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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Programa de Pós-Graduação em Educação
DISSERTAÇÃO
AS TECNOLOGIAS DIGITAIS NO COTIDIANO DE PROFESSORES DA
REDE DA EDUCAÇÃO BÁSICA DE PELOTAS-RS: LIMITES E
POSSIBILIDADES
Rogério Ramos Weymar
Pelotas, 2011
ROGÉRIO RAMOS WEYMAR
AS TECNOLOGIAS DIGITAIS NO COTIDIANO DE PROFESSORES DA REDE DA
EDUCAÇÃO BÁSICA DE PELOTAS-RS: LIMITES E POSSIBILID ADES
Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pelotas. Linha de Pesquisa - Formação de Professores: ensino, práticas e processos educativos.
Pelotas, 2011
Orientador: Profª Drª Rosária Ilgenfritz Sperotto
Co-orientador: Prof Dr. Gomercindo Ghiggi
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação:
Bibliotecária Daiane Schramm – CRB-10/1881
W549t Weymar, Rogério Ramos
As tecnologias digitais no cotidiano de professores
da rede da educação básica de Pelotas-RS: limites e
possibilidades / Rogério Ramos Weymar; Orientadora:
Rosária Ilgenfritz Sperotto. – Pelotas, 2011.
81f.
Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de
Pós-Graduação em Educação. Universidade Federal de
Pelotas.
1. Formação de professores. 2. Tecnologia digital. 3.
Banca Examinadora:
________________________________
Prof. Dr. Gomercindo Ghiggi
(Presidente)
_________________________________
Profa. Dr. Maria Simone Debacco
_________________________________
Prof. Dr. Álvaro Luiz Moreira Hypólito
AGRADECIMENTOS
Ao professor Gomercindo Ghiggi, não só pela orientação deste trabalho mas
também pela dedicação dispendida durante o desenvolvimento desta dissertação.
À minha esposa, Márcia Velleda Weymar, pelo apoio, carinho e paciência
nos momentos mais difíceis do mestrado, e por entender os momentos de estresses.
À minha mãe, Vera Weymar, pelo carinho e dedicação a mim dispensados
ao longo de minha vida.
Aos professores e colegas do programa que muito contribuiram para meu
desenvolvimento.
Aos diretores, professores e alunos das escolas pesquisadas por cederem-
me algumas horas de suas vidas para a realização da pesquisa.
RESUMO
A utilização das tecnologias na educação não é algo novo, pois desde seus
primórdios o homem as emprega para inúmeros objetivos. Com o avanço das
Tecnologias Digitais, foi necessário que o sistema educacional se moldasse a essa
nova realidade imposta pela sociedade contemporânea. O objetivo desta pesquisa,
inscrita na Linha “Formação de Professores: Processos, Ensino, e Práti cas
Educativas”, é avaliar o modo de utilização das tecnologias por professores do
ensino médio de uma instituição particular e uma pública, na cidade de Pelotas. Em
termos metodológicos, realizou-se, no primeiro momento, uma abordagem
quantitativa, através da qual se buscou quantificar a utilização das Tecnologias
Digitais pelos professores; e, num segundo momento, uma abordagem qualitativa, a
fim de se obter respostas sobre os motivos da não utilização destas tecnologias na
escola. Os resultados da pesquisa mostram que os professores e alunos sabem
utilizar as Tecnologias Digitais, as escolas oferecem laboratórios com computadores
e equipamentos digitais, mas que, pela visão dos alunos e professores, são pouco
utilizados. Muitos professores sentem-se mais seguros repetindo práticas educativas
que deram certo ao longo dos anos e a adaptação ao novo é dificultada pela carga
horária elevada, falta de planejamento coletivo e o desconhecimento do uso das
Tecnologias Digitais de forma inovadora. É preciso estar aberto para a mudança.
Nesse sentido, a formação continuada para os professores é fundamental, e o
grande desafio é despertar o interesse dos professores para a utilização das
Tecnologias Digitais em suas aulas, aprimorando seu trabalho.
Palavras-chave: formação de professores, tecnologia digital, ensino médio.
RESUMEN
La utilización de las tecnologías en la educación no es algo nuevo, pues desde sus
primordios el hombre las emplea para innúmeros objetivos. Con el avance de las
Tecnologías Digitales, fue necesario que el sistema educacional se moldara a esa
nueva realidad impuesta por la sociedad contemporánea. El objetivo de esta
investigación, inscripta en la Línea “Formación de Profesores: Procesos, Enseñanza,
y Prácticas Educativas”, es evaluar el modo de utilización de las tecnologías por
profesores del enseñanza secundaria de una institución particular y una pública, en
la ciudad de Pelotas. En términos metodológicos, se realizó, en un primer momento,
un abordaje cuantitativo, a través de cual se buscó cuantificar la utilización de las
Tecnologías Digitales por los profesores; y, en un segundo momento, un abordaje
cualitativo, con el fin de obtenerse respuestas sobre los motivos de la no utilización
de estas tecnologías en la escuela. Los resultados de la investigación muestran que
los profesores y alumnos saben utilizar las Tecnologías Digitales, las escuelas
ofrecen laboratorios con ordenadores y aparatos digitales, pero, por la visión de los
alumnos y profesores, son poco utilizados. Muchos profesores se sienten más
seguros repitiendo prácticas educativas que han sido correctas a lo largo de los
años. En ese sentido, la formación continuada para los profesores es fundamental, y
el grande desafío es despertar el interés de los profesores para la utilización de las
Tecnologías Digitales en sus clases, perfeccionando su trabajo.
Palabras clave: formación de profesores, tecnología digital, enseñanza secundaria.
ABSTRACT
The use of technologies in education is not something new, because, since the
beginning of mankind, he uses them for innumerous purposes. With the advances in
digital technologies, it was necessary that the educational system molds itself to this
new reality imposed by contemporary society. The purpose of this study, included on
"Teacher Training: Processes, Education, and Educational Practices," is to evaluate
how to use technology for high school teachers of a private and a public institution in
the city of Pelotas. In methodological terms, it uses, at a first moment, a quantitative
approach, through which it sought to quantify the use of digital technologies by
teachers, and, at a second moment, a qualitative approach, in order to obtain results
about the reasons for not using these technologies at school. The study results show
that teachers and students know how to use digital technologies, and schools offer
computer labs and digital equipment, but that, according to the students and
teachers, they are rarely used. Many teachers feel safer repeating educational
practices that have worked over the years, and the adaptation to the new is harden. It
is needed to be opened to change. In this sense, the continuing education for
teachers is essential, and the biggest challenge is to awaken the interest of teachers
to use digital technologies in their classes, improving their work.
Keywords: teacher training, digital technology, high school.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Alunos por gênero.....................................................................................25
Tabela 2 - Tecnologias digitais na casa de um adolescente da rede estadual .........26
Tabela 3 - Tecnologias digitais na casa de um adolescente da rede particular ........26
Tabela 4 - Horas de TV por dia .................................................................................27
Tabela 5 - Uso do computador ..................................................................................28
Tabela 6 - Uso da Internet.........................................................................................28
Tabela 7 - Tempo de Uso da Internet........................................................................29
Tabela 8 - Atividades ligadas à Comunicação...........................................................29
Tabela 9 - Atividades ligadas à busca de Informações .............................................30
Tabela 10 - Atividades ligadas a Entretenimento na Internet ....................................30
Tabela 11 - Professores por gênero..........................................................................52
Tabela 12 - Tecnologias digitais na casa de um professor da rede estadual............53
Tabela 13 - Tecnologias digitais na casa de um professor da rede particular...........53
Tabela 14 - Horas de TV por dia ...............................................................................54
Tabela 15 - Uso do computador ................................................................................54
Tabela 16 - Uso da Internet.......................................................................................55
Tabela 17 - Tempo de Uso da Internet......................................................................55
Tabela 18 - Atividades ligadas à Comunicação.........................................................56
Tabela 19 - Atividades ligadas à busca de Informações ...........................................56
Tabela 20 - Atividades ligadas a Entretenimento na Internet ....................................57
Tabela 21 - Atividades ligadas aos seus alunos........................................................57
Tabela 22 - Habilidades ligadas ao computador .......................................................58
Tabela 23 - Habilidades ligadas à Internet ................................................................58
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Preparo para uso de tecnologias ..............................................................20
Figura 2 – Computadores no Laboratório de Informática ..........................................20
Figura 3 – Tecnologias Digitais presentes nas escolas.............................................20
Figura 4 – Programas mais utilizados pelos professores ..........................................20
Figura 5 – Tecnologias Digitais nos domicílios brasileiros – CGI ..............................21
Figura 6 – Tecnologias Digitais nos domicílios brasileiros – PNAD ..........................22
Figura 7 – Uso da Internet por faixa etária ................................................................24
Figura 8 – Pesquisa na Internet ................................................................................32
Figura 9 – Uso de programas simuladores ...............................................................33
Figura 10 – Assistiu a vídeo em alguma disciplina....................................................34
Figura 11 – Professor utilizou PowerPoint e Projetor Multimídia...............................34
Figura 12 –Professor entrou em contato por e-mail ou MSN ....................................35
Figura 13 – Professor utilizou blog ou site ................................................................35
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO - POR QUE PESQUISAR AS TECNOLOGIAS DIG ITAIS NA ESCOLA ............................................. ......................................................................11
2 ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE O USO DAS TECNOLOGIAS D IGITAIS ......19
2.1 PESQUISA COM ADOLESCENTES EM PELOTAS .......................................24
3 IMPORTÂNCIA DO USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA ES COLA.............35
3.1 O PAPEL DOCENTE NA INCLUSÃO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA SALA DE AULA .....................................................................................................42
3.2 RECURSOS DIGITAIS NA SALA DE AULA....................................................46
4 DESENVOLVIMENTO DA INVESTIGAÇÃO.................. .......................................50
4.1 DESENVOLVIMENTO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS...........49
4.2 ANÁLISE DE DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS .................51
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................. ......................................................63
REFERÊNCIAS.........................................................................................................66
ANEXOS ...................................................................................................................69
1 INTRODUÇÃO - POR QUE PESQUISAR AS TECNOLOGIAS DIG ITAIS NA
ESCOLA
Minha relação com a Tecnologia Digital começou muito cedo. Em 1978, com
13 anos, ainda estudante do Ensino Fundamental, comprei um livro chamado
“Experiências e Brincadeiras com Eletrônica”, da editora Saber, que me despertou a
curiosidade sobre este tema e também me motivou cursar o Técnico em Eletrônica
na ETFPEL – Escola Técnica Federal de Pelotas, hoje IFSUL – Instituto Federal de
Educação Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense. Assim, em 1981, comecei a
cursar o Ensino Médio e Técnico em Eletrônica na ETFPEL. Formei-me em
novembro de 1983 e em janeiro do ano seguinte já estava fazendo meu estágio
obrigatório na Rádio Cultura e na Pelicano Embalagens. Ao concluir meu estágio, fui
trabalhar já como Técnico em Eletrônica em Empresas como Digicon, Icotron e
Itautec.
Em 1999, comecei a pesquisar sobre Robótica Educacional e percebi que os
kits para utilizar esta ferramenta em sala de aula eram muito caros e exigiam
computadores de última geração. Desenvolvi um kit eletrônico que poderia ser
utilizado em computadores simples e com poucos recursos, o que reduziu o custo
para as escolas e alunos trabalharem com a robótica.
Desde o início de minha trajetória profissional, sempre tive uma grande
relação com a educação. Em 1985, fui convidado por um colega da Icotron para
ministrar cursos em uma escola de eletrônica em Porto Alegre (Escola Delorenzzi),
no turno da noite. Foi nesta escola que tive meu primeiro contato com cursos de
formação. Em 1986, já trabalhando na Itautec, em Caxias do Sul, fiz uma parceria
com a Câmara de Indústria e Comércio do município de Caxias do Sul, no Estado do
Rio Grande do Sul, para ministrar cursos de Eletrônica para empresas da região.
Treinamos empresas como Xerox, Frasle, Tramontina, Marcopolo, Intral e tantas
outras.
Em 1994, percebi que faltava em Pelotas uma escola de informática de
qualidade e que atendesse um público carente de informações atualizadas. Nessa
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época, fui para São Paulo onde fiz diversos cursos de informática, tais como:
Windows, Word, Excel, Access, Corel Draw, PageMaker. Em São Paulo, ainda,
aproveitei para conhecer a metodologia de algumas escolas de informática. Ao
voltar de lá, também procurei conhecer a metodologia de ensino de algumas escolas
de informática de Porto Alegre, onde também fiz alguns cursos na área de
informática. Ao retornar para Pelotas, aluguei um prédio comercial e comecei as
atividades da Advanced Informática. Em 1995, fui convidado pelos diretores de um
curso de inglês do município de Pelotas para levar minha escola de informática para
dentro de sua estrutura, fazendo uma excelente parceria. Nesses cinco anos que lá
fiquei, aprendi muito sobre metodologias de ensino e marketing. Em 1997,
desenvolvi um método próprio de ensino para informática chamado “Programa at
Work”, através do qual os alunos aprendiam informática utilizando um sistema de
simulação, como se estivessem trabalhando. Para desenvolver este método,
elaborei uma apostila que oportunizava ao aluno a construção do próprio
conhecimento. Este método mudou totalmente a estrutura de cursos livres de
informática em Pelotas, pois o mesmo passou a ser utilizado por outras escolas que
também aderiram à modalidade semestral. O método deu tão certo que passamos
de 250 a 800 alunos em um semestre.
Em 2001, mudei para a cidade de Maringá, no estado de Paraná, onde
trabalhei com os cursos de Eletrônica do SENAI. Neste período, fui professor de
diversas turmas de cursos com módulos de 100 horas. No SENAI, tive a
oportunidade de fazer um curso promovido pela própria Instituição, chamado
“Fundamentação Pedagógica para Técnicos de Ensino”, onde aprendi diversas
técnicas pedagógicas e a utilização de mídias na sala de aula. Foi meu primeiro
curso on-line, o que me motivou a procurar outros cursos similares. Fiz diversos
curso on-line, do Sebrae1, o que me ajudou muito a entender a parte administrativa
de uma empresa e também conhecer um ambiente virtual de aprendizagem, com
fórum, chat e outros recursos da EAD.
