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MARIANA COUTINHO MACHADO DE SOUZA
CRÍTICAS Teoria e História da Fotografia
Prof.ª Susana Marques
FBAUP
PORTO, 2012
Este trabalho conta com quatro criticas,
produzidas pela aluna de mobilidade acadêmica
MARIANA COUTINHO MACHADO DE SOUZA, para
avaliação de rendimento na disciplina TEORIA E HISTORIA
DA FOTOGRAFIA lecionada pela PROFª SUSANA
MARQUES no curso de Artes Plásticas da Faculdade de
Belas artes da Universidade do Porto no primeiro
semestre do ano letivo 2012/2013.
ENSAIO CRÍTICO I
Exposição fotográfica: Simplesmente Evandro
Fotografias de Evandro Teixeira (2011)
ENSAIO CRÍTICO II
Fotografia nos anais dos colóquios do Comitê
Brasileiro de História da Arte (2004-2011)
ARTIGO CRÍTICO I
Exposição fotográfica: Usura
Fotografias de Paulo Nozolino (2012)
ARTIGO CRÍTICO II
Talking Pictures: Images and messages
rescued from the past
Um livro de Ransom Riggs (2012)
ENSAIO CRÍTICO I
EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA
SIMPLESMENTE EVANDRO
2011 - FOTOGRAFIAS DE EVANDRO TEIXEIRA
Em julho de 2011, em Recife, capital do estado de Pernambuco, a galeria de
arte Arte Plural Galeria teve a honra de sediar a exposição comemorativa dos 48 anos
de carreira do fotógrafo brasileiro Evandro Texeira. Entituada Simplesmente Evandro,
a exposição que durou 40 dias, apresentou um exelente panorama da carreira do
fotógrafo, evidenciando sua qualidade, amplitudade, e significância histórica,
enquanto registro da sociedade brasileira do século XX.
É na década de 50 que Evandro Teixeira começa a se interessar por fotografia,
inspirado pelas publicações da revista O Cruzeiro. Guiado por este interesse, Evandro
deixa o intiorterior da Bahia, onde nasceu, para estudar fotografia, e em Salvador, na
capital bahiana, que consegue seu primeiro estágio como fotógrafo no jornal Diário de
Noticias. Entretanto, é somente na cidade do Rio de Janeiro que Evandro consegue
seu primeiro emprego, dando assim início a sua carreira profissional.
Em sua trajetoria pelo Jornal da Noite, Revista ilustrada, e Jornal do Brasil (onde
trabalhou até o encerramento) Evandro explorou fotograficamente sociedade
brasileira sob diversas perspectivas. Fez registros da vida no sertão da Bahia, do
cotidiano carioca, de celebridades nacionais como Ayrton Cena, Chico Buarque, Carlos
Drummond de Andrade, Pelé, Vinicius de Morais, Antônio Carlos Jobim, entre tantas
outras, assim como eventos internacionais, copas do mundo, olimpíadas, etc., bem
como crises políticas. No cenario nacional é tambem responsável por registros
inestimáveis de conflitos que se deram durante o golpe militar 1964.
“O trabalho de Evandro Teixeira materializa a
modernidade, a urbanização do Brasil. Não há nada mais brasileiro
que sua fotografia."
Sebastião Salgado
Fotografias suas fazem parte do acervo do Museu de Belas Artes, Zurique,
Suíça; Museu de Arte Moderna La Tertulha, Cali, Colômbia; Masp, São Paulo; Museu de
Arte Moderna do Rio de Janeiro e Museu de Arte Contemporânea de São Paulo. Há um
documentário sobre sua vida e obra chamado “Instantaneos da Realidade”, lançado no
ano de 2003. O documentário conta com depoimentos daqueles que foram
testemunhas de sua vida e carreira, fotógrafos, editores, familiares, e com o próprio
Evandro a narrar momentos marcantes de sua trajetória. Dentre os depoimentos feitos
por Evandro, são simplesmente assombrosos os relatos sobre a Sexta-Feira Negra,
entre outros conflitos.
“Na Sexta-Feira Negra o Jornal do Brasil foi totalmente fechado a tiro...
Começaram a atirar na gente ai nos corremos para a Cinelâncida. Ai eu fiz aquela
foto do estudante caindo, que era um estudante de medicina. Ele ali ficou morto.
Deu um berro, uma coisa horrorosa. E ficou estirado morto ali no chão... Ali quem
estava na frente era massacrado. A cavalaria cercando a Igreja da Candelária,
mutilando aquela multidao toda a quela gente na base da espada... a candelaria
ficou toda negra de gas lacrimogênico... Aquele dia foi realmente uma sexta-feira
sangrenta.”
Evandro Teixeira, Instantaneos da Realidade
Evandro esteve envolvido diretamente com a montagem da exposição, que
teve como curadora a jornalista, e crítica fotográfica, Simonetta Persichetti, que há
trinta anos estuda fotografia. No vernissage da exposição Simonetta e Evandro juntos
discutiram as obras selecionadas. Foi muito enriquecedor poder ouvir o próprio
fotografo descrever as circunstâncias nas quais foram feitas diversas fotografias,
especialmente as do periodo ditatorial.
