade para um democrático e com foco nas demandas socioeconômicas para
o desenvolvimento do país.
Esta mudança de foco, ressaltada na LDB de 1996, aliada ao processo
crescente de autonomia universitária garantida anteriormente na Constituição de
1988, possibilitaram a revisão da estrutura da universidade e seus cursos, alinhando
estas com as políticas governamentais e demandas socioeconômicas.
É neste atual contexto que se viabilizam nas universidades públicas os usos
de ferramentas de marketing como meios poderosos de atrelar os interesses da
universidade com os da comunidade.
31
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA SOBRE MARKETING
Pretende-se neste capítulo apresentar o conceito de marketing e suas
principais ferramentas, para posteriormente apresentar o marketing educacional e
algumas evidências da utilização das ferramentas de marketing em Instituições de
Ensino Superior.
Desta forma, espera-se fundamentar os conceitos inerentes ao marketing e
suas ferramentas estratégicas para, posteriormente, identificar nos PPPs indícios da
utilização das ferramentas de marketing, assim como compreender como são
utilizadas alguma ferramenta de marketing na construção do PPPs e criação de um
novo curso.
3.1 MARKETING
Segundo a Associação Americana de Marketing (2013), “marketing é a
atividade, conjunto de instituições e processos para criar, comunicar, entregar e
trocar ofertas que tenham valor para consumidores, clientes, parceiros e sociedade
em geral” (tradução nossa5), sendo utilizado e adaptado aos diversos segmentos
existentes no mercado. Sua teoria guia essas diversas aplicações, porém com
algumas adaptações que se fazem necessárias para sua utilização.
Comumente se ouve falar em diversos termos relacionados ao marketing,
como marketing de serviços, marketing educacional, marketing político, marketing
esportivo, marketing promocional, marketing industrial, marketing infantil, marketing
odontológico, entre outros. Entretanto, apesar das diferenciações, a base da teoria é
a mesma, a teoria de marketing, sendo porém realizadas adaptações para
segmentos específicos.
O marketing surgiu inicialmente como uma função exclusiva das instituições
privadas, com o objetivo de identificar a necessidade e criar oportunidade na
comercialização de produtos, onde o foco era a obtenção de lucro da instituição.
5 Marketing is the activity, set of institutions, and processes for creating, communicating, delivering,and exchanging offerings that have value for customers, clients, partners, and society at large.
32
Com o tempo, percebeu-se que não eram apenas produtos que poderiam ser
contemplados, mas também serviços. Desta forma, foram se ampliando as
possibilidades de aplicação do marketing.
Percebeu-se também que instituições que não visavam lucro também
poderiam se beneficiar de suas ferramentas, auxiliando as instituições a atingir suas
missões e visões.
Em suas primeiras definições, o marketing tinha como foco produtos
tangíveis, porém, em 1969, os autores Kotler e Levy (1969) ampliaram essa
definição, expandindo o conceito de marketing, o qual passou a incluir as
organizações sem fins lucrativos.
O estudo de marketing no Brasil é relativamente novo, teve seu início em
1954, trazido pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da
Fundação Getúlio Vargas, que foi utilizado como uma expressão para
“mercadologia” segundo Cobra (2005, p. 6).
Nos anos 80, o marketing passou a ser utilizado como uma ferramenta que
estuda as relações entre consumidores e produtores de bens e serviços,
principalmente voltado ao setor privado e recentemente tem contribuído para o
sucesso do setor público e organizações que não visam o lucro financeiro.
Assim, Levitt (1980, p. 88) afirma que:
A maneira como a empresa gere o seu marketing pode se tornar a maispoderosa forma de diferenciação. Na verdade, isso pode ser como algumasempresas do mesmo setor diferem-se mais uns dos outros.6
Drucker (1975, p. 70) define o objetivo de marketing como “conhecer e
compreender o cliente tão bem que o produto e o serviço lhe sejam talhados e se
vendam por si próprios”.
Pensando no marketing aplicado à área educacional, pode-se dizer, a partir
da definição do objetivo de Drucker, que o objetivo de marketing em uma
universidade é que a instituição compreenda o estudante do ensino médio tão bem
que todos queiram estudar na instituição ou mesmo que os cursos oferecidos pela
instituição sejam compatíveis com os desejos e necessidades dos alunos.
6 Tradução nossa: “The way a company manages its marketing can become the most powerfulform of differentiation. Indeed, that may be how some companies in the same industry differ mostfrom one another.”
33
3.2 AS FERRAMENTAS DE MARKETING
Considerando que, a proposta desta pesquisa é de investigar o uso das
ferramentas de marketing durante o processo de criação de novos cursos de
graduação em uma Universidade Federal do Sul de Minas, apresenta-se a seguir as
ferramentas de marketing7 que podem ser utilizadas na abertura de novos cursos:
Pesquisa de Marketing, Benchmarking, Análise SWOT, Diferenciação e
Segmentação, Matriz BCG e Composto de Marketing, para posteriormente identificar
indícios de uso das mesmas nos PPP´s e entrevistas da universidade em estudo.
3.2.1 Pesquisa de Marketing
A Pesquisa de Marketing é uma ferramenta muito utilizada nas instituições de
maneira em geral. Segundo Mattar (2007, p. 4), a pesquisa de marketing faz parte
do sistema de informação de marketing (SIM) da empresa e visa coletar dados
pertinentes e transformá-los em informação que venha ajudar os gestores na
resolução de problemas. A European Society for Opinion and Marketing Research
(Esomar) e a American Marketing Association (AMA, 1988) definem a Pesquisa de
Marketing como:
[…] a função que liga o consumidor, o cliente e o público ao marketingatravés da informação – informação usada para identificar e definir asoportunidades e problemas de marketing, gerar, refinar e avaliar a ação demarketing; monitorar o desempenho de marketing, e aperfeiçoar oentendimento de marketing como um processo. Pesquisa de marketingespecifica a informação necessária destinada a estes fins; projeta o métodopara coletar informações; gerencia e implementa o processo de coleta dedados; analisa os resultados e comunica os achados e suas implicações.(AMA, 1988 apud MATTAR, 2007, p. 4)
Mattar (2007, p. 4) destaca que existe diferença entre pesquisa de mercado e
pesquisa de marketing. A pesquisa de mercado restringe seu foco para o mercado
da empresa ou de seu produto, enquanto que a pesquisa de marketing é mais
7 Ferramentas de Marketing para abertura de novos curso são conjunto de instrumentosque o marketing apresenta, os quais podem ter sido desenvolvidos pelas diversas áreasdo conhecimento, os quais podem ser utilizados no planejamento estratégico paraabertura, implantação e acompanhamento de novos cursos.
34
ampla, contemplando todo o tipo de dados que diz respeito à atividade de marketing
da empresa, inclusive abrangendo a pesquisa de mercado.
As etapas da Pesquisa de Marketing são: 1. Formulação do problema de
pesquisa, 2. Planejamento da pesquisa, 3. Execução da pesquisa e 4. Comunicação
dos resultados (MATTAR, 2007, p. 6-7).
Quanto a classificação, ela pode ser exploratória, quando o pesquisador não
tem muito conhecimento do assunto, e conclusivas, podendo se subdividir em
descritivas e explicativas.
As pesquisas exploratórias podem ser realizadas de diversas maneiras,
utilizando levantamentos de experiências, bibliográficos, documentais, estatísticos,
ou mesmo utilizando fonte de dados secundários de pesquisas já realizadas, como,
por exemplo, dados do IBGE.
As pesquisas conclusivas, descritivas e explicativas, são realizadas
normalmente com objetos de pesquisa que o pesquisador tem um conhecimento
prévio. Sendo que as pesquisas descritivas descrevem as características do objeto
de pesquisa, utilizando técnicas padronizadas de coleta de dados como questionário
e observação sistemática e as pesquisas explicativas buscam identificar os fatores
que determinam ou contribuem com a ocorrência dos fenômenos/fatos.
Dentre muitos tipos de Pesquisa de Marketing existentes, pode-se citar:
pesquisa de motivação, de imagem, de promoção e vendas, de força de vendas, de
localização, estudos para construção de cenários, de segmentação, de
comportamento de compras, de conceito, marca, produto em si, embalagem,
qualidade percebida, posicionamento, entre outros (MATTAR, 2007 p. 37 e 38).
3.2.2 Benchmarking
Também existe a ferramenta de Benchmarking, a qual iniciou por volta de
1970 na empresa Xerox nos Estados Unidos da América e desde então tem sido
utilizada pelas empresas. A APQC8 (1993 apud ANDERSEN, 1996, p. 3) definiu
Benchmarking como “a prática de ser humilde o suficiente para admitir que alguém é
8 APQC - American Productivity & Quality Center - é uma organização sem fins lucrativos que auxiliaempresas a realizarem o benchmarking.
35
melhor em algo, e ser sensato o suficiente para aprender como alcançá-lo e superá-
lo”9.
Desta forma, o Benchmarking é um processo de conhecer, medir e comparar
processos de negócios, em organizações líderes em qualquer setor, em busca de
adquirir e aprimorar conhecimentos que ajudarão sua instituição melhorar.
O Benchmarking pode ser realizado em instituições que atuam em
setores/ramos diferentes, pois o importante é conhecer o processo que agrega valor
a uma empresa, adaptar e melhorar para a implantação na instituição. Porém, é
importante a instituição ter ciência que é preciso adaptar os procedimentos
encontrados para o contexto da instituição.
Neste sentido, Levy e Ronco (2012, p. 5) afirmam que o Benchmarking é uma
maneira de identificar os melhores métodos, práticas e processos de uma instituição,
levando para a sua instituição e melhorando o mesmo, a fim de identificar
oportunidades de melhoria.
Segundo Langdord (2010, p. 45), o Benchmarking é considerado favorável se
algumas condições forem cumpridas, como: realização de comparações
apropriadas, interpretação dos dados considerando os diferentes contextos, a
utilização de parâmetros válidos, confiáveis e generalizáveis, a administração
estiver comprometida e disposta a agir nas deficiências encontradas, assim como se
o custo da iniciativa e processo de mudança for inferior aos benefícios resultantes.
3.2.3 Análise SWOT
Outra ferramenta de marketing muito utilizada pelas instituições para análise
de cenários é a Análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Treats)
traduzido no Brasil como Força, Fraqueza, Oportunidade e Ameaça, também
conhecido como FOFA. Esta ferramenta tem como objetivo identificar os pontos
fortes e fracos de uma instituição, assim como as oportunidades e ameaças no
ambiente na qual a mesma está inserida, para com base neste levantamento criar
9 Tradução nossa: Benchmarking is the practice of being humble enough to admit that someone elesis better at something, and being wise enough to learn how to match and even superpass them atit. (APQC, 1993)
36
estratégias que destaquem seus pontos fortes, eliminem seus pontos fracos,
aproveitem as oportunidades e enfrentem as ameaças.
Os pontos fortes e fracos são levantados a partir de uma análise interna da
instituição, a qual examina todos os aspectos da cobertura da organização, como
instalações, localização, produtos e serviços (DYSON, 2002, p. 632). Este ambiente
interno é controlado pelos dirigentes da instituição, sendo resultados das estratégias
previamente definidas pela organização. Assim, a instituição deve ressaltar ao
máximo seus pontos fortes, procurando minimizar ou, se possível, eliminar os pontos
fracos.
No ambiente externo à instituição há as oportunidades e as ameaças, as
quais, apesar de não ser possível seu controle, é importante conhecer e monitorar, a
fim de aproveitar as oportunidades e evitar as ameaças.
Desta forma, é possível perceber que o uso desta ferramenta auxilia o gestor
realizar uma análise de cenário e tomar as decisões com maior assertividade.
3.2.4 Diferenciação e Segmentação
Outras ferramentas importantes do marketing, desenvolvidas por Wendell
Smith (1956), foram a Diferenciação de produto e a Segmentação de mercado.
Segundo Smith (1956, p. 4), é importante realizar a diferenciação de produtos
que são produzidos por várias instituições, pois a diferenciação do produto visa
estabelecer uma posição de mercado nos segmentos que são definidos e
penetrados, sendo realizada por meio do uso de publicidade e promoção (ibid., p. 5-
6).
Levitt (1980, p. 83) afirma que “no mercado, a diferenciação está em toda
parte”, apesar de nem sempre ela estar saliente. A diferenciação, segundo o autor
(id., p. 87), não se limita apenas a entregar ao cliente o que ele espera, mas reforçar
o que ele espera com coisas que ele nunca tenha pensado antes, surpreendendo
positivamente o cliente.
Neste mesmo sentido, a segmentação de mercado segundo Smith (1956, p. 6
e 7) consiste numa visão de mercado heterogêneo, no qual são agrupados as
37
diferentes preferências em segmentos de mercado, numa busca por maximizar a
satisfação do consumidor, construindo assim uma posição no mercado mais segura
e estável.
Para segmentar um mercado, Hooley, Piercy e Nicoulaud (2011, p. 152)
apresentam três requisitos fundamentais que são: os clientes devem diferenciar-se
entre si, a segmentação deve ser identificada por características mensuráveis e os
segmentos devem ser isolados dos demais.
Assim, “as variáveis utilizadas para segmentar os mercados podem ser
agrupadas em três classes: 1. Características básicas do cliente, 2. Atitude do
cliente e 3. Comportamento do cliente” (HOOLEY; PIERCY; NICOULAUD, 2011, p.
153).
Das muitas variáveis utilizadas para segmentação, as mais utilizadas são por
características demográficas (sexo, idade, localização geográfica, subcultura),
socioeconômicas, pelo ciclo de vida da família, de personalidade e de estilo de vida.
A estratégia de diferenciação do produto é uma ferramenta utilizada,
principalmente em mercados horizontais10 de grande dimensão (SMITH, 1956, p. 4),
pois devido à alta competição é necessária a diferenciação do produto em relação a
seus concorrentes.
As ferramentas de diferenciação de produtos e segmentação de mercado
podem contribuir para que a instituição se diferencie dos seus concorrentes, assim
como estabeleça estratégias para os diferentes segmentos que atendam suas
demandas e fidelizem seus clientes.
Como estamos falando de produto, diferenciação e segmentação, é
importante apresentar o conceito do ciclo de vida do produto (LEVITT, 1965), o qual
é dividido em 4 estágios: desenvolvimento de mercado, crescimento de mercado,
maturação de mercado e declínio de mercado. Assim, quando uma instituição
desenvolve um novo produto, ela tem que planejar uma série de ações a serem
empregadas nos estágios subsequentes, evitando assim o declínio e prolongando
sua permanência no estágio de maturação, e, se possível, reinventando sua
utilidade a fim de desenvolver novos mercados a partir do estágio de maturação,
criando assim uma estratégia de longo prazo.
10 Kalakota e Robinsin (2001 p. 296) definem mercados horizontais como mercados de bens eserviços comuns que abrangem diversos segmentos.
38
3.2.5 Matriz BCG
Com base na ferramenta do ciclo de vida do produto, Bruce Henderson (1970)
desenvolveu a Matriz BCG11, a qual permite analisar os diversos produtos da
instituição dentro dos quadrantes desenvolvidos.
Cada produto da instituição deve ser classificado em um quadrante, sendo
que no quadrante “Em questionamento” estão os produtos que possuem uma baixa
participação no mercado, por estarem em desenvolvimento, estes exigem
investimento para que sua participação possa crescer. Normalmente os produtos
“Em questionamento” que são bem-sucedidos, se tornam “Estrela”.
No quadrante “Estrela” estão os produtos que possuem uma alta participação
no mercado, porém devido a investimentos realizados e contínuos, ainda não produz
um fluxo de caixa positivo, porém o mesmo pode conseguir se estabilizar, tornando-
se uma “Vaca leiteira”.
No quadrante “Vaca leiteira” estão os produtos que se estabilizaram, os quais
a empresa não precisa realizar altos investimentos e o retorno é contínuo. Os
produtos classificados como “Vaca leiteira” são os produtos que mantêm a
instituição, permitindo que ela invista nos produtos “Em questionamento” e “Estrela”,
porém é preciso ficar atento para não perder muito o mercado e os produtos se
tornarem “Abacaxi”.
No quadrante “Abacaxi”, também conhecido como “animais de estimação”,
estão os produtos com baixa participação do mercado e baixo crescimento, o que
gera baixo lucro ou até prejuízo. Os produtos deste quadrante precisam ser
estudados e avaliada sua continuação no mercado.
3.2.6 Composto de Marketing
A ferramenta do Composto de Marketing são os 4 P´s desenvolvido por
McCarthy (1960) que são: Produto, Preço, Praça e Promoção.
11 BCG – Boston Consulting Group.
39
O primeiro elemento é o Produto, que alguns autores (ROSSI, 2006,
KOTLER; FOX, 1998) destacam como sendo o elemento mais importante da
organização, pois sem ele a instituição não tem o que vender, ou do que fazer
promoção, ou mesmo o que precificar. Desta forma o produto influi diretamente na
elaboração e estruturação dos demais elementos do composto de marketing.
O produto, segundo a teoria de marketing, é definido por Kotler e Lee (2008,
p. 60) como “qualquer coisa que possa ser oferecida no mercado, por uma
organização ou indivíduo, para satisfazer uma vontade ou necessidade do
consumidor”.
O produto pode ser físico ou abstrato, como é o caso de um serviço. O
importante é a instituição conhecê-lo muito bem antes de disponibilizá-lo ao
mercado, identificando com detalhe cada produto, suas características, produtos
relacionados e acessórios, embalagem, marca, variedade, qualidade, design,
tamanhos, serviços complementares, garantias, retornos.
Além de conhecer bem o seu produto, é importante também a empresa
conhecer quais são os produtos que concorrerão no mercado com o seu produto.
Buscar as diferenças, vantagens de cada produto, o diferencial que cada um
apresenta. Conhecer bem o produto oferecido e seus concorrentes é uma ação
estratégica que auxilia a instituição alcançar seus objetivos.
O Preço é outro elemento que deve ser detalhado e bem analisado, pois ele
possui grande influência na decisão de compra. Fatores como condições de
pagamento, desconto, prazo, financiamento, número de prestações e crediário
realmente podem atrair ou repelir clientes.
A Praça são os canais de distribuição, que Kotler e Lee (2008, p. 110) definem
como “meios que você utiliza para entregar ofertas e meios que os cidadãos
possuem para acessá-las”. Em universidades públicas são o local onde a instituição
oferecerá seus cursos e suas modalidades (presencial ou à distância). A boa escolha
da praça pode influenciar a participação, utilização, compra de produto/serviço,
satisfação, entre outros.
O último P é o da Promoção, que está ligado diretamente à comunicação de
marketing. Por meio da promoção, o público-alvo conhece o produto, assim como
suas ofertas e diferenciais, desejam experimentar/adquirir, confiando que o mesmo
pode lhe trazer os benefícios esperados.
40
A promoção é constituída pela propaganda, publicidade, relações-públicas,
eventos, marketing direto, materiais impressos, canais de comunicação pessoal,
merchandising entre outros e “seu público-alvo são a sua fonte de inspiração e
aqueles cuja opinião e resposta mais importam” (KOTLER; LEE, 2008, p. 156). Toda
a promoção tem como objetivo atingir seu público-alvo, atraindo sua atenção para o
produto destacado.
Conforme se pode perceber, o composto de marketing é um conjunto, uma
mistura de itens, sendo sua composição fundamental para o sucesso da instituição.
Todas instituições, tendo ou não fins lucrativos, encontram nos 4 Ps o conhecimento
e a base para sua interação com o mercado (YANASE, 2011, p. 33).
Como o marketing também pode ser usado para serviço, realizou-se um
paralelo dos 4 P´s para a visão do consumidor ou cliente que chamaram de 4 C´s
(LAUTERBORN 1990), que se equivalem. O Produto visto como Cliente (solução
para), o Preço é o Custo, a Praça é a Conveniência e a Promoção é a Comunicação.
3.2.7 Síntese das Ferramentas de Marketing
Quadro 1 - Síntese das Ferramentas de Marketing apresentadas
Ferramentas O que faz? Desenvolvidopor
Ano
Pesquisa deMarketing
Metodologia estruturada que identifica um problema,coleta dados, analisa e transforma em informação que
ajudam os gestores na resolução do problema.
diversosautores
desde1910
Diferenciaçãoe
Segmentação
Diferencia os produtos perante seus concorrentes esegmenta seu público para maximizar sua satisfação. Wendell Smith 1956
Composto deMarketing
Auxilia a instituição a identificar e aprimorar com base nos4Ps (Produto, Preço, Praça e Promoção).
JeromeMcCarthy
1960
Análise SWOT Identifica os pontos fortes, pontos fracos, oportunidades eameaças.
AlbertHumphrey
1960
Matriz BCG Analisa os diversos produtos em quadrantes “emquestionamento”, “estrela”, “vaca leiteira” e “abacaxi.
BruceHenderson
1970
Benchmarking Auxilia na busca de adquirir e aprimorar osconhecimentos baseando na experiência de empresas
líderes.
Empresa Xeroxnos EUA
1970
Fonte: Elaborado pela autora
41
Apresenta-se no Quadro 1 a síntese de todas as ferramentas de marketing
apresentadas neste tópico, citando a finalidade da ferramenta, assim como o
precursor que desenvolveu a ferramenta e o ano. Vale destacar, que a ferramenta de
pesquisa de marketing começou a ser desenvolvida, formalmente, em 1910, porém
a mesma vem sendo aprimorada até hoje.
Buscando sintetizar e relacionar numa linha do tempo a história do ensino
superior no Brasil, a história da universidade estudada e o surgimento das
ferramentas de marketing, apresenta-se na Figura 1 uma síntese dos principais
marcos na linha do tempo que inicia-se no ano de 1800 até os dias atuais.
Observa-se no diagrama o contexto da reforma universitária em 1968, pouco
antes da primeira expansão da Universidade e a segunda mudança significativa
(transformação em centro universitário) alguns anos após a nova LDB em 1996 e
posteriormente a transformação em universidade, concomitantemente às outras
políticas governamentais que procuraram ampliar o acesso ao ensino superior no
Figura 1 - Diagrama síntese da Educação Superior no Brasil, a história da Universidade estudada e o
surgimento das Ferramentas de Marketing no tempo.
Fonte: Elaborado pela autora
42
Brasil.
Quanto às ferramentas de marketing, observa-se no diagrama que a maior
partes delas foram desenvolvidas entre 1910 e 1970, décadas antes das grandes
expansões universitárias no Brasil.
Nas empresas brasileiras, as ferramentas de marketing chegaram na década
de 60 e, ainda hoje, é um paradigma para as instituições públicas, como as
universidades que vêm intensificando seu uso por meio do marketing educacional
como apresenta-se a seguir.
3.3 MARKETING EDUCACIONAL
Como exposto anteriormente, o marketing educacional surgiu da teoria de
marketing aplicado ao ensino.
Colombo (2008, p. 18) explica que o marketing educacional surgiu no Brasil,
em instituições privadas, na última década do século XX, pela necessidade das
instituições de ensino estabelecerem estratégias para evitar a diminuição no número
de alunos. Com base nesta afirmação percebe-se que o marketing passou
inicialmente a fazer parte das instituições de ensino com o objetivo de se manter no
mercado, conseguindo auferir o lucro desejado.
O autor (op. cit, p. 25) ainda cita algumas características do serviço
educacional: intangível, pois não pode ser testado, experimentado ou avaliado com
antecedência; perecível, pois deve ser consumido no momento em que é produzido
(aula); e o contato frequente, sendo diário na maioria dos casos.
Há diversos estudos que apontam a utilização do marketing em universidades
particulares (COSTA et al. 2011; LINHARES, 2009; SCAGLIONE; PIZA, 2011),
entretanto, ainda surgem dúvidas quando se fala em utilizar, formalmente, o
marketing em universidades públicas.
Naudé e Ivy (1999, p. 126-127) apontam que quando se fala em marketing em
universidades públicas é comum surgirem diversos questionamentos como quem é o
“cliente” nas instituições públicas, quais são as partes interessadas, assim como o
que a orientação de marketing significa neste ambiente.
43
Na realidade, as universidades públicas também podem utilizar ferramentas
de marketing em sua gestão, assim como vem acontecendo com as instituições
privadas. Esta utilização é possível desde a criação de novos cursos focados nos
desejos e necessidades dos alunos, assim como no mercado de trabalho, nas
estratégias utilizadas para atrair e reter os alunos, no conhecimento que a
universidade tem de seu mercado, concorrentes e parceiros, até na maneira como a
instituição de ensino se comunica com a sociedade.
Desta forma, percebe-se que a utilização das ferramentas de marketing pode
contribuir para que a instituição de ensino obtenha uma diferencial competitivo,
contribuindo para o alcance de seus objetivos e metas.
Vale lembrar que, conforme destaca McDonald (2008, p. 4), em instituições
sem fins lucrativos, a satisfação do cliente pode ser um substituto para a
lucratividade, ou seja, em instituições de ensino público a satisfação dos alunos é
um dos objetivos das instituições e não o lucro financeiro em si.
3.4 EVIDÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DO MARKETING EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO
A partir dos conceitos de marketing apresentados, realizou-se uma busca por
artigos que evidenciassem a utilização do marketing em IES brasileiras, para
verificar como esta utilização vem ocorrendo.
Realizou-se uma busca no periódico Capes e Google Acadêmico12 pelas
palavras marketing e ensino/educação, porém de acordo com os resultados
encontrados, observou-se a escassez de artigos com o tema procurado, visto que
poucas revistas apresentam artigos sobre o marketing nas IES e, mesmo nestas, há
poucos trabalhos publicados. Os periódicos que apresentaram algum artigo
relacionado ao marketing em IES foram as Revistas RAE, REGE, Vértice, FSA e
GUAL.
Buscou-se também eventos em que o tema fora apresentado e discutido.
Neste sentido, encontrou-se um artigo apresentado na Intercom e diversos artigos
apresentados no Colóquio Internacional de Gestão Universitária nas Américas.
12 scholar.google.com
44
Iniciando pelas revistas pesquisadas, a Revista RAE (Revista de
Administração de Empresas), da Fundação Getúlio Vargas, iniciou suas publicações
em 1961 e, durante todos estes anos, encontraram-se apenas dois artigos que
abordam o marketing em IES.
Em 1989, Martins (1989) publicou um artigo no qual realizou a identificação e
caracterização das atividades do marketing educacional nas IES, por meio de um
levantamento em 31 instituições da grande São Paulo. Martins (op. cit.) percebeu
que o esforço total de marketing de uma IES compreende um razoável elenco de
atividades, normalmente desconhecido pelos administradores escolares. Mesmo
assim, muitos institutos executam determinadas atividades de marketing, sem que
seus responsáveis as tenham reconhecido como tais.
Depois desta publicação de 1989, somente em 2006 se encontrou um outro
artigo na RAE, o qual apresenta o trabalho desenvolvido pelas autoras Ikeda e
Oliveira (2006) que publicaram o artigo da pesquisa desenvolvida com ex-alunos da
pós-graduação para estudar a criação de valor em serviços educacionais na
perspectiva do estudante.
A Revista de Gestão USP - REGE, é uma publicação trimestral para
divulgação de trabalhos de natureza acadêmica de temas relacionados à
Administração de Empresas. Apesar de a revista ser antiga, a mesma disponibiliza
em sua página eletrônica os artigos publicados a partir de 2005. Realizando uma
busca com a palavra-chave “marketing”, obtiveram-se 161 artigos, entretanto,
apenas três artigos abordam diretamente o marketing em IES, nos demais, o
conceito não apareceu relacionado com IES.
Apresenta-se no artigo de Provinciali et al. (2005) um levantamento de dados
de perfil e percepções dos alunos de 4 IES do curso de Administração. Assim, os
autores identificam que a maior dificuldade observada para a inserção profissional é
a desarticulação entre teoria e prática e, a partir dos dados levantados, os autores
esperam contribuir para que as IES adotem ações estratégicas para elevar a
qualidade dos cursos e do futuro profissional.
O artigo de Castro et al. (2007) levantou a opinião dos estagiários sobre as
oportunidades de desenvolvimento oferecidas pelas empresas e, por meio disso,
identificaram as expectativas e necessidades que os motivam a buscar esses
programas e como esses aspectos são satisfeitos. Os resultados apontam que os
45
alunos esperam uma oportunidade de aplicar os conhecimentos adquiridos na
faculdade e o crescimento profissional dentro da empresa, além do reconhecimento.
