direito fiscal i teóricas
Post on 03-Jul-2015
689 Views
Preview:
TRANSCRIPT
Direito Fiscal I – Teóricas
Prof. Dr. José Casalta Nabais
Bibliografia:
Legislação Direito Fiscal
Direito Fiscal, 5ª Edição, Dr. José Casalta Nabais, Almedina
Introdução:
Direito Financeiro
Imposto, taxas
Frequência: 15/12/2010
1
AULA: 28/09/2010
Subjectivo:
Sujeito activo - Sujeito activo exerce funções públicas sobre sujeito passivo
Sujeito passivo
Prestação objectiva: lateral e definitiva
Visão finalista:
Obter receitas (finalidade fiscalidade) Prestação pecuniária activa
o Excluímos função sancionatória (pecuniária, multas, coimas...) não é imposto, é pena. *
*Doutrina contesta: impostos fundiários, pecuniários, coactivo (acto cumprimento), definitivo.
Sujeito activo:
Entidade pública Entidade que exerce actividade pública
Imposto incide sobre o que se gasta em consumo não sobre o produto
2
9 Características do Imposto
5 objectivas 4 subjectivas
Sanções e multas # imposto
Extra Fiscal: taxa sobre lâmpadas de alto consumo energético: não é para obter receitas é
para evitar a compra das mesmas – âmbito Direito Ambiental.
Género mais próximo do imposto e taxa:
Tributo Unilateral Bilateral Característica mais importante UNILATERALIDADE
# Imposto e Taxa:
1º unilateral e 2º bilateral, depende se regime jurídico é idêntico ou não;
3
Contribuições – unilateral – Regime geral
TUDO parte da divisão entre imposto e taxa
Tarifa – Conceito antiquado – acordo sobre importação e comercio...muito difícil saber o
que é!!!!!
Lógica da Tarifa é o preço
Taxa – preço publico – monopólio, existe limite jurídico para a taxa, tem a ver com custo e
pagamento iniciais.
Curva Laffer: à medida que cresce o imposto cresce a receita, mas eventualmente inverte.
Utilidade prática # regime diferente
Género: imposto é um tributo unilateral e a taxa bilateral
Imposto unilateral – contrapartida especifica ou individual
4
Taxa – ideia de troca – paga por um serviço especifico, se não estiver satisfeito pode
reaver valor.
3 tempos (taxa):o Serviçoso Utilização domínio públicoo Licenças (por trás da licença está um serviço)
UNILATERALIDADE:
Critério material do imposto: principio da igualdade: critério para medir – capacidade
contributiva, pelo rendimento e património
Critério formal do imposto – CRP (art. 104º)
Critério material da taxa: principio da proporcionalidade
Critério formal da taxa: Regime geral
IMPOSTO SISTEMA DINÂMICO
Filtro: 1) Incidência 2) Lançamento 3) Liquidação 4) Cobrança
5
1) Incidência – momento de nascimento do imposto, momento normativo: Art. 103º CRP:
Lei: art. 165, nº1, alínea i) Lei autorização Governo: Art. 227, nº1, alínea i)
2) Lançamento – Aplicação, facto tributário, facto revelador, capacidade contributiva do
individuo
3) Liquidação (administração liquida/lança)
Sentido subjectivo: identificar contribuinte
Sentido objectivo: determinação matéria colectável ou tributável
Sentido estrito: (sem lançamento) – aplicar a taxa à matéria colectável que nos dá a
colecta – momento que fixa o imposto, qual o imposto a pagar (ex: IMI)
Depois da colecta há momentos de determinação do imposto
Sentido amplo: 4 momentos:
1) Determinação imposto 2) Lançamento
6
3) Liquidação (estrito) 4) Dedução à colecta
Liquidação – conjunto de operações da administração (actualmente contribuintes
e empresas)
4) Cobrança – Pagamento, Estado cobra, contribuinte paga
AULA: 12/10/2010
Classificação de Impostos (mais úteis ponto de vista pratico - Definição Clássica)
A) Impostos directos e impostos indirectos
2 Critérios fundamentais: Económicos e Jurídicos:
1) Critérios Económicos (3 tipos):
a) critério financeiro – atende ao objecto do imposto, segundo o qual:
impostos directos – são aqueles que atingindo manifestações imediatas da capacidade
contributiva, têm por pressuposto a própria existência duma pessoa, património ou dum
rendimento;
impostos indirectos – são aqueles que atingindo manifestações mediatas da capacidade
contributiva, tributam a despesa, a transferência de bens ou outras manifestações
indirectas da capacidade contributiva
7
Prof. Teixeira Ribeiro: os impostos são directos ou indirectos conforme incidam sobre a
matéria colectável directa ou indirectamente tributada.