Ao estudar o fotojornalismo, é impossível não encontrar referêcias ao que
comumente nos referimos como “instante decisivo”. Este momento, fração de
segundos mistificada, que na verdade se trata de aguda observação e antecipação, é
evidente na obra de Evandro. Sem tal propriedade, característica da fotografia
cândida, seu trabalho não teria a irreverente naturalidade que faz seu trabalho tão
especial.
Em sua fotografia de personalidades brasileiras, em sua maioria requisições de
seu trabalho para jornais, Evandro capta seus objetos de maneira intimista e casual.
Carlos Drummond de Andrade, grande escritor modernista brasilero sentado ao chão
da sala. Chico Buarque, Antonio Carlos Jobim, e Vinicios de Morais deitados sobre
mesa de bar, acabam por retratar, também, o próprio fotógrafo, em sua maneira
casual de ser.
Suas obras mais marcantes acabaram por serem feitas livros. Seu registro do
sítio histórico de Canudos, Bahia, onde uma vez Antônio Conselheiro, líder social
brasileiro foi acusado de monarquista e exterminado junto a seus seguidores pelo
exército da república, como traidores, resultou no livro “Canudos – 100 anos”. Um
livro em memória a esta trágica guerra-massacre. Lançado em 1997, o livro concretiza
um desejo antigo do fotógrafo em registrar canudos, inspirado pelas histórias que lhe
contavam na infância sobre Antônio Conselheiro e pela obra de Euclides da Cunha, Os
Sertões, que leu enquanto adolescente.
“Canudos é sinônimo de luta, de resistência, de mudança,
de esperança. É a história do país, vivida e contada por gente
simples, cuja força parece vir da agrura da terra, da beleza rude do
sertão."
Evandro Teixeira
A primeira foto apresentada neste ensaio tem por nome “A Passeata dos Cem-
Mil”, e nesta única foto está contido todo um livro. A Passeata dos Cem Mil ocorreu no
dia 26 de junho de 1968, na cidade do Rio de Janeiro. Um protesto organizado pelo
movimento estudantil, escandalizado, revoltado, e inconformado com o assassinato do
estudante Edson Luís de Lima, e de tantos outros, contra a ditadura militar, que
reivindicava a liberdade de expressão e o encerramento das perseguições politicas,
exigindo democracia. A foto em questão deu origem ao livro “68 destinos”, publicado
em 2008 por Evandro. O livro conta a historia de 100 pessoas que foram, décadas
depois, identificadas. É um belo livro, que conta histórias de amor, histórias tristes, e
alegres, envoltas em nostalgia, todas ligadas aquele momento. O que as levou até lá e
para onde foram. A Passeata dos Cem Mil é o retrato preciso de uma geração.
Diante disto, torna-se evidente que não foi por mera coincidência que as
fotografias do período ditatorial e de canudos destacavam-se na exposição, tanto por
sua disposição provilegiada na galeria, quanto pelo tamanho na qual foram
reproduzidas.
Por fim, posso afirmar que a exposição fez juz à obra de Evandro Teixeira. Com
curadoria precisa, tanto na seleção quanto na disposição e hierarquização das obras.
Como quem teve o privilégio de observar os bastidores da exposição, em sua
montagem e exibição, posso afirmar que tanto o público quanto o próprio Evandro
Teixeira maravilharam-se com a exposição do fantastico que é a obra dele, como
perfeitamente descreve Drummond:
A pessoa, o lugar, o objeto
estão espostos e escondidos
ao mesmo tempo so a luz,
e dois olhos não ão bastantes
para captar o que se oculta
no rápido florir de um gesto.
É preciso que a lente mágica
enriqueça a visão humana
e do real de cada coisa
um mais seco real extraia
para que penetremos fundo
no puro enigma das figuras.
Fotografia - é o codinome
da mais aguda percepção
que a nós mesmos nos vai mostrando
e da evanescência de tudo,
edifica uma penanência,
cristal do tempo no papel.
Das luas de rua no Rio
em 68, que nos resta
mais positivo, mais queimante
do que as fotos acusadoras,
tão vivas hoje como então,
a lembrar como a exorcizar?
Marcas de enchente e do despejo,
o cadáver inseputável,
o colchão atirado ao vento,
a lodosa, podre favela,
o mendigo de Nova York
a moça em flor no Jóquei Clube,
Garrincha e nureyev, dança
de dois destinos, mães-de-santo
na praia-templo de Ipanema,
a dama estranha de Ouro Preto,
a dor da América Latina,
mitos não são, pois são fotos.
Fotografia: arma de amor,
de justiça e conhecimento,
pelas sete partes do mundo
a viajar, a surpreender
a tormentosa vida do homem
e a esperança a brotar das cinzas.
