criança - a alma do negócio
Post on 08-Apr-2016
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Universidade de Brasília
Faculdade de Comunicação - Comunicação Organizacional
Disciplina: Políticas de Comunicação, Sociedade e Cidadania
Profª: Elen Geraldes
Aluna: Thayene Rocha
Criança - A alma do negócio
A criança como fonte de prospecção de clientela é o tema abordado no filme
“Criança – A alma do negócio”. Vários aspectos podem ser apontados, sendo que um
dos mais preocupantes é a consolidação do consumismo ainda na tenra idade.
Os prejuízos causados pela imposição da cultura do consumismo entre as
crianças são os mais variados e vai muito além dos danos a curto prazo, podendo se
prolongar até sua vida adulta e influenciar na formulação de seu caráter.
O que se pode observar é que o alvo não é apenas vender “coisas” de crianças
para crianças, mas também vender “coisas” de adultos para crianças (ex: tecnologias), o
que gera consequências irrecuperáveis, com um amadurecimento precoce e, muitas
vezes, desnecessários das mesmas.
Outro aspecto é que a publicidade é feita para todos os públicos, contudo, nem
todos tem o mesmo poder aquisitivo para adquirir os produtos que lhes são oferecidos.
Isso pode gerar frustração, devido a obrigatoriedade de se encaixar em “grupos”, de ter
o mesmo que os outros, o que pode ter diferentes consequências no futuro. As
implicações dessa “cultura do consumismo” são as mais diversas e preocupantes.
É possível verificar, ainda, que mais importante que utilizar determinado
produto, é possuir. Consumo desenfreado. Brinquedos, roupas, sapatos, diversos
produtos que vão se acumulando nos armários, apenas para satisfazer o desejo de
possuir, de ostentar determinado status que advém pela posse daquele produto.
Obedecer um padrão. Todas as pessoas acabam se tornando iguais, padronizadas.
Os pais vão se tornando reféns dos filhos. Utilizam vários artifícios para tentar
suprir a ausência a qual os filhos são submetidos, devido ao novo ritmo das famílias
contemporâneas. Os pais trabalham cada vez mais para dar “o bom e o melhor” para os
filhos, enquanto isso a televisão e o mercado abarrotam seus filhos de informações,
modismo e imposição de necessidades, para gerar mais e mais lucro.
A infância se perde logo cedo, principalmente para as meninas, que começam a
ser escravizadas ainda nos primeiros anos, onde os padrões de beleza já são impostos à
elas. Padrões de beleza esses, que geralmente são discriminatórios. A menina aprende
que o belo é ser magra, branca, de cabelos lisos, e estar sempre na moda, o que demanda
recursos que muitas vezes sua família não possui. Além disso, a “sexualização” para as
meninas também é precoce e escancarada. Esse pragmatismo contribui para dar
continuidade a um sistema patriarcal e machista, onde a mulher é subjugada e
objetificada, o que faz com que tanto as meninas quanto os meninos aprendam desde
cedo que existem espaços na sociedade para homens e para mulheres, sendo que as
mulheres sempre são colocadas em segundo plano.
Por fim, o que ficou claro é que as crianças conhecem tudo o que consomem
pela marca. Algumas sequer sabem diferenciar animais e frutas, enquanto isso
conhecem de cor a maioria das marcas e propagandas comerciais com as quais
convivem diariamente, o que é, de fato, um quadro preocupante.
Como a comunicação deverá conduzir o seu processo criativo é o cerne da
questão. Enquanto formadores de opinião, os profissionais da área da comunicação que
são responsáveis pelo conteúdo gerado, logo, devem repensar a maneira como tem
trabalhado a publicidade voltada para as crianças. Contudo, como sabemos, só
conscientização não é suficiente quando se tem lucro envolvido, pois os profissionais da
publicidade ali estão para maximizar os lucros das empresas que os contrataram. Nesse
sentindo, o Estado tem o dever de intervir e garantir o direito da criança e do
adolescente determinado pela Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente.
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão. (BRASIL. Constituição Federal de 1988. Grifo nosso)
Portanto, é necessário que o Brasil caminhe em consonância com diversos
outros países no mundo, que trabalham no sentido de regulamentar a maneira como a
publicidade voltada para crianças deve ser feita. Pode-se trabalhar diversos aspectos,
sem deixar de veicular o conteúdo. O importante é procurar fazer a conscientização das
crianças, mostrando a importância de ser criança e viver o período da infância
plenamente, ao invés de se comportarem como adultos pequenos e grandes consumistas.
Referências
ANDI – Comunicação e Direitos; Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.
Mídia e Infância: O impacto da exposição de crianças e adolescentes a cenas de sexo e
violência na TV. Brasil, 2012.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil:
promulgada em 5 de outubro de 1988, com as alterações adotadas pelas Emendas
Constitucionais nºs 1/94. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas,
2011.
CRIANÇA, a alma do negócio. Direção: Estela Renner. [S.I]: Maria Farinha, 2012. 49
min.
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