Critério financeiro entre nós não é tido em conta na legislação.
b) critério económico stricto sensu ou da contabilidade nacional – tem em conta a
natureza económica do imposto, ou seja, a sua integração ou não nos custos de produção
das empresas:
impostos directos – não constituem custos de produção das empresas. Não integram o
preço dos bens e serviços, não fazem parte do apuramento do produto e rendimentos
nacionais
impostos indirectos – constituem custos de produção das empresas. Integram os preços
dos bens e serviços, são deduzidos ao produto nacional (bruto ou líquido) para apurar o
rendimento nacional (bruto ou líquido).
O rendimento nacional é igual ao produto nacional menos os impostos indirectos ou
impostos sobre o consumo. Ou seja, os impostos indirectos são os impostos sobre o consumo
(IVA).
8
c) critério da repercussão económica – tem em conta se os impostos são repercutíveis
ou não no consumidor, ou no adquirente final de bens e serviços:
impostos directos – não são repercutíveis, no adquirente final de bens e serviços. Sendo
assim, são irrepercutíveis os impostos sobre o rendimento e sobre o património. Verifica-
se uma identidade entre o contribuinte e o suportador económico do imposto
impostos indirectos – são repercutíveis no adquirente final de bens e serviços. Sendo
assim, são impostos sobre o consumo são repercutíveis. O contribuinte não coincide com
o suportador económico do imposto.
Fenómeno da repercussão é muito amplo abarcando frequentes vezes manifestações
da própria tributação do rendimento e do património. Assim esta distinção tende a assentar
não na simples susceptibilidade da repercussão económica, mas antes na repercussão
económica que o legislador fiscal quis ter em conta aquando do corte legal do pressuposto
de facto do respectivo imposto, como exemplo no IVA, no Art. 36.º CIVA, há uma obrigação
formal de repercussão. O que exprime mais um critério jurídico do que económico. Por outro
lado, nem sempre nos impostos indirectos em que é pressuposto haver uma obrigação
material de repercussão, esta se verifica, pois as concretas condições de mercado, que fixa os
preços dos bens e serviços, podem obstar a que a mesma tenha lugar.
2) Critérios Jurídicos (3 tipos):
a) critério do lançamento administrativo – critério elaborado por O. Mayer, séc. XX, em
que:
impostos directos (ou impostos com lançamento): aqueles em cujo procedimento
fiscal houvesse lugar a um acto administrativo de lançamento ou acto tributário.
impostos indirectos (ou impostos sem lançamento): aqueles em que esse acto
administrativo não tivesse lugar.
9
Porém deu-se conta que havia impostos indirectos em que na prática havia
lugar a um acto administrativo, exemplo: despacho aduaneiro nos impostos aduaneiros e,
por outro lado, impostos directos em que esse acto estava de todo ausente.
Prof. Casalta Nabais: existe cada vez mais a dificuldade de encontrar o acto administrativo
diluído no respectivo procedimento, e também o facto do acto tributário estar
frequentemente dependente do cumprimento dos deveres de colaboração do contribuinte
ou de terceiros. Isto quando não houver lugar à autoliquidação ou a liquidação por
terceiro, caso em que a administração fiscal pura e simplesmente não participa no
procedimento tributário.
b) critério do rol nominativo – critério com adeptos sobretudo na Itália:
impostos directos – lançamento se baseasse na existência junto da
administração fiscal duma lista ou rol nominativo de contribuintes
impostos indirectos – lançamento não tem por base existência de lista ou rol
nominativo.