Diante da Fotografia de Evandro Teixeira
Carlos Drummond de Andrade
ENSAIO CRÍTICO II
FOTOGRAFIA NA LITERATURA
A HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA BRASILEIRA NOS ANAIS DOS COLÓQUIOS
DO COMITÊ BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA ARTE 2004-2011
Na condição de aluna de mobilidade acadêmica
estrangeira, tenho como obrigação refetir sobre as
diferenças nos conteudos que me são apresentados em
sala de aula, e maneira como estes são apresentados.
Assim, não pude deixar de notar pelo discurso da
professora Susana Marques que esta possui um
conhecimento muito claro de quem discute e estuda
fotografia em Portugal e como ela é discutida.
Imediatamente percebi que não saberia dizer o mesmo
sobre a fotografia no Brasil. Portanto, a partir das simples questões: Quem escreve
sobre fotografia no Brasil? O que se tem escrito sobre fotografia no Brasil? Através
destas questoes cheguei ao nome de Tadeu Chiarelli.
Dr. Tadeu Chiarelli é um grande curador e historiador de arte, que leciona a
quase 30 anos no Departamento de Artes Plásticas da Universidade de São Paulo
(USP). Autor de diversos livros, Chialieri hoje ocupa o cargo de diretor do Museu de
Arte Contemporânea da USP. Ao investigar suas publicações, encontrei um de seus
artigos sobre fotografia, “A Fotografia Como Protagonista e como Coadjuvante no
Romance Brasileiro do Século XIX: O caso Senhora, de José de Alencar”, em meio aos
anais de um dos colóquios do Comitê Brasileiro de História da Arte e assim tomei
conhecimento da instituição.
Fundado em 1972, o Comite Brasileiro de História da Arte comemora neste ano
em Brasília, destrito federal, com a trigésima segunda edição de seus colóquios anuais,
40 anos de sua propria história. Tem sido a missão do comite durante todo este
período, a reunião de professores e pesquisadores estudiosos da historia da arte em
geral, no Brasil e no mundo, promovendo a intercambio de experiencias entre
instituições e profissionais da área. Portanto concluí que os anais dos colóquios do
CBHA seriam o lugar ideal, para reponder minhas perguntas, por serem os autores, em
sua maioria, estudiosos extremamente qualificados.
Ao longo destes sete anos analizados, 21 artigos de sobre fotografia de 18
autores foram publicados nos anais dos colóquios. Dos 21 artigos originais foram
suprimidos 10 artigos que não tratavam da historia da fotografia ou, não se
enquadravam no contexo brasileiro. A maioria dos autores referenciados possui
doutorado em artes ou história e receberam sua formação acadêmica na região
Sudeste (70%) do país, como indica o gráfico abaixo:
A partir da leitura destes anais obtive precisamente as indicações que buscava.
Tão importantes quanto os conteudos neles apresentados, são as referências de
publicações e autores comentadas ao longo dos artigos. Identifiquei neles referencias
bibliograficas fundamentais para o aprofundamento do estudo da fotografia, assim
como autores importantes para alcançar uma maior compreensão do conexto e
funcionamento das praticas fotograficas no brasil, para sobre ela relfetir.
Os temas abordados são diversos. Fotografia relaciona-se nestas publicações
com historia, literatura, museus, pintura, e por vezes com a própria fotografia,
concentrando-se em reflexões que revolvem a maneira como esta é pensada. Alguns
artigos caem na infelicidade de insistirem na discussão se fotografia é arte, outros tem
30%
20%10%
10%
10%
10%
10%
INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DOS AUTORES
Universidade de São Paulo
Universidade Estadual deCampinas
Universidade Federal do Rio deJaneiro
Universidade Federal doEspírito Santo
Universidade Federal do RioGrande do Sul
Pontifícia Universidade do RioGrande do Sul
Universidade de Lisboa
abordagens orginais e são escritos com clareza e excelência, mas nenhum deles falha
em levantar questões interessantes.
Apresento, então, os artigos estudados, numa especie de fichamento, que os
descrimina e classifica, bem como expõe a maneira como estes abordam a fotografia e
as considerações feitas, ao longo de cada um deles, relevantes a historia da fotografia
brasileira.
2004 – XXV COLÓQUIO DO CBHA
Fotografia: diálogos entre a História Social da Cultura e Historia da Arte
Dr. Maria Eliza Linhares Borges (MG) Pós-Doutorado em Fotografiia - USP
→→→→ Justifica a fotografia como ferramenta de análise histórica para além da ilustração.
→→→→ Comenta o funcionamento da história da fotografia, argumentando a impossíbilidade de uma teoria geral sobre fotografia, por sua natureza hibrida e interdisciplinar e mostra estudos que datam desde a década de 90 que já apontavam esta impossibilidade.
A Fotografia Como Protagonista e como Coadjuvante no Romance Brasileiro do Século XIX: O caso Senhora, de José de Alencar Dr. Domingos Tadeu Chiarelli (SP) Livre Docência em Artes – USP
→ Propõe apresentar como a fotografia foi percebida e assimilada pela sociedade brasileira, principalmente a caraioca, através da literatura, mas na verdade acaba descriminar referências à arte como forma de adjetivação e exaltação da personagem Aurélia do romance. E proprio afirma que “durante a maior parte de Senhora, não são feitas referências à fotografia. Da metade para o final da trama, a fotografia surge em dois momentos...”.
