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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
MÚSICA E EDUCAÇÃO, UMA BELA COMBINAÇÃO!
Por: HORTÊNCIA SILVA SANTIAGO DE LIMA
Prof.EDLA LUCIA TROCOLI XAVIER DA SILVA
Rio de Janeiro 2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
MÚSICA E EDUCAÇÃO, UMA BELA COMBINAÇÃO!
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Educação Infantil e Desenvolvimento.
Rio de Janeiro 2016
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter me dado o dom do amor
pelo ensino e pela música. Agradeço a minha família, pois sem ela nada seria e
por estar sendo a primeira dela a ser formada. Ao meu companheiro Sérgio Joubert por sempre se mostrar parceiro e compreensivo em tudo que diz respeito ao meu trabalho.
A AVM/CANDIDO MENDES por ter me dado tantos ensinamentos, trocas adoráveis. Aos professores que tive, por terem compartilhado saberes e experiências e que ajudaram, sem dúvida, a construir a profissional que sou hoje, e ter feito de mim uma especialista em Educação Infantil, segmento que eu tanto admiro e amo.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos os meus alunos nestes
10 anos de Magistério que tanto contribuíram com a
minha formação.
RESUMO
O objetivo é apontar a importância do trabalho de musicalização infantil
integrada à educação para o desenvolvimento global das crianças, mostrando
a importância da formação artístico cultural do educador e do educando. Para
desenvolver o trabalho levei em consideração a minha experiência com
Educação Infantil e a minha trajetória na Escola de Música da Rocinha a qual
aprendi a me relacionar com a música, além de textos de autores que
defendem e percebem a importância que a música exerce na humanidade.
Também recorri a entrevistas com integrantes da Escola e, com base na teoria
de Bourdieu e Lahihe, analiso a minha trajetória.
METODOLOGIA
O procedimento a ser utilizado para este estudo será pesquisa
bibliográfica, baseada em livros e trabalhos de autores que trataram desde
assunto. Também sites em internet e revistas que abordam este tema, assim
como relatos da minha experiência como professora utilizando a música como
recurso para enriquecer o meu trabalho.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................08
CAPÍTULO I – UMA BELA COMBINAÇÃO...............................................11
O encontro da música com a educação .....................................................11
Revisão da literatura....................................................................................14
CAPÍTULO II - A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA COM AGENTE
TRANSFORMADOR...................................................................................21
2.1. A Escola de Música da Rocinha...........................................................21
2.2. O papel da Escola de Música da Rocinha na comunidade..................24
2.3. O criador e a associação......................................................................26
2.4. A importância da escola de música da Rocinha para a formação dos
alunos..........................................................................................................27
CAPÍTULO III - A MÚSICA DE MÃOS DADAS COM A EDUCAÇÃO......32 CONCLUSÃO.............................................................................................39
BIBLIOGRAFIA..........................................................................................42
ANEXOS.....................................................................................................46
Anexo 1- Fotografias das aulas de Musicalização Infantil..........................46
Anexo 2 – Fotografias da Escola de Música da Rocinha...........................51
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INTRODUÇÃO
A música tem sua importância, pois é algo que faz parte de nossas
vidas, do nosso dia a dia, quem não ouve uma música e é remetido a uma
lembrança? Ou não percebe a sensação que uma determinada música lhe
provoca? “A música exerce forte atração sobre os seres humanos, fazendo
mesmo que de forma inconsciente que nos relacionemos com ela” (SOUZA,
JOLY, 2010, p.98).
De acordo com o Referencial Curricular para a Educação Infantil
(RCNEI):
A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras
capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e
pensamentos, por meio da organização e relacionamento
expressivo entre o som e o silêncio (SOUZA, JOLY apud
BRASIL, 1998, p. 45).
Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI),
aprovada pelo Conselho Nacional de Educação/CNE, em 2009, está definido
que este segmento educacional deve garantir que as crianças tenham
respeitados direitos estéticos, que explorem a sensibilidade, a criatividade, a
ludicidade e a liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e
culturais. (Art, 6º, inciso III). Com as DCNEI, que têm caráter mandatório, fica
definido legalmente que a vivência da arte é direito das crianças, condição para
o seu desenvolvimento integral. Na Educação Infantil, a música deve cumprir
precisamente este papel.
Yolanda (1965, p.95) afirma que: “a arte deve ser à base da
educação fundamental, presente nas experiências escolares como instrumento
de aprendizagem e como forma de expressão, isto é, como fator de
crescimento individual e de integração social”. O que reforça a idéia de Martins
(2004): de que a música está presente em todas as culturas e pode ser
utilizada como fator determinante nos desenvolvimentos motor, linguístico e
afetivo de todos os indivíduos.
9
De acordo com Brito (2003, p.35), “Ouvir, cantar e dançar, é
atividade presente na vida de quase todos os seres humanos, ainda que seja
de diferentes maneiras.”
Segundo experiências ter tido envolvimento com a Escola de Música
da Rocinha, fez com que o repertório musical fosse ampliado e enriquecido
fortemente, pois, além dos ritmos musicais da cultura da comunidade, foram
apresentados outros: Luís Gonzaga, Gilberto Gil, Djavan, Caetano Veloso,
Cazuza, Tom Jobim, músicas clássicas e muitos estilos da MPB. Ostetto (2003,
p.7) aponta “que o gosto pode mudar de acordo com as interações que o
sujeito vier a ser exposto, pressupondo troca, diálogo, sensibilidade e afeto”.
Hoje em dia os gostos musicais das crianças estão bem diferentes.
Crianças logo cedo dançam e cantam músicas com conotações eróticas e cada
vez mais cedo também dançam querendo ser sensuais. As cirandas, as rodas
de cantorias, as músicas infantis da minha infância, sem dúvida, não são mais
tão populares atualmente. As cantigas que eram cantadas na antiga infância
deram lugar às músicas de consumo, o que está na mídia, como é citado no
trabalho Mas as crianças gostam, de Luciana Ostetto (2003), sobre os
repertórios e gostos musicais. A respeito da interferência no gosto do outro, ou
das crianças, a autora afirma que:
Não se trata de condenar o gosto do outro, não, nem de
considerar que a boa música é só a que eu ouço, numa espécie de
elitismo. É considerar que o gosto não é natural, que estamos
falando de uma sociedade capitalista, uma sociedade massificada,
que produz cultura de massa! (OSTETTO, 2003, p.6)
Além dos gostos estarem bastante mudados é dada pouca importância à
música na educação em geral. Porém na Educação Infantil ela aparece a todo
instante. Há música para cantar na hora de comer; de dormir; de mudar de
espaço; de lavar as mãos e mais. É importante que a música seja utilizada de
forma consciente, sabendo-se para o que está sendo utilizada, o que ela
causa, qual o seu efeito, e no que ela pode ajudar no desenvolvimento da
criança. Bréscia afirma que:
10
[...] o aprendizado de música, além de favorecer o
desenvolvimento afetivo da criança, amplia a atividade cerebral,
melhora o desempenho escolar dos alunos e contribui para integrar
socialmente o indivíduo (BRÉSCIA, 2003, p. 81).
Neste trabalho há a reflexão de tudo que a música causa na vida das
pessoas, o que ela proporciona e qual a sua importância na educação infantil.
O objetivo é apontar a importância do trabalho de musicalização infantil
integrada à educação para o desenvolvimento global das crianças, mostrando
a importância da formação artístico cultural do educador e do educando.
Para desenvolvê-lo foi considerado experiências vivenciadas no trabalho
com Educação Infantil e a trajetória na Escola de Música da Rocinha, além de
textos de autores que defendem e percebem a importância que a música
exerce na humanidade.
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CAPÍTULO I A BELA COMBINAÇÃO
1.1. O encontro da música com a educação
Brito (1998) aponta que o termo musicalização infantil apresenta uma
conotação específica, qualificando o processo de educação musical por meio
de um conjunto de atividades lúdicas, em que as noções básicas de ritmo,
melodia, compasso, métrica, som, tonalidade, leitura e escrita musicais são
oferecidas às crianças por meio de canções, pequenas danças, exercícios de
movimento, relaxamento e prática em pequenos conjuntos instrumentais.
Trabalhar com música pode ser um poderoso recurso que enriquece o
trabalho com a educação. Cantar diariamente com as crianças, brincadeiras
com gestos, assim como as atividades de musicalização, a prática do canto
também traz benefícios para a aprendizagem, por isso deveria ser mais
explorada na escola. Bréscia (2003) afirma que cantar pode ser uma estratégia
eficaz na aprendizagem, ajuda com a socialização, na aprendizagem de
conceitos e descoberta do mundo. Tanto no ensino das matérias quanto nos
recreios, cantar pode ser um meio de compreensão, memorização ou
expressão das emoções.
Nas observações feitas o trabalho com educação era feito com o recurso
da musica para aprimorá-lo. A música era incluida em quase todos os
planejamentos fazia parte de quase todos os momentos de aprendizagens e
também das brincadeiras livres. Era usado o violão, instrumentos de percussão
e foram descobertos novas possibilidades de repertórios, este foi se ampliando
a cada dia. Vez ou outra algumas crianças pediam que fossem cantadas
músicas da mídia ou que estavam habituadas a ouvir na comunidade como os
funks e as músicas da moda. No início era de se espantar e no primeiro
momento, como tendência de qualquer professor, os alunos eram vetados. Aos
poucos foi percebido que era inútil fazer isso, que o recomendável era ampliar
o repertório musical das crianças, mas sem ignorar o que elas já traziam
consigo, o que era mais comum na cultura de sua comunidade.