Kitahara et al. (2008) apresentam em seu artigo os resultados de uma
pesquisa realizada com egressos do curso de Administração da USP, a fim de
verificar se os ex-alunos percebem a adequação do conhecimento adquirido no
curso às necessidades de seu exercício profissional, adequando às expectativas do
mercado global. Na conclusão, os autores depreendem que os alunos “não
perceberam de maneira significativa as alterações curriculares e sua devida
utilização na prática empresarial, ainda que os professores tenham realizado esforço
substancial nesse sentido” (KITAHARA et al., 2008, p. 44).
Desta forma, é possível constatar que os artigos publicados na REGE que
abordam o marketing em IES são de levantamento de dados que podem contribuir
para a gestão da universidade, curso ou programa de estágio.
A Revista Vértice é uma publicação interdisciplinar do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IFF) que divulga desde 1997 trabalhos
nas áreas de Educação, Letras, Linguística, Engenharias, Filosofia, Teologia,
Psicologia, Sociologia, Serviço Social, Administração, Ciências Contábeis, Turismo e
Ciências Agrárias. Realizando uma busca com a palavra-chave “marketing”,
encontraram-se 3 artigos, sendo que apenas o artigo de Costa et al. (2011) tratou o
tema no contexto dos cursos de graduação de instituições de ensino.
Costa et al. (2011) buscaram identificar as competências de marketing dos
gestores de duas IES, sendo uma pública e outra privada. De acordo com a
pesquisa, constatou-se que as IES utilizam o marketing de maneira diferenciada,
sendo que a instituição pública utiliza algumas ferramentas do marketing de forma
instintiva e não organizada e a privada utiliza de maneira mais aprofundada e com
maior profissionalismo.
A Revista FSA é uma publicação da Faculdade Santo Agostinho (Teresina –
PI) que visa divulgar trabalhos das áreas de Administração, Antropologia,
Arqueologia, Ciência da Informação, Ciências Contábeis, Comunicação, Direito,
Educação, Geografia, História, Letras, Linguística, Museologia, Serviço Social e
Turismo desde 2004. Realizando uma busca com a palavra-chave “marketing”,
encontraram-se 12 artigos, sendo que apenas o artigo de Malvezzi e Zambalde
(2013) abordou o marketing no contexto dos cursos de graduação de instituições de
46
ensino.
Malvezzi e Zambalde (2013) apresentam uma análise do marketing no
processo de inovação tecnológica da Universidade de Lavras, que diagnosticou que
não existem ferramentas e canais para promover o marketing das inovações
tecnológicas. Desta forma, os autores alertam que se faz necessária a implantação
do marketing interno, a fim de que todos tomem conhecimento das oportunidades e
políticas de inovação.
A Revista Gestão Universitária na América Latina (GUAL) é um periódico que
possui como foco estimular a pesquisa e o debate sobre questões emblemáticas que
atingem a Gestão Universitária e a Educação Superior na América Latina, vinculada
ao Instituto de Pesquisas e Estudos em Administração Universitária, da Universidade
Federal de Santa Catarina – INPEAU/UFSC. Ela iniciou em 2007 com periodicidade
anual, sendo que a partir de 2011 se tornou quadrimestral, com uma edição especial
no final de cada ano.
Realizando a busca na revista com a palavra-chave “marketing”, encontraram-
se 9 artigos. Verificando os artigos encontrados, observou-se que somente a partir
de 2011 que artigos relacionados ao marketing começaram a ser publicados,
conforme apresentado na Tabela 2.
Tabela 2 - Artigos publicados na Revista Gestão Universitária da América Latina
Ano 2007 a 2010 2011 2012 20132014
(apenas 1ª edição) Total
Total de artigospublicados
23 47 59 58 15 202
Artigos compalavra-chave“marketing” no
contexto degraduação em IES
0 2 1 3 2 8
Fonte: dados da pesquisa realizada no website da Revista Gual13
Constata-se que a quantidade de artigos publicados relacionados ao
marketing ainda é muito pequena, chegando apenas a cerca de 4% de todos artigos
publicados.
Em 2011, encontraram-se dois artigos. O artigo de Scaglione e Piza (2011)
13 REVISTA GESTÃO UNIVERSITÁRIA NA AMÉRICA LATINA – GUAL. Florianópolis, SC:UFSC, 2007. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/gual>. Acesso em: 20 demarço de 2014.
47
traz o resultado de uma pesquisa bibliográfica desenvolvida na área de marketing,
que apresenta em sua conclusão que as instituições de ensino particular devem
procurar o apoio do marketing educacional, oferecendo uma educação de boa
qualidade, através de contratação de bons professores e demais prestadores de
serviço; melhorando continuamente sua infraestrutura, de modo a contemplar as
expectativas dos alunos, assim mantendo uma alta credibilidade dos serviços
oferecidos pela instituição.
Martins et al. (2011) fazem uma análise geral do mercado educacional, sob a
ótica do marketing, por meio de pesquisa bibliográfica e documental. Os resultados
apontam para a necessidade de ações estratégicas de marketing, visando o
fortalecimento das IES no concorrente mercado, em especial o marketing de
relacionamento se destaca em estabelecer harmonia e melhorar a satisfação do
aluno.
Em 2012, encontrou-se apenas o artigo de Reichelt (2012), no qual se
apresentam os resultados do desenvolvimento e teste de um modelo que buscou
compreender os antecedentes da lealdade no contexto da educação, como um típico
serviço de natureza continuada, no qual se pressupõe uma grande importância do
relacionamento.
A autora (op. cit.) conclui que os fatores que influenciam o valor percebido são
a qualidade percebida, a resposta emocional, a percepção de preço monetário, a
percepção de preço comportamental e a reputação, confirmando que a Satisfação
com o Relacionamento aumenta a satisfação geral dos clientes em relação aos
serviços prestados e isto evidencia que ações de Marketing de Relacionamento,
bem realizadas, podem incrementar a satisfação dos clientes em relação aos
serviços prestados por empresas de serviços de natureza contínua.
Em 2013, encontraram-se três artigos, sendo que no artigo de Gomes et al.
(2013) se apresenta o resultado de uma pesquisa que analisou o plano de marketing
de 42 instituições de ensino superior do sul do Brasil e indica em seus resultados
que apenas 13 instituições adotam efetivamente o plano de marketing, com
predominância nas universidades privadas. Apenas uma universidade federal adota
o plano de marketing e a justificativa é que, no entendimento dos gestores, ainda
existe a crença e a visão de que um bom planejamento e plano de marketing não é
necessário para universidades públicas.
48
No final dos resultados, os autores apresentam dois excertos da fala de um
respondente que resume a situação das IES em relação ao marketing: “grande parte
dos gestores das universidades brasileiras ainda não dão a devida importância ao
marketing e às ferramentas de gestão. Mais que isso, professores e coordenadores
de curso ainda não entendem o que é marketing e para que serve” (GOMES et al.,
2013, p. 205), finaliza afirmando: “Com isso, as ações de marketing ficam
prejudicadas, já que o marketing não faz parte ainda, verdadeiramente, da cultura da
universidade” (idem).
No segundo artigo de 2013, os autores Guimarães et al. (2013) apresentam
os resultados da pesquisa realizada em três IES de Caxias do Sul, investigando qual
a inovação de marketing que estas instituições realizaram nos anos de 2010 e 2011.
A instituição F1 teve como foco de inovação a divulgação dos cursos e flexibilização
das aulas; a instituição F2 pesquisas de perfil dos alunos, comunicação e estrutura
da organização; e a instituição F3 divulgação da IES, comunicação e atendimento às
demandas dos alunos.
Os autores concluem que o principal foco das inovações está ligado aos
processos de comunicação e suporte ao aluno, o que evidencia a preocupação das
IES em melhorar o relacionamento (marketing de relacionamento) com os alunos por
meio dos serviços complementares e disponibilização de novos canais de
comunicação.
O terceiro artigo encontrado em 2013 foi dos autores Cervi e Froemming
(2013) que buscaram conhecer como o Estágio Supervisionado em Administração
(ESA) propicia interação entre a universidade e a comunidade empresarial, a fim de
criar uma imagem positiva, estabelecendo vínculos de relacionamento entre as duas
partes. No final do trabalho, os autores concluem que a ESA é um canal de
marketing de relacionamento, capaz de fortalecer a imagem da universidade e do
curso de administração, porém a universidade em questão subutiliza esta prática,
apresentando uma fragilidade neste importante canal de interação e relacionamento.
Em 2014, até o momento da pesquisa, apenas a 1ª edição do ano tinha sido
publicada, na qual encontraram-se dois artigos. No artigo de Slhessarenko et al.
(2014), buscou-se levantar quais as causas que contribuíram para a evasão do
curso nos anos de 2010 e 2011, para, com base nas informações levantadas, propor
estratégias de marketing procurando reduzir esta evasão. Na conclusão, os autores
49
apresentam que estratégias devem focar no bem-estar do aluno, sua orientação e
adequação ao curso, preparando professores e melhorando a didática de ensino.
Santini et al. (2014) avaliaram a relação entre os constructos tradicionalmente
utilizados no Marketing de Relacionamento (qualidade percebida, confiança e
comprometimento) e sua influência na retenção de acadêmicos, refletindo sobre a
possibilidade do efeito moderador da marca da IES, como potencializador nas
relações.
Observa-se que há um predomínio de trabalhos realizados em instituições
privadas na revista GUAL, as quais vêm trabalhando o marketing há mais tempo.
Entre os eventos realizados, encontrou-se um artigo apresentado na Intercom
e diversos artigos apresentados no Colóquio Internacional de Gestão Universitária
nas Américas.
A Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação teve em seu XXIV Congresso Brasileiro de Ciência da Comunicação o
artigo de Mund, Durieux e Tontini (2001) no qual se buscou identificar quais fatores
associados ao processo decisório de marketing levaram o aluno a escolher a
Universidade Regional de Blumenau para estudar.
Na conclusão, os autores concluem que o “marketing tem tido pouca
influência estratégica na opção do aluno pela Universidade” (MUND et al., 2001, p.
9), sendo que entre os Ps do mix de marketing, a praça não é valorizada pela
administração, os fatores de qualidade do produto são considerados apenas por
25% dos entrevistados na hora de escolher a instituição, a propaganda das outras
instituições têm avançado mais que da universidade e o preço não foi considerado
importante pela maioria dos alunos.
Os autores concluem ainda que pelo fato da instituição ser pública ela “não
precisa prestar conta de seu desempenho e, com esta cultura pública, faz pouco
para o mercado e desconhece o que são concorrência e competitividade” (MUND et
al. 2001 p. 11).
Além deste artigo encontrado na INTERCOM, encontrou-se o Colóquio
Internacional de Gestão Universitária14, que é o principal evento existente para se
14 Colóquio Internacional de Gestão Universitária nas Américas é um evento realizado pelaUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por meio do Instituto de Pesquisas e Estudos emAdministração Universitária (INPEAU), em parceria com a Universidad Nacional de Mar del Plata(UNMdP), Associação de Especialistas em Gestão da Educação Superior (AEGES), UniversidadeNacional de Tres de Febrero (UNTREF), Universidad Tecnologica Nacional (UTN), UniversidadeTecnológica Intercontinental (UTIC), Universidad Nacional de Caaguazú (UCA), Universidad
50
discutir a gestão universitária na América Latina.
O evento é anual e teve início em 2000, porém em 2002 não foi realizado o
evento, portanto se realizaram 13 Colóquios, totalizando 2118 artigos apresentados,
conforme apresentado na Tabela 3.
Tabela 3 - Artigos apresentados nos Colóquios Internacionais de Gestão Universitária nas Américas
Evento AnoTotal de artigosapresentados
Resultados apartir da busca
pela palavra“marketing”
Artigos que abordam omarketing aplicado na
graduação de IES
I Colóquio 2000 32 0 0
II Colóquio 2001 84 2 2
III Colóquio 2003 40 7 1
IV Colóquio 2004 176 43 11
V Colóquio 2005 247 12 5
VI Colóquio 2006 153 60 12
VII Colóquio 2007 155 25 1
VIII Colóquio 2008 73 0 0
IX Colóquio 2009 176 43 4
X Colóquio 2010 257 28 4
XI Colóquio 2011 226 55 5
XII Colóquio 2012 115 1 0
XIII Colóquio 2013 384 34 5
Total 2118 310 50 Fonte: Dados da pesquisa realizada no website do evento15
Dentre os 2118 artigos apresentados no Colóquios, realizou-se uma busca
com a palavra-chave “marketing”, filtrando-se 310 artigos, conforme Tabela 3
(destaca-se que o sistema digital do evento busca a palavra indicada em qualquer
parte do artigo).
Após pré-seleção dos artigos, fez-se a leitura dos títulos dos trabalhos, para
descartar aqueles que não tinham relação direta com marketing aplicado em cursos
de graduação em IES. Em alguns casos, necessitou-se a leitura do resumo e a
busca pela palavra marketing no interior do artigo.
Constatou-se que em muitos artigos a palavra marketing estava presente
apenas nas referências bibliográficas, em outros artigos a palavra marketing
aparecia como nome de disciplina, portanto nestes casos foram descartados os
artigos.
Encontraram-se 50 artigos que tratavam do marketing aplicado no contexto de
Veracruzana (UV) e Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).15 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Repositório de Conteúdo Digital. Disponível
em: <https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/25876>. Acesso em: 2 de abril de 2014.
51
cursos de graduação de Instituições de Ensino Superior (Tabela 3).
Analisando todos os artigos encontrados, observou-se que o marketing ainda
é pouco utilizado em IES ou pouco estudado, visto que dentre os 2118 artigos que
abordam o tema da Gestão Universitária, em apenas 50 artigos discutiu-se o
marketing.
Observou-se também que os trabalhos que abordam o tema do marketing
estão presentes principalmente em IES privadas (Figura 2).
Dentre os artigos que trataram o marketing em instituições públicas e privadas
está o trabalho de Otero et al. (2001), no qual se investigou a retórica do Marketing
saiu da sala de aula e está sendo aplicada nos procedimentos administrativos da
instituição, auxiliando a mesma no alcance de seus objetivos.
No artigo de Laux e Laux (2004) se apresentam considerações sobre a
gestão universitária, apresentando o histórico do ensino superior e buscando expor
os principais conceitos e modelos de gestão, resumidamente o que uma instituição
universitária deve fazer para ser bem gerida, sendo que um dos itens é a
importância da gestão voltada para o marketing de excelência, porém também
Figura 2 - Tipo de universidades pesquisadas nos artigos
apresentados no Colóquio Internacional de Gestão Universitária
nas Américas abordando o tema marketing em cursos de
graduação de IES.
Fonte: Dados da pesquisa no website do evento.
52
destaca a resistência das instituições em assumir a prática do marketing como
maneira de obter vantagens competitivas do mercado. Nas considerações finais
apontam a necessidade de repensar a universidade, avançando as estratégias
dinâmicas e adequáveis à realidade.
Rossés et al. (2006) apresentam o resultado de uma pesquisa de marketing
de relacionamento a partir dos 4P´s realizado em 11 universidades do Rio Grande do
Sul, sendo 8 privadas e 3 públicas. Constatou-se o maior uso dos itens Produto e
Promoção, sendo que as IES privadas valem-se do Preço como forma de obtenção
de recursos.
Na conclusão, os autores apresentam duas ideias que emergiram: “as IES
praticam as variáveis de marketing, mas têm dificuldade de delimitá-las; e, o
planejamento de marketing não é eficaz uma vez que nem todas as variáveis
básicas são praticadas” (op. cit., 2006, p. 12). Entre os itens Elementos de Marketing
de Relacionamento avaliado, observou-se que o marketing tradicional, de banco de
dados e internet são os mais praticados. Desta forma, os autores afirmam que as
técnicas de marketing de relacionamento já utilizadas poderão ser aprimoradas nas
universidades, em especial nas IES pesquisadas.
Mainardes et al. (2009) fizeram uma revisão nos conceitos de marketing
educacional, principalmente no marketing-mix aplicado à educação, para, na
sequência, fazer uma caracterização e comparação da aplicação do marketing no
Brasil e em Portugal.
Laux (2011) investigou o segmento de ensino brasileiro, baseado na
abordagem de três determinantes críticos que são o aluno, o docente e a gestão da
IES. No capítulo “La nueva universidad y el marketing”, o autor apresenta que um
dos princípios que orientam a nova universidade é sua comunicação com o mercado
e seu ambiente interno, citando o caso da Fundação Armando Álvares Penteado
(FAAP) que utilizou ferramentas de marketing para se desenvolver e sobreviver no
mercado, assim como apresenta a dificuldade do gestor em focar no seu principal
elemento que é o aluno-cliente. Desta forma, o autor conclui que a gestão da nova
universidade passa por mudanças da mentalidade dos gestores, administradores,
mantenedores, os quais devem se atualizar nos conceitos e valores humanos.
No artigo de Acioli et al. (2011) se apresentou o levantamento de dados
realizados com os alunos da instituição para dois cursos superiores de tecnologia, a
53
fim de conhecer sua percepção.
Dentre os artigos que abordaram o marketing em instituições públicas, no
artigo de Cassimiro et al. (2006) se apresentou a importância do relacionamento
com os ex-alunos e analisou por meio de pesquisa as estratégias empregadas, a
estrutura organizacional desenvolvida, o relacionamento do programa com a
associação de ex-alunos existente, assim como os principais interesse dos ex-
alunos em se relacionar com a instituição.
Apesar de o artigo não ser especificamente de marketing de relacionamento,
os autores afirmam que a lógica da estratégia do relacionamento com os ex-alunos
está alinhada com os conceitos de marketing de relacionamento, pois envolve trocas
recíprocas, é proposital, produz benefícios para as partes e representa um processo
de troca e envolvimento através de interações dentro de um contexto. Na conclusão,
relataram a dificuldade no desenvolvimento e introdução do programa, porém
recomendam que as instituições introduzam de forma modular, minimizando os
riscos e racionalizando os recursos.
Outro artigo que aborda o marketing em instituições públicas é de Alves e
Vital (2006), que elaboraram e implantaram o planejamento estratégico para a
Universidade Estadual do Amazonas, utilizando uma pesquisa realizada junto a um
grupo de docentes, discentes e dirigentes que indicaram os pontos fortes, fracos,
oportunidades e ameaças (análise SWOT) e com estes dados se propôs a utilização
do BSC como ferramenta de gestão para a instituição.
Penha et al. (2009) investigaram a percepção dos alunos da Universidade
Federal do Ceará em relação ao REUNI e a proposta de adesão da universidade
com foco no marketing educacional, baseado nos fatores que podem influenciar o
comportamento do consumidor.
Piñol (2010) levantou o relacionamento que a Instituição de Educação
Superior Federal estabelece com seus públicos, observando os registros no website
da instituição e do jornal de maior circulação local. Verificou-se a inexistência de
relacionamento com alguns públicos e com outros existe pouca comunicação, a qual
pode ser melhor explorada.
Gnecco Jr e Ramos (2010) analisaram o impacto de ações de marketing
voltadas a promoção dos cursos de graduação da UFSC, em especial o projeto
“conhecendo a UFSC”, que se mostrou como uma estratégia de marketing capaz de
54
expandir os conhecimentos da população sobre os serviços oferecidos pela
instituição.
Kruger Jr et al. (2011) pesquisou sobre as possíveis causas e soluções para a
evasão em um curso de administração de uma universidade pública no Sul do Brasil,
porém contatou-se que os respondentes evitam falar no assunto, não conseguindo
identificar realmente as causas.
Borges et al. (2013) apresentaram um estudo de quais variáveis de
personalidade de marca que os alunos identificam numa IES por meio de focus
group realizado com 43 alunos. Alguns autores identificaram 92 atributos de
personalidade de marca e neste estudo os autores encontraram 73 atributos, sendo
que 52 deles não constam nas pesquisas dos autores anteriormente identificados,
totalizando a existência de pelo menos 144 atributos diferenciados que podem
representar a personalidade de uma marca.
Silva et al. (2013) pesquisaram o nível de satisfação dos alunos quanto a
biblioteca da UFSC, tendo em vista que o marketing de relacionamento na gestão do
serviço tem assumido um papel de inter-relação com os clientes, buscando
identificar seu comportamento e satisfação. A pesquisa aproximou a biblioteca de
seus usuários, revelando a necessidade de melhorar a percepção do cliente com a
melhoria no estacionamento, redução de ruído, sala para atividades individual ou
pequenos grupos.
Desta forma, contatou-se que o marketing vem sendo utilizado em instituições
de ensino público, porém este campo ainda tem muito a ser explorado e melhorado.
Diversos artigos encontrados são sobre levantamento diagnóstico, os quais
procuram identificar perfil, preferências, opiniões, níveis de satisfação, entender o
por que da evasão, entre outros.
Outros temas presente nos artigos foram de promoção, imagem da IES e
marca. A gestão também foi tema de alguns artigos, nos quais se apresenta o
marketing como um dos instrumentos para auxiliar na gestão universitária.
Nota-se, no entanto, que não se encontraram trabalhos sobre a utilização de
ferramentas de marketing na abertura de novos cursos de graduação e, neste
sentido, este trabalho espera fazer sua contribuição.
55
4 METODOLOGIA
Considerando que o objetivo geral desta pesquisa foi investigar como a
universidade faz uso de ferramentas de marketing nos processos de abertura de
novos cursos de graduação, optou-se por realizar uma pesquisa exploratória, a qual
tem como finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo
em vista a hipótese da pesquisa (GIL, 2010, p. 27).
Segundo Malhotra (2001, p. 155), “a pesquisa qualitativa proporciona melhor
visão e compreensão do contexto do problema”. Neste mesmo sentido, Gil (2010, p.
27) destaca que “as pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de
proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato” e ainda
complementa que “este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema
escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas
e operacionalizáveis".
Baseando-se nos princípios da pesquisa qualitativa, planejaram-se e
executaram-se as etapas conforme representado na Figura 3, sendo a 1ª delas
preparatória e a 2ª a investigação em si.
Na etapa preparatória, a revisão bibliográfica possibilitou, concomitantemente,
a definição do corpus do trabalho, assim como o levantamento das ferramentas de
marketing que seriam investigadas nele.
Uma vez definido o corpus e as ferramentas, fez-se a busca pelos PPP´s da
instituição e período escolhido, assim como a construção de roteiro de entrevista
semiestruturado, o qual focou em buscar indícios do uso das ferramentas de
marketing pelos professores envolvidos nas criações dos cursos. Esta etapa
possibilitou elementos para constituição das categorias da análise de conteúdo que
se inseriu na etapa investigativa. Destaca-se que as categorias refletiram
diretamente as ferramentas de marketing encontradas na bibliografia e com
possibilidade de uso na criação de novos cursos de graduação.
Durante a etapa investigativa realizaram-se as entrevistas e a análise do
conteúdo destas, assim como dos PPP´s e os dados destas investigações
possibilitaram correlações analíticas visando compreender o uso das ferramentas
nos contextos dos cursos criados.
56
Figura 3 - Modelo de Análise das etapas e ações realizadas na pesquisa
Fonte: Elaborado pela autora
57
4.1 Revisão Bibliográfica
Durante a primeira etapa desta dissertação, se realizou uma revisão
bibliográfica, a fim de conhecer os trabalhos realizados que abordam o marketing em
cursos de graduação em IES. A busca inicial se deu nos periódicos Capes, com as
palavras-chave “marketing” e “IES”, assim como na página do Google Acadêmico16.
A partir dos artigos encontrados, realizou-se uma nova busca com a palavra-
chave “marketing” na página eletrônica das revistas RAE, REGE, Vértice, FSA,
GUAL e dos eventos Intercom e Colóquio Internacional de Gestão Universitária nas
Américas, uma vez que somente nestas revistas e eventos encontrou-se algum
trabalho relacionado ao tema.
Verificou-se se os artigos abordavam o marketing aplicado em cursos de
graduação. Em alguns artigos, a palavra marketing apareceu apenas nas referências
bibliográficas, em outros artigos, a palavra marketing aparecia como nome de
disciplina, portanto, nestes casos foram descartados.
Destacaram-se nos artigos relacionados ao marketing em cursos de
graduação seus objetivos e resultados, os quais estão descritos na seção “3.4
Evidências da utilização do marketing em instituições de ensino”.
Considerando-se a escassez de estudos sobre a utilização de ferramentas
de marketing por universidades públicas brasileiras, optou-se por realizar um estudo
de caso de uma universidade federal, a qual, apesar de ser uma instituição
centenária, passou por um grande crescimento nos últimos anos, chegando a dobrar
a quantidade de cursos nos últimos 5 anos.
4.2 Técnica Análise de Conteúdo
Para realizar esta pesquisa, optou-se por utilizar a técnica de análise de
conteúdo, que é definida por Bardin como:
Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter porprocedimentos sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdo das
16 Disponível em <http://scholar.google.com.br/>. Acesso em: 3 de março de 2014.
58
mensagens indicadores (qualitativos ou não) que permitam a inferência deconhecimentos. (BARDIN, 2011, p. 48)
Esta técnica pode ser realizada em pesquisas quantitativas, as quais focam
na quantidade de vezes que aparecem um determinado elemento, ou em pesquisa
qualitativa, na qual as inferências são realizadas a partir da presença de unidade de
registro dentro de um contexto, como será utilizado.
A técnica de análise de conteúdo é desenvolvida em torno de três polos,
conforme demonstra a Figura 4: “1. a pré-análise; 2. a exploração do material; e 3. o
tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação” (BARDIN, 2011, p. 125).
Optou-se por considerar como corpus nesta pesquisa os PPPs construídos
nas aberturas dos novos cursos no período de 2009 a 2013 e entrevistas realizadas
com pró-reitoras de graduação e professores membros da elaboração destes PPPs.
Inicialmente, levantaram-se os dados secundários por meio de pesquisa
documental, que segundo Gil (2010, p. 51), “vale-se de materiais que não receberam
ainda tratamento analítico, ou que podem ser reelaborados de acordo com os
objetivos da pesquisa”.
Realizou-se, inicialmente, esta pesquisa documental na página eletrônica da
universidade, com o objetivo de encontrar todos os Projetos Político Pedagógicos
dos cursos abertos a partir de 2009.
No entanto, tendo em vista que os PPPs são dinâmicos e que podem e
devem ser alterados e aprimorados, conforme a necessidade, os PPPs
disponibilizados não eram os de abertura dos cursos, pois tinham sido aprimorados.
Neste contexto, solicitou-se à reitoria da universidade os PPPs elaborados
para a abertura dos cursos. Após o recebimento dos documentos, categorizaram-se
os mesmos conforme categorias que serão apresentadas.
Figura 4 - Fases da técnica de Análise de Conteúdo
Fonte: Elaborado pela autora, com base em Bardin, 2011.
59
Após receber os PPPs, realizou-se o levantamento dos dados primários por
meio de entrevista, uma vez que é um importante instrumento para a área das
ciências sociais (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 196), sendo definida por Gil (2010
p. 109) como:
[...] técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lheformula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que interessam àinvestigação. A entrevista é, portanto, uma forma de interação social. Maisespecificamente, é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma daspartes busca coletar e a outra se apresenta como fonte de informação.
Para a realização das entrevistas utilizou-se a técnica de entrevista em
profundidade, realizadas individualmente, utilizando roteiro semiestruturado
(Apêndice A), a qual apresenta algumas perguntas anteriormente elaboradas e tem
a vantagem da flexibilidade na sequência das perguntas, sendo que o entrevistador
pode realizar perguntas complementares a fim de compreender melhor o objeto
estudado (MANZINI, 2012 p. 156).
Realizaram-se estas entrevistas com as pró-reitoras de graduação e
professores membros da comissão elaboradora dos primeiros PPPs, visando
compreender como levantaram-se as demandas, assim como, se existem indícios
de utilização de ferramentas de marketing na construção dos PPPs dos cursos
implantados.
Realizaram-se 11 entrevistas nos meses de abril e maio de 2014, sendo 9
realizadas com professores que participaram da criação do curso e 2 entrevistas
com a antiga pró-reitora de graduação e a atual.
