curso redação voltado para o enem 2013
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A Dissertação é um tipo de texto opinativo no qual o escritor defende um ponto de vista
com o uso de argumentos. A Redação do Enem avalia cinco competências:
1. Domínio da língua culta
2. Compreensão da proposta de Redação e aplicação de conceitos de várias áreas
do conhecimento para desenvolver o tema.
3. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações em defesa de um
ponto de vista.
4. Demonstração de conhecimento dos mecanismos lingüísticos necessários para
construir a argumentação.
5. Elaborar proposta de ação para enfrentar o problema respeitando os direitos
humanos.
Dicas para a composição textual:
Transforme a proposta em pergunta, como por exemplo: “As novelas brasileiras podem
ser consideradas educativas?”. Com base nisso, tente pensar em três argumentos que
responderiam essa pergunta. Desenvolva cada argumento seguindo a seguinte estrutura:
1- Introdução > Argumento 1; Argumento 2; Argumento 3 > Conclusão
Na conclusão, posicione-se a respeito e sugira uma solução para o tema proposto. A
introdução apesar de não ser essencial é extremamente recomendada. Nela você deve
apresentar o tema em poucas frases, em torno de 3 ou 4 linhas. O título não é obrigatório no
Enem, mas caso você faça outros exames em seja necessário, uma boa dica é não utilizar
verbo no título.
I) Para a redação: Estrutura do texto dissertativo: introdução, desenvolvimento e
conclusão; coesão e coerência. Tese, tópico frasal (ideia-núcleo) e ideias secundárias.
II) Coesão e coerência:
Valor anafórico: relacionam o que se diz ao que se disse.
Valor catafórico: relacionam o que se diz ao que se vai dizer.
Grupos semânticos:
a) Prioridade, relevância: precipuamente, acima de tudo, antes de mais nada,
sobretudo. Ex.: Em primeiro lugar, é preciso deixar bem claro que esta série de exemplos não
é completa, principalmente no que diz respeito às locuções adverbiais.
b) Tempo: então, enfim, logo, eventualmente, não raro, nesse ínterim. Ex.:
Finalmente, é preciso acrescentar que alguns desses exemplos se revelam por vezes um pouco
ingênuos.
c) Semelhança, comparação, conformidade: assim também, analogamente, mutatis
mutandis, de conformidade com, sob o mesmo ponto de vista. Ex.: No exemplo anterior
(valor anafórico), o pronome demonstrativo "desses" serve igualmente como partícula de
transição: é uma palavra de referência à ideia anteriormente expressa.
d) Adição, continuação: além disso, (a) demais, outrossim, por outro lado, também.
Ex.: Além das locuções adverbiais indicadas na coluna à esquerda, também, as conjunções
aditivas, como o nome indica, "ligam", ajuntando.
e) Dúvida: possivelmente, quiçá, se é que, provavelmente, quem sabe? Ex.: O leitor
ao chegar até aqui – se é que chegou- talvez já tenha adquirido uma idéia da relevância das
partículas de transição.
f) Certeza, ênfase: de certo, indubitavelmente, com toda a certeza. Ex.: Certamente, o
autor destas linhas confia demais na paciência do leitor ou duvida demais de seu senso crítico.
A lista ao lado – estará ele pensando com toda certeza- inclui advérbios ou locuções
adverbiais em que é difícil perceber a idéia de transição. Sem dúvida, é o que parece. Quer a
prova, leitor? Qual é a função desse "sem dúvida" se não a de desencadear neste exemplo os
argumentos com que defendemos nosso ponto de vista?
g) Surpresa, imprevisto: inopinadamente, de súbito, imprevistamente.
h) Ilustração, esclarecimento: por exemplo (v.g., ex.g = verbi gratia, exempli gratia,
isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por outra, a saber. Ex.: Essas partículas, ditas
"explicativas", vêm sempre entre vírgulas, ou entre uma vírgula e dois- pontos.
i) Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de, propositadamente,
intencionalmente.