→ Discursa sobre a essência da relação entre fotografia e literatura.
“...um dispositivo tecnológico capaz de registrar “mecanicamente” o mundo –,vinha ao encontro de um dos principais desejos afetivos do homem: preservar a memória individual e social. Sendo a literatura um espaço de elaboração subjetiva desse processo de preservação, me interessou saber como ela, no Brasil, lidaria com essa nova auxiliar...”
Tadeu Chiarelli
Coleção Pirelli-Masp de Fotografia: À Memória da Fotografia Brasileira Dr. Carolina Coelho Soares (SP) Doutorado em Artes – USP
→→→→ Discute a coleção de fotografia do MASP enquanto mosáico da fotografia
contemporânea, que constitui uma memória da fotografia brasileira,
observando a fotografia não somente sob uma perspectiva artistica, mas
também histórica.
→→→→ Justifica a presença predominante da fotografia jornalistica-documental no
acervo como reflexo dos ideais de um antigo dirtor de museu, Bardi, que
em 1963 afirmou:
“Os fotógrafos que se preocupam com laboriosas composições – tonalidades – texturas, luminosidades artificiais, etc – são os parentes pobres dos pintores, inclusive na escolha de uma temática que geralmente vai do romântico-sentimental, ao social, ao surrealista, ao abstrato, etc, para finalmente nos dar contrafações da arte da pintura.”
Pietro Maria Bardi
→→→→ Comenta o não reconhecimento da fotografia pelo modernismo brasileiro
da primeira metade do século XX, que comprovaria os limites estéticos do
movimento.
“Adotá-la seria de algum modo admitir o “ímpeto
destrutivo das vanguardas” que, por sua vez, desestruturaria a noção de arte moderna como representação criativa da realidade, e não apenas mera imitação técnica.”
Pietro Maria Bardi
→→→→ Comenta o surgimento do MASP em 1947 e sua relação com a fotografia
neste período. Impulsionado pelas atividades do Fotoclube Bandeirantes, o
MASP passa a realizar exposições de fotografia, dando início ao processo de
legitimizaçao da fotografia enquanto arte no Brasil.
Fotografia e pintura. O daguerreótipo e seus primeiros ensaios no Brasil oitocentista Prof.ª Marli Marcondes (SP) Mestrado em multimeios - UNICAMP
→→→→ Ressalta as lacunas da teoria e história da fotografia do país, argumentando que, contrário a primeiras impressões, ainda há muito que se investigar “principalmente da particular relação da fotografia com o processo histórico nacional”.
→→→→ Comenta sobre a recepção da daguerreotipia pela sociedade brasileira do século XIX e como a política nacional (o entusiasmo da mornarquia) fora determinante em sua propagação.
→→→→ Tem como preocupação central a história da pintura de daguerreotipos. As diversas técnicas então utilizadas, manuais e químicas, suas origens, e como chegam ao Brasil.
→→→→ Diferencia a função social do daguerreotipo na Europa e no Brasil.
“...a produção de retratos nesse período pode ser entendida mais como um desejo de afirmação da identidade do que uma aspiração artística...homens e mulheres são retratados realisticamente, revelando seus papéis na sociedade. O retrato da mulher nesse período não corresponde às tendências artísticas européias, neoclássicas, e sim à realidade brasileira...”
Arte e ciência no século XIX: um estudo em torno da descoberta da fotografia no Brasil Dr. Rosana Horio Monteiro (GO) Pós-Doutorado em Artes - Universidade de Lisboa
→→→→ Aborda inicialmente a história tradicional da fotografia, citando Niépce,
Daguerre, Talbot, Bayard, mas centra o artigo na história e descobertas de
Hercule Florence.
→→→→ Justifica e explica a fotografia como descoberta múlplica e independente em
cada contexto.
→→→→ Apresenta o conceito de maturação cultural e inevitabilidade da invenção da
fotografia na Europa do século XIX.
→→→→ Questiona a afirmação de que Hercule Florence e teria desenvolvido um
processo fotografico por mera inspiração, sem que o meio fosse propício
culturalmente e tecnologicamente, numa espécie de heroicismo de uma mente
brilhante exilada.
→→→→ Expõe esta afirmação como decorrente de uma visao eurocentrica.
→→→→ Apresenta o contexto e processo no qual Hercule desenvolveu seu trabalho,
justificando-o como fruto do mesmo, a partir das teorias que defendem que os
artefatos tecnológicos incorporam as circunstâncias de sua constituiçâo.
→→→→ Comenta as disputas pelo reconhecimento da autoria de descobertas múltiplas
e a participação de terceiros no processo, como correspondentes e redutores
da condição de “exilio”.
