crimes envolvendo Águas: a legislaÇÃo atual e a … · 2016. 6. 30. · expuser a perigo a...

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Eduardo Coral Viegas

Promotor de Justiça

Promotoria Regional Ambiental

Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí

ecviegas@mprs.mp.br

Florianópolis, 14 de abril de 2016

CRIMES ENVOLVENDO

ÁGUAS:

A LEGISLAÇÃO ATUAL

E A LEGISLAÇÃO SUGERIDA

ÁGUAS POLUÍDAS

PRAIAS SANTA CATARINA

BACIA RIO GRAVATAÍ

BACIA RIO GRAVATAÍ

POLUIÇÃO TAMBÉM POR AR...

TRECHO PULVERIZADO

RIO GRAVATAÍ

LEGISLAÇÃO

QUE PREVÊ

CRIMES

Crimes poluição

CÓDIGO PENAL

protegem saúde/vida

Lei

n. 6.938/81

Art. 15

Lei n. 9.605/98

PL

n. 7915/10

CÓDIGO PENAL

Código Penal

USURPAÇÃO DE ÁGUAS

Art. 161 – alteração de

limites:

Pena - detenção, de 1 a 6

meses, e multa.

§ 1º - Na mesma pena

incorre quem:

I - desvia ou represa, em

proveito próprio ou de

outrem, águas alheias;

• Não é crime de poluição

• Objetivo foi tutelar a

propriedade privada! E

quando as águas ainda

eram predominantemente

privadas!

• Como bem afirmam

Vladimir e Gilberto

Passos de Freitas, “não

se registra precedentes

sobre esse tipo penal”

(Crimes contra a

natureza)

Código Penal

ENVENAMENTO

Art. 270 CP – Envenenar

água potável, de uso comum

ou particular, ou substância

alimentícia ou medicinal

destinada a consumo:

Pena - reclusão, de 10 a 15

anos.

(Redação dada pela Lei nº

8.072, de 25.7.1990)

• Envenenar: tipo de

poluição + grave

• Envenenar

intencionalmente

• Crime de louco: Hungria

refere que “somente um

indivíduo psicologicamente

anormal seria capaz de

envenenar um reservatório

de água potável ou depósito

de víveres visando a morte

de pessoas indeterminadas

ou que ele de antemão não

sabe quais possam ser”

• Dolo não é de matar. Ai é

homicídio qualificado

Código Penal

Art. 270 CP – Envenenar

água potável, de uso comum

ou particular, ou substância

alimentícia ou medicinal

destinada a consumo:

Pena - reclusão, de dez a

quinze anos.

(Redação dada pela Lei nº

8.072, de 25.7.1990)

• ÁGUA POTÁVEL:

1. Cezar Bittencourt: como o

bem jurídico tutelado é a

saúde pública, água potável

é a destinada ao consumo

humano

2. Hungria: “imune de

elementos insalubres ou

própria para beber”

3. Reiteramos: nos parece que

a norma penal tutela a água

passível de ser consumida

pelo ser humano, ou seja,

destinada a ser potável.

Para beber, cozinhar, enfim,

ser ingerida!

Código Penal

Art. 270 CP – Envenenar

água potável, de uso comum

ou particular, ou substância

alimentícia ou medicinal

destinada a consumo:

Pena - reclusão, de dez a

quinze anos.

(Redação dada pela Lei nº

8.072, de 25.7.1990)

• Perigo abstrato ou

presumido

• Para Capez, consuma-se

com o envenenamento da

água potável. Desnecessário

o consumo.

• Porém, Rogério Greco

sustenta que é perigo

concreto. Necessária prova

da criação de situação de

perigo a número determinado

de pessoas

• Defendemos ser necessária

perícia para constatar o

“envenenamento”, não o

perigo concreto

Código Penal

Art. 270 CP...

§ 1º - Está sujeito à mesma

pena quem entrega a

consumo ou tem em

depósito, para o fim de ser

distribuída, a água ou a

substância envenenada.

§ 2º - Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis

meses a dois anos.