Os cursos oferecido como Licenciatura e Bacharelado (cursos de Letras e
Ciências Sociais) entrevistou-se apenas um professor que participou da construção
e implantação tanto da licenciatura, quanto do bacharelado.
Destaca-se que os professores entrevistados estiveram envolvidos na
construção inicial dos PPPs dos cursos e, em vários casos, se tornando os primeiros
coordenadores dos cursos.
4.2.1 Identificação das categorias
Elaboraram-se os indicadores ou categorias dos PPPs com o rótulo de
60
elementos presentes nas ferramentas de marketing apresentadas no referencial
teórico: Pesquisa de Marketing, Benchmarking, Análise SWOT, Diferenciação e
Segmentação, Matriz BCG e Composto de Marketing. Classificaram-se as
entrevistas nas categorias das ferramentas de marketing apresentadas no
referencial teórico.
Dividiu-se o Composto de Marketing nos 4Ps: produto, preço, praça e
promoção, sempre considerando a teoria de marketing apresentada para esta
ferramenta.
O produto recebeu as categorias: CURSO que reúne características e
informações do curso analisado, CONCORRENTES com qualquer informação sobre
seus concorrentes, DIFERENÇA que apresentam quaisquer diferenças e/ou
semelhanças com outros cursos, seja da mesma instituição ou não, e CENÁRIO
com informações do cenário, mercado de atuação da profissão do curso e
contribuição para a sociedade.
O preço recebeu a categoria RECURSOS PREVISTOS, uma vez que as
universidades públicas não cobram mensalidades, porém existe um custo para
implantação de um novo curso, assim como para sua manutenção, portanto será
buscado identificar se existe a menção de alguma previsão para cobrir esses custos
existentes na elaboração dos PPPs.
A praça recebeu a categoria LOCALIZAÇÃO, que visa classificar os trechos
que apresentam preocupação na escolha da localização onde o curso seria
oferecido, apresentando informações/dados da região e público-alvo que levou a
abertura do curso, e MODALIDADE onde são apresentadas vantagens e
desvantagens para a modalidade (presencial ou à distância) escolhida.
A promoção recebeu a categoria COMUNICAÇÃO, a qual vai reunir qualquer
assunto relacionado ao nome da categoria, como divulgação e imagem, por
exemplo.
A ferramenta Diferenciação tem como característica principal apresentar
características que as tornem únicas, visando estabelecer uma posição de mercado,
por tanto pode estar presente na categoria COMPARAÇÃO, a qual classificará todos
os trechos que apresentarem diferenças e semelhanças com outros cursos, da
mesma instituição ou não, como citado anteriormente.
A ferramenta Segmentação, como definida por Smith (1956), é inadequada
61
para a abertura de novos cursos, uma vez que a universidade pública não deve
realizar ações específicas para cursos de graduação, ressaltado pelo princípio da
democratização do ensino superior no Brasil.
A segmentação que existe na universidade pode acontecer no cadastro de
estudantes com situação socioeconômica vulnerável, os quais podem receber ajuda
específica, por meio de programas de apoio do Governo Federal, porém esta
segmentação para a obtenção do auxílio é realizada para toda a instituição,
independente do curso ao qual o aluno está matriculado. Desta forma, a ferramenta
segmentação não receberá nenhuma categoria.
A ferramenta matriz BCG permite posicionar o curso dentro dos quadrantes
em questionamento, estrela, vaca leiteira e abacaxi. Desta forma, esta ferramenta
pode conter elementos da descrição do curso, porém não obrigatoriamente, no
entanto serão utilizadas inicialmente as categorias CURSO e CENÁRIO
anteriormente apresentadas.
A ferramenta análise SWOT pode realizar a análise de cenários por meio da
identificação dos pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças, assim utilizaremos
as categorias CURSO, CONCORRENTE, RECURSOS PREVISTOS,
LOCALIZAÇÃO, COMUNICAÇÃO, DIFERENÇAS, CENÁRIO descritas
anteriormente, e RECURSOS EXISTENTES que identificará trechos que
apresentem a descrição de estrutura e equipamentos existente.
A ferramenta Benchmarking apresenta como característica o aprendizado por
meio da identificação das melhores práticas e abertura para adquirir e aprimorar os
conhecimentos, neste sentido a categoria desta ferramenta será INTERCÂMBIO, a
qual apresentará trechos que descrevem indícios que houve a troca de experiências
com outros cursos ou outras universidades ou parcerias
A ferramenta Pesquisa de Marketing é uma pesquisa ampla. Seus indícios de
utilização poderão ser levantados com as categorias CURSO, CONCORRENTE,
DIFERENÇA, LOCALIZAÇÃO, MODALIDADE, ESTRUTURA EXISTENTE,
CENÁRIO e COMUNICAÇÃO citadas anteriormente.
No Quadro 2, apresentam-se as categorias e descrições que foram utilizadas
na fase de classificação das unidades de registro.
Ressalta-se que existem diversas categorias que estão presentes em mais de
uma ferramenta. Optou-se por inicialmente realizar a busca destas categorias para
62
posteriormente aprofundar a análise, verificando a existência de indícios da
utilização de cada ferramenta de marketing nas entrevistas.
Antes de iniciar a exploração do material, preparou-se todo este para análise.
Separaram-se e codificaram-se os PPPs, a fim de facilitar a posterior análise.
Compôs-se os códigos dos PPPs por duas letras das iniciais do curso, o
número da página, traço e número do parágrafo. Caso o parágrafo apresente mais
de uma unidade de registro, o mesmo foi dividido, recebendo uma letra ao final.
Exemplo: fi9-5a → unidade de registro do curso de fisioterapia, que está na página 9
do PPP, na segunda parte do 5º parágrafo.
Quadro 2 - Descrição das categorias criadas para análise dos PPPs.
Categoria Descrição
Cenário Descreve informações do cenário, mercado de atuação da profissão do curso ou contribuições para a sociedade
Comparação Diferença e/ou semelhança com outros cursos, da mesma instituição ou não
Comunicação Divulgação e imagem
Concorrente Qualquer informação sobre seus concorrentes
Curso Descrição, características e informações do curso analisado
Estrutura existente Descrição de estrutura física e equipamentos disponíveis
Estrutura prevista Menção de alguma previsão de recurso para cobrir custos para implantação e manutenção do curso
Intercâmbio Indícios de troca de experiências com outros cursos ou instituições
Localização Informações/dados da região e público-alvo
Modalidade Vantagens, desvantagens e entraves para a modalidade (presencial ou à distância) escolhida.
Fonte: Elaborado pela autora
No caso das entrevistas, realizou-se a transcrição das mesmas, com o auxílio
do software Express Sbribe17, a fim de se produzir o texto escrito a partir das falas.
Finalizada a transcrição, sistematizou-se esta em uma tabela contendo três colunas,
onde a primeira coluna à esquerda recebeu o código do curso da entrevista,
composto por duas letras, a coluna do meio ficou a transcrição e na coluna da direita
foi utilizada para classificar segundo as ferramentas de marketing definidas na seção
“3.2 As ferramentas de marketing”.
Finalizada a etapa de pré-análise, iniciou-se a fase de exploração do material,
na qual classificaram-se todas as unidades de registros presentes nos PPPs e
entrevistas, segundo categorias apresentadas.
17 Software Express Sbribe: http://www.nch.com.au/scribe
63
4.2.2 Exploração do material
Realizou-se, a codificação do material, que corresponde a uma
transformação, efetuada segundo regras especiais, dos dados brutos do texto, por
meio de recorte que permita uma representação do conteúdo (BARDIN, 2011, p.
133).
Classificaram-se os recortes pertinentes em unidades de registro e unidades
de contexto. A unidade de registro é a unidade de significação codificada, a qual
será distribuída nas categorias criadas.
Nos PPPs as unidades de registro foram as passagens que apresentaram
conteúdos das características das categorias definidas, as quais poderão apresentar
alguns elementos que podem constituir uma ferramenta de marketing e as unidades
de registro das entrevistas foram passagens que apresentaram elementos da
ferramenta de marketing.
A categorização dos elementos encontrados no corpus é definida por Bardin
como
[…] uma operação de classificação de elementos constitutivos de umconjunto por diferenciação e, em seguida, por reagrupamento segundo ogênero (analogia), com critérios previamente definidos. As categorias sãorubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos (unidade deregistro) sob um título genérico, agrupamento esse efetuado em razão dascaracterísticas comuns destes elementos. (BARDIN, 2011, p. 145)
Após a realização da classificação das categorias, compararam-se os dados
das categorias presentes nos PPPs (Quadro 3) com os dados obtidos e analisados
das entrevistas.
A existência de unidades de registro classificadas nas categorias dos PPPs e
entrevistas pode indicar indícios da utilização de uma ferramenta, porém esta
relação não é obrigatória.
O objetivo da criação das categorias foi fornecer, por condensação, uma
representação simplificada dos dados brutos, a fim de cruzar as duas categorias
criadas, relacionar e propor inferências com base nas unidades de registro
levantadas.
64
Quadro 3 - Relação das categorias encontradas nos PPPs com as ferramentas de marketing.
Categorias/Ferramentas Compostode Marketing
Diferenciação MatrizBCG
AnáliseSWOT
Benchmarking
Pesquisa deMarketing
Cenário X X X X
Comunicação X X X X
Concorrente X X X X
Curso X X X X
Diferenças X X X X
Estrutura existente X X
Estrutura prevista X X X
Intercâmbio X
Localização X X X X
Modalidade X
Fonte: Elaborado pela autora
Finalizada a etapa de exploração do material, realizou-se o tratamento dos
resultados apresentados no capítulo “5. Análise e discussão” desta dissertação.
65
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO
Para compreender o uso das ferramentas de marketing na criação dos cursos
da “universidade”, seguiu-se a metodologia previamente detalhada, analisando-se os
PPPs e as entrevistas realizadas com os responsáveis ou envolvidos na elaboração
destes por meio da análise de conteúdo.
Após as classificações, sistematizaram-se os dados, inicialmente, em quadros
sintéticos, e posteriormente, fez-se a análise por curso, correlacionando as análises
dos PPPs e entrevistas no sentido de compreender o uso das ferramentas de
marketing em cada um destes.
5.1 DADOS SINTÉTICOS DAS ANÁLISES DE CONTEÚDOS
Analisando os projetos dos 17 cursos implantados entre 2009 e 2013,
encontraram-se 11 projetos, visto que elaboraram-se dois cursos de Bacharelado
Interdisciplinar (BI) em dois projetos que abrangiam quatro cursos cada projeto.
Elaboraram-se os cursos dos Bacharelados Interdisciplinares com propostas
e estruturas diferentes dos demais cursos da instituição. Inicialmente o aluno
ingressa no curso de Bacharelado Interdisciplinar de Ciência e Economia ou
Bacharelado Interdisciplinar de Ciência e Tecnologia, que tem a formação básica em
3 anos, para depois optar entre os cursos específicos.
Os cursos específicos do Bacharelado Interdisciplinar de Ciência e Economia
são Ciências Atuariais, Administração Pública ou Ciências Econômicas com Enfase
em Controladoria.
As opções para o curso de Bacharelado Interdisciplinar de Ciência e
Tecnologia são os cursos de Engenharia Ambiental e Urbana, Engenharia de Minas
ou Engenharia Química.
Desta forma, nos 11 projetos analisados por meio de análise de conteúdo,
encontraram-se 198 unidades de registro, distribuídas em 8 categorias, conforme
Tabela 4, sendo que as categorias “Comparação” e “Comunicação” não tiveram
nenhuma unidade de registro encontradas.
66
Encontram-se no Apêndice (B, C, D, E, F, G, H, I, J, K e L) todas as unidades
de registros dos PPPs e sua classificação.
Observou-se que todos projetos apresentam o cenário no qual se propuseram
os cursos, assim como as previsões de estruturas, como contratações de
professores, construções de estrutura física ou as compras de livros para os novos
cursos.
O curso do BI de Ciência e Tecnologia foi o que mais detalhou o cenário, o
qual implantou-se com a chegada da universidade na “cidade 2”.
Tabela 4 - Unidades de Registros encontradas nos Projetos por curso e categoria.
Curso/ Categorias
Cen
ário
*(1
, 3,
4,
6)
Con
corr
ent
e*(
1,
2, 4
, 6)
(C
urs
o*(
1,
3, 4
, 6)
Est
rutu
ra E
xist
en
te*(
4,
6)
Est
rutu
ra P
revi
sta
*(1
,4,6
)
Inte
rcâ
mb
io*(
5)
Loca
liza
ção
*(1
, 2,
4,
6)
Mod
alid
ade
*(1
)
Total de
Unidades
de
Registros
Ciências Biológicas EAD 12 1 2 1 7 5 1 6 35
BI Ciência e Economia: CiênciasAtuariais; Administração Pública;
Ciências Econômicas com Enfase emControladoria
2 1 3 0 3 0 2 0 11
BI Ciência e Tecnologia: EngenhariaAmbiental e Urbana; Engenharia de
Minas; Engenharia Química16 3 5 0 3 0 2 0 29
Ciências Sociais – Bacharelado 1 1 4 1 3 0 0 0 10
Ciências Sociais – Licenciatura 1 1 4 1 5 0 0 0 12
Fisioterapia 6 1 4 3 7 0 1 0 22
História 7 0 0 2 7 0 1 0 17
Letras – Bacharelado 3 1 2 0 6 0 0 0 12
Letras – Licenciatura 2 1 2 0 9 0 0 0 14
Pedagogia EAD 5 0 13 1 4 0 0 5 28
Química EAD 4 0 0 0 3 1 0 0 8
Total 59 10 39 9 57 6 7 11 198
Média 5,36 0,91 3,55 0,82 5,18 0,55 0,64 1 18
Desvio Padrão 4,78 0,83 3.53 0,98 2,14 1,51 0,81 2,24 9,1* Ferramentas de marketing: 1. Composto de marketing; 2. Diferenciação; 3. Matriz BCG; 4. Análise SWOT; 5. Benchmarking;6. Pesquisa de Marketing.
Fonte: Elaborado pela autora
O projeto do curso de Pedagogia EAD foi o que mais detalhou as informações
referentes ao curso, o que pode ser explicado por ele ter sido criado similar ao curso
presencial que já é oferecido a alguns anos pela universidade.
A categoria intercâmbio apareceu em apenas dois projetos: do curso de
67
Ciências Biológicas EAD e do curso de Química EAD.
Observou-se que a categoria modalidade apareceu apenas nos cursos a
distância, sendo que ela esteve presente em 2 dos 3 cursos EAD da universidade,
que foram os dois primeiros cursos a distância implantados por esta.
Analisando a média e o desvio padrão das unidades de registro encontradas
nos projetos dos cursos, observa-se que nas categorias Concorrente, Curso e
Estrutura Existente os dois valores estão próximos, o que indica que houve pouca
variação entre a quantidade de unidades de registro encontradas entre os cursos.
Dentre as categorias que apresentaram uma maior média, estão as
categorias Cenário e Estrutura Prevista, porém a categoria Estrutura Prevista
apareceu de uma maneira mais uniforme, visto que o desvio padrão é bem menor
que a categoria Cenário, que apresenta um desvio padrão próximo da média da
categoria, o que significa que houve uma grande variação.
No caso a categoria “Cenário”, os cursos que apresentaram maiores
quantidades de unidades de registro na categoria foram os cursos de Ciências
Biológicas EAD e de do BI em Ciência e Tecnologia.
Além da análise dos projetos, entrevistou-se as duas pró-reitoras que
acompanharam as implantações dos cursos: a ex-pró-reitora (2006-2009) que
presidiu todas as comissões dos cursos implantados em 2009, que explicou como
aconteceu a expansão, e a pró-reitora atual que acompanhou a criação e
implantação do curso de Pedagogia a distância e explicou como atualmente a
universidade está construindo novos cursos.
A ex-pró-reitora explicou que, na expansão, a universidade procurou abrir
cursos de formação de professores que era uma proposta do Governo e que, até
2006, a universidade tinha apenas um curso de licenciatura.
Segundo a ex-pró-reitora, os cursos foram escolhidos segundo levantamento
junto a Secretaria de Educação da região, e pretendia-se
[…] atender as necessidades regionais, que impacto social que traria essescursos a sociedade, então nós fizemos um levantamento dos cursos jáexistentes, da demanda de professores, e daí nós levantamos quais seriamas áreas deficitárias, o que nos direcionaria para a abertura destes cursos(ENTREVISTA EX-PRÓ-REITORA, 2014).
Destaca-se que a universidade participou das duas expansões do Reuni
(Reuni I e Reuni II), sendo que no Reuni I houve a maior abertura dos cursos de
licenciatura.
68
A demanda era verificada, segundo a ex-pró-reitora (em entrevista, 2014),
“pelo número de escolas do ensino fundamental e ensino médio” e percebeu-se que
“a maioria dos professores não tinha formação específica”(id.).
Outra justificativa apresentada para a criação dos cursos foi potencializar a
contratação e os concursos de professores.
Segundo relato, elaboraram-se os projetos com base em muita pesquisa:
Nós estudávamos muito, muito esses cursos [...] Então nós estudávamosprojetos de outras universidades. Estudávamos como nós poderíamosatender à nova realidade, nova realidade institucional e nova realidaderegional. (ENTREVISTA EX-PRÓ-REITORA, 2014)
Desta forma, observa-se pela fala apresentada que a principal ferramenta
utilizada para a pesquisa foram os buscadores na internet e procurava-se nas
páginas eletrônicas das universidades informações de seus cursos e Projetos
Político Pedagógico.
Segundo a ex-pró-reitora, os levantamentos eram também levantados junto à
Secretaria de Estado e Ministério de Educação:
Dados da licenciatura pegam com a Secretaria de Estado, mas essescursos nós tínhamos levantamento junto ao Ministério. Por que ele tem todoo levantamento da região, dos cursos que tem, então a gente estudava todoeste levantamento do Ministério para ver quais, onde está, a inserção desteprofissional e se existia realmente uma demanda. A partir do momento dainexistência no raio de tantos quilômetros a gente julgava a pertinência docurso. E aí, eu propus o curso de bacharelado em Ciência e Economia na“cidade 3” e Ciência e Tecnologia na “cidade 2”. (ENTREVISTA EX-PRÓ-REITORA, 2014)
Do mesmo modo que nos PPPs, para os dois cursos de BI, que se
subdividem em mais 3 cursos no segundo ciclo, entrevistou-se um professor por BI,
visto que o projeto do BI foi único para o conjunto de cursos, totalizando 9
entrevistas.
Ressalta-se que entrevistou-se um professor do curso de Química EAD,
porém o mesmo apontou que criou-se e implantou-se o curso, inicialmente, pelo
mesmo professor da Biologia EAD, portanto ambas entrevistas foram consideradas
para o curso de Química EAD.
Com base nos excertos das entrevistas com os professores, apresenta-se um
quadro sintético com as ferramentas de marketing que se obtiveram indícios de uso
na construção dos PPPs durante a entrevista (Quadro 4).
Observa-se que a ferramenta Pesquisa de Marketing aparece como a mais
utilizada para as criações dos cursos.
69
Quadro 4 - Indícios de Ferramentas de Marketing encontrados nas entrevistas
Cursos / FerramentasComposto de
MarketingAnáliseSWOT Benchmarking Diferenciação
Pesquisa deMarketing
Biologia EAD X X
BI Ciência eEconomia
X X
BI Ciência eTecnologia
X X X
Ciências Sociais(Bacharelado e Licenciatura)
X
Fisioterapia X X X
História X
Letras (Bacharelado e Licenciatura)
X X
Pedagogia EAD X
Química EAD X X
Fonte: Elaborado pela autora
No entanto, a ferramenta Pesquisa de Marketing não apenas levanta as
informações, as características dos cursos, do mercado, mas também investiga o
que o seu potencial aluno espera e do que o mercado de trabalho necessita. Ela
pode ser utilizada para entender as demandas do público-alvo, no caso dos alunos e
do mercado, e procurar atender estas expectativas oferecendo cursos que além de
oferecer o que o aluno e/ou mercado esperam, oferece o que ele necessita, mesmo
sem ter consciência.
Desta forma, o que aparece nas entrevistas são apenas indícios de utilização,
ou seja, uma utilização parcial da ferramenta, auxiliando principalmente no
levantamento de dados do curso e não contribuindo como uma ferramenta
realmente de marketing que contribui para criar um curso para atender as
expectativas do seu público-alvo.
Observando a Tabela 4 e Quadro 4, constata-se também que apesar de
diversas unidades de registro encontradas nos projetos, não se identificaram as
mesmas nas entrevistas, o que demonstra que diversas ações podem estar sendo
realizadas instintivamente, sem a utilização consciente e planejada de ferramenta de
marketing.
Para verificar a existência de indícios da utilização das ferramentas de
marketing na implantação de novos cursos na Universidade será analisado cada
curso separadamente.
70
5.2 ANÁLISE POR CURSO
Realizando uma análise individual de cada curso buscou-se encontrar
indícios da utilização de ferramentas de marketing nos projetos e entrevistas para
assim correlacioná-los.
5.2.1 Curso de Ciências Biológicas modalidade a distância (Biologia EAD)
Para contextualizar a criação e implantação do curso de Biologia EAD é
importante destacar que criou-se este simultaneamente ao curso de Química EAD,
sendo estes os dois primeiros cursos a distância da Universidade.
Ambos apresentaram algumas informações similares, tanto no projeto na
parte que explica a parceria realizada entre Universidade, Capes e prefeituras
(mantenedoras dos polos de apoio presencial), quanto na entrevista, visto que o
“Professor 1” participou da criação e implantação de ambos os cursos.
O curso de Biologia EAD apresentou em seu projeto que a Universidade
buscou uma parceria com instituições de ensino que já atuavam no ensino a
distância. Classificou-se esta informação como uma unidade de registro na categoria
Intercâmbio, que indica indícios da utilização da ferramenta do Benchmarking, a qual
propõe que se identifique instituições que sejam exemplos e tenha humildade para
aprender com ela.
No projeto, citou-se que dentre as instituições que se estabeleceram parcerias
estavam a Miniweb Cursos, a Faculdade Internacional de Curitiba (Facinter) e a
Fundação CECIERJ (Consórcio CEDERJ).
Durante a entrevista com o “Professor 1” (2014) também se evidenciou
indícios da utilização da ferramenta de Benchmarking:
[…] Houve um interesse em se buscar quem no Brasil se fazia curso adistância para tentar implementar aqui, uma vez que várias federais játinham. Então nós fomos para o Rio de Janeiro para conhecer o que seriauma ponte para a criação da universidade virtual aqui, com cursos degraduação. É uma fundação que agrega, a época agregava 6 universidadescariocas públicas, estudais e federais. Aí a gente foi ver como elestrabalhavam. Ficamos impressionados, porque eles trabalhavam de uma
71
maneira muito profissional. Foi uma equipe de professores para conhecer.
Outro indício encontrado durante a entrevista, que pode evidenciar a possível
uso da troca de experiência, foi na passagem:
Como a “universidade” não tinha nenhuma experiência em graduação adistância, eles (CEDERJ) aportaram com a plataforma virtual, elesaportaram com material didático, com material de multimídia, não é muitomultimídia, mas tem alguma coisa, e com todo o suporte técnico e logísticopara implementação. (ENTREVISTA “PROFESSOR 1”, 2014)
Nesta passagem, observa-se que os professores da universidade tentaram
aprender com a experiência de outra instituição que atuava na área de ensino a
distância, porém percebe-se pela fala que a ferramenta não foi plenamente utilizada,
visto que a universidade, num primeiro momento, optou por utilizar a estrutura e
modo de fazer da outra instituição, sem adaptar a sua realidade e necessidade, que
é um dos princípios da ferramenta de Benchmarking.
Quando questionado se o modelo foi transposto para a “Universidade” ou teve
alguma adaptação, o “Professor 1” (2014) respondeu:
Num primeiro momento foi exatamente, foi o bloco, foi exatamente igual,material didático impresso deles, só que no acordo no qual haveria umalogo marca da “Universidade” na capa, mas com todo reconhecimento domérito deles. A plataforma deles, inclusive o contato telefônico caso desseproblema na plataforma com DDD do Rio de Janeiro.
No entanto, quando questionado se houve alguma alteração depois,
explicou-se que com a liberação de vagas do Governo Federal e a contratação de
novos docentes, com especialização na área de ciências da computação e,
especialistas na área educacional, houve a substituição da plataforma, o que
demonstra que a universidade aprendeu com a outra instituição e passou, depois de
um tempo, a criar sua própria estrutura, de acordo com sua necessidade e realidade:
Então quem veio de fora, a experiência do EAD fez a parte pedagógicacrescer, quem veio da ciência da computação ou da parte de umapedagogia mais informatizada, ou de uma informática mais pedagógica, nãosei, reestruturou melhor o conceito de educação on-line. E o pessoal daciência da computação ajudou muito na formatação, não no sentido dainformática em si, mas assim seria uma formatação dos servidores, para secolocar de forma adequada, em todo trabalho síncrono que era necessáriofazer para que a plataforma funcionasse. Na substituição da plataformacarioca, porque ela tinha alguns vieses complicados para quem estavacomeçando. A gente hoje entende que ela era boa em alguns aspectos, masna época que a gente tava começando era muito complicado por umaplataforma de distribuição mundial, livre, que é o Moodle18, e isto foi rápido.(ENTREVISTA “PROFESSOR 1”, 2014)
Como o “Professor 1” contribuiu também na construção e implantação do
18 Moodle é um pacote de software para a produção de cursos e websites em internet. Paraconhecer mais acesso o link: <http://docs.moodle.org/all/pt_br/Sobre_o_Moodle>.
72
curso de Química EAD, quando questionado o porquê do curso ele responde se
referindo a ambos curso, sendo que é possível perceber que a experiência e
estrutura do curso na modalidade presencial foi um grande influenciador para a
abertura dos cursos:
Quero crer que seja pelo desafio de dois cursos “brabos”, dentro de umaestrutura institucional que já tinha a biologia e a química no presencial, ocorpo docente muito bem constituído, com boa formação e boa produçãocientífica. [...] mas a biologia presencial, quando o curso de biologia EADcomeçou, a biologia presencial já tinha 10 anos. Então tinha um corpodocente estruturadíssimo para isto. […] Então houve uma opção nauniversidade de começar então por quem já sabe fazer o arroz com feijão ejá tem bastante gente envolvida. (ENTREVISTA “PROFESSOR 1”, 2014)
Uma das justificativas citadas para a abertura dos cursos à distância de
Biologia foi a demanda da região que era muito grande. Quando questionado como
realizou-se o levantamento desta demanda, constatou-se que a Secretaria de
Educação foi a principal fonte de pesquisa:
Isto eu acho que é frente à Secretaria de Educação, que liga váriosmunicípios da região aqui. Então você tem uma noção de demandareprimida de quem está no ensino fundamental, vai passar para o ensinomédio, vai passar para o ensino superior, quantos que vão passar para oensino superior, há um calculo que eu não sei precisar como isto é feito,mas já tem uma estimativa de alguma coisa assim. (ENTREVISTA“PROFESSOR 1”, 2014)
Desta forma, observa-se indícios também da utilização da ferramenta
Pesquisa de Marketing, onde se procurou levantar informações sobre o curso,
concorrentes e principalmente o cenário conforme é possível ver na Tabela 4
anteriormente apresentada.