Prof. Casalta Nabais: devido ao sistema complexo do sistema fiscal actual, em que a matéria
colectável de parte dos impostos é levada ao conhecimento da administração fiscal ou
determinada pelos contribuintes ou por terceiros e, não conhecida antecipadamente a
existência ou ausência duma lista não seja actualmente um critério adequado e muito
menos decisivo para a taxinomia dos impostos.
c) critério do tipo da relação jurídica base do imposto – a distinção entre impostos
directos e indirectos reside no tipo de relação jurídica fonte da obrigação do imposto, ou
seja, na configuração instantânea ou duradoura do elemento temporal do facto tributário.
10
impostos directos – verificam-se se a relação jurídica fonte de obrigação de
imposto tiver na base situações estáveis, que se prolongam no tempo, mantendo-se ano
após ano, dando origem a obrigações periódicas, obrigações que se renovam todos os
anos – impostos periódicos ou duradouros (IRS, IRC).
impostos indirectos – verificam-se se a relação desencadeada por facto ou acto
isolado, ou factos ou actos sem continuidade entre si, uma relação de carácter
instantâneo, que dá origem a uma obrigação de imposto isolada – impostos de obrigação
única ou instantâneos (IMI).
Prof. Casalta Nabais: utilidade – institutos ligados ao tempo, decurso do tempo tem efeitos
jurídicos, repercussões: inicio, prestação, vigência e efeito retroactivo.
Institutos do tempo:
Caducidade da liquidação: acto tributário ou acto de liquidação, prazo geral 4 anos.
Art. 45.º, nº 4 LGT.
Prescrição da obrigação: obrigação tributaria, prazo geral 8 anos. Art. 48.º, nº 1 LGT
Conta-se a partir do momento do facto gerador “a quo”, a partir da
verificação do facto gerador (LGT). A solução do legislador não foi ao nível da incidência
mas ao nível da liquidação/cobrança.
impostos periódicos – contam a partir do termo do ano em que se verificou o
facto tributário;
impostos de obrigação única – contam a partir da data em que ocorreu o facto
tributário, com excepção do IVA e retenção na fonte a título definitivo, caso em que se conta
o ano civil seguinte àquele a que se verificou o facto tributário.
B) Impostos periódicos e impostos obrigação única
11
Ver último critério jurídico.
C) Impostos reais e impostos pessoais
Peso relativo da incidência real e da incidência pessoal.
Impostos reais: atinge-se a matéria colectável objectivamente determinada, fazendo-
se a abstracção da situação económica e social do contribuinte (IMI, IMT, IVA, IRC...).
Impostos pessoais: tem-se em consideração a concreta situação económica e social do
contribuinte, isto é o valor da sua fortuna e dos seus rendimentos assim como os
encargos que tem de suportar (IRS). Os impostos pessoais atendem ao rendimento
global do contribuinte, excluem da tributação o mínimo de existência, têm em
consideração os encargos com a família (abatendo-os à matéria colectável) e sujeitam
a matéria colectável a uma taxa progressiva (4 características impostos pessoais).
Quem está no poder isenta-se de impostos – lei sociológica
Fenómeno da anestesia fiscal – décima militar – Padre António Vieira
D) Impostos de quota fixa e impostos de quota variável
Ponto de vista do montante a pagar temos a quota fixa – imposto geral, é aquele em que
todos pagamos o mesmo montante. Ex: contribuição audiovisual; pessoa paga per capita;
não terá em conta a capacidade contributiva.
Quota variável, variam em função da capacidade contributiva:
1) taxa fixa – pagam imposto diferente com base em taxa única, fixa, o montante é
diferente em função da capacidade contributiva;
2) taxa variável – impostos progressivos – IRS, escalões – cada fatia do
rendimento paga taxa própria, varia em função da matéria colectável e da taxa,
é duplamente progressivo.
12
E) Impostos sobre o rendimento, património e consumo
a. Imposto sobre o rendimento
2 conceitos:
Rendimento sobre o produto estrito – produto - – o produto está ligado à
produção que é preciso a empresa, organização de factores de produção ou
bens e serviços; A contrapartida que os produtores e factores podem receber
por participarem na produção – salário, juros, rendas, lucros – Rendimento
Produto
Rendimento sobre o produto amplo – acréscimo - certos rendimentos que não
correspondem a factores de produção – Mais Valias – Não correspondem à
participação na actividade produtiva.