“...mas o terreno era cheio de socavas e logo adiante estava outro desconhecido fazendo um gesto tão bobo que Macunaíma parou sarapantado. Era Hércules Florence. Botara um vidro na boca duma furna mirim, tapava e destapava o vidro com uma folha de taioba.
Macunaíma perguntou: - Ara, ara, ara! Mas você não me dirá o que está fazendo aí, siô!
O desconhecido virou pra ele e com os olhos relumeando de alegria falou:
- Gardez cette date: 1927! Je viens d'inventer la photographie!
Macunaíma deu uma grande gargalhada.
- Xi! Isso já inventaram que anos, siô! Então Hércules Florence caiu estuporado sobre a folha de
taioba e principiou anotando com música uma memória científica sobre o canto dos passarinhos. Estava maluco. Macunaíma chispou.”
Macunaima, 1928
Mario de Andrade
2006 - XXVII COLÓQUIO DO CBHA
As relações entre pintura e fotografia no Brasil do século XIX: considerações acerca do álbum Brasil Pitoresco, de Charles Ribeyrolles e Victor Frond Dra. Maria Antonia Couto da Silva (SP) Pós-Doutorado em Artes - UNICAMP
→→→→ Exibe os questionamentos e inseguranças da comunidade artística brasileira do
século XIX acerca da fotografia e sua repercussão na pintura. E por sua vez,
como esta recebe a fotografia.
“Nessa relação entre pintura e fotografia, repleta de
nuances, devemos notar que se, por um lado, os retratos e registros
fotográficos de paisagem rendiam-se, por vezes, às normas das
Belas Artes, de outro, nos Salões da Academia, a pintura reiterava
suas especificidades sem fechar-se ao diálogo com a fotografia.”
→→→→ Centra o artigo em torno da obra “O Brasil Pitoresco” e o significado que suas
ilustrações dão a relação entre fotografia e pintura. Estas fotografias se
inspiraram em cenas de pintura e serviram de espelho para a própria, que
passa a adotar uma especie de realismo e objetividade, se desligando de
idealizações.
“A fotografia permitiu o registro da paisagem local em sua
especificidade, destacando a luminosidade diversa e a variedade
das espécies botânicas. Assim, a produção de Victor Frond e de
outros fotógrafos foi um fator fundamental para uma abordagem
mais realista da pintura de paisagem no país.”
→→→→ Argumenta que a análise desta obra seria de grande valia para a compreensão da arte brasileira da segunda metade do século XIX.
2008 - XXVIII COLÓQUIO DO CBHA
Fotografia como problema histórico: Benjamin, Kracauer, Krauss, Didi-Huberman Dr. Cezar Tadeu Bartholomeu Doutorado em Artes Visuais - UFRJ
→→→→ Discute a fotografia enquanto docmento historico sob a perspectiva de quatro
historiadores “chave” da fotografia, e trata superficialmente da questão do
Brasil, entretanto a compreensao do pensamento de tais autores me parece
impressindivel para compreender os demais escritos sobre fotografia, uma vez
que estes carregam seus fundamentos.
→→→→ Problematiza a produção historica a partir da fotografia. O contexto em
detrimento da imagem.
“...o passar do tempo reforça o fato de que uma foto nunca se justifica completamente em uma interpretação...”
→→→→ Trabalha a questão da aura, colocando a as artes tecnológicas, fotografia e
cinema, como destruidores dela.
“...diferem das obras de arte clássicas pois se calcam no valor de exibição ao invés do valor de culto... ao invés de serem justificadas por uma lei teológica e possuírem, assim, uma relação parasitária com ritual, tal como ocorre com as obras tradicionais, a fotografia e o cinema, ao serem reproduzidos maçiçamente, existiriam numa imanência que as desobriga da tradição – imanência que corresponde à extinção da aura.”
→→→→ Dá enfase à repercussão da fotografia nas artes visuais tradicionais em
detrimento a questao de seu reconhecimento enquanto arte.
→→→→ Questiona a fotografia enquanto verdade e alegoria diante do passar do tempo
e a relação fotografia e historiografia.
Uma análise sobre a polítca artística e cultural do Masp entre 1950 e 1960 Dr. Carolina Coelho Soares (SP) Doutorado em Artes – USP
→→→→ Expoõe as ideologias e iniciativas do Masp sob direção de Pietro Bardi e as
críticas a elas feitas. →→→→ Discute o processo de reconhecimento nacional do museu.
“as bases argumentativas para as atitudes de Bardi que, naquele período da década de 1950, estabeleciam diálogos com premissas internacionais centradas na aproximação entre público e museus. A estratégia era voltar-se para um potencial educativo da instituição museológica, tendo como modelos a Itália e os Estados Unidos.”
→→→→ Mostra o papel que a fotografia teve dentro desta politica educativa. →→→→ Expõe as dificuldades contextuais do MASP em comparação aos museus
italianos e norte americanos.
“As mostras didáticas assumiam, portanto, uma dupla tarefa: instruir o público visitante e preencher as lacunas do acervo. A fotografia viria a ser o meio mais prá�co e acessível para tal proposta."