Foi no CEFET-RS2, onde fui contratado como professor substituto em 2006,
que pude aplicar tudo que eu já havia aprendido, lido e pesquisado sobre métodos
pedagógicos. Com total apoio da coordenação do curso de Eletrônica, reativei as
visitas técnicas, através das quais levei os alunos para conhecer indústrias que 1 SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas 2 CEFET-RS – Centro Federal Tecnológico, hoje Instituto Federal Sul-rio-grandense.
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utilizavam equipamentos automatizados, aproveitando as fotos dos alunos para a
sequência das aulas. Proferi algumas palestras na área de motivação e sucesso
profissional para alunos da Eletrônica e Engenharia. No CEFET, fui aluno de um
curso chamado “EAD - O que é e como se faz?”, tornando-me, na edição seguinte,
tutor do mesmo curso. Aproveitei os conhecimentos apropriados e desenvolvi um
curso extraclasse a distância utilizando o ambiente Atutor3, para os alunos do curso
de eletrônica.
Também, nesse mesmo ano, desenvolvi um Projeto de Robótica
Educacional; convidei oito alunos de Escolas Particulares e oito alunos que estavam
começando o Curso de Eletrônica do CEFET-RS para participar. Além de preparar
material didático para este projeto, também utilizei alguns recursos, como Webquest4
e Diário de Bordo5 para que os alunos fossem percebendo seu desenvolvimento
durante o curso. Em dezembro desse mesmo ano, o projeto foi concluído com uma
feira de robótica pedagógica onde foram mostrados para toda a comunidade do
CEFET-RS, os projetos dos alunos. Ainda em 2006, na busca de compreender e
atender melhor os meus alunos, comecei minha especialização em Psicopedagogia.
Em 2007, ingressei na Especialização em Mídias na Educação, que me foi
oportunizado pelo CEFET-RS. Este curso uniu ainda mais meus dois principais
interesses: tecnologia e educação. Além disso, contribuiu para o desenvolvimento de
um olhar mais crítico sobre como esta relação vem acontecendo nas escolas. Esta
especialização faz parte do Programa Nacional de Informática na Educação
(Proinfo) que tem por objetivo promover o uso pedagógico da informática na rede
pública de ensino.
Porém, não só os equipamentos estão entre as preocupações das autoridades educacionais brasileiras. No momento, 1.700 professores participam de um curso de especialização de 300 horas/aula sobre Mídia na Educação. Eles aprendem a utilizar o computador, o rádio, o jornal, a TV, a internet e o DVD no aperfeiçoamento do processo de aprendizagem. (UNESCO, 2008, p.2)
3 Ambiente Virtual de Aprendizagem, específico para cursos a distância. 4 Técnica para pesquisa e aprendizagem na rede internet. Disponível em: <http://www.portalwebquest.net/Entrevistarogerio.htm> Acesso em: 20 jun. 2011. 5 Metodologia para o registro de informações e acontecimentos importantes.
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No segundo semestre de 2008, cursei uma disciplina do Mestrado em
Educação como aluno especial, fator que me motivou ainda mais a tentar uma vaga
como aluno regular, pois percebi a possibilidade de realizar uma pesquisa sobre o
uso das tecnologias nas escolas.
Em 2009, ingressei como aluno regular do Programa de Pós-Graduação em
Educação da Universidade Federal de Pelotas e também fui aprovado como
Professor Pesquisador no curso de Pós-Graduação em Gestão de Polos da
UAB/UFPEL6.
Durante o ano de 2010, realizei concurso para o Instituto Federal Sul-rio-
grandense e passei em 1º lugar para professor de informática do Campus Avançado
Santana do Livramento.
Pela trajetória descrita, não poderia buscar um mestrado que fugisse do
contexto das mídias e da informática, pois elas estão sempre presentes na minha
vida pessoal e profissional. Escolhi pesquisar sobre o uso das Tecnologias Digitais
nas escolas.
Mas por que pesquisar as Tecnologias Digitais na escola?
A partir de observações realizadas ao longo de minha trajetória como
professor, percebi o quanto meus alunos utilizavam as Tecnologias Digitais como
forma de lazer, comunicação, pesquisa e construção de trabalhos escolares. Em
2001, o escritor Marc Prensky denominou esta geração de Nativos Digitais, que
representam a primeira geração que cresceram com a Tecnologia Digital. Para
Prensky (2001, p. 1)7:
Today‟s students – K through college – represent the first generations to grow up with this new technology. They have spent their entire lives surrounded by and using computers, videogames, digital music players, video cams, cell phones, and all the other toys and tools of the digital age... Computer games, email, the Internet, cell phones and instant messaging are integral parts of their lives.
6 Universidade Federal de Pelotas. 7 Tradução livre do autor: “Os estudantes de hoje – do maternal à universidade – representam as primeiras gerações que cresceram com esta nova tecnologia. Eles passaram a vida inteira rodeados e usando computadores, videogame, tocadores de música digital, câmeras de vídeo, telefones celulares e todos os outros brinquedos e ferramentas da era digital... Jogos de computadores, correio eletrônico,a Internet, os telefones celulares e as mensagens instantâneas são parte integrantes de suas vidas.
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Não é possível ignorar o fato de que estes alunos, nativos digitais, imergiram
na utilização de todo o tipo de mídia e uso das Tecnologias Digitais. Enquanto há
pouco mais de vinte anos as crianças jogavam bola, pulavam corda e brincavam de
boneca, hoje não o fazem tanto quanto naquela época. Nos tempos atuais, eles têm
outras possibilidades, como a utilização de videogames, computadores e celulares.
Os alunos utilizam muita Tecnologia Digital, enquanto que na escola predomina o
quadro e o giz. Moran (2007, p.7) diz que
a escola é pouco atraente... A infra-estrutura está bastante comprometida, o acesso real da maior parte dos alunos à internet é muito insatisfatório. Com uma escola assim e, ao mesmo tempo, com o rápido avanço rumo à sociedade do conhecimento, o distanciamento entre a escola necessária e a real vai ficando dramático.
Para Moraes (2004, p. 50), a escola limita os alunos reduzindo sua
criatividade, seu potencial de criação, sua sociabilidade, os impedindo de
experimentar coisas novas, de pensar diferente e de conquistar novos territórios.
De modo geral, os alunos carregam consigo equipamentos com Tecnologia
Digital. Um simples MP3, por exemplo, tem uma grande capacidade de
processamento e armazenamento de dados, podendo ser usado para ouvir música
ou gravar aulas inteiras, pois os mais simples podem fazer mais de setenta horas de
gravação. Costumam utilizar também máquinas fotográficas digitais para registrar
momentos em sala de aula, passeios, viagens, cenas engraçadas de colegas e
professores e, ainda, para registrar conteúdos colocados no quadro pelo professor.
Hoje, ao observar meus alunos, percebi que as duas tecnologias mudaram o
formato dos registros em sala de aula pelos alunos, cujo hábito de anotar
informações importantes utilizando caneta e papel está sendo substituído pelo de
anotar utilizando as tecnologias. Hoje simples celulares, de custo acessível a
praticamente todas as camadas sociais, possuem recursos para gravar digitalmente
áudio e vídeo. Moran (2007, p.94) coloca que novos espaços e tempos surgem no
processo de ensino e aprendizagem, através da internet, do celular, da TV digital e
da comunicação em tempo real.
Refletindo sobre este cotidiano, observo que existem inúmeros dispositivos
midiáticos ao nosso redor e que, desde que acordamos até o final do dia, fazemos
uso de muitos deles. Apesar disso, a escola muitas vezes parece um mundo a parte,
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desconectada da realidade dos nossos jovens estudantes, que. ao contrário de
muitos professores, utilizam facilmente a tecnologia. Segundo BELONI (2001), as
tecnologias já estão presentes nas escolas, mas para MORAN (2008) elas
privilegiam apenas o controle e a modernização da infraestrutura.
Sem dúvida alguma, a educação formal é um dos principais agentes que
contribuem para o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade, porém está sendo
compartilhada pelas Tecnologias Digitais. Para Martin (2002):
La educación formal ni siquiera es el âmbito donde más información recibe el alumno. Los medios de comunicación parecen haber tomado el relevo de la escuela y la familia como principales agentes de socialización. (MARTIN, 2002, p.9)
Ainda, segundo Martin (2002 p. 9), o caráter lúdico e atrativo das
Tecnologias Digitais junto à inércia da educação formal têm mudado a função
socializadora e educativa dos diferentes agentes com influência na vida de um
jovem.
Os alunos utilizam os mais variados aparelhos com extrema facilidade.
Aprendem pela troca de informações, curiosidade, prazer de aprender,
experimentação. E é importante que os alunos sejam expostos às diferentes mídias
para poderem obter uma maior compreensão do mundo, pois as tecnologias são
instrumentos fundamentais para a mudança na educação. Para Estefenon (2008, p.
51):
De todos os grupos de usuários da rede mundial de computadores, são os jovens que lidam mais confortavelmente com as ferramentas e novidades para desse novo meio de comunicação. Com o ímpeto típico da idade, desvendam, absorvem e compartilham os labirintos da rede. Cada vez mais e com mais velocidade. Para entender o que crianças e adolescentes fazem, como se comunicam, fazem amigos ou como se divertem, devemos não só conhecer essa nova realidade como, urgentemente nos atualizar.
E os professores, como estão se relacionando com as Tecnologias Digitais
no seu dia-a-dia? Como estão utilizando as Tecnologias Digitais na sala de aula ?
Para responder estas questões, surge a curiosidade de conhecer o perfil dos
professores e relação do uso que eles fazem das Tecnologias Digitais.
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Nesta pesquisa, tenho como objetivo principal coletar e analisar dados de
professores através de uma abordagem quantitativa e qualitativa, no sentido de
verificar quais as Tecnologias Digitais mais utilizadas, de que forma os professores
relacionam-se com essas tecnologias, o que fazem quando estão conectados à
Internet, se e como estão utilizando as Tecnologias Digitais na escola.
Visto que muitas escolas possuem diversas Tecnologias Digitais à
disposição dos professores e que os jovens estão cada vez mais interados a elas,
pretendo saber se estas tecnologias disponíveis estão sendo utilizadas pelos
professores no trabalho com seus alunos.
Muitas são as hipóteses que precedem esta investigação e que só poderão
ser confirmadas após o contato direto com os profissionais em foco. Penso que
poderei encontrar professores que utilizam as Tecnologias Digitais, professores que
não têm acesso a elas ou professores que não possuem conhecimento básico
necessário para planejar suas aulas, utilizando os recursos tecnológicos digitais de
que a escola dispõe.
Além disso, alguns dados sobre as escolas também são importantes, pois
podem influenciar na atuação dos professores. Poderei encontrar escolas que não
estão devidamente equipadas para que os professores possam desenvolver um
trabalho que contemple o uso das Tecnologias Digitais em sala de aula ou escolas
que possuem estas tecnologias. Ainda há uma última hipótese a ser testada onde a
escola possui tecnologia, os professores e alunos sabem utilizar, mas estes recursos
são pouco utilizados em sala de aula.
A escola particular pesquisada possui dois laboratórios de informática com
22 e 10 computadores, respectivamente. Os computadores utilizam o Sistema
Operacional Windows, editor de textos Microsoft Word, Planilha de cálculos
Microsoft Excel, e todos os computadores possuem acesso à internet. A escola
possui 8 salas de projeção, 5 data shows, além de TV, equipamento de som, DVD,
máquina fotográfica e 2 retroprojetores. A escola conta com 5 computadores na sala
de professores para utilização. Nesta escola particular, foram entrevistados 8
professores, sendo 6 do sexo feminino e 2 do sexo masculino, com faixa etária entre
31 e 55 anos.
A escola pública pesquisada possui dois laboratórios de informática, um com
22 e outro com 20 computadores. Os computadores utilizam o Sistema Operacional
Windows em um laboratório e Linux no outro laboratório, editor de textos Microsoft
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Word e Writer, Planilha de cálculos Microsoft Excel e o Calc, e todos os
computadores possuem acesso à internet. A escola possui 2 salas de projeção, 1
data show, além de TV, equipamento de som, DVD, máquina fotográfica e 2
retroprojetores. A sala de professores possui 2 computadores para utilização dos
mesmos. Nesta escola foram entrevistados 8 professores, sendo 2 do sexo feminino
e 6 do sexo masculino, com faixa etária entre 29 e 47 anos.
Ambas as escolas pesquisadas possuem laboratório de informática com
acesso à internet, bem como tecnologias disponíveis aos seus alunos e professores.
No próximo capítulo serão mostradas algumas pesquisas sobre o uso das
Tecnologias Digitais no Brasil.
2 ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE O USO DAS TECNOLOGIAS D IGITAIS
Neste capítulo busco apresentar importantes pesquisas nacionais
relacionadas ao uso das Tecnologias Digitais com intuito de trazer mais dados
baseados no tema desta dissertação. O leitor poderá utilizar estes dados
comparando seus resultados com os das pesquisas realizadas em Pelotas.
Em 2009, a Fundação Victor Civita encomendou ao Instituto Brasileiro de
Opinião Pública e Estatística – IBOPE – a pesquisa “O uso dos computadores e da
internet em escolas públicas de capitais brasileiras”8, envolvendo 400 escolas
públicas do ensino fundamental e médio em 13 capitais brasileiras.