IRS – IRC
b. Imposto sobre o património
Rendimento imobiliário; capital financeiro, capital produtivo
Karl Marx – Das Kapital – como se distribuía o rendimento sobre os factores de
produção, o factor trabalho era prejudicado face o factor capital.
Em todas as categorias há exploradores e explorados.
IMI – imposto estático
IMT – impostos instantâneos, único sobre a realidade imobiliária
Comprador é que paga IMT porque fica com o património, fica com o bem imóvel.
c. Imposto sobre o consumo
IVA, Imposto petrolífero, tabaco, álcool, veículos (IA) – bens de consumo
duradouro.
Esta divisão tripartida não é correcta, sendo que rigorosamente assenta exclusivamente
em critérios económicos.
13
F) Impostos fiscais e extrafiscais
Prende-se com o elemento teleológico ou finalístico do conceito de imposto.
Impostos extrafiscais prosseguem predominantemente objectivos económicos e
social, não integram o direito fiscal mas antes o direito económico fiscal, sendo que
não se lhe aplicam os princípios e preceitos constitucionais integrantes na
“constituição fiscal”.
Visão panorâmica do conteúdo do direito fiscal
Direito Fiscal – regula impostos, muito heterogéneo, muito variável.
Perspectiva vertical – aparece em diversos níveis, CRP, legislação ordinária e
normas legais, CIRS, CIRC...
Normas tributas
Perspectiva horizontal - Mas há normas que não tributam mas fiscalizam.
Horizontes mais globalizantes.
Produção de direito multi-nível ou em rede – OCDE, direito europeu.
AULA: 19/10/2010
- Continuação da visão panorâmica do direito fiscal – pág. 65
- Natureza do direito fiscal – pág. 73
- Relação Direito fiscal com outros ramos do direito – pág. 82
- Direito fiscal e outros saberes sobre impostos – pág. 114
AULA: 26/10/2010
Princípios jurídico-constitucionais
Princípio da legalidade: criação de imposto está sujeito à vigência decorrente do
princípio da legalidade fiscal – art. 165.º, nº 1, alínea a) 1ª parte CRP e art. 103.º, nº 2 CRP
14
- Para criar imposto é necessário Lei da Ar, Art. 165.º CRP, lista matérias da reversa
relativa AR, é preciso Lei de Autorização Legislativa ao Governo – Princípio da
Reserva de lei formal.
- Lei AR ou DL Autorizado tem que ter conteúdo mínimo, reserva material ou
conteudístico, tem que ter os elementos essenciais dos impostos – art. 103.º, nº 2
CRP – princípio da tipicidade.
Princípio da igualdade ou princípio da exonomia fiscal (Brasil):
Aristóteles – tratar igual o que é igual e diferente o que é diferente.
Mas essa regra é neutra, não nos diz o que é igual e o que é desigual:
- horizontal: os que estão na mesma situação pagam o mesmo imposto;
- vertical: todos na mesma posição. Critério da comparação – tercio comparation – a
medida tem de ser aceitável – capacidade contributiva – art. 104.º, nº 1 CRP.
Na prática para efeitos de fiscalidade a igualdade é complicada de aplicar.
Princípio da não retroactividade – Art. 103.º, nº 3 CRP – “no taxation without
representation”, cláusula da “liberty and property”, 1º penal e 2º fiscal. Art. 18.º, nº 3 CRP
o princípio da não retroactividade decorre deste artigo indo depois para o Art. 103.º CRP.
Em quase todos os Estados Americanos é proibida a retroactividade geral, mas o
Congresso veio dizer que era somente relativo a direito penal.
Código Civil – princípio da não retroactividade, não se aplica ao legislador mas ao
destinatário da lei.
Direito comunitário – pág. 181 – direito comunitário fiscal próprio, impostos comunitários
próprios e direito comunitário fiscal interestadual.
