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DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
N° 355047-07.2013.8.09.0129 (201393550479)
COMARCA DE PONTALINA
AUTOR
RÉU
RELATOR
MINISTÉRIO PUBLICO
ESTADO DE GOIÁS
DES. ALAN SEBASTIÃO DE SENA CONCEIÇÃO
APELAÇÃO CÍVEL
APELANTE : ESTADO DE GOÍAS
APELADO : MINISTÉRIO PÚBLICO
RELATÓRIO
Trata-se de duplo grau de jurisdição e apelação
cível interposta contra a sentença proferida nos autos da "ação
civil pública de obrigação de fazer com pedido
liminar", proposta pelo Ministério Público do Estado de Goiás,
aqui apelado, em desfavor do Estado de Goiás, ora apelante.
O magistrado singular acolheu o pleito
ministerial, julgando procedente o pedido inicial para condenar o
Estado de Goiás ao cumprimento da obrigação de fazer
especificada na peça de ingresso, qual seja: a) assunção, de forma
2C AC 355»47-07/>
/
tribunalde justiça
definitiva, pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária
e Justiça (SAPEJUS) da gestão, direção e fiscalização da Cadeia
Pública de Pontalina e, por extensão, de Vicentinópolis, adotando
as medidas necessárias para a lotação de agentes carcerários
compatíveis com a demanda do serviço, bem como a estruturação
do serviço administrativo intrínseco à execução penal; e b) o
implemento de medidas para construir uma nova unidade prisional
ou, alternativamente, efetuar os reparos necessários nas unidades
existentes.
242/248):
;, v --•:-•"-,
Colhe-se dos fundamentos da sentença (fls.
"No caso em apreço, o referido
controle de legalidade pelo
Judiciário resta por demais
necessário e justificável,
porquanto a conduta estatal em
relação a Cadeia Pública de
Pontalina e Vicentinópolis (omissão
da AGSE? em assumir o dever de
administração, utilização do
pequeno efetivo de policiais
militares na gestão carcerária)
desvirtua, de forma indevida,
tribunalde justiça
lamentável e perigosa, a atuação da
Policia Militar, prejudicando
sobremaneira o já tão combalido
sistema de segurança pública.
Representa, ainda, a aludida
conduta o descumprimento dos
ditames da Lei de Execução Penal,
ante os prejuízos decorrentes do
desvio de função confessado.
Assim, longe de qualquer ofensa ao
postulado da separação dos poderes
e até mesmo do poder discricionário
da Administração Pública, o
deferimento das medidas postuladas
apenas significa 'colocar as coisas
nos seus devidos lugares', garantir
o cumprimento da lei."
Em suas razões (fls.262/287), o apelante
suscita, preliminarmente, a inadequação da via eleita, pois, a seu
ver, a presente ação "não se enquadra em nenhuma das
hipóteses erigidas pela Lei Ordinária n° 7.347 de
24 de julho de 1985 (Ação Civil Pública) como
autorizadoras de seu ajuizamento".
:t AC J55W74»/» 3
tribunalde justiça
No mérito, discorre acerca do principio da
separação dos poderes, sustentando, em suma, a impossibilidade
do Poder Judiciário adentrar no campo da discricionariedade
administrativa para compelir o Poder Executivo a uma obrigação de
fazer sujeita ao juízo de mérito do administrador público.
Aponta a ausência de suporte legal e
constitucional que ampare a pretensão ministerial, posto que as
medidas administrativas requeridas encontram "óbice
intransponível no principio da legalidade, inserto
no caput do artigo 37 da Carta Republicana de
1988.", tratando-se apenas de metas a serem atingidas pelo
Estado brasileiro, "não se podendo imputar-lhe qualquer
responsabilidade ou obrigação caso não sejam
atingidas."
Salienta: "A situação retratada pelo
Ministério Público, não é uma exclusividade das
comarcas de Pontalina e Vicentinópolis. Essa,
infelizmente, pode ser verificada em todo Pais e,
dessa forma, não será resolvida com simples
medidas emergenciais. (...) Dessa forma, o pleito
ministerial não resolve o problema, mas o agrava
na medida em que pretende, a qualquer custo e em
desrespeito a legislação pertinente, a
:c AC 355M7-07.> -i
tribunalde justiça
implementação de medidas que somente poderão ser
executadas em detrimento de outras mais urgentes."
