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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO DE CIÊNCIAS: UMA ABORDAGEM A PARTIR DO MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO

G ism eire H am ann A ndrade 1

A na Lúcia C risóstim o

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ABSTRACT: Th is s tudy is the resu lt of a qua lita tive research in m oda lity o f research-action deve loped during the years 2007 and 2008 w ith in the P rogram o f Educa tiona l D eve lopm ent – ED P, the G overnm ent o f the S ta te o f Parana . Its ob jective is to d iscuss abou t the pedagog ica l p ractice in Environm enta l Educa tion adop ted by Science teachers o f the s ta te ne tw ork o f the m un ic ipa lity o f C andó i/PR , in the years 2006 and 2007 . AN D a lso propose a m ethodo logy o f the w ork in th is issue under a focus and d ia lectica l m a te ria lis t h is to rica l p rov id ing a llow ance and con tribu ting to the deve lopm ent o f an env ironm enta l educa tion aga inst-hegem on ic , critica l and m anufactu ring to coun te r cu rren ts idea lis tic d iffe ring soc ia l issues, and tha t w ou ld lead to understand ing the rea lity in its en tire ty and con trad ic tions. Ev idenced-that the searched teachers have a pedagog ica l concep tion in fluenced by C artes ian ra tiona lism and /o r the na tu ra lism , resu lting in m ethodo log ica l re fe rra ls based on loca l practices, o ften na ïve , em pty, decon textua lized , iso la ted from a ll and con trad ic tions in B raz il and in the w orld , the re fo re , idea lis tic . w e ll-understood tha t

RESUMO. Este estudo é resu ltado de um a pesqu isa qua lita tiva na m oda lidade de pesqu isa -ação desenvo lv ida duran te os anos de 2007 e 2008 den tro do P rogram a de D esenvo lv im ento Educaciona l – PD E, do G overno do Estado do Paraná. Seu ob je tivo é d iscu tir sobre a prá tica pedagóg ica em Educação Am b ien ta l ado tada pe los p ro fessores de C iênc ias da rede estadua l do m un ic íp io de C andó i/PR , nos anos de 2006 e 2007 . E tam bém propor um a m etodo log ia de traba lho nesta tem ática sob um en foque m ate ria lis ta h is tó rico e d ia lé tico , fornecendo subsíd io e con tribu indo com o desenvo lv im en to de um a educação am b ien ta l con tra-hegem ôn ica , crítica e transform adora que se con traponha às co rren tes idea lis tas d is tanc iadas das questões soc ia is , e que leve ao en tend im ento da rea lidade em sua to ta lidade e con trad ições. Ev idenciou-se que os pro fessores pesqu isados possuem um a concepção pedagóg ica in fluenciada pe lo rac iona lism o ca rtes iano e /ou pe lo na tu ra lism o, resu ltando em encam inham entos m etodo lóg icos baseados em p ráticas loca is , m u itas vezes ingênuas, vaz ias, descon textua lizadas, iso ladas da to ta lidade e das con trad ições ex is ten tes no B ras il e no m undo , po rtan to , idea lis tas. Ass im percebeu-se que a inda ex is tem m u itos desa fios a se rem superados não só na d isc ip lina de C iênc ias, m as na educação , pa ra que a esco la possa cum prir e fe tivam ente com o seu pape l soc ia l: a em ancipação hum ana a través da apropriação do con teúdo c ien tífico h is to ricam ente produzido pe la hum an idade . D esa fios estes que só se rão so luc ionados a través da fundam entação teórica c ien tífica consis ten te dos p ro fessores; que sem dúvida a lgum a se in ic ia pe la consc iênc ia de c lasse e pe la lu ta po r um a transfo rm ação soc ia l que cu lm ine num novo m odo de produção .

Palavras-chave: Educação am b ienta l; Educação am b ien ta l crítica ; Educação am b ien ta l transfo rm adora .

1 P ro fessora da R ede Estadua l do Paraná desde 1996. G raduada em C iênc ias, L icencia tura de 1o G rau, com hab ilitação P lena em B io log ia e Especia lis ta em B io log ia G era l pe la U NIC EN TR O . 2 P ro fessora D outora do D epartam ento de C iênc ias B io lóg icas da U N IC EN TR O - C am pus de G uarapuava

2 the re a re still m any cha llenges to be overcom e no t on ly in the d isc ip line o f Sc iences, bu t in educa tion , so tha t the schoo l can fu lfill e ffective ly w ith its soc ia l ro le: hum an em ancipa tion th rough the ow nersh ip o f the sc ien tific con ten t h is to rica lly p roduced by hum an ity . T hese cha llenges w ill on ly be so lved th rough theore tica l sc ien tific consis ten t o f teachers; tha t certa in ly beg ins by the aw areness o f c lass and the s trugg le fo r a soc ia l transfo rm ation w h ich cu lm ina te in a new m ethod o f p roduction . Key-words: env ironm enta l educa tion ; env ironm enta l educa tion critic ism ; env ironm enta l educa tion m anu factu ring .

INTRODUÇÃO

Este estudo é resu ltado de um a pesqu isa qua lita tiva na m oda lidade de pesqu isa -ação desenvo lv ida duran te os anos de 2007 e 2008 den tro do P rogram a de D esenvo lv im ento Educaciona l – PD E, do G overno do Estado do Paraná. Seu ob je tivo é d iscu tir sobre a p rá tica pedagóg ica em Educação Am b ien ta l desenvo lv ida pe los p ro fessores de C iênc ias da R ede Estadua l do M un ic íp io de C andó i/PR , nos anos de 2006 e 2007 e propor um a m etodo log ia de traba lho nesta tem ática sob um en foque m ateria lis ta h is tórico e d ia lé tico .

É nesta pe rspectiva que nos propusem os duran te este estudo a : apro fundar pesqu isas sobre as concepções e tendências a tua is de Educação Am b ien ta l na lite ra tu ra; ve rificar qua is as concepções que os p ro fessores de C iênc ias possuem sobre hom em , na tureza , C iênc ia , tecno log ia , traba lho ; exp lic ita r os conce itos de hom em , na tu reza , tecno log ia , C iênc ia , traba lho com um en foque m ateria lis ta h is tó rico e d ia lé tico ; fazer o levan tam ento e a aná lise de docum entos que re tra tem as a tiv idades e dos p ro je tos desenvo lv idos pe los p ro fessores de C iênc ias, da R ede Estadua l, no m un ic íp io de C andó i, em Educação Am b ien ta l, nos anos le tivos de 2006 e 2007 ; p ropor um a re flexão co le tiva sobre as m udanças necessárias para um a abordagem dos p rob lem as am b ien ta is que eng lobe rea lm en te a to ta lidade , exp lic itando os conce itos de hom em , práx is , na tu reza e ev idenciando as con trad ições ex is ten tes; e laborar um C D-R O M com um a proposta m etodo lóg ica de Educação Am b ienta l para a d isc ip lina de C iênc ias baseada no m ate ria lism o h is tórico e d ia lé tico ; e traba lha r com o grupo de pro fessores de C iênc ias da R ede Estadua l do m un ic íp io de C andó i, v isando à superação da v isão fragm entada e vaz ia , com um novo o lhar para a C iênc ia e a Educação Am b ien ta l. É oportuno aqu i con textua lizarm os a nossa rea lidade loca l, um a vez que toda a aná lise fe ita neste estudo parte de nossa p rá tica soc ia l.

O m un ic íp io de C andó i fo i insta lado em 1993 , sendo desm em brado do m un ic íp io de G uarapuava , loca lizando-se na m icro-reg ião C en tro -Su l do Paraná e

3 m eso-reg ião C andó i. Está a 950 m de a ltitude e d is tan te 287 Km de C uritiba . F az parte da Associação dos M un ic íp ios da C antuqu iriguaçú , que reúne 21 m un ic íp ios en tre G uarapuava e C ascave l. Possu i 1 .513 Km 2 de á rea c ircuncidadas por us inas h id re lé tricas. A a tiv idade econôm ica princ ipa l é a ag ricu ltu ra e a extração de m ade ira . E apesar da idé ia d ifund ida no Estado em v irtude da F esta N aciona l do C harque , de que e le é um m un ic íp io rico e em desenvo lv im en to, têm -se aqu i m u itos p rob lem as soc ia is e am b ien ta is (ass im com o em todo o B ras il e no m undo), den tre e les fa lta de em prego e m orad ia , m á d is tribu ição de renda e da te rra e a m ise rab ilidade , o que está re fle tido no ID H (Índ ice de D esenvo lv im en to H um ano) de 0 ,711 , segundo o A tlas de D esenvo lv im en to H um ano – PN D U 2000 ; o que garan te a co locação de 297º lugar en tre os m un ic íp ios pa ranaenses e o 2 .795º lugar en tre os m un ic íp ios bras ile iros.