Segundo Gimenez (2001), computadores e internet estão sendo introduzidos
nas escolas sem uma discussão teórica com questões sobre a prática e a teoria na
educação. Para ele, os computadores estão cada vez mais presentes na sociedade
e nas escolas, onde a internet trouxe mudanças radicais no processo de ensino e
aprendizagem. Ainda no mesmo texto, Gimenez (2001) nos diz que “o uso do
computador não resolverá a priori todos os problemas pedagógicos, pois ele deve
ser adaptado à população que o utiliza...”, sendo o professor a peça principal nesta
adaptação. Assim:
A incorporação das alterações que as TICs trazem ao ambiente de ensino- aprendizagem passa também por uma mudança nas atitudes: a informatização das escolas não pode se dar sem a formação continuada de professores e a integração aos projetos pedagógicos. (UNESCO, 2008c, p.2)
Nesta pesquisa, 70% dos professores dizem estar pouco ou nada
preparados para o uso de tecnologias na educação, e apenas 14% possui algum
curso de formação em tecnologia na Educação.
8 Disponível em: <http://www.fvc.org.br/pdf/estudo-computador-internet.pdf> Acesso em: 21 abr. 2011.
20
Figura 1 - Preparo para uso de tecnologias Fonte: Fundação Victor Civita, 2009
Com relação à infraestrutura disponível, as figuras 2 e 3 mostram que 99%
das escolas possui computadores, 73% tem Laboratório de Informática, em 83%
delas há internet de banda larga, projetor e datashow estão presentes em 85% das
escolas, assim como máquina fotográfica digital (79%) e filmadora (50%). Um dado
que chama a atenção nessa pesquisa é que 18% das escolas que têm laboratório de
informática não utilizam com seus alunos.
Figura 2 – Computadores no Laboratório de Informáti ca Fonte: Fundação Victor Civita, 2009
Os valores apresentados estão em porcentagem
Os valores apresentados estão em porcentagem
21
Verifiquei também que Retroprojetores, TVs, DVDs e videocassetes são
equipamentos comuns nessas escolas.
Figura 3 – Tecnologias Digitais presentes nas escol as Fonte: Fundação Victor Civita, 2009
Dentre as escolas pesquisadas, em 59% delas, todos ou quase todos os
professores utilizam o computador na escola, e em 43% delas a maioria dos
professores planejam suas aulas considerando o uso de computadores.
Os programas mais utilizados pelos professores são os mais simples como
editores de texto, visualização de mapas e editores de apresentação.
Figura 4 – Programas mais utilizados pelos professo res Fonte: Fundação Victor Civita, 2009
Os valores apresentados estão em porcentagem
Os valores apresentados estão em porcentagem
22
Desde 2005, o Comitê Gestor da Internet no Brasil conduz pesquisas sobre
a utilização das TICs no Brasil9. Mostrarei alguns dados referentes à pesquisa
realizada no ano de 2009. A coleta de dados ocorreu entre 21 de setembro e 27 de
outubro de 2009, cobrindo todo o território nacional. Os resultados dessa pesquisa
mostram que 98% dos domicílios possuem TV, 86% possuem rádio, 82 % possuem
telefone celular e 34% computador de mesa.
Figura 5 – Tecnologias Digitais nos domicílios bras ileiros Fonte: Cetic, 2009
O total de domicílios que possui acesso à internet representa 27% do total
pesquisado, sendo que 66% destes domicílios possuem conexão de banda larga
para acesso à Internet e 20% possui conexão por acesso discado.O total da
população que diz já ter usado um computador representa 43% do total pesquisado,
e os que dizem ter utilizado internet representa 39%. Com relação às atividades
desenvolvidas na Internet, 90% dos usuários da internet utilizam para a
comunicação e 89% para busca de informações.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD10 é uma publicação
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e investiga anualmente
características da população, de educação, rendimento e habitação entre outras.
9 Disponível em: <http://www.cetic.br/tic/2009/index.htm>. Acesso em: 2009. 10 Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/default.shtm>. Acesso em: 2009
Os valores apresentados estão em porcentagem
23
Para esta dissertação, irei utilizar apenas os dados referentes ao uso das
tecnologias.
De 2004 até 2009, o índice de domicílios brasileiros que tinham telefone
passou de 65,2% para 84,3% e os que possuíam apenas telefone celular de 16,5%
para 41,2%. Com relação à existência de DVD, 72% dos domicílios investigados
possuem este equipamento. O computador está presente em 35% dos domicílios
investigados e 27,4% possui acesso à internet. Os domicílios que possuem TV
totalizam 95,7% e os que possuem rádio 87,9%.
Figura 6 – Tecnologias Digitais nos domicílios bras ileiros Fonte: PNAD, 2009
Segundo o texto, “os indicadores de posse de TV, rádio, DVD,
microcomputador e microcomputador com acesso à Internet medem o acesso dos
domicílios às tecnologias da informação e das comunicações – TIC, que fazem parte
dos indicadores-chave sobre a sociedade da informação”11.
O acesso à internet até 2008 era investigado como suplemento da PNAD e a
partir de 2009 foi incluído no questionário básico da pesquisa, com o intuito de
acompanhar o acesso da população às TICs.
Em 2005, 31,9 milhões de pessoas com idade superior a 10 anos
declararam ter usado a internet. Em 2008, 55,9 milhões utilizaram a internet e, em
2009, 67 milhões acessaram a rede mundial de computadores. Segundo a PNAD, os
11 Indicadores aprovados pela Cúpula Mundial da Sociedade da Informação, em encontro realizado em Genébra, em fevereiro de 2008.
Os valores apresentados estão em porcentagem
24
maiores aumentos na proporção de pessoas que utilizaram a Internet foi observado
entre os jovens.
Figura 7 – Uso da Internet por faixa etária Fonte: PNAD, 2009
Informações sobre a posse de telefone celular foram incluídas no
questionário básico a partir de 2009. Essa informação me permitiu verificar que 94
milhões de pessoas com mais de 10 anos de idade possuem telefone celular para
uso pessoal, o que representa 57,7% dos entrevistados. Em 2005, 36,6% ou 55,8
milhões de pessoas possuíam um telefone celular.
2.1 PESQUISA COM ADOLESCENTES EM PELOTAS
Antes mesmo de entrevistar os professores, busquei saber um pouco sobre
a realidade de seus alunos em relação ao uso das tecnologias. Segundo Bacher
(2009, p.19):
Las computadoras los celulares, las vidas simuladas son lugares por los cuales millones de niños y jóvenes de muy diferentes condiciones transitan cotidianamente com habilidad. Allí se encuentran, se muestran; no quieren quedarse afuera. Se desplazan por múltiples pantallas que los invitan a adoptar supuestos dispositivos de participación.
Os valores apresentados estão em porcentagem
25
Estefenon (2008, p. 20), argumenta que “esses jovens cresceram num
universo paralelo ao dos pais e professores e ao da maioria das pessoas”.
Construíram conceitos novos e mudaram comportamentos.
Foram sujeitos de pesquisa 25 alunos de uma turma de 2° ano do ensino
médio do turno da manhã, com idade entre 15 e 20 anos, de uma escola estadual
localizada no bairro Fragata e 34 alunos do 2° ano do ensino médio do turno da
manhã, com idade entre 15 e 19 anos, de uma escola particular do Centro de
Pelotas. Os professores entrevistados trabalham diretamente com estes alunos.
Assim, procurei fazer um levantamento de dados gerais sobre todos os envolvidos
no processo que possam contribuir para que as análises sejam as mais fiéis
possíveis, de acordo com a realidade estudada.
O processo de aplicação do instrumento de coleta de dados foi um
questionário (ANEXO I). Anteriormente à aplicação deste, consultei a direção das
escolas para que me fosse autorizado a aplicar o questionário e a acessar à escola
com este fim. A coleta de dados aconteceu entre os meses de setembro e novembro
de 2009.
Tabela 1- Alunos por gênero Alunos rede estadual Alunos rede particular
% Total % Total
Feminino 68 17 64 22
Masculino 32 8 36 12
Total 100 25 100 34
26
Tabela 2 - Tecnologias digitais na casa de um adole scente da rede estadual
• 100% tem televisão
• 100% tem rádio
• 100% tem DVD
• 84% tem computador
• 64% tem internet
• 60% tem telefone fixo
• 56% tem MP3/MP4
• 48% tem câmera digital
• 44% tem TV por assinatura
• 44% tem console de jogo
• 28% tem pendrive
Tabela 3 - Tecnologias digitais na casa de um adole scente da rede particular
• 100% tem televisão
• 100% tem rádio
• 100% tem DVD
• 100% tem computador
• 97% tem câmera digital
• 94% tem internet
• 94% tem telefone fixo
• 94% tem MP3/MP4
• 91% tem TV por assinatura
• 73% tem pendrive
• 70% em console de jogo
Segundo os dados da pesquisa, percebo, nas tabelas 2 e 3, que as
Tecnologias Digitais estão presentes nas casas de todos os adolescentes
entrevistados. Suas respostas mostram que tanto na rede estadual quanto na rede
particular 100% dos alunos possuem televisão, rádio e DVD em suas residências.
Na rede particular, também posso destacar que 100% dos jovens possuem
computador e que todas as outras tecnologias questionadas ultrapassam os 70% de
presença. Na rede estadual, embora nem todos os alunos tenham computadores em
seus lares, a porcentagem de 84% é também expressiva. Para conhecer os hábitos
e consumos de Tecnologias Digitais desses alunos busquei na pesquisa
27
informações sobre o lugar onde vivem. Para Morduchowicz (2008, p. 30), as telas do
televisor, do cinema, do computador, do vídeo e do celular são parte de seu dia-a-
dia. Segundo Morduchowicz (2008, p. 23):
La televisión, y los médios em general, no solo son parte de la vida cotidiana, sino que son vida cotidiana. De ahí la relevancia del âmbito doméstico como unidad de observación y de análisis, ya que este constituye el espacio físico y simbólico cotidiano por excelencia donde se articulan a través del consumo, las transformaciones em la esfera de lo público com la emergência de la ciudadanía.
Em sua pesquisa, Morduchowicz (2008) relata que, na Argentina, todas as
casas têm televisão e rádio, mais da metade delas possuem telefone fixo e telefone
celular, e menos da metade tem videocassete, DVD, computador, console de jogos
e internet. Segundo ela, a condição social é a variável fundamental na aquisição
destas tecnologias, sendo as mais democráticas, a TV e o rádio.
Tabela 4 - Horas de TV por dia Alunos rede estadual Alunos rede particular
% Total % Total
Entre 4 e 6 horas 48% 12 32% 11
Entre 2 e 3 horas 40% 10 48% 16
1 hora ou menos 12% 3 20% 7
Em relação ao tempo dispensado para assistir à televisão, os números
mostram que, entre os alunos da rede estadual, 48% assistem à TV durante 4 a 6
horas por dia, tempo maior que os alunos da rede particular, na qual a maioria
destina cerca de 2 a 3 horas de seu dia para a TV. Para Morduchowicz (2008, p.
100):
Única actividad recreativa de que disponen, los sectores populares tienen um visionado de televisión sin culpabilidad, y es para ellos uma actividad ciento por ciento gratificante. La TV es, en los hogares de menores recursos, motivo de encuentro familiar y de diálogo colectivo.
28
Morduchowicz (2008, p. 100) afirma que o controle sobre a televisão é uma
maneira dos pais exercerem autoridade sobre seus filhos e que, para os jovens,
desafiar este controle mostra claramente sua independência. Para Bartolomé(2004):
Estamos inmersos em uma cultura audiovisual y sin embargo, educadores y intelectuales parecen ajenos a esta realidad. Seguimos hablando de libros com total naturalidad, dando por sentado que em ellos se encuentra La base de nuestra cultura, pero para uma inmensa mayoria de los habitantes de este planeta, La base de su cultura se encuentra em La televisión […]. (BARTOLOMÉ, 2004, p. 45)
Tabela 5 - Uso do computador Alunos rede estadual Alunos rede particular
% Total % Total
Todos os dias 64% 16 91% 31
Uma vez por semana 28% 7 9% 3
Uma vez por mês 8% 2 0% 0
Sobre o uso do computador, a grande maioria (91%) dos alunos da rede
particular usa todos os dias, fator talvez influenciado pela facilidade de acesso, já
que, conforme visto na tabela 3, 100% desses alunos têm o computador presente
em seus lares. De acordo com Morduchowicz (2008, p.101), o uso do computador é
o mais individual e solitário de todas as mídias, mas que para os jovens isso não
significa isolar-se, pois, para eles, a principal função do computador é a
comunicação instantânea com os amigos.
Tabela 6 - Uso da Internet Alunos rede estadual Alunos rede particular
% Total % Total
Todos os dias 48% 12 88% 30
Uma vez por semana 40% 10 12% 4
Uma vez por mês 12% 3 0%
Nesta pesquisa busquei saber também dados sobre a frequência a que
estes adolescentes utilizam a internet, e constatei que 88 % dos alunos da rede
particular, ou seja, a grande maioria deles navega diariamente pela rede. Já na rede
estadual, o uso diário não chega a 50% dos entrevistados.
29
Tabela 7 - Tempo de Uso da Internet Alunos rede estadual Alunos rede particular
% Total % Total
4 horas ou mais 24% 6 41% 14
2 a 3 12% 3 35% 12
1 hora ou menos 64% 16 24% 8
O tempo de uso da internet pelos alunos da rede particular também é maior,
sendo que 41% deles utilizam a rede por mais de 4 horas diárias e 35% deles
utilizam a rede de 2 a 3 horas. Na rede estadual, a grande maioria dos alunos, 64%,
utilizam a internet por 1 hora ou menos. De acordo com as respostas das questões
anteriores, essa diferença já era esperada, visto a ausência do computador na
própria residência limitando seu uso em lanhouses, casas de amigos e parentes ou
escola.
Segundo Morduchowicz (2008, p. 90):
Cada nuevo médio, antes que desplazar al anterior, se agrega a él. Em muchos casos, quanto mayor es el tiempo que el chico pasa com um médio, mayor tambiém es el tiempo que pasa com otros (efecto acumulativo). Em suma, las pantallas, em especial la television y la computadora, ocupan um lugar importante em la vida de los jóvenes. Son los médio que ellos más utilizan y, em el caso de la computadora, se trata de um uso em constante crecimiento.
Percebo claramente nesta pesquisa com os adolescentes, o fenômeno do
efeito acumulativo, pois, pelos dados, estes jovens passam boa parte de seu dia
olhando TV e utilizando o computador.