Conforme Brito (2003), as crianças devem ter contato com repertórios
diversos, de diferentes lugares, diferentes ritmos, a fim de ampliar suas
experiências. Não se deve negar o que for trazido por elas, porém deve-se
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promover a experimentação e estimular a criação de novas músicas. Criando
novas composições, elas internalizam percepções da melodia, da rima e do
ritmo.
Ostetto (2003) fala que a criação do repertório musical das crianças é
influenciada pelo repertório musical dos professores, e que muitas vezes o
professor só incentiva as crianças a ouvirem o que está na mídia. As crianças
têm contato apenas com as músicas comerciais, produto feito para massa.
No caso das escolas, as músicas de produto são super valorizadas
muitas vezes pelo professor e pelas famílias, alguns acreditam que ouvir
apenas o que está na mídia como ¹Patati e Patatá” ou Galinha pintadinha 1 é o
suficiente. É possível ampliar o repertório musical das crianças com diversos
ritmos e tipos de músicas diferentes. Segundo Ostetto(2003), professores e
alunos não devem ficar limitados ao já conhecido, não devem aceitar apenas o
que é o gosto do mercado. Não significa que não deixemos as crianças
trazerem os seus gostos musicais para escola, afinal isso seria negar o que ela
traz de si, porém é necessário questionar se o que elas ouvem é um gosto da
própria criança ou do mercado.
Nas experiências vividas era mostrado a diferença de cada música, cada
uma com sua característica. Colocava-se uma música mais tranquila na hora
do sono, ajudava-os a relaxar e tirar uma soneca gostosa. Segundo Brito
(2003) os acalantos são cantigas de ninar cantadas que servem para trazer
tranquilidade e relaxamento.
Na prática foram desenvolvidas brincadeiras diversas com as crianças:
cabra cega, estátua, música para que dançassem de forma livre. Numa das
aulas foi ensinado a música “Foi na loja do mestre André que eu comprei um
pianinho” (música de domínio público), foram apresentado às crianças diversos
instrumentos: o violão, o que era sempre utilizado, chocalhos, triângulos,
clavas, flauta-doce. Após terem sido apresentados esses instrumentos, foram
1 Patati Patatá é uma dupla brasileira de palhaços interpretada por Wagner da Silva Rocha e Henrique Pinheiro Namura. Ambos começaram trabalhando em 1985 como animadores infantis, e a partir daí iniciaram a sua carreira na TV e apresentações em todo o País. A dupla lançou em 2010 o DVD Patati Patatá pela Som Livre que foi certificado com Platina Triplo, mais de 150 mil cópias foram vendidas. Galinha Pintadinha é um projeto infantil criado pelos publicitários Juliano Prado e Marcos Luporini. Eles lançaram o DVD "Galinha Pintadinha e sua turma" em 2009, que conta com animações em 2D com personagens infantis e músicas de domínio público. O projeto já possui três volumes, dos anos de 2009, 2010 e 2012 e inclui cantigas de várias gerações, como "A Barata", "Indiozinhos", "Escravos de Jó" e "Marcha soldado".
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confeccionamos instrumentos musicais de sucata, como chocalhos com
garrafinha e feijão e tambores com latas de leite. Contavam-se histórias
sonorizadas usando violão e fantoches. Cantavam-se músicas diversas para
que as crianças cantassem fazendo gestos. Foi descoberto o que cada melodia
provocava nas crianças: umas acalmavam, outras despertavam ou agitavam.
Também eram colocadas músicas instrumentais, acalantos. Uma que sempre
causava muita agitação e animava a todos era a do Circo da Alegria (Atchim e
Espirro).2 Essa fazia sucesso por todas as escolas.
Chegou, chegou, tá na hora da alegria, chegou, chegou, tá na hora da alegria, no circo tem palhaço, tem tem todo dia, no circo tem palhaço, tem tem todo dia , bate no bumbum bum bum bum bum , pula num pé só só só só só , tem barata aqui qui qui qui qui, no meu paletó to to to to , tem pipoca Ca Ca Ca Ca Ca , chupa picolé lé lé lé lé , de abacaxi não faz xixi xiiiiii, a sua vovó nosso circo e o maior!
As aulas eram planejadas, pensando no objetivo que queria atingir. E
assim era feita a união da música e educação. Bréscia (2003, p.15) afirma que:
O trabalho de musicalização deve ser encarado sob dois aspectos: os aspectos intrínsecos à atividade musical, isto é, inerentes à vivência musical: alfabetização musical e estética e domínio cognitivo das estruturas musicais; e os aspectos extrínsecos à atividade musical, isto é, decorrentes de uma vivência musical orientada por profissionais conscientes, de maneira a favorecer a sensibilidade, a criatividade, o senso rítmico, o ouvido musical, o prazer de ouvir música, a imaginação, a memória, a concentração, a atenção, a auto-disciplina, o respeito ao próximo, o desenvolvimento psicológico, a socialização e a afetividade, além de originar a uma efetiva consciência corporal e de movimentação.
Conforme Martins (2004), a música, pode colaborar para o
desenvolvimento cognitivo e favorecer o desenvolvimento de outras habilidades, como as emocionais, as sociais e as musicais, propriamente ditas. Segundo a experiência relatada, se confirma as palavras da autora.
2 Eduardo Reis e Carlos Alberto de Oliveira, respectivamente o Atchim e o Espirro, são ligados ao meio artístico. Já tiveram os programas “Brincando na Paulista” na TV Gazeta, que era transmitido somente em São Paulo e Santos, e posteriormente na Rede Bandeirantes o programa “Circo da Alegria” que ficou no ar por apenas um ano. Após isso, a dupla se separou. Atualmente os palhaços têm feito participações em vários programas de televisão e comandam um circo próprio que conta com vinte e dois artistas.
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1.2. Revisão da literatura
Para dar conta desta monografia foram pesquisados autores que defendem
e percebem a importância que a música exerce na humanidade. Neste capítulo
faço um apanhado das ideias desses autores, não somente dos que me
baseei, mas também dos publicados no site da ANPED nos últimos dez anos.
Vera Lúcia Pessagno Bréscia. Em seu trabalho Educação musical: bases
psicológicas e ação preventiva, (2003), a autora define música como uma
linguagem universal, tendo participado da história da humanidade desde as
primeiras civilizações. Conforme dados antropológicos, as primeiras músicas
seriam usadas em rituais como nascimento, casamento, morte, recuperação de
doenças e fertilidade.
Com o desenvolvimento das sociedades, a música também passou a ser
utilizada em louvor a líderes, como a executada nas procissões reais do antigo
Egito e na Suméria. Para Bréscia (2003), a musicalização é um processo para
a construção de conhecimento, que desperta e desenvolve o gosto musical,
favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade, do senso
rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, da memória, da
concentração, da atenção, da autodisciplina, do respeito ao próximo, da
socialização e da afetividade, também contribui para uma efetiva consciência
corporal e de movimentação.
Teca Alencar de Brito. Em seu livro A música na educação infantil:
propostas para a formação integral da criança, (2003), ela fala sobre a
musicalização infantil e ressalta ser um trabalho para ajudar professores que
não têm formação em música, mas se preocupam com sua aplicação. A autora
discursa sobre os tipos de músicas que as crianças acreditam que existam,
como música para animar, música de dormir, como os acalantos e fala dos
sons e do silêncio.
Brito define fonte sonora como todo e qualquer material produtor ou
propagador de sons. Para ela os instrumentos são como extensões do corpo
humano, ampliando as possibilidades de expressão corporal. Ressalta que a
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criação de instrumentos musicais seguiu uma trajetória de acordo com as
possibilidades e necessidades do ser humano em sua época.
Brito chama atenção para o som e o silêncio, diz que som é tudo que soa,
tudo que é audível e silêncio não é somente a ausência de som, mas a
ausência de sons audíveis, como as vibrações.
Sobre as origens da música, a autora afirma que a música surgiu na
tentativa de imitar os sons da natureza e que existem várias lendas a respeito
desse assunto, também ressalta que a música representa a sociedade e a
cultura de sua época sofrendo transformações durante o tempo e comportando
novas funções em locais diferentes.
A autora diz que o importante na educação musical é o desenvolvimento do
ser, e que música deve ser utilizada como ferramenta de construção de
indivíduo, não com a pretensão de formar músicos, mas como experiência
significativa para criança.
O trabalho de Luciana Ostteto, Mas as crianças gostam, ou sobre os gostos
e repertórios musicais, apresentado na ANPED no ano de 2003, é uma
pesquisa sobre os repertórios e gostos musicais. A autora inicia contando fatos
de sua infância, as músicas que costumava ouvir. Faz um resgate das cantigas
de roda, das músicas e repertórios de sua infância e adolescência e segue
falando das influências musicais que teve durante sua passagem à vida adulta.