Código Penal

CORRUPÇÃO OU POLUIÇÃO DE

ÁGUA POTÁVEL

ART. 271 CP – Corromper ou

poluir água potável, de uso

comum ou particular, tornando-

a imprópria para consumo ou

nociva à saúde:

Código Penal de 1890

Art. 161 CP 1890 (hoje 270):

Envenenar fontes públicas

ou particulares, tanques ou

viveiros de peixe e víveres

destinados a consumo

Pena – prisão de 2 a 6 anos

SUPRIMIDO ELEMENTO:

ÁGUA POTÁVEL

Art. 162 CP 1890 (hoje 271):

Corromper, ou conspurcar, a

água potável de uso comum

ou particular, tornando-a

impossível de beber ou

nociva à saúde

Pena – prisão de 1 a 3 anos

Lei 6.938/81

Lei n. 6.938/81

Art. 15. O poluidor que

expuser a perigo a

incolumidade humana,

animal ou vegetal, ou estiver

tornando mais grave

situação de perigo

existente, fica sujeito à

pena de reclusão de 1 a 3

anos e multa de 100 a 1.000

MVR.

• Necessário o registro

histórico do crime de

poluição protetivo do MA

• Posteriormente revogado

pelo art. 54 da LCA

• Posição unânime, como de

Eládio Lecey, Vladimir e

Gilberto Passos de Freitas,

Luiz Regis Prado e Nelson

Bugalho

Lei 9.605/98

Lei 9.605/98

Art. 33. Provocar, pela

emissão de efluentes ou

carreamento de materiais, o

perecimento de espécimes

da fauna aquática

existentes em rios, lagos,

açudes, lagoas, baías ou

águas jurisdicionais

brasileiras:

Pena - detenção, de um a

três anos, ou multa, ou

ambas cumulativamente.

Lei n. 9.605/98

Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à

saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

§ 2º Se o crime:

I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;

II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas

afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;

III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma

comunidade;

IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;

V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias

oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o

exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou

irreversível.

Lei 9.605/98

Art. 35. Pescar mediante a

utilização de:

I - explosivos ou substâncias

que, em contato com a

água, produzam efeito

semelhante;

II - substâncias tóxicas, ou

outro meio proibido pela

autoridade competente:

Pena - reclusão de um 1 a 5

anos.

• Se houver envenenamento

de água potável, concurso

formal com o crime do art.

271 do CP

Lei n. 9.605/98

Art. 60. Construir, reformar,

ampliar, instalar ou fazer

funcionar, em qualquer parte

do território nacional,

estabelecimentos, obras ou

serviços potencialmente

poluidores, sem licença ou

autorização dos órgãos

ambientais competentes, ou

contrariando as normas

legais e regulamentares

pertinentes:

Pena - detenção, de 1 a 6

meses, ou multa, ou ambas

as penas cumulativamente.

• Onde estão listadas

atividades potencialmente

poluidoras?

• Rol da Res. 237/CONAMA é

exaustivo?

• Crime é de perigo abstrato,

concreto ou de dano?

• Precisa de perícia?

• Perfurar poços ou extrair

água deles sem licença ou

outorga configura esse

crime?

“CRIME AMBIENTAL. ARTIGO 60, CAPUT, LEI 9605/98.

(Recurso Crime Nº 71001788280, Turma Recursal

Criminal RS, Relator: Laís Ethel Corrêa Pias, Julgado

em )

“HABEAS CORPUS. CRIME AMBIENTAL. ART. 60 DA LEI

9.605 /98. FAZER FUNCIONAR ATIVIDADE

POTENCIALMENTE POLUIDORA. INSTALAÇÃO E OPERAÇÃO

DE ESTAÇÃO RÁDIO-BASE (ERB). ATIVIDADE NÃO PREVISTA

NA RESOLUÇÃO Nº 237/97 DO CONAMA. IMPOSSIBILIDADE

DE COMPLEMENTAÇÃO DO ROL NA ESFERA MUNICIPAL.

ATIPICIDADE DA CONDUTA.

2 - ...