Tabela 8 - Atividades ligadas à Comunicação Alunos rede estadual Alunos rede particular
% Total % Total
Enviar Email 32 8 76 26
MSN/Google Talk 68 17 88 30
Mensagem de voz 12 3 44 15
Criar Blogs 16 4 26 9
Sites de Relacionamento 76 19 91 31
30
Outro dado que merece ser destacado corresponde ao uso da rede como
meio de comunicação, pois, conforme as respostas dos alunos, percebo que a web
está sendo bastante utilizada para este fim. Nas duas redes de ensino, os sites de
relacionamento são os que mais despertam o interesse dos jovens, chegando a 91%
de utilização na rede particular e 76% na rede estadual. O MSN e Google Talk
também têm uma porcentagem expressiva. Os alunos da rede particular ainda
apresentam a atividade de enviar e-mail como bastante presente no seu cotidiano,
sendo o e-mail lembrado por 76% dos alunos entrevistados.
Tabela 9 - Atividades ligadas à busca de Informaçõe s Alunos rede estadual Alunos rede particular
% Total % Total
Procurou apostila 80 20 64 22
Procurou imagens 36 9 70 24
Procurou músicas 44 11 67 23
Procurou Vídeos 28 7 70 24
Em relação às atividades ligadas à busca de informações, os interesses são
variados. Na rede estadual, a grande maioria elencou a procura de apostila como a
principal, 80%. Na rede particular, 70% dos alunos destacaram a procura de
imagens e vídeos como preferidos. Belloni (2008) analisa uma pesquisa realizada no
final dos anos 90 com jovens de seis países europeus e de Quebec, no Canadá.
Essa pesquisa procurou estudar as interações entre os jovens e a internet. Segundo
Belloni (2008, p. 104):
Quando perguntados sobre o que fazem na internet, a maioria dos jovens declara em primeiro lugar que busca informações de seu interesse pessoal ou para trabalhos da escola, e só em segundo lugar menciona a comunicação e o divertimento.
A tabela 9 mostra que mais de 50% dos jovens pesquisados utilizam a
internet para procurar apostilas, o que não é diferente de jovens europeus e
canadenses.
31
Tabela 10 - Atividades ligadas a Entretenimento na Internet Alunos rede estadual Alunos rede particular
% Total % Total
Jogar 28 7 44 15
Assistir a vídeos 56 14 85 29
Ouvir rádio (tempo real) 16 4 26 9
Assistir à TV (tempo real) 12 3 5 2
Ler jornais e revistas 28 7 41 14
Embora no tópico referente aos entretenimentos preferidos possam ser
percebidos interesses diferenciados, a grande maioria dos jovens das duas redes de
ensino apontam a opção de assistir a vídeos como a mais apreciada por eles. Isso
parece indicar que o vídeo pode ser uma excelente ferramenta didática para
trabalhar com os jovens. Para Moran (20, p. 40), “o vídeo muitas vezes ajuda a
mostrar o que se fala em aula, a compor cenários desconhecidos dos alunos”.
Após a análise dos dados quantitativos desses alunos, senti a necessidade
de retornar na escola e colher informações mais específicas referente à percepção
sobre o uso das tecnologias por parte de seus professores. Seis alunos de cada
uma das redes, que já haviam participado da pesquisa inicial, prontificaram-se a
responder os novos questionamentos, mostrados no anexo 2, de forma individual.
Esta pesquisa ocorreu em dezembro de 2009.
A figura 8 mostra que os alunos de ambas as redes pesquisadas não
utilizam o laboratório de informática, disponível nas escolas, para fazer pesquisas na
Internet. A Internet é uma excelente ferramenta para os jovens fazerem pesquisas,
conversar com outros estudantes, utilizar simuladores on-line, participar de blogs e
fóruns a fim de expressar suas idéias. Pelas respostas destes alunos, percebo que
os professores perdem uma excelente oportunidade de conectar-se ao mundo
destes adolescentes. Concordo com Moran (2007) quando este autor afirma que:
Antes, o professor só se preocupava com o aluno em sala de aula. Agora, continua com o aluno no laboratório (organizando a pesquisa), na internet (atividades a distância) e no acompanhamento das práticas, dos projetos, das experiências que ligam o aluno à realidade, à sua profissão (no ponto entre a teoria e a prática). (MORAN, 2007, p. 94)
32
Figura 8 – Pesquisa na Internet Fonte: Pesquisa Adolescentes, 2009
Observando a figura 9, percebe-se que nenhum aluno das duas redes
pesquisadas utiliza os computadores dos laboratórios de informática para empregar
programas simuladores. Como exemplo, professores de física, química e biologia
poderiam utilizar estes programas para simular laboratórios com inúmeros recursos,
às vezes ausentes nas escolas, sem riscos para seus alunos. Para Macedo (2008,
p. 52):
Além da diferenciação social produzida pela iniqüidade de acesso, as simulações em computador têm como principio de atuação a redução do contato do aluno com situações reais. A ideia básica desse tipo de material é a vantagem da representação sobre a realidade, a redução da experiência sensórica e física do fenômeno à sua representação matemática... Nele, o mundo representado funciona à semelhança de uma máquina, e a resolução de qualquer problema proposto segue sempre regras técnicas.
33
Figura 9 – Uso de programas simuladores Fonte: Pesquisa Adolescentes, 2009
Entretanto, quando perguntados se os seus professores haviam utilizado
recurso de vídeo em sala de aula, a maioria dos alunos das duas redes
responderam de forma positiva, mostrando que esta tecnologia mais antiga ainda
está em uso nas escolas. Os alunos da rede estadual responderam que haviam
assistido a um vídeo apenas na disciplina de Filosofia e os da rede particular
responderam que haviam assistido a vídeos pelo menos duas vezes nas disciplinas
de Biologia, Filosofia, Geografia e Religião. Segundo Moran (2008, p. 37),
precisamos aproveitar o aspecto positivo do vídeo para captar a atenção do aluno
para nossa proposta pedagógica. Para Moran (2008, p. 37) “a televisão e o vídeo
partem do concreto, do visível, do imediato, do próximo - daquilo que toca todos os
sentidos”.
34
Figura 10 – Assistiu a vídeo em alguma disciplina Fonte: Pesquisa Adolescentes, 2009
As figuras 11, 12 e 13 mostram grandes diferenças entre as duas redes
pesquisadas. Os alunos da rede estadual responderam que nenhum professor
havia utilizado o recurso de softwares de apresentação, como o Power Point, em
conjunto com um projetor multimídia, enquanto os da rede particular responderam
que a maioria de seus professores utilizava este recurso.
Figura 11 – Professor utilizou PowerPoint e Projeto r Multimídia Fonte: Pesquisa Adolescentes, 2009
Quando perguntados se algum professor havia entrado em contato por e-
mail ou MSN com assuntos relacionados à sala de aula, vê-se, na figura 12, que na
escola pública nenhum professor dos alunos pesquisados utilizou esta ferramenta de
comunicação, enquanto os professores da rede particular utilizavam de forma
rotineira este recurso. Para Moran (2007, p. 50), “as redes de comunicação em
35
tempo real – MSN, chats, blogs, celular – expressam a riqueza de situações
comunicacionais, de interação no cotidiano e na escola”.
Figura 12 –Professor entrou em contato por e-mail o u MSN Fonte: Pesquisa Adolescentes, 2009
Com relação à utilização de Blogs ou sites mostrados na figura 13, os alunos
da rede pública trazem que seus professores não utilizam estas ferramentas nem
costumam indicar sites para pesquisa, enquanto os da rede particular utilizam estes
recursos.
Figura 13 – Professor utilizou blog ou site Fonte: Pesquisa Adolescentes, 2009
3 IMPORTÂNCIA DO USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA ES COLA
Antes de abordar o tema, é importante conceituar os termos tecnologia,
digital, novas tecnologias e TIC que são encontrados em diversas passagens deste
capítulo.
O termo tecnologia vem do grego (tékhné + logos) e significa atividades de
nosso domínio embasadas no conhecimento de um processo e/ou no manuseio de
uma ferramenta. Quando pensamos em tecnologia normalmente associamos esta
palavra a complexos artefatos tecnológicos sem nos darmos conta que utilizamos
tecnologias simples em nosso dia-a-dia.
Nas palavras de Kenski (2008, p.15), “as tecnologias são tão antigas quanto
a espécie humana. Na verdade, foi a engenhosidade humana, em todos os tempos,
que deu origem às mais diferenciadas tecnologias”. Ao contrário do que muitos
pensam, as tecnologias já fazem parte de nossa vida. Os talheres, panelas, canetas
são tão presentes em nosso cotidiano que não percebemos que são coisas naturais,
ou seja, foram desenvolvidas para melhorar nossa vida. Ainda definindo o termo
tecnologia, encontrei no Dicionário de filosofia de Nicola Abbagnano (2007, p.942)
que “a tecnologia é o estudo dos processos técnicos de determinado ramo da
produção industrial ou de mais ramos”, e no Dicionário Priberam da Língua
Portuguesa12 encontrei que tecnologia “é a ciência cujo objecto e historiar e
descrever algum processo industrial ou de ciência prática”.
Hoje vivemos em uma era de grandes avanços tecnológicos, mas o que
nesse momento vou abordar são os avanços da Tecnologia Digital. Segundo
Siqueira (2008), vivemos em um mundo digital no qual as formas de comunicação e
informação como o som, o vídeo, as fotos, os textos, os dados e imagens eletrônicas
são representadas por uma unidade chamada Bit que significa a menor unidade
digital de informação.
12 Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=tecnologia> Acesso em: 20 mai. 2011.
37
Com o processo de digitalização ocorrido ao longo dos últimos quarenta anos, tudo se transformou em bits nesse mundo das comunicações, computadores e conteúdos. Por falar a mesma linguagem binária dos computadores, das telecomunicações digitais, todas as formas de conteúdo se fundem ou convergem. (SIQUEIRA, 2008, p.11)
Kenski (2008, p.31) acrescenta que “a linguagem digital é simples, baseada
em código binário, por meio dos quais é possível informar, comunicar, interagir e
aprender”. O sistema binário é um sistema de numeração de dois estados e os seus
dígitos 0 e 1 representam para a eletrônica digital os estados Baixo e Alto.
A forma como os computadores realizam suas operações leva ao termo
digital, sendo que aplicações da eletrônica digital ficaram durante anos restritas aos
computadores. Segundo Floyd (2007, p.19), “o termo digital é derivado da forma
com que os computadores realizam operações, contando dígitos”. Hoje, percebe-se
que a Tecnologia Digital é aplicada em televisões, sistemas militares, equipamentos
médicos e equipamento eletrônicos de consumo como celulares, DVDs, MP3 e
outros. Para Floyd (2007), os sistemas digitais possuem grandes vantagens no que
se refere ao armazenamento, e uma música ou vídeo, ao serem convertidos para o
formato digital, podem ser armazenados de forma compacta e reproduzidos com
grande precisão e pureza.
TIC foi outro termo bastante utilizado quando pesquisei sobre as
Tecnologias Digitais. TIC significa Tecnologias da Informação e da Comunicação e
designa inúmeras tecnologias utilizadas para produzir e difundir informações. Estas
ferramentas permitem gravar e manusear sons, imagens e textos e que permitem
nossa comunicação. Posso utilizar o telefone fixo ou celular, a televisão e o
computador para exemplificar os recursos de TIC.
Alguns autores também utilizam o termo “novas tecnologias” quando fazem
referência ao que chamo de Tecnologias Digitais. Para Masetto (p.152):
Por novas tecnologias em educação, estamos entendendo o uso da informática, do computador, da Internet, do CD-ROM, da hipermídia, da multimídia, de ferramentas de educação a distância – como chats, grupos ou listas de discussão, correio eletrônico etc. – e de outros recursos e linguagens digitais de que atualmente dispomos e que podem colaborar significativamente para tornar o processo de educação mais eficiente e mais eficaz.
38
Segundo Kenski (2008, p.25), “o conceito de novas tecnologias é variável e
contextual. Em muitos casos, confunde-se com o conceito de inovação”. Realmente,
devido à velocidade em que as tecnologias vão sendo desenvolvidas, fica difícil
estabelecer os limites do que é velho é do que é novo.
Neste texto, optei por utilizar o termo Tecnologias Digitais para representar
as tecnologias eletrônicas anunciadas por Kenski (2008):
A convergência das tecnologias de informação e de comunicação para a configuração de uma nova tecnologia, a digital, provocou mudanças radicais. Por meio das Tecnologias Digitais é possível representar e processar qualquer tipo de informação. Nos ambientes digitais reúnem-se a computação (a informática e suas aplicações), as comunicações (transmissão e recepção de dados, imagens, sons etc.) e os mais diversos tipos, formas e suportes que estão disponíveis os conteúdos (livros, filmes, fotos, músicas e textos). (KENSKI, 2008, p.33)
Reconhecendo a importância das Tecnologias Digitais, governantes de
vários países têm definido políticas públicas a fim de explorar o impacto destas
tecnologias na economia.
Ahora las TIC se han transformado en um componente más del programa para enfrentar la crisis, creación de fuentes de trabajo, aceleramiento de la tasa de innovación, mejoramiento de la productividad, son todos factores essenciales a considerar. (KATZ, 2009, p. XI)
De acordo com Katz (2009), há necessidade de os governos acelerarem o
desenvolvimento de uma internet rápida, incentivar o uso das Tecnologias Digitais
por parte da pequena e média empresa e acelerar os planos de formação de
profissionais especializados em Tecnologias Digitais para criar a força de trabalho
que será beneficiada pelo desenvolvimento da infraestrutura.
Além do impacto econômico, as Tecnologias Digitais exercem efeitos
positivos na sociedade, principalmente em áreas como a educação, saúde,
segurança pública e energia. Segundo Katz (2009, p.21), “el impacto de TIC em
educación cubre numerosas áreas de aplicación, desde la educación a distancia a la
utilización de terminales portatiles y ferramientas informáticas en las escuelas”,
existindo uma relação estatística significativa entre alunos que usam computador e
seu nível de desempenho acadêmico.