Mostra como foi dada a ampliação e modificação de seus repertórios e gostos
musicais. A autora aponta que as cantigas que eram cantadas na sua infância
perderam lugar para as músicas de massa, pensadas por produtores, pois
atualmente as crianças só ouvem produtos da indústria do disco.
Ostetto chama a atenção para a influência que os professores podem ter no
repertório musical dos alunos. Ela afirma que os gostos são sempre
influenciados por alguém, por uma história e por práticas culturais. Fala ainda
sobre a importância da formação artístico-cultural dos professores, sendo esse
assunto seu interesse de pesquisa.
Ana Lúcia Mendonça de Souza, no trabalho cujo tema é Formação do
professor de educação infantil e a linguagem musical, do ano de 2011, tem o
intuito de apresentar a importância da música para o desenvolvimento integral
da criança na Educação Infantil. Foi baseado em observações de experiências
com instrumentos musicais variados.
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A autora analisou o que leva os professores a práticas sem objetivos
definidos. Diz que quando foi trabalhar com educação infantil percebeu que as
crianças mais tímidas se soltavam nos momentos que havia atividade de
música. Com a música se pode trabalhar concentração, consciência do corpo,
memorização e que por isso ela resolveu trabalhar com musicalização infantil.
Seu trabalho foi desenvolvido a partir da sua experiência como professora
numa creche e as anotações feitas em seu diário de campo.
Observando como as professoras trabalhavam percebeu que elas não
exploravam de forma adequada a educação musical. Faz, então, um estudo
sobre a musicalização, sobre as técnicas que limitam a prática dos professores
de educação infantil relacionada à música e relata algumas atividades que
desenvolveu com as crianças de sua turma.
Ao final a autora relata o que deve ser contemplado na educação com
música e afirma que não é feito nem a metade do que poderia ser feito nas
creches. Afirma que é necessário que os professores tenham bem definidos os
objetivos que querem alcançar e que é fundamental que eles e a escola
tenham a maior variedade de repertórios para que possam através da interação
com estes aprender e apreender as linguagens sonoras de maneira rica e
significativa.
O trabalho de Carlos Eduardo de Souza e Maria Carolina Leme Joly: A
importância do ensino musical na educação infantil, (2010), aborda o
significado da música para o ser humano e o processo de musicalização infantil
na escola. Teve a metodologia de pesquisa-ação, no qual o professor por meio
de sua reflexão na ação buscou melhorar sua prática e consequentemente o
processo de ensino aprendizagem dos alunos.
Os autores falam da utilidade que a música tem, onde ela está presente
e o que ela significa. Apontam também a importância da criança se relacionar
com a música desde a fase escolar, pois nessa fase aprende e constrói
saberes para toda a vida.
Os autores afirmam ainda que a música na escola pode trazer diversos
benefícios, como compreensão de atividades, aprender a ouvir, cantar, realizar
jogos de mão, fazendo com que a criança atinja patamares cada vez mais
sofisticados.
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Falam também da importância de ampliar os repertórios das crianças,
oferecendo-lhes a oportunidade de apreciar diversas músicas.
O trabalho de Rosimary Pereira Lima Martins, Contribuição da música no
desenvolvimento das habilidades motoras e da linguagem de um bebê: um
estudo de caso, (2004), foi idealizado como uma busca pessoal visando suprir
a carência de informações e experiências práticas na área específica de
educação musical com bebês, considerando a necessidade e a importância de
analisar o desenvolvimento da criança estudada. Nessa perspectiva, o trabalho
propõe valorizar e explorar a contribuição da educação musical no
desenvolvimento infantil.
A autora apresenta a concepção dos educadores musicais sobre o tema
investigado, o desenvolvimento musical geral do bebê e aborda a contribuição
da música dentre várias habilidades, seja física ou intelectual da criança,
aprofundando aspectos relacionados à pesquisa. As pesquisas da monografia
abordam a música no desenvolvimento dos bebês, o conhecimento musical
dos bebês, e as atividades musicais para bebês. Martins relata toda a
experiência vivida com a criança pesquisada.
O trabalho Música para se ver, (2005), de Tatiana Toledo Ferreira,
procura investigar a maneira como a música, compreendida como fenômeno
sociocultural, tem influenciado o comportamento no humano através da
História, detendo-se na análise da associação entre música e imagem por meio
das diversas mídias audiovisuais, particularmente no século XX. O objetivo da
autora foi fazer uma análise e enumeração das diversas formas de junção entre
som e imagem na sociedade em que impera o visual. Nessa perspectiva ela vai
verificando as transformações às quais a música se submeteu.
No site da ANPED existem textos que têm a música como tema,
apresentados nos GTs de artes e educação de 0 a 6 anos. Na pesquisa,
relativa ao período de 2000-2012, foi evidenciado que a música não é um tema
que mobilize os acadêmicos, pois foram encontrados apenas seis trabalhos,
um já foi citado acima, o de Ostetto (2003). Os outros cinco sintetizo a seguir.
Brincadeiras tradicionais musicais: análise do repertório recomendado
pelo Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil/MEC, de Monique
Andries Nogueira, (2000), é um estudo de uma professora de música e
pedagoga sobre o material do MEC dedicado à Educação Infantil, ligado à
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especificidade da linguagem musical. A proposta central desse estudo é o
brincar e a música.
A autora fez os estudos das obras musicais que têm ligação com a
brincadeira. O intuito é resgatar brincadeiras verdadeiramente infantis, que
respeitem o desenvolvimento da criança.
Música e educação infantil: possibilidades de trabalho na perspectiva de
uma pedagogia da infância, (2005), também de Monique Andries Nogueira, é
um artigo que procura investigar o papel das linguagens artísticas no
desenvolvimentos da criança de 0 a 6 anos. Busca saber sobre o trabalho
pedagógico desenvolvido a partir da linguagem musical com base no fato de a
música estar presente no cotidiano infantil.
Captura e resistência: elementos para pensar os lugares da experiência
com música no currículo, (2009), de Luís Fernando Lazzarin, trata das
discussões contemporâneas sobre a centralidade da cultura e da linguagem na
produção do campo da educação musical. O texto questiona a experiência com
música como educação do sentimento ou como controle do fluxo cognitivo. Há,
no trabalho, uma tentativa de legitimar a educação musical como disciplina do
currículo. Uma discussão interessante, visto que atualmente o ensino de
música é obrigatório nas escolas de educação básica.
A educação das crianças e as músicas infantis, (2011), de Zena Winona
Eisenberg e Maria Cristina Monteiro Pereira de Carvalho, é um artigo que tem
como tema as músicas infantis que são cantadas paras as crianças e tem o
intuito de explorar seus conteúdos no sentido de apontar conceitos de infância
e de criança assim como apontar valores sociais nelas presentes. Para a
construção do trabalho foram utilizados uma enquete realizada com dez
educadoras acerca de seus hábitos e preferências musicais em sala (e o das
crianças com quem trabalham) e um levantamento de músicas e compilações,
com CD’s e livros sobre música infantil. Os resultados encontrados mostram a
diferença entre as músicas tradicionais selecionadas, que tratam a criança
como “adulto em desenvolvimento”, e as contemporâneas, que abrem mais
espaço para a criança ser criança.
Corpo e espaço na prática musical de orquestra: por uma educação
humanizadora, (2011), de Ilza Zenker Leme Joly, é uma investigação
qualitativa que se deu com integrantes da Orquestra Experimental da UFSCAR
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(São Carlos, SP) entre 2008 e 2009. Como objetivo central, a pesqu isa propôs
discutir como processos de prática e de reflexão em dança poderiam contribuir
para uma Educação Musical humanizadora. Para isso voluntários participaram
de encontros semanais nos quais vivenciaram atividades de dança, cujos
temas foram corpo e espaço, e discutiram sobre as possíveis relações dessas
práticas com a prática musical na orquestra.
O trabalho Musicalização na educação infantil: possíveis efeitos sobre o
desenvolvimento de crianças, de Antonia de Fátima Mota Gregoleti, Gabriele
Lima Gualda, Ana Paula Araújo Fonseca, diz que a música é uma arte que vem
acompanhando historicamente o desenvolvimento da humanidade.
Muitos autores afirmam que a música melhora a sensibilidade, o
raciocínio lógico, a concentração, a disciplina e que, nas escolas, auxiliam no
desenvolvimento infantil, explorando recursos que envolvem aspectos
cognitivos, afetivos, emocionais, além de experiências que servirão de
bagagem para a vida adulta.
Esse trabalho teve por objetivo avaliar os efeitos que uma intervenção
em musicalização pode ter no desenvolvimento musical de crianças de
educação infantil.
O trabalho foi dividido em três etapas: a primeira etapa consistiu na
caracterização inicial dos participantes, com levantamento de informações
sobre seu repertório musical.
Para a realização deste levantamento foram realizadas atividades que
objetivavam avaliar habilidades referentes à musicalização, focando distinção
de ritmos com as mãos; atributos do som: diferença entre som grave e agudo;
som forte e fraco; audição de instrumentos musicais, solicitando identificação
dos mesmos, como: violão, piano, flauta, bateria e acordeão.