Aduz que a implementação das medidas
sugeridas pelo parquet dependem de licitação, não sendo possível
o ordenamento de despesas não autorizadas por lei, sob pena de
violação às "diretrizes normativas e principiológicas
que regem o Direito Financeiro".
Acosta citações doutrinárias e orientações
jurisprudenciais sobre a matéria no sentido de comprovar o
alegado, bem como demonstrar a sujeição do orçamento público ao
princípio da reserva do financeiramente possível, o qual, segundo o
apelante, é amplamente acolhido pelo Supremo Tribunal Federal.
Reporta-se à Lei de Responsabilidade Fiscal
com o intuito de ratificar os impedimentos legais que impossibilitam
o ente estatal a dar cumprimento às medidas impostar pela
sentença, enumerando, ainda, outros diplomas legais, os quais, a
seu ver, respaldam a tese esposada.
Advoga pela desnecessidade da presente
tutela judicial, uma vez que o Estado de Goiás "tem caminhado
em favor da implementação da política pública ora
questionada."
3CAC 355047*076 5
tribunalde justiça• i •
Noticia que "é fato notório que a
SAPEJUS (Secretaria de Estado da Administração
Penitenciária e Justiça) no presente ano de 2014
está realizando processo seletivo simplificado
para contratação de Vigilante Penitenciário
Temporário, certame este que já está em fase de
convocação dos aprovados mesmo tendo começado há
apenas alguns meses.", razão pela qual insiste na
desnecessidade da judicialização da presente ação.
Por fim, requer o conhecimento e o provimento
da apelação para que a sentença recorrida seja reformada
consoante o relato aqui exposto.
Sem preparo.
Juízo positivo de admissibilidade externado á fl.
289.
As contrarrazões são vistas às fls. 337/348, nas
quais o apelado refuta os termos do recurso e pede a confirmação
do decisum.
A douta Procuradoria Geral de Justiça, instada
a se manifestar, exarou o parecer de fls. 353/358, opinando pelo
2CAC3>;u-I7-0?/s 6
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•^yí////H-/<- i/í-. L/i\H'/rt/</*'/{///(••/• '"Ow// l~%Au/t*tti //• <~'%-//t/ Uh/isrr'çi/r:
desprovimento da apelação.
Constatado que a eficácia da sentença exige o
seu reexame necessário, nos termos do que dispõe o artigo 475,
inciso I, do Código de Processo Civil, procedeu-se à adequação do
registro do feito neste Tribunal, acrescendo-lhe tal natureza (fls.
360/361).
Nova vista foi concedida à douta Procuradoria
de Justiça, que ratificou o parecer já ofertado nos autos.
É o relatório.
Inclua-se o feito em pauta para julgamento.
Goiânia, 26 de abril de 2016.
21AC3S5<M7-07n
ALAN SEBASTIÃO DE SENA CONCEIÇÃO
RELATOR
DLJtribunalde justiça
tatogMt
rfy/A'//r/t>t£ fSt;.r////f/sY/ru/í>s CQffítSt tJMmfifSto OW tíwtff Wr./ttxyrnr-
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
N° 355047-07.2013.8.09.0129 (201393550479)
COMARCA DE PONTALINA
AUTOR
RÉU
RELATOR
MINISTÉRIO PUBLICO
ESTADO DE GOIÁS
DES. ALAN SEBASTIÃO DE SENA CONCEIÇÃO
APELAÇÃO CÍVEL
APELANTE : ESTADO DE GOÍAS
APELADO : MINISTÉRIO PÚBLICO
VOTO
Presentes os pressupostos legais
admissibilidade do reexame e da apelação, deles conheço.
de
Como visto, trata-se de reexame necessário e
de apelação cível interposta em face da sentença proferida nos
autos da "ação civil pública de obrigação de fazer
com pedido de liminar", que julgou procedente o pedido
inicial para condenar o Estado de Goiás ao cumprimento de
obrigação de fazer assim substanciada na peça de ingresso: a)
assunção, de forma definitiva, pela Secretaria de Estado de
2CAC355W7-07/S
tribunalde justiça
Administração Penitenciária e Justiça, (SAPEJUS) da gestão,
direção e fiscalização da Cadeia Pública de Pontalina e, por
extensão, de Vicentinópolis. adotando as medidas necessárias para
a lotação de agentes carcerários compatíveis com a demanda do
serviço, bem como a estruturação do serviço administrativo
intrínseco à execução penal; e b) o implemento de medidas para
construir uma nova unidade prisional ou, alternativamente, efetuar
os reparos necessários nas unidades existentes.
