criança - a alma do negócio

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Universidade de Brasília Faculdade de Comunicação - Comunicação Organizacional Disciplina: Políticas de Comunicação, Sociedade e Cidadania Profª: Elen Geraldes Aluna: Thayene Rocha Criança - A alma do negócio A criança como fonte de prospecção de clientela é o tema abordado no filme “Criança – A alma do negócio”. Vários aspectos podem ser apontados, sendo que um dos mais preocupantes é a consolidação do consumismo ainda na tenra idade. Os prejuízos causados pela imposição da cultura do consumismo entre as crianças são os mais variados e vai muito além dos danos a curto prazo, podendo se prolongar até sua vida adulta e influenciar na formulação de seu caráter. O que se pode observar é que o alvo não é apenas vender “coisas” de crianças para crianças, mas também vender “coisas” de adultos para crianças (ex: tecnologias), o que gera consequências irrecuperáveis, com um amadurecimento precoce e, muitas vezes, desnecessários das mesmas.

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Resenha elaborada para a disciplina Políticas de Comunicação e Sociedade.

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Page 1: Criança - A Alma Do Negócio

Universidade de Brasília

Faculdade de Comunicação - Comunicação Organizacional

Disciplina: Políticas de Comunicação, Sociedade e Cidadania

Profª: Elen Geraldes

Aluna: Thayene Rocha

Criança - A alma do negócio

A criança como fonte de prospecção de clientela é o tema abordado no filme

“Criança – A alma do negócio”. Vários aspectos podem ser apontados, sendo que um

dos mais preocupantes é a consolidação do consumismo ainda na tenra idade.

Os prejuízos causados pela imposição da cultura do consumismo entre as

crianças são os mais variados e vai muito além dos danos a curto prazo, podendo se

prolongar até sua vida adulta e influenciar na formulação de seu caráter.

O que se pode observar é que o alvo não é apenas vender “coisas” de crianças

para crianças, mas também vender “coisas” de adultos para crianças (ex: tecnologias), o

que gera consequências irrecuperáveis, com um amadurecimento precoce e, muitas

vezes, desnecessários das mesmas.

Outro aspecto é que a publicidade é feita para todos os públicos, contudo, nem

todos tem o mesmo poder aquisitivo para adquirir os produtos que lhes são oferecidos.

Isso pode gerar frustração, devido a obrigatoriedade de se encaixar em “grupos”, de ter

o mesmo que os outros, o que pode ter diferentes consequências no futuro. As

implicações dessa “cultura do consumismo” são as mais diversas e preocupantes.

É possível verificar, ainda, que mais importante que utilizar determinado

produto, é possuir. Consumo desenfreado. Brinquedos, roupas, sapatos, diversos

produtos que vão se acumulando nos armários, apenas para satisfazer o desejo de

possuir, de ostentar determinado status que advém pela posse daquele produto.

Obedecer um padrão. Todas as pessoas acabam se tornando iguais, padronizadas.

Page 2: Criança - A Alma Do Negócio

Os pais vão se tornando reféns dos filhos. Utilizam vários artifícios para tentar

suprir a ausência a qual os filhos são submetidos, devido ao novo ritmo das famílias

contemporâneas. Os pais trabalham cada vez mais para dar “o bom e o melhor” para os

filhos, enquanto isso a televisão e o mercado abarrotam seus filhos de informações,

modismo e imposição de necessidades, para gerar mais e mais lucro.

A infância se perde logo cedo, principalmente para as meninas, que começam a

ser escravizadas ainda nos primeiros anos, onde os padrões de beleza já são impostos à

elas. Padrões de beleza esses, que geralmente são discriminatórios. A menina aprende

que o belo é ser magra, branca, de cabelos lisos, e estar sempre na moda, o que demanda

recursos que muitas vezes sua família não possui. Além disso, a “sexualização” para as

meninas também é precoce e escancarada. Esse pragmatismo contribui para dar

continuidade a um sistema patriarcal e machista, onde a mulher é subjugada e

objetificada, o que faz com que tanto as meninas quanto os meninos aprendam desde

cedo que existem espaços na sociedade para homens e para mulheres, sendo que as

mulheres sempre são colocadas em segundo plano.

Por fim, o que ficou claro é que as crianças conhecem tudo o que consomem

pela marca. Algumas sequer sabem diferenciar animais e frutas, enquanto isso

conhecem de cor a maioria das marcas e propagandas comerciais com as quais

convivem diariamente, o que é, de fato, um quadro preocupante.

Como a comunicação deverá conduzir o seu processo criativo é o cerne da

questão. Enquanto formadores de opinião, os profissionais da área da comunicação que

são responsáveis pelo conteúdo gerado, logo, devem repensar a maneira como tem

trabalhado a publicidade voltada para as crianças. Contudo, como sabemos, só

conscientização não é suficiente quando se tem lucro envolvido, pois os profissionais da

publicidade ali estão para maximizar os lucros das empresas que os contrataram. Nesse

sentindo, o Estado tem o dever de intervir e garantir o direito da criança e do

adolescente determinado pela Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e do

Adolescente.

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,

Page 3: Criança - A Alma Do Negócio

crueldade e opressão. (BRASIL. Constituição Federal de 1988. Grifo nosso)

Portanto, é necessário que o Brasil caminhe em consonância com diversos

outros países no mundo, que trabalham no sentido de regulamentar a maneira como a

publicidade voltada para crianças deve ser feita. Pode-se trabalhar diversos aspectos,

sem deixar de veicular o conteúdo. O importante é procurar fazer a conscientização das

crianças, mostrando a importância de ser criança e viver o período da infância

plenamente, ao invés de se comportarem como adultos pequenos e grandes consumistas.

Referências

ANDI – Comunicação e Direitos; Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.

Mídia e Infância: O impacto da exposição de crianças e adolescentes a cenas de sexo e

violência na TV. Brasil, 2012.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil:

promulgada em 5 de outubro de 1988, com as alterações adotadas pelas Emendas

Constitucionais nºs 1/94. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas,

2011.

CRIANÇA, a alma do negócio. Direção: Estela Renner. [S.I]: Maria Farinha, 2012. 49

min.