A popu lação , segundo o senso de 2000, é de 14 .185 hab itantes, sendo que a m a io ria de la v ive no cam po, se ja em terrenos p róprios, ou em assen tam entos e acam pam entos ou , a inda , nas fazendas nas qua is traba lham . Percebe-se , a inda , que ocorre a fa lta de iden tidade própria dos su je itos do cam po bem com o a desva lo rização do cam po e a superva lo rização da c idade , acarre tando em êxodo ru ra l e inchaço das fave las que su rg iram , nos ú ltim os anos, decorren tes da venda ou troca de lo tes em assentam entos dev ido às m ás cond ições de v ida e traba lho , ag ravadas pe lo fa lho s is tem a b ras ile iro de re fo rm a agrá ria. O u pe lo fato de que vá rios pequenos proprie tá rios se desfizeram de suas terras pa ra sa lda r dív idas; ou pe los p rob lem as que en fren tam no cam po devido à prá tica do m ode lo de agricu ltu ra cap ita lis ta , que só func iona para os la tifúnd ios e a inda ass im causando vá rios im pactos soc ia is e am b ien ta is . O u, a inda , in fluenciados pe las fa lsas idé ias que lhes fo ram incutidas pe la ideo log ia da c lasse dom inan te e do m odo cap ita lis ta de p rodução .

Em C andó i ex is tem c inco esco las estadua is de Ensino F undam enta l onde qua tro de las possuem tam bém Ensino M éd io . Segundo dados postados no SEED , Porta l Educaciona l da SEED /PR a rede estadua l de ens ino possu i 87 pro fessores que a tuando no ano le tivo de 2008 , dos qua is onze de les são da á rea de C iênc ias. O C o lég io Estadua l San ta C la ra é o m a io r co lég io e ne le a tuam se te dos p ro fessores de C iênc ias da rede estadua l. N este estabe lec im ento ex is tem 1 .223 a lunos m atricu lados em 2008 , que correspondem a 53 ,9% dos a lunos m atricu lados na rede estadua l do m un ic íp io . Em grande parte , os a lunos são do C am po e m u itos m oram na c idade ou possuem pequenos te rrenos ou a inda , seus pa is traba lham em fazendas.

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N otam os, de m odo gera l, um a fa lta de in te resse dos a lunos em re lação às a tiv idades esco la res, o que pode ter adv indo da fa lta de perspectivas de fu turo em decorrênc ia de v iverem o m om ento , ou a inda da desarticu lação cu rricu la r com a rea lidade em que v ivem . Em ou tras pa lavras a esco la não re flete o m odo com o os a lunos e suas fam ílias p roduzem a sua própria ex is tênc ia . Adem a is, ana lisando os háb itos de m u itos a lunos, pe rcebe-se que , com o a m a io ria das pessoas nesta soc iedade cap ita lis ta com suas a tua is reg ras de m ercado, faz esco lhas in fluenciadas e subord inadas “aos ape los pub lic itários e ido la tria do consum o” sem questionar e te r “a rgum entos para pos ic ionar-se e tom ar dec isões p róprias, de fo rm a consc ien te ” (PAR AN Á, 2006 , p . 26 ).

N o que d iz respe ito a inda às cond ições am b ien ta is ev idenciam os que por m a is que se jam desenvo lv idos pro je tos ou traba lhados tem as na esco la não se vê re flexo na prá tica dos a lunos. Pe lo que observam os desde o estado de conservação do am b ien te fís ico esco la r a té ou tras ações do co tid iano dos a lunos e de suas fam ílias. O que dem onstra que a lgo na prá tica pedagóg ica p rec isa se r m udado para que rea lm en te ha ja um a transfo rm ação da rea lidade posta .

Crise ambiental ou crise do capitalismo?

A d iscussão sobre a questão am b ien ta l não é recen te . D IAS (1994 , p . 20 ) nos lem bra que já em 1949 a rtigos de A ldo Leopo ldo “cham avam a a tenção para a necess idade de um a é tica de uso dos recursos da terra ”. E em 1962 , R ache l C arson “lançava seu liv ro P rim avera S ilenc iosa que se to rnaria um c láss ico do m ovim ento am b ien ta lis ta m und ia l com grande repercussão” (Id.)

Percebe-se que “a questão am b ien ta l cada vez m a is vem ganhando destaque na p reocupação m und ia l, p rinc ipa lm en te em to rno da percepção de um a crise am b ien ta l instau rada que extrapo la as fron te iras geopo líticas a ting indo todo o p lane ta ” (AN SELO N I e ALB ER T O , 2006 , p. 144). M esm o ass im a inda não se chegou a um consenso nos debates sobre este tem a, is to po rque ex is tem “d ife ren tes en tend im entos sobre o ‘am b ien ta l”, e "d ife rentes com preensões sobre as causas da crise e m ode los de ação para o en frentam ento desta ”; e que “esse debate é tam bém perm eado por d iferen tes in te resses e pos ic ionam entos po líticos (Id.).

Ana lisando-se a h is tó ria, pe rcebe-se que a ra iz de todos os p rob lem as am b ien ta is está na separação do hom em e da na tu reza , o que o levou a incorpora r a idé ia de “dom iná-la ”, com o se e le m esm o não pertencesse a esta na tu reza. Este

5 pensam ento o rig inou-se com R ené D escartes e vem a té os nossos d ias. Segundo G O N Ç ALVES (2005), pode-se perceber do is aspectos p rinc ipa is da filoso fia ca rtes iana que m arcam a m odern idade :

1º) o caráter pragm ático que o conhecim ento adquire ... D essa form a, o conhecim ento cartes iano vê a natureza com o um recurso, ou se ja , com o (...) um m eio para se ating ir um fim ; e , 2º) o antropocentrism o, is to é , o hom em passa a ser v is to com o o centro do m undo; o su je ito em oposição ao ob je to , à natureza. (G O N Ç A LV ES , 2005. p . 33)

Este au to r a inda destaca que “a idé ia de um a na tu reza ob je tiva e exte rio r

ao hom em , o que p ressupões um a idé ia de hom em -não na tura l e fo ra da na tu reza , cris ta liza -se com a c iv ilização industria l inaugurada pe lo cap ita lism o” (Ibid, p . 34 ). D esse m odo pode-se supor, en tão , que a grave crise am b ien ta l v iv ida é fru to do a tua l s is tem a de p rodução ado tado , ge rador não só prob lem as am b ien ta is , com o tam bém graves prob lem as soc ia is , den tre os qua is a des igua ldade , que, segundo BEC K (Apud L IM A , 2005 p . 125) é o p rob lem a “am b ien ta l” m a is im portan te do p lane ta e tam bém o m a io r p rob lem a no rum o do desenvo lv im en to .

T ozzon i-R e is (2004 , p . 32 ) susten ta que a o rigem da crise am b ien ta l está associada “a fa tores po líticos e econôm icos, com o o m ode lo cap ita lis ta , seu m odo de p rodução , a construção de necess idades a rtific ia is e exp lo ração desm ed ida dos recursos na tura is pa ra sa tis fazê-las, o estím u lo ao consum o, a busca do lucro e a subm issão púb lica aos in te resses p rivados”. E a inda que “qua lquer ten ta tiva de superação da crise am b ien ta l deva conside ra r a com preensão de seus de te rm inan tes h is tóricos, ou se ja , só tem sen tido na superação da exp lo ração do hom em sobre o hom em pe lo traba lho , num a perspectiva de construção de um a nova soc iedade” (T O Z ZO N I-R E IS Apud AN SELO N I e ALBER T O , 2006 p. 152).

Bo ld rin i m u ito bem esc la rece que “não é o hom em com o ser genérico que está to rnando insusten táve l a v ida soc ia l e am b ien ta l no p lane ta , m as o m odo de p rodução cap ita lis ta ”. E , neste sen tido, e le en fa tiza a em inen te transfo rm ação deste m odo de p rodução “pa ra que a na tu reza tam bém se ja transfo rm ada sem que hom em e na tu reza co rram o risco de extinção com o denuncia o pensam ento am b ien ta lis ta ” (BO LD R IN I, 2002 p . 10 ). Is to se deve ao fa to de que “na soc iedade cap ita lis ta o va lo r de uso das m ercadorias se expressa pe lo va lo r de troca”, sendo a na tu reza va lo rizada apenas se puder ser trocada por ou tra m ercadoria , de p re fe rênc ia , o d inhe iro. Ass im a consc iênc ia dos hom ens está m ed iada pe la fo rm a m ercadoria /d inhe iro e não pe la ideo log ia de p reservação , conservação, respe ito à na tu reza, desenvo lv im en to susten táve l às futu ras gerações e eco log ia . O re ferido au to r tam bém m enciona que a “p rodução cap ita lis ta criou as cond ições m ate ria is da ex is tênc ia hum ana em sociedade no seu estág io m a is avançado” e é e la tam bém

6 que “am eaça destru í-las, caso as re lações de p rodução não se jam revo luc ionadas pe las fo rças produ tivas que se desenvo lve ram em m e io às con trad ições deste m odo de p rodução” (Id.).