Convenções internacionais – pág. 189
Leis – pág. 194
Matéria reservada AR – Art. 165.º, nº 1, alínea i), legislador deve definir objecto, art. 165.º,
nº 2 e 5 CRP.
Costume – prática reiterada e constante (corpus) com convicção de obrigatoriedade
(animus) – é assim porque deve ser assim.
Pode haver costume contra lei mas não contra lei constitucional => o costume revoga a lei
e a lei revoga o costume. Há costume constitucional, autogénese do costume.
15
Fim da pena de morte – 1866 – Vítor Hugo “Portugal é um povo surpreendente porque fez
algo que era esperado da civilização.”
Costume não tem prática no direito fiscal.
Contratos – entre partes, não são fonte de direito fiscal. 2 sentidos:
- Há contratos fiscais que não violam preceitos legais, ex: benefícios fiscais – Auto
Europa – autogestão dos funcionários que através de determinados riscos que
assumem perante a produção, o Estado dá contrapartidas – benefícios fiscais, que
determina a incidência, que só pode ser determinada por lei e aqui com base no
contrato é que está em causa o princípio da legalidade.
- Há outros que têm a ver com liquidação e cobrança, ex: típico, impostos sobre o
jogo por avença com casino, imposto especial e não IRC – a liquidação é feita de
forma sintética com base num certo índice. É para ver quanto há de imposto.
Jurisprudência e doutrina –
Jurisprudência - inconstitucionalidade e ilegalidade TC. TA e fiscais podem declarar ilegais
os regulamentos tributários (raro) mas nessa medida.
Doutrina – pode influenciar mas não é fonte formal.
Codificação – ler!
Interpretação e integração de normas do Direito Fiscal
Art. 11.º LGT – interpretam-se como as normas gerais.
Interpretação – sentido das normas, qualificação do facto, aplicam-se as mesmas regras
gerais da interpretação.
Itália – Escola Pavia – teoria proporcional – teoria da interpretação económica.
Art. 11.º, nº 3 LGT – dúvidas das normas dá-se evidência à equivalência dos factos –
interpretação económica dos factos.
Integração de lacunas – não há analogia em direito fiscal – analogia é elemento da
interpretação.
AULA: 02/11/2010
Aplicação no tempo e no espaço da lei fiscal – pág. 226
- vigência da lei, entrada em vigor, cessação de vigência da norma.
16
- Saber a que tempo é que se aplicam as normas: passado, presente, futuro.
Retroactividade:
- quadro CRP que se impõe ao legislador, há sectores em que não se aplica a
retroactividade – penal e fiscal;
- não podemos aplicar a norma retroactivamente a não ser se for mais favorável, é
proibida a criação de impostos ou agravamento de impostos retroactivamente.
Eficácia espacial – pág. 228
Princípio da territorialidade – princípio muito importante no direito fiscal, é o ramo de
direito que devia ser considerado o mais nacional possível, porque os factos tributários
ocorrem no território onde efectuados.
Facto tributário plurilocalizado – reportam-se a mais do que uma jurisdição, o princípio
da territorialidade já não resolve aqui o problema. Os impostos são aplicados onde a
pessoa é residente; a nacionalidade deixou de ser relevante no pagamento de impostos, é
por ser residente e não nacional de um país.
A conexão relevante entre o contribuinte e o país é a residência.
O grande problema a que chamamos direito fiscal internacional.
pág. 230 – rendimento - residência e a fonte, origem e destino dos bens; património –
localização dos bens
Ex: empresa portuguesa lucra 500 mil € obtidos em Portugal, a sede é em Portugal e
obtém mais 200mil € em Espanha – os 500mil€ são tributados em Portugal – critério da
territorialidade, os 200mil€, o Estado da residência, pelo princípio da universalidade, o
Estado português tem o direito de tributar os 200mil€, mas o Estado espanhol também
tem aos não residentes pelo princípio da fonte, dando origem à dupla tributação – como
se resolve? – convenções internacionais, há-de ter mecanismo para atenuar a dupla
tributação, quem resolve é o Estado de residência, porque tributa todos os rendimentos
de fonte interna e externa, porque é quem sabe o rendimento total do contribuinte.