O inconformismo do apelante (Estado de
Goiás) está escorado nos seguintes pontos: a) inadequação da via
eleita; b) violação aos princípios da separação dos poderes, da
legalidade e da reserva do financeiramente possível; c) submissão
ã Lei de Responsabilidade Fiscal, ao Plano Plurianual e às
diretrizes orçamentárias e ao procedimento licitatório; e d)
desnecessidade da judicialização da demanda, ante o implemento
das políticas públicas pleiteadas.
Inicialmente, analiso a preliminar arguida pelo
recorrente substanciada na tese de inadequação da via eleita, sem
olvidar, contudo, do reexame necessário.
No caso em análise, verifica-se que a presente
ação veicula matéria de grande relevância social, visto que aborda
.'('Ai 35AM7-07A -
tribunalde justiça
rfyt/rWi/i-t/í' í/wss/Á/sr/t/ifrs ^Ow// ($Mf/J/íi7/>.m< rifam Vf-zt/yY^w-
tema diretamente relacionado à violação, pelo próprio Estado, de
direitos constitucionalmente assegurados, tais como: a dignidade da
pessoa humana, a segurança pública e a integridade física e
psíquica daqueles que se encontram sob a sua guarda.
Com efeito, a legislação pátria confere ao
Ministério Público a legitimidade para o ajuizamento de ação civil
pública na defesa dos interesses difusos e coletivos, bem como dos
direitos individuais homogêneos, nos termos do artigo 129, inciso III,
da Constituição Federal, e artigo 1o, inciso IV, da Lei n° 7347/85.
Diante disso, forçoso reconhecer a fragilidade
dos argumentos levantados pelo apelante no que tange à preliminar
de inadequação da via eleita, haja vista que aqueles se fundaram
em nítida interpretação literal do artigo 1o, da Lei n° 7.347/85, o
qual, apesar de não especificar todas as hipóteses de cabimento da
ação civil pública, dispõe sobre a viabilidade de seu manejo para a
tutela de interesses difusos ou coletivos.
Desse modo, considerando que a presente
ação se encontra fundamentada no direito à segurança pública, o
qual possui natureza difusa, afasto a preliminar suscitada.
Superada a prejudicial, passo à análise do
2CAC355047.076 3
ntribunalde justiça
mérito.
Cumpre registrar que no Supremo Tribunal
Federal, em tema de repercussão geral, no Recurso Extraordinário
n° 592581/RS, julgado em 13/08/2015, foi apreciada a
"Competência do Poder Judiciário para determinar
ao Poder Executivo a realização de obras em
estabelecimentos prisionais com o objetivo de
assegurar a observância de direitos fundamentais
dos presos", e restou assentada a seguinte diretriz:
"É licito ao Judiciário impor à
Administração Pública obrigação de
fazer, consistente na promoção de
medidas ou na execução de obras
emergenciais em estabelecimentos
prisionais para dar efetividade ao
postulado da dignidade da pessoa
humana e assegurar aos detentos o
respeito à sua integridade fisica e
moral, nos termos do que preceitua
o art. 5o, XLIX, da Constituição
Federal, não sendo oponivel à
decisão o argumento da reserva do
2CAC355047-07A
tribunalde justiça
r£k/frMi/tt i/-. L/ítiMjMoamat/ojt tâmi* riMtrj&tn c/f- rift/ta Vé/tãxftffr
possível nem o principio da
separação dos poderes."