j) Lugar, proximidade, distância: perto de, próximo a ou de, junto a ou de, mais
adiante, além.
k) Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em síntese, enfim, portanto. Ex.: Em
suma, leitor: as partículas de transição são indispensáveis à coerência entre as ideias e,
portanto, à unidade do texto.
l) Causa e consequência: logo, por conseguinte, como resultado, por isso, em virtude
de, porquanto, visto que.
m) Contraste, oposição, restrição, ressalva: pelo contrário, em contraste com, salvo,
exceto, menos, conquanto, não obstante, posto que.
n) Referência em geral: os pronomes demonstrativos "este" (o mais próximo),
"aquele" (o mais distante), "esse" (posição intermediária: o que está perto da pessoa com
quem se fala); os pronomes pessoais; uso de sinônimo, de uma antonomásia, de uma perífrase
(qualquer sintagma ou expressão idiomática mais desenvolvida, e mais ou menos óbvia ou
direta, que substitui outra. Pode-se entender que Perífrase consiste, portanto em especificar
determinadas características, mais ou menos objetivas, do objeto que se quer nomear
indiretamente); os pronomes adjetivos último, penúltimo, antepenúltimo, anterior, posterior;
os numerais ordinais (primeiro, segundo, etc.).
Possíveis maneiras de introduzir o assunto da redação:
1) Por uma pergunta – ou retórica (pergunta de ênfase), ou que será respondida
durante a redação. [Perguntas que fogem desse padrão atrapalham a lógica, ou coerência, da
dissertação para o Enem]. Exemplo: É possível imaginar o Brasil como um país desenvolvido
e com justiça social enquanto existir tanta violência contra o menor?
2) Por um dado histórico (sempre com indicação precisa de datas ou referências de
acontecimentos históricos). Exemplo: Às crianças, nunca foi dada a importância devida. Em
Canudos e em Palmares, não foram poupadas. Na Candelária ou na praça da Sé, continuam
não sendo.
3) Por uma comparação (assemelhando ou opondo coisas). Exemplo: É comum encontrar
crianças de dez anos de idade vendendo balas nas esquinas brasileiras. Na França, nos EUA
ou na Inglaterra – países desenvolvidos – nessa idade, as crianças estão na escola e não
submetidas à violência das ruas.
4) Por um dado estatístico (sempre referenciando de onde esse dado foi extraído).
Exemplo: Quarenta mil crianças morreram hoje no mundo, vítimas de doenças comuns
combinadas com a desnutrição, segundo a UNICEF. Para cada criança que morreu hoje,
muitas outras vivem com a saúde debilitada. Entre os sobreviventes, metade nunca colocará
os pés em uma sala de aula.
5) Por uma citação (sempre entre aspas e, após, referenciar quem foi a pessoa citada).
Exemplo: ‘‘Navegar é preciso, viver não é preciso’‘. Com leve estremecimento de susto,
aplica-se o antigo verso do poeta Fernando Pessoa ao sistema de informação, pesquisa e
correspondência por computador, à comunicação on line, à Internet.
6) Por uma definição, ou conceito. Exemplo: A gíria é um patrimônio comum, é um
instrumento de comunicação que parece imprescindível, sobretudo, para a juventude. Até
mesmo as gerações que a condenavam acabaram por assimilar algumas expressões de maior
ocorrência.
Existem outras formas de iniciar sua introdução, mas essas são essenciais, as mais básicas
e fáceis. Lembre-se do ditado: ‘‘Toda escritura requer uma boa leitura‘‘. Então, leia sempre e,
com isso, você criará uma desenvoltura e acúmulo de informações sobre muitos temas. Seu
poder de redigir e argumentar serão maiores!
Leitura complementar:
PLATÃO, A república. O mito da caverna, livro VII:
SÓCRATES – Figura-te agora o estado da natureza humana, em relação à ciência e à ignorância, sob a forma
alegórica que passo a fazer. Imagina os homens encerrados em morada subterrânea e cavernosa que dá entrada
livre à luz em toda extensão. Aí, desde a infância, têm os homens o pescoço e as pernas presos de modo que
permanecem imóveis e só vêem os objetos que lhes estão diante. Presos pelas cadeias, não podem voltar o rosto.