Pág. 235 – OCDE – prevê vários métodos:
- isenção total ou integral – Estado de residência prevê a isenção total e o Estado da fonte
é que tributa;
- isenção progressiva (ex. IRS) - rendimento de fonte externa que não conta para pagar
imposto cá, mas conta para juntar aos de cá para determinar a taxa ou a liquo, contribuem
para a gravar a taxa do país de origem.
Os métodos da dupla tributação não eliminam a mesma, atenuam, só se fosse com isenção
total.
17
Residentes não habituais: contribuintes a que se aplica o método progressiva.
Método em Portugal é o crédito de imposto versus método de isenção:
- método integral, depois de determinada à colecta, determina-se um imposto igual ao que
pagou lá desde que não superior ao de cá;
- credito de imposto ordinário ou imputação – é um problema de poder dos Estados sobre
os cidadãos: cobro eu, cobras tu, cobras tu mais eu?
Crédito de imposto presumido e fictício:
O Estado concede um benefício, o Estado dá um crédito imposto = à taxa nacional que
pagar no Estado de origem. O benefício fiscal concedido reverte para a empresa não para
Estado fictício. Mas pode ser acumulado nos dois Estados, o presumido quando o Estado
da residência dá um crédito superior ao que pagaria no Estado da fonte, método criticado
pela OCDE, pois cria concorrência desleal pelas empresas.
Relação jurídica fiscal – pág. 239
1 – titulares (activos)
2 – sujeitos (passivos)
3 – conteúdo
4 – relações em que a mesma se analisa.
Todo o direito disciplina relações interdisciplinares, a relação jurídica fiscal é muito
complexa. A relação fiscal é uma relação obrigacional, pode um lado o poder de tributar e
por outro lado o dever de pagar.
O credor – fazenda pública – e o devedor – contribuinte ou outros sujeitos passivos.
Temos que distinguir a relação de imposto, o credor tem o direito de cobrar o imposto e o
devedor tem o dever de pagar.
Obrigações acessórias – obrigação de declarar, registar, escriturar, contabilidade
organizada, obrigação de se suportar a inspecção – são acessórias da principal
(obrigacional), são operações que estão ao serviço da principal.
Distinguir o plano da obrigação fiscal, credor – direito de exigir obrigação pecuniária e o
devedor – que tem o dever de realizar esse imposto, obrigação de facere (fazer).
Distinguir bem: obrigação de imposto das demais obrigações.
Existe um crescente de obrigações acessórias que eleva os custos das obrigações fiscais.
18
AULA: 09/11/2010
Relação jurídica fiscal (complexidade da mesma) – pág. 239
1 – Sujeito activo
2 – Sujeito passivo
1 – Sujeito activo – 4 titularidades sujeitos activos – pág. 255
a) Direito tributário
b) Competência tributária
c) Capacidade tributária
d) Titularidade da receita
a) Direito tributário – poder tributário (dinâmica ou momentos da vida do imposto),
o poder tributário reporta-se à dinâmico do imposto: 1º legislador, 2º facto
gerador – contribuinte, revelador da capacidade contributiva – relação de direito
constitucional – legalidade;
b) Competência tributária – complementos da vida do imposto, o legislador, o
contribuinte e depois o momento administrativo – administração, e que hoje em
dia está delegada nos particulares, que liquidam impostos próprios ou de 3ºs,
poder de lançar, cobrar impostos – administração, competência para praticar o
acto de liquidação, determinação que envolve mais ou menos operações consoante
a complexidade do imposto;
c) Capacidade tributária – credor, tem capacidade activa a fazenda pública, credor e o
contribuinte que é o devedor – art. 15.º LGT . relação de direito obrigacional,
tendencialmente paritária;
d) Titularidade da receita – IMI – o município não tem o poder de tributar porque a
mesma é feita pela administração fiscal, mas tem a competência de exigir a receita.
Tem a titularidade da receita que está para além da relação fiscal? – a relação que o
contribuinte tem com o município é platónica, não há encontro entre os sujeitos da
relação jurídica, a capacidade de cobrar a liquidação do imposto está na
administração fiscal.