O s is tem a cap ita lis ta de p rodução criou um a soc iedade descartáve l, onde os bens p roduzidos não servem para suprir as necess idades hum anas de subsis tênc ia , m as têm a u tilidade de fin ida no dom ín io do va lo r de troca (M ESZ ÁR O S, 1989). Ass im v ivem os num cenário de “co is ificação de tudo e de todos, da bana lização da v ida , de ind iv idua lism o exacerbado e de d ico tom ização do hum ano com o ser des locado da na tu reza” (LO U R EIR O , 2006 , p . 94 ). O nde a “va lo rização do m undo das co isas, aum enta em p roporção d ire ta a desva lorização do m undo dos hom ens” (Id .). Sob este aspecto ass im com o o traba lho p roduz m ercadoria e se transform a o p róprio traba lho e o traba lhador em m ercadoria (M AR X, 2002 , p .111).

C oncordam os com vários au tores estudados, e re ferenc iados neste estudo , ao a firm arem que qua lquer fo rm a de cap ita lism o é soc ia lm en te e am b ien ta lm en te . C om o ressa lta D uarte , “a g rande con trad ição do esp írito de p rodução cap ita lis ta , o rien tada para lucros im ed iatos, estaria na v io lação das cond ições de susten tab ilidade im postas pe la na tu reza”, po rtan to , pre jud ica o “in tercâm b io m ateria l en tre o hom em e a te rra ” e acaba “com as o rigens da p rópria p rodução cap ita lis ta : a te rra e o hom em traba lhador” (D U AR T E, 1986 , p . 85).

Sorren tino cham a a a tenção para a ex is tência de duas g randes corren tes no cam po do desenvo lv im en to susten táve l, am bas vo ltadas para a fina lidade de p roposições de so luções que “coadunem com a necess idade de p reservação da b iod ive rs idade , conservação dos recursos na tu ra is , desenvo lv im en to loca l e d im inu ição das des igua ldades soc ia is” (SO R R EN T IN O , 2005 , p . 19 ). Porém um a de las “po r m e io de novas tecno log ias; po líticas com pensató rias, tra tados in te rnac iona is de cooperação e de com prom issos m u ltila tera is , estím u lo ao eco tu rism o, certificação ve rde de m ercados a lte rna tivos, en tre ou tros”; e a ou tra tendência “po r in te rm éd io da inc lusão soc ia l” (Id.). O m esm o au to r, ana lisando m a is p ro fundam ente estas duas tendências, expõe que a p rim e ira de las é fragm entada “quan to à pe rcepção do con jun to de fa tores que levam aos im passes que v ivem os e lim ita -se a p ropor so luções den tro da lóg ica de m ercado”. Enquan to a segunda “p re tende um a com preensão da to ta lidade das causas da não-susten tab ilidade e da crise c iv iliza tó ria , m as lim ita -se à fo rm u lação de propostas reg iona is , po is a ex igência de partic ipação de todos, a to rna pequena e não a rtesana l. E le tam bém v is lum bra que se “dese jam os a construção de soc iedades susten táve is que

7 bene fic iem a todos os hab itan tes e e lem entos com os qua is com partilham os este p lane ta , prec isam os supera r as lim itações dessas duas tendências, o que ex ige po líticas púb licas vo ltadas para a inc lusão e a pa rtic ipação” (Ibid., p . 19 ).

A partir desta ú ltim a co locação en tão é necessário esc larecer que a idé ia de susten tab ilidade que conside ram os é a m esm a p roposta po r R U SC H EIN SK Y (2003 , p . 1): “um senso pro fundam ente é tico , de igua ldade e justiça soc ia l, de p reservação da d ive rs idade cu ltu ra l, de au tode te rm inação das com un idades e de in teg ridade eco lóg ica .” D essa fo rm a com o o au to r m esm o sa lien ta “a nossa questão fundam enta l não é m a is v iver m e lhor am anhã , m as v ive r de m odo d ife ren te ho je , aqu i e agora e , para que isso acon teça , exige p ro fundas m udanças na fo rm a de pensar, v iver, produzir e consum ir” (Id.).

O papel da Educação Ambiental (E. A.)

D IAS (1994 , p . 21 ) lem bra que na C on fe rência de Estoco lm o (Suécia) -

cons ide rada um m arco h is tó rico po lítico in te rnac iona l pa ra o surg im ento de po líticas de gerenciam ento am b ien ta l - o desenvo lv im en to da Educação Am b ien ta l fo i reconhecido “com o e lem ento crítico pa ra o com bate à crise am b ien ta l no m undo”, e en fa tizou-se “a u rgência da necess idade do hom em reordenar suas p rio ridades” (Ibid., p . 22 ). E tam bém expõe que na C on fe rência de T b ilis i, (G eorgea) fo i p roduzida a D eclaração sobre a Educação Am b ien ta l (docum ento técn ico que apresen tava as fina lidades, ob je tivos, p rincíp ios o rien tadores e estra tég ias para o desenvo lv im en to da E . A .) (Id.). D esde então a E . A . vem sendo m u ito d iscu tida e ap resen tada sob d ive rsas concepções.

T odos os au to res a tua is que d iscu tem a Educação Am b ien ta l, apesar de suas abordagens e concepções d ife renc iadas, apon tam para um pon to com um : a insusten tab ilidade do a tua l m ode lo de p rodução . M esm o aque les que de fendem um m ode lo cap ita lis ta de p rodução concordam em do is pon tos: reconhecem os g raves p rob lem as am b ien ta is causados por este m ode lo , e ev idenciam a insusten tab ilidade do m ode lo cap ita lis ta a tua l. É o que en fa tiza C APR A (2005 , p . 155) quando d iz p rim e iro que “o cap ita lism o g loba l fez aum enta r a pobreza e a des igua ldade soc ia l não só a través da transfo rm ação das re lações en tre o cap ita l e o traba lho , m as tam bém pe lo p rocesso de ‘exc lusão soc ia l’”. E segundo que “a lém de sua instab ilidade econôm ica , a form a a tua l do cap ita lism o g loba l é insusten táve l dos pon tos de v is ta eco lóg ico e soc ia l, e por isso não é v iáve l a longo p razo” (Ibid., p . 167).

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A Agenda 21 (D ocum ento e laborado durante a C on fe rênc ia das N ações U n idas para o M e io Am b ien te e o Desenvo lvim en to (Eco92), em junho de 1992 , no R io de Jane iro ) traz a Educação Am b ien ta l com o o p rinc ipa l instrum ento para a transform ação do a tua l m ode lo de desenvo lv im en to , bem com o para a construção do desenvo lv im en to susten táve l. Bo ldrin i, po rém , ana lisou a concepção de desenvo lv im en to susten táve l que v igo ra en tre nós e está p resen te neste docum ento , e pe rcebeu que esta conside ra o esgo tam ento dos recursos na tura is não renováve is com o a p rinc ipa l causa da insusten tabilidade , sendo este decorren te da superpopu lação e do superconsum o. Porém e le en fa tiza nesta aná lise que “em nenhum m om ento esta concepção critica a superpopu lação e o superconsum o com base na superp rodução”. Segundo e le isso não ocorre “porque este pensam ento não m ergu lha nas ra ízes dos p rob lem as do superconsum o e da superpopu lação” pe lo fa to de que em “toda p rodução teórica da concepção de desenvo lv im en to susten táve l não há qua lquer crítica à propriedade p rivada dos instrum entos do traba lho e à superprodução de m ercadorias” (BO LD R IN I, 2002 , p . 9 ).

N um a aná lise das correntes de E . A . d ifund idas, Sorren tino (1995) iden tifica as p rinc ipa is co rren tes p resen tes a tua lm en te . A conservac ion is ta, o rgan izada em to rno da p reocupação de p reserva r os recursos na tura is in tocados, p ro tegendo a flora e a fauna do con ta to hum ano e da degradação . A educação ao ar liv re , que incen tiva e de fende cam inhadas eco lóg icas, o eco tu rism o e o au to -conhecim ento em con ta to com a na tureza . A gestão am b ien ta l, de grande in te resse po lítico , pa rtic ipa de m ovim entos soc ia is , da de fesa dos recursos na tu ra is e da partic ipação das popu lações na reso lução de seus p rob lem as. São críticos do s is tem a cap ita lis ta e do ca ráte r p reda tó rio de sua lóg ica . E a econom ia eco lóg ica , insp irada no conce ito de ecodesenvo lv im en to , usada com o m ode lo teó rico -m etodo lóg ico por d iversos o rgan ism os e bancos in ternac iona is , tam bém d ive rsos o rgan izações não-governam enta is (O N G s) e associações am b ienta lis tas tam bém são adep tas desta idé ia .