39
As Tecnologias Digitais estão cada vez mais presentes nos mais variados
setores e também podem trazer valiosas contribuições para a educação, desde que
haja um planejamento capaz de aliar os interesses pelas tecnologias aos conteúdos
necessários a cada etapa de estudo. Segundo Katz (2009, p.173), há uma carência
enorme na America latina de profissionais para trabalhar com as Tecnologias
Digitais, o que poderia ser melhorado se o ensino médio complementasse o
treinamento de mão de obra técnica e o ensino superior propiciasse a formação de
profissionais inovadores que possam aumentar o setor de produção em Tecnologias
Digitais. Para Katz:
En el âmbito de la educación básica, las tecnologias de comunicación e información deben ser parte del curriculum estudantil. En los colegios se debe enseãr a usar estas tecnologias como requisito antes del graduación. En la educación superior se debe incluir cursos de TIC en todos los programas, así tambien como crear carreras específicas en esta disciplina. (KATZ, 2009, p. 173)
Acrescenta Costa (2008) que saber interagir com aparelhos como
computadores, celulares, terminais bancários, DVD e tantos outros que ele
denomina janelas digitais, “é fundamental para que possamos extrair deles aquilo
que desejamos” seja para entrar em contato com diversas informações ou com
pessoas a qualquer momento. Sendo assim, todos estes equipamentos digitais têm
em comum o fato de que só falam conosco se temos o conhecimento em como
manipulá-los, mostrando a importância de uma correta utilização destes
equipamentos. Santini (2005) diz que:
A sociedade atual assiste uma aproximação do homem com a máquina, e também a uma crescente possibilidade de transformação do processo de produção de bens culturais e da comunicação em função do uso de Tecnologias Digitais. (SANTINI, 2008, p.21)
Muitas possibilidades tecnológicas são criadas a cada momento, mas
infelizmente nem sempre facilitam a vida das pessoas. Algumas vezes, a falta de
habilidades básicas para utilizar os recursos que surgem acabam causando uma
impressão negativa que pode influenciar na aceitação de seus novos usuários.
40
Uma característica das Tecnologias Digitais é que não estão mais restritas a
um só aparelho, e sim a plataformas múltiplas. A internet e as tecnologias de
comunicação favorecem a expansão destas tecnologias.
As Tecnologias Digitais estão presentes em muitos aspectos de nossa vida
contemporânea. São utilizadas nas empresas, nos bancos, nos hospitais e estão
presentes em nossas casas através do computador, do telefone, da televisão e
DVD. A escola como instituição educativa e social não pode dar as costas para as
Tecnologias Digitais, principalmente devido à utilização massiva delas pelas nossas
crianças e adolescentes. Ela deve proporcionar aos alunos as habilidades e
conhecimento necessários para o uso das Tecnologias Digitais de forma a preparar
estes alunos para uma sociedade do futuro que eles próprios irão ajudar a construir.
Mas isso pode não ser tão simples como parece. Conforme pesquisas já
comentadas anteriormente, muitos professores apresentam uma difícil relação com
as tecnologias e, seja por resistência ou falta de domínio, acabam optando por
continuar utilizando as práticas educativas que já estão acostumados e com as quais
se sentem mais seguros. Muitas vezes, a insegurança do professor em adaptar-se
ao novo acaba impossibilitando uma comunicação mais eficaz com seus alunos e
causando uma desconexão entre o que se quer ensinar e o que se realmente
aprende.
A linguagem dos jovens e a forma com que se relacionam com as
informações é bem diferente de tempos atrás. Prensky (2010, p.60) destaca que “os
estudantes de hoje não são mais as pessoas para as quais nosso sistema
educacional foi desenvolvido”.
Ensinar nos dias de hoje é algo bastante desafiador. Se as formas de
aprender modificaram, as formas de ensinar não podem ficar paradas no tempo,
caso contrário a escola corre o risco de afastar seus alunos, deixando de cumprir
seu papel educativo.
As Tecnologias Digitais estão influenciando o modo de pensar e o
comportamento das nossas crianças e adolescentes, que fazem várias coisas ao
mesmo tempo e querem respostas imediatas. São tantos os recursos, as
informações e os estímulos tecnológicos que o ato de estudar não é considerado a
atividade principal na vida do estudante, ele é só mais um de seus afazeres do seu
dia-a–dia. Veen e Vrakking (2009, p. 14) afirmam que:
41
Essa nova geração oferece oportunidades nunca vistas para tornar o ensino uma profissão apaixonante e motivadora, que faça a diferença para a sociedade futura. Tais oportunidades relacionam-se a novos papéis, novos conteúdos e novos métodos de ensino e aprendizagem. Os professores tornam-se orientadores que oferecem um apoio especializado às crianças, que, por sua vez, aprendem de maneira mais independente sobre questões e problemas da vida real. (VEEN e VRAKKING, 2009, p. 14)
Para atingir este novo perfil de aluno, o professor precisa ser flexível e
buscar conhecer melhor as tecnologias e suas possibilidades, pois não basta inserir
a tecnologia nas aulas e continuar com a mesma pedagogia.
Estefenon e Eisenstein (2008, p.199) propõem dicas saudáveis para os
professores. Dentre elas, destaco algumas que complementam os aspectos
abordados anteriormente: informe-se sobre as novas tecnologias para seu benefício
pessoal e profissional; utilize a tecnologia para aumentar as possibilidades de ensino
e aprendizagem qualitativa e quantitativamente; faça da tecnologia uma ferramenta
para criar ou fortalecer o vínculo de respeito e de diálogo com seu aluno; destine
tempo na sala de aula para conversar e trocar informações sobre tecnologias com
seus alunos; estimule a comunidade escolar a fazer o uso saudável das novas
tecnologias.
Muito se fala na importância de conhecer a realidade do aluno e na troca de
conhecimento entre professores e alunos. No caso das tecnologias, muito temos que
aprender com nossos jovens. O professor precisa aprender a utilizar as tecnologias
e a relacionar seu conteúdo programático com a nova realidade apresentada unindo,
assim, os conhecimentos de ambas as partes.
Tapscott (2010, p.180) aborda aspectos bastante interessantes para ajudar o
professor a se tornar melhor nesta nova era digital. Segundo ele, não basta jogar a
tecnologia na sala de aula esperando bons resultados, pois o professor precisa
concentrar-se na mudança da pedagogia, e não na tecnologia. Deve reduzir as aulas
expositivas, pois considera que o ensino de massa não funciona para esta geração.
Deve também estimular a colaboração e concentrar-se em ensinar como aprender e
não o que saber. Outras estratégias seriam utilizar a tecnologia para conhecer cada
aluno e criar programas educacionais. Finalmente, o autor encoraja os professores a
reinventarem-se.
Tais colocações reforçam a ideia de que apenas utilizar as tecnologias nas
escolas em nada modificam as aulas que já vem sendo desenvolvidas ao longo dos
42
tempos e tão pouco influenciam na aprendizagem dos alunos. O diferencial é
justamente uma utilização planejada e uma nova postura do professor diante da
realidade que se apresenta, não encarando essas mudanças com problemas e sim,
utilizando as tecnologias como aliadas para a melhoria de seu trabalho.
3.1 O PAPEL DOCENTE NA INCLUSÃO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA SALA
DE AULA
Nossa sociedade está cada vez mais tecnológica e tudo muda muito rápido.
Hoje em dia, um computador conectado à internet, além de facilitar alguns
procedimentos, muitas vezes pode ser até fator indispensável. Através dele,
enviamos um currículo, fazemos o imposto de renda, enviamos e-mail para trocar
informações com pessoas do mundo todo, estudamos a distância, agendamos
horários em serviços públicos, entre outras atividades. Estas mudanças exigem um
processo contínuo de aprendizagem ao longo da vida. Segundo Moran (2008):
Todos estamos experimentando que a sociedade está mudando nas suas formas de organizar-se, de produzir bens, de comercializá-los, de divertir-se, de ensinar e de aprender. Muitas formas de ensinar hoje não se justificam mais. Perdemos tempo demais, aprendemos muito pouco, desmotivamo-nos continuamente. Tanto professores como alunos temos a clara sensação de que muitas aulas convencionais estão ultrapassadas. (MORAN, 2008 p. 11)
Profissionais de todas as áreas são afetados por estas mudanças que
exigem um aperfeiçoamento constante, pois os conhecimentos e habilidades antes
adquiridos não são mais estáveis.
As novas tecnologias e o aumento exponencial da informação levam a uma nova organização de trabalho, em que se faz necessário: a imprescindível especialização dos saberes; a colaboração transdisciplinar e interdisciplinar; o fácil acesso à informação e a consideração do conhecimento como um valor precioso, de utilidade na vida econômica. (MERCADO, 2002 p.12)
Assim, a educação que prepara para a vida precisa estar atenta às
mudanças, contribuindo para que os alunos possam utilizar as Tecnologias Digitais a
43
seu favor. Belloni (2008 p.100) relata que, em um mundo globalizado, é importante
integrar as Tecnologias Digitais aos processos educacionais para que estejam “em
sintonia com as demandas geradas pelas mudanças sociais”. Para Mercado (2002,
p.11):
O reconhecimento de uma sociedade cada vez mais tecnológica deve ser acompanhado da conscientização da necessidade de incluir nos currículos escolares as habilidades e competências para lidar com as novas tecnologias. No contexto de uma sociedade do conhecimento, a educação exige uma abordagem diferente em que o componente tecnológico não pode ser ignorado.
Nesta sociedade em que vivemos, é necessário habilidades e competências
que devem ser incorporadas aos currículos escolares. O professor diante das
mudanças na forma de obter informações deve saber orientar seus alunos sobre a
melhor forma de buscar informações e como utilizá-las.
Os professores devem ter uma participação ativa no processo de introdução das Novas Tecnologias e só podem fazer isso se estiverem adequadamente preparados. As metodologias de trabalho pressupõem um modelo que privilegia o desenvolvimento de projetos nas escolas. O professor deve buscar a integração de sua disciplina envolvendo os alunos ativamente na sua construção. (MELO e ANTUNES, 2002, p.74)
Para estes autores, é difícil implantar soluções pedagógicas sem um bom
conhecimento da parte técnica e pedagógica. Dessa maneira, a formação
continuada dos professores apresenta-se como fundamental. Valente (1999 p.43)
ressalta que o professor deverá ser o consultor do aluno no processo de resolver
problemas, auxiliando o aluno no processo de transformar a informação encontrada
em conhecimento.
Este papel de mediador nos remete a Paulo Freire, que critica um tipo de
educação que ele chama de “educação bancária”, na qual impera a passividade com
depósitos de conhecimentos na cabeça dos alunos. Para ele é necessário o diálogo,
que significa trabalhar junto, em colaboração.
Desta maneira, o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em
44
que crescem juntos e em que os “argumentos de autoridade” já, não valem. (FREIRE, 1979, p. 68)
A Sociedade atual “funciona” de um modo que exige do profissional uma
capacidade de pensar, ser criativo, crítico, aprender a aprender, a escola passa a ter
a função de preparar seus alunos para estas exigências, focando o desenvolvimento
de competências como: criatividade, inovação, adaptação e comunicação. Introduzir
as Tecnologias Digitais na escola permite fazer coisa que de outra forma não seria
possível. Para Mercado (2002 p.14), “a escola passa a ser um lugar mais
interessante que prepararia o aluno para o seu futuro”. Martins (2007, p. XV) diz que
é “importante fazer um planejamento que adapte o presente, o aqui e agora, às
perspectivas traçadas sobre o que virá, tendo em conta que a educação é uma
variável dependente de critérios políticos, econômicos e tecnológicos”, e que o futuro
é dependente das ações que forem planejadas e feitas agora, pois tudo
transforma-se ao nosso redor em virtude desse futuro que temos pela
frente e que necessita ser enfrentado com outra visão, outro
planejamento. Freire (1999, p. 90) dialoga com Mercado ao dizer que mudando o
presente fabricamos o futuro:
“O futuro não é um pré-dado. Quando uma geração chega ao mundo, seu futuro não está predeterminado, preestabelecido. Por outro lado, o futuro não é também, por exemplo, a pura repetição de um presente de insatisfações. O futuro é algo que se vai dando, e esse “se vai dando” significa que o futuro existe na medida em que eu ou nós mudamos o presente. E é mudando o presente que a gente fabrica o futuro; por isso, então, a história é possibilidade e não determinação”
Os alunos passam uma grande parte do dia envolvidos com a escola, seja
de forma presencial ou realizando tarefas escolares. Assim, para que os objetivos
educacionais possam ser atingidos, os conteúdos escolares precisam estar
sintonizados com os interesses de sua vida, e a forma como os mesmos são
desenvolvidos precisa despertar no aluno o prazer de aprender. Para Valente (1999
p.37), o aluno deve ser capaz de trabalhar em equipe criando formas de resolver
problemas complexos. Para o autor, “o conteúdo não pode ser mais fragmentado ou
descontextualizado da realidade ou do problema que está sendo vivenciado ou
resolvido pelo aluno”.
45
Em relação ao uso das Tecnologias Digitais na escola, o principal papel será
o do professor, pois ele deverá orientar os alunos e servir de guia para o seu
aprendizado, mas para isso ele deverá estar familiarizado com o uso das
ferramentas que já estão incorporadas na sua vida diária como o processador de
textos, a planilha eletrônica, o editor de apresentações, a internet, o email e outras
mais que ele deverá fazer o uso, já que cada vez mais serão indispensáveis.
Durante o uso das Tecnologias Digitais na sala de aula, o professor deverá ter
conhecimento sobre qual tecnologia é mais adequada ao seu plano de aula, se
utilizar um computador deverá saber quais os programas que poderão ser úteis e
ainda ter um conhecimento total da utilização de equipamentos multimídia para a
preparação de um vídeo, a gravação de um áudio, a utilização de um DVD,
proporcionando um uso mais adequado e proveitoso.