A titularidade da receita é um direito de crédito dos municípios sobre o Estado e
não sobre os contribuintes, é uma relação que só surge se a primeira tiver sido
realizada com êxito, se não pagarmos o IMI os municípios não têm o que receber,
só após o pagamento ao Estado é que os municípios têm o direito de receber o
dinheiro da administração fiscal.
19
2 – Sujeito passivo – 3 categorias – pág. 259
a) Contribuinte
b) Devedor do imposto
c) Sujeito passivo
a) Contribuinte – pessoa relativamente à qual se verifica o facto gerador tributário,
expressão da capacidade contributiva, titularidade de um património, compra de um bem
(consumo), rendimentos adquiridos, é uma ablação nos rendimentos do contribuinte.
b) Devedor do imposto - Há casos em que a lei diz que um é o contribuinte e que outro
pague o imposto. O devedor do imposto é aquele que tem o dever de pagar, de prestar o
pagamento, é o sujeito passivo qualificado relativo à obrigação principal.
c) Sujeito passivo - Sujeito passivo num sentido mais amplo, está numa relação
obrigacional, que são muito onerosas e numerosas.
Substituição tributária – Art. 20.º e 28.º LGT – pág. 273
Art. 20.º, nº 1 LGT – “A substituição tributária verifica-se quando, por imposição da lei, a
prestação tributária for exigida a pessoa diferente do contribuinte.”, não diz o que é mas
descreve como fenómeno, em princípio o contribuinte é o devedor do imposto mas
quando à partida, com o facto gerador, a relação tributária tem um sujeito activo e 2
passivos, um é substituído pelo devedor do imposto; um é o substituído (contribuinte) e o
outro é o substituto (2 sujeitos passivos em sentido amplo), conceito que estava na
doutrina.
Art. 20.º, nº 2 LGT – “...é efectivada através do mecanismo da retenção da fonte do imposto
devido.” – põe em causa o que diz o nº 1, ocorre sempre que haja retenção na fonte
(técnica de cobrança), mas sempre que há retenção na fonte há substituição tributária,
mas também o contrário, por ex., na contribuição para o audiovisual.
A lei perfilha o conceito muito amplo da substituição tributaria, é uma figura do DF que
separa o contribuinte do devedor – 1º verifica-se o facto tributário e o 2º é o que tem que
fazer face ao cumprimento de pagar.
Natureza da substituição tributária – Direito civil, são construções de natureza dogmática,
há várias teorias a explicar esta figura, para o Prof. Casalta Nabais, não tem
correspondência com o direito substantivo ou objectivo, é exclusiva do DF, nada tem a ver
com outros ramos do direito.
Art. 28.º, nº 1, LGT – “...a entidade obrigada à retenção é responsável pelas importâncias
retidas e não entregues nos cofres do Estado, ficando o substituído desonerado de qualquer
20
responsabilidade no seu pagamento...”, o retentor tem 2 obrigações: 1ª é reter e 2ª é
entregar nos cofres do Estado.
Se reteve e não entrega – crime, abuso de confiança fiscal, mas do ponto de vista
fiscal o substituído fica desonerado das obrigações , o responsável, o substituto. O
substituído não é responsável, só tem responsabilidade quanto a dívidas próprias.
Não reteve – Art. 28.º nº 2 e nº 3 LGT – comete infracção, tem que reter (contra-
ordenação) e depende se o dinheiro foi dado ao substituído, nesta situação é necessário
separar a substituição em sentido próprio – substituto é devedor do imposto alheio, se
não tiver bens o substituído é responsável, mas somente em última análise.
Ex: pagamentos por conta – devedor é o trabalhador, a empresa tem que fazer a retenção
do pagamento por conta de 3ºs.
Tem a ver com a natureza da retenção da fonte, se for definitivo, o responsável em 1ª
linha é o trabalhador e em 2ª linha é a entidade patronal.
Art. 28.º nº 3 LGT – juros bancários – rendimentos, o banco retém o imposto, se o banco
não pagar, obrigação acessória, em 1ª linha a administração fiscal vai pedir ao substituto
(banco), reteve o dinheiro e não pagou, responsável é o devedor, quem devia ter pago, não
é o depositante mas o banco.