Atrás deles, a certa distância e altura, um fogo cuja luz os alumia; entre o fogo e os cativos imagina um caminho
escarpado, ao longo do qual um pequeno muro parecido com os tabiques que os pelotiqueiros põem entre si e os
espectadores para ocultar-lhes as molas dos bonecos maravilhosos que lhes exibem.
GLAUCO - Imagino tudo isso.
SÓCRATES - Supõe ainda homens que passam ao longo deste muro, com figuras e objetos que se elevam
acima deles, figuras de homens e animais de toda a espécie, talhados em pedra ou madeira. Entre os que
carregam tais objetos, uns se entretêm em conversa, outros guardam em silêncio.
GLAUCO - Similar quadro e não menos singulares cativos!
SÓCRATES - Pois é nossa imagem perfeita. Mas, dize-me: assim colocados, poderão ver de si mesmos e de
seus companheiros algo mais que as sombras projetadas, à claridade do fogo, na parede que lhes fica fronteira?
GLAUCO - Não, uma vez que são forçados a ter imóveis as cabeças durante toda a vida.
SÓCRATES - E dos objetos que lhes ficam por detrás, poderão ver outra coisa que não as sombras?
GLAUCO - Não.
SÓCRATES - Ora, supondo-se que pudessem conversar, não te parece que, ao falar das sombras que veem,
lhes dariam os nomes que elas representam?
GLAUCO - Sem dúvida.
SÓRATES - E, se, no fundo da caverna, um eco lhes repetisse as palavras dos que passam, não julgariam
certo que os sons fossem articulados pelas sombras dos objetos?
GLAUCO - Claro que sim.
SÓCRATES - Em suma, não creriam que houvesse nada de real e verdadeiro fora das figuras que desfilaram.
GLAUCO - Necessariamente.
SÓCRATES - Vejamos agora o que aconteceria, se se livrassem a um tempo das cadeias e do erro em que
laboravam. Imaginemos um destes cativos desatado, obrigado a levantar-se de repente, a volver a cabeça, a
andar, a olhar firmemente para a luz. Não poderia fazer tudo isso sem grande pena; a luz, sobre ser-lhe dolorosa,
o deslumbraria, impedindo-lhe de discernir os objetos cuja sombra antes via.
Que te parece agora que ele responderia a quem lhe dissesse que até então só havia visto fantasmas, porém
que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, via com mais perfeição? Supõe agora que,
apontando-lhe alguém as figuras que desfilavam ante seus olhos, o obrigasse a dizer o que eram. Não te parece
que, na sua grande confusão, se persuadiria de que o que antes via era mais real e verdadeiro que os objetos ora
contemplados?
GLAUCO - Sem dúvida nenhuma.
SÓCRATES - Obrigado a fitar o fogo, não desviaria os olhos doloridos para as sombras que poderia ver sem
dor? Não as consideraria realmente mais visíveis que os objetos ora mostrados?
GLAUCO - Certamente.
SÓCRATES - Se o tirassem depois dali, fazendo-o subir pelo caminho áspero e escarpado, para só o liberar
quando estivesse lá fora, à plena luz do sol, não é de crer que daria gritos lamentosos e brados de cólera?
Chegando à luz do dia, olhos deslumbrados pelo esplendor ambiente, ser-lhe ia possível discernir os objetos que
o comum dos homens tem por serem reais?
GLAUCO - A princípio nada veria.
SÓCRATES - Precisaria de algum tempo para se afazer à claridade da região superior. Primeiramente, só
discerniria bem as sombras, depois, as imagens dos homens e outros seres refletidos nas águas; finalmente
erguendo os olhos para a lua e as estrelas, contemplaria mais facilmente os astros da noite que o pleno resplendor
do dia.
GLAUCO - Não há dúvida.