Observou-se também que as escolhas das cidades em que os cursos a
distância seriam oferecidos não se realizaram pela universidade, pois conforme
relatado na entrevista:
A lógica era a seguinte, os prefeitos faziam os contatos com asuniversidades e as universidades baseada nesta sugestão das prefeituras, odesejo das prefeituras, ela traçava planos de contato. A gente ia para asprefeituras, avaliava a estrutura física, a potencialidade de ter um polo ali, seé que já não tinha um ali, mas era incipiente e tal, lavrava um“contratozinho” e mandava pra Brasília um elenco de possíveis municípiosque estavam afim, que já tinham informalmente se colocado a disposição desanar a deficiência, de construir estrutura, aquisição de bens móveis e atéimóveis. Então mandava lá para Brasília. Brasília pegava o mapa do Brasil,jogava aquelas intenções municipais e via, deixa eu ver, aqui está muitoconcentrado, aqui está mais disperso, então vamos mudar, vamos deixaraqui mais ou menos homogêneo. Então eles tinham na época, estou falandoem 2009, o desejo de ter um polo num raio de 100 km, para cada município,nos 5300 municípios brasileiros. Ter um polo a cada 100 km, buscavam estadistribuição. Que os Estados fornecessem esta homogeneidade. Então porexemplo, a “universidade” não ia oferecer polo em Chuí, ela não ia oferecer
73
polo no Amazonas, ela ia oferecer polo na região. Então daí surgiu estalógica de pegar o interesse da região. (ENTREVISTA “PROFESSOR 1”,2014)
Desta forma, é possível observar uma preocupação do Governo Federal em
escolher as cidades que ofereceriam polos, as quais tinham que manifestar seu
interesse, além de cumprir alguns pré-requisitos. De toda forma, de alguma maneira,
houve influência política, visto que as prefeituras tinham que manifestar interesse e
estarem predispostas a atenderem e se adaptarem as exigências caso sua cidade
fosse escolhida.
No final do PPP de Biologia EAD está anexado o ofício do
SEED/CAPES/MEC, no qual se informa a disponibilização de vagas para a
Universidade consolidar a implementação do Sistema Universidade Aberta do Brasil,
com as vagas distribuídas em 2008 para esta universidade, o que também é citado
na entrevista que houve um planejamento da Estrutura necessária para a abertura
do curso.
Desta forma, encontraram-se indícios da utilização das ferramentas de
Benchmarking e de Pesquisa de Marketing na construção e implantação do curso de
Biologia EAD, apesar de diversas unidades de registro encontradas no projeto do
curso.
5.2.2 Curso Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Economia: Ciências Atuariais;
Administração Pública; Ciências Econômicas com Enfase em Controladoria
O curso de Bacharelado Interdisciplinar (BI) em Ciência e Economia,
conforme já apresentado, surgiu com uma proposta diferente dos demais cursos da
Universidade.
No projeto do curso de BI em Ciência e Economia encontrou-se a unidade de
registro (PPP CE14-4, 2014) que indicou indícios da utilização da ferramenta
Diferenciação, como a “flexibilização curricular”, “oportunizar maior autonomia para
os alunos”, “possibilidade de integração com o mercado”.
Alinhado ao projeto, quando perguntado na entrevista se o curso foi criado
com algum diferencial, foi explicado: “Não tinha na região, foi justamente esta uma
74
das análises [...] as ciências atuariais e BI nesta visão de parte econômica não
existia em nenhum local” (ENTREVISTA “PROFESSOR 2”, 2014).
Assim, evidenciou-se que existem indícios de que a ferramenta Diferenciação
tenha sido utilizada na criação do curso de alguma forma, pois criou-se um curso
numa dinâmica diferente dos que existiam em outras universidades.
Vale destacar que o professor entrevistado auxiliou na elaboração do projeto
do curso de BI em Ciência e Economia, principalmente com foco no curso de
Ciências Atuariais, que é um curso novo no país, com apenas 2 universidades que
ofereciam o curso, as quais seguiram algo parecido com o que existia nos EUA e
Europa.
No projeto, a escolha da “cidade 3” para a implantação do novo campus da
Universidade se justificou por sua “localização estratégica, a meio caminho entre
São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte” (PPP CE14-5, 2014), além de estar
“numa das mesorregiões mais desenvolvidas do estado, possuindo várias cidades
de porte médio (população entre 100 mil e 200 mil habitantes)” (PPP CE14-5, 2014).
Porém, na entrevista, quando questionado o porquê da escolha da cidade o
“Professor 2” explicou: “Alguns políticos, algumas pessoas da “cidade 3” procuraram
na época a “Universidade” com este interesse” (ENTREVISTA “PROFESSOR 2”,
2014).
Percebe-se portanto que o novo campus da universidade foi aberto na “cidade
3” por força dos políticos locais, visto que esta abertura não foi contemplada no
REUNI, mas sim como uma expansão à parte, na mesma época que a universidade
expandia por meio do REUNI II. De toda forma, tal indicação não excluí a localização
estratégica do município, do ponto de vista socioeconômico.
Segundo relato da ex-pró-reitora de graduação da época, a escolha dos
cursos na “cidade 3” ocorreram com base em uma pesquisa que identificou “os
cursos que já eram oferecidos na cidade e procurou-se cursos diferentes destes,
pois a ideia era somar e não competir com o que já era oferecido na cidade”
(ENTREVISTA EX-PRÓ-REITORA, 2014).
Apesar de não ser identificada nenhuma unidade de registro na categoria
“Intercâmbio” no projeto, quando questionado se houve alguma troca de experiência
na criação do curso, percebe-se que houve uma busca por pessoas e instituições
que pudessem contribuir na criação e implantação do curso, mesmo que não de
75
uma maneira aprofundada, por uma questão de tempo:
Sim, quando terminou o processo para submeter ao MEC e passou aquiinterno, eles consultaram algumas pessoas, [...] eles procuraramprofissionais da área sim. Então é uma área, era novo, mas foi feita umasondagem, foi feito um trabalho meio que, talvez não com o planejamentoque merecesse muito mais pela questão de prazo, de edital, e aí estasexpansões foram feitas dentro de edital, em nível federal, e aí você ficapreso a isto. (ENTREVISTA “PROFESSOR 2”, 2014)
Desta forma, com base no projeto e entrevistas analisados, encontraram-se
indícios de utilização da ferramenta de Pesquisa de Marketing no levantamento das
instituições de ensino superior presentes no município, assim como alguns indícios
de que se planejou o curso utilizando, mesmo que parcialmente, a ferramenta
Diferenciação.
5.2.3 Curso Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia: Engenharia
Ambiental e Urbana; Engenharia de Minas; Engenharia Química
Os cursos de BI em Ciência e Tecnologia foram também os cursos que
iniciaram em um novo campus da universidade, na “cidade 2”, sendo que o
professor entrevistado participou ativamente da elaboração e implantação de todos
cursos propostos no novo campus na “cidade 2”.
Quando questionado qual a motivação inicial para a abertura dos cursos, o
mesmo explicou que
A primeira coisa foi uma indução do Ministério da Educação para aberturade cursos voltados ao desenvolvimento para formação de recursoshumanos para o desenvolvimento tecnológico e inovação, esta foi a primeiracoisa, e um dos levantamentos também para indução foi a carência daformação de engenheiros para suporte as taxas de crescimento do país.(ENTREVISTA “PROFESSOR 3”, 2014)
Observa-se portanto, que inicialmente abriu-se o curso atendendo a uma
indicação do Governo Federal, que apontava para as universidades públicas a
necessidade de abrir cursos na área de desenvolvimento tecnológico e inovação, a
fim de contribuir com o crescimento do país.
Assim, no projeto do curso, apresentou-se a finalidade dos cursos como
“integrar e contribuir com o incremento da inovação tecnológica e formação de mão-
de-obra qualificada” (PPP CT14-6).
76
De toda forma, quando questionado porquê da escolha dos cursos para o
segundo ciclo de Engenharia Química, Engenharia de Minas e Engenharia
Ambiental e Urbana foi explicado:
Engenharia de Minas veio de uma forma muito fácil pela questão da regiãoter pouquíssimos cursos e por “cidade 2” e a região ser o principallaboratório de estudo de geologia e da área minerária do Sul de Minas, estafoi a primeira. E foram feitas diversas reuniões com a prefeitura e com osetor produtivo da região onde se teve esta convergência, então as própriasempresas aqui do setor eles apresentaram a carência de formação deengenheiros químicos, engenheiros de alimentos, de processo. A mineraçãoera muito evidente e a engenharia ambiental ela já veio como um curso quejá estava em andamento para ser oferecido em “cidade 1”, umanecessidade de ter um curso de engenharia ambiental em universidadepública nesta região, então ele foi um embrião para esta formação destaplataforma em comum para os 3 cursos. (ENTREVISTA “PROFESSOR 3”,2014)
Assim, percebe-se que a localização foi uma grande influenciadora para a
abertura dos cursos, em especial o curso de Engenharia de Minas, o que demonstra
indícios da utilização da ferramenta Composto de Marketing, principalmente a Praça.
Analisando o projeto do curso, também verificou-se a existência de duas
unidades de registro da categoria “Localização”, que tem relação com a ferramenta
Composto de Marketing e Pesquisa de Marketing.
A ferramenta de Pesquisa de Marketing também apresenta na citação
indícios de utilização, visto que preocupou-se em conversar com a prefeitura e
empresários da cidade para verificar as necessidades das empresas da região.
Quando questionado como foi o contato com os empresários ele explicou:
A princípio essas reuniões foram reuniões de estudos de viabilidade para aimplantação do campus aqui no município. Então nós tínhamos diversasreuniões com a prefeitura, com a Alcoa, com as Indústrias Nucleares Brasil -INB e foi nesta forma: a gente procurou as principais empresas e foramcontando, contando as necessidades, indicando para a gente as carênciasda região e na verdade nós estávamos atrás de parcerias paracomplementar os recursos necessários para a implantação, porque osrecursos que foram disponibilizados pelo MEC não seriam suficientes paratanto. (ENTREVISTA “PROFESSOR 3”, 2014)
Assim, constata-se que além da busca por informações sobre a necessidade
das empresas da região, também esperava-se encontrar parcerias para a
implantação dos cursos.
O PPP apresenta também a estrutura empresarial do município, com dados
levantados pelo IBGE 2007, apresentando a grande quantidade de empresas nos
setores de mineração e industrial, o que justifica a implantação do curso nesta
cidade e reforça indícios da utilização da ferramenta de Pesquisa de Marketing.
77
Apresenta-se também todos os cursos superiores de graduação oferecidos
pelas instituições de ensino, o que demonstra a inexistência dos cursos propostos e
a importância da implantação de cursos superiores na área de ciência e tecnologia.
Um dos objetivos do curso é “formar cidadãos de nível superior para o
mercado de trabalho” (PPP CT23-2), o que demonstra que se planejou o curso para
atender a uma demanda existente na região.
O projeto do curso de BI em Ciência e Tecnologia apresenta a demanda de
recursos para os próximos anos, tanto de docentes e técnicos administrativos,
quanto a previsão de infraestrutura, equipamento e investimento, o que demonstra
um planejamento.
Apresenta também dados da pesquisa realizada pelo Conselho Federal de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia, na qual se afirma que “há bastante espaço
para a expansão da oferta de ensino em engenharia, sobretudo em áreas de alta
tecnologia, pois, a grande maioria da oferta atual está restrita na área de engenharia
civil”(PPP CT14-5).
Corroborando com os indícios da utilização da ferramenta Pesquisa de
Marketing apresentados, quando questionado o porquê da implantação de um novo
campus na “cidade 2” explicou-se que foi por uma “questão estratégica: porte do
município, da cidade não dispor de uma universidade pública e por ser uma cidade
de polo regional” (ENTREVISTA “PROFESSOR 3”, 2014).
Assim, apresentou-se que os dados foram levantados
[…] através de consultas em registros do e-MEC e nos sites das instituiçõesde ensino, em todas as instituições do Sul de Minas e perto da região aqui,no entorno do estado de São Paulo. Em relação aos cursos oferecidos,números de vagas, porque a gente tinha já a “universidade Y” aqui no Sulde Minas que já tinha uma tradição grande, muitos dos cursos também foiem cima disto, para não ter sombreamento, não gerar competição entre oscursos que estivessem próximo, oferecidos por universidades públicas.(ENTREVISTA “PROFESSOR 3”, 2014)
Desta forma, constata-se mais alguns indícios que a ferramenta de Pesquisa
de Marketing foi utilizada.
Na análise do projeto do curso do BI em Ciência e Tecnologia, observou-se
que a categoria “Cenário” foi a mais encontrada (encontrou-se 16 unidades de
registro), maior quantidade encontrada em todas as categorias de todos os cursos.
Como a categoria “Cenário” está relacionada a ferramenta Pesquisa de Marketing,
este pode ser mais um indício que demonstra que a ferramenta possivelmente foi
78
utilizada.
Evidenciou-se nas entrevistas com o “Professor 3” e com a ex-pró-reitora de
graduação, que pensaram-se os cursos na “cidade 2” com uma proposta nova
(assim como o curso de BI em Ciência e Economia), que tinha como base o
processo de Bolonha e a Universidade Nova, os quais estavam sendo difundidos e
incentivados pelo MEC.
A Universidade Federal do ABC havia implantado cursos com esta nova
proposta, com o apoio da Andifes19 e da Academia Brasileira de Ciência, e teve um
papel importante na troca de experiência da universidade:
Nós tivemos o contato mais próximo da Universidade Federal do ABC,porque houve este espelhamento maior. Como nós não tínhamos umaexpertise na área de engenharia nos aproximamos das universidades comas quais tínhamos um contato maior, uma maior facilidade pela proximidade.Então tivemos muito apoio de vários docentes e de direção, de reitoria da“universidade y” e da Escola de Engenharia de São Carlos da USP.(ENTREVISTA “PROFESSOR 3”, 2014)
Desta forma, percebe-se que de alguma forma preocupou-se em identificar
instituições de referência na área para trocar experiências com as mesmas, no
intuito de aprender com quem estava se destacando, o que vai de encontro com o
princípio da ferramenta de Benchmarking.
Assim, bom base nos dados apresentados, percebe-se indícios de utilização
das ferramentas Composto de Marketing, Benchmarking e Pesquisa de Marketing.
5.2.4 Curso de Ciências Sociais – Bacharelado e Licenciatura
Criaram-se os cursos de Ciências Sociais (bacharel e licenciatura), segundo o
“Professor 4”, para atender uma necessidade interna da universidade de
professores:
O motivo chave foi que a universidade oferece um conjunto de disciplinas daárea de ciências sociais e até aquele momento não havia um professor deantropologia, de sociologia ou de ciência política na universidade, então aideia de se ter este curso é para que ele também pudesse dar conta dasdemais disciplinas na universidade. (ENTREVISTA “PROFESSOR 4”, 2014)
19 “A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior – Andifes,criada em 23 de maio de 1989, é a representante oficial das universidades federais nainterlocução com o governo federal, com as associações de professores, de técnico-administrativos, de estudantes e com a sociedade em geral.” (ANDIFES, 2014)
79
Assim, os cursos se iniciaram com apenas dois professores de matérias
específicas, sendo que no primeiro ano teve predominância de matérias básicas
como história, filosofia, para depois serem contratados professores que atenderiam
também outros cursos.
Segundo a entrevista realizada com “Professor 4” (2014), não se pensou em
nenhum diferencial do curso e buscou-se por meio eletrônico “os projetos
pedagógico de outras universidades, com dinâmicas curriculares que não fugissem a
uma tendência na área em diversas instituições”, o que demonstra, mesmo que
minimamente, indícios da utilização da ferramenta de Pesquisa de Marketing.
Nos projetos dos cursos de Ciências Sociais Bacharelado e Licenciatura se
constataram que as universidades particulares não têm privilegiado a formação dos
docentes e bacharéis na área de Ciências Humanas, por considerarem “fora de
moda”, porém existe a necessidade do mercado e social, que no caso está sendo
suprida pelas instituições públicas de ensino superior, o que também corrobora com
os indícios de utilização da ferramenta de Pesquisa de Marketing.
Observa-se também que de algum forma, levou-se em consideração o perfil
do aluno que entraria no curso, visto que o mesmo se ofertou apenas no período
noturno com a justificativa de privilegiar uma “grande parcela da população que, por
exercer ocupações profissionais durante o dia, vê-se excluída das vagas oferecidas
pela universidade no período diurno” (PPP SB12-1; SL12-1).
Desta forma, apesar dos cursos apresentarem diversas categorias nos
projetos dos cursos, a ferramenta que possivelmente tenha sido utilizada na criação
do curso foi a ferramenta de Pesquisa de Marketing, porém segundo as evidências
de utilização, a ferramenta provavelmente foi subutilizada.
5.2.5 Curso de Fisioterapia
Criou-se o curso de fisioterapia, inicialmente, pela ex-pró-reitora de graduação
e seus funcionários, visto que não havia professor da área no momento inicial de
criação.
Assim, para construção do projeto do curso se buscou a definição do curso
80
em instituições reconhecidas da área, como a World Confederation for Physical
Therapy.
A justificativa para a abertura do curso no projeto foi a importância da atuação
do fisioterapeuta na área da saúde e pela necessidade de mercado, porém o único
levantamento apresentando para afirmar esta necessidade de mercado foi que o
curso em universidade pública mais próxima está numa distância de 320 km.
Realizou-se a entrevista com a primeira professora contratada para o curso,
que ajudou na implantação do mesmo.
Inicialmente, explicou-se a abertura do curso de fisioterapia pela falta de
cursos na região, o que demonstra indícios da utilização da ferramenta pesquisa,
mesmo que usada apenas para levantamento inicial de dados:
Na região existiam vários cursos, mas todos de escolas particulares. Aescola federal mais próxima que se tinha aqui era acho que em BeloHorizonte, tinha a UFMG, tinha em Juiz de Fora, UFJF, e tinha a USP deRibeirão Preto. Existia um número grande de escolas particulares, porémnão nas escolas públicas. (ENTREVISTA “PROFESSORA 5”, 2014)
Observou-se que em diversas passagens da entrevista (“PROFESSORA 5”,
2014) evidências da preocupação em analisar os fatores externos a universidade
que influenciariam o curso, o que pode ser um indício da utilização da ferramenta
análise SWOT:
E eles tinham uma transformação feita em 1985, aumentado os cursos defisioterapia para 5 anos. E ele funcionou muito tempo com 5 anos, depoisquando o governo começou a abrir para abertura de escolas particulares,surgiu no mercado muitos cursos na região e para esses cursos seremmantidos, eles fizeram, tiraram o currículo mínimo e coincidiu naquelaépoca, e permitiu que se tivesse funcionando cursos com cargas horáriasbaixíssima. Aí o que que aconteceu no mercado, estas escolas particularesbaixaram os cursos para 4 anos, e tinha uma carga horária muito baixa,neste momento surge o curso de fisioterapia da “universidade” que já vinhacom o objetivo de 4 anos e meio, com uma carga horária bem superior aoque existia de cursos particulares. Ele era um curso que tinha uma bagagempara ser muito melhor. Coincidindo com este período de surgimento, deimplantação do curso de fisioterapia o MEC veio com portaria estipulandouma carga horária mínima, um tempo mínimo de funcionamento que seriaos 5 anos e aí, nós já conseguimos que o curso da “universidade”implantado que a primeira turma começasse com 5 anos, então nós jámontamos todo nosso projeto pedagógico com esta adaptação. Então elerealmente entrou no mercado com um diferencial sim. Com um curso comuma carga horária bem superior, com um ano a mais, com todo umaperspectiva bem de formar um bom profissional. E existia também, desde que ele foi criado até o momento da implantação agente estava sofrendo uma transformação também no intuito de valorizar apolítica e prática da saúde coletiva, parte da saúde coletiva. Esta visão dePSF, que era uma visão que a fisioterapia não tinha muito esta cara, [...] nósjá fomos construindo [...]Vimos com estas outras universidades que elestambém estavam tentando remodelar para poder adaptar a esta novaexigência (PSF).
81
A preocupação nossa era uma preocupação primeiro com as políticas desaúde nacional, com as diretrizes, com esta visão de se formar umprofissional com uma visão geral, não um especialista. Então nós tentamoso tempo todo na construção do projeto esta visão do todo, de forma queeles, tanto é que no projeto de criação tinham coisas tendenciosas, nóstentamos montar, planejar um perfil de um profissional quando ele sair nomercado ele possa seguir qualquer área que ele deseja, ele tem comotrabalhar em qualquer área, ele tem como trabalhar na saúde coletiva,trabalhar a parte hospitalar, então houve uma preocupação neste sentidosim.
Desta forma, percebe-se aproveitou-se no curso a mudança na legislação
(oportunidade do ambiente externo) para potencializar um ponto forte que já havia
pensado antes.
Quando questionado se houve a troca de experiência com outras
universidades, observou-se em diversas passagens que tratam do tema na
entrevista com a “Professora 5” (2014):
Sim, sim. Na época nós buscamos contato com a Universidade deDiamantina, Universidade Federal do Vale do Mucuri, que eles tambémtinham um curso a pouco tempo e eles estavam fazendo umareestruturação de projeto político pedagógico, nós trocamos muitas ideiascom eles, com o pessoal da UFMG, da USP de Ribeirão, então nósconsultamos outras universidades federais para ver o que estava sendofeito, o que estava se mudando, no intuito de construir este projeto. E naépoca, nós tivemos participação do pessoal da enfermagem, da Escola deEnfermagem que nós somos vinculados.[…] Vimos com estas outras universidades que eles também estavamtentando remodelar para poder adaptar a esta nova exigência (PSF).Na construção do projeto não (íamos), agente ligava, contato por e-mail,contato com pessoas que a gente tinha contato, pedia se eles podiamdisponibilizar o projeto político pedagógico, nós fizemos 2 visitas a 2universidades para ver construção de laboratórios, de clínicas, isto nósfizemos no primeiro ano. E aí, lógico que neste contato você aproveitavatrocando estas experiências, o que estava funcionando, o que não estava.
No final da entrevista a “Professora 5” (2014) relatou que
Estes dias eu encontrei um rapaz que ofereceu emprego para um alunonosso, na área esportiva que ele gostava, e ele disse: nossa eu estouencantado como o menino é preparado, você vê que ele tem bagagem, temconhecimento, tem imaturidade de um recém-formado, mas você vê que eletem base.
Com base neste relato da “Professora 5”, observa-se que de alguma forma os
professores estão interessados em conhecer como os alunos estão se saindo no
mercado de trabalho, apesar de não ter sido feito nenhuma pesquisa formal, porém
existe a percepção que esta informação é relevante para o aprimoramento do curso.
Com base nos dados analisados, percebe-se indícios de utilização das
ferramentas Análise SWOT, Benchmarking e Pesquisa de Marketing, principalmente
na implantação do curso.
82
5.2.6 Curso de História
O curso de história foi proposto por dois professores que foram contratados
para dar aula de história da educação e ensino de história na pedagogia e geografia
que se mostraram favoráveis a abrir o curso de história, quando a reitoria começou a
pensar em novos cursos.
A justificativa para a abertura do curso foi que “o curso seria importante
porque na “cidade 1” e na região do Sul de Minas não há um processo de
valorização histórico, e também na própria “universidade”” (ENTREVISTA
“PROFESSOR 6”, 2014).
Apesar de apresentarem esses dados, não realizou-se nenhuma pesquisa
para confirmá-los, que segundo o “Professor 6” a constatação podia acontecer a
olho nu, bastando andar pela cidade.
Quando questionado se o curso tinha algum diferencial, o professor
respondeu:
Eu acho que o diferencial era ser um curso enxuto e bem objetivo, não eraum curso que queria trazer nenhuma novidade, não é um curso que queriaimplantar nem algo muito novo, não queria experimentar algo, porque nóspartimos do princípio assim, como é um curso novo, com poucas vagas, agente tem que ir no que é certo. A gente tem que dar um tiro só, fazer comaquilo que é mais certeza que vai dar certo. (ENTREVISTA “PROFESSOR6”, 2014)
Isto quer dizer que propôs-se o curso, porém sem oferecer nenhum diferencial
dos outros cursos oferecidos.
A troca de experiência aconteceu, segundo o “Professor 6” (2014), com o
estudo na área curricular e nas ementas: “Ah sim, houve muito estudo, muito na
área curricular, muito na área assim de ementas”; o que demonstra uma utilização,
mesmo que inicial, da ferramenta de Pesquisa de Marketing.
No projeto do curso de História se apresentaram os dados do levantamento
de informações que se realizou na região, no qual se constatou que a instituição
mais próxima que oferecia o curso está a 220 km de distância e que a região tem
necessidade de formação nesta área, entretanto, sem informar dados ou fontes
sobre esta demanda.
Percebeu-se também que no projeto a maioria das unidades de registro
encontradas se classificaram como “Cenário” e “Estrutura Prevista”, o que pode ser
83
explicado pelo fato dos professores que construíram o projeto serem da área e
terem uma experiência pessoal que pode ter auxiliado na construção da proposta do
curso.
No entanto, a única ferramenta que encontrou-se indícios de utilização foi a
ferramenta Pesquisa de Marketing, entretanto, conforme exposto anteriormente,
deve ter sido utilizada apenas para fazer um levantamento básico, não usando a
potencialidade da ferramenta.
5.2.7 Curso de Letras Português e Espanhol – Bacharelado e Licenciatura
Nos projetos dos cursos de Letras de Bacharelado e de Licenciatura se
observou que existe um alinhamento entre o curso implantado de letras e a proposta
do Governo Federal de expansão do ensino superior, em especial curso de
licenciatura, demonstrando um forte elemento da análise SWOT, que consiste na
análise das oportunidades externas.
Neste sentido, a universidade já possuía os cursos de licenciatura em
matemática, física, química, ciências biológicas e geografia.
Assim o curso de letras veio a completar as licenciaturas oferecidas, inclusive
atendendo a demanda gerada pela lei 11.161/2005 que torna obrigatória a oferta do
idioma espanhol nas escolas de ensino médio.
Uma das justificativas para a abertura do curso foi o fato de que na região
nenhuma universidade pública oferecer o curso de letras, sendo que as particulares
oferecem letras, porém não oferecem o espanhol, ou seja, há demanda e não há
quem ofereça a formação deste profissional.
Criou-se o curso de bacharel para atender uma área carente de profissionais
de letras, os quais atuam nas áreas de tradução, interpretação, revisão e
comunicação de massa e editoração na região, o que segundo “Professor 7” “não
faz sentido” (2014).
No projeto se previu a utilização de até 20% da carga horária do curso na
modalidade a distância, utilizando a estrutura existente na universidade. Este fato foi
curioso, pois a universidade até o momento não tem o curso de letras a distância,
84
porém inovou em prever esta porcentagem a distância, que vai de encontro com o
as diretrizes do MEC, assim como das tendências do uso das tecnologias
educacionais na educação.
Desta forma, encontraram-se indícios da utilização das ferramentas Análise
SWOT e Diferenciação nos projetos dos cursos.
5.2.8 Curso de Pedagogia a distância (Pedagogia EAD)
No projeto do curso de Pedagogia EAD se apresentou um panorama do
ensino básico, que justificou a abertura do curso, que também atende a um
programa do governo para a formação de professores da educação básica
(PARFOR) em nível de graduação e pós-graduação.
Quando questionou-se o “Professor 8” durante a entrevista, sobre o porquê da
abertura do curso, o mesmo informou que abriu-se o curso por “uma demanda
apresentada pela pró-reitoria de graduação ao CEAD, que se confirmou durante a
elaboração do curso quando a Secretaria de Educação da “cidade 1” requisitaram
vagas para professores, para fazer a formação dos professores”.
Os motivos iniciais para a abertura do curso de Pedagogia EAD se
explicitaram durante a entrevista da pró-reitora de graduação (2014):
Estes cursos de EAD já vinham de uma política de educação a distância [...]Porque dentro da Universidade Federal a gente não faz um trabalho muitopreciso de demanda regional, atende muito as demandas instituídas emnível de política, que vem em nível de Ministério, então a formação depedagogos era uma demanda levantada pelo FORPROF, que é aquelefórum do Estado para as demandas de capacitação do pessoal da rede. Edentro disto o grupo de pró-reitores do Fórum Estadual de Pró-reitores deGraduação fizeram um levantamento das demandas por área. Estelevantamento das demandas por área é que surgiu todos os projetos deEAD e o jogo dos polos, porque as universidades ela coordenam estetrabalho no FORPROF, então é uma demanda instituída de Estado.
Desta forma, observa-se que a abertura do curso de Pedagogia EAD resultou
de uma demanda levantada pelo FORPROF e não pela Universidade e esta decidiu
acatar tal demanda e abrir o curso, sendo que durante o processo de criação a
própria Secretaria de Educação Municipal da “cidade 1” fez uma solicitação formal
para a Universidade, o que corrobora com os dados indicados pelo FORPROF,
assim como com o incentivo à abertura de um curso que era realmente uma
85
necessidade na região.
