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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Oswaldo Lucon O desenvolvimento sustentável fundamenta-se no uso racional dos recursos e repositórios naturais,

permitindo a todos (inclusive aos que estão por vir) desfrutar de seus benefícios. É um fim a ser

perseguido que norteia ações de curto, médio e longo prazos. O tripé da sustentabilidade (social,

econômica e ambiental) baseia-se em conciliar desejos e necessidades, evitando-se ao máximo a

submissão a grupos específicos de interesse. A maior parte do esforço em interpretar o conceito de

desenvolvimento sustentável é influenciada pelos interesses fundamentais específicos e grupos ou

organizações. Isso resulta num estreitamento das formas de interpretação, que não capturam a

imagem total. Além disso, ao tentar vencer o debate ambiental, a ênfase conceitual sobre o

desenvolvimento se altera de coerência lógica para semântica, o que, por sua vez, leva a falhas

conceituais na maioria das definições. O reforço na coerência lógica dentro do conceito, vencendo a

influência de interesses de grupos e instituições, é um pré-requisito para se desenvolver nossa

compreensão do conceito e obter um mundo sustentável. Este é um desafio que deve ser encarado

pela comunidade científica e sociedade como um todo, cada vez mais envolvidas na promoção do

desenvolvimento sustentável. Uma vez que os recursos naturais se tornaram escassos em escala

global, são imprescindíveis novas regras para a produção e o consumo, novas regras de convivência,

uma nova ética (ethos).

Pela ética de fronteira, o custo de qualquer projeto é determinado pelo custo de materiais, energia e

trabalho. A chave para o sucesso se dá por dominação e controle; a natureza deve ser vencida.

Novas leis e tecnologias resolverão nossos problemas ambientais. Quando os estoques se

esgotarem, devemos nos mudar para outro lugar.

Já pela ética sustentável, os custos externos (como danos à saúde e ao ambiente) devem ser

computados. Esforços individuais para resolver os problemas crescentes devem ser combinados com

leis severas e novas tecnologias. Seres humanos são parte da natureza, controlados por suas regras

e respeitosos com relação a seus componentes, tendo por dever prevenir a exaustão de seus

recursos.

A ética sustentável é a única alternativa possível à ética de fronteira. Enquanto a ética de fronteira

acredita que a qualidade de vida se pauta pela riqueza material, pela ética sustentável o valor da vida

é intangível. Aquela crê que humanos são separados da natureza e estão acima desta – o planeta é

um banco iluminado de recursos para uso exclusivamente humano. Esta acredita que a Terra tem um

estoque limitado de recursos, utilizado por todas as espécies.

____________________ Lucon, Oswaldo: Desenvolvimento sustentável. In: Direito e desenvolvimento: uma abordagem sustentável. São Paulo: Saraiva, 2013, p.24-54.