SÓCRATES - Mas, ao cabo de tudo, estaria, decerto, em estado de ver o próprio sol, primeiro refletido na
água e nos outros objetos, depois visto em si mesmo e no seu próprio lugar, tal qual é.
GLAUCO - Fora de dúvida.
SÓCRATES - Refletindo depois sobre a natureza deste astro, compreenderia que é o que produz as estações e
o ano, o que tudo governa no mundo visível e, de certo modo, a causa de tudo o que ele e seus companheiros
viam na caverna.
GLAUCO - É claro que gradualmente chegaria a todas essas conclusões.
SÓCRATES - Recordando-se então de sua primeira morada, de seus companheiros de escravidão e da idéia
que lá se tinha da sabedoria, não se daria os parabéns pela mudança sofrida, lamentando ao mesmo tempo a sorte
dos que lá ficaram?
GLAUCO - Evidentemente.
SÓCRATES - Se na caverna houvesse elogios, honras e recompensas para quem melhor e mais prontamente
distinguisse a sombra dos objetos, que se recordasse com mais precisão dos que precediam, seguiam ou
marchavam juntos, sendo, por isso mesmo, o mais hábil em lhes predizer a aparição, cuidas que o homem de que
falamos tivesse inveja dos que no cativeiro eram os mais poderosos e honrados? Não preferiria mil vezes, como
o herói de Homero, levar a vida de um pobre lavrador e sofrer tudo no mundo a voltar às primeiras ilusões e
viver a vida que antes vivia?
GLAUCO - Não há dúvida de que suportaria toda a espécie de sofrimentos de preferência a viver da maneira
antiga.
SÓCRATES - Atenção ainda para este ponto. Supõe que nosso homem volte ainda para a caverna e vá
assentar-se em seu primitivo lugar. Nesta passagem súbita da pura luz à obscuridade, não lhe ficariam os olhos
como submersos em trevas?
GLAUCO - Certamente.
SÓCRATES - Se, enquanto tivesse a vista confusa -- porque bastante tempo se passaria antes que os olhos se
afizessem de novo à obscuridade -- tivesse ele de dar opinião sobre as sombras e a este respeito entrasse em
discussão com os companheiros ainda presos em cadeias, não é certo que os faria rir? Não lhe diriam que, por ter
subido à região superior, cegara, que não valera a pena o esforço, e que assim, se alguém quisesse fazer com eles
o mesmo e dar-lhes a liberdade, mereceria ser agarrado e morto?
GLAUCO - Por certo que o fariam.
SÓCRATES - Pois agora, meu caro GLAUCO, é só aplicar com toda a exatidão esta imagem da caverna a
tudo o que antes havíamos dito. O antro subterrâneo é o mundo visível. O fogo que o ilumina é a luz do sol. O
cativo que sobe à região superior e a contempla é a alma que se eleva ao mundo inteligível. Ou, antes, já que
o queres saber, é este, pelo menos, o meu modo de pensar, que só Deus sabe se é verdadeiro. Quanto à mim,
a coisa é como passo a dizer-te. Nos extremos limites do mundo inteligível está a ideia do bem, a qual só com
muito esforço se pode conhecer, mas que, conhecida, se impõe à razão como causa universal de tudo o que é
belo e bom, criadora da luz e do sol no mundo visível, autora da inteligência e da verdade no mundo invisível, e
sobre a qual, por isso mesmo, cumpre ter os olhos fixos para agir com sabedoria nos negócios particulares e
públicos.
Extraído de A República de Platão . 6° ed. Ed. Atena, 1956, p. 287-291
Questões sobre a leitura complementar:
1. Interprete o mito da caverna do ponto de vista epistemológico.
2. Qual é o significado da metáfora do sol?
Dissertação: Transponha a alegoria da caverna, de Platão, para os dias atuais.