2009 - XXIX COLÓQUIO DO CBHA
Considerações sobre a contribuição da fotografia na historiografia da arte no Brasil Dr. Alexandre dos Santos (RS) Doutorado em Artes Visuais – UFRGS
→→→→ Mostra as influencias da arte na fotografia e repercussoes da fotografia na arte
do século XIX.
→→→→ Através de suas colocações é possivel perceber a relação entre a fotografia e o espírito de época.
“...contraditoriamente plural e equalizador do daguerreótipo, capaz de registrar sem distinção (...) todas as coisas, grandes ou pequenas, que são iguais abaixo do sol...”
→→→→ Fala sobre o surgimento da cultura de massas e a afirmação do mundo erudito
dar artes no século XX. →→→→ Fala sobre a teoria da fotografia antes de 1930 e apos, tecnica que se percebe
arte a legimitização. →→→→ Expoõe a forma como a fotografia é percebida diante da arte a partir da década
de 80, onde referencia autores que trataram da fotografia em meio a historia da arte no Brasil.
“... embora o seu estatuto de arte estivesse naquele momento ainda sendo posto em causa, a fotografia merecia, por direito próprio, ser considerada como uma área relevante da investigação da história da arte.”
→→→→ Lista alguns trabalhos atuais que considera relevante quanto a invetsigação fotográfica.
Foto clube do Espírito Santo: a arte fotográfica numa trajetória específica Cláudia Milke Vasconcelos (ES) Mestrado em Artes - UFES
→→→→ Faz um resgate historico das atividades e influencias do FCES, assim como seu papel de determinador de arte e produção.
→→→→ Fala sobre a motivação por tras da fundação dos fotoclubes, enstusiamo institucionalizado pioneiro.
“Desafiando a pasmaceira cultural (...) os Salões Fotográficos por ele realizados aconteceram praticamente sem nenhum apoio oficial (...) e constituiram-se numa valiosa contribuição para o desenvolvimento da fotografia no Estado, bem como para sua difusão e democratização e, principalmente, para o entendimento, ainda que tardio, do meio fotográfico como forma de expressão artística.”
→→→→ Comenta a origem tardia do fotolubismo nacional, sua ascenção e declinio. →→→→ As tematicas e influêcias fotograficas, bem como a relação entre fotografos
amadores e profissionais →→→→ Do posicionamento inovador e postura ecletica em contraposição a academia
de belas artes. 2010 - XXX COLÓQUIO DO CBHA
A fotografia e a construção de uma nova visualidade nas revistas Madrugada e Máscara Dr. Charles Monteiro (RS) Doutorado em História - PUC RS
→→→→ Apresenta as revistas ilustradas como promotoras da fotografia, que graças a estas assume um maior numero de utilidades favorecendo seu reconhecimento.
→→→→ Comenta o regime visual e a imposição hierarquica institucional da pintura e gravura sobre a fotografia.
“A fotografia surge como um estatuto inferior devido sua reprodutibilidade e seu estatuto majoritariamente informativo e documental ao lado das imagens artísticas e criativas de ilustração ou reproduções de pinturas.”
→→→→ Mostra a cadeia de eventos que justifica a importancia da revista mascara enquanto disseminadora da arte fotografica.
→→→→ Fala sobre as origens e evolução da revista e os tipos de pulicação.
2011 - XXXI COLÓQUIO DO CBHA
Marinhas do Rio de Janeiro: tradição e experimentação fotográfica nos oitocentos Dr. Maria Inez Turazzi Doutorado de em Arquitetura e Urbanismo - USP
→→→→ Centra-se no fotografo Marco Ferrez e seus registros da marinha do Rio de Janeiro.
→→→→ Tem como grande referência a publicação A Marinha →→→→ Tenta não explorar a biografia do fotografo, mas suas ambições e
experimentações na produção das imagens analizadas. →→→→ Questiona a relação entre fotografia e arte e enaltece os esforços de Ferrez
neste sentido. →→→→ Relaciona as obras de Ferrez com o trabalho de Le Gray e cita outras possíveis
influências.
Em geral os artigos abordam o tema da fotografia de maneiras originais, mas são
poucas as vezes que a fotografia é discutida com exclusividade. Este fato reforça as
colocações da Dra. Maria Eliza Linhares Borges, que expõe a impossibilidade de uma
historia única da fotografia, pois essa percorre e se apoia e se afirma em diversos
universos. O que dialoga com a forma com que a professora Susana Marques,
apresenta a teoria e historia da fotografia. Através de temas especificos como
literatura e guerra, entre outros. O conhecimento destes recortes da historia da
fotografia, que vão de casos extremamente particulares, como fotoclubes e acervos, à
abordagens mais abrangentes, bem como de seus autores e suas formações
academicas, atendem ao proposito de expansão de horizontes diante do estudo da
fotografia no Brasil.