Durante a entrevista com o “Professor 8”, percebeu-se que não se apresentou
nenhum diferencial significativo, uma vez que tentou-se criar um curso muito
próximo do presencial, como é possível observar:
Eu não sei se um diferencial, porque uma coisa que a gente pensoutambém, em relação ao presencial, que não fosse um curso, que não fosseum curso diferente, porque para gente ter uma mobilidade dos alunos,porque os cursos até parece que não sei se pelas normas, não sei se até20% deles podem fazer no EAD, então a gente pensou num curso muitocomplementar com o presencial. Então quando você me fala de um cursodiferencial, eu não sei, eu não vejo. (ENTREVISTA “PROFESSOR 8”, 2014)
Quando questionado se houve troca de experiências com outras
universidades, percebe-se que ocorreu somente pesquisa via internet:
Nós fizemos via web mesmo, via internet mesmo, acessamos os projetospolítico pedagógicos dos cursos e nos organizamos a partir disto, mas o quenos orientou mesmo foi o nosso presencial, pois a ideia era que nossosalunos pudessem estar tendo esta mobilidade com as disciplinas, pensandoem alguns com reprovação, ou mesmo que em algum momento estivessemimpossibilitados de fazer presencial, pudessem fazer a distância.(ENTREVISTA “PROFESSOR 8”, 2014)
Observando as categorias encontradas no projeto do curso de Pedagogia
EAD, percebe-se que a principal categoria encontrada foi a categoria “Curso”, visto
que o curso se baseou no curso presencial da própria Universidade, conforme se
observou na citação apresentada.
Desta forma, encontrou-se poucos indícios da utilização de ferramentas de
marketing no curso de Pedagogia EAD, somente alguns indícios da ferramenta
Pesquisa de Marketing, porém que parece ter sido utilizada apenas na busca de
outros Projetos Político Pedagógicos.
5.2.9 Curso de Química Licenciatura a distância (Química EAD)
Como apresentado no curso de Biologia EAD, é importante destacar que se
criou o curso de Química EAD ao mesmo tempo que o curso de Biologia EAD,
sendo estes os dois primeiros cursos a distância da Universidade.
Ambos apresentaram algumas informações similares, tanto na parte dos
PPPs que explica a parceria realizada que foi a mesma, quanto na entrevista, visto
que o “Professor 1” participou da criação e implantação de ambos os cursos.
86
Desta forma, foram entrevistados dois professores: um que atuou
principalmente na construção do projeto (“Professor 1”) e o “Professor 9” que atuou
na implantação do projeto.
No projeto do curso de Química EAD se observou que, assim como
apresentado no curso de Biologia EAD, utilizou-se a ferramenta de Benchmarking,
visto que se construiu o curso utilizando experiências educativas de outras
universidades, ou seja, indica que houve uma troca de experiência entre uma
universidade que já oferecia o curso em questão e a universidade que estava
iniciando um novo curso na instituição.
No mesmo sentido, como se apresentou no curso de Biologia EAD, indícios
da utilização da ferramenta Benchmarking pode ser evidenciado na explicação do
“Professor 1”:
Houve um interesse em se buscar quem no Brasil se fazia curso a distânciapara tentar implementar aqui, uma vez que várias federais já tinham. Entãonós fomos para o Rio de Janeiro para conhecer o que seria uma ponte paraa criação da universidade virtual aqui, com cursos de graduação. É umafundação que agrega, a época agregava 6 universidades cariocas públicas,estudais e federais. Aí a gente foi ver como eles trabalhavam. Ficamosimpressionados, porque eles trabalhavam de uma maneira muitoprofissional. Foi uma equipe de professores para conhecer. [...] A gentevoltou com a ideia de implementar o curso de química, que tipo lá a genteteve uma entrevista com o pessoal da química. (ENTREVISTA“PROFESSOR 1”, 2014)
Outro indício encontrado, e apresentado também no curso de Biologia EAD,
que pode evidenciar o possível uso da troca de experiência, foi na passagem:
Como a “universidade” não tinha nenhuma experiência em graduação adistância, eles (CEDERJ) aportaram com a plataforma virtual, elesaportaram com material didático, com material de multimídia, não é muitomultimídia, mas tem alguma coisa, e com todo o suporte técnico e logísticopara implementação. (ENTREVISTA “PROFESSOR 1”, 2014)
Como comentado, nesta passagem, observa-se que a universidade tentou
aprender com a experiência de outra instituição que já atuava na área de ensino a
distância, porém percebe-se pela fala que a ferramenta não foi plenamente utilizada,
visto que a universidade num primeiro momento optou por utilizar a estrutura e modo
de fazer da outra instituição, sem adaptar a sua realidade e necessidade, que é um
dos princípios da ferramenta de Benchmarking.
Quando questionado o porquê do curso de Química EAD, percebe-se que a
experiência e estrutura do curso na modalidade presencial foi um grande
influenciador para a abertura dos mesmos:
Quero crer que seja pelo desafio de dois cursos “brabos”, dentro de uma
87
estrutura institucional que já tinha a biologia e a química no presencial, ocorpo docente muito bem constituído, com boa formação e boa produçãocientífica. [...] Química estava bem estruturado. Eu acho que foi uma épocamuito próxima que ela foi reconhecida com conceito 4, a química presencial,o corpo de professores mais ou menos estrangeiro, vindo de São Paulo,vindo até de outros países, estruturando uma produção científica muitobalizado, como tem até hoje, um grupo extremamente forte. Então houveuma opção na universidade de começar então por quem já sabe fazer oarroz com feijão e já tem bastante gente envolvida. (ENTREVISTA“PROFESSOR 1”, 2014)
No entanto, ao questionar se houve alguma consulta pensando no aluno,
constatou-se que não houve, sendo que o “Professor 9” explicou que a abertura do
curso ocorreu por uma decisão da pró-reitoria de graduação, pois inicialmente os
professores da química eram contra a abertura do curso na modalidade à distância.
No projeto do curso de Química EAD, em sua justificativa, apresenta-se um
levantamento da relação de candidato-vaga do curso presencial de licenciatura em
química da instituição para verificar a demanda existente, que indicou uma demanda
reprimida na região.
Além desta demanda reprimida, levou-se em consideração para a abertura da
nova modalidade que muitos alunos concluem o ensino médio e não possuem
condições financeiras para se deslocar para os centros que oferecem cursos de
nível superior gratuito ou que não tem condições financeiras para cursar o ensino
superior numa instituição privada. Tal consideração alinha-se com a proposta política
educacional do MEC no projeto da Universidade Aberta do Brasil, no qual se
pretende a interiorização e a democratização do ensino superior.
Desta forma, justifica-se a abertura de cursos a distância como uma forma de
“viabilizar a formação de pessoas que por vários motivos vêm sendo excluídas do
processo educacional, principalmente atendendo às questões de localização ou de
disponibilidade de tempo nos horários tradicionais de aula” (PPP QE-40).
É apontado também a necessidade de contratação de mais professores para
a implantação do curso, assim como aquisição de automóvel e contratação de
motorista, o que demonstra que houve uma visão de longo prazo na implantação do
curso, com os aspectos de infraestrutura para o mesmo.
Nos anexos do PPP de licenciatura em química EAD é apresentado o ofício
enviado pelo SEED/CAPES/MEC à universidade que reitera o objetivo de consolidar
a implantação do Sistema Universidade Aberta do Brasil – UAB ao longo dos
próximos 4 anos, sendo que a primeira distribuição de vagas contemplará 450 vagas
88
para docentes e 250 para técnicos, em nível nacional, e que a instituição analisada
receberia 4 vagas para docentes e 2 vagas para técnicos, conforme acordado pela
ANDIFES.
Desta forma, encontrou-se indícios da utilização das ferramentas de
Benchmarking e de Pesquisa de Marketing na construção e implantação do curso de
Química EAD, sendo que o projeto apresentou o menor número de unidades de
registro encontrados.
5.2.10 Novas propostas de cursos
Para se compreender o processo atual de criação e implantação de novos
cursos, entrevistou-se a pró-reitora de graduação (2014) que explicou:
Nós entendemos que quando abre um edital o tempo é muito curto prapensar. [...] O que nós estamos fazendo hoje, nós estamos discutindo comas unidades, o que você unidade entende que é importante neste momento,tanto para a universidade fortalecer os cursos já existentes, como para acomunidade. Então as unidades fazem uma análise de potencial. […] Ela(unidade) faz uma análise e ela está construindo projetos, dentro destaanálise de cada unidade, de cada área. […] Então a gente tem feito algunsestudos, neste sentido para elaborar projetos para uma futura participaçãoem editais para que a gente não faça curso que não tenha demanda.
Conforme se observa no excerto da entrevista, evidencia-se que a pró-reitoria
de graduação da Universidade está se empenhando para criar cursos que além de
serem de interesse dos professores da Universidade, que também atendam uma
demanda previamente estudada por uma comissão.
Quando questionada como são formadas essas comissões esclareceu-se:
Na verdade a gente tem um corpo docente com formação diversificada,então por exemplo, vamos fazer um projeto de psicologia, então quantospsicólogos tem nesta unidade, eles se juntam, alguns outros professoresque tem experiência em construção de projeto e também, na psciologia, foise buscado assessoria em outras Universidades Federais. Eles estãotrabalhando na discussão, na construção de projeto. Então está mais oumenos assim, onde não tem gente da área, busca-se pessoal deUniversidades Públicas da região para dar apoio.
Desta forma, percebe-se que, em algumas áreas, está sendo incentivada a
troca de experiência com outras universidades federais, a fim de conhecer outras
realidades e que os projetos dos cursos sejam construídos da melhor maneira
possível.
89
Uma experiência citada na entrevista com o “Professor 2” foi de uma
comissão de professores montada para estudar a viabilidade de um novo curso na
Universidade, sendo que após 6 meses de estudo, após uma sondagem, diversos
contatos com outras instituições que oferecem o curso, conselhos ligados ao novo
curso e estudos divulgados pela Capes, chegaram à conclusão que não existe
demanda de alunos na região, além da inexistência de professores disponíveis para
atuar no curso, o que levou a comissão a desistir de propor este curso.
Desta forma, observa-se que a utilização de ferramentas na proposição de
novos cursos depende essencialmente do conhecimento sobre as ferramentas de
marketing dos professores que compõem comissões para propor um novo curso.
Curiosamente, quando questionado como a pró-reitora via o uso de
ferramentas de marketing na implantação de novos cursos, percebeu-se que existe
uma negação:
Olha, eu não vejo um grande sucesso nisto não. […] Porque a gente atendemuitas políticas do Governo Federal, definidas para o país, então você teruma ferramenta que atenda esta diversidade, com um único mantenedor euvejo que a coisa não amarra. (ENTREVISTA PRÓ-REITORA, 2014)
No entanto, ela destacou a importância de conhecer bem o curso que vai ser
proposto, sendo que quando não tem pessoas da área na própria Universidade é
buscado auxílio em outras universidades.
Neste sentido percebe-se que duas ferramentas poderiam auxiliar neste caso,
tanto o Benchmarking, quanto a ferramenta Composto de Marketing, principalmente
no estudo do Produto, que no caso seria no estudo do Curso a ser proposto.
Outra ferramenta que pode auxiliar na identificação de demandas de cursos e
região é a ferramenta Pesquisa de Marketing, que visa levantar informações e dados
para que a tomada de decisão e a construção do curso atenda as expectativas dos
alunos e mercado.
Percebe-se, portanto, que assim como outros estudos (GOMES et al., 2013;
COSTA et al., 2011) identificaram, possivelmente existe o desconhecimento das
ferramentas que o marketing disponibiliza, sendo que algumas ferramentas estão
sendo parcialmente utilizadas, porém sem o conhecimento formal, mas sim de forma
instintiva e não organizada.
90
6 POTENCIAIS CONTRIBUIÇÕES DAS FERRAMENTAS DE MARKETING EM
INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
Buscou-se trazer contribuições oriundas das análises dos PPPs dos cursos
da “universidade” e da compreensão das ferramentas de marketing no contexto das
Instituições de Ensino Superior, uma vez que observou-se que o assunto marketing
aplicado a Instituições de Ensino Superior ainda é pouco realizado e pesquisado.
Segundo os dados apresentados da pesquisa realizada na Revista da Gestão
Universitária da América Latina, alguns trabalhos começam a ser publicados na
revista a partir de 2011, o que demonstra que o assunto começou a ser pesquisado
e trabalhado nas instituições universitárias a pouquíssimo tempo.
Diversos fatos podem ser atribuídos a esta pouca quantidade de estudo do
marketing aplicado em IES. Conforme apresentado no artigo de Gomes et al. (2013),
o marketing de uma maneira geral ainda não faz parte da cultura universitária.
Seguindo neste mesmo sentido, Costa et al. (2011) constatam que as
instituições públicas utilizam algumas ferramentas de marketing de forma instintiva e
não organizada, como pode ser constatado também nesta pesquisa.
Assim, espera-se que as ferramentas de marketing apresentadas comecem a
contribuir também na abertura de novos cursos, com destaque às ferramentas
Pesquisa de Marketing, Benchmarking, Análise SWOT, Diferenciação e
Segmentação, Matriz BCG e Composto de Marketing.
A ferramenta de Pesquisa de Marketing sugere-se que além do levantamento
de dados da região, do MEC e dos cursos existentes, que também sejam
pesquisados o perfil dos alunos que entram no curso, quais as características do
mercado, o que os futuros empregadores esperam dos profissionais formados, se
existem professores disponíveis no mercado para atuar nas disciplinas do curso,
entre outras informações.
A ferramenta Benchmarking pode auxiliar os professores a aprender com a
experiência de quem já oferece o curso. Durante a entrevista, percebeu-se que
muitas vezes são realizadas trocas de experiências com outras instituições, porém
de maneira informal.
Alguns professores citaram que não existia a necessidade de troca de
91
experiência com outras universidades, visto que os professores envolvidos estavam
chegando de outras instituições. No entanto, para potencializar o uso da ferramenta
Benchmarking, sugere-se que sejam realizadas visitas às outras universidades,
busque-se contato com coordenadores dos cursos, adquirindo e aprimorando os
conhecimentos sobre o novo curso que a universidade pretende criar.
Desta forma, os professores e coordenadores dos novos cursos poderão
agregar valor ao seu novo curso, com base na experiência e conhecimento adquirido
na outra instituição, adaptados a realidade do novo curso da universidade.
A ferramenta Análise SWOT pode auxiliar a universidade a identificar suas
forças e fraquezas, assim como as oportunidades e ameaças no ambiente que ela
está inserida. As forças são os pontos positivos do curso, os quais podem ser
destacados a fim de atrair alunos. As fraquezas são os pontos que podem ser
melhorados e trabalhados, portanto é importante os propositores do curso terem
clareza do que ainda pode ser melhorado.
Como o curso está inserido em um contexto, torna-se importante verificar o
que está acontecendo, o que as legislações relacionadas ao curso definiram para o
mesmo, assim como se existe algum projeto em votação ou na iminência de ser
alterado, a fim de aproveitar as oportunidades que possam aparecer e que as
ameaças enfrentadas com conhecimento da área e legislação envolvida.
As ferramentas de Diferenciação e Segmentação são ferramentas que podem
ser usadas principalmente quando se for definir como o aluno ingressará no curso,
seu perfil, o perfil do egresso, os objetivos específicos e currículo.
Algumas diferenciações são propostas pelo MEC, como cursos oferecidos
pela universidade estudada em duas modalidades, presencial e a distância. Nos
cursos da modalidade presencial, os alunos ingressam por meio da prova do ENEM
e nos cursos a distância são realizados vestibulares na cidade onde os mesmos
serão oferecidos, com o objetivo de atingir principalmente a população da
microrregião.
Desta forma, percebe-se que existem algumas diferenças entre os cursos,
ambos seguindo as diretrizes do MEC, porém com particularidades e características
próprias.
Após a implantação do curso, também é possível utilizar estas ferramentas, a
fim de melhorar cada vez mais o curso, buscando satisfazer os alunos e atender às
92
demandas de mercado, diferenciando-se dos demais cursos da instituição e região.
A ferramenta Matriz BCG pode ser usada para classificar os cursos da
universidade nos quadrantes e buscar o equilíbrio entre os cursos e quadrantes.
Vale destacar que é preciso ter cuidado quando analisar e classificar os cursos, visto
que cursos inseridos em mercado de baixo crescimento e baixa participação do
mercado podem ser cursos que visam atender necessidades sociais, mesmo estes
não estando em crescimento. Isto significa que a universidade pode e deve criar
cursos que apesar de ter baixo crescimento, existe carência no mercado.
Como exemplo temos os cursos de licenciatura, os quais estão inseridos em
um mercado que não se encontra em crescimento, tão pouco sua valorização é
reconhecida, no entanto o baixo oferecimento dos cursos por instituições privadas e
a carência destes professores nas escolas de ensino fundamental e médio, levaram
o Governo Federal a incentivar a abertura dos mesmos pela falta de professores
formados nas áreas específicas.
A ferramenta Composto de Marketing, conhecida também como os 4P´s –
Produto, Preço, Praça e Promoção, pode auxiliar a instituição a conhecer mais o
curso que pretende oferecer, buscando destacar os diferenciais e vantagens da
instituição e do curso. A Praça, que no caso da instituição de ensino é o campus que
oferecerá o curso e a modalidade, pode auxiliar na atração dos alunos, assim como
a Promoção que é a comunicação dos cursos com seus públicos, como potenciais
alunos, empresários, comunidade local e regional, entre outros.
Neste contexto, a imagem institucional da instituição de ensino e do curso
podem ser fortalecidos com ações de divulgação dos cursos, participação em
eventos, consolidando o curso e instituição com uma imagem forte e marcante.
A não preocupação com a Promoção do curso, apesar de não apresentar um
problema imediato, pode deixar de atrair potenciais alunos da região por
desconhecimento, apesar do curso ter sido inicialmente proposto para atender à
demanda local.
Desta forma, com base em todas essas informações, será possível implantar
um curso que atenda as expectativas dos alunos e do mercado, assim como auxilie
os coordenadores de curso nas tomadas de decisões.
Sintetizando-se as informações aqui apresentadas com contribuições das
ferramentas de marketing na abertura de novos cursos em uma Universidade
93
Federal do Sul de Minas, apresentam-se o Quadro 5 e Figura 5.
Quadro 5 - Síntese de meios de potencializar as Ferramentas de Marketing na abertura de novoscursos.
Ferramenta Uso na abertura denovos cursos
Meios de potencializar o uso das Ferramentas de Marketing
Composto deMarketing
Conhecer ascaracterísticas do curso a
ser oferecido, local deoferecimento, fontes definanciamento, assim
como auxiliar nadivulgação do mesmo.
Correlação entre demanda de mercado e estrutura curricular doscursos existentes para buscar a diferenciação. Deve-se definir os 4Ps: P1. Produto - que é o curso a ser oferecido, elemento maisimportante do PPP, especificando-se os aspectos de demandas,especificações, perfil do ingressante e egresso, cenário ediferencial. P2. Preço - avaliar o financiamento básico por meio dorepasse do MEC (parâmetros fixos), assim como buscar outrasfontes de recursos para implantação de infraestrutura. P3. Praça -avaliar as localidades possíveis (campi existentes ou expansão),observando as condições para oferecimento do curso, dadas asespecificidades do mesmo, para garantir qualidade na formação.P4. Promoção - criar estratégias de divulgação do curso, seja pormarketing direto ou indireto, relações-públicas, participação emeventos, entre outros.
Diferenciaçãoe
Segmentação
Buscar diferenciar o cursoa ser aberto dos demais
cursos da região,definindo o perfil do
ingressante e do egresso.
Verificar quais são os pontos convergentes e divergentes dasdiretrizes do MEC, a fim de potencializar elementos importantes naformação do aluno, oferecendo um curso que apresente um algo amais.
Matriz BCG Classificar os cursos dainstituição nos quadrantes
“em questionamento”,“estrela”, “vaca leiteira” e
“abacaxi”.
Utilizar a ferramenta para classificar os cursos existentes e osnovos cursos, a fim de equilibrar os quadrantes, e servir como umdos parâmetros para avaliação da abertura do novo curso pelainstituição.
AnáliseSWOT
Identificar os pontosfortes e fracos do curso,
assim como asoportunidades e ameaças
do ambiente externo.
Segmentar os elementos do cenário externo e interno. Para analisar o cenário externo buscar dados em documentosformais (portarias da instituição, leis municipais, estaduais efederais), junto a órgãos relacionados (Secretaria de Educação,IBGE, Conselhos profissionais, etc).Realizar reuniões e pesquisas diretas junto à administração,professores, estudante, população, onde sejam levantados ospontos fortes da universidade, do curso, assim como os pontos quepodem ser melhorados (fracos).Com base nos levantamentos realizados, fazer uma análise eadotar ações buscando ressaltar os pontos fortes, minimizando ospontos fracos, aproveitando as oportunidades externas e pensandoem novas estratégias para minimizar as ameaças encontradas.
Benchmarking Trocar experiências comoutras IFES. Auxilia na
busca de adquirir eaprimorar os
conhecimentos baseandona experiência dasuniversidades de
referência.
Levantamento na web, por PPPs de cursos similares e asistematização dos principais elementos em planilhas comparativas.Visitas a outras universidades, com contato principalmente comoutros coordenadores de outras IFES para entender o que já foirealizado pela IFES, o que deu certo e o que teve que ser alterado,aprendendo como foi este processo. A troca de experiências com professores da própria instituição quetiveram experiências prévias são bem-vindas.
Pesquisa deMarketing
Identificar problemas edemandas da região queauxiliem os gestores nadecisão e construção do
curso.
Deve-se estruturar a pesquisa de Marketing em 4 fases: 1.Formulação da questão da pesquisa, 2. Planejamento da pesquisa,3. Execução da pesquisa e 4. Comunicação dos resultados. Estapoderá ser aplicada como Pesquisa Exploratória ou Conclusiva(descritiva e/ou explicativa). Na exploratória, faz-se o levantamentobibliográfico e documental, com uso de dados secundários, para seestabelecer os princípios iniciais do curso. Na pesquisa descritiva eexplicativa, busca-se compreender o cenário para criação do curso,incluindo motivos que levam ao estabelecimento de certo cenário,que poderá ser alterado com a criação do curso.
Fonte: Elaborado pela autora
94
Figura 5:
Figura 5 - Esquema sugestivo para aplicação das ferramentas de marketing na criação de cursos degraduação.Fonte: Elaborado pela autora.
95
As sugestões apresentadas no Quadro 5 e Figura 5 concretizam as reflexões
realizadas neste trabalho e indicam possibilidades de uso que trariam benefícios
para as instituições públicas na criação de cursos. Ressaltando que, como todo
modelo e proposta, estes devem ser analisados previamente ao uso, para
adaptação do mesmo à realidade da instituição.
Com relação à Figura 5, baseando-se na ideia da ferramenta Pesquisa de
marketing, dividiu-se o uso das ferramentas em três fases (exploratória, descritiva e
estruturação, e conclusiva), sendo que essas trazem elementos da ferramenta, mas
não expressão a ferramenta em si.
Pelo esquema, apresenta-se que a ideia inicial do curso pode surgir da
relação entre os aspectos socioafetivos dos proponentes, com a existência de
demandas sociais, pessoais ou mesmo por uma política diretiva do governo federal
(como foi o caso do incentivo às licenciaturas pelo programa PARFOR).
A partir do mote inicial, segue-se para a etapa exploratória, na qual seguem
paralelos dois âmbitos de pesquisas (Curso e Instituição), que possibilitarão a
análise de viabilidade prévia, assim como fornecerá os elementos iniciais para
construção da proposta.
A ênfase nas pesquisas relacionadas ao curso visa a compreensão dos
currículos existentes, os diferenciais entre estes e correlacionar estes com dados de
fontes secundárias (IBGE, secretarias municipais, estaduais, MEC, Conselhos
profissionais) e com as pesquisas internas à instituição.
Com relação à instituição, destaca-se a pesquisa da motivação, imagem e
cenário, como variáveis decisivas para a construção e sucesso do curso. Além disso,
compreender a posição do curso na matriz BGC, ajuda a justificar a criação deste,
seja pela necessidade de cursos “estrela” (para dar mais força na imagem da
instituição), seja em cursos “abacaxis”, que seriam pouco focados em instituições
privadas, mas que possuem incentivos governamentais e políticos para sua criação
e estão relacionados com demandas sociais.
Da mesma forma, o alinhamento do curso com a proposta do PDI, demonstra
um planejamento estratégico na criação do curso alinhado com a missão, visão,
valores e objetivos institucionais, previamente definidos pela comunidade
universitária.
Sequencialmente, tem-se a etapa descritiva e estruturação, na qual os
96
elementos constituintes do PPP deverão ser construídos e aprimorados,
possibilitando a estruturação real do curso e seus fundamentos.
Esta etapa é desenvolvida a partir dos elementos sistematizados e escolhidos
na etapa anterior, possibilitando um aprofundamento da avaliação por meio das
ferramentas Análise SWOT e Benchmarking, a partir das quais cartografa-se o
cenário interno e externo, os pontos fortes e fracos, relacionando estes com os
cursos de outras universidades para o processo de escolha dos elementos do curso
em criação, ou seja, definição dos 4 Ps (ferramenta Composto de Marketing).
Sugere-se a definição, primeiramente, do curso, assim como da diferenciação
do curso, observando os diferenciais da instituição, para, posteriormente, avaliar-se
a praça e, com isso, poder levantar as demandas de infraestrutura e pessoal.
Com esses elementos, pode-se avaliar o financiamento do curso (Preço), que,
no caso das Instituições Públicas, deve ser focado nos parâmetros estabelecidos
pelo MEC, além das possibilidades (obtidas na análise das oportunidades externas –
Análise SWOT) de financiamentos privados para construções e compras de
equipamentos.
Para última fase do processo de criação do curso, tem-se a fase conclusiva,
na qual se concluem os 4P's do Composto de Marketing e, a partir disso, define-se
os elementos faltantes do PPP, destacando-se o perfil dos ingressantes e egressos,
que possibilita a Segmentação com base no perfil definido para o ingressante do
ENEM, assim como objetivos específicos e currículo, que permitem a Diferenciação
do curso proposto.
Após implantação, tem-se a manutenção do curso com processos de
avaliação contínua (inclusive, parte desses, exigidos pelo MEC), incluindo o uso de
ferramentas de marketing como o Composto de Marketing, Matriz BCG, Análise
SWOT, Diferenciação, para adequação contínua do curso ao cenário atual, que
caracteriza o olhar sobre o ciclo de vida do curso.
97
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Realizou-se o presente estudo com o objetivo de investigar o possível uso das
ferramentas de marketing durante o processo de criação de novos cursos de
graduação em uma Universidade Federal do Sul de Minas Gerais, no período de
2009 à 2013.
Abriram-se estes cursos, salvo o curso de Bacharel Interdisciplinar em
Ciência e Economia, no contexto do projeto Reuni do governo federal, o qual refletia
claramente a mudança do perfil universitário construído nas últimas décadas, do
princípio da democratização do ensino superior e da autonomia universitária.
As diretrizes gerais do Reuni deixavam claro a autonomia da universidade,
assim como que não haveria um modelo único para a abertura dos cursos.
Estas diretrizes do Reuni possibilitaram às universidades federais autonomia
na escolha e na construção dos PPPs, possibilitando para estas o uso das
ferramentas de marketing no processo de escolha e construção das propostas.
No entanto, não se sabia se a universidade estudada tinha de fato utilizado
ferramentas de marketing na construção dos PPPs dos seus cursos ou não.
Para compreender o uso das ferramentas de marketing, analisaram-se os
Projetos de Implantação ou Projetos Político Pedagógicos dos cursos abertos neste
período, assim como entrevistou-se os professores que participaram da criação e
implantação destes novos cursos da instituição.
Com base nos dados apresentados, conclui-se que existem poucos indícios
de utilização das ferramentas de marketing nos documentos e entrevistas. Sendo
que dentre os indícios encontrados, percebeu-se que as ferramentas provavelmente
não foram utilizadas em sua totalidade.