A segunda etapa foi a realização da intervenção propriamente dita. Para
isso, foram realizados quatro encontros semanais de uma hora de duração com
nove crianças de uma classe de educação infantil, desenvolvendo-se
atividades de educação musical.
A última etapa consistiu na avaliação pós-intervenção, onde foi
realizado o mesmo procedimento utilizado na primeira etapa. Os resultados
obtidos mostraram que, após a intervenção, todas as crianças apresentaram
ganhos no repertório musical, além de ganhos indiretos em relação ao
20
desempenho social, relatados pela professora e por uma mãe. Tais dados
reforçam o que se afirma na literatura sobre os possíveis benefícios da música
para o desenvolvimento infantil.
Dentre os textos apresentados são destacados os de Brito(2003),
Bréscia (2003), Ostetto (2003), Souza (2011), Souza e Joly (2010), Martins
(2004) e Ferreira (2005) como os mais relevantes para elaboração desta
monografia.
21
CAPÍTULO II
A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA COM AGENTE TRANSFORMADOR 2.1. A Escola de Música da Rocinha
Neste capítulo é relatada a história da Escola de Música da Rocinha
como agente transformadora na vida das crianças e jovens da comunidade.
Segundo a experiência relatada ter participado da Escola de Música da
Rocinha constatar que é total a importância que ela teve com a formação
pessoal, profissional e acadêmica. A possibilidade de ampliar a visão de mundo
através da arte, da música, a apresentação de um novo repertório musical, os
novos acessos, tudo isso formou a pessoa que hoje escreve essa monografia.
Para analisar esta trajetória escolar e, sobretudo, a interferência que a Escola
causou, tive como base Bourdieu e Lahire. Lahire, em seu livro Sucesso
escolar nos meios populares – as razões do improvável, de 2004, coloca o
desafio de explicar as boas situações escolares de crianças cujas famílias são
desprovidas de recursos que poderiam facilitar tais situações. Para isso ele
parte da suposição de que haveria diferenças secundárias entre as famílias de
meios populares que poderiam explicar a alternância entre sucesso e fracasso
escolar mesmo em situações tão próximas. Lahire acredita que para
compreender comportamentos e resultados escolares é imprescindível
reconstruir a rede de relações familiares da criança em questão. Ele aponta
como grande causa para os fracassos escolares a solidão dos alunos ou a falta
de estímulos familiares em relação ao seu universo escolar.
O sociólogo francês Bernard Lahire se dedicou, ao longo de sua trajetória, à
análise das causas do sucesso ou do fracasso escolar, sobretudo nas classes
populares. O autor toma Bourdieu como referência e explica a questão das
influências na vida dos sujeitos de camadas populares. E afirma que para que
aconteça sucesso escolar na trajetória dessas pessoas, é necessária uma
interferência extrafamiliar.
Bourdieu (2008a) explica que a noção de capital cultural é um conceito que
surge da necessidade de se compreender as desigualdades de desempenho
escolar dos indivíduos oriundos de diferentes grupos sociais. Sua sociologia da
22
educação se caracteriza, notadamente, por aliar o peso do fator econômico ao
peso do fator cultural, na explicação das desigualdades escolares.
O capital cultural é mais do que uma subcultura de classe; é tido como um
recurso de poder que equivale e se destaca no duplo sentido de se separar e
de ter uma relevância especial, comparado a recursos, especialmente, e tendo
como referência básica, os recursos econômicos. Daí o termo capital associado
ao termo cultura; uma analogia ao poder e ao aspecto utilitário relacionado à
posse de determinadas informações, aos gostos e às atividades culturais. Além
do capital cultural, existiriam as outras formas básicas: o capital econômico, o
capital social (os contatos) e o capital simbólico (o prestígio) que juntos formam
as classes sociais ou o espaço multidimensional das formas de poder.
Bourdieu aponta que o capital cultural é algo que o indivíduo adquire na família,
portanto as pessoas de camadas populares são descapitalizadas, pois não
nasceram em um meio social que possui esse capital. Esse capital cultural ao
qual Bourdieu se refere é o saber valorizado pela escola, que está na elite.
Para Bourdieu (2008b), o habitus3 é incorporado ao longo da socialização
do indivíduo. O autor afirma que quem consegue ascender sem possuir capital
cultural, precisa romper com sua origem social que, inconscientemente, torna-
se uma ruptura com suas aquisições primeiras, para se integrar a outro meio
social. O indivíduo muda de hábitos, de costumes, para se integrar ao novo
meio em que vive. Para que pessoas sem capital cultural possam ascender na
vida escolar, é necessária a existência de uma intervenção de alguém ou de
alguma pessoa na trajetória do indivíduo.
A Escola de Música da Rocinha é a única escola de música desta
comunidade. Fundada em 1994, já funcionou nas dependências de duas
igrejas e na quadra da Escola de Samba Acadêmicos da Rocinha, tendo se
transferido em 2004 para o Centro de Cidadania Rinaldo De Lamare, o que
significou um grande passo para a ampliação e aprimoramento de suas ações.
A qualidade do espaço e a infraestrutura disponível ainda permitem a
ampliação das atividades oferecidas.
3 O conceito de habitus foi desenvolvido pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu. Relaciona-se à capacidade de uma determinada estrutura social ser incorporada pelos agentes por meio de disposições para sentir, pensar e agir.
23
A escola oferece aula de violão, cavaquinho, piano-teclado, canto-coral,
percussão, flauta doce e prática de conjunto. Também dispõe de instrumentos
para uso dos alunos, tanto nas suas dependências como para empréstimo,
possibilitando que os alunos estudem em casa.
Possui, além disso, uma orquestra de cordas e um grupo de chorinho
“Chorando à Toa” que atua profissionalmente no circuito cultural e tem um cd
gravado em 2009.
A Escola trabalha com a diversidade cultural, tendo ênfase em música
brasileira, buscando colocar o aluno em contato com uma grande variedade de
gênero e estilos musicais. Com um repertório variado, indo do popular ao
erudito, do tradicional ao contemporâneo, busca oferecer ao aluno uma
experiência musical ampliada evitando o repertório executado nas mídias de
massa, ao qual o aluno geralmente já tem acesso, e valorizando gêneros que
não ocupam esse espaço.
A arte deve ser à base da educação, deve estar presente nas
experiências escolares como forma de expressão, isso é, como fator de
crescimento individual e de integração social, pois ela desenvolve no sujeito
uma maior capacidade crítica. Segundo Souza (2011) o sujeito precisa ter
acesso às variadas formas de expressão de cultura, pois ampliando seu
repertório cultural, desenvolve olhar crítico sobre as linguagens artísticas e
sobre o mundo.
De acordo com o site da Escola de Música, os alunos tendem a melhorar
seu rendimento escolar conforme o seu envolvimento com a linguagem
musical. Essa informação é endossada pelos familiares dos estudantes que
atestam serem claramente perceptíveis as modificações de atitude e
comportamento dos alunos frente aos problemas escolares; e percebem o
aumento no grau de envolvimento com a relação ensino-aprendizagem e um
aumento do desejo de sucesso.4
4 Informação retirada do site da Escola de Música da Rocinha disponível em: http://www.emrocinha.org.br
24
2.2. O papel da Escola de Música da Rocinha na comunidade
A Rocinha é uma comunidade localizada na Zona Sul da cidade do Rio de
Janeiro, entre os bairros de São Conrado e Gávea, cuja população pode
chegar a 150mil habitantes (segundo lideranças locais). Hoje já avançou
bastante, é realmente um bairro. Dentro da própria comunidade temos vários
suportes, que antes não havia, e não é preciso sair de dentro dela para quase
nada. Temos bancos, posto de saúde, UPA (Unidade de Pronto Atendimento),
duas grandes lojas de eletrodomésticos, diversos minimercados, lojas de
material de construção, academias, escolas e creches e outros equipamentos.
Há pouco tempo foi ocupada pela UPP (Unidade de Polícia Pacificadora),
porém ainda enfrenta vários problemas como carência econômica, cultural,
falta de saneamento básico, de direitos e muitos outros. Em meio às várias
dificuldades, crianças e jovens encontram diversos obstáculos para seu
desenvolvimento e atendimento aos seus direitos. A Escola de Música
influencia na vida e na história de crianças e jovens que vivem nela, buscando
transformar os sujeitos através da música. Busca aliar cultura e educação com
vistas à melhoria das condições de vida dos moradores desta comunidade.
Entendendo o papel fundamental da formação educacional no desenvolvimento
de crianças e jovens e a cultura como fator de estímulo ao desenvolvimento e
melhorias na capacidade cognitiva, percepção, habilidade motora,
concentração, autoestima, autoconfiança, comunicação e noções de
responsabilidade norteadas pelo trabalho em equipe, a EMR aposta nesta
soma de esforços como um excelente caminho na superação de
adversidades. Existem opiniões diversas sobre o papel que a Escola de Música
da Rocinha exerce na comunidade, dentre elas destaco os de Gilberto
Figueiredo, Carla Mariana e Michele Castro.