AULA: 16/11/2010 (Prof. Eduardo)
Art. 41.º, LGT – Pagamento por 3ºs – tem que ter autorização do devedor e o substituto
tem que receber uma declaração de como passou a ter os direitos, nº 2 “...fica sub-rogado
nos direitos da administração tributária,...”
Art. 42.º, LGT – Pagamento em prestações – pode ser requerido.
Art. 43.º,nº 1 LGT – Juros indemnizatórios – juros pelo incumprimento do Estado, quando
não cumpre por reclamação graciosa (art. 68.º CPPT) ou impugnação judicial (art. 102.º
CPPT);
Art. 44.º, LGT – juros de mora – incumprimento da prestação dentro do prazo legal.
Não estão contemplados todos os meios possíveis: meios impugnatórios fiscais –
reclamação graciosa, impugnação graciosa, recurso hierárquico e deduzir oposição.
Recurso hierárquico e impugnação graciosa – administrativos;
Reclamação graciosa – judicial.
Existem juros indemnizatórios, o Estado está claramente obrigado a indemnizar de
acordo com o art. 43.º, LGT.
21
Art. 44.º, LGT – Falta de pagamento da prestação tributária
Art. 45.º, LGT – “...os tributos caduca se a liquidação não for validamente notificada ao
contribuinte...” – nº 2, prazo de 4 anos, excepção 3 anos previstos no nº 3 do mesmo artigo
(pág. 320 livro). Nº 4, contagem prazos, excepto IVA ou IRS (retenção da fonte a título
definitivo) – “...prazo se conta a partir do início do ano civil seguinte àquele em que se
verificou...”.
Esta norma pode ser considerada inconstitucional por força do art. 46.º, LGT, de acordo
com o Prof. Diogo Leite de Campos, porque a interrupção da contagem do, nº 1: “O prazo
de caducidade suspende-se com a notificação ao contribuinte, nos termos legais, da
ordem de serviço ou despacho no início da acção de inspecção externa, cessando, no
entanto, esse efeito, contando-se o prazo do seu início, caso a duração da inspecção
externa tenha ultrapassado o prazo de 6 meses após a notificação.” – o prazo para a
inspecção ser feita são de 6 meses e como não há limite a este prazo pode acontecer que
quase ou findo o prazo (6 meses) os funcionários que estão a fazer a inspecção pedem
para renovar o período da inspecção, mas o termo da notificação da nova inspecção tem
que ser anterior a 6 meses, o que poderá ultrapassar o prazo dos 4 anos, violando o art.
45.º, LGT, se não houver um termo para essas prorrogações pode passar o limite dos 4
anos.
Art. 47.º, LGT – liquidação, ex: fusões e cisões.
Art. 48.º, LGT – Prescrição – prescrevem as dívidas, já há liquidação do imposto, há
obrigação de pagar. Nº 3, “...se a citação deste...” – na prescrição é citação uma vez que já
existe processo é citado para ir ao processo.
Procedimento tributário – mecanismos processuais em matéria tributária – princípios DF
e CRP (legalidade, equidade, proporcionalidade...).
Pág. 313
Art. 54.º, LGT – Âmbito e forma do procedimento tributário
Art. 55.º, LGT – Princípios do procedimento tributário
Art. 56.º, LGT – Princípio da decisão – princípio do procedimento tributário, a
administração está obrigada a responder ao contribuinte e concluído no prazo de 6 meses
(art. 57.º LGT), quando é prorrogado o prazo da inspecção contrapõem-se a este.
No processo tributário os prazos são contínuos – Art. 296.º e 297.º CC.
Art. 58.º, LGT – Princípio do inquisitório – “A administração tributária deve, no
procedimento, realizar todas as diligencias necessárias...” – tem o poder de inquirir sem
estar subordinada a ninguém.
22
Art. 60.º, LGT –Princípio da participação – nº 1, alíneas a) a e) – direito de adição, é uma
situação excepcionalmente importante, a administração não pode praticar nenhuma
decisão decisória sem ouvir o contribuinte, este tem o direito de audição (pág. 367 e ss).
23
top related