Com o advento da tecnologia, faz-se necessária a formação contínua do
professor que irá atuar neste ambiente no qual “novas formas de aprender, novas
competências são exigidas, novas formas de se realizar o trabalho pedagógico são
necessárias”, mas existem várias dificuldades para preparar os professores através
dos meios convencionais.
As tentativas para incluir o estudo das novas tecnologias nos currículos dos cursos de formação de professores esbarram nas dificuldades com o investimento exigido para a aquisição de equipamentos e na falta de professores capazes de superar preconceitos e práticas que rejeitam a tecnologia mantendo uma formação em que predomina a reprodução de modelos substituíveis por outros mais adequados à problemática educacional. (MERCADO, 2002, p 16)
Durante o processo de formação do professor, entre outras coisas, é
necessário que ele seja capacitado a utilizar as Tecnologias Digitais e como aplicá-
las, e ser também estimulado à pesquisa para que possa incentivar o aluno a
investigar. Para Mercado (2002, p12) “o professor, neste contexto de mudança,
precisa saber orientar os educandos sobre onde colher informação, como tratá-la e
como utilizá-la”.
46
3.2 RECURSOS DIGITAIS NA SALA DE AULA
As Tecnologias Digitais podem ser aproveitadas na escola levando em conta
que elas oferecem enormes possibilidades pedagógicas e didáticas. Não deve-se
pensar apenas nas ferramentas ligadas ao computador que podem ser utilizadas
com fins didáticos, mas também na televisão, no rádio, no cinema e no vídeo.
Na internet encontra-se uma quantidade muito grande de livros, dicionários,
revistas, jornais, vídeos, mapas, e a maioria de forma gratuita. Computadores na
escola com acesso à internet permitem novas experiências educacionais, como
viagens virtuais, visitas a museus, busca de informações e tantas outras
experiências significativas. Mesmo que a escola não tenha acesso à internet, pode-
se utilizar softwares educativos, enciclopédias eletrônicas, dicionários eletrônicos,
softwares de edição de textos, planilha de cálculo, editores de desenhos e tantas
outras opções também de forma gratuita. De acordo com Sperotto (2007), os alunos
possuem celulares, câmeras de vídeo, mp3, máquinas fotográficas digitais que
também podem ser utilizadas como recursos para ensinar e aprender.
Da soma entre tecnologias e conteúdos nascem oportunidades de ensino... Mas é preciso avaliar se as oportunidades são significativas. Isso acontece, por exemplo, quando as TICs cooperam para enfrentar desafios atuais, como encontrar informações na internet e se localizar em um mapa virtual. (POLATO, 2009, p. 51):
Sendo assim, informação organizada é a matéria prima da aprendizagem e
as tecnologias facilitam o acesso ao que já está consolidado e auxilia a organização
do que está confuso. Segundo Moran (2008), é importante dominar ferramentas de
busca da informação e saber interpretar o que se escolhe, adaptando-as a cada
situação exigida.
As Tecnologias Digitais não substituirão o professor, mas sua presença
poderá melhorar a qualidade de suas aulas, além de permitir que os alunos acessem
diferentes fontes de informação.
A forma como os computadores realizam suas operações leva ao termo
digital porque as aplicações da eletrônica digital ficaram durante anos restritas aos
computadores. A palavra computador tem a sua origem no latim computare, que
47
significa calcular. Pode-se definir um computador13 como um conjunto de
componentes eletrônicos que transformam os dados de entrada em informações de
saída, sendo esta transformação normalmente controlada pela intervenção humana.
Um computador permite ao professor realizar inúmeras atividades com seus
alunos como: a apresentação de conteúdos, o acesso a fontes de informações,
apoio visual para suas aulas expositivas, a utilização de programas e jogos
didáticos, a produção de textos e tantas outras. Não basta, entretanto, introduzir o
computador na sala de aula, pois ele por si só não traria nenhum benefício para o
ensino.
Segundo Cox (2003), as inúmeras vantagens no uso dos computadores na
sala de aula não são suficientes pela chegada de máquinas e programas, mas de
uma criteriosa e consciente utilização dos recursos destas ferramentas. A utilização
do computador na escola traria inúmeras vantagens, como: provocaria uma
mudança na educação escolar, o desenvolvimento da linguagem e da escrita, o
desenvolvimento da cidadania, a preparação para o mundo do trabalho, o estímulo
para o aluno participar da escola e a interação dos agentes escolares.
Utilizar um computador em sala de aula apenas para deixar a apresentação
mais bonita é subestimar o valor e o poder de processamento de um computador.
Aplicações impossíveis de se fazer sem o uso de um computador são as mais
significativas, como por exemplo, a utilização de um software para a simulação de
um laboratório de química ou de física. As escolas que não dispõe desses espaços,
permitem a seus alunos fazerem experiências tão reais quanto em um laboratório e
ainda de forma segura.
De acordo com o exposto anteriormente, mais uma vez destaco a
importância do trabalho consciente e da orientação do professor para um melhor
aproveitamento das aulas com o uso de computadores. O aluno leva para a escola o
conhecimento adquirido através da utilização informal do computador em ambientes
de fora do contexto escolar e o professor orienta o trabalho escolar de forma a tornar
as aulas mais produtivas e atrativas.
13 Segundo Siqueira (2008), “o primeiro computador, digno desse nome, era uma máquina
imensa, lenta, cara e pouco confiável”. O ENIAC custou 20 milhões de dólares da época e foi
inaugurado em fevereiro de 1946 na Universidade da Pensilvânia.
48
A internet é outro recurso que pode ser utilizado pelo professor como
ferramenta de apoio ao ensino. Segundo Sanches (2003) a conexão de dois ou mais
computadores cria uma rede e a interconexão de diversas redes existentes no
mundo é o que chamamos internet, que, para ele, é a rede das redes.
De acordo com Siqueira (2008, p.128), a origem desta rede se deu no auge
da guerra fria e foi criada para proteger, em caso de um conflito nuclear, os maiores
bancos de dados e de conhecimentos científicos armazenados em universidades e
centros de pesquisas dos Estados Unidos. Um grande avanço para a internet
ocorreu em função da criação da world wide web e sua tecnologia de hipermídia, em
1990. Tal fato facilitou o intercâmbio de gráficos e textos entre vários pesquisadores.
Desde sua criação como um recurso militar até os dias de hoje com seus
inúmeros serviços disponíveis, a internet tem mudado consideravelmente o mundo
em que vivemos, pois permite a troca de informações, o trabalho colaborativo,
encontrar qualquer informação, conversar com pessoas a qualquer momento de
forma instantânea, assistir à televisão e ouvir rádio de inúmeros países e regiões de
nosso país, entre outros.
A Internet é uma ferramenta com inúmeras possibilidades pedagógicas, mas
há necessidade de um planejamento e uma organização didática para seu uso
eficiente. Sua integração ao currículo poderá trazer inúmeros benefícios.
Integrar a utilização da Internet no currículo de um modo significativo e incorporá-la às atuais práticas de sala de aula, numa aprendizagem colaborativa, poderá fornecer um contexto autêntico em que os alunos desenvolvam conhecimento, habilidades e valores. (MERCADO, 2006, p 57)
As palavras do autor reforçam que devemos lembrar que a internet não é um
material pedagógico pronto para o uso, os professores devem estar preparados para
utilizá-la como fonte de pesquisa e de inúmeras possibilidades para trabalhos
colaborativos entre seus alunos.
Outra fonte de Tecnologias Digitais são os recursos audiovisuais como a
televisão, o DVD, o equipamento de som e o quadro interativo. Todos eles têm um
papel amplamente reconhecido para o ensino, pois oferecem possibilidades de
introduzir um assunto, gerando nos alunos interesse sobre o tema trabalhado.
Kenski (2008) relata que as escolas são mal equipadas e que os professores, pelo
acúmulo de trabalho, não conseguem preparar apresentações, modelos e
49
transparências, e que eles têm muita dificuldade de levar as turmas numerosas para
as poucas salas de projeção, isso quando conseguem obter algum material pronto
como filmes ou gravações.
Pobre escola, pobre aluno, pobre professor...mas e daí? Vamos cruzar os braços e apenas refletir crítica e negativamente diante desta situação? Será que essa sala de aula, no meio de todas as opções tecnológicas de aprendizagem, ainda tem sentido? (KENSKI, 2008, p.130)
Sem dúvida nenhuma, as Tecnologias Digitais podem ser utilizadas pelos
professores dos mais diversos componentes curriculares. Um processador de textos
utilizado pelo professor de Língua Portuguesa facilita a correção e a edição de textos
pelos alunos. A planilha de cálculos traz grandes benefícios ao ser utilizada nas
aulas de Matemática para a construção de gráficos.
Um recurso de vídeo serve para várias disciplinas. Em História, os
professores podem utilizar o vídeo para apresentar filmes e documentários, e em
Educação Física, o vídeo pode ser utilizado para trabalhar regras de jogos,
esquemas táticos e apresentar modalidades pouco conhecidas em nosso país.
O Google Maps14, programa que permite visualizar o globo terrestre, pode
ser aproveitado pelo professor de Geografia para trabalhar seus conteúdos de forma
mais prazerosa e dinâmica. Já, os simuladores online podem ser utilizados pelos
professores de Química e Física para que seus alunos façam experimentações sem
a necessidade de laboratórios sofisticados e caros.
As ideias acima representam uma pequena parcela das possibilidades de
uso das Tecnologias Digitais nas escolas.
14 Serviço gratuito de pesquisa e visualização de mapas e imagens de satélite.
4 DESENVOLVIMENTO DA INVESTIGAÇÃO
4.1 DESENVOLVIMENTO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Observando o perfil dos estudantes de hoje, que vivem num mundo repleto
de tecnologias, surgiu a curiosidade de investigar como os seus professores estão
utilizando as Tecnologias Digitais no ambiente esco lar, remetendo a questões
como: Quais são as Tecnologias Digitais que mais ut ilizam? Para que
costumam utilizar a Internet? Quais as ferramentas de comunicação que
utilizam frequentemente? Empregam as Tecnologias Di gitais ao planejar e
ministrar suas aulas?
Para tentar responder estas e outras perguntas, optei por conhecer a
realidade de uma escola da rede pública e uma escola da rede particular, todas no
município de Pelotas, para compor a amostragem. Devido à minha participação no
grupo de pesquisa da professora Rosária Sperotto, coletando dados de
adolescentes do ensino médio, decidi aproximar estas pesquisas aos professores
desses alunos, mais especificamente do 2° ano do en sino médio. Para o
levantamento de dados, elaborei um questionário para os professores (ANEXO 2) e
um questionário para a escola (ANEXO 3). Para Marconi e Lakatos (1990), o
questionário é um instrumento de coleta de dados, que é constituído por perguntas
ordenadas, que deve ser respondida por escrito, não havendo a necessidade da
presença do entrevistador. Severino (2008 p.125) acrescenta que as questões
devem ser pertinentes ao objeto e objetivas de forma a suscitar respostas também
objetivas.
As análises dos dados estão fundamentadas em teóricos como José Moran,
Maria Belloni, Vani Kenski, entre outros. A pertinência desse referencial se dá pelo
fato de que todos desenvolvem pesquisas mostrando a importância do uso das
Tecnologias Digitais no ambiente escolar.
A escola estadual de que obtive permissão para realizar a pesquisa fica no
bairro Fragata e possui 642 alunos matriculados no ensino médio. Foram sujeitos de
51
pesquisa nesta escola 8 professores do 2° ano do en sino médio do turno da manhã,
com idade entre 31 e 55 anos. Em relação à escola particular, obtive permissão de
uma escola localizada no bairro Centro que possui 332 alunos matriculados no
ensino médio. Foram sujeitos de pesquisa nesta escola 8 professores do 2° ano do
ensino médio do turno da manhã, com idade entre 29 e 47 anos.
Para a aplicação do instrumento de coleta de dados, fiz um pedido para a
direção das escolas envolvidas, que liberaram o acesso do pesquisador à escola. A
proposta de trabalho foi explicada para as supervisoras pedagógicas, bem como a
importância da colaboração das suas escolas para a realização da pesquisa. O setor
de supervisão pedagógica ficou responsável por entregar e recolher a pesquisa dos
professores.
Após o período combinado, realizei um novo contato com as supervisoras
pedagógicas de cada escola, no qual abordei assuntos como recepção dos
professores ao questionário, facilidades e dificuldades encontradas. Nesta
oportunidade, também colhi, junto a cada uma delas, dados sobre a escola. A coleta
de dados aconteceu entre os meses de setembro e novembro de 2009.
Ao analisar os dados dos questionários aplicados, achei necessário um novo
contato com os professores de cada rede de ensino para uma pesquisa qualitativa
(ANEXO 6), sob a forma de uma entrevista cujo objetivo era buscar compreender os
dados já coletados anteriormente. Entrevistei quatro professores que já haviam
participado da pesquisa quantitativa. Para Severino (2008, p.124), entrevista é uma:
Técnica de coleta de informações sobre um determinado assunto, diretamente solicitadas aos sujeitos pesquisados. Trata-se, portanto, de uma interação entre pesquisador e pesquisado. Muito utilizada nas pesquisas da área das Ciências Humanas. O pesquisador visa apreender o que os sujeitos pensam, sabem, representam, fazem e argumentam.
No próximo capítulo irei analisar e interpretar os dados coletados nesta
pesquisa.
52
4.2 ANÁLISE DE DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Para obter os resultados, inicio digitando as respostas do instrumento de
coleta de dados no programa Excel onde foram aplicados os filtros para facilitar a
análise de cada rede de forma independente. Os cálculos de porcentagem e totais
foram automatizados pelas fórmulas disponíveis no programa.
Na Tabela 11, pode-se observar que foram entrevistados oito professores de
cada rede de ensino, e que 50% do total de entrevistados são homens e 50% são
mulheres.