BR U G G ER (1994 Apud L IM A 1999 , p. 8 ) tam bém reconhece a g rande d ive rs ificação das abordagens em educação am b ien ta l, porém pe lo fa to de com o o conhecim ento está organ izado na soc iedade , as ag rupa em apenas duas U m a que ressa lta os fa to res h is tóricos e soc ia is e suprim e os aspectos técn icos e na tu ra is da questão am b ien ta l. Esta segundo a au to ra é p rópria das c iênc ias hum anas. E a ou tra que en foca e fe tivam ente aspectos técn icos e na tu ra is dos p rob lem as am b ien ta is . Esta ú ltim a na v isão da au tora p reva lece sobre a p rim e ira , dev ido “à h is tó rica fragm entação do saber, que d iv ide as c iênc ias soc ia is e na tu ra is e à

9 d im ensão instrum enta l do conhecim ento instituc iona lizado pe la soc iedade industria l” (Id.)

C AR VALH O (1995 , p . 60 ) ana lisa as p ropostas de educação Am b ien ta l p ra ticadas no B ras il sa lien tando as concepções pedagóg icas, filosó ficas e po líticas de cada um a. A au tora ve rifica que o d iscu rso e a p rá tica do tados p redom inan tem ente em nosso pa ís são conservac ion is tas, ind iv idua lis tas e com portam enta lis tas. E en fa tiza que o p rinc ipa l p rob lem a dessas concepções é reduzirem a questão am b ien ta l a um a questão exc lus iva de “susten tab ilidade fís ica /b io lóg ica e de gestão dos recursos na tu ra is”, negando a susten tab ilidade po lítica de ta is recursos (Id). D essa fo rm a estas propostas a lm e jam reverter os p rocessos de degradação apenas a través da m udança de com portam entos ind iv idua is que re forcem a conservação do am b ien te .

L im a (1999) faz duas consta tações s ign ifica tivas e a rticu ladas que estão p resen tes nas propostas ana lisadas com re lação à educação e a questão am b ien ta l. P rim e iram ente um a v isão un ilate ra l e fragm entada do p rob lem a, separando a rea lidade e exp lic itando-a som ente a pa rtir de um a de suas partes, gerando exp licações d ico tôm icas que separam “a exp licação técn ica / da exp licação po lítica ; a v isão eco lóg ica /da v isão soc ia l; a abordagem com portam enta l/da abordagem po lítico - co le tiv is ta ; a percepção dos e fe itos/da percepção das causas, en tre ou tras d ico tom ias possíve is” (L IM A , 1999 , p . 10 ). E depo is que “essa exp licação d ico tôm ica e fragm entada da rea lidade favorece um a com preensão despo litizada, a lienada e redu tora do p rob lem a” um a vez que esconde “seus m otivos po líticos e a inev itáve l conexão de suas m ú ltip las d im ensões” (Id.).

En fa tizam os a Educação Am b ien ta l transfo rm adora , su rg ida a partir de um a concepção de educação s is tem atizada duran te a década de 1970 , orig iná ria da Pedagog ia H is tórico -C rítica e da Pedagog ia L ibe rtá ria (LIM A , 1999 , p. 24) na qua l pe rcebe-se um a g rande aprox im ação da concepção de Educação Am b ien ta l que aqu i se p ropõe, ca racterizada com o dem ocrá tica, pa rtic ipa tiva, crítica , transform adora , d ia lóg ica m u ltid im ensiona l e é tica (Ibid., p . 13).

T am bém cham ada de em ancipa tó ria , crítica, popu lar ou a inda educação soc ioam b ien ta l, tem com o base para pensar e transform ar o m undo o m étodo d ia lé tico m arx is ta , acred itando que este m étodo "se co loca com o um a oposição a qua lquer form a de idea lism o que priv ileg ia o p lano das idé ias e a qua lquer teoria que separa a m até ria do pensam ento". (Ibid., p . 108). É um a p roposta que vem ao encon tro a um a nova perspectiva de soc iedade (LO U R EIR O , 2006 , p . 88 ), po is conside ra que para a crise am b ien ta l v iv ida ho je não há so luções com patíve is “en tre

10 o am b ien ta lism o e o cap ita lism o ou a lterna tivas m ora lis tas que des locam o com portam enta l do h is tórico -cu ltura l e do m odo com o a soc iedade está estru tu rada ” (Ibid., p . 94 ).

A Educação Am b ien ta l crítica "insp ira-se no d iá logo , no exercíc io da c idadan ia , no fo rta lec im en to dos su je itos, na superação das fo rm as de dom inação cap ita lis ta e na com preensão do m undo em sua com p lex idade e da v ida em sua to ta lidade" (Ibid., p . 90 ). Possu i "um con teúdo em ancipa tó rio , em que a d ia lé tica en tre fo rm a e con teúdo se rea liza de ta l m ane ira que as a lterações da a tiv idade hum ana, v incu ladas ao fazer educa tivo , im p liquem m udanças ind iv idua is e co le tivas, loca is e g loba is , estrutu ra is e con juntu ra is , econôm icas e cu ltura is" (Id.). Sob este pon to de v is ta , a educação é en tend ida com o "p ráx is soc ia l que con tribu i pa ra a construção de um a nova soc iedade" pau tada num novo m ode lo c iv ilizac iona l onde a "susten tab ilidade da v ida, a a tuação po lítica consc ien te e a construção de um a é tica que se firm e com o eco lóg ica se ja o seu ce rne" (Id.). C om o a firm a L IM A (1999 , p .13) "um a educação crítica d irig ida ao am b ien te, que v isa com bater o com portam ento m ecân ico , im ita tivo e dependen te ".

LO U R EIR O (2000 , p . 69 ) conce itua a E . A . com o “um a p ráx is educa tiva e soc ia l que tem por fina lidade a construção de va lo res, conce itos, hab ilidades e a titudes que poss ib ilitem o en tend im ento da rea lidade de v ida e a a tuação lúc ida e responsáve l de a tores soc ia is ind iv idua is e co le tivos no am b ien te ”. O m esm o au to r ressa lta que e la é um “e lem ento inse rido num con texto m a io r, que p roduz e reproduz as re lações da soc iedade as qua is , pa ra se rem transfo rm adas, dependem de um a educação crítica e de um a série de ou tras m od ificações nos p lanos po lítico , soc ia l, econôm ico e cu ltu ra l” (Ibid., p . 92 ). E le a inda concebe a E . A . com o “um todo d inâm ico” que “con tribu i pa ra a ten ta tiva de im p lem entação de um p lano c iv ilizac iona l e soc ie tá rio d is tin to do v igente” fundam entado num a “nova é tica da re lação soc iedade-na tu reza”; e é o e lem ento estra tég ico na fo rm ação da am p la consc iênc ia crítica das re lações soc ia is e de p rodução que s ituam a inse rção hum ana na na tureza . C onsciênc ia esta que, segundo o au to r, im p lica no m ovim ento d ia lé tico en tre o desve lam ento crítico da realidade e a ação soc ia l transfo rm adora (Ibid., p . 69 ).

A partir dessa concepção a p rá tica pedagóg ica em E . A . deve esta r com prom etida “com as lu tas soc ia is e popu la res” e “saber re lac ionar os e lem entos sóc io -h is tó ricos e po líticos aos conce itos e con teúdos transm itidos e construídos na re lação educador - educando” ev itando um a p rá tica educativa abstra ta , pouco re lac ionado à “ao co tid iano dos su je itos soc ia is e com a p rá tica c idadã” (Ibid., p . 80 ).

11

Entendem os “que o m a ior g rau de conhecim ento fo rm a l-não instrum enta l não é ga ran tida de m a io r qua lificação para o exercíc io da c idadan ia eco lóg ica quando se apresen ta iso lado da com preensão g loba l da rea lidade” (Ibid., p .81 ). E sa lien tam os que nesse sen tido a c idadan ia é en tend ida “com o a lgo que se constró i pe rm anen tem ente , que não possu i origem d iv ina ou na tu ra l, nem é fo rnec ida por governan tes, m as se constitu i ao dar s ign ificado ao pertenc im en to do ind iv íduo a um a soc iedade , em cada fase h is tó rica ” (Ibid., p . 75 ).