ARTIGO CRÍTICO I
EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA
USURA 2011 - FOTOGRAFIAS DE PAULO NOZOLINO
Portugal tem em Paulo Nozolino um de seus maiores e mais notáveis
exemplares de produtores de fotografia. Hoje, aos 57 anos, tendo publicado diversos
livros e participado de exposições regularmente, sua carreira premiada se extende por
mais de trinta anos, pelos diversos países onde trabalhou e viveu. A natureza nomade,
de sua vida e trabalho acabou por conferir a sua obra, que faz parte do acervo de
inúmeros museus e coleções privadas, o rótulo de fotografia de viagem.
Até o dia 04 de janeiro de 2013 nove tripticos, da autoria de Nozolino
permanecerão expostos na galeria do BES Artes e Finanças, no centro do destrito
financeiro de Lisboa - Praça Marques de Pombal - compondo a exposição de 105 dias
entitulada Usura, cujas peças fazem parte do acervo do Banco do Espirito Santo,
mecenas de Nozolino.
O formato triptico é uma herança formal, da pintura medieval sacra, que bem
serve a fotografia contemporanea. A segmentação, ou extensão, da obra através da
composição de paineis não é incomum ao fotografo que possui, tambem, diversos
trabalhos em dipticos. Ao nos oferecer estes três fragmentos do mundo, em cada obra,
Nozolino nos guia atarvés deles para uma narrativa fluida de nossa imaginação. Na
qual se escancara e encerra o preço, o custo, os juros, exorbitantes, da arrogancia e
prepotencia humana e seu reflexo global.
“Não posso salvar uma época. Limito-me a constatar a sua
perda, sem nostalgia, resistindo à desmemoria, à frivolidade e ao
ressentimento. Sinto-me a viver um pós-guerra qualquer, onde
alguns homens tentam reencontrar a sua dignidade, escutando o
grito profundo que há dentro deles. A tempo de compreender a
vida, antes de a perder.”
Paulo Nozolino, Janeiro de 2005
Nozolino foi buscar o nome Usura em um poema de 1937, da autoria de Ezra
Pound, poeta modernista norte-americano. O Poema é o Canto XLV, Com Usura, e faz
constante menção das negações decorrentes da usura do homem: “Com usura homem
algum terá... homem algum vê... Com usura não há... não vai...”. A exposição denota
um cansaço perante intolerância e a devastação que esta causa, em diversos periodos
e lugares.
“Remember the damned, the expropriated, the exterminated”, “Salt of the
Earth”, “Sinking Sun”, “Acid Rain”, “Pandora’s Box”, são alguns dos títulos das obras
apresentadas. Estes títulos servem (por vezes com irônia, outras com respeito) às
obras como linhas-guia, contextualizando a narrativa, junto a referências geográficas e
temporais que vão da Ucrânia a Nova Iorque, do holocausto aos atentados de 11 de
setembro.
A exposição de tem como curador o professor Sérgio Mah – Universidade de
Lisboa, especialista em artes e teoria da comunicação. A ambiência criada para a
realização da exposição incorpora e concretiza o espirito da obra. No silencio e na
sombra o espectador anda por salas onde só a ha luz suficiente para serem vistas as
obras. Isto só enfatiza o sentimento de solitude e abandono de cada peça.
Com Usura
Com usura homem algum terá casa de boa
pedra
Cada bloco talhado em polidez
e bem ajustado
para que o esboço envolva suas faces,
com usura
homem algum terá paraíso pintado na parede
de sua igreja
harpes et luz
ou onde a virgem receba a mensagem
e um halo projeta-se do inciso,
com usura
homem algum vê Gonzaga seus herdeiros e
concubinas
pintura alguma é feita pra ficar
nem pra com ela conviver
só é feita a fim de vender
e vender depressa
com usura, pecado contra a natureza,
sempre teu pão será rançosas códeas
sempre teu pão será papel seco
sem trigo da montanha, sem farinha forte
com usura uma linha cresce turva
com usura não há clara demarcação
e homem algum encontra sua casa.
O talhador não talha sua pedra
o tecelão não vê o seu tear
COM USURA
não vai a lã até a feira
carneiro não da ganho com usura
a usura é uma peste, usura
engrossa a agulha lá nas mãos da moça
E só pára a perícia de quem fia. Pietro
Lombardo
não veio via usura
Duccio não veio via usura
Nem Pier della Francesca; Zuan Bellini não pela
usura
nem foi pintada ‘La Calunnia’ assim.
Angelico não veio via usura; nem veio
Ambrogio Praedis,
Não veio igreja alguma de pedra talhada
com a incisão: Adamo me fecit.
Nem via usura St. Trophime
Nem via usura Saint Hillarie
Usura oxida o cinzel
Ela enferruja o oficio e o artesão
Ela corrói o fio no tear
Ninguém aprende a tecer ouro em seu modelo;
O azul é necrosado pela usura;
não se aborda o carmesim
A esmeralda não acha o seu Memling
A usura mata o filho nas entranhas
Impede o jovem de fazer a corte
Levou paralisia ao leito, deita-se
entre a jovem noiva e seu noivo´
CONTRA NATURAM
Trouxeram meretrizes para Elêusis
Cadáveres dispostos no banquete
às ordens da usura.