Leitura complementar:
O pensamento filosófico de Bacon representa a tentativa de realizar aquilo que ele mesmo chamou de
Instauratio magna (Grande restauração). A realização desse plano compreendia uma série de tratados que,
partindo do estado em que se encontrava a ciência da época, acabaria por apresentar um novo método que
deveria superar e substituir o de Aristóteles. Esses tratados deveriam apresentar um modo específico de
investigação dos fatos, passando, a seguir, para a investigação das leis e retornavam para o mundo dos fatos para
nele promover as ações que se revelassem possíveis. Bacon desejava uma reforma completa do conhecimento. A
tarefa era, obviamente, gigantesca e o filósofo produziu apenas certo número de tratados. Não obstante, a
primeira parte da Instauratio foi concluída.
A reforma do conhecimento é justificada em uma crítica à filosofia anterior (especialmente a Escolástica),
considerada estéril por não apresentar nenhum resultado prático para a vida do homem. O conhecimento
científico, para Bacon, tem por finalidade servir o homem e dar-lhe poder sobre a natureza. A ciência antiga, de
origem aristotélica, também é criticada. Demócrito, contudo, era tido em alta conta por Bacon, que o considerava
mais importante que Platão e Aristóteles.
A ciência deve restabelecer o imperium hominis (império do homem) sobre as coisas. A filosofia verdadeira
não é apenas a ciência das coisas divinas e humanas. É também algo prático. Saber é poder. A mentalidade
científica somente será alcançada através do expurgo de uma série de preconceitos por Bacon chamados ídolos.
O conhecimento, o saber, é apenas um meio vigoroso e seguro de conquistar poder sobre a natureza.
Ídolos
No que se refere ao Novum Organum, Bacon preocupou-se inicialmente com a análise de falsas noções
(ídolos) que se revelam responsáveis pelos erros cometidos pela ciência ou pelos homens que dizem fazer
ciência. É um dos aspectos mais fascinantes e de interesse permanente na filosofia de Bacon. Esses ídolos foram
classificados em quatro grupos:
1) Idola Tribus (ídolos da tribo). Ocorrem por conta das deficiências do próprio espírito humano e se revelam
pela facilidade com que generalizamos com base nos casos favoráveis, omitindo os desfavoráveis. O homem é o
padrão das coisas, faz com que todas as percepções dos sentidos e da mente sejam tomadas como verdade, sendo
que pertencem apenas ao homem e não ao universo. Dizia que a mente se desfigura da realidade. São assim
chamados porque são inerentes à natureza humana, à própria tribo ou raça humana.
2) Idola Specus (ídolos da caverna). Resultam da própria educação e da pressão dos costumes. Há,
obviamente, uma alusão à alegoria da caverna platônica;
3) Idola Fori (ídolos da vida pública). Estes estão vinculados à linguagem e decorrem do mau uso que dela
fazemos;
4) Idola Theatri (ídolos da autoridade). Decorrem da irrestrita subordinação à autoridade (por exemplo, a de
Aristóteles). Os sistemas filosóficos careciam de demonstração, eram pura invenção como as peças de teatro.
Dissertação: A partir dos “ídolos”, denunciados por Francis Bacon, faça uma dissertação
sobre o seguinte tema: “os ídolos da caverna da minha geração”.
Possíveis temas para a redação do ENEM 2013
ELABORE DISSERTAÇÕES CONSIDERANDO AS IDEIAS A SEGUIR:
Observações Primordiais: Elementos basilares e necessários para a composição de uma
redação decente:
Seu texto deve ser escrito na norma culta da língua portuguesa;
Deve ter uma estrutura dissertativa-argumentativa;
Não deve, obviamente, estar redigido sob a forma de poema (versos), narração, ou
topicalizado;
A redação deve ter no mínimo 15 e no máximo 30 linhas escritas;
Não deixe de dar um titulo à sua redação.
1- O que muda no país após as manifestações populares?