Nesse contexto, quanto à alegada ofensa aos
princípios da separação dos poderes, da legalidade e da reserva do
financeiramente possível, tenho que razão não assiste ao apelante,
pois, como bem salientou o Ministro Ricardo Lewandowski, relator
do recurso suso referenciado:
"(...) existe todo um complexo
normativo de Índole interna e
internacional, que exige a pronta
ação do Judiciário para recompor a
ordem jurídica violada, em
especial para fazer valer os
direitos fundamentais de eficácia
plena e aplicabilidade imediata
daqueles que se encontram,
temporariamente, repita-se, sob a
custódia do Estado.
A hipótese aqui examinada não
cuida, insisto, de implementação
direta, pelo Judiciário, de
2C AC 3550-17-07/i 5
tribunalde justiça
ttylafMtfil/W íírnUSMmrMKMw' r^/ttt/t '"/•/n.t/tttr.//• rifam V(l/tf*f-i/f
politicas públicas, amparadas em
normas programáticas, supostamente
abrigadas na Carta Magna, em
alegada ofensa ao principio da
reserva do possível. Ao revés,
trata-se do cumprimento áa
obrigação mais elementar deste
Poder que é justamente a de dar
concreção aos direitos
fundamentais, abrigados em normas
constitucionais, ordinárias,
regulamentares e internacionais.
A reiterada omissão do Estado
brasileiro em oferecer condições de
vida minimamente digna aos
detentos exige uma intervenção
enérgica do Judiciário para que,
pelo menos, o núcleo essencial da
dignidade da pessoa humana lhes
seja assegurada, não havendo
margem para qualquer
discricionariedade por parte das
autoridades prisionais no tocance a
2CAC355W7-01
tribunalde justiça
rpt/ftMtífii t/o SSr*<w/t/sv//ttA:/- ^flí//> ri&aj/íifri t/í- rifa/a tftUMMtgÕb
esse tema.
(...)
Vê-se, pois, que, embora complexo,
o problema prisional tem solução,
especialmente quanto à
disponibilidade de verbas, bastando
que a União e os Estados conjuguem
esforços para resolvê-lo, superando
a sua histórica inércia ou, quem
sabe a persistente ausência de
vontade política para atacá-lo de
frente."
Dessa forma, encampando o entendimento do
Supremo Tribunal Federal acerca do tema, afasto a argumentação
do apelante fundada na ingerência do Poder Judiciário na esfera da
discricionariedade da Administração Pública e na afronta aos
princípios da separação dos poderes, da legalidade e da reserva do
financeiramente possível, porquanto, cumpre ao Judiciário, como
visto, dispor de mecanismos que garantam a efetividade dos
direitos constitucionalmente assegurados.
:<.- AC 355047-07/í
tribunalde justiça
Sobre os fatos descritos na inicial, restaram
suficientemente demonstrados pelo contexto probatório dos autos.
A gestão dos estabelecimentos prisionais estão
sob a responsabilidade da Polícia Militar e a estrutura física da
cadeia pública de Pontalina e, por extensão, de Vicentinópolis,
padecem de condições mínimas de habitabilidade e salubridade,
colocando em risco tanto a vida de funcionários quanto a dos
apenados, exigindo, portanto, pronta intervenção judicial.
A precariedade e a insalubridade dos
estabelecimentos prisionais foram ratificadas pelas informações
prestadas pelo Corpo de Bombeiro Militar (fls. 66/74), que dão conta
das péssimas condições estruturais dos prédios, das constantes
fugas de presos, e, ainda, da assunção da segurança pelos policiais
militares, que não possuem atribuição funcional para tanto.
De fato, extrai-se da documentação que
acompanha a inicial (fls. 31/109) que a vigilância da cadeia e do
próprio município de Pontalina conta com apenas 14 (quatorze)
policiais militares, os quais trabalham em regime de revezamento
na segurança interna, externa, escolta e cobertura da
municipalidade.
2C AC 355047-07/*
tribunalde justiça
f~^trir//t/r t/t- L^fíif/>tm/jyttai>f /~/w// rifé/Saj/íitt: i/>- ^%s/t/ Ifr-stce/rt/r-
Nesse cenário, em que resta patente a violação
de princípios constitucionais, a exemplo da dignidade da pessoa
humana e da segurança pública, bem assim a ausência ou
deficiência no implemento de políticas públicas pelo ente público, é
absolutamente viável e necessária a intervenção do Judiciário, a fim
de se propiciar a concretização da tão valorada justiça social.