Tabela 11 - Professores por gênero Professor rede estadual Professor rede particular
% Total % Total
Feminino 75 6 25 2
Masculino 25 2 75 6
Total 100 8 100 8
Segundo a pesquisa TIC 200915, do Centro de Estudos sobre as
Tecnologias da Informação e Comunicação , 98% dos domicílios possuem TV, 86%
possuem rádio, 82 % possuem telefone celular e 34% computador de mesa. Na
Tabela 12 e Tabela 13, mostro a situação encontrada na casa dos professores da
rede privada e da rede estadual que pesquisei no município de Pelotas. Segundo
Morduchowicz (2008, p.43),
[…] quando deciden la compra de um médio o um bien cultural, las famílias no solo piensan em la adquisición del objecto, sino que estan tomando decisiones más amplias sobre el tipo de hogar em el que desean vivir, sobre su posición frente a las nuevas tecnologias [...].
15 Disponível em: <http://www.cetic.br/tic/2009/> Acesso em: 20 jun. 2011.
53
Tabela 12 - Tecnologias digitais na casa de um prof essor da rede estadual
• 100% tem DVD
• 100% tem internet
• 100% tem rádio
• 100% tem televisão
• 87% tem TV por assinatura
• 87% tem telefone fixo
• 87% tem câmera digital
• 87% tem computador
• 62% tem pendrive
• 62% tem MP3/MP4
• 37% tem console de jogo
Tabela 13 - Tecnologias digitais na casa de um prof essor da rede particular
• 100% tem computador
• 100% tem DVD
• 100% tem pendrive
• 100% tem rádio
• 100% tem televisão
• 87% tem internet
• 75% tem TV por assinatura
• 75% tem telefone fixo
• 75% tem MP3/MP4
• 75% tem câmera digital
• 37% em console de jogo
A pesquisa mostra que todos os professores da rede estadual possuem
televisão, rádio, DVD e internet, apenas um não possui computador e mais da
metade possuem Tecnologias Digitais, como pendrive, câmera digital, MP3, TV por
assinatura e telefone fixo.
Todos os professores da rede particular possuem TV, DVD, rádio,
computador e pendrive, e apenas um não tem acesso à internet em casa. Mais da
metade destes professores possui TV por assinatura, telefone fixo, MP3 e câmera
digital. O console de jogo, assim como na pesquisa com os professores estaduais,
54
faz parte de menos de cinquenta por cento das residências dos professores da rede
particular.
Tabela 14 - Horas de TV por dia Professor rede estadual Professor rede particular
% Total % Total
Entre 4 e 6 horas 0% 0 0% 0
Entre 2 e 3 horas 75% 6 62,5% 5
1 hora ou menos 25% 2 37,5% 3
Apesar das várias tecnologias existentes em sua residência, percebo na
tabela 14 que mais da metade dos professores das duas redes pesquisadas
assistem em média 2 a 3 horas de televisão diariamente. Para Moran (2008, p. 38) a
“televisão e o vídeo encontraram a fórmula de comunicar-se com a maioria das
pessoas, tanto crianças como adultos”, o que ratifica este dado encontrado onde,
apesar do tempo destinado ao trabalho docente, os professores destinam este
tempo à televisão.
Tabela 15 - Uso do computador Professor rede estadual Professor rede particular
% Total % Total
Todos os dias 75% 6 100% 8
Uma vez por semana 12,5% 1 0% 0
Uma vez por mês 12,5% 1 0% 0
A tabela 15 mostra que quase 100% dos professores entrevistados utilizam
um computador diariamente. Moran (2008) diz que o computador está “cada vez
mais poderoso em recursos, velocidade, programas e comunicação...” e que
permite criar simulações, testar conhecimentos, além de desvendar novos conceitos.
55
Tabela 16 - Uso da Internet Professor rede estadual Professor rede particular
% Total % Total
Todos os dias 75% 6 100% 8
Uma vez por semana 25% 2 0% 0
Uma vez por mês 0% 0 0% 0
A tabela 16 mostra que 100% dos professores da rede particular e 75% dos
professores da rede estadual utilizam a Internet diariamente. Para Moran (2008, p.
44), o computador em rede transforma-se em um meio de comunicação
extremamente poderoso para o processo de ensino e aprendizagem. Segundo
Moran (2008, p. 44), “com a internet podemos modificar mais facilmente a forma de
ensinar e aprender tanto nos cursos presenciais como nos cursos a distância”.
Tabela 17 - Tempo de Uso da Internet Professor rede estadual Professor rede particular
% Total % Total
4 horas ou mais 12,5% 1 12,5% 1
2 a 3 37,5% 3 25% 2
1 hora ou menos 50% 4 62,5% 5
Como já comentado, a maioria dos professores tem acesso à internet em
casa. O tempo médio de conexão é de 1 hora ou menos para 50% dos professores
entrevistados e apenas um professor de cada rede utiliza mais de 4 horas diária de
internet. Com os resultados obtidos na tabela 17, faço uma comparação de tempo
de uso destinado à TV. Na tabela 14, verifico que a maioria dos professores
entrevistados destinam mais tempo para a TV do que para a internet.
Moran (2008) sugere alguns passos para preparar o professor para a
utilização do computador e da internet. O primeiro passo é proporcionar o uso
frequente das novas tecnologias; o segundo é auxiliar os professores na utilização
pedagógica da internet e de programas multimídia.
56
Tabela 18 - Atividades ligadas à Comunicação Professor rede estadual Professor rede particular
% Total % Total
Enviar Email 100% 8 100% 8
MSN/Google Talk 37,5% 3 62,5% 5
Mensagem de voz 12,5% 1 0% 0
Criar Blogs 12,5% 1 12,5% 1
Sites de Relacionamento 50% 4 37,5% 3
Observo, na tabela 18, que 100% dos professores utilizam o e-mail como
ferramenta de comunicação. Pouco mais da metade dos professores da rede
particular utilizam MSN enquanto menos da metade dos professores da rede
estadual utilizam esta ferramenta. Apenas um de cada rede possui blog e, em
média, 50% utilizam sites de relacionamento como, por exemplo, Orkut e Facebook.
Somente um professor utiliza o recurso de conversar na rede utilizando voz. O
domínio das ferramentas de comunicação é importante para o papel do professor,
pois, para Moran (2008, p. 50), “muda a relação de espaço, tempo e comunicação
com os alunos”. Assim, as trocas da sala de aula passam para o virtual.
Tabela 19 - Atividades ligadas à busca de Informaçõ es Professor rede estadual Professor rede particular
% Total % Total
Procurou apostila 75% 6 87,5% 7
Procurou imagens 75% 6 75% 6
Procurou músicas 50% 4 50% 4
Procurou Vídeos 37,5% 3 50% 4
Pela Tabela 19, pode-se ter uma idéia do que os professores buscam
quando estão conectados na internet, e percebe-se que a maioria procura apostilas
e imagens. Moran (2008, p. 51) diz que é importante ensinar os professores a
pesquisar utilizando a internet, primeiramente começando por uma pesquisa aberta
com total liberdade de escolha e a seguir ensiná-los a fazer uma pesquisa focada
em um assunto mais específico. Para Moran (2008, p. 52), “ensinar utilizando a
internet exige uma forte dose de atenção do professor. A navegação precisa ter bom
senso, gosto estético e intuição”. O professor precisa ter um bom domínio no uso
57
das técnicas de buscas na internet, pois os alunos tendem a dispersar-se diante de
tantas possibilidades.
Tabela 20 - Atividades ligadas a Entretenimento na Internet Professor rede estadual Professor rede particular
% Total % Total
Jogar 25% 2 0% 0
Assistir vídeos 25% 2 37,5% 3
Ouvir rádio (tempo real) 25% 2 37,5% 3
Assistir TV (tempo real) 12,5% 1 0% 0
Ler jornais e revistas 75% 6 100% 8
Quando perguntados sobre as formas de lazer e entretenimento na internet,
percebe-se na tabela 20 que a grande maioria utiliza a rede para ler jornais e
revistas e que ouvir rádio e assistir à TV não faz parte do hábito da maioria dos
entrevistados. Hoje, diante das conexões cada vez melhores com a internet, temos
acesso a canais de TV do mundo todo com programas educativos16, o que pode ser
um excelente recurso didático ou mesmo de inspiração para o prepara das aulas.
Tabela 21 - Atividades ligadas aos seus alunos Professor rede estadual Professor rede particular
% Total % Total
Utilizou E-mail/MSN 62,5 5 100 8
Utilizou editor de textos 75 6 62,5 5
Apresentação Eletrônica 37,5 3 50 4
Vídeo na sala de aula 12,5 1 50 4
Planilha de Cálculos 0 0 12,5 1
Perguntei aos professores sobre quais as atividades ligadas a seus alunos
eles realizam quando estão utilizando um computador. Na Tabela 21, verifica-se que
uma grande parte dos professores diz que entram em contato com seus alunos
através do e-mail e pelo MSN e que também utilizam um editor de textos para
16 Deixamos como sugestão o link da TV Ponto Com. Disponível em: <http://200.244.52.177/embratel/assistaAgora.do> canal de TV, via internet, que transmite uma programação cultural e educativa, 24 horas por dia, produzida por centros de excelência em diferentes áreas do conhecimento e de manifestações culturais.
58
elaborar provas e outros escritos. Também percebe-se que 50% ou menos utilizam
recursos multimídia com seus alunos como Vídeo e Apresentação Eletrônica. Moran
(2008, p.39) propõe diversas formas de trabalhar com televisão e vídeo na educação
escolar. Entre elas, destaco o uso do vídeo para despertar a curiosidade e
motivação para um assunto novo, ajudar a mostrar o que se discute em aula e
mostrar experiências que seriam perigosas em laboratórios.
Tabela 22 - Habilidades ligadas ao computador Professor rede estadual Professor rede particular
% Total % Total
Usa Mouse 100 8 100 8
Copiar arquivos 100 8 100 8
Usar Editor de Textos 87,5 7 87,5 7
Usar Planilha de Cálculos 37,5 3 62,5 5
Comprimir arquivos 37,5 3 87,5 7
Conectar Periféricos 62,5 5 100 8
Usar Som e Imagem 62,5 5 100 8
A tabela 22 mostra as habilidades ligadas ao computador durante o seu uso
pelos professores. Vê-se que a grande maioria tem habilidade suficiente para uma
utilização eficiente da ferramenta computador.
Tabela 23 - Habilidades ligadas à Internet Professor rede estadual Professor rede particular
% Total % Total
Mecanismo de Busca 87,5 7 75 6
Email com anexos 87,5 7 100 8
VOIP 25 2 25 2
Torrents 12,5 1 12,5 1
Criar Página Web 12,5 1 87,5 7
Baixar e instalar software 62,5 5 87,5 7
Procurando saber das habilidades dos professores ao utilizar a internet
percebe-se na Tabela 23 que a maioria diz saber utilizar um mecanismo de busca na
internet como, por exemplo, o Google. Além disso, eles sabem anexar arquivos aos
59
seus emails e baixar e instalar softwares pela internet. Chama a atenção nesta
Tabela que a maioria dos professores da rede particular sabe criar uma página Web
contra apenas um da rede estadual.
Concordo com Moran (2008, p.51) quando ele afirma que devemos
familiarizar o professor para o uso do computador e internet.
Aprender a utilizá-lo no nível básico, como ferramenta. No nível mais avançado: dominar as ferramentas da WEB, do e-mail. Aprender a pesquisar nos search, a participar de listas de discussão, a construir páginas. (MORAN, 2008, p. 51)
Após a análise e interpretação dos dados da pesquisa quantitativa, posso
dizer que os alunos e seus professores possuem e sabem utilizar as Tecnologias
Digitais como computador, TV e DVD. Utilizam quase que diariamente o
computador, a internet e a TV. Por outro lado, as escolas pesquisadas possuem
laboratórios de informática, salas multimídia com som, TV e DVD. Mas quando
perguntei aos alunos se seus professores utilizam as tecnologias na sala de aula, a
resposta é unânime, não. Bem, se os alunos sabem utilizar as tecnologias, seus
professores também, as escolas estão equipadas com algumas tecnologias que
podem ser utilizadas como ferramentas de apoio em sala de aula, onde está o
descompasso ? Por que as tecnologias não estão sendo utilizadas na sala de aula?
Para tentar responder a estas questões, voltei às escolas e entrevistei dois
professores de cada rede que já haviam participado da pesquisa quantitativa. A
entrevista mostra que os cursos de graduação não preparam os professores para o
uso das tecnologias. Nenhum dos entrevistados tiveram qualquer disciplina nesse
sentido. Um professor de cada rede afirmou que, na especialização, teve disciplina
tratando do tema. Behrens (2008, p.69) diz que “as exigências de uma economia
globalizada afetam diretamente a formação dos profissionais em todas as áreas do
conhecimento”, e alerta sobre a necessidade de uma formação qualitativa
diferenciada em função do perfil do profissional esperado para atuar na sociedade.
Quando perguntei sobre a frequência de uso e qual tecnologia utiliza,
percebi que na escola particular os entrevistados afirmaram utilizar pelo menos uma
vez por semana, e utilizam computador, data show, internet e vídeo. A professora D
diz que:
60
Uso mais a informática – sites e simuladores da área de Ciências. Também indico vídeos do youtube e outros, sempre embasada em um projeto, com o propósito de um melhor entendimento por parte dos alunos e para atraí-los mais para os conteúdos das aulas. Utilizo semanalmente, até porque cada vez mais o Colégio está equipado e o material didático adotado contribui para isso.
A professora R. diz que:
Utilizo notebook, data show, internet e vídeo. No mínimo uma aula por semana uso alguma tecnologia, pois acredito que a aula fica mais motivadora e precisamos acompanhar os alunos, utilizando mais as coisas do cotidiano deles.
Em ambas as falas, percebo que os professores entrevistados utilizam
algum tipo de mídia semanalmente, reconhecendo que os alunos ficam mais
motivados e o conteúdo de aula mais atrativo. Os alunos têm à sua disposição
várias mídias e tecnologias para buscar informações e não querem mais as aulas
tradicionais. Para Moran (2008, p.29), “a aquisição da informação, dos dados,
dependerá cada vez menos do professor”; o papel do professor é auxiliar o aluno a
interpretar, relacionar e contextualizar estes dados. As possibilidades educacionais
são enormes. Segundo Moran (2008, p.61):
É importante conectar sempre o ensino com a vida do aluno. Chegar ao aluno por todos os caminhos possíveis: pela experiência, pela imagem, pelo som, pela representação (dramatizações. Simulações), pela multimídia, pela interação on-line e off-line.