Contexto: "O Brasil acordou". Assim estava escrito em cartazes das manifestações que abalaram a
nação e levaram às ruas mais de um milhão de pessoas. Depois disso, outros protestos aconteceram e
talvez ainda estejam ocorrendo agora. Vamos, porém, considerar somente o que já houve. A partir de
reivindicações contra o aumento das tarifas dos ônibus, a pauta dos manifestantes aumentou e passou a
tocar em questões recorrentes: corrupção, malversação de dinheiro público, má qualidade dos serviços
à população, em saúde, educação, segurança, etc. Os políticos - tanto do poder Executivo, quanto do
Legislativo - foram colocados contra a parede e prometeram mudanças. Diante disso, é o caso de se
perguntar se essas promessas serão cumpridas, se a população continuará vigilante e disposta a lutar
por seus direitos, se esses protestos históricos terão consequências práticas no futuro próximo do país.
Como você encara a questão? Na sua opinião, o Brasil acordou mesmo? O que vai mudar no país após
essa grandiosa onda de manifestações?
Para articular o desenvolvimento: O Brasil acordou
Com camisas e bandeiras do Brasil e cartazes com dizeres como "O Brasil acordou", os
manifestantes protestam contra os gastos públicos na Copa das Confederações, defendem mais verbas
para educação e saúde e a rejeição da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37, que limita o poder
de investigação do Ministério Público, além de outras reivindicações.
[Agência Brasil]
Vitória das ruas
A revogação do aumento das tarifas de transportes em São Paulo e no Rio é uma vitória
indiscutível do Movimento Passe Livre. Já os prefeitos Fernando Haddad (PT) e Eduardo Paes
(PMDB), bem como os governadores Geraldo Alckmin (PSDB) e Sérgio Cabral (PMDB), saem
atônitos das manifestações que os encurralaram. (...)Não é fácil aquilatar, contudo, como o episódio
reverberará no panorama partidário e eleitoral. Da revolta com a qualidade da saúde e da educação à
crítica aos gastos com a Copa do Mundo, várias insatisfações vieram à tona durante os protestos.
(...)Até o Congresso dá sinais de incômodo com a revolta. Cogita acelerar a votação de projeto para
desonerar os transportes urbanos. Políticos tradicionais sentem a exigência de reinventar-se, mas para
tanto as manifestações ainda não parecem ter força bastante.
[Editorial, Folha de S. Paulo]
O tamanho das mudanças
A julgar pelo tom médio dos comentários que li no fim de semana, estamos em uma situação pré-
revolucionária a partir da qual nada mais será o mesmo na política brasileira. Até gostaria que fosse
verdade, mas receio que a realidade seja um pouco mais pesada. (...) Os protestos não durarão para
sempre. Como escrevi numa coluna da semana passada, manifestações dão trabalho, impõem um ônus
às cidades e acabam enjoando. Se democracia direta fosse bom, assembleias de condomínio seriam um
sucesso. Não são. E esse é um dos motivos por que inventamos a democracia representativa. É claro
que algo desse movimento permanecerá, mas é cedo para uma avaliação definitiva. Se o passado serve
de guia para o futuro, o quadro não é dos mais promissores. Após o impeachment de Fernando Collor,
em 1992, boa parte dos brasileiros acreditávamos que o país abraçara um novo --e melhor-- paradigma
no que diz respeito à tolerância para com os desmandos da classe política. Ainda que isso tenha
ocorrido em algum grau, não foi o suficiente para evitar os muitos escândalos que se sucederam. A
política mudou, mas muito menos do que desejaríamos.
[Hélio Schwartzman, Folha de S. Paulo]
Mudanças já
Pressionada pelas manifestações que tomam as ruas contrárias ao projeto que retirava poderes de
investigação do Ministério Público, a Câmara dos Deputados derrubou nesta terça-feira (25/06/2013) a
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37. Além disso, em mais uma votação da "agenda
positiva" fixada pelo Congresso em resposta às ruas, a Câmara dos Deputados estabeleceu na que 75%
das receitas do petróleo serão destinadas para a educação. O projeto original, enviado pela presidente
Dilma Rousseff ao Congresso em maio, previa 100% do montante para o setor.