Com efeito, a omissão relativa ao adequado
funcionamento das Cadeias Públicas não se insere na
discricionariedade administrativa na medida em que é impositiva a
obrigação institucional do apelante em garantir o regular
cumprimento da pena; a incolumidade do preso e a segurança
pública, ex w da Lei n° 14.132/02 c/c a Lei de Execução Penal.
Por fim, dada a pertinência, reproduzo aqui as
seguintes ponderações do douto Procurador de Justiça oficiante no
presente feito:
"Outrossim, há de se destacar que o
requerido/apelante ESTADO DE GOIÁS,
em nenhum momento, questionou sua
responsabilidade administrativa no
caso, somente justificando a
precariedade da situação caótica
2C AC 355U17-07.^
tribunalde justiça« aaa
r^hdtsir/r t/f- ^/t'jc/Mtftt/i//ttií-.j' '"'/w// '~^-/tt^/titt://f~ ^%-sttt Yrt//ntiyit-
verificada na Cadeia Pública de
Pontalina de Vicentinópolis com o
argumento de que a superlotação dos
estabelecimentos prisionais é um
problema generalizado no Pais,
buscando então afastar sua
essencial responsabilização
administrativa na solução dos
problemas diagnosticados no sistema
prisional estadual.
É evidente que a Administração
Pública, mesmo indireta, está
sujeita a controle orçamentário.
Contudo, existem prioridades
orçamentárias, como a segurança
pública, que certamente incluiu o
sistema prisional, que devem
merecer atenção distinta, prevista
nos instrumentos legislativos
pertinentes, havendo, ainda, a
possibilidade de abertura de
crédito suplementar, tão conhecida
e vastamente utilizada pelos
2CAG355047-07/S
tribunalde justiça
ryí/ft'//f/r t/f; iSr~s/siAr/sr/t/tifs fXSÜttt rivmtf/iab tá- MKW V^f-/ttYtir7t-
administradores quando se lhes
apresenta conveniente, para atender
a demandas urgentes, como a ora
posta à apreciação do Poder
Judiciário, uma das esferas
integrantes do exercício da
Soberania do Estado."
Sobre o tema aqui tratado já se pronunciou
este Tribunal de Justiça no mesmo sentido aqui exposto. Confira-se:
"APELAÇÃO CÍVEL E AGRAVO RETIDO.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CADEIA PÚBLICA
DE BOM JESUS DE GOIÁS. CONDENAÇÃO
DA AGSEP EM OBRIGAÇÃO DE FAZER
CONSISTENTE NA ASSUNÇÃO DA EXECUÇÃO
E ADMINISTRAÇÃO DA CADEIA PÚBLICA
E, SUBSIDIARIAMENTE, O ESTADO DE
GOIÁS. PEDIDO JURIDICAMENTE
POSSÍVEL. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO
ART. 2o DA CF E AO PRINCÍPIO DA
LEGALIDADE. EXCEPCIONALIDADE.
DIGNIDADE HUMANA E SEGURANÇA
PÚBLICA. CORRETA IMPOSIÇÃO DE
2C AC 355IM7-I17/S M
tribunalde justiça
•^/it/ft/tr/r ttf. L'i*r//t/(trsyt/i/{;s '"Wí/// '~4-/xf.S/irt: t/- <^%sttf Fh/ttVYtY/r-
OBRIGAÇÃO DE FAZER. MULTA
COMINATÓRIA. REDUÇÃO. AGRAVO RETIDO
PROVIDO. I - Por pedido
juridicamente possível entenda-se
aquele viável no cenário jurídico
legislativo, diante da inexistência
de óbice quanto ao reconhecimento
da respectiva pretensão, pelo que a
preliminar agitada não encontra
respaldo, mesmo porque, em tese,
busca-se o resguardo da dignidade
da população carcerária de Bom
Jesus de Goiás e a tutela da
segurança pública do Município.