Gilberto Figueiredo: – (...) Na verdade os projetos sociais que lidam com as
linguagens artísticas, lidam com a cultura, eles têm acima de tudo um papel de contar
para as pessoas que o mundo é muito maior do que o que passa na televisão e nos
rádios. A gente vai construindo na rotina de relacionamento dos nossos alunos uma
grande pintura, que é um mundo muito mais amplo do que eles conheciam. Então
25
quando eles se deparam com essa pintura, isso desperta muito a curiosidade e eles
vão querendo mais. A própria escola oferece isso através dos conteúdos, das aulas
que são desenvolvidas, assim como o circuito cultural da cidade passa a oferecer, e a
própria televisão ou rádio que estavam na casa dele também, porque eles começam a
experimentar outros canais de televisão. Muitos deles passaram a assistir mais canais
do que assistiam a partir da experiência que tiveram com a escola e outras
experiência culturais também. Quem sabe muitos alunos assistam a TV Brasil, TV
cultura e outros culturais?
Acho que esse é o grande papel que a escola conseguiu e vem conseguindo
desenvolver bem, que é ampliar esse universo de possibilidades, de estimular e
aguçar a curiosidade das crianças e dos jovens e fazer com que eles percebam que o
mundo é muito maior do que o que cabe na televisão e no rádio.
Gilberto Figueiredo já foi professor de violão e flauta doce,
posteriormente, coordenador e atualmente é diretor da Escola de Música da
Rocinha.
Carla Marina: – (...) Uma das coisas que o Gilberto sempre falava era o fato da
Escola de Música ter o papel não de formar músicos, e sim tirar as crianças das ruas,
para não ficar com tempo ocioso.
Carla Mariana entrou na Escola de Música com 9 anos. Começou
fazendo aula de flauta doce, foi monitora de flauta e tocou por 9 anos com o
grupo “Chorando à Toa”, com o grupo gravou cd e viajou para Alemanha em
2009, numa turnê em 28 cidades.
Michele Castro: – (...) Acho que da mesma forma que a EMR me influenciou, vai
ampliar a perspectiva de vida das crianças, mesmo que elas não cursem uma
faculdade de música. Vai apresentar canções, cantores e compositores que elas não
teriam acesso tão facilmente.
Michele Castro começou na escola fazendo aula de violão, fez também
canto-coral, passou a ser monitora de violão, e fez parte da primeira banda da
escola, BanDaCapo5, um grupo de prática de conjunto. A prática de conjunto
funciona como fio condutor do trabalho pedagógico desenvolvido na Escola de
Música da Rocinha. Nos diversos cursos, desde os níveis iniciantes, aparece
como estratégia de ensino através de atividades que estimulam a realização de 5 O primeiro grupo montado na EMR, a BanDaCapo (2001-2007), que trabalhava com repertório de MPB, o grupo já gravou um cd e fez uma turnê na Alemanha em 2003.
26
pequenos arranjos didáticos incluindo os instrumentos do curso em questão,
flauta doce ou violão, por exemplo, e agregando outros de acordo com
proposta e orientação do professor. Em níveis mais avançados, a prática de
conjunto ganha status de disciplina, na qual o viés pedagógico vai dando lugar
ao viés artístico, e a produção de repertório visa às apresentações públicas e à
formação profissional.
O meio social extrafamiliar pode modificar a trajetória de uma criança que
cresce em uma família de baixo capital cultural. Nesse sentido Lahire (2004)
diz que o caminho para uma boa educação está no meio social que a criança
vive - um ambiente que ultrapasse a própria família. Ele diz que há dois
caminhos para que alunos de classes populares fujam do fracasso escolar:
encontrar ajuda eficaz da escola ou buscar apoio extrafamiliar, com vizinhos e
amigos, instituições, e outros.
2.3. O criador e a associação
Hans Ulrich Koch é um alemão, professor de música que em um período de
residência no Brasil, incomodado com as condições de vida das crianças que
viviam nas favelas da cidade, decidiu dedicar-se ao trabalho de
desenvolvimento social através da música. Fundou a Associação Cultural
Professor Hans Ulrich Koch, responsável pela Escola de Música da Rocinha
que é uma instituição sem fins lucrativos fundada em 1994.
A Associação possui uma rede de doadores mobilizada por seu fundador na
Europa, com o apoio de instituições que atuam na captação e repasse de
recursos financeiros.
O primeiro projeto implantado pela Associação foi a Escola de Música da
Rocinha, que funciona com atividades ininterruptas desde 1994. Também já foi
dado suporte na formação dos projetos: Escola de Música Santa Marta, na
comunidade do Morro Dona Marta, em parceria com a União de Caridade São
Bonifácio, entre 2001 e 2003; e Escola de Música AIDA – Arco-Íris do Amor,
instituição ligada à Igreja Católica Alemã entre 2004 e 2006, no Sítio das
Crianças, instituição que atende crianças em regime de abrigo no município de
Tanguá.
Atualmente a Associação Cultural Professor Hans Ulrich Koch concentra
seus esforços na Escola de Música da Rocinha, seu principal projeto, cujos
27
processos pedagógicos estão consolidados, e busca melhorias em seus
processos de gestão, comunicação, sustentabilidade e avaliação de resultados
para que se tenha um projeto de excelência e possa, então, retornar a
implementação de projetos em outras comunidades.
Carlson Barros: – (...) Acompanhei a evolução do projeto, idealizado por um
estrangeiro, que acreditou no potencial das crianças da comunidade. Um cara que
sempre teve acesso à boa educação, às melhores escolas. Saiu do seu país, veio
para o Rio de Janeiro, tinha o ideal de montar um projeto de música dentro de uma
comunidade carente para as crianças que não tinham oportunidade de pagar uma
escola de música. O cara apostou nessa ideia, a escola começou num espaço bem
reduzido e foi nesse processo tendo oportunidade de ocupar espaços maiores e hoje
estamos num espaço bem confortável, podendo atender ainda mais crianças e jovens
da Rocinha.
Carlson Barros entrou na Escola de Música com 14 anos, tornou-se
professor de violão na Escola de Música e atualmente trabalha em outros
lugares, como creches, pré-escola e outra escola de música. Também está
cursando licenciatura em música na UNIRIO.
2.4. A importância da escola de música da Rocinha para a formação dos alunos
A cada ano aumenta o número de alunos e ex-alunos que conseguem
ingressar na universidade, sendo para o curso de música ou para outros. A
música melhora o raciocínio lógico, a sensibilidade, a concentração e a
disciplina, o que auxilia no desenvolvimento escolar.
Segundo experiências vivenciadas A Escola de Música ajudou muito
nesse aspecto a muitas crianças e jovens, através da música. O resultado de
quem participou da escola, é que todas as crianças e jovens apresentam não
só ganhos em repertórios musicais, também melhoram a sua socialização e,
consequentemente, o sucesso escolar. Durante as entrevistas foi comprovado
a importância que a escola tem para a formação dos alunos, seja ela pessoal
e/ou acadêmica:
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Daniel Rodrigues: – (...) A escola me ajudou bastante em termos de educação, no
sentido de ampliar minha visão de mundo, tive mais acessos, conheci novas pessoas
e a música traz pensamentos mais positivos.
Carlson Barros: – (...) Através da escola de música eu tive a maior parte da minha
base de aprendizado musical, instrumental. Com as possibilidades que a escola me
deu, através de parcerias, consegui fazer cursos na área de música que me
prepararam para passar no vestibular, como o SISTEMUS e anteriormente o TEPEM
(ambos cursos de percepção e teoria musical), além da bolsa que recebi para estudar
baixo acústico. Na própria EMR estudei com excelentes professores de violão e ter
feito parte de práticas me ajudou como instrumentista a poder trabalhar e levar meu
conhecimento a outras escolas e com ganho financeiro. Com toda essa vivência na
Escola consegui ingressar na Universidade de Música da UNIRIO.
Carla Marina: – (...) A escola de música me ensinou tudo o que eu tenho de base, de
leitura de partitura, vivência de grupo, eu aprendi tudo na escola de música. Participei
do canto-coral, do teclado, conjunto de flautas, da orquestra do Criança Esperança6, o
tempo que passei lá fui muito feliz.
Paulo Victor: – (...) A importância da escola na minha formação acadêmica é total. Foi
dela que ganhei o incentivo pra seguir na carreira da música. Hoje estou cursando o 3ª
período de licenciatura em música na UNIRIO, graças ao suporte e apoio que vieram
por parte da EMR.
Simone Ferreira: – (...) A escola de música hoje é o meu trabalho. Antigamente
quando cantava no coral era o meu refúgio, cantar às vezes me fazia chorar, ou sorrir,
dependendo da música. A escola de música era a minha fuga dos problemas de casa,
como ter muitas crianças em casa, de ter somente uma televisão para todos e cada
um querendo assistir um canal diferente, então a Escola teve esse papel de válvula de
escape. Hoje faço o meu trabalho na escola com amor, pois conheço as suas
dificuldades, sei o que é melhor, o que é pior na escola, conheço as pessoas. Acredito
que se não tivesse feito parte da escola estaria trabalhando no shopping por 6 horas,
6 O projeto Criança Esperança é uma iniciativa da Rede Globo em parceria com a Unesco. Todo ano, a campanha mobiliza os brasileiros para doarem recursos, que são aplicados em projetos sociais em todo o Brasil. A Escola de Música da Rocinha já foi beneficiada com as doações do projeto algumas vezes, o que contribuiu para o seu melhor funcionamento, proporcionado recursos financeiros.