N a v isão da E . A . transfo rm adora , C iência e fo rm ação crítica devem re lac ionar-se , levando a um a com preensão sobre qua is as cond ições em que se deu o desenvo lv im en to do saber c ien tífico e "a favor do que e de quem ". Bem com o à apropriação "base instrum enta l e re flex iva necessária para a educação , para a a lte ração ob je tiva das cond ições de v ida da popu lação e reversão do processo de degradação e exp lo ração das dem a is espécies e da na tu reza com o um todo , rom pendo com dogm as e obstácu los à libe rdade hum ana" (Ibid., p . 30).

A Educação Ambiental e o Materialismo Histórico e Dialético

O m ateria lism o h is tó rico e d ia lé tico é um a “oposição d ire ta a toda fo rm a de

idea lism o que co loca a suprem acia no p lano das idé ias e a toda teo ria que estabe lece o dua lism o en tre a m até ria e o pensam ento ” (LO U R EIR O , 2006 , p. 114). Ass im , o m ate ria l em M arx re fere -se “a ind iv íduos concre tos, às ações desenvo lv idas por estes, às re lações estabe lec idas e às cond ições de v ida, d iz respe ito [...] a com o a v ida é p roduzida , reproduzida e organ izada” (Ibid., p . 115). Sendo ass im , a m atéria é de fin ida com o “a o rgan ização a tiva do ser e da ex is tênc ia , e m ateria lidade as p róprias re lações soc ia is” ( Id.).

Loure iro (2006) sa lien ta que a d ia lética m arx is ta , de ixa de ser um m étodo para se obter verdades atem pora is , a expressão das le is do pensam ento puro que des loca a hum a nidade da natureza, e passa a entend er ta is verdades com o com preensões datadas e s ituadas no processo de transform ação da soc iedade e de rea lização hum ana e nquanto ser da natureza. E nfatiza tam bém a d im ensão h is tórica, com explíc itas preocupações soc ia is e po líticas. (LO U R E IRO , 2006, p . 115).

Pa ra pensarm os a educação am b ien ta l com base no m ateria lism o h is tó rico

e d ia lé tico é necessário esc la recerm os a lguns conce itos chaves. P rim e iram ente o conce ito de hom em é en tend ido com o um su je ito h is tó rico e concre to , sendo as de te rm inações soc ia is que de te rm inam sua consc iênc ia (M AR X, 1987 , p . 30). D essa fo rm a “o hom em é um ser na tu ra l un ive rsa l, soc ia l e consc ien te e a sua re lação com a na tu reza base ia -se no ca ráte r lim itado da na tu ra lidade hum ana, o que leva o

12 hom em à dependência do seu eu com p lem enta r ou “corpo inorgân ico ”, que segundo M arx, é a na tu reza transform ada (TO ZZO N I-R E IS , 2004 , p . 38 ). A ssim “há um a

pertença re la tiva do hom em à p rópria natu reza , sendo este po rtador de um o rgan ism o do tado de p rocessos na tu ra is que lhe poss ib ilitam usar sua força fís ica no traba lho ” (D U AR T E, 1986 , p . 86 ).

Em re lação ao conce ito de na tu reza , “a concepção m arx is ta po r se r d ia lé tica re tira a inocência do pensam ento m ítico e a p resunção do m ecan ic ism o, e a inda , po r se r m ate ria lis ta m an tém a especific idade do m undo fís ico ” (Ibid., p . 105). Em M arx, o conce ito de na tu reza é h is to ric izado , se faz na sua re lação com o hom em na h is tó ria , dete rm inado pe lo p rocesso produ tivo (T O Z Z O N I-R E IS , 2004 , p . 38 ).

Segundo D U AR T E (1986 , p . 63 ) o processo de traba lho “é um a transação en tre o hom em e a na tu reza” onde o hom em en fren ta a na tureza a tuando sobre e la “com o ob je tivo de se apropria r de suas m até rias pa ra a sa tis fação de suas necess idades o rgân icas e, no que e le a transfo rm a, transfo rm a tam bém sua p rópria na tu reza”.

LO U R EIR O (2002 , p . 16 ) a firm a que “M arx v ia a econom ia com o a base na tu ra l da soc iedade, pau tada na produção e na transform ação da natu reza”. Sob ta l en foque , “as re lações dos hom ens com a na tu reza são v is tas, então , com o m ed iadas pe lo traba lho, criando , ass im , o hom em com o ser na tu ra l e soc ia l” (T O ZZ O N I-R E IS , 2004 , p . 39 ).

Para LO U R EIR O (2004 , p . 108) “a trad ição in ic iada em M arx, traz um sen tido revo luc ionário , com o um m étodo para, ao m esm o tem po, in te rpre ta r e m udar o m undo – p ráx is , e com o um a teo ria cu ja tese é que a ve rdade se constró i no m ovim ento da h is tória – d ia lé tica ”. E le a inda ressa lta que “o m ateria lism o h is tórico se co loca com o um a oposição a qua lquer fo rm a de idea lism o que p riv ileg ia o p lano das idé ias e a qua lquer teo ria que separa a m até ria do pensam ento ”. E [...] ag rega novos e lem entos cen tra is : a verdade com o com preensões datadas e s ituadas no percu rso de transfo rm ação da soc iedade e rea lização hum ana; a d im ensão h is tórica , com p reocupações soc ia is e po líticas; e a práx is , ou se ja , não im porta só en tender, m as s im ag ir e transform ar (Ibid., p . 114-115).

C arlos F . Loure iro ao com enta r pon tos re levan tes do pensam ento de M arx, en fa tiza : “A exp lic itação da re lação d ia lé tica en tre os fenôm enos po líticos, re lig iosos, ideo lóg icos e os con flitos de c lasse perm ite o en tend im ento do m odo de o rgan ização soc ia l e dos p rocessos a í engendrados na produção do se r hum ano por s i m esm o em suas m ed iações na na tu reza e na soc iedade”. (Ibid., p . 111). E segue

13 destacando a im portânc ia da ep is tem o log ia de M arx pa ra a re flexão e form u lação de p ropostas de um a nova m etodo log ia em E . A .:

A com eçar pe la própria idé ia de um a transform ação soc ia l necessária . U m a educação insp irada nestas proposições é entend ida com o um instrum ento po lítico , com prom etido com a form ação hum anizadora e a transform ação da soc iedade, a partir de um entendim ento crítico e contextua lizado , inc lus ive, h is toricam ente, da rea lidade. A s prop osições de E A qu e se ap óiam nesta ep is tem olog ia , criticam outras concepções “idea lis tas ” no sentido de que e las não geram m udanças s ign ificativas, defendendo a idé ia d e que as bases eco lóg icas da su stentab ilidade estão não só n a esfera idea l (pensam entos, va lores e com portam entos), m as na m ateria l (no m odo de produção capita lis ta e nas re lações soc ia is). A ss im , são necessárias não só m udanças cu ltura is , m as tam bém socia is (LO U R E IR O Apud A N S E LO N I e A LB E R TO , 2006, p . 145).

DESENVOLVIMENTO

D uran te a pesqu isa ap licam os um questionário aos onze pro fessores de C iênc ias da R ede Estadua l no m un ic íp io , dos qua is o ito responderam . O re ferido questionário con tinha questões d irec ionadas em três b locos. O prim e iro re fe ria-se d ire tam ente a com o se desenvo lve a E . A . nas esco las e na d isc ip lina de C iênc ias. O segundo estava d irec ionado para as D ire trizes C urricu la res Estadua is de C iênc ias, abordando o conce ito de C iênc ia ado tado , os ob jetivos da d isc ip lina de C iênc ias e o pape l do p ro fessor de C iênc ias (ve rsão de 2006). E o ú ltim o , destinava-se a co le ta r as concepções de hom em , na tu reza , C iênc ia , educação , m odo de p rodução , instrum entos de traba lho , m a is va lia e hegem on ia p resen tes en tre os p ro fessores.

A través das questões ap licadas e da aná lise dos p lane jam entos, ve rificam os que a form a de traba lho na esco la se reduz a exp licações e in form ações re lac ionadas aos con teúdos abordados na d isc ip lina ; à ap resen tação de v ídeos e pa lestras sobre os prob lem as am b ien ta is ; à sensib ilização para os p rob lem as am b ien ta is e pa ra a necess idade de preservação do am b ien te ; e a p ro jetos sobre o lixo , rec ic lagem e reu tilização , ho rticu ltura , fab ricação e adubos en tre ou tros.