II - A dignidade humana é
fundamento basilar do Estado
Democrático de Direito (art. Io,
III, da Constituição Federal),
aliada à garantia do regular
cumprimento da pena e integridade
do preso (art. 5o, X.LIX CF) e ao
dever estatal quanto à segurança
pública (art. 144 CF), além do
artigo 104 da Lei de Execução
2C AC 355047-07/5 12
tribunalde justiça..........,
r%//t'/t,/rt C/r^t/J/Á/M/t/t/t/- tâffltM Óm&iífaiaè Ównr Íft>//t;tit7t
Penal, pelo que não se verifica
margem à discricionariedade
administrativa quanto à assunção da
execução e administração dos
estabelecimentos penais, fornecendo
aparatos ao seu funcionamento,
neste caso a cadeia pública, como
forma de cumprimento de interesses
inderrogáveis. III - "...Embora
resida, primariamente, nos Poderes
Legislativo e Executivo, a
prerrogativa de formular e executar
políticas públicas, revela-se
possível, no entanto, ao Poder
Judiciário, determinar, ainda que
em bases excepcionais,
especialmente nas hipóteses de
políticas públicas definidas pela
própria Constituição, sejam estas
implementadas pelos órgãos estatais
inadimplentes, cuja omissão - por
importar em descumprimento dos
encargos politico-juridicos que
sobre eles incidem em caráter
2G AC 355047417/» 13
tribunalde justiçattlrt!
syb//f'//r/r t/f' L'wtifft//t/i/i/f:s GflífftM r~á-/t/j/ti7t: t/f- ri/mm vWMStlflptfO
mandatório - mostra-se apta a
comprometer a eficácia e a
integridade de direitos sociais e
culturais impregnados de estatura
constitucional." (STF, RE 470715,
Rei. Min. Celso de Mello, DJ de
03/02/2006) . IV - A fixação da
multa cominatória, não se olvidando
da sua finalidade, quando fixada
desbordando da razoabilidade, deve
ser minorada. APELAÇÃO CONHECIDA E
IMPROVIDA. AGRAVO RETIDO PROVIDO."
(TJGO, Apelação Cível n° 100113-
96.2011.8.09.0018, Rei. Dr. José Carlos de
Oliveira, 2a. Câmara Cível, julgado em
29/07/2014. DJe n° 1.600 de 06/08/2014).
Por conseguinte, mantenho incólume a
sentença, que imputa ao Estado de Goiás a obrigação de fazer,
"conforme postulado na inicial", ou seja: a) assunção, de
forma definitiva, pela Secretaria de Estado de Administração
Penitenciária e Justiça, (SAPEJUS) da gestão, direção e
fiscalização da Cadeia Pública de Pontalina e, por extensão, de
Vicentinópolis, adotando as medidas necessárias para a lotação de
:CAC355<M74J7/í 14
tribunalde justiça•laasratúrttun
rj/i///y:r/,- t/i fSf.Mt/fttsyt/t/f.'- tZQ&UM C%/ttj/ii7o t/f- ^-w/c/ "l/r:s/rrt£,7f>
agentes carcerários compatíveis com a demanda do serviço, bem
como a estruturação do serviço administrativo intrínseco à
execução penal; e b) o implemento de medidas para construir uma
nova unidade prisional ou, alternativamente, efetuar os reparos
necessários nas unidades existentes.
Ao teor do exposto, conheço da remessa e da
apelação, mas nego-lhes provimento, a fim de confirmar a sentença
por seus próprios e jurídicos fundamentos acrescidos dos
presentes.
É como voto.
Goiânia, 09 de junho de 2016.
ALAN SEBASTIÃO DE SENA CONCEIÇÃO
RELATOR
2CACJS550I7-ÍI7/S |j
tribunalde justiça
• * •
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DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
N° 355047-07.2013.8.09.0129 (201393550479)
COMARCA DE PONTALINA
AUTOR
RÉU
RELATOR
MINISTÉRIO PUBLICO
ESTADO DE GOIÁS
DES. ALAN SEBASTIÃO DE SENA CONCEIÇÃO
APELAÇÃO CÍVEL
APELANTE : ESTADO DE GOÍAS
APELADO : MINISTÉRIO PÚBLICO
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EMENTA: DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO E
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
OBRIGAÇÃO DE FAZER. MINISTÉRIO
PÚBLICO. LEGITIMIDADE. ADEQUAÇÃO DA
VIA ELEITA. RE N° 592581/RS -
REPERCUSSÃO GERAL. SEPARAÇÃO DOS
PODERES. PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E
DA RESERVA DO FINANCEIRAMENTE
POSSÍVEL. VIOLAÇÃO AFASTADA. CADEIA
PÚBLICA. PRECARIEDADE NA ESTRUTURA
FÍSICA E ADMINISTRATIVA. GESTÃO A
CARGO DA POLÍCIA MILITAR. DESVIO DE
FUNÇÃO. OBRIGAÇÃO DE FAZER.