29
em feriado, acho que a escola fez toda diferença em minha vida, em relação à pessoa
que sou hoje, na relação que tenho com minha filha.
Segue abaixo uma lista demonstrando como a Escola de Música age de
forma positiva na vida de crianças e jovens.
Listagem dos alunos da Escola de Música da Rocinha que entraram,
cursaram ou estão na Universidade:
Hortência Santiago- Licenciatura em Pedagogia - UNIRIO
Carlson Barros- Licenciatura em Música - UNIRIO
Flávia Melo- Licenciatura em Música - UNIRIO
Paulo Victor- Licenciatura em Música - UNIRIO
Renato Alves- Licenciatura em Música - UNIRIO
Pedro Evangelista- Licenciatura em Música - UNIRIO
Rodrigo José- Licenciatura em Música - UNIRIO
Carlos Mendes de Araújo - Licenciatura em Música - UNIRIO
Leandro Azevedo - Bacharelado em Música Popular Brasileira (Arranjo) -
UNIRIO
Meiriane Lima - Licenciatura em Música no Conservatório Brasileiro de
Música
Carla Mariana - Licenciatura em Pedagogia - PUC-Rio
Juliana Dantas Bernardo - Licenciatura em Pedagogia - PUC-Rio/
Relações Internacionais- UFRJ
Fernanda Britto – Contabilidade - UniverCidade
LadyDaiana Ribeiro - Marketing - Uni carioca
Luana Batista - Licenciatura em Educação Física- Universidade Estácio de
Sá
Iara Machado - Design de moda - Universidade Cândido Mendes
Ana Cláudia Rodrigues - Letras - Português/Inglês - Universidade Estácio
de Sá
Robson Mello - Jornalismo - FACHA
Thais Carvalho - Licenciatura em História - PUC-Rio
Patrícia Serafim - Licenciatura em Educação Física - UniverCidade
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Yuri Jardelino - Licenciatura em Química - UERJ
José Renato Macedo - Arquitetura e Urbanismo - Universidade Estácio de
Sá
Rodrigo Torquato - Licenciatura em Física - UFF
Giovanna Pinheiro - Licenciatura em Matemática - UFF
Aline Martins - Letras - PUC-Rio
Karla Martins - Licenciatura em Pedagogia - PUC-Rio
Gisele Medina - Licenciatura em Pedagogia - PUC-Rio
Fabrício Mendonça - Arquitetura e Urbanismo - Centro Universitário
Metodista Bennett
Nicolas Teodosio - Engenharia da Computação - INFNET
Jéssica Teodosio - Engenharia química - PUC-Rio
Washington Ferreira - Licenciatura em História - Universidade Veiga de
Almeida
Johnny Nobre - Engenharia de Produção - Uni Carioca
Marco Antonio da Conceição Filho - Licenciatura em História - PUC-Rio
Lívia Nunes- Jornalismo - FACHA
Armando Machado - Economia - IBMEC RJ
Cinthia França - Fisioterapia- Universidade Veiga de Almeida
Gisele Martins - Gestão em Educação - SESI/UFF
Edileidy Nascimento - Instituto Superior de Educação Pró-Saber
Rodrigo Ribeiro - administração - Universidade Salgado de Oliveira
Charles Damascena - Licenciatura em História - PUC-Rio
Camila Perez - Produção Audiovisual - Universidade Estácio de Sá
Ana Beatriz Araújo - Administração - Universidade Gama Filho
Elli Welen - Direito - Universidade Estácio de Sá
William Lopes - Licenciatura em teatro - Universidade Estácio de Sá
31
CAPÍTULO III
A MÚSICA DE MÃOS DADAS COM A EDUCAÇÃO
Dois aspectos que contribuem para a dificuldade do professor desenvolver a linguagem musical de maneira satisfatória. A falta da disciplina de música em sua formação, e as influências musicais vivenciadas na trajetória pessoal e acadêmica. Contudo, vale ressaltar que a formação cultural não se limita apenas a linguagem musical, os professores, assim como os alunos,precisam estar em contato com as demais linguagens artísticas, a fim de ampliarem visões e conceitos pré-estabelecidos (SOUZA, 2011, p.18)
A música representa um papel tão significativo na Educação que há um
conjunto de leis e documentos oficiais que orientam sobre os direitos das
crianças em relação à formação musical, tal como o Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998). A Lei nº 11.769, de 18 de
agosto de 2008, que alterou a Lei nº 9. 394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) para dispor sobre a
obrigatoriedade do ensino da música na educação básica pública e privada.
A lei nº 11.769 determina que a música seja “conteúdo obrigatório, mas não
exclusivo” do componente curricular relativo à arte, em toda a Educação
Básica, o que também consta da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº 9394/1996
(Artigo 26, § 2º). Ao ensinar tal disciplina, as escolas podem trabalhar com
artes visuais, teatro, dança e também a música.
De acordo com a experiência relatada o trabalho de professora,
juntamente com o envolvimento com a escola de música se fortaleceu. Um dia
Gilberto – professor da escola de música - chamou quatro alunos para
conversar sobre um projeto a ser desenvolvido de musicalização infantil em
creches comunitárias. O projeto consistia em alguns alunos darem aula de
musicalização infantil nas creches comunitárias da Rocinha. Cada monitor
(aluno) ia a uma creche das que foram selecionadas para fazer parte do
32
projeto. Uma das primeiras músicas a ser tocada no violão foi Meu Pintinho
amarelinho, (Música de domínio público)
Meu pintinho amarelinho cabe aqui na minha mão, na minha mão, quando quer comer bichinho, com seus pezinhos ele cisca o chão, ele bate as asas, ele faz piu-piu, mas tem muito medo é do gavião.
O trabalho deu muito certo, foi-se descobrindo como fazer aquilo como
brincadeiras e muito do que se pode fazer com música e com criança. Uma vez
por semana um monitor ia à creche e dava aula de música para as crianças e
elas gostavam. Levava o violão, às vezes alguns instrumentos de percussão e,
dependendo da aula que planejava, ia aprendendo junto com as crianças o que
a música podia nos proporcionar. Era uma convivência bastante prazerosa.
Brito (1998) aponta que o termo musicalização infantil apresenta uma
conotação específica, qualificando o processo de educação musical por meio
de um conjunto de atividades lúdicas, em que as noções básicas de ritmo,
melodia, compasso, métrica, som, tonalidade, leitura e escrita musicais são
oferecidas às crianças por meio de canções, pequenas danças, exercícios de
movimento, relaxamento e prática em pequenos conjuntos instrumentais.
Quando iniciamos o trabalho de musicalização, íamos em creches
comunitárias, tínhamos o acompanhamento do professor. Ele, além de nos
passar músicas que poderíamos trabalhar, nos dizia o que poderíamos obter e
nos direcionava para saber qual objetivo queríamos atingir a cada atividade.
Uma atividade que sempre repito e dá muito certo é apresentar
instrumentos diversos de percussão como chocalhos, caxixis, pequenos
tambores, ovinho, clavas, triângulos e outros. Toco todos eles para que os
alunos ouçam seus respectivos sons, passo cada instrumento para que eles
toquem e ouçam de perto, e depois coloco os instrumentos dentro de um saco
ou caixa. Após toco um de cada vez dentro da caixa e os alunos devem
descobrir qual instrumento está sendo tocado. Com essa atividade desenvolvo
atenção, concentração e o sentido da audição.
33
O importante na educação musical é o desenvolvimento do ser, a música vem como ferramenta de construção de um indivíduo, e não deve ser voltada exclusivamente a formação de futuros músicos. Deve ser usada como experiência significativa para criança (BRITO, 2003, p.152).
Na preparação para dar aula de musicalização para as crianças com
Gilberto, que era professor de violão, foram aprendidas várias atividades
lúdicas, focando na caracterização de ritmos com as mãos; propriedade do
som: diferença entre som grave e agudo; som forte e fraco; audição de
instrumentos musicais, solicitando identificação dos mesmos.
A criação de uma base musical sólida propicia às crianças o gosto pela
vivência de sons e melodias. A música enriquece e contribui para o seu
processo de aprendizagem. Estimulam-se os seus sentidos por meios de sons
e dos instrumentos. Dessa maneira foi o trabalho desenvolvido pelo meu
professor para nos passar as primeiras noções de como é o processo de
musicalização infantil. O resto, muito do que aprendi, foi na prática, na vivência
do meu trabalho. Martins (2004) aponta que as atividades elaboradas em aulas
de musicalização, em geral, auxiliam no desenvolvimento do cérebro, e cabe
ao educador pesquisar, planejar, diagnosticar e ajudar o aluno a desenvolver a
inteligência musical e construir seu conhecimento vivenciando as diversas
formas de “fazer música”.
Nas Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil/DCNEI, o ensino
musical também assegurado, em especial no artigo 9º, quando afirma que as
práticas pedagógicas devem:
- promover o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de
experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação
ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da
criança (inciso I)
- favorecer a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o
progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão:
gestual, verbal, plástica, dramática e musical; (inciso II)
-promover o relacionamento e a interação das crianças com
diversificadas manifestações de música, artes plásticas e gráficas, cinema,
fotografia, dança, teatro, poesia e literatura. (inciso IX)
34
Pensando nessa perspectiva devemos pensar na formação artística
cultural do educador, pois, sem esta formação não será possível que a arte
esteja presente no cotidiano da escola.