2 - Casamento gay
Contexto: Algumas nações vêm reconhecendo o casamento entre pessoas do mesmo sexo, caso de
Argentina, França e Uruguai — o assunto está ainda na pauta de Grã-Bretanha e de vários estados
americanos. O tema também avançou no Brasil. Em 2011, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a
união estável homossexual. Em maio de 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou uma
resolução que obriga os cartórios a realizar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo — a
medida ainda pode ser contestada no STF. Até então, os cartórios podiam se recusar a reconhecer tais
uniões, e os casais precisavam recorrer à Justiça.
O assunto pode motivar abordagens como a igualdade de todos perante a lei ou ainda os novos
arranjos familiares.
Desenvolvimento: A questão da igualdade de direitos é de fato o primeiro ponto a ser avaliado, diz
Eclícia Pereira, professora de redação do Cursinho da Poli. No caso, casais homossexuais passam a ter
as mesmas garantias e obrigações dos demais perante a lei.
Outra questão a ser observada é a mudança da estrutura familiar em curso. Além do núcleo
tradicional — formado por pai, mãe e filhos —, estabelecem-se outros arranjos, a partir dos casais
formados por parceiros do mesmo sexo. Até mesmo a adoção de crianças por esses casais pode ser um
tema abordado.
Tenha cuidado: Para a redação do Enem, não importa sua condição sexual. O autor do texto deve
permanecer neutro quanto a este aspecto, pois Este é, aos olhos dos examinadores, uma questão
privada. O importante é reconhecer no assunto um fenômeno social, que tem consequências e
desdobramentos na vida de muitos cidadãos.
3 - A transformação do papel da mulher na sociedade contemporânea
Contexto: A questão da transformação do papel da mulher na sociedade é um bom treino para a
redação do Enem porque engloba, entre outros, tópicos relativos a mercado de trabalho e igualdade de
direitos — abordagens de exames anteriores. “As redações do Enem em geral optam por temas de
caráter social. A mudança do papel da mulher ainda não apareceu e, por isso, pode ser uma aposta”,
diz a professora Vivian D’Angelo Carrera, do Cursinho do XI.
O primeiro passo para desenvolver esse tipo de assunto em um texto argumentativo é analisar, por
exemplo, o contexto histórico da mulher na sociedade brasileira. “A história aponta para uma
modificação grande e acelerada na atuação da mulher no último século. Isso fica claro quando
lembramos que elas conquistaram direito ao voto em 1932 e que hoje há uma mulher à frente da
Presidência da República”, diz a professora de redação do Curso Etapa Simone Ferreira Gonçalves
Motta.
Apesar das conquistas, a mulher ainda não possui as mesmas oportunidades que os homens em
muitas áreas e situações. Elas costumam, por exemplo, ganhar menos no mercado de trabalho para
exercer a mesma função. Isso pode motivar abordagens sobre o que deve ser feito para garantir a elas
direitos e oportunidades já conferidos a eles.
Desenvolvimento: Um bom ponto de partida para o tema é relembrar passagens importantes da
história e, a partir disso, elaborar uma comparação entre os direitos que a mulher possuía no passado e
os que possui atualmente. É o caso do já citado direito de voto. Hoje, elas são maioria no universo de
eleitores do Brasil, segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
As mudanças, é claro, não se restringem a essa. As mulheres obtiveram conquistas legais, mas não
só. Do ponto de vista do comportamento derrubaram, especialmente após a II Guerra Mundial, antigas
tradições e preconceitos. As vitórias incluem o direito de estudar, de trabalhar e de ter ou não filhos (e
em que número). Nesse ponto, a transformação está intimamente ligada à revolução feminista, na
década de 1960, impulsionada pela popularização da pílula anticoncepcional.
Os avanços não podem ignorar os problemas que perduram. É o caso das desigualdades no
mercado de trabalho, o acúmulo de deveres dentro e fora de casa e também a violência doméstica.