Já na escola estadual, a frequência de uso é de uma vez por mês, e os
professores utilizam o data show e vídeos para despertar a curiosidade de seus
alunos.
Ao serem indagados sobre quais os motivos que levam os alunos dizerem
que as tecnologias não são utilizadas na sala de aula, percebi que mesmo estes
fazendo uso das tecnologias, eles têm a visão de que não é uma ação unânime.
Vejamos o que a professora R., da escola particular, nos diz sobre o assunto:
61
Acredito que os alunos não percebem o uso das tecnologias na escola, porque querem usar internet somente para coisas prazerosas. As primeiras vezes que utilizamos as tecnologias é novidade, mas em seguida já passa a ser comum como quadro e giz; tudo depende de como são utilizadas e de como passamos as informações. Muitos podem ser os fatores que podem impedir seu uso com os alunos: ritmo e tipo de turma – muitas vezes o professor domina melhor com quadro e giz, pois uma aula diferente pode agitar os alunos; tipo de conteúdo; carga horária do professor, que muitas vezes não tem tempo de planejar aulas mais elaboradas; falta de preparo. Na verdade considero que é um conjunto de coisas.
Segundo Kenski (200, p. 88), “as tecnologias ampliam as possibilidades de
ensino para além do curto e delimitado espaço de presença física de professores e
alunos na mesma sala de aula”. A professora D. tem a seguinte visão sobre o
assunto:
Nem todos os professores fazem uso, embora os alunos constantemente cobrem de nós o uso da informática. Acredito que a utilização das tecnologias só será realmente percebida quando houver uma ação em grupo por parte dos professores, com 100% de utilização. Sempre deve haver um propósito, uma cobrança e um trabalho em aula, caso contrário os alunos deixam de utilizar os recursos pois não percebem sentido em buscar as indicações dos professores.
Kenski (200, p. 88), traz que o uso do computador e da internet em sala de
aula não revolucionaria por si só o ensino, e que é preciso que os professores
organizem novas experiências pedagógicas onde as Tecnologias Digitais tragam a
cooperação e a colaboração entre os envolvidos. Na escola estadual a professora A.
tem a seguinte opinião sobre o assunto:
Poucos professores usam as tecnologias. A mídia impressa é a mais usada, talvez por ser considerada a que está mais ligada ao conhecimento. A maioria dos professores ainda não tomou consciência sobre a importância de utilizar as tecnologias e os alunos têm a visão de que os professores não usam. Alguns professores nem ao menos tem domínio sobre os equipamentos, precisando de auxílio até mesmo para ligá-los, quando raramente os usam.
Seu colega, o professor E., nos diz que “o fato é que as aulas continuam
tradicionais. As universidades não estão preparando os futuros professores para
este uso”.
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Concordo com estes professores, pois, nesta pesquisa, percebe-se que os
professores sabem e utilizam as Tecnologias Digitais, mas não fazem um uso
constante destas ferramentas. Kenski (2008) também aborda este tema dizendo que
o problema não está no domínio das ferramentas, mas sim em encontrar formas
produtivas e possíveis de integrar as Tecnologias Digitais no processo de ensino-
aprendizagem.
Por último, perguntei aos professores os pontos positivos e negativos do uso
das tecnologias nas escolas. Todos foram unânimes em dizer que só veem pontos
positivos, pois consideram o uso das tecnologias um fator motivador para aulas mais
interessantes e para uma melhor aprendizagem dos alunos.
Mercado (2002, p.14) diz que:
O objetivo de introduzir novas tecnologias na escola é para fazer coisas novas e pedagogicamente importantes que não se pode realizar de outras maneiras. O aprendiz, utilizando metodologias adequadas, poderá utilizar esta tecnologia na integração de matérias estanques. A escola passa a ser um lugar mais interessante que prepararia o aluno para o seu futuro.
Os dados revelados pelo presente estudo parecem indicar que todos os
professores entrevistados reconhecem a importância do uso das Tecnologias
Digitais, mas que estas ainda estão sendo muito pouco utilizadas em sala de aula.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo principal desta pesquisa foi coletar e analisar dados de
professores no sentido de verificar seu relacionamento com as Tecnologias Digitais,
quais as tecnologias que mais utilizam, o que fazem quando estão conectados à
internet, e se as Tecnologias Digitais estão sendo utilizadas pelos professores no
trabalho com seus alunos.
Após a análise dos dados obtidos com as escolas, alunos e professores
pesquisados encontrei evidências de que as Tecnologias Digitais ainda estão sendo
pouco utilizadas por parte dos professores. As duas escolas, uma particular e uma
pública, possuíam em sua estrutura condições de utilização destas tecnologias e
tinham disponíveis para os professores laboratórios de informática, sala multimídia
com computador e projetor multimídia, além de DVD, TV e aparelho de som. Os
alunos, por sua vez, responderam que utilizam constantemente as tecnologias
digitais questionadas e que passam algumas horas diárias utilizando o computador e
a TV. A maioria deles possui estas tecnologias em seus lares e aqueles que não as
possuem utilizam na casa de amigos ou parentes. Os dados mostram que as
Tecnologias Digitais estão presentes nas casas de todos os adolescentes
entrevistados. Tanto na rede estadual quanto na rede particular, 100% dos alunos
possuem televisão, rádio e DVD em suas residências. Na rede particular 100% dos
jovens possuem computador e na rede estadual, embora nem todos os alunos
tenham computadores em seus lares, a porcentagem de 84% é também
significativa. Nas duas redes de ensino, os sites de relacionamento são os que mais
despertam o interesse dos jovens. Eles utilizam a internet como um meio de
comunicação, e assistir a vídeos é o passatempo preferido de grande parte deles. O
que chamou a atenção é que, embora as escolas possuíssem laboratórios de
informática, estes quase não eram utilizados. Em relação à utilização das
Tecnologias Digitais pelos professores, o vídeo configurou-se como a tecnologia
mais utilizada por seus professores na sala de aula.
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As entrevistas com os professores indicaram que todos possuíam
Tecnologias Digitais em seus lares e que a maioria deles utilizava o computador, a
internet e a TV todos os dias. No que concerne aos seus hábitos de utilização da
internet, verificamos que o e-mail é a ferramenta de comunicação mais utilizada por
eles e que as redes sociais ainda não faziam parte dos hábitos de “navegação” da
maioria deles. Diferente de seus alunos, que preferem assistir a vídeos, ler revistas e
jornais na internet são suas principais atividades de lazer na rede.
Pesquisas apontam que apesar da contribuição das Tecnologias Digitais
para os ambientes escolares, os professores não costumam usá-las com frequência
com seus alunos. A pesquisa apresentada nesse trabalho mostra que a realidade do
grupo de professores pesquisados no município de Pelotas/RS não é diferente.
Observou-se que as Tecnologias Digitais estão presentes no cotidiano de
alunos e professores pesquisados, e que as escolas estão devidamente equipadas.
Então, por que não utilizar estes recursos disponíveis? O que impede o uso das
Tecnologias Digitais como uma atividade natural?
As formas de ensinar e aprender precisam ser constantemente repensadas
e as estratégias de ensino reavaliadas levando em consideração as mudanças que
ocorrem com o passar do tempo, fazendo com que a escola seja sempre um lugar
interessante, conectado com o mundo real.
Os professores precisam ter claro onde querem chegar e para isso precisam
investir em um planejamento adequado que se aproxime ao máximo do público com
o qual trabalham. A inserção das tecnologias nas aulas de nada servirá se a
pedagogia não tiver um novo enfoque. As Tecnologias Digitais jamais irão substituir
os professores e não devem ser consideradas como uma ameaça à escola, e sim
como uma aliada para aulas mais criativas e interessantes.
Muitos professores sentem-se mais seguros repetindo práticas educativas
que deram certo ao longo dos anos e a adaptação ao novo é dificultada pela carga
horária elevada, falta de planejamento coletivo e o desconhecimento do uso das
Tecnologias Digitais de forma inovadora. É preciso estar aberto para a mudança
que, conforme Freire (1979) supere uma totalidade por outra onde a nova realidade
não seja contraditória, quando somente o homem, sendo capaz de distanciar-se
para observar esta realidade, pode transformá-la. Nesse sentido, a formação
continuada para os professores é fundamental, e o grande desafio é despertar o
65
interesse dos professores para a utilização das Tecnologias Digitais em suas aulas,
aprimorando seu trabalho.
Estimo que este trabalho possa auxiliar os profissionais da educação que
buscam subsídios para novas pesquisas e os que acreditam que as tecnologias
possam ser aplicadas para a melhoria da educação. As Tecnologias Digitais
modificam as relações didáticas e merecem uma análise cautelosa. Muitas
inovações ainda irão surgir para suprir as nossas necessidades. Estamos sempre
em constante busca, construção e aprendizado.
66
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ANEXOS
ANEXO 1 – PESQUISA QUANTITATIVA ALUNOS
ANEXO 2 - PESQUISA QUALITATIVA ALUNOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Programa de Pós-Graduação em Educação
PESQUISA SOBRE TIC NA EDUCAÇÃO
Nome:
Turma:
MSN:
Pensando no último trimestre:
A) Usou Laboratório de Informática ? Quantas vezes ? Quais Disciplinas ?
B) Assistiu vídeo em alguma disciplina? Quantas vez es? Quais
Disciplinas?
C) Assistiu apresentação em Power Point? Quantas ve zes? Quais
Disciplinas?
D) Recebeu e-mail do professor com conteúdo ou tare fas escolares?
Quantas vezes? Quais Disciplinas?
E) Usou MSN para tirar dúvida com algum professor? Quantas vezes?
Quais Disciplinas?
F) Algum professor utilizou Blog para trabalhar ou disponibilizar conteúdos
da disciplina? Quais Disciplinas ?
G) Com relação a utilização de recursos tecnológico s por parte dos
professores você:
( ) Não gosta ( ) Gosta pouco ( ) Gosta m ais ou menos ( ) Gosta muito
H) Algum professor pediu algum trabalho que utiliza sse alguma Tecnologia
Digital? Quantas vezes ? Quais Disciplinas ?
I) Algum professor sugeriu algum site da Web? Quant as vezes? Quais
Disciplinas?
ANEXO 3 – PESQUISA QUANTITATIVA PROFESSORES
ANEXO 4 - QUESTIONÁRIO ESCOLA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Programa de Pós-Graduação em Educação
PESQUISA SOBRE TIC NA EDUCAÇÃO
ESCOLA
MATRÍCULAS
FUNDAMENTAL
MATRÍCULAS MÉDIO
LABORATÓRIO
INFORMÁTICA
NÚMERO DE
COMPUTADORES
ACESSO A INTERNET
SISTEMA OPERACIONAL
EDITOR DE TEXTOS
PLANILHA DE CÁLCULOS
PROGRAMAS
EDUCATIVOS
SALA DE PROJEÇÃO
DATASHOW
EQUIPAMENTO SOM
TV
VIDEOCASSETE
DVD
MÁQUINA FOTOGRÁFICA
DIG.
RETROPROJETOR
SALA COM
COMPUTADORES PARA
USO DOS PROFESSORES
ANEXO 5 - TERMO DE CONSENTIMENTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Trabalho : As Tecnologias Digitais no Cotidiano de Professores da Rede Pública e
Particular de Ensino de Pelotas-RS
Pesquisador : Rogério Ramos Weymar
Orientadora : Rosária Ilgenfritz Sperotto
Termo de consentimento livre e esclarecido
A Escola está sendo convidada a participar da pesquisa As
Tecnologias Digitais no Cotidiano de Professores da Rede Pública e Particular
de Ensino de Pelotas-RS.
A pesquisa com os alunos e professores de uma turma do Ensino Médio do Turno
da Manhã irá investigar o uso das tecnologias na sala de aula.
Solicito autorização para realizar esta pesquisa entre os meses de agosto e
dezembro de 2009.
Esclareço que o nome da escola, professores e alunos não será divulgado por
ocasião da publicação dos resultados.
Caso necessite entrar em contato sobre o presente estudo poderá entrar em contato
com o pesquisador pelo email rogerioweymar@gmail.com.
Assim, a escola aceita fazer parte desta pesquisa autorizando a utilização e
divulgação dos resultados que envolvem o questionário aplicado.
________________
ESCOLA
ANEXO 6 – PESQUISA QUANTITATIVA PROFESSORES
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Programa de Pós-Graduação em Educação
PESQUISA QUALITATIVA SOBRE TECNOLOGIA DIGITAL NA ED UCAÇÃO
1. QUAL O SEU NOME?
2. QUAL A SUA FORMAÇÃO ACADÊMICA?
3. NA GRADUAÇÃO TEVE ALGUMA DISCIPLINA QUE O PREPARASSE PARA
TRABALHAR COM AS TICS NA EDUCAÇÃO?
4. POSSUI CURSO DE FORMAÇÃO PARA USO DAS TICS ?
5. QUE TIPO DE TECNOLOGIA DIGITAL UTILIZA COM SEUS ALUNOS, COM QUE
FREQUENCIA E COM QUE PROPÓSITO?
6. A ESCOLA POSSUI TECNOLOGIAS, O PROFESSOR E O ALUNO SABEM
UTILIZAR, NO ENTANTO, PARA O ALUNO AS TECNOLOGIAS NÃO SÃO
UTILIZADAS. AO QUE VOCÊ ATRIBUI ESTE DESCOMPASSO? O QUE IMPEDE O
USO DAS TICS COM OS ALUNOS?
7. DESTAQUE ASPECTOS POSITIVOS PARA O USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS
COM ALUNOS NA ESCOLA.
8. DESTAQUE ASPECTOS NEGATIVOS PARA O USO DAS TECNOLOGIAS
DIGITAIS COM ALUNOS NA ESCOLA.
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