De toda forma, percebeu-se o uso, em muitos casos inconscientes das
ferramentas de marketing, ou seja, o professor reconheceu a importância daquela
ação, mas não relacionou esta como sendo uma ferramenta de marketing.
Um exemplo claro disso foi no caso do curso de Biologia e Química (ambos
EAD), no uso do Benchmarking. Sendo estes dois cursos, os primeiros EAD da
instituição, não se tinha, praticamente, experiência suficiente para construir uma
proposta própria da Universidade, fazendo-se necessário o Benchmarking.
98
A partir da análise dos PPPs, constatou-se uma maior número de ocorrências
de uso nas categorias Cenário (59), Curso (57) e Estrutura (39), o que de fato está
de acordo com os itens mínimos exigidos em um PPP, assim, demonstrando o
potencial inicial do uso das ferramentas.
Essas classes estavam presentes, como elementos, das seguintes
ferramentas:
a) Cenário - Composto de marketing, matriz BCG, análise SWOT,
Pesquisa de Marketing;
b) Curso - Composto de marketing, análise SWOT, Pesquisa de
Marketing;
c) Estrutura - Composto de marketing, análise SWOT, Pesquisa de
Marketing.
Assim, tem-se três elementos comuns existentes nesses indícios, sendo que
a ferramenta de marketing que apresentou mais indícios de utilização foi a Pesquisa
de Marketing, caracterizada na busca de informações em páginas da internet e
projetos de outras universidades.
Vale destacar que apesar da pesquisa de marketing ser identificada como a
ferramenta de marketing mais utilizada, percebe-se que existiu uma subutilização,
uma vez que a ferramenta foi utilizada para um simples levantamento de
informações.
Além de aparecer em várias classes identificadas nos PPPs, a Pesquisa de
Marketing foi a ferramenta de marketing que mais se encontraram indícios de uso
nas entrevistas, totalizando 14 cursos dos 16 analisados.
Percebeu-se maior utilização da ferramenta pesquisa de mercado, que integra
a pesquisa de marketing, do que a ferramenta Pesquisa de Marketing em si. Sendo
assim, sugere-se que seu uso seja melhor aproveitado, inclusive utilizando esta
ferramenta de forma planejada.
A ferramenta Benchmarking apresentou indícios de utilização principalmente
nos primeiros cursos a distância da universidade, uma vez que ela nunca tinha
oferecido cursos nesta modalidade. Portanto, realizou-se levantamento de
instituições que já atuavam na área e identificando uma instituição referência, a qual
foi visitada e firmado uma parceria para o início do curso.
Após um determinado tempo de oferecimento dos cursos e contratações de
99
professores que tinham conhecimento na área e podiam contribuir para a instituição,
esta parceria encerrou-se e a partir daí foram aplicados os conhecimentos
apreendidos, adaptando-os a realidade da universidade, assim como propõe a
ferramenta de Benchmarking.
Percebe-se que a experiência prévia dos professores contratados para a
abertura de novos cursos pode trazer grande contribuição para o mesmo, porém
sugere-se que sejam buscadas a vivência e a experiência de outros coordenadores
do mesmo curso em outras instituições de referência nacional, que podem auxiliar
para que erros já cometidos por outras instituições não sejam repetidos.
Ainda com relação ao Benchmarking, percebeu-se maiores indícios do uso
deste nas entrevistas, ressaltando a importância dos elementos deste para
construção do projeto do curso. A categoria intercâmbio foi pouco explicitada no
PPP, apesar de estar presente em diversas entrevistas, ou seja, foram informações
que se incorporaram à proposta como um todo, não deixando transparecer a troca
de informações nos PPPs elaborados.
Desta forma, o uso inconsciente das ferramentas de marketing pode estar
relacionado com a inserção destas em diversos campos do conhecimento, como em
gestão de projetos, metodologias científicas entre outras, fazendo com que essas
ferramentas façam parte dos procedimentos dos indivíduos sem que eles tenham o
real conhecimento disto, conforme apresentou o artigo de Costa et al. (2011), no
qual indica que as instituições de ensino públicas utilizam algumas ferramentas de
marketing de forma instintiva e não organizada, sendo que teve-se a mesma
constatação nesta pesquisa.
Essa concepção do uso inconsciente se ressaltou na própria visão da pró-
reitora de graduação, que apresentou indícios dos possíveis usos de ferramentas de
marketing, assim como da importância dessas, entretanto, afirmou que não vê como
as ferramentas de marketing poderiam auxiliar na criação de novos cursos de
graduação.
De certa forma, a fala da pró-reitora reflete a visão de muitos dos professores
e demais servidores sobre o que são e quais funcionalidades das ferramentas de
marketing nas instituições públicas, relacionando estas, geralmente, às instituições
privadas e à necessidade da geração de lucro.
Fica claro que, como parte de projetos de capacitação interna das
100
universidades, devem-se abordar as ferramentas de marketing até mesmo como
instrumentos do planejamento estratégico para que as concepções prévias sobre as
ferramentas de marketing possam ser organizadas, sistematizadas e
procedimentalizadas.
Este trabalho não teve a pretensão de esgotar o assunto, mas iniciar uma
discussão que até o momento pouco se encontrou, a fim de contribuir para a gestão
das universidades, em especial, as universidades públicas. Nesse sentido, no
capítulo 6 (Potenciais contribuições das ferramentas de marketing em Instituições de
Ensino Superior) apresentou sínteses de possíveis utilizações, como forma trazer
novos elementos para a construção da visão e aplicação das ferramentas de
marketing nas Instituições de Ensino Superior.
De toda forma, espera-se que a partir deste trabalho as universidades
conheçam um pouco mais das ferramentas de marketing e comecem a utilizá-las,
aproveitando as potencialidades de cada uma em ajudar a instituição como um todo.
101
8 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS
Pesquisas qualitativas sobre estudos de casos, como a desenvolvida neste
trabalho, possuem diversas limitações que não impedem sua realização, mas devem
fazer parte do cenário de análise para delimitar-se adequadamente os alcances dos
resultados, discussões e conclusões.
A primeira consideração que se deve fazer está relacionado com o alcance
das conclusões, uma vez que estudos de caso não permitem generalizações de
resultados, entretanto, fornecem dados exploratórios que possibilitam traçar
melhores metodologias em novos trabalhos na área, resultando na expansão do
estudo em questão, ou seja, possibilita-se a obtenção de um panorama nacional do
uso das ferramentas de marketing na abertura de cursos nas Instituições Públicas
de Ensino Superior no Brasil.
A próxima consideração se refere aos métodos utilizados, neste caso, nas
entrevistas semiestruturadas, uma vez que a mesma dependeu da memória histórica
do entrevistado, sem haver registros formais do processo de abertura de cursos,
como atas de reuniões, e-mails trocados, entre outros. Isto pode provocar algum
equívoco, confusão ou mistura de dados, uma vez que os relatos são do que
aconteceu há alguns anos. Essa limitação pode ser minimizada a partir da avaliação
conjunta desses dados com os obtidos na análise do PPP e em outras entrevistas
(como das pró-reitoras).
Outra limitação da pesquisa é o contexto político específico da abertura de
cursos na universidade estudada, que pode sofrer influência nos dados obtidos.
Além disto, existe influência do contexto político na maneira como os cursos foram
abertos, uma vez que o MEC lançou um edital e a universidade tinha um curto
período de tempo para apresentar todos os seus projetos, inviabilizando um
planejamento adequado, o que pode ser diferente quando se pesquisar cursos em
contextos distintos.
De toda forma é importante conhecer como estão sendo abertos os novos
cursos de graduação para poder refletir e repensar numa melhor maneira de fazê-lo.
Neste sentido o marketing pode trazer contribuições para as Instituições de Ensino
Superior.
102
Talvez, mais do que investigar o uso ou não das ferramentas de marketing na
abertura de novos cursos, devessem-se investigar quais as concepções de
marketing existentes e quais origens dessas, para se buscar novos caminhos para a
formação e uso dessas ferramentas.
A fim de enriquecer os dados apresentados, sugere-se que novas pesquisas
sejam desenvolvidas, a fim de ampliar a pesquisa para outras universidades de
contextos próximos e também de contextos distintos, a fim de verificar se existe
diferença significativa entre distintos contextos político-históricos.
Uma interessante pesquisa que pode ser realizada a partir desta é elaborar
um formulário com escala likert, a partir dos elementos das entrevistas e PPPs, a fim
de aplicar o mesmo em larga escala, por meio de formulário eletrônico, podendo
fazer um diagnóstico da utilização de ferramentas de marketing no ensino superior
como um todo.
Desta forma, sugere-se a abertura de uma agenda de pesquisa, a fim de
incentivar e agregar pesquisadores que possam dialogar e contribuir para o tema,
pesquisando e publicando seus trabalhos a fim de contribuir com as Instituições de
Ensino Superior.
103
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111
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YANASE, M. H. Gestão de marketing e comunicação: avanços e aplicações. 2. ed.São Paulo: Saraiva, 2011.
112
APÊNDICE A – Roteiro das entrevistas
Qual foi a motivação inicial para criação do curso?
Houve algum tipo de levantamento de dados durante a construção da
proposta do novo curso? (o que, como, por quem)
Qual diferencial deste curso quando comparado aos de outras universidades?
Esses diferenciais foram pensados a partir de outros cursos previamente?
Houve alguma troca de experiência com outras instituições ou cursos? Se
sim, quando ocorreu (durante a fase da proposição, implementação), como ocorreu,
quem realizou, quais foram os benefícios, quais os pontos positivos/negativos.
113
APÊNDICE B – Unidades de registro do projeto do curso de Ciências Biológicas –
modalidade à distância
Cod Unidade de Registro Categorias
be5-3 Para implantar o curso de Licenciatura em Ciências Biológicas a
”universidade” conta com a parceria do CEDERJ estabelecendo um
convênio onde foram consolidados os termos desta parceria (Anexo 1)
intercâmbio
be7-3 Curso na modalidade a distância, fundamentado metodologicamente na
aprendizagem independente, reforçada periodicamente por encontros
presenciais.
modalidade
be7-3 Este modelo de educação, segundo Gonzáles (2005)1, envolve a
utilização de material impresso e outras mídias que possibilitam ao
aprendiz estudar em seu próprio ambiente com formas de comunicação
síncrono e assíncrono. A idéia é a de se conjugar o uso de materiais
impressos, pois nem todo cursista possui acesso à tecnologia de
informática, e uso de multimídias, telefone, fax, redes informacionais
com um bom apoio de atendimento aos estudantes, através de tutores,
que permitam as interações necessárias ao processo educacional e
atendimentos personalizados, pois na Educação a Distância (EAD), a
organização educativa deverá estar à disposição dos alunos, não cabe
improviso.
modalidade
be7_8 O curso será ofertado nos pólos credenciados pelo MEC e
consorciados à “universidade”, apresentando infra-estrutura suficiente
para a realizarão de todas as atividades necessárias aos momentos
presenciais do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas.
curso
be9-2 Educação Aberta e a distância possibilita flexibilidade de propostas
pedagógicas, de acordo com demandas específicas da sociedade.
modalidade
be9-4 O Centro iniciou suas atividades em junho de 2003 apresentando o
primeiro projeto de curso em parceria com a “Miniweb Cursos” e
ofereceu o curso “Enfoque pedagógico em Planejamento de EAD” com
carga horária de 60 horas, capacitando professores da instituição. O
curso foi ofertado online pela Miniweb Cursos de São Paulo, sendo
concluído em fevereiro de 2004.
intercâmbio
be9-5 Em fevereiro de 2004, a Fundação de Apoio da “Universidade”
formalizou uma parceria com a Faculdade Internacional de Curitiba
(Facinter), objetivando ofertar cursos de especialização na modalidade
a distância, permitindo que a “universidade” conhecesse a dinâmica de
trabalho exigida para esta modalidade de ensino e também
intercâmbio
114
possibilitando que vários professores da Instituição recebessem
capacitação via o curso “Metodologias Inovadoras Aplicadas à
Educação”. Esta parceria se amplia em 2006, com oferta de cursos
tecnológicos em oito (08) diferentes áreas do conhecimento.
be10-
2
A implantação de cursos na modalidade a distância na “universidade” é,
pois, uma necessidade e também uma exigência. Certas circunstâncias
demandam determinadas posturas e não se pode recusar a assumi-las
porque se impõem como inevitáveis. É assim que a direção da
“universidade” entende o seu papel de timoneiro nesse processo de
travessia e de construção. Como afirma Morin: “do passado ao futuro
por intermédio do presente”.
cenário
be13-
3
O Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas presente nesse
projeto, traduz inovação e a participação integrada da “universidade” e
outras Universidades representadas pelo Consórcio CEDERJ, criando a
possibilidade do intercâmbio e produção de conhecimento na área,
objetivando a concretização de projetos que tenham por base esta
modalidade de ensino a Distância.
intercâmbio
be19-
2
Os cursos na modalidade a distância vêm auxiliar na democratização
do saber e contribuir com o desenvolvimento social, cultural e
tecnológico. Oferecem possibilidades de qualificação profissional e
possibilitam o acesso à cidadania como direito da pessoa social por
apresentarem flexibilidade pedagógica, aprendizagem individualizada,
sem entraves geográficos e/ou temporais.
modalidade
be19-
3
Esta flexibilidade possibilita à Educação a Distância (EAD) tratar de
maneira individualizada os alunos com ritmos diferentes, pois permite a
cada um desenvolver atividades em seu próprio tempo, exigindo do
estudante uma aprendizagem autônoma baseada nos princípios do
aprender a aprender, construindo caminhos para um saber responsável.
Por outro lado, torna possível a capacitação de muitos profissionais que
em outra estrutura estariam impossibilitados de dar continuidade aos
seus estudos.
modalidade
be9-4 Os candidatos a um curso por EAD necessitam de autodisciplina, para
dedicarse aos estudos e motivar-se para o uso da tecnologia que
permite mediar a interatividade entre todos os participantes do processo
pedagógico nas relações: aluno/ professor; aluno/aluno; aluno/material.
Nesta modalidade estimula-se a comunicação um-para-muitos, um-
para-um e muitos-para-muitos.
modalidade
be21-
4
A ”universidade” receberá todo o suporte para implantação e
capacitação de seus professores e técnicos ofertados pelo CEDERJ e
poderá produzir material didático como mesmo padrão de qualidade
intercâmbio
115
deste experiente Consórcio.
be32-
3
Segundo o Plano Nacional de Educação (PNE) vigente, o sistema de
ensino superior deve contar com a diversificação de instituições de
ensino que atendam a demanda existente contribuindo para o
desenvolvimento do País e reduzindo os desequilíbrios regionais. A
estratégia de acessibilidade da demanda existente pode ser efetuada
por meio da Educação a Distancia (EAD). Esta alternativa de formação
regular foi introduzida no sistema educacional brasileiro por meio da Lei
e Diretrizes e Bases da Educação, a Lei n°9.394/1996.
cenário
be32_
33
Conforme o relatório final da comissão assessora para a educação
superior à distância, portaria ministerial n° 335/2002, a demanda
projetada para o ingresso de alunos do ensino médio, em 2004, seria
de 03 milhões de alunos a serem matriculados em cursos de
graduação, para tal seria necessário a abertura de cerca de 875 mil
novas vagas. Neste relatório, a EAD foi considerada a forma viável
necessária para a inclusão desta população aos cursos de ensino
superior, considerando a dimensão do país e a infra-estrutura disponível
e o nível de educadores capacitados para facilitar este processo.
cenário
be33-
1
A folha on-line trouxe a informação de que em 2005, havia 82 cursos de
graduação e tecnológicos à distância credenciados e mais de 109 mil
alunos matriculados, segundo o Anuário Brasileiro Estatístico de EAD
de 2006.
concorrente
be33-
2
É por isso que a elevação do padrão de escolaridade da população
brasileira, incluindo a expansão do ensino superior, é uma questão
estratégica, tanto por desenvolver a competência nacional em ciência e
tecnologia, condição essencial para desenvolvimento não subordinado,
como para assegurar a elevação da qualidade de vida da população e a
redução da exclusão social e cultural.
cenário
be33-
3
A Constituição Federal prevê que o dever do Estado com a educação
efetiva mediante a garantia de acesso igualitário, garantindo a
qualidade do ensino. Em Minas gerais contam com uma área de
586.528.293 Km², distribuídos em 853 municípios ocupados por uma
população estimada para o ano de 2005 de 19.237.450 habitantes.
cenário
be33-
4
Referente a área da educação, Minas Gerais conta com 958.991
matriculas em ensino médio, ou seja, esta população deverá ter a
condição de ingressar no ensino superior (INEP, 2004). Outro fator
contribuinte a necessidade de formas alternativas ao atendimento desta
demanda refere-se diminuição acentuada da taxa de escolarização de
pessoas acima de 18 anos de idade e a taxa de ocupação da
população a cima de 10 anos na semana ser de 69,4% pra homens e
cenário
116
48,7 para as mulheres. A tabela 2 abaixo ilustra tal enunciado.
be34-
1
Tabela 2 cenário
be34-
2
A educação em Minas Gerais é coordenada nas macro-regiões por
instancias designadas como Superintendência Regional de Ensino
(SER), perfazendo o total de 46 cobrindo todos os municípios do
estado.
cenário
be35-
1
Analisandos dados de vestibular ofertados na “universidade” a partir de
2000 (dados da Copeve), e avaliando número de candidatos por vagas
de forma gerais pode-se constatar a média de 20,69 candidatos por
cada vaga ofertada nesta instituição federal. Considerando a demanda
reprimida da região, já que esta universidade, como qualquer outra
instituição federal possui alunos de toda parte do território nacional, a
região sul e sudeste mineira não tem todos seus cidadãos atendidos
para a realização do curso de nível superior. Assim podemos
caracterizar uma população, que chamaremos de demanda reprimida,
para ser atendida por estes cursos na modalidade a Distância, além de
candidatos que concluem o segundo grau (Tabela 4) que não possuem
condições financeiras para se deslocar para os centros que oferecem
cursos de nível superior gratuito ou que financeiramente não podem
buscar o setor privado para realizar seus sonho de continuar os
estudos.
cenário
be35-
2
Tabela 4 cenário
117
be35_
36
O ensino a distância busca viabilizar a formação de pessoas que por
vários motivos vêm sendo excluídas do processo educacional
principalmente atendendo às questões de localização ou de
indisponibilidade de tempo nos horários tradicionais de aula. Segundo
Dilvo Ristoff 5, a demanda hipotética de professores do ensino médio
para 5ª a 8ª séries é atualmente de 725.951 docentes, contra 354.475
com formação específica, resultando em uma defasagem de quase 354
mil docentes para a rede de ensino médio no Brasil. Além disso, muitos
atuam como profissionais fora de sua área de habilitação ou não
possuem formação inicial.
cenário
be36-
1
Um dos aspectos importantes da presença da Universidade no
município é permitir que o aluno não precise se deslocar para outra
localidade ou Estado, para realizar a continuidade de seus estudos. Boa
parte desses alunos que saem de seus lares para estudar, não retorna
a seus municípios de origem, o que seria desejável em razão da natural
importância de uma melhor participação social no desenvolvimento das
regiões do Estado. Dessa forma, o ensino a distância contribui na
medida em que permite formar profissionais sem deslocá-los de seus
municípios.
localização
be36-
2
O número de candidatos ao vestibular possui uma demanda que tende
a crescer no futuro, se considerarmos a expectativa do aumento de
egressos do ensino médio. Levando-se em consideração a crescente
procura por profissionais capacitados no mercado de trabalho, fazem-se
necessárias, portanto, medidas no sentido de oferecer à população
mais horizontes de qualificação.
cenário
be38-
4
Os pólos de apoio presencial poderão funcionar nos horários de 09 às
22 horas de segunda a sextas-feiras e aos sábados de 08 às 12 horas.
curso
be38_
39
A descrição da infra-estrutura mínima, do ponto de vista organizacional,
necessária ao curso é:
• Firmamento do convênio formal com a “universidade”;
• Definição do coordenador do pólo e de seu conselho administrativo;
• Promoção da seleção dos tutores, sob orientação e acompanhamento
da universidade;
• Promoção da seleção de secretário acadêmico e de bibliotecário.
estrutura prevista
be39-
1
Sob o aspecto operacional e físico, deverão ser disponibilizados:
• Uma sala para o coordenador, uma secretaria acadêmica e espaço
para reuniões;
• Uma sala para os tutores presenciais;
• Uma biblioteca com número de títulos e exemplares suficientes para
atender à demanda dos alunos e também periódicos (que podem ser
estrutura prevista
118
em forma eletrônica) na área de Sistemas de Informação;
• Um laboratório de informática com microcomputadores interligados em
rede e com acesso à Internet, com número de máquinas compatível ao
número de vagas oferecidas no pólo;
• Dois laboratórios de Biologia e um laboratório de Química com os
materiais que a Universidade irá detalhar, para que seja possível a
realização das aulas práticas do curso;
• Uma ou mais salas de aula para aplicação das provas presenciais e
outras atividades;
• Salas para monitoria e estudos;
• Equipamentos para as atividades: DVD player, projetor multimídia,
câmeras de vídeo (webcams), TV, vídeo, etc.
• Outros recursos: softwares (em especial com ênfase em software
livre) para os microcomputadores, materiais didáticos para os
laboratórios, impressora, FAX, telefone, etc.
• Banheiros.
be40-
4
Será indispensável que a “universidade” estabeleça a contratação de
professores para completar o quadro de docentes necessários ao
andamento do curso. Considerando a expansão por que passa a
“universidade” no atual momento, a equipe de elaboração deste projeto
entende ser possível sanar esta necessidade com a liberação de novas
vagas para a Instituição prometidas pelo MEC, além da concessão de
bolsas para docentes e pessoal técnico-administrativo implementadas
pela UABCAPES⁄ MEC (Anexo 8).
estrutura prevista
be43_
44
Para o bom funcionamento do curso, solicitamos a cooperação dos
Municípios conveniados a disponibilidade de custeio das despesas com
palestrantes para a realização de seminários, disponibilidade de
ambientes para a realização das atividades acadêmico-científica-
culturais, ajuda para locomoção dos convidados, entre outras possíveis
necessidades para o efetivo desenvolvimento da proposta.
estrutura prevista
be44-
2
A estrutura física do CEAD da “universidade” conta com instalações
para: ambiente recepção; sala da coordenação; sala de reuniões,
laboratório de informática e sala de arquivos e distribuição de material.
O CEAD possui uma secretaria acadêmica com móveis e equipamentos
compatíveis com as demandas do momento. Atualmente, tem
disponível 20 computadores com processadores Pentium IV, FAX, uma
impressora laser e uma multifuncional. No processo de ampliação de
suas atividades precisará de adequações em seu espaço físico e de
seu acervo de moveis e equipamentos, buscando sempre atender a
dinâmica de crescimento e desenvolvimento tecnológico exigido para a
estrutura existente
119
EAD.
be44-
3
Diante da proposta pedagógica do Curso de Licenciatura em Ciências
Biológicas na Educação pela modalidade a distância, visualizamos a
necessidade de futuras contratações de professores e de técnico-
administrativos para a “universidade”, capacitações específicas em EAD
para a implementação desta proposta e investimentos na estrutura
física e humana do CEAD “universidade” virtual.
estrutura prevista
be44-
5
Apontamos ainda a necessidade de aquisição de automóvel para
transporte da equipe de EAD da “universidade” ente os pólos, a
contratação de motorista para as atividades presenciais nos pólos. De
acordo com a proposta, necessitaremos de recursos financeiros
provenientes dos municípios para a realização das Atividades
Acadêmico-científico-culturais a cada ano letivo.
estrutura prevista
be68 Anexo 6 – Concessão de vagas pela Secretaria de Educação à
Distância à “universidade” - OFÍCIO Nº 324 SEED/CAPES/MEC
Aproveitamos para cumprimentá-lo e informar sobre o pleito de vagas
para docentes e técnicos. Nosso principal objetivo é consolidar a
implementação do Sistema Universidade Aberta do Brasil - UAB ao
longo dos próximos 4 (quatro) anos. A primeira distribuição em 2008
contemplará 450 vagas para docentes e 250 vagas para técnicos.
Nesta etapa, conforme a matriz acordada pela ANDIFES, Vossa
Universidade estará recebendo 04 vagas para docentes e 02 vagas
para técnicos. As vagas de técnicos estão distribuídas nas seguintes
carreiras: 01 Técnico de Nível Superior em Informática e 01 Assistente
de Administração.
estrutura prevista
120
APÊNDICE C – Unidades de registro do projeto do curso de Bacharelado
Interdisciplinar em Ciência e Economia: Ciências Atuariais;
Administração Pública e Ciências Econômicas com Ênfase em
Controladoria
Cod Unidade de Registro Categorias
ce13-
3
Com esta perspectiva objetiva-se implantar o Bacharelado
Interdisciplinar em Ciência e Economia. Este bacharelado compreende
uma modalidade de curso de graduação com duração de três anos,
seguido de mais um ano e meio, que compreende a formação
específica.
curso
ce14-
3
É evidente que com o novo perfil desenhado não mais se propõe a
formação daquele egresso do sistema de currículos mínimos rígidos.
Devem ser considerados todos os referenciais curriculares e também as
diretrizes específicas dos cursos, inserindo-os num modelo pedagógico
adequado aos objetivos do curso.
curso
ce14-
4
A implantação do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e
Economia e dos três cursos, traz em sua proposta a característica
fundamental de flexibilização curricular, que atende tanto ao acadêmico
quanto à universidade, uma vez que, com esta proposta, ambos terão
maior autonomia e possibilidades de integração ao mercado, além da
estrutura curricular que promoverá a formação mais abrangente, global,
interdisciplinar, com visão holística do meio, considerando não somente
os aspectos técnicos da produção e economia, mas, sobretudo, seus
impactos, tornando-a socialmente mais justa.
curso
ce14-
5
O Sul de Minas possui localização estratégica, a meio caminho entre
São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. É uma das mesorregiões
mais desenvolvidas do estado, possuindo várias cidades de porte
médio (população entre 100 mil e 200 mil habitantes).
localização
ce15-
1
“Cidade 3” constitui um dos principais municípios desta mesorregião,
destacando-se nas atividades econômicas, facilitadas pelo intercâmbio
com os centros mais dinâmicos do país. As rodovias BR -381 (Fernão
Dias) e BR – 491 constituem suas principais vias de acesso.
localização
ce15-
2
As atividades agrícolas, historicamente consolidadas no município, têm
maior expressão na cafeicultura, que constitui atividade propulsora da
economia local. O município conta com diversos armazéns,
cooperativas de agricultores, e outras formas de organização
cenário
121
empresarial , enfatizando o papel de “cidade 3” na economia nacional.
ce15-
3
Tendo em vista sua posição geográfica e a facilidade de aquisição de
matérias-primas e escoamento da produção, o município detém
indústrias de diversos ramos, com destaque ao beneficiamento de
produtos agrícolas e indústrias de transformação, inclusive com a
presença de empresas multinacionais.
cenário
ce15-
6
Além disto, representa um importante centro educacional para região.