O bservam os nos p lane jam entos, nas a titudes e p rá ticas dos p rofessores o re flexo de concepções sobre C iênc ia , hom em , na tu reza e traba lho , ge ra lm en te in fluenciadas pe lo rac iona lism o cartes iano , onde o hom em é conside rado com o um ser iso lado dos ou tros an im a is e da na tureza e exerce to ta l dom ín io sobre a na tu reza. O u a in fluência do natu ra lism o. O u a inda , o tota l espontane ísm o e em p irism o, fru tos de um a concepção pós-m oderna onde tudo é vá lido e o conhecim ento é sub je tivo , não ex is tindo um a ún ica ve rdade . T odos pos ic ionam entos

14 que geram encam inham entos m etodo lóg icos baseados em prá ticas loca is , m u itas vezes ingênuas, vaz ias, descon textua lizadas, iso ladas da to ta lidade e das con trad ições ex is ten tes no B ras il e no m undo .

Em nosso estudo con firm am os o m esm o que ve rificou L im a (1999) quando ana lisou criticam ente as p ropostas educaciona is na área am b ien ta l no B ras il e encon tra ne las os segu in tes p rob lem as:

a inc linaçã o a red uzir o prob lem a am bienta l a um pro b lem a técn ico, desv incu lad o d e outras considerações [...] (e) a questão am bienta l a um prob lem a estritam ente eco lóg ico; a le itura ind iv id ualis ta e com portam enta lis ta da questão e ed ucação am bienta l; aná lises que dão excess iva atenção aos efe itos aparentes do prob lem a am bienta l sem questionar su as causas profundas, que dão origem à crise a tua l; ressa ltar os prob lem as re lac ion ados ao consum o - des tino do lixo , rec ic lag em , poupar energ ia - em detrim ento dos prob lem as ligados à esfera da pro dução, [...]; equívoco de atribu ir as responsabilidades pe la destru ição am bienta l ao hom em enquanto espécie genérica (L IM A , 1999, p. 9).

N o tam os na p rá tica dos p ro fessores, p redom inan tem ente , a tendência de

um a le itura ind iv idua lis ta e com portam enta lis ta da questão e educação am b ien ta l, um a vez que encaram os prob lem as socioam b ien ta is com o um prob lem a de com portam entos ind iv idua is e acred itam na sua so lução a través da m udança de com portam ento dos ind iv íduos em sua re lação com o am b iente . Por consegu in te , concordam os com LO U R EIR O (2005 , p . 70) quando d iz que “a fa lta de c la reza do s ign ificado da d im ensão po lítica em Educação” é um a das g randes fa lhas que se rep roduz na E . A . O que pode ser ve rificado pe la a tuação dos educadores a través de in ic ia tivas am b ien ta lis tas lim itadas “à instrum enta lização e á sensib ilização para a p rob lem ática eco lóg ica , m ecan ism os de p rom oção de um cap ita lism o que busca se a firm ar com o verde e un ive rsa l em seu p rocesso de reprodução , ignorando-se , ass im , seus lim ites e paradoxos na v iab ilização de um a soc iedade susten táve l” (Id.).

T em os c la ra a d im ensão po lítica da educação , com o a firm a L IM A (1999, p . 2 ) “tan to a educação quan to a questão am b ien ta l, apesar das m ú ltip las d im ensões que envo lvem são , em nosso entend im ento , questões essencia lm en te po líticas que com portam v isões de m undo e in te resses d ive rs ificados”. Sendo que Loure iro (2005), com m u ita prob idez, dem onstra a d im ensão po lítica da educação , in ic ia lm en te porque “o conhecim ento transm itido e ass im ilado e os aspectos desenvo lv idos fazem parte de um con texto soc ia l e po lítico de fin ido . O que se p roduz em um a soc iedade é resu ltado desusa p róprias ex igências e con trad ições” (LO U R EIR O , 2005 , p . 72). D essa fo rm a dom inando o conhecim ento técn ico -c ien tífico o ind iv íduo poderá te r m a io r consc iênc ia de s i e será capaz de in te rv ir qua lificadam ente no am b ien te . O saber técn ico é parte do con tro le soc ia l e po lítico da soc iedade . E depo is pe lo fa to de que as re lações soc ia is estabe lec idas “na

15 esco la , na fam ília , no traba lho ou na com un idade poss ib ilitam ” ao ind iv íduo um a “percepção crítica de s i e da soc iedade , podendo , ass im , en tender sua pos ição e inse rção soc ia l e constru ir a base de responsab ilidade para com o próx im o” (Id.).

A pe rda do ca rá ter em ancipa tó rio do am b ien ta lism o, para L im a (2005) é ev idenciado “na despo litização dos d iscu rsos e prá ticas am b ien ta is e no esvaziam ento dos con flitos ine rentes à questão am b ien ta l”, os qua is são substitu ídos g rada tivam ente “por d iscursos concilia tórios” ta is com o o do “desenvo lv im en to susten táve l” e da “m odern ização eco lóg ica ”; am bos baseados em “idé ias de cooperação , so lidariedade e com patib ilização” (L IM A , 2005 , p . 118). O m esm o auto r a inda esc la rece que “esse é o ou tro lado da instituc iona lização da questão am b ien ta l que o d inam ism o próprio do cap ita lism o operou em seu p rove ito , seqüestrando a crítica à soc iedade industria l e convertendo-a em m a is um instrum ento a serv iço de sua rep rodu tib ilidade (Id.).

C onsta tam os pe los p ro je tos desenvo lv idos um a fragm entação da rea lidade , fazendo com que os m esm os fossem reduzidos à sensib ilização e ao s im p les repasse de in form ações sobre o tem a. D essa fo rm a concordam os com C ardoso (2007) quando a firm a que a opção pelo desenvo lv im en to de p ro je tos “é abso lu tam ente fragm entadora das re lações pedagóg icas, secundarizando o con teúdo e laborado , o pape l do p ro fessor, bem com o a firm ando o espon tane ísm o das p rá ticas esco la res” (PAR AN Á, 2008 , p . 8 )

É p rec iso te rm os cu idado ao se traba lha r com pro je tos, po is segundo D uarte (2001)

a proposta d e trabalh ar em pro je tos secundar iza o próprio a to de e ns inar à m edid a em que re la tiv iza os conhecim entos, priv ileg ian do a construção ind iv id ual dos m esm os. P ro je tos acabam tendo com eço, m eio e fim . N este sentido, os tem as escolh idos acabam esgotando-se em s i m esm os. T em , por conseguinte , um a d im ensão utilitá ria , pragm ática e pontua l pautada n a reso lução de prob lem as. N o entanto, no contexto da soc iedad e du al e c lass is ta n a qual v ivem os, aprend em os e ens inam os, as questões soc ia is , am bienta is e econôm icas que se expressam na v io lênc ia , na droga dição e na sexualidade, entre o utras, não acabam ass im q ue acaba o pro je to na esco la e nem tam pouco são re so lv idas no âm bito curricu lar. (D U A R T E , 2001 apud P A R A N Á , 2008. p . 10)

Sobre as D ire trizes C urricu la res nosso questionário dem onstrou que os

p ro fessores não estavam preparados para entender e sequer ap lica r o que p ropunha a p rim e ira versão das D ire trizes C urricu la res de C iênc ias, baseada na pedagog ia h is tó rico -crítica , que por sua vez, fundam enta -se no m ate ria lism o h is tó rico e d ia lé tico . Isso porque a form ação acadêm ica na área de C iênc ias é extrem am ente pos itiv is ta , basta c ita r que todos os pro fessores entrev is tados conce itua ram o

16 hom em com o um an im a l rac iona l que se d is tingue dos ou tros pe la sua in te ligência e capacidade de aprender.

A p rim e ira versão das D ire trizes C urricu lares de C iênc ias a Educação Am b ien ta l poderia se r abordada no con teúdo estrutu rante Am b ien te . Segundo e la , este con teúdo estava d irec ionado para um a abordagem dos fenôm enos na tu ra is envo lv idos nos desequ ilíb rios eco lóg icos e tam bém para o tra tam ento das “causas e conseqüências desses desequ ilíb rios pa ra o se r hum ano, para os dem a is se res v ivos e pa ra o am b ien te ” conside rando-se “os aspectos soc ia is , po líticos, econôm icos e é ticos in trínsecos aos prob lem as am b ien ta is” e ana lisando-se “com os a lunos as re lações de poder na soc iedade cap ita lis ta , que re legam a segundo p lano , aspectos am b ien ta is e soc ia is”. N esta pe rspectiva são apon tados do is focos de traba lho na educação am b ien ta l: os p rob lem as soc ioam b ienta is e a in te rvenção hum ana no am b ien te (PAR AN Á, 2006 , p . 27-28).