(Habeas Corpus Nº 71005004635, Turma Recursal Criminal

RS, Relatora: Gisele Anne Vieira de Azambuja, Julgado em

)

36

Lei n. 9.605/98

Art. 60. Construir, reformar,

ampliar, instalar ou fazer

funcionar, em qualquer parte

do território nacional,

estabelecimentos, obras ou

serviços potencialmente

poluidores, sem licença ou

autorização dos órgãos

ambientais competentes, ou

contrariando as normas

legais e regulamentares

pertinentes:

Pena - detenção, de 1 a 6

meses, ou multa, ou ambas

as penas cumulativamente.

Lei n. 9.433/97

Art. 49. Constitui infração

das normas de utilização de

recursos hídricos

superficiais ou

subterrâneos:

V – perfurar poços para

extração de água

subterrânea ou operá-los

sem a devida autorização;

39

40

“É evidente que a perfuração

indiscriminada e desordenada de poços

artesianos tem impacto direto no meio

ambiente e na disponibilidade de

recursos hídricos para o restante da

população, de hoje e de amanhã. Feita

sem controle, também põe em risco a

saúde pública, por ausência de

tratamento, quando for de rigor”

41 STJ, Resp. 994120/RS

42

43

44

O QUE DEVERIA SER CRIME

Projeto de Lei 7915/2010 - Inclui o art. 50-A na Lei 9.433 de 1997

I - Perfurar poço de captação de

água subterrânea

sem autorização da autoridade

competente.

Pena – reclusão, de 1 a 5 anos, e

multa.

Parágrafo único – Incide nas

mesmas penas do “caput”

aquele que perfurar poço de

captação sem exigir do

proprietário do terreno a

exibição da autorização da

autoridade competente.

II - Extrair água de poço de

captação sem autorização

da autoridade competente.

Pena – reclusão, de 1 a 3 anos, e

multa.

§ 1º - A pena será reduzida de 1/3

a 1/2, se a extração de

água for destinada ao consumo

humano familiar ou de pequena

comunidade,

ou para a dessedentação de

animais que não sejam criados

para a venda.

§ 2º - É isenta de pena a

captação de água que

independe de outorga.

III - Lançar efluente líquido não

tratado em mananciais

superficiais sem autorização da

autoridade competente.

Pena – reclusão, de 6 meses a 3

anos, e multa.

§ 1º – Incide nas mesmas penas

aquele que, tendo

autorização da autoridade

competente para lançar efluente

líquido não tratado

em manancial superficial, excede

os limites impostos pelo poder

público.

§ 2º - Se o lançamento de

efluente líquido não tratado

atingir mananciais

subterrâneos, sem autorização

da autoridade competente:

Pena: reclusão, de 1 a 5 anos, e

multa.

IV - Lançar efluente sólido,

líquido ou gasoso, em

poço de captação.

Pena: reclusão, de 1 a 5 anos, e

multa.

SE OCORREREM AS

CIRCUNSTÂNCIAS DO ART. 54

DA LCA, NÃO SE APLICA

ESTE, QUE É “SOLDADO DE

RESERVA”

V - Deixar de efetuar o

tamponamento de poço de

captação de acordo com as

normas técnicas aplicáveis,

após esgotado o

prazo concedido pela

autoridade competente.

Pena: detenção, de 6 meses a 2

anos, e multa.

VI - Deixar o proprietário de

edificação permanente

urbana de conectar seu imóvel

às redes de abastecimento de

água e de

esgotamento sanitário

disponíveis, após esgotado o

prazo concedido

pela autoridade competente.

Pena – detenção, de 6 meses a 2

anos, e multa.

VII - Adotar o agente público

providência contrária a

deliberação do Comitê de Bacia

ou do Conselho de Recursos

Hídricos.

Pena – detenção, de 6 meses a 2

anos, e multa.

VIII - Incide nas penas dos

artigos 21 a 24 da Lei n.º

9.605/98 a pessoa jurídica que

praticar qualquer dos crimes

definidos

nesta lei, sem prejuízo da

responsabilização criminal da

pessoa física.

Parágrafo Único: A prescrição,

nos casos de crimes

praticados por pessoa jurídica,

será calculada com base na pena

corporal

atribuída no tipo penal respectivo

Capitão-Mor

Pero Vaz de Caminha

1º/5/1500

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