Segundo a experiência vivenciada acredita-se que de forma inconsciente a
escola de música preparou para o desenvolvimento da linguagem musical de
forma mais adequada. Não houve preparação para educação musical no
ensino médio normal e nem na universidade, em ambos não teve uma matéria
que dissesse que a música é fundamental na educação infantil, nem mesmo
matéria optativa, não existe uma disciplina que ensine aos professores como
utilizar a música de forma consciente. Fala-se o tempo todo que a música é
importante, porém não se tem orientação de como promover o
desenvolvimento integral da criança através da música.
O importante na educação musical é o desenvolvimento do ser, a música vem como ferramenta de construção de um indivíduo, e não deve ser voltada exclusivamente a formação de futuros músicos. Deve ser usada como experiência significativa para criança (BRITO, 2003, p.152).
A criação de uma base musical sólida propicia às crianças o gosto pela
vivência de sons e melodias. A música enriquece e contribui para o seu
processo de aprendizagem. Estimulam-se os seus sentidos por meios de sons
e dos instrumentos. Dessa maneira foi o trabalho desenvolvido pelo meu
professor para nos passar as primeiras noções de como é o processo de
musicalização infantil. O resto, muito do que aprendi, foi na prática, na vivência
do meu trabalho. Martins (2004) aponta que as atividades elaboradas em aulas
de musicalização, em geral, auxiliam no desenvolvimento do cérebro, e cabe
ao educador pesquisar, planejar, diagnosticar e ajudar o aluno a desenvolver a
inteligência musical e construir seu conhecimento vivenciando as diversas
formas de “fazer música”.
Brito (2003) cita a música como jogo, que é o que acontece com a
musicalização infantil. Para explicar esse processo, a autora cita François
35
Delalande que relaciona a música às formas de atividade lúdica propostas por
Jean Piaget da seguinte forma:
Jogo sensório-motor – vinculado à exploração do som e do gesto;
Mostra a mãozinha, tá aqui, tá aqui, cadê o seu pezinho? Tá aqui, tá aqui, acha o cabelinho, já achei, já achei, aperta a bochechinha, apertei, apertei, faz cara de feliz, há, há, há, há, e mexe no nariz, ah, ah, atchim, bate no bumbum, bum, bum, bum, bum, faz barulho de pum...
Mostra a mãozinha, da compositora Cláudia Vargas7, sempre fez o
maior sucesso com as crianças. Nela podemos explorar a relação entre som e
o gesto. Ainda de acordo com a autora:
O Jogo simbólico – vinculado ao valor expressivo e à significação
mesma do discurso musical;
Fui ao mercado comprar café, veio a formiguinha e subiu no pé, eu sacudi, sacudi, sacudi, mas a formiguinha não parava de subir...
Fui ao mercado (música de domínio público) é uma música em que as
crianças também cantam e fazem gestos, sacodem as partes do corpo que vão sendo cantadas, fazendo a representação de que está sacudindo porque a formiguinha está subindo em seu corpo.
O Jogo com regras – vinculado à organização e à construção da
linguagem
Jacaré tá na lagoa, com preguiça de acordar, deixa estar seu jacaré, que a lagoa há de secar, sim, sim, sim, não, não, não, pegou fogo o papelão, sim, sim, sim, não, não, não, pegou fogo o papelão, acooorda seu jacaré!!! Acorda jacaré! Acorda jacaré! Acorda jacaré! Acorda jacaré!
Jacaré tá na lagoa (música de domínio público) era uma das músicas em
que, ao dar o acorde, as crianças já deitavam, fechavam os olhos, imitando o
jacaré dormindo; e ao gritar “acorda seu jacaré”, todos começavam a pular e
era aquela festa! Não era preciso falar o que teriam que fazer.
7 Cláudia Vargas é cantora do álbum Faça Bum! O qual contém a música Mostra a mãozinha e outras composições infantis, lançado pela gravadora Angels Records.
36
Delalande (apud Brito, 2003) agrupa vários tipos de música de acordo
com sua função lúdica, essa maneira de organizar o repertório é mais
interessante para o educador, pois ajuda muito no que realmente se espera de
um exercício, tornando o trabalho do professor mais simples. Ao pensar em
uma atividade com essa proposta, já tem o seu repertório organizado de
acordo com sua necessidade. Para que as crianças se agitem, uma música
com muitos movimento e pulos, com acompanhamento do violão e pandeiros
por exemplo. Para acalmar os ânimos, cantar uma bem lentinha, com acordes
suaves, como Pedala Pedalinho da compositora Bia Bedran8.
Pedala, pedala, pedala, pedalinho, me leva pra longe, bem devagarinho. O mar tá bonito, tá cheio de caminhos, pedala, pedala, pedala, pedalinho.
Delalande afirma que a melhor conduta para educadores é observar na
educação infantil como acontece a exploração do universo sonoro e musical e
a partir dessas informações fazer o direcionamento da criança a fim de ampliar
suas possibilidades sempre respeitando o ritmo e a maneira da criança realizar
suas descobertas. O autor indicado subdivide a exploração sonora em três
partes:
1) Exploração: desde bebês as crianças em seu desenvolvimento sensório-
motor podem utilizar objetos que provocam ruídos, primeiramente com
simples tocar, depois na força do tocar, como tocar, aonde tocar
provocando variações no resultado sonoro.
2) Expressão: a representação da expressão pela criança se dá pela
representação do real através do som, a criança liga o som à sua fonte,
ou que ele representa para ela, um exemplo é quando imita o ruído de
um carro, juntamente faz o gesto de dirigir.
3) Construção: a organização das ideias musicais pela criança se dá por
volta dos seis, sete anos de idade já que antes disso a criança se
8 Bia Bedran é uma das primeiras referências que costumam ser evocadas em relação à musicalização infantil. Compositora e cantora há mais de 35 anos para este público, Bia constituiu uma carreira de sucesso participando ativamente da infância de várias gerações. Possui livros, CDs e DVDs, faz shows e também palestra sobre musicalização infantil.
37
expressa pela música como fonte de exploração ou representação de
cenas.
Para que a musicalização seja enriquecedora às crianças é necessário que haja atividades relacionando som e movimento, tanto em formas mais livres como as dirigidas. Outra coisa são os jogos de improvisação para que as crianças possam se expressar livremente, exercitar a imaginação e estimular a capacidade de criação. E a sonorização de histórias, usando a voz, o corpo e objetos, a criança fica ainda mais envolvida com as histórias. As crianças têm grande atenção ao som quando este tem relação direta com algo. (BRITO, 2003, p.209).
Nas experiências vivenciadas cantar era algo sempre presente em todas as
aulas, por meio de canções se indicava o que seria feito ou anunciava para
onde a turma teria que ir. Nas escolas de educação infantil isso é muito
comum, para ir almoçar canta-se uma música, para lavar as mãos outra, para
começar uma história outra. Muitos autores criticam essa prática julgando
serem músicas feitas para comandar. É possível perceber isto na fala de
Yolanda (1967, p.27) que afirma que:
Na escolar a música está geralmente presente, mas nem sempre com a intensidade ou a propriedade mais convenientes. Onde melhor se pode observar, entre nós, a música integrada ao processo de educação geral da criança é Jardim de Infância. Mesmo assim ela aí é quase sempre utilizada como instrumento de aprendizagem geral, ou como elemento condicionador de comportamentos, isto é, mais sob o aspecto imitativo e inibidor do que propriamente como forma de expressão espontânea e pessoal.
Segundo as experiência relatada trabalhando com educação infantil o
professor pode não somente trabalhar com música, mas também, além disso,
deve usar a música de forma consciente e sabendo que objetivo quer atingir.
Conforme Brito (2003), para crianças fazer ou ouvir músicas não significa
obedecer ou seguir regras, mas sim vivenciar o momento, aprender. A criança
faz movimentos sonoros inconsciente de que está fazendo, quer apenas
interagir com objeto ou com si mesma.
38
Segundo Yolanda (1967) nas escolas de educação infantil a música
geralmente é empregada para:
–Organização: quando há mudança de atividades cantam professor e
alunos canções que facilitam a disciplina e condicionam as crianças à mudança
de trabalho sem que uma ordem rígida e formal seja necessária.
–Repouso: na hora do descanso, música suave auxilia o relaxamento dos
músculos.
–Brincadeira de roda: a melodia e o movimento atendem as necessidades
lúdicas das crianças, deve-se cultivar e ampliar esse tipo de atividade
altamente benéfica às crianças.
O pião entrou na roda pião, o pião entrou na roda pião, roda pião, bambeia pião, roda pião, bambeia pião. Sapateia no tijolo o pião, sapateia no tijolo o pião, roda pião bambeia pião, roda pião bambeia pião. A menina não é capaz de rodar o pião no chão, a menina não é capaz de rodar o pião no chão. Lá vai, lá vai, lá vai. Lá vai o pião no chão. Rodou, rodou, rodou, rodou o pião no chão. (música de domínio público).