“Cidade 3” possui, atualmente, quatro instituições de ensino superior e
a recente implantação do CEFET-MG.
concorrente
ce94-
1
12 RECURSOS NECESSÁRIOS PARA IMPLANTAÇÃO:
12.1 Recursos Humanos:
(docentes e técnicos p/ 2008 e 2009)
estrutura prevista
ce94_
98
12.2 Recursos Bibliográficos
Referências Bibliográfica | Qtd | Valor Unitário (R$) | Total (R$)
estrutura prevista
ce99 12.3 Infra-estrutura
Ano | Cursos | Infra-estrutura
estrutura prevista
122
APÊNDICE D – Unidades de registro do projeto do curso de Bacharelado
Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia: Engenharia Ambiental e
Urbana. Engenharia de Minas e Engenharia Química
Cod Unidade de Registro Categorias
ct4-2 A expansão do ensino superior no Brasil, além de atender a um legítimo
desejo da sociedade, é uma condição sine qua non para
sustentabilidade do desenvolvimento do país.
cenário
ct14-3 Com esta perspectiva objetiva-se implantar o Bacharelado
Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia que compreende uma
modalidade de Curso de Graduação com duração de três anos, como
primeiro ciclo de formação com opção de ser seguido por um segundo
ciclo, de mais dois anos que compreendem a formação específica do
acadêmico em Engenharia, Ciência e Tecnologia.
curso
ct14-4 Essa formação exporá os sujeitos a temas variados. Ao passar por
esses componentes vocacionais, o acadêmico terá condições e
informação suficiente para fazer sua escolha pela carreira com mais
maturidade.
curso
ct14-5 Conforme pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia (CONFEA, 2006) há bastante espaço para a
expansão da oferta de ensino em engenharia, sobretudo em áreas de
alta tecnologia, pois, a grande maioria da oferta atual está restrita na
área de engenharia civil.
cenário
ct14-6 Assim, a “universidade”, além do Bacharelado em Ciência e Tecnologia,
propõe a implantação de três cursos de graduação – Engenharia
Ambiental e Urbana, Engenharia de Minas e Engenharia Química com a
finalidade de integrar e contribuir com o incremento da inovação
tecnológica e formação de mão-de-obra qualificada.
curso
ct15-2 A reestruturação curricular dos cursos de engenharia vem ao encontro
desta proposta de implantação do curso de Bacharelado em Ciência e
Tecnologia seguido pelos cursos de Engenharia, na medida em que o
projeto pedagógico traz como característica fundamental, justamente, a
flexilidade curricular, que atende tanto ao acadêmico quanto à
Universidade, uma vez que, com esta proposta ambos terão maior
autonomia e possibilidade de integração ao mercado e às inovações
tecnológicas, além de uma estrutura curricular que promoverá a
formação mais abrangente, global, interdisciplinar, com visão holística
do meio, considerando não somente os aspectos técnicos da produção
curso
123
e produtividade, mas, sobretudo os impactos da engenharia, tornando-a
mais socialmente justa.
ct16-1 De acordo com SILVA, P. R. (2008) no texto de referência “A Nova
Formação em Engenharia Frente aos Desafios do Século XXI”,
apresentado no III Seminários Nacional do REUNI, a Engenharia está
presente em todas as ações e planos governamentais e institucionais
de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) quer seja no desenvolvimento
econômico e social propriamente dito, até a geração de tecnologias
avançadas que permitirão uma maior competitividade do país no
mercado internacional, contituindo seu valor e importância em fato
incontestável. Por outro lado registra à falta de engenheiros em número
e qualidade suficientes para suprir as demandas atuais e futuras,
sobreturo no que se concerne às tecnologias inovadoras.
cenário
ct16-2 Segundo estatísticas do CONFEA o estoque de engenheiros ao final de
2008 será de 620 em todo o país, o equivalente a 6 para cada 1.000
pessoas economicamente ativas, número este bem abaixo a de países
desenvolidos como EUA e Japão que apresentam uma relação de
25/1.000. A China e Índia forma, respectivamente 300 mil e 200 mil
engenheiros por ano, contra menos de 30.000 no Brasil. Há portanto,
bastante espaço para a expansão da oferta de vagas em cursos de
engenharia, sobretudo em áreas de alta tecnologia.
cenário
ct16-3 Em relação à tecnologia cabe resgatar dados divulgados pelo MEC
sobre CT&I onde as empresas no Brasil não têm tradição de
investimento, com participação inferior a 16% enquanto EUA e Coréia
do Sul é 80% e 53% na França, para citar alguns exemplos. Dos 84%
não oriundos da iniciativa privada no Brasil, 97% são da produção
científica das universidades, em sua grande maioria, feita em áreas
básicas, não dirigidas a inovação tecnológica que transformam
conhecimentos em produtos ou ferramentas produtivas.
cenário
ct16_
17
Ainda, segundo SILVA, P. R. (2008), não somente pela argumentação
do MEC, mas também de inúmeras opiniões de especialistas e
pesquisadores de outros órgãos do setor produtivo, da ciência e
tecnologia, é preciso que se coloque, com urgência, o ensino de
engenharia na perspectiva de uma formação mais abrangente, global,
interdisciplinar, com visão holística do meio, considerando não somente
os aspectos técnicos da produção e produtividade, mas, sobretudo os
impactos da engenharia, tornando-a mais socialmente justa. Considera
ainda, que o novo perfil desenhado para o engenheiro deve-se
contrapor ao egresso do sistema de currículos mínimos rígidos, típico
profissional formado para um determinado “pacote tecnológico”,
cenário
124
devendo, agora, contemplar referenciais curriculares e diretrizes
específicas dos cursos de engenharia (Resolução CNE/CES nº
11/2002) em consonância com novos modelos pedagógicos adequados
a promover maior autonomia do acadêmico, possibilitando sua
integração com mercado e com as inovações tecnológicas, além de
uma estrutura curricular com formação mais abrangente, nos moldes do
ciclo de formação do BCT.
ct17-1 Em relação ao campus proposto para oferecimento dos cursos de CBT
e Engenharias, “cidade 2”, destaca-se pela sua inserção no Sul de
Minas onde possui localização estratégica, com proximidade de
grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte é
uma das regiões mais desenvolvidas do estado de Minas Gerais,
possuindo várias cidades de porte médio (população entre 100 mil e
200 mil habitante) em sua circunvinhança, como cidades.
localização
ct17-2 O município de “cidade 2” se destaca também no turismo, como
estâncias hidroclimáticas e ainda é cercada por um notável pólo
educacional, com três universidades públicas, sendo elas:
“universidade y”, “universidade z”, “universidade x”.
concorrente
ct17-3 Na escala hierárquica dos centros urbanos brasileiros, classificados
pelo IBGE, “cidade 2” caracteriza-se como “Capital Regional” em função
da centralidade que a cidade desempenha sobre outros municípios da
região no processo de distribuição de bens e serviços. Desta forma,
“cidade 2” polariza diretamente outras 23 pequenas cidades no entorno.
localização
ct17-4 No período 1991-2000, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
(IDH-M) da “cidade 2” cresceu 8,10%, passando de 0,778 em 1991 e
para 0,841 no ano de 2000.
cenário
ct17-5 A dimensão que mais contribuiu para este crescimento foi a
Longevidade com 39,5%, seguida pela Renda com 34,2% e pela
Educação com 26,3%. Hoje a expectativa de vida em “cidade 2” é de 76
anos.
cenário
ct17-6 Outro fator importante é a diminuição da mortalidade infantil, passando
de 20,70 mortes por mil nascidos vivos, em 1991, para 13,27 por mil
nascidos vivos em 2000. Contribuindo ainda mais, a renda do cidadão
da “cidade 2” cresceu 34,2%, elevando o patamar de crescimento do
IDH.
cenário
ct18-1 No entanto, o destaque da cidade está na Educação. Em 1991, o índice
já era considerado de alto desenvolvimento (0,836) e cresceu mais de
26% na última pesquisa (0,886). De acordo com os dados revelados em
2000, a taxa de analfabetismo da “cidade 2” é de apenas 7,3% entre a
população adulta com mais de 25 anos.
cenário
125
ct18-2 “Cidade 2” se destaca também no ranking de responsabilidade social.
Depois de Belo Horizonte, “cidade 2” é o município que apresentou o
melhor resultado no Índice Mineiro de Responsabilidade Social. Os
dados, obtidos pela Fundação João Pinheiro (FJP) em 2004, mostram,
por exemplo, que 99,43% da população da cidade vivia em domicílios
com água encanada e banheiro.
cenário
ct18-3 “Cidade 2” conta com um bom número de estrada de acesso às
principais cidades da Região Sudeste do país e com a capital federal.
Quanto ao transporte ferroviário, importante meio de escoamento de
produção, também possui ligação com os principais centros urbanos do
país, bem como, também é servida do meio de transporte aéreo, com
um aeroporto com pista de asfalto de 1.250 metros de
cenário
ct18-4 Quanto às finanças do município a arrecadação municipal, a
arrecadação anual é de cerca de R$ 200.000.000,00 por ano.
cenário
ct18-5 Em relação a sua estrutura empresarial, tabela a seguir registra sua
pujança nos setores de mineração e industrial.
cenário
ct18-6 cenário
ct18-7 Quanto ao Ensino Superior, a “cidade 2” conta com duas universidades
privadas e com uma Autarquia Municipal de Ensino, parceria com
Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG, as quais oferecem
diversos cursos, conforme tabela que se segue.
concorrente
ct19-1 Tabela:
Cursos Superiores de Graduação oferecidos na cidade
concorrente
ct20-1 Diante do exposto evidencia-se a importância da implantação de cursos
superiores na área da ciência e tecnologia, o que corrobora com a
proposta por hora apresentada neste projeto.
cenário
ct23-2 O Bacharelado em Ciência e Tecnologia é um curso superior de
graduação com características não profissionalizante estruturado de
forma a possibilitar condições para que o discente possa adaptar o seu
percurso formativo ao longo itinerário curricular, de acordo com os seus
interesses tendo dois objetivos principais:
- Formar cidadãos de nível superior para o mercado de trabalho,
dotados de visão atualizada da dinâmica científica e tecnológica na
sociedade moderna, com base analítico-conceitual sólida necessária
para futura profissionalização em diferentes áreas da ciência e
tecnologia, com formação humanística, empreendedora aliadas à
curso
126
prática por meio de projetos e diferentes tipos de ferramentas,
permitindo sua aplicação na solução de problemas da sociedade e
contribuindo para o desenvolvimento tecnológico, científico e social do
país.
- Servir como formação superior de primeiro ciclo para os cursos de
Engenharia que adotarem o modelo de formação em dois ciclos.
ct72-1 Recursos necessários para implantação
Recursos humanos
estrutura prevista
ct72-2 estrutura prevista
ct73 Previsão de infra-estrutura, equipamentos e investimentos (quadro
detalhado)
estrutura prevista
127
APÊNDICE E – Unidades de registro do projeto do curso de Ciências Sociais –
Bacharelado
Cod Unidade de Registro Categoria
sb3-1 Este texto tem por objetivo apresentar o projeto de implantação, na
“universidade”, do curso de Ciências Sociais na modalidade
Bacharelado. Este novo curso de graduação está inserido nas
propostas de expansão da Universidade que tem como um dos seus
eixos norteadores, a ampliação na oferta de cursos da área de Ciências
Humanas em seu repertório de ensino, pesquisa e extensão.
curso
sb11-
2
Além disso, é importante destacar que as faculdades privadas da região
não têm privilegiado a formação de docentes e bacharéis para a área
de Ciências Humanas. Ao contrário, sistematicamente, assiste-se ao
fechamento de cursos de Letras e História sob a alegação de que tais
cursos estão “fora de moda”.
concorrente
sb11_
12
Este argumento, entretanto, é falso e esconde o real motivo para a
extinção destes cursos: a área de humanidades não oferece lucro e não
confere status às instituições. Resta, assim, como única alternativa
àqueles que pretendem aperfeiçoar-se ou seguir carreiras ligadas à
área de Ciências Humanas, que tais cursos sejam oferecidos por uma
instituição pública.
cenário
sb12-
1
O curso de Ciências Sociais será oferecido no período noturno,
privilegiando, portanto, grande parcela da população que, por exercer
ocupações profissionais durante o dia, vê-se excluída das vagas
oferecidas pela universidade no período diurno. Sendo assim, o projeto
de expansão que se encontra em curso proporciona uma excelente
oportunidade para que a “universidade” possa se firmar como instituição
de referência na região do Sul de Minas por oferecer cursos da área de
Ciências Humanas.
curso
sb12_
13
7.2 Objetivos do curso
O curso de Bacharelado em Ciências Sociais, oferecido pela
“universidade”, pretende:
·Formar cientistas sociais com sólida formação na área de Ciências
Humanas, considerando de fundamental importância, especialmente, o
conhecimento dos autores e obras clássicas do pensamento filosófico,
político e social;
·Formar cientistas sociais com sólidos conhecimentos acerca das
vicissitudes históricas enfrentadas no processo de formação da
curso
128
sociedade e das instituições políticas brasileiras;
·Formar cientistas sociais com amplos e sólidos conhecimentos
culturais;
·Capacitar cientistas sociais para propor, coordenar e assessorar
pesquisas fomentadas por instituições públicas e/ou privadas;
·Capacitar cientistas sociais para propor, coordenar e assessorar
projetos fomentados por instituições públicas e/ou privadas;
sb16-
2
8.2 Sobre as disciplinas “Seminários Temáticos”
Foram incluídas na estrutura 04 (quatro) disciplinas denominadas
“Seminários Temáticos” que visam ao estudo de temas específicos de
Sociologia, Ciência Política e Antropologia. Os estudos serão realizados
à distância, sob supervisão de professores orientadores e,
posteriormente, serão organizados os seminários em formato de
mesas-redondas.
curso
sb23_
24
9. Dos recursos necessários
9.1 Recursos humanos a serem contratados
O quadro abaixo indica o número e a área de atuação dos docentes
necessários para consolidação e implementação do curso de Ciências
Sociais – Licenciatura. O planejamento obedece às necessidades
sugeridas pela dinâmica curricular do curso. Eis a distribuição:
Tabela: Ano de contratação | Professor a ser contratado | Conjunto de
disciplinas.
Estrutura prevista
sb24_
25
Além dos docentes, acredita-se ser importante a contratação de 02
(dois) servidores técnicos encarregados de dar o suporte necessário
para o desenvolvimento do curso. Como o curso exige crescimento do
acervo bibliográfico, parece lícito salientar a necessidade de acréscimo
no quadro de funcionários da biblioteca de nossa instituição.
Estrutura prevista
sb25-
1
9.2 Recursos humanos disponíveis na “universidade”
·Prof. Dr. “A” - Graduado em Filosofia, mestre e doutor em Filosofia da
Educação.
·Prof. “B” - Graduada em Psicologia e doutoranda em Educação.
·Prof. “C” - Graduado em Sociologia e doutorando em Educação.
·Prof. “D” -Graduado em Filosofia e doutorando em Educação.
·Prof. Dr. “E” - Graduado em História, mestre e doutor em Educação.
·Prof. “F” - Graduado em História e doutorando em Educação.
Estrutura existente
sb25-
2
9.3 Recursos materiais
Os cursos das áreas de Ciências Humanas exigem, prioritariamente,
expansão do acervo bibliográfico (Cf. Anexo 01). No que se refere à
área física, a expansão que já se encontra em andamento pode
atender, plenamente, as condições exigidas pelo curso. Entretanto, é
Estrutura prevista
129
importante que se reserve uma área física, com capacidade para vinte
(20) estudantes, dotada de equipamentos necessários para a prática da
pesquisa (Cf. Anexo 02).
130
APÊNDICE F – Unidades de registro do projeto do curso de Ciências Sociais -
Licenciatura
Cod Unidade de Regristro Categoria
sl3-1
(idem
)
Este texto tem por objetivo apresentar o projeto de implantação, na
“universidade”, do curso de Ciências Sociais na modalidade
Bacharelado. Este novo curso de graduação está inserido nas
propostas de expansão da Universidade que tem como um dos seus
eixos norteadores, a ampliação na oferta de cursos da área de Ciências
Humanas em seu repertório de ensino, pesquisa e extensão.
curso
sl11_
12
(idem
)
Além disso, é importante destacar que as faculdades privadas da região
não têm privilegiado a formação de docentes e bacharéis para a área
de Ciências Humanas. Ao contrário, sistematicamente, assiste-se ao
fechamento de cursos de Letras e História sob a alegação de que tais
cursos estão “fora de moda”.
concorrente
sl12-b
(idem
)
Este argumento, entretanto, é falso e esconde o real motivo para a
extinção destes cursos: a área de humanidades não oferece lucro e não
confere status às instituições. Resta, assim, como única alternativa
àqueles que pretendem aperfeiçoar-se ou seguir carreiras ligadas à
área de Ciências Humanas, que tais cursos sejam oferecidos por uma
instituição pública.
cenário
sl12-1
(idem
)
O curso de Ciências Sociais será oferecido no período noturno,
privilegiando, portanto, grande parcela da população que, por exercer
ocupações profissionais durante o dia, vê-se excluída das vagas
oferecidas pela universidade no período diurno. Sendo assim, o projeto
de expansão que se encontra em curso proporciona uma excelente
oportunidade para que a “universidade” possa se firmar como instituição
de referência na região do Sul de Minas por oferecer cursos da área de
Ciências Humanas.
curso
sl12_
13
7.2 Objetivos do curso
O curso de Licenciatura em Ciências Sociais, oferecido pela
“universidade”, pretende:
·Formar professores de Sociologia com aplos conhecimentos na área
de Ciências Humans, considerando de fundamental importância,
especialmente, o conhecimento dos autores e obras clássicas do
pensamento filosófico, político e social;
·Formar cientistas sociais com sólida formação técnica e intelectual
para propor projetos de educação em espaços escolares e não-
curso
131
escolares;
Formar cientistas sociais conhecedors das vicissitudes históricas
enfrentadas no processo de formação da sociedade e das instituições
políticas brasileiras;
·Formar cientistas sociais com amplos conhecimentos culturais.
sl17-
1a
8.2 Sobre as disciplinas “Seminários Temáticos”
Foram incluídas na estrutura duas (02) disciplinas denominadas
“Seminários Temáticos” que visam ao estudo de temas específicos de
Sociologia, Ciência Política e Antropologia. Os estudos serão realizados
à distância, sob supervisão de professores orientadores.
Posteriormente, sob coordenação do professore responsável pela
disciplina, serão organizados os seminários em formato de mesas-
redondas.
curso
sl24_
25
(idem
)
9. Dos recursos necessários
9.1 Recursos humanos a serem contratados
O quadro abaixo indica o número e a área de atuação dos docentes
necessários para consolidação e implementação do curso de Ciências
Sociais – Licenciatura. O planejamento obedece às necessidades
sugeridas pela dinâmica curricular do curso. Eis a distribuição:
Tabela: Ano de contratação | Professor a ser contratado | Conjunto de
disciplinas.
Estrutura prevista
sl25-1
(idem
)
Além dos docentes, acredita-se ser importante a contratação de 02
(dois) servidores técnicos encarregados de dar o suporte necessário
para o desenvolvimento do curso. Como o curso exige crescimento do
acervo bibliográfico, parece lícito salientar a necessidade de acréscimo
no quadro de funcionários da biblioteca de nossa instituição.
Estrutura prevista
sl26-1 9.2 Recursos humanos disponíveis na “universidade”
·Prof. Dr. “A” -Graduado em Filosofia, mestre e doutor em Filosofia da
Educação.
·Prof. “B” - Graduada em Psicologia e doutoranda em Educação.
·Prof. “C” - Graduado em Sociologia e doutorando em Educação.
·Prof. “D” - Graduado em Filosofia e doutorando em Educação.
·Prof. Dr. “E” - Graduado em História, mestre e doutor em Educação.
·Prof. “F” - Graduado em História e doutorando em Educação.
Estrutura existente
sl26-2 9.3 Recursos materiais
Os cursos das áreas de Ciências Humanas exigem, prioritariamente,
expansão do acervo bibliográfico (Cf. Anexo 01). No que se refere à
área física, a expansão que já se encontra em andamento pode
atender, plenamente, as condições exigidas pelo curso. Entretanto, é
importante que se reserve uma área física, com capacidade para vinte
Estrutura prevista
132
(20) estudantes, dotada de equipamentos necessários para a prática da
pesquisa (Cf. Anexo 02).
sl27_
41
Anexo 1 – Recursos bibliográficos Estrutura prevista
sl42-1 Anexo II – Laboratórios de pesquisa em Ciências Sociais
Tabela: Descrição | Quantidade | Unidade | Custo
Estrutura prevista
133
APÊNDICE G – Unidades de registro do projeto do curso de Fisioterapia
COD Texto Categoria
fi19-2 A Fisioterapia, de acordo com a World Confederation for Physical Therapy
(WCPT,1999), presta serviços a pessoas e populações com o fim de
desenvolver, manter e restaurar o movimento e a capacidade funcional em
todos os ciclos de vida, no contexto da promoção, prevenção, tratamento e
reabilitação.
cenário
fi19-3 O curso de graduação em Fisioterapia da “universidade”, seguindo as
Diretrizes para a formação de fisioterapeutas do Conselho Nacional de
Educação, se compromete com uma “formação generalista, humanista,
crítica e reflexiva, capacitado a atuar em todos os níveis de atenção à
saúde, com base no rigor científico e intelectual”.
curso
fi19-4 O Curso está planejado numa concepção que procura integrar
conteúdos/disciplinas priorizando a adoção de metodologias
problematizadoras para o ensino, a inserção de novas tecnologias de
informação e comunicação, o estímulo a uma postura ativa do aluno na
construção do conhecimento.
curso
fi20-1 A implantação do curso de Fisioterapia, na universidade justifica-se
principalmente pela importância de atuação do fisioterapeuta na área
saúde e pela necessidade de mercado.
cenário
fi20-2 A Organização Mundial da Saúde definiu Fisioterapia como sendo a
ciência que estuda a atividade humana, utiliza recursos terapêuticos e
físicos para prevenir e tratar dificuldades físicas que interferem no
desenvolvimento e na independência do cliente em relação às atividades
de vida diária, trabalho e lazer. É a arte e a ciência de orientar a
participação do indivíduo em atividades selecionadas para restaurar,
fortalecer e desenvolver a capacidade, facilitar a aprendizagem das
habilidades e funções essenciais para a adaptação e produtividade,
diminuir ou corrigir doenças, promover e manter a saúde.
cenário
fi20-3 A Fisioterapia vem se caracterizando como profissão relevante nas
equipes de saúde, em especial, na expansão da atenção primária, nos
trabalhos de promoção e prevenção envolvendo estratégias que atinjam
todos os grupos populacionais. O Fisioterapeuta é percebido, neste
espaço, como profissional que contribui de forma diferenciada, por deter
em seu arsenal de trabalho, a visão da análise das atividades propostas
com os respectivos objetivos. É evidente que nenhum profissional da
saúde realiza, por si só, a Educação em Saúde, mas a Fisioterapia tem
cenário
134
inegável responsabilidade na instigação da humanização das relações das
equipes, em relação às populações atendidas. Tal constatação é fruto de
análise dos conteúdos presentes e emergentes nos trabalhos relevantes
da Fisioterapia, que são objetos de matérias em todas as edições das
revistas do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.
fi20-4 A Fisioterapia tem sido cada vez mais conclamada a compor as mais
diversificadas equipes e muito tem alcançado no que diz respeito à
melhora da competência e da independência funcional para a vida
cotidiana, inclusão social e qualidade de vida da diversa população
atendida. A Fisioterapia atua na assistência à saúde em toda a sua forma,
desde a primária até a terciária, pertencendo a todos os grupos nestas
etapas. Atende também a faixa de assistência domiciliar e esportiva.
cenário
fi20_21 As intervenções do Fisioterapeuta em instituições hospitalares têm se
voltado para as conseqüências do dia-a-dia da enfermidade e da própria
internação hospitalar, bem como para as rupturas provocadas pela
hospitalização, seja na rotina diária, na descoberta de diagnósticos
inesperados ou na ocorrência de possíveis seqüelas e suas
conseqüências para a vida dos seres humanos, dentro e fora do hospital.
Neste sentido, a intervenção profissional nos contextos hospitalares é
voltada para a promoção da saúde e qualidade de vida, mesmo durante o
período de hospitalização, como também para a recuperação e/ou
manutenção da capacidade funcional, melhora da auto-estima, do estado
de humor e da aceitação de diagnóstico, com vistas à aderência ao
tratamento e à qualidade de vida.
cenário
fi21-1a Face à expansão do campo de trabalho, o Curso de Fisioterapia na
universidade justifica-se também pelo projeto de interiorização do ensino
público federal gratuito e de qualidade, uma vez que num raio de
aproximadamente 300 km não há a graduação em Fisioterapia nestas
condições.
localização
fi21-1b No Estado de Minas Gerais, a escola pública que oferece a graduação em
Fisioterapia nas condições supracitadas fica distante 320 km, na capital do
estado.
concorrente
fi21-2 O curso de Fisioterapia tem por finalidade:
1. Contribuir para a melhoria das condições de saúde da população;
2. Estimular a interdisciplinaridade, as inovações curriculares e os
métodos de ensino-aprendizagem;
3. Promover a integração do ensino do profissional de Fisioterapia com os
serviços de saúde públicos e privados;
4. Apoiar a formação multiprofissional e o trabalho em equipe;
5. Contribuir, por meio do estímulo à pesquisa e à extensão, para o
curso
135
desenvolvimento cultural e científico de seus alunos e professores;
6. Integrar-se às demais unidades e órgãos da universidade com o
objetivo de satisfazer todas as necessidades do ensino, da pesquisa e da
extensão;
7. Prestar serviços à comunidade através da ação profissional.
fi23-3 A proposta do curso de Fisioterapia da “universidade” mantém o princípio
de transcender o enfoque tecnicista característico na história da formação
em Fisioterapia.
curso
fi49-3 Os discentes do curso de Fisioterapia dispõem de uma infraestrutura com
salas de aulas de uso comum com outros cursos equipadas com
retroprojetores, projetores multimídia, TV, videocassete, DVD e lousa.
Contam, ainda, com apoio do Laboratório de Prática de Ensino, espaço
dedicado à elaboração e utilização de materiais destinados ao ensino.
estrutura
existente
fi58_69 Relação de Recursos: Humanos, Bibliográficos e Materiais estrutura
prevista
fi69-1 No Projeto de expansão da infra-estrutura física da “universidade” está
previsto a construção de um prédio voltado para abrigar os alunos e
professores do curso de fisioterapia.
estrutura
prevista
fi69-2a Além de salas de aula, dos laboratórios de Biologia Celular e Molecular,
Anatomia, Bioquímica, Fisiologia e Biofísica, que são comuns aos cursos
da área da Saúde,
estrutura
existente
fi69-
2b_70
está prevista a construção de laboratórios profissionalizantes, que
auxiliarão o pleno aprendizado discente, tanto teórico quanto prático. Para
tanto, planeja-se a construção dos seguintes laboratórios ao curso de
fisioterapia:
Laboratório 1: Cinesioterapia / Recursos Terapêuticos e Manuais /
Semiologia / Prótese e Órtese;
Laboratório 2: Agentes Biotérmicos / Agentes Bioelétricos / Disfunção
Crânio Mandibular / Gerontologia;
Laboratório 3: Saúde da Mulher / Dermato-Funcional / Disfunção Músculo -
Esquelética / Esportiva;
Laboratório 4: Neurologia / Pediatria/ Cardiologia / Respiratório,
Laboratório 5: Piscina terapêutica/ hidroterapia.
estrutura
prevista
fi70-1 Na Clínica Escola de Fisioterapia serão realizados os atendimentos à
comunidade em geral e reunirá toadas as condições para a preparação e
exercício profissional num único espaço. Estará destinada à prática das
diversas disciplinas. A Clínica/Laboratório está projetada a se tornar um
centro de estudos, pesquisa e atendimentos.
estrutura
prevista
fi70-2 A Clínica de Fisioterapia contemplará a seguinte área física e instalações:
RELAÇÃO DOS LABORATÓRIOS NECESSÁRIOS AO
estutura
prevista
136
FUNCIONAMENTO DO CURSO DE FISIOTERAPIA: PROPOSTA DE
INSTALAÇÃO
Para a instalação do curso de Fisioterapia, sugerimos a
construção dos seguintes laboratórios, conforme cronograma, a saber:
fi70-3 Laboratórios prontos estrutura
existente
fi70_71 Laboratórios a construir estrutura
prevista
fi71_79 Lista dos Laboratórios com Descrição, Valor , Unidade e Total
Laboratório 1: Cinesiologia/ Cinesioterapia/ Recursos Terapêuticos e
Manuais / Semiologia / Prótese, Órtese e Tecnologias Assistivas;
Laboratório 2: Agentes Biotérmicos / Agentes Bioelétricos / Exames
Diagnósticos / Disfunção Crânio Mandibular / Gerontologia e Geriatria
Laboratório 3: Saúde da Mulher / Dermato-Funcional / Disfunção Músculo
-Esquelética / Disfunções reumáticas.