A m esm a p ropunha-nos um novo o lha r para a C iênc ia , um a vez que a p reocupação m a io r na d isc ip lina de C iênc ias a té en tão em re lação aos con teúdos abordados em “m e io am b ien te ” e ra a de traba lhar com as causas e os e fe itos qu ím icos e b io lóg icos dos p rob lem as am b ien ta is a lém de ten ta r sensib iliza r os a lunos para estes prob lem as. N e la a C iênc ia é en tend ida com o “um p rocesso de construção hum ana, fa líve l, in tenc iona l” e conside ra-se sobre e la a “influência de fa to res soc ia is , econôm icos e po líticos, v inculados às re lações de poder ex is tentes ” (Ibid., p . 25 ). Estas d ire trizes p rezavam “pe lo saber s is tem atizado e e laborado , cu jo ob je tivo é a transfo rm ação da soc iedade”; recom endavam que o ens ino de C iênc ias deveria p rop ic ia r aos a lunos que estabe lecessem “as re lações en tre o m undo na tu ra l (con teúdo da C iênc ia ), o m undo constru ído pe lo hom em (tecno log ia) e seu co tid iano (soc iedade), e que tivessem po tenc ia lizada a função soc ia l da d isc ip lina para se o rien ta rem e , conseqüen tem ente , tom arem decisões com o su je itos transform adores”. En fa tizavam tam bém que e ra a pa rtir da “rea lidade soc ioeconôm ica e do con texto soc ia l” que deveria se r iden tificada a p rob lem atização que o rien ta ria “o processo educa tivo , com e lem entos para que o p ro fessor traba lhe os con teúdos específicos e as questões soc ia is em sa la de au la ” (Ibid., p . 27 ).

M esm o com a m udança nas d ire trizes a SEED /PR adm ite que a linha pedagóg ica ado tada nestes do is ú ltim os governos e que perm e iam todas as d ire trizes cu rricu la res é a pedagog ia h is tó rico -crítica . Sendo ass im San tos quando se re fe re ao ens ino de C iênc ias nesta perspectiva o rien ta que o pon to de partida da p rá tica se ja "um p rob lem a re levan te , que d iga respe ito ao con jun to hum ano em sua to ta lidade" (SAN T O S, 2005 , p . 71). P re ferenc ia lm ente "p rob lem as v ivenciados

17 loca lm en te , m as que tenham repercussão e um tra tam ento que possa ser extrapo lado para p rob lem as m a is am p los" (Id.). Por exem p lo , pensando em educação am b ien ta l pode-se esco lhe r a questão da qua lidade de v ida , ou a questão da energ ia , en tre ou tras.

Partir da p rá tica soc ia l s ign ifica "pa rtir do hum ano genérico , das p reocupações co le tivas da d im ensão na qua l se m an ifestam nossas lu tas, rea lizações e con trad ições" (Ib id ., p . 10 ). D esta fo rm a para desenvo lver um traba lho nesta linha pedagóg ica é "assum ir que , pa rtindo da p rá tica soc ia l e do prob lem a nesta se lec ionado , se deve usar o conhecim ento c láss ico e estabe lec ido para tra ta r o re fe rido prob lem a. [...] o p rim e iro com prom isso é recorre r ao saber c ien tífico , ep is têm ico , pa ra lida r com a questão in ic ia l" (Ibid., p . 70 ).

Ao p rob lem atiza r deve-se "o lhar pa ra o âm b ito que prec isa ser reso lv ido , m an tendo-se o o lhar nas estru tu ras soc ia is" (Id.). E pe rceber e resga tar os con teúdos c láss icos da d isc ip lina que podem poss ib ilita r ao hom em en tender e desve la r o p rob lem a ev idenciado .

A Instrum enta lização im p lica em "apropriar-se dos instrum entos teóricos e p rá ticos" (Ib id ., p . 11 ) necessários para o en tend im ento do prob lem a. E la requer p rim e iram ente esc la recer qua is são os conhecim entos necessários no âm b ito das C iênc ias que poderão perm itir o p rocesso ana lítico . Isso envo lve aspectos lega is , teó ricos específicos, teóricos co rre lac ionados (ou tras d isc ip linas) e técn icos. D essa fo rm a, o p ro fessor não abordará som ente a sua d isc ip lina , m as deverá ir a lém de la e "averiguar o prob lem a esco lh ido do pon to de v is ta de ou tras d isc ip linas e saberes" (Ib id ., p . 72 ). Para isso é necessário que o p ro fessor pesqu ise e estude o tem po todo para poder e labora r sua s ín tese sobre o p rob lem a.

N a C a ta rse se dá a "inco rporação e fe tiva dos instrum entos cu ltura is , transform ados em e lem entos a tivos de transfo rm ação soc ia l" (Ib id ., p . 12). A ca ta rse se dá quando adqu irim os a capacidade de "en tender a conexão das co isas, quando o saber acum u lado não está estanque em com partim en tos separados", quando aqu ilo que aprendem os nos perm ite "acom panhar o desdobram ento da rea lidade e suas conexões" (Ib id ., p . 77 ). Por exem p lo , quando nos to rnam os capazes de "pe rceber as re lações econôm icas e com o estas engendram a rea lidade , pe rceber que as co isas estão re lac ionadas, que dec isões de governo a fe tam a v ida de m ilha res de pessoas" (Ib id ., p . 76 ).

O R e to rno à p rá tica soc ia l ocorre quando tanto o p ro fessor, quanto o a luno "ap resen tam agora um a concepção o rgân ica do p rob lem a" (Ib id , p . 13 ). A lte rando qua lita tivam ente a p rá tica soc ia l in ic ia l. Ass im se dá conhecim ento se "na e pe la

18 práx is", ou se ja , re flexão teó rica sobre o p rob lem a ou a rea lidade é um a "re flexão em função da ação para transform ar" (F R IG O T TO , 1994 , p . 81).

Percebem os nos p ro fessores um a con fusão de conce itos e um a m isce lânea de concepções pedagóg icas, o que faz com que e les não tenham um posic ionam ento defin ido e um a fundam entação teó rica consis ten te capaz de em basar a sua p rá tica pedagóg ica num ún ico m étodo .

AN SELO N I e ALBE R T O (2006 , p . 144), ao ana lisa r a E . A . concluem que a inda ex is tem m u itos desa fios a se rem superados, dos qua is destacam a lguns que se re lac ionam às condu tas dos “próprios p ra tican tes” ta is com o “a incoerência do d iscu rso com a p rá tica ”; o “fo rte pragm atism o e o em pobrec im en to teó rico ; a construção de um a “m isce lânea” teó rica e o p redom ín io de concepções idea lis tas. Isso , segundo as au toras é o que gera p rá ticas desenvo lv idas sem um em basam ento que se a fastam de um sen tido educaciona l trazendo postu ras ingênuas, com portam enta is , descon textua lizadas e s im p lis tas, num a perspectiva reden tora de educação “m u itas vezes seduzidas pe lo “m od ism o”, sem sen tido e que va lo rizam o “am b ien ta l com o substan tivo ”.

Partindo-se en tão de toda a fundam entação teó rica ob tida e das consta tações fe itas na prá tica dos pro fessores estudados, num segundo m om ento , e laboram os um C D -R O M , com o m ateria l d idá tico . Este con tém um a fundam entação teó rica e propostas de ativ idades de ta lhadas, com sugestões de le itu ras e de s ites pa ra consu lta . T am bém apresen ta textos de apo io tan to pa ra os p ro fessores quan to pa ra os a lunos. Sendo um subsíd io teórico -prá tico pa ra o traba lho em sa la de au la tan to pa ra p ro fessores de C iênc ias quan to de ou tras d isc ip linas, um a vez que o tem a é in te rd isc ip linar.

N ossa p roposta neste m ateria l se insp irou em um novo o lha r sobre a Educação Am b ien ta l com o um instrum ento de transfo rm ação soc ia l p rocurando ass im ir a lém de prá ticas vaz ias e descon textua lizadas ou apenas da sensib ilização dos a lunos para a p rob lem ática am b ien ta l. A través deste m ate ria l pre tend íam os tam bém levar o p rofessor a re fle tir sobre sua p rá tica pedagóg ica para que possa con tribu ir para a transfo rm ação soc ia l que cu lm ine num a m udança am b ien ta l. F undam entando-se no M ate ria lism o h is tórico e d ia lé tico p ropom os ativ idades d ive rs ificadas, que u tilizam d ife rentes recursos pedagóg icos, sem pre articu lados ao desenvo lv im en to econôm ico , soc ia l, po lítico e cu ltu ra l da soc iedade e que partem da rea lidade loca l. T a is a tiv idades ob je tivam desenvo lve r um a v isão to ta l da rea lidade e de suas contrad ições p ra que se possa ag ir num sen tido con tra -hegem ôn ico .

19

C abe sa lien ta r que apesar de não u tiliza rm os os con teúdos c ien tíficos c láss icos da d isc ip lina de C iênc ias, abordam os aspectos de les que possam ser traba lhados tan to na d isc ip lina com o nou tras. Buscam os inovar a p rá tica pedagóg ica do p ro fessor resga tando a lud ic idade , a reflexão e o conhecim ento c ien tífico pa ra a instrum enta lização dos a lunos para a práx is educa tiva .