ASSUNÇÃO DA EXECUÇÃO E
tribunalde justiçaitamaúki i
•^A/tf/s/r/f t/f- L.'cjf//i/f</s-yf/f/f-r r^/fí/;/ rim/U/tâi>fív riyfita ^t=//ftytt7r-
ADMINISTRAÇÃO DA CADEIA PÚBLICA
PELA SECRETARIA DE ESTADO DE
ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA E
JUSTIÇA (SAPEJUS). 1 - A legislação pátria
confere ao Ministério Público a legitimidade
para o ajuizamento de ação civil pública na
defesa dos interesses difusos e coletivos, bem
como dos direitos individuais homogêneos, nos
termos do artigo 129, inciso III, da Constituição
Federal e artigo 1o, inciso IV, da Lei n° 7347/85.
O direito ã segurança pública possui natureza
difusa, sendo, pois, adequada a via eleita para
a sua defesa. 2-0 Supremo Tribunal Federal,
em tema de repercussão geral, no Recurso
Extraordinário n° 592581/RS, em 13/08/2015,
assentou ser legítima a atuação do Judiciário
para recompor a ordem jurídica violada, a fim
de fazer valer direitos fundamentais de eficácia
plena e aplicabilidade imediata - direito à
segurança pública e dignidade da pessoa
humana, mediante a imposição de obrigação
de fazer consistente na promoção de medidas
ou na execução de obras emergenciais em
estabelecimentos prisionais, não sendo
oponível o argumento da reserva do possível
ÍC AC 355047.117/;,
tribunalde justiça
<*£////ti//• tfí: ÚfttMWff6//yafíf/tr <^m//t '''ÚÁ/Smi- t/f r%//t/ "fttvtttiy/t-
nem do principio da separação dos poderes.
3 - É notória a ilegalidade do ato administrativo
que determina a agentes da Polícia Militar que
desenvolvam atribuições relacionadas à
vigilância de presos em cadeia pública. 4 -
Verificada a ausência ou deficiência na
prestação de políticas públicas pelo Estado, é
natural e absolutamente crivei que ocorra a
judicialização do direito violado para que assim
se proporcione a concretização da justiça
social. REMESSA E APELAÇÃO CÍVEL
CONHECIDAS E DESPROVIDAS.
ACÓRDÃO
VISTOS, relatados e discutidos estes autos, em
que são partes as retro indicadas.
ACORDA o Tribunal de Justiça do Estado de
Goiás, em sessão pelos integrantes da Primeira Turma Julgadora
da Quinta Câmara Cível, á unanimidade de votos, em conhecer da
remessa e da apelação e lhes negar provimento, nos termos do
voto do relator.
2CAC35J047-07A 3
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VOTARAM com o relator, que também presidiu
a sessão, o doutor Delintro Belo de Almeida Filho (substituto do
Des. Geraldo Gonçalves da Costa) e Des. Francisco Vildon José
Valente.
REPRESENTOU a Procuradoria Geral de
Justiça a Dra. Sandra Beatriz Feitosa de Paula Dias.
Goiânia, 09 de junho de 2016.
2C AC .1S5047-07/S
ALAN SEBASTIÃO DE SENA CONCEIÇÃO
RELATOR
tribunade justiçado estado de goiás
PODER JUDICIÁRIO
QUINTA CÂMARA CÍVEL
SECRETARIA DA 5a CÂMARA CÍVEL
TRANSITO EM JULGADO E REMESSA
CERTIFICO que o (a) Decisão/ Acórdão
de fls. retro transitou em julgado em
14/09/2016. E faço a remessa dos
presentes autos ao JUÍZO DE ORIGEM.
Goiânia, 23/09/2016.
Marco Wilscin C. MachadoSecretário
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