Laboratório 4: Neurologia / Pediatria / Cardiologia / Pneumologia
Laboratório 5: Piscina Terapêutica e Hidroterapia
estrutura
prevista
137
APÊNDICE H – Unidades de registro do projeto do curso de História
Cod Unidade de Registro Categoria
hi10-
1
No atual contexto político e econômico brasileiro, as Universidades
públicas federais são convocadas a participarem do processo de
valorização dos profissionais que atuam na educação básica. Sabe-se
que no caso brasileiro, a educação básica está a cargo dos Municípios
e dos Estados, porém são as diversas Instituições de Ensino Superior
que formam os profissionais para trabalhar neste campo da atividade
educativa.
cenário
hi10-
2
Durante a década de 1990, o aumento da demanda por educação
básica promoveu um significativo aumento da oferta de cursos voltados
para a formação de professores. Contudo, muitos destes cursos,
baseados apenas em princípios mercadológicos, não tinham um projeto
para formação de professores de médio e longo prazo, ao contrário, são
identificados com uma formação aligeirada do professor, sem a devida
valorização do conhecimentos científicos da área de atuação e com
pouca ou quase nenhuma formação em pesquisa.
cenário
hi10-
3
Neste contexto, a “universidade”, como Instituição pública de ensino
superior, tem muito a contribuir. O aumento na oferta de cursos de
Licenciatura, especialmente no período noturno, demonstra o empenho
da Instituição em contribuir na melhoria dos processos de formação e
qualificação dos docentes da educação básica. Após a organização e
implantação dos cursos de Licenciatura nas áreas de Ciências
Biológicas, Química, Física, Matemática, Pedagogia e Geografia, é
chegado o momento de implantar um curso de Licenciatura em História.
cenário
hi10-
4
Considerada como pioneira e tendo na área de saúde seus cursos mais
tradicionais, a Instituição entende que a introdução gradual de cursos
na área de Ciências Humanas é um passo importante para a
consolidação da Universidade.
cenário
hi10_
11
Localizada na região sul do Estado de Minas Gerais, a “cidade 1” tem
importância singular para o desenvolvimento econômico e cultural para
a região. Ao contrário da região central do Estado, “cidade 1” se
desenvolveu economicamente a partir da expansão da economia
cafeeira e tem como uma de suas referências nacionais as suas
Instituições de ensino superior. Entretanto, falta-nos uma cultura
histórica sobre a cidade, a região e sobre nossa relação com o país e o
mundo. Dessa forma, um curso de História nos auxiliaria sobremaneira
cenário
138
a entender nossas particularidades, em outras palavras, compreender o
local no nacional e este no internacional.
hi11-1 No Estado de Minas, as Instituições públicas que oferecem cursos de
História estão localizadas, em sua maioria, na região central do Estado,
são elas: “universidade a”, “universidade b”, “universidade c” e
“universidade d”. A Instituição mais próxima é a “universidade d”,
localizada a 220 Km de distância de “cidade 1”, cidade e região com
características históricas consideravelmente diferentes. Outra
Instituição pública que oferece o curso de História no Estado de Minas
Gerais é a “universidade e”, distante 420 Km de “cidade 1”.
localização
hi11-2 Compreendemos, portanto que existe na região, uma necessidade
premente de formação de profissionais da História, não apenas que
trabalhem com a docência, mas que divulguem entre os diversos
grupos e Instituições sociais uma cultura histórica. A formação de
professores de História em uma Instituição de ensino qualificada e que
tem vínculos com a pesquisa favorece a criação de hábitos, condutas e
experiências relacionadas ao levantamento e conservação do
patrimônio histórico, bem como com a defesa dos organizamos que são
guardiões de memória, como Museus e Bibliotecas.
cenário
hi11-3 Neste sentido, com a implantação de um curso de História, a
“universidade” pretende contribuir para a construção de uma cultura
histórica na cidade e na região, bem como se firmar como uma
Universidade que está aberta a consolidação dos diversos campos do
saber.
cenário
hi23_
24
9.1 Recursos Humanos
Professores e pesquisadores que deverão ser contratados e
respectivas disciplinas.
estrutura prevista
hi24- Recursos Humanos da “universidade” e as respectivas Disciplinas para estrutura existente
139
1a os Cursos de História.
Quadro: Professor | Disciplinas (existente)
hi24-
1b
Recursos Humanos da “universidade” e as respectivas Disciplinas para
os Cursos de História.
Quadro: Professor | Disciplinas (a ser contratado)
estrutura prevista
hi24-
2a
Previsão de utilização de Recursos Humanos para a efetivação do
curso na “universidade”
estrutura existente
hi24-
2b
Previsão de utilização de Recursos Humanos para a efetivação do
curso na “universidade”
Quadro: Ano | Docentes a serem contratados | Docentes da
“universidade” | “Técnicos-administrativos a serem contratados
estrutura prevista
hi24-
3
9.2 Recursos materiais e de infra-estrutura
No projeto de expansão da infra-estrutura física da “universidade” está
previsto a construção de um prédio voltado para abrigar os cursos e
professores da área de Ciências Humanas. Espera-se que esta
estrutura tenha um número de salas de aula compatível com a
incorporação dos cursos de Pedagogia, História e demais disciplinas do
núcleo pedagógico das Licenciaturas.
estrutura prevista
hi24-
4
Além das salas de aula, o curso de História necessita de um
Laboratório de História, a ser destinado à pesquisa sobre recuperação
de acervo documental e histórico, bem como para aulas práticas que
contemple a análise de iconografias, mapas, cartografia histórica, etc...
Faz-se necessário também um Laboratório de Ensino de História que
contemple os recursos necessários à formação do futuro licenciado.
estrutura prevista
140
hi24_
-25
Os recursos necessários para dar início às atividades nesses
laboratórios seguem abaixo discriminados.
Laboratório de História – 2008
Quadro: Descrição | Quantidade | Unidade | Custo
Laboratório de Ensino de História – 2008
Quadro: Descrição | Quantidade | Unidade | Custo
estrutura prevista
hi26_
32
9.3 Recursos bibliográficos iniciais
Para aquisição nos anos e 2007 e 2008
Quadro: Descrição do exemplar | Quantidade | Unidade | Custo
Para aquisição nos anos e 2009 e 2010
Quadro: Descrição do exemplar | Quantidade | Unidade | Custo
estrutura prevista
141
APÊNDICE I – Unidades de registro do projeto do curso de Letras Português-
Espanhol Bacharelado
Cod Unidade de Registro Observações
lb18-1 A proposta, feita pela “universidade”, de implantar o Curso de Letras
com habilitação dupla em português e espanhol, na modalidade
Bacharelado, vem suprir a demanda do bacharel para atuar nas áreas
onde o uso formal dos idiomas estudados se faz necessário: tradução,
interpretação, revisão de textos, comunicação midiática.
cenário
lb18-2 O Curso de Letras em sua Modalidade Bacharelado está sendo
delineado para formar tradutores, intérpretes, assessores,
comunicadores, revisores na área de tradução, comunicação midiática
e editoração.
curso
lb18-3 Alinhada à proposta do Governo Federal, de expansão do ensino
superior e melhoria da qualidade do ensino básico, a “universidade”
implantou cinco licenciaturas: Matemática, Física, Química, Ciências
Biológicas e Geografia. Para completar este leque, propõe incluir o
estudo da língua portuguesa, de maneira a preparar o profissional para
trabalhar com este idioma, e da língua espanhola, de acordo com a Lei
No. 11.161, de 5/8/2005, que torna obrigatória a oferta do idioma
espanhol nas escolas de ensino Médio. Para tanto, faz-se necessário
formar profissionais que atenderão a esta demanda.
cenário
lb18-4 Além disso, a implantação deste curso pauta-se no fato de que as
universidades públicas da região não oferecem o curso de Letras, e as
particulares que oferecem Letras não oferecem espanhol.
concorrente
lb18-5 Outro ponto é a carência de profissionais bacharéis que atuem nas
áreas de tradução, interpretação, revisão e comunicação de massa e
editoração na região.
cenário
lb29-1 RECURSOS NECESSÁRIOS À AMPLIAÇÃO
Docentes e técnicos ano a ano (2008 a 2012)
estrutura prevista
lb29-2 Recursos humanos da “universidade” estrutura prevista
142
lb29_
30
Recursos Materiais
Laboratório Multidisciplinar de Fonética e Editoração, em sala de 75m²,
climatizada, com revestimento acústico, iluminação anti-reflexo e
entrada de energia/lógica (data/voice), com os itens abaixo.
(relação item, quantidade, preço)
estrutura prevista
lb30-1 5.9.3 Recursos Bibliográficos
Os recursos bibliográficos estão divididos em obras teóricas e obras
literárias, conforme especificado no ÂPENDICE A do Projeto do Curso
de Letras – Licenciatura. As obras específicas do Bacharelado são
apresentadas neste Projeto.
estrutura prevista
lb30-2 5.9.3.1 Obras Teóricas
As obras teóricas serão adquiridas, parceladamente, nos semestres
que antecedem sua utilização. Segue um quadro prevendo o
investimento por semestre e a lista das obras cotadas se encontra no
APÊNDICE A . O Projeto de Implantação do Curso de Licenciatura
apresenta o planejamento das obras comuns às duas modalidades. O
Projeto de Implantação do Curso de Bacharelado só contempla as
literaturas técnicas específicas do curso.
estrutura prevista
143
Tabela: período | adquirir em | para disponibilizar em | subtotal.
lb33-3 O curso de Letras poderá trazer contribuições para a Educação a
Distância, através da elaboração de material teórico e didático, e
poderá, para isso, contar com as infra-estruturas física e tecnológica, já
existentes no CEAD. A estrutura curricular do Curso de Letras prevê a
oferta de até 20% da carga horária do curso na modalidade à distância.
curso
lb39_
40
APÊNDICE A – Obras teóricas específicas do Curso de Letras –
Bacharelado
Tabela: Ano/Disciplina | Autor | Título/Editora/Edição/etc | Preço
Unitário | Preço Total (3 unidades)
estrutura prevista
144
APÊNDICE J – Unidades de registro do projeto do curso de Letras Português-
Espanhol Licenciatura
Cod Unidade de Registro Categorias
ll17-1 A proposta, feita pela “universidade”, de implantar o Curso de Letras
com habilitação dupla em português e espanhol, na modalidade
Licenciatura, vem suprir a demanda por professores de português e de
espanhol.
cenário
ll17-2 O Curso de Letras em sua Modalidade Licenciatura está sendo
delineado para formar professores para a educação básica, para cursos
preparatórios, professores particulares na área do magistério.
curso
ll17-3
idem
Alinhada à proposta do Governo Federal, de expansão do ensino
superior e melhoria da qualidade do ensino básico, a “universidade”
implantou cinco licenciaturas: Matemática, Física, Química, Ciências
Biológicas e Geografia. Para completar este leque, propõe incluir o
estudo da língua portuguesa, de maneira a preparar o profissional para
trabalhar com este idioma, e da língua espanhola, de acordo com a Lei
No. 11.161, de 5/8/2005, que torna obrigatória a oferta do idioma
espanhol nas escolas de ensino Médio. Para tanto, faz-se necessário
formar profissionais que atenderão a esta demanda.
cenário
ll17-4
idem
Além disso, a implantação deste curso pauta-se no fato de que as
universidades públicas da região não oferecem o curso de Letras, e as
particulares que oferecem Letras não oferecem espanhol.
concorrente
ll28-1
idem
RECURSOS NECESSÁRIOS À AMPLIAÇÃO
Docentes e técnicos ano a ano (2008 a 2012)
estrutura prevista
ll28-2
idem
Rec ursos humanos da “universidade” estrutura prevista
ll29-1 Recursos Materiais
Laboratório Multidisciplinar de Fonética e Editoração, em sala de 75m2,
estrutura prevista
145
idem
climatizada, com revestimento acústico, iluminação anti-reflexo e
entrada de energia/lógica (data/voice), com os itens abaixo.
(relação item, quantidade, preço)
ll29-2 5.9.3 Recursos Bibliográficos
As obras teóricas serão adquiridas, parceladamente, nos semestres
que antecedem sua utilização. Segue um quadro prevendo o
investimento por semestre e a lista das obras cotadas se encontra no
APÊNDICE A. O Projeto de Implantação do Curso de Licenciatura
apresenta o planejamento das obras comuns às duas modalidades. O
Projeto de Implantação do Curso de Bacharelado só contempla as
literaturas técnicas específicas do curso.
estrutura prevista
ll29_3
0
5.9.3.1 Obras Teóricas estrutura prevista
ll30-1 5.9.3.2 Obras Literárias – Literaturas Portuguesa e Brasileira estrutura prevista
146
As obras literárias, tanto de língua portuguesa como de língua
espanhola, incluídas na tomada de preço, são apresentadas no
APÊNDICE A1. O valor das publicações nacionais, em 8/11/2007,
somou R$ 4.121. O valor das obras importadas, em 9/11/2007 (US$
1,750), somou R$ 2.825.
ll33-3
idem
O curso de Letras poderá trazer contribuições para a Educação a
Distância, através da elaboração de material teórico e didático, e
poderá, para isso, contar com as infra-estruturas física e tecnológica, já
existentes no CEAD. A estrutura curricular do Curso de Letras prevê a
oferta de até 20% da carga horária do curso na modalidade à distância.
curso
ll39_4
3
APÊNDICE A – Obras teóricas para o Curso de Letras – Licenciatura e
Bacharelado
Tabela: Disciplina/Ano | Autor | Título/Editora/Edição/etc | Preço
Unitário | Preço Total (3 unidades)
estrutura prevista
ll43_4
4
APÊNDICE A1 – Obras Literárias estrutura prevista
ll45_4
6
ANEXO A – Especificação dos itens a serem adquirido para o
Laboratório de Fonética e Editoração
estrutura prevista
147
APÊNDICE K – Unidades de registro do projeto do curso de Pedagogia –
modalidade a distância
Cod Unidade de Registro Categoriaspe9-1 A implantação de cursos na modalidade a distância na universidade
constituiu uma necessidade e também uma exigência. Certas
circunstâncias demandam determinadas posturas e não se pode recusar
a assumi-las porque se impõem como inevitáveis.
cenário
pe15-2 Os cursos oferecidos visam assegurar a formação para os professores
que estão em exercício e que não possuem formação superior ou que
estejam atuando em área distinta de sua formação inicial ou no caso de
formação pedagógica para os docentes graduados não licenciados.
curso
pe15-3 O curso de Pedagogia a distância visa proporcionar oportunidades de
formação e qualificação de docentes e profissionais da área de educação
por meio de metodologias inovadoras, nos níveis de escolaridade: Séries
Iniciais do Ensino Fundamental e Educação Infantil.
Curso
pe17-1 Os cursos na modalidade a distância vêm auxiliar na democratização do
saber e contribuir com o desenvolvimento social, cultural e tecnológico.
Oferecem possibilidades de qualificação profissional e possibilitam o
acesso à cidadania como direito da pessoa social por apresentarem
flexibilidade pedagógica, aprendizagem individualizada, sem entraves
geográficos e/ou temporais.
modalidade
pe17-2 Esta flexibilidade possibilita à Educação a Distância (EaD) tratar de
maneira individualizada os alunos com ritmos diferentes, pois permite a
cada um desenvolver atividades em seu próprio tempo, exigindo do
estudante uma aprendizagem autônoma baseada nos princípios do
aprender a aprender, construindo caminhos para um saber responsável.
Por outro lado, torna possível a capacitação de muitos profissionais que
em outra estrutura estariam impossibilitados de dar continuidade aos
seus estudos.
modalidade
pe17-3 Os candidatos a um curso por EaD necessitam de autodisciplina, para
dedicar-se aos estudos e motivar-se para o uso da tecnologia que
permite mediar a interatividade entre todos os participantes do processo
pedagógico nas relações: aluno/professor; aluno/aluno; aluno/material.
modalidade
pe17-4 Os dados estatísticos sobre os Professores do Brasil fornecidos pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(INEP, 2003), referentes à qualificação dos profissionais da Educação,
revelam que o número de profissionais com licenciatura nas áreas de
ciências naturais: Química, Biologia e Física é insuficiente para atender
às necessidades atuais do ensino médio, o que torna relevante a
cenário
148
existência de cursos que possam minimizar tal situação.pe17_1
8
Desta forma, o curso de graduação em Pedagogia poderá fornecer aos
estudantes oportunidade de formação, competência e habilidade para
atuar nas séries iniciais do ensino fundamental e na educação infantil.
curso
pe17_1
8a
Dentre os benefícios propostos por este curso, na modalidade a
distância, incluem-se: a) horário flexível, respeitado o prazo limite
estabelecido para o término do curso; b) possibilidade de realização do
curso no próprio município de origem ou próximo a ele; c) atendimento
individualizado; d) material didático básico, elaborado especialmente
para o curso.
modalidade
pe18-3 Os dados do Censo Escolar de 2007 mostram que apesar de termos um
quantitativo alto de professores com formação em nível superior
específica para atuar nos níveis de ensino da educação básica, ainda
temos um contingente considerável de profissionais que estão atuando
sem a formação necessária.
cenário
pe18_1
9
Com relação à pré-escola temos os seguintes números de profissionais
que não apresentam a formação adequada: 5,6% têm nível superior sem
licenciatura e 7,5% cursaram o ensino médio ou o ensino fundamental. E
nas séries iniciais do ensino fundamental na etapa do 1º ao 5º ano temos
ainda a seguinte situação: apenas metade dos professores que atuam
nessa primeira fase tem curso superior em Pedagogia (50,1%). Foram
também identificados 6,3% dos professores com formação superior sem
licenciatura, 5,6% com nível médio e menos de 1% com nível
fundamental.
cenário
pe19-1 Estes dados nos mostram uma realidade que não exige apenas
formação continuada dos profissionais que já estão atuando, mas
também, exige formação inicial. Diante deste quadro a proposta do curso
de Pedagogia a distância da universidade representa uma iniciativa
importante na área de formação de professores, pois possibilitará por
meio das tecnologias da informação que dispomos na educação a
distância disseminar a formação em nível superior de Pedagogia, bem
como, democratizar este nível de ensino que contribuirá para a melhoria
e qualidade da educação oferecida por estes profissionais.
cenário
pe19-2 Assim, o Curso de Pedagogia a distância atenderá as demandas
regionais do PARFOR prioritariamente, bem como demandas sociais
caso não haja o preenchimento total das vagas estando inserido na
promoção do desenvolvimento sustentável da região e na disseminação
dos valores éticos e de cidadania tornando-se mais uma oportunidade de
formação juntamente com o curso de graduação presencial para a região
do sul de Minas.
curso
pe19-4 O Curso de Pedagogia tem a finalidade de preparar profissionais
comprometidos com a formação humana e profissional, capacitados para
curso
149
desenvolver pesquisas e alternativas para a Educação.pe20-1 OBJETIVO GERAL DO CURSO: Formar professores para o exercício da
docência na Educação Infantil, nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
O curso também oferecerá estudos que visem a preparação para atuar
em atividades relacionadas à gestão educacional e pesquisa.
curso
pe21-1 O curso de Pedagogia na modalidade a distância propiciará a formação
de profissionais com conteúdos programáticos dispostos em disciplinas.
A metodologia a ser usada alternará momentos presenciais e atividades
realizadas em ambiente interativo, na Internet, com suporte de material
impresso e CD-ROM.
curso
pe21-1a Além da liberdade de tempo e de lugar, a liberdade de buscar
atendimento, aconselhamento, orientação, sempre que o discente
precisar. As interações, tão necessárias ao processo de aprendizagem,
serão mediadas por tecnologias de informação e comunicação.
modalidade
pe21_2
2
Durante o curso haverá tutores presenciais disponíveis nos pólos e
tutores a distância, para responder aos questionamentos e indagações
através de emails e fóruns online, ocasiões em que ocorrerão interações
entre professor/aluno e aluno/aluno, complementando os encontros
presenciais realizados em sala de aula nos pólos. Tais momentos serão
agendados previamente no cronograma do curso. Os fóruns serão
temáticos e organizados de forma a existir um mediador, que pode ser o
tutor a distância ou um dos professores envolvido no curso. A ferramenta
Correio eletrônico é uma comunicação ―um para um e atende a
requisitos de suporte individual, mas também de ―aproximação e de
motivação.
curso
pe22-1 A ferramenta Fórum deve ser também muito utilizada, cabendo aos
professores a organização dos conteúdos, a difusão de temas para
debate, o estabelecimento dos limites de tempo para que eles ocorram.
É necessário considerar que muitos discentes podem não possuir acesso
à Internet em casa ou no trabalho. Por outro lado, um sistema
desenvolvido via Web viabilizará o trabalho dos tutores e as tarefas de
gestão do projeto. Assim, os discentes poderão utilizar os laboratórios de
informática disponíveis nos pólos que serão equipados com salas de
informática e presença de técnicos, além de um sistema de atendimento
via fax, telefone, correio eletrônico e convencional.
curso
pe22-2 As orientações metodológicas para a produção dos materiais específicos
de cada disciplina serão apresentadas aos professores que construirão
as atividades e conteúdos. Os professores além da criação e
participação de chats e fóruns, também realizarão aulas via
webconferência e/ou teleconferência (Vídeo-aula). Os materiais que
comporão o curso são: 1) O Guia acadêmico do Curso e do Ambiente
Virtual de Aprendizagem; 2) Livro utilizado para apresentar um panorama
curso
150
geral de cada disciplina; 3) Materiais Audiovisuais complementares.pe38-1 Os pólos de apoio presencial deverão funcionar nos horários de 13 às 22
horas de segunda a sexta-feira e aos sábados de 08 as 18 horas.
curso
pe38-2 A descrição da infra-estrutura mínima, do ponto de vista organizacional,
necessária ao curso é:
•Firmamento do convênio formal com a universidade;
•Definição do coordenador do pólo e de seu conselho administrativo;
•Promoção da seleção dos tutores, sob orientação e acompanhamento
da universidade;
•Promoção da seleção de secretário acadêmico e de bibliotecário.
estrutura prevista
pe38-3 Sob o aspecto operacional e físico, deverão ser disponibilizados:
•Uma sala para o coordenador, uma secretaria acadêmica e espaço para
reuniões;
•Uma sala para os tutores presenciais;
•Uma brinquedoteca;
•Uma biblioteca com número de títulos e exemplares suficientes para
atender à demanda dos alunos e também periódicos (que podem ser em
forma eletrônica) na área de Sistemas de Informação;
•Um laboratório de informática com microcomputadores interligados em
rede e com acesso à Internet, com número de máquinas compatível ao
número de vagas oferecidas no pólo;
•Uma ou mais salas de aula para aplicação das provas presenciais e
outras atividades;
•Salas para monitoria e estudos;
•Equipamentos para as atividades: DVD player, projetor multimídia,
câmeras de vídeo (webcams), TV, vídeo, etc.
•Outros recursos: software (em especial com ênfase em software livre)
para os microcomputadores, materiais didáticos para os laboratórios,
impressora, FAX, telefone, etc.
•Banheiros.
estrutura prevista
pe43-1 A estrutura física do CEAD da “universidade”, conta com instalações
para: ambiente recepção; sala da coordenação; sala de reuniões;
laboratório de informática e sala de arquivos e distribuição de material. O
CEAD possui uma secretaria acadêmica com móveis e equipamentos
compatíveis com as demandas do momento. Atualmente, possui 20
computadores com processadores Pentium IV, FAX, uma impressora
laser e uma multifuncional.
estrutura existente
pe43-1a No processo de ampliação de suas atividades precisará de adequações
em seu espaço físico e de seu acervo de móveis e equipamentos,
buscando sempre atender a dinâmica de crescimento e desenvolvimento
tecnológico exigido para a EaD.
estrutura prevista
pe43-2 Diante da proposta pedagógica do Curso de Pedagogia na modalidade a estrutura prevista
151
distância, visualizamos a necessidade de futuras contratações de
Professores e de Técnico-Administrativos para a “universidade”,
capacitações específicas em EaD para a implementação desta proposta
e investimentos na estrutura física e humana de seu CEAD.pe43-4 O curso de Pedagogia a distância da “universidade” visa oferecer uma
formação integral aos estudantes do curso a partir de uma perspectiva
que compreende a docência como o eixo dessa formação, bem como as
demais atividades que esse futuro profissional poderá desenvolver
relacionadas aos aspectos da gestão e também da atuação em espaços
não-formais.
curso
pe43_4
4
As perspectivas de inserção desse curso na região sul de minas irá
contribuir com a formação principalmente dos nossos professores que
ainda atuam sem ter a formação específica em Pedagogia que lhes
fornecerá um cabedal de conhecimentos de base e também que
complementará sua atuação, bem como, será a formação inicial para
aqueles estudantes que estão buscando seu primeiro curso de
graduação e que ainda não estão nas salas de 44 aulas e que fazem
parte da demanda social também atendida pela oferta do curso.
curso
152
APÊNDICE L – Unidades de registro do projeto do curso de Química Licenciatura –
modalidade a distância
Cod Unidade de Registro Categoria
qe17_
18
A proposta da parceria visa: 1. Realizar cursos de nível superior a
distância que ofereçam ao aluno autonomia de estudo e construção de
conhecimento crítico e independente, utilizando-se da experiência
educativa das Universidades envolvidas. 2. Promover a articulação
entre as Universidades e outras instituições para desenvolver projetos
em parceria.
intercâmbio
qe38-
1
Segundo o Plano Nacional de Educação (PNE) vigente, o sistema de
ensino superior deve contar com a diversificação de instituições de
ensino que atendam a demanda existente contribuindo para o
desenvolvimento do País e reduzindo os desequilíbrios regionais. A
estratégia de acessibilidade a demanda existente pode ser efetuada por
meio da Educação a Distância (EAD). Esta alternativa de formação
regular foi introduzida no sistema educacional brasileiro por meio da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação, a Lei nº 9.394/1996.
cenário
qe40-
3
Analisando dados de vestibular ofertados na “universidade” a partir de
2000 (dados da Copeve), e avaliando número de candidatos por vaga
de forma gerais pode-se constatar a médica de 20,69 candidatos por
cada vaga ofertada nesta instituição federal. Considerando a demanda
reprimida da região, já que esta universidade, como qualquer outra
instituição federal possui alunos de toda parte do território nacional, a
região sul e sudeste mineira não tem todos seus cidadãos atendidos
para a realização do curso de nível superior.
cenário
qe40-
4
Assim podemos caracterizar uma população, categorizada por
demanda reprimida, para ser atendida por estes cursos na modalidade
a Distância, além de candidatos que concluem o Ensino Médico e que
não possuem condições financeiras para se deslocar para os centros
que oferecem cursos de nível superior gratuito ou que, financeiramente,
não podem buscar o setor privado para realizar a sequência dos
estudos.
cenário
qe40_
41
O ensino a distância busca viabilizar a formação de pessoas que por
vários motivos vêm sendo excluídas do processo educacional
principalmente atendendo às questões de localização ou de
indisponibilidade de tempo nos horários tradicionais de aula. A demanda
hipotética de professores para o Ensino Médico é de quase 354 mil
cenário
153
docentes, sendo que muitos daqueles que hoje estão em sala de aula,
não possuem habilitação para exercer tal atividade.
qe45-
2
Será indispensável que a “universidade” estabeleça a contratação de
professores para completar o quadro de docentes necessários ao
andamento do curso. Considerando a expansão por que passa a
“universidade” no atual momento, a equipe de elaboração deste projeto
entende ser possível sanar esta necessidade com a liberação de novas
vagas para a Instituição prometidas pelo MEC.
estrutura prevista
qe50_
51
Diante da proposta pedagógica do Curso de Química – Licenciatura
modalidade a distância, visualizamos a necessidade de futuras
contratações de professores e de técnicos administrativos para a
“universidade”, capacitações específicas em EAD para a
implementação desta proposta e investimentos na estrutura física e
humana do CEAD.
estrutura prevista
qe51-
2
Apontamos ainda a necessidade de aquisição de automóvel para
transporte da equipe de EAD da universidade entre os pólos, a
contratação de motorista para as atividades presenciais nos pólos. De
acordo com a proposta, necessitaremos de recursos financeiros
provenientes dos municípios para a realização das Atividades
Acadêmico-científico-culturias a cada término de ano levito.
estrutura prevista
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