É uma bela exposição de fotogrfias inesqueciveis que penetram seu imaginario
com naturalidade. A melancolia que emana das profundas sombras que dominam suas
composições de preto e branco, e da sutileza e fluidez das cenas e rostos retratados
mostra o triundo da escuridão sobre o homem. É uma exposição que causa um
necessário desconforto, trazendo a tona questionamentos quanto a nossa civilização e
civilidade.
“Esta exposição confirma os principios conceptuais
esteticos e etcos que tem motivado uma das obras mais singulares
do panorama artistico portugues das ultimas decadas. Usura
acentua o compromisso de Paulo Nozolino com uma atitude atenta
e critica perante o mundo...”
Sérgio Mah
ARTIGO CRÍTICO II
FOTOGRAFIA NA LITERATURA
TALKING PICTURES: IMAGES AND MESSAGES RESCUED FROM THE PAST UM LIVRO DE RANSOM RIGGS – 2012
(Kindle Edition)
Em meio a publicações de
fotógrafos famosos, no cátalogo de livros
da loja virtual Amazon, deparei-me com
este livro. Esta publicação me chamou a
atenção pela comparação feita em sua
descrição com o projeto Post Secret. Post
Secret é um projeto fundamentado em
imagens e textos que revelam segredos de
estranhos anônimos. Diante destas imagens
e textos revelam-se historias e segredos
cujas mensagens ganham dimensões
incomensuráveis. Uma vez que tudo que
nos guia é uma imagem e poucas palavras
nossa imaginação esta livre para nos
projetarmos nelas e lhe darmos significado.
Então, assim como no Post Secret, mas
reforçando a natureza inata, narrativa e
dialógica, característica da fotografia,
Talking Pictures promete uma leitura onde
memoria e sensibilidade toma o palco e nos
convida a “escrevemos” a historia, juntando
nossa vida a de completos estranhos.
Ransom Riggs é um jovem escritor e colecionador de fotografias norte-
americano. Autor do best-seller Miss Peregrine’s Home for Peculiar Children, que
vendeu mais de 300 mil cópias. A Talking Pictures é seu segundo lançamento. Nele,
Riggs propõe uma viagem pela vida dos outros, anônimos que se poem a nossa frente
inocentemente, numa experiencia um tanto voyer. São fotografias, em sua maioria, de
certa forma, intimas. Nada do que nelas está exposto ou escrito foi feito para os
nossos olhos. E o fato de que através destes artefatos, inicialmente, tão alheios a
nossa propria historia conseguimos construir uma narrativa se vê a capacidade da
fotografia em se resignificar através do tempo e dos outros.
O livro tem 365 páginas, através das quais Riggs classifica e apresenta centenas
de fotografias em sete capítulos Clowing Around, Love and Marrige, Times Of Trouble,
Life During Wartime, Jannet Lee, Hide this Please e Unsolved Mysteries. Em sua
- IT WONT BE LONG NOW
introdução ja encontramos uma questão muito importante para a fotografia que é sua
relação do pictorico com o verbal. Como estas duas linguagems dialogam, como se
acrescentam e diminuem. A transformação da imagem através do texto, no caso do
livro, seu engrandecimento, uma vez que o autor logo no inicio do livro justifica a
transformação de uma paisagem, simples, desinterssante e ate mesmo feia, através de
uma única frase escrita em seu verso, em algo importante. O autor nos leva a
compartilhar deste facinio ao longo do livro.
“A photo might seem absolutely ordinary, but for a few
words scribbled on the opposite side… they’re hidden gems… Flip it
over, and the picture is transformed…”
Riggs, Ransom
Muitas das fotos contidas em Talking Pictures poderiam fazer parte de um
album de família. Tais albuns são peças essenciais na formação de nossa identidade. As
fotografias destes albuns são “familiares”, no sentido de que as conhecemos
intimamente, cada uma delas, e estas acabam por construir a maneira como
percebemos nosso passado. Neles, fotografias se tornam chaves para a memoria e
icones de epocas ja vividas, ja esquecidas, abrindo espaço para a imaginação, onde um
pedeço de realidade se mistura com fantasia. E este processo de interação entre o real
e o imaginario é permitido e estimulado pela forma de desenvolvimento do livro.
A única restrição que poderia dirigir a esta leitura seria a edição escolhida,
ainda que por razões práticas, para acesso ao conteudo em tempo habil. A publicação
perde muito por não ser em papel, e sim virtual, tanto no que se diz respeito a sua
diagramação e apresentação quanto na relação sensível com tactil que se perde nos
meios digitais. O que modifica a relação com a publicação em geral, tanto no que se diz
respeito ao texto quanto as fotografias. Curioso que no livro o autor encontra espaço
no epilogo do livro para criticar o esquecimento, do tactil, original, em privilégio ao
virtual, tornando porfim a leitura de seu livro virtualmente uma ironia.
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