Por norma, a redação do Enem cobra respeito aos direitos humanos. Ainda que a regra seja
imprecisa, para dizer o mínimo, ignorá-la pode levar à anulação da dissertação. Na avaliação da
professora Simone, a aplicação da norma ao tema do papel da mulher na sociedade contemporânea
conduz obrigatoriamente à defesa da igualdade de direitos — inclusive entre gêneros. “Se todos são
iguais, não há motivos para a mulher ser tratada de forma diferente, ganhar menos, por exemplo”, diz.
Tenha cuidado: Fuja de clichês como “sexo frágil”, pelo amor dos deuses, que não servem como
elogio; se mal utilizados, podem soar como preconceituoso. Não esqueça também que falar sobre
abusos sofridos pelas mulheres, por exemplo, pode ser parte da dissertação, mas não o tema principal.
4 - A questão do transporte urbano no Brasil
Contexto: Em alta desde a recente explosão de protestos pelo Brasil, iniciados com o intuito de
reivindicar a revogação do aumento das tarifas de ônibus e metrô em São Paulo, o tema do transporte
público urbano é pauta em qualquer roda de conversas e também na imprensa. Não se trata, contudo,
de um problema recente. Por isso, a questão da mobilidade urbana, ligada à má qualidade de serviços e
aos preços relativamente altos, é um bom assunto para a preparação para a redação. Pode até mesmo
figurar na redação do Enem.
É importante entender que o sistema de transporte urbano está longe de atender com qualidade a
população, principalmente nas metrópoles. A principal causa disso, apontam os especialistas, é a falta
de planejamento urbano e a insuficiência de investimentos. Em reportagem de VEJA.com publicada
em março de 2012, especialistas já apontavam que os aportes ao setor no Brasil estavam atrasados
cinco décadas. O número levou em conta dois aspectos: descaso público na expansão dos sistemas de
trens e metrô (principal alternativa para grandes deslocamentos em área urbanas e meio menos
poluente) e falta de vontade política para a elaboração de um plano de mobilidade urbana.
Segundo Vivian d’Angelo Carrera, professora de redação do Cursinho do XI que sugeriu o tema,
outro problema relacionado é o aumento dos congestionamentos nas grandes cidades. Esse fenômeno,
é claro, é decorrência das questões citadas acima — que levaram à explosão do número de veículos
particulares nas ruas, em detrimento de corredores exclusivos para ônibus, por exemplo.
Desenvolvimento: Um caminho possível para iniciar o desenvolvimento do tema é elencar os
problemas enfrentados pela população. Além dos já citados, é possível trazer à luz as dificuldades
técnicas enfrentadas pelas linhas de trens existentes (no Rio e em São Paulo há registros recentes de
paralisações), a questão da mão de obra que trabalha no setor (a ocorrência de greves, por exemplo), e
a superlotação de ônibus e trens.
Após esse levantamento, o candidato pode avaliar propostas de solução para o problema. Uma boa
alternativa é listar exemplos de sistemas utilizados em outros países que conseguiram unir eficiência e
qualidade. É o caso do transporte de Londres, que mantém uma das redes mais complexas – e
funcionais – de integração urbana do planeta. O ponto de partida para a rede da capital inglesa é o
metrô, que foi projetado para interligar todos os locais da cidade; em caso de problema nas linhas, uma
eficiente rede de transporte alternativo serve de plano B à população. É o caso do sistema de ônibus —
os famosos carros vermelhos de dois andares que trafegam em corredores exclusivos, o que garante
uma boa velocidade durante a viagem.
Londres também é uma das cidades europeias que aprendeu a conviver pacificamente com
bicicletas no trânsito. O exemplo poderia ser seguido pelos governantes brasileiros, criando mais
ciclovias e sinalização para os ciclistas.
Tenha cuidado: Todas as providências necessárias para atacar o problema exigem investimentos
por parte do governo. E gastos públicos, no Brasil, muitas vezes podem levar o candidato a discutir a
questão da corrupção e desvios. Contudo, voltar a redação para esses assuntos pode caracterizar um
desvio de tema, aumentando a dificuldade de conclusão do texto e apresentação de soluções, alerta a
professora Vivian.
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