As brincadeiras de roda são importantes, além de noção de organização,
de direção, sociabilidade, muitas valorizam o aluno quando eles são citados um
a um, valorizando a autoestima das crianças. Ferreira et al. (2007) afirmam
que as brincadeiras de roda integram poesia, música e dança, sendo também
muito apreciadas pelas crianças, principalmente por causa do movimento.
–Bandinha: Organização do ritmo utilizando-se instrumentos que podem ser
feitos na própria sala de aula pelo professor com os alunos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de construção desta monografia confirmou muitos dos
saberes realizados durante a trajetória de vida, como amante da música. Foi
possível , graças às contribuições dos teóricos os quais foram recorridos,
compreender que a música no contexto da Educação Infantil vem, ao longo de
sua história, atendendo a vários objetivos.
Tem sido, em muitos casos, suporte para atender a vários propósitos,
como a formação de hábitos, atitudes e comportamentos, a realização de
comemorações relativas ao calendário de eventos do ano letivo, a
memorização de conteúdos, todos traduzidos em canções. Essas canções
costumam ser acompanhadas por gestos corporais, imitados pelas crianças de
forma mecânica e estereotipada (FERREIRA et al., 2007).
Com isso acredita-se que não em uma proposta domesticadora, mas
em caminhos que façam da música um instrumento de libertação, fruição,
encantamento (Osteto, 2003).
Com esta monografia, pode-se reafirmar o que aprendido na prática: a
importância das crianças começarem a se relacionar com a música na escola,
pois é nessa fase que ela constrói os saberes que irá utilizar para o resto da
vida (Souza e Joly, 2010). Pois a música é um agente facilitador integrador do
progresso educacional, é uma forma de comportamento humano, em suas
relações com o meio físico e social (Brécia,2003). De fato, em sala de aula,
uma música mais agitada mobiliza, nos permite ver os alunos dançando,
sorrindo, pulando, falando, gesticulando. O oposto é notado quando se coloca
uma música mais lenta.
Na educação podemos realizar diversas atividades com a presença da
música diariamente: entrelaçada ao planejamento do professor,
concomitantemente aos conteúdos abordados durante o ano, atendendo aos
apelos e desejos das crianças. Nos documentos do Referencial Curricular para
a educação Infantil (RCNEI), o volume número 3 apresenta uma parte dedicada
a esse conteúdo. Souza e Joly apontam que:
A vivência musical pode proporcionar a integração de experiências que passam pela prática e pela percepção, como por exemplo: aprender, ouvir e cantar uma canção, realizar
40
jogos de mão ou brincar de roda. Dessa maneira por meio do desenvolvimento e da compreensão dessas atividades, as crianças atingem patamares cada vez mais sofisticados, visto que começam a dominar tais conteúdos o que permitem a elas uma transformação e recriação dos mesmos (BRASIL 1998 apud SOUZA e JOLY, 2010, p. 99).
É importante que educadores tenham na música um aliado do
desenvolvimento integral das crianças. Nesta perspectiva, é fundamental que
as creches e escolas promovam encontros festivos em que possam ser
compartilhados alimentos, músicas e projetos. Também que não podemos
aceitar práticas de trabalho que separam o corpo da mente, valorizando o
intelecto e desqualificando as necessidades do corpo (Tiriba, 2003).
Na contramão dessa idéia, muitas vezes a música é desvalorizada nas
escolas, pois os professores focando somente o intelecto têm uma visão de
que é algo secundário. Ou seja, inferior e de pouco valor, quando é o contrário,
a música pode ser aliada no processo de aprendizagem, cumprindo o papel de
atender as necessidades do corpo e da mente de uma só vez.
Uma das autoras estudadas (Brito, 2003) indica uma variedade de
atividades que podem e devem estar presentes em creches e pré-escolas, tais
como:
v Trabalho vocal;
v Interpretação e criação de canções;
v Brinquedos cantados e rítmicos;
v Jogos que reúnem som, movimento e dança;
v Jogos de improvisação;
v Sonorização de histórias;
v Elaboração e execução de arranjos (vocal e instrumental);
v Invenções musicais (vocal e instrumental);
v Construção de instrumentos e objetos sonoros;
v Registro e notação;
v Escuta sonora e musical: escuta atenta, apreciação musical;
41
v Reflexões sobre a produção e a escuta Invenções musicais (vocal e
instrumental);
v Reflexões sobre a produção e a escuta.
Mas é importante enfatizar que, para dar conta de realizar estas atividades,
os cursos de formação inicial e em serviço precisam investir na formação
musical dos futuros e atuais professores. Para isto é preciso ter em conta que
“a educação pela arte se baseia nas atividades de auto-expressão decorrentes
da observação e da apreciação, manifestadas através de vários meios de arte
e utilizadas como fonte de motivação para a aprendizagem” (Yolanda, 1967,
p.98).
Somente através da vivência da arte enquanto fruição será possível o
professor utilizar a música como ferramenta eficaz no processo ensino-
aprendizagem. O grande desafio do professor é olhar os objetivos da
linguagem musical e usar sua criatividade inventando e recriando sua prática,
tendo a música como auxílio, conduzindo a aprendizagens instigantes e
surpreendentes (Souza, 2011).
Com a experiência relatada muito do que a Escola da Rocinha
proporcionou, contribuiu para uma formação completa. Ter começado a
perceber que era possível alcançar objetivos, mesmo com as diversas
dificuldades. Com a músicafoi possível constatar que mesmo vivendo em uma
comunidade carente com turbulências, carências e falta de recursos, pode-se
sim fazer um caminho brilhante. A conclusão que o importante não é o que se
faz e sim como se faz, e que para fazer bem é preciso fazer com paixão, com
amor, entrega e doação.
Afeto, carinho, pedagogia, teoria, prática, progressos, regressos, estímulos,
desestímulos, orgulho, entrega, doação, aborrecimentos, desvalorização,
criatividade, ludicidade, seriedade. Não seria trabalhar com a Educação o
mesmo que pescar ilusões? Uma ilusão que a gente sabe que existe e que é
possível transformar o mundo com ela.
Trabalhar com Educação e, sobretudo, com música, é como acreditar
que pode ter força uma gota d’água no oceano, e professor acredita.
Segundo experiência com tudo que foi aprendido hoje o maior sonho é
ajudar a transformar vidas compartilhando tudo o que aprendido e oferecido.
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BRASIL. MEC. Lei nº. 11.769 de 18/08/2008. Estabelece as Diretrizes e
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43
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I UMA BELA COMBINAÇÃO 11 1.1. O encontro da música com a educação 14 1.2. Revisão da literatura
CAPÍTULO II A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA COMO AGENTE TRANSFORMADOR 21 2.1. A Escola de Música da Rocinha 21 2.2. O papel da Escola de Música da Rocinha na comunidade 24 2.3. O criador e a associação 26 2.4. A importância da Escola de Música da Rocinha para a formação dos alunos 27
CAPÍTULO III A MÚSICA DE MÃOS DADAS COM A EDUCAÇÃO 32
CONCLUSÃO 39 BIBLIOGRAFIA 42 ÍNDICE 44 ÍNDICE DE FIGURAS 45 ANEXOS 46
45
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Aula de Musicalização Infantil na creche comunitária da Rocinha
com acompanhamento de flauta doce e violão. 46
Figura 2 – Aula de Musicalização Infantil na creche comunitária da Rocinha,
música com gestos. 46
Figura 3 – Brincadeiras de roda, ciranda. 47
Figura 4 – Aula de Musicalização Infantil na creche comunitária da Rocinha.
47
Figura 5 – Aula de Musicalização Infantil na escola, música para reconhecer o
nome. 48
Figura 6 – Aula de Musicalização Infantil na escola, música para dançar. 48
Figura 7 – Aula de Musicalização Infantil na escola, música com instrumentos.
49
Figura 8 – Aula de Musicalização Infantil na escola, música para relaxar 50
Figura 9 – Aula de Musicalização Infantil na escola, música para relaxar 50
Figura 10 – Escola de Música da Rocinha, fundador e diretor 51
Figura 10 – Cd’s de grupos da Escola de Música da Rocinha 51
Figuras 12 – Coral 52
Figura 13 – Coral 52
Figura 14 – Grupo de chorinho, Chorando à toa 53
Figura 15 – Grupo de chorinho, Chorando à toa 53
Figura 16 – Aula de violão 54
Figura 17 – Aula de violão 54
Figura18 - Aula de flauta doce 55
Figura 19 – Aula de flauta doce 55
Figura 20 – Aula de teclado 56
Figura 21 – Aula de percussão 57
46
ANEXOS 1 Aulas de Musicalização Infantil na Creche Comunitária da Rocinha – RJ.
47
48
A música como ferramenta na Educação
49
50
51
ANEXOS 2 Escola de Música da Rocinha
Hans Ulrich – Fundador Gilberto Figueiredo - Diretor
Cd’s de grupos da Escola de Música da Rocinha
Cd do Canto Coral - Paz Cd da BanDaCapo – Canta João Bosto
Cd do Chorando à Toa – Descontraído
52
Canto Coral
53
Grupo de chorinho - Chorando à Toa
Formação atual
54
Aula de Violão
55
Flauta Doce
56
Teclado
57
Percussão
58
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