R ea lizam os a ap resen tação do m ate ria l d idá tico p roduzido duran te a sem ana pedagóg ica em fevere iro /2008 , pa ra que os pro fessores pudessem conhecer e ava lia r a ap licab ilidade das ativ idades sugeridas. Percebem os que houve um a g rande repercussão, p rinc ipa lm en te en tre os p ro fessores de ou tras d isc ip linas, nos qua is percebem os um a m a io r abertura pa ra o en foque dado do que nos p ro fessores de C iênc ias. H ouve a inda a d is tribu ição do m ate ria l pa ra aque les que se in te ressassem .

C om o nossa proposta de m etodo log ia é a pesqu isa -ação a ú ltim a e tapa deste estudo fo i a rea lizam os d ive rsos estudos no C o lég io Estadua l Santa C lara - C EST AC para a d iscussão da nossa p roposta de Educação Am b ien ta l com os p ro fessores de C iênc ias. Estes ocorre ram duran te as sem anas pedagóg icas e du ran te um encon tro sem ana l u tilizando a hora -a tiv idade do p rofessor. Porém nosso ob je tivo in ic ia l que e ra a rea lização de um grupo de estudo perm anen te com todos os p ro fessores da rede estadua l de C iênc ias do m un ic íp io pa ra a d iscussão das D ire trizes de C iênc ias (cu jo nosso traba lho está to ta lm en te pau tado) e da nossa p roposta de traba lho teve que se r adap tado dev ido aos prob lem as que encon tram os.

P rim e iram ente pe la m udança de concepção das D ire trizes im p lan tadas em 2006 e da nova d ire triz d ivu lgada em 2008 , o que fez com que o os p ro fessores se desm otivassem de partic ipar do g rupo . Segundo a fa lta de tem po para as reun iões, po is a m a ioria dos p ro fessores traba lha em m a is de um a esco la e suas horas-a tiv idades não co inc id iam . O utra d ificu ldade encon trada fo i a não ace itação do g rupo de estudos aos sábados por não ex is tir ce rtificação pe la SEED . E a não partic ipação de todos os p ro fessores da rede . M esm o ass im os estudos fo ram m u ito vá lidos, po is a m a ioria dos pro fessores traba lha no C EST AC e já se percebe a lguns re flexos pos itivos na prá tica pedagóg ica dos p ro fessores. Porém sabem os que a fundam entação teó rica ap rofundada é necessária , depende da von tade de cada um e do seu tem po d ispon íve l e não acon tece au tom aticam ente .

D uran te os estudos fo ram d iscu tidos os textos de fundam entação teó rica sobre o m ateria lism o h is tó rico e d ia lé tico, fundam ento da pedagog ia h is tó rico -crítica , que segundo a Secre ta ria de estado da Educação do Paraná , é a linha pedagóg ica que perm e ia as novas d ire trizes cu rricu la res. T am bém fo ram abordados textos sobre

20 a crise am b ien ta l e sobre a educação am b ien ta l crítica e transfo rm adora . A lém d isso , ap resen tam os o m ateria l d idá tico produzido e m ostram os com o m anuseá-lo . T am bém traba lham os a lguns textos p roduzidos para as a tiv idades p ropostas no m ate ria l.

In fe lizm ente, pe la d ificu ldade de traba lha rm os com os a lunos em con tra tu rno dev ido à fa lta de sa la de au la d ispon íve l no co lég io ; não pudem os rea liza r a segunda e tapa de nossa im p lem entação que e ra o traba lho com os a lunos. O que ao nosso ve r não p re jud icou de fo rm a a lgum a o nossa pesqu isa e pode se r um pon to de partida para um a fu tura pesqu isa .

CONCLUSÃO A través do P rogram a de D esenvo lv im en to Educaciona l – PD E, do Estado

do Paraná , onde rea lizam os este estudo, ce rtam ente ob tivem os um g rande cresc im en to pessoa l e p ro fiss iona l. Po is a lém de ana lisa r a prá tica pedagóg ica dos ou tros pro fessores, re fle tim os sobre a nossa p rópria postura em a la de au la e repensam os nossa p rá tica enquan to pro fessor transform ador que ju lgam os ser. T am bém sen tim os a grande necess idade da constan te fundam entação teó rica em bora sa ibam os das d ificu ldades que en fren tam os com o excess ivo núm ero de au las e de a lunos.

En tendem os a educação no sentido am p lo ev idenciado em S ilva (2006), com o a p rá tica soc ia l que tem o ob je tivo de con tribu ir d ire ta ou ind ire tam ente , no p rocesso de construção h is tó rica das pessoas. E com preendem os que a e la não é a reden tora da hum an idade , m as pode se r um dos instrum entos revo luc ionários de consc ien tização e transfo rm ação da rea lidade . L IM A (1999 , p . 11) lem bra -nos que em m u itos deba tes sobre educação e am b ien te ocorre o superd im ensionam ento do “poder da educação na transform ação dos p rob lem as, tra tando-a com o um a nova panacé ia pa ra todos os prob lem as da soc iedade contem porânea”. Porém o au to r reconhece a im portânc ia da educação na m udança soc ia l, lem brando que e la é “um a, entre ou tras p rá ticas soc ia is , capazes de com por um a estra tég ia integ rada de m udança soc ia l e não com o p rá tica iso lada ou de term inan te no processo de transform ação das re lações de poder na soc iedade”.

É na perspectiva de transfo rm ação soc ia l e na fo rm ação de a lunos críticos, hum an izados e em ancipados que acred itam os. Portan to , a esco la co labora rá com a transform ação da soc iedade à m ed ida que instrum enta liza r o estudan te "com

21 fe rram entas conce itua is , lóg icas, m atem áticas, c ien tíficas, soc ia is , ve rba is e s im bó licas" (R O SELLA e C ALU Z I, 2004 , p . 3 ). E é pape l do p ro fessor rea liza r esta instrum enta lização através do conhecim ento c ien tífico produzido h is to ricam ente , con tribu indo para que e le tenha um a v isão tota l da rea lidade e de suas con trad ições e se ja capaz de ag ir con tra - hegem on icam ente .

Ass im , po r tudo o que fo i exposto rea firm am os o que escreveram AN SELO N I e ALBER T O (2006 , p . 145): um a educação am b ien ta l insp irada na transform ação soc ia l deve se r “en tend ida com o um instrum ento po lítico , com prom etido com a fo rm ação hum an izadora e a transfo rm ação da soc iedade , a pa rtir de um en tend im ento crítico e con textua lizado , inc lus ive , h is to ricam ente , da rea lidade”. N ão podendo jam a is se firm ar em concepções idea lis tas, com o por exem p lo , a idé ia de que as bases rea is da sustentab ilidade estão apenas re lac ionadas aos pensam entos, va lo res e com portam entos.

Apesar das novas D ire trizes C urricu lares de C iênc ias de fenderem “a necess idade de um p lura lism o m etodo lóg ico que conside re a d ive rs idade dos recursos pedagóg icos/tecno lóg icos d ispon íve is e a am p litude de conhecim entos c ien tíficos a serem abordados na esco la ” (PAR AN Á, 2008 , p . 4 ), acred itam os que o m étodo m arx is ta é o ún ico m étodo capaz de exp lic ita r a rea lidade em sua to ta lidade e con trad ições e de instrum enta liza r para um a transform ação soc ia l.

En fa tizam os a E . A . transfo rm adora de Frederico Loure iro e na E . A . crítica de fend ida por G ustavo L im a e e lencam os três ca tegorias chaves do m ate ria lism o h is tó rico que ju lgam os essencia is pa ra a aná lise dos p rob lem as am b ien ta is , são e las a to ta lidade, a contrad ição e a hegem on ia .

D uran te o estudo nos de fron tam os com d ive rsas d ificu ldades e en fa tizam os que a esco la , da fo rm a com o está estru tu rada , não possu i cond ições m ate ria is pa ra o desenvo lv im en to de um a educação crítica e em ancipadora . Po is sabem os que o a tua l s is tem a de ens ino fo i criado para a rep rodução da soc iedade da fo rm a com o e la está e não para a sua transfo rm ação . En tão o nosso g rande desa fio é fazer com que a esco la cum pria e fe tivam ente com o seu pape l soc ia l: a em ancipação hum ana através da apropriação do con teúdo c ien tífico h is to ricam ente p roduzido pe la hum an idade . D esa fio este que só se rão soluc ionados a través da fundam entação teó rica c ien tífica consis ten te dos p ro fessores; que sem dúvida a lgum a se in ic ia pe la consc iênc ia de c lasse e pe la lu ta po r um a transfo rm ação soc ia l que cu lm ine num novo m odo de produção .

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