cognicao e computacao - trab final

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Autopoiesis

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Teoria de Santiago

Teoria da autopoiesis desenvolvidapor Francisco Varela (1946-2001) e Humberto Maturana

(1928- )

Sumário• Apresentação de H. Maturana e F. Varela• Contexto• Problema• O que é vida? Como defini-la?• É possível estender o modelo de autopoiesis a outros

níveis de organização?o Biologia do conhecero Enaçãoo Intencionalidade

• Sistemas autopoiéticos de ordem superior (Os fenômenosSociais)

Breve apresentação datrajetória intelectual de H.

Maturana e F. Varela

HUMBERTOMATURANA

Ph.D. em Biologia (Harvard, 1958)Professor da Universidade do Chile.

A partir da década de 1950 desenvolve pesquisas comnomes de destaque do movimento da cibernética comoWarren McCulloch e Walter Pitts. Maturana criou oconceito de autopoiesis (1970).

Francisco J. VarelaPh.D. em Biologia (Harvard, 1970)Diretor do CNRS (Paris)Professor

da École Polytechnique.

Desde 1970 juntou-se as pesquisas de H. Maturana comquem desenvolveu os conceitos de autopoiesis e enaçãocampo da biologia e no das ciências cognitivas. Procuroumodelos de compreensão para os sistemas vivos, para acognição e o sistema imunológico. Estabeleceu umarenovada teoria do conhecimento que integrou essesconceitos.

Contexto

Em ciências cognitivas, a teoria da autopoiesis procurou supermodelos do cognitivismo e do conexionismo com o conceito deENAÇÃO.

Inovação dateoria daautopoiesis:

Oposição as teorias do conhecimento representacional(objetivista) e solipsista (idealista).

Em neurofisiologia não aceitaram o modelo sequencial elocalizacionista dos estudos sobre o sistema nervoso.

Estabeleceu que a cognição é um fenômeno biológico enraizado naorganização básica do ser vivo. Neste processo, destaca-se aautonomia e a capacidade de auto-organização.

Problema

“Como nossa experiência está acoplada a um mundo quevivenciamos contendo regularidades que resultam de nossahistória biológica e social” (2010, 263)

Pensar uma teoria da cognição que dispense a concepçãorepresentacionista (sujeito-objeto) e suas implicações idealisou realista.

Aforismos-chave“todo fazer é um conhecer e todo conhecer é um

fazer.”

“Tudo que é dito é dito por alguém.”

Ponto de Partida

“… todo ato de conhecer faz surgir um mundo.”“…todo conhecer é um fazer daquele que

conhece, ou seja, todo conhecer depende daestrutura daquele que conhece.”

O que é vida ???

Surgimento da vida

Redes de reações moleculares:• que produzem as moléculas que

as integram;• que limitam o entorno espacial de

onde se realizam.

Atmosfera PrimitivaAbiogênica

Complexas cadeias decarbono

Ser-vivo“… se caracterizam por – literalmente –

produzirem de modo contínuo a si próprios, o queindicamos quando chamamos a organização que

os define de

organização autopoiética.” (grifonosso)

AUTOPOIESE (do grego auto "próprio", poiesis"criação")

Unidade Autopoiética

• Componentes moleculares em rede contínuada interações (metabolismo celular)

• Fronteira (membrana)

Como se reconhece um ser-vivo ???

O próprio fato de nos perguntarmoscomo se reconhece um ser-vivo já indicaque temos uma ideia, mesmo queimplícita, de qual é a sua organização.

Mas o que éORGANIZAÇÃO ???

Organização“… as relações que devem ocorrer entre os componentes

de algo, para que seja possível reconhecê-lo como membrode uma classe específica”.

Estrutura“…os componentes e relações que constituem

concretamente uma unidade particular e configuram suaorganização”.

Organização

“Essa situação – na qual reconhecemos implícita ouexplicitamente a organização de um objeto ao indicá-lo oudistingui-lo (…) consiste em nada mais nada menos que

gerar classes de qualquer tipo.”

Ato Cognitivo Básico

Ser-vivoO que caracteriza o ser vivo é a sua organização autopoiétiSeres vivos se distinguem porque tem estruturas distintas, m

são iguais em organização.Seres vivos são unidades autônomas.

Mas o que vem a serAUTONOMIA ???

Autonomia

Um sistema é autônomo se é capaz de especificar suaprópria legalidade, aquilo que lhe é próprio.O mecanismo que faz dos seres vivos sistemas autônomos,é a autopoiese, que os caracteriza como tal.

Ontogenia

É a história de mudanças estruturais de uma unidade, semque esta perca a sua organização.

Essa contínua modificação estrutural ocorre na unidade, acada momento, ou como alteração desencadeada porinterações provenientes do meio onde ela se encontra oucomo resultado de sua dinâmica interna.

Ontogenia

A transformação ontogênica de uma unidade não cessa atéque ela se desintegre.

A ontogenia de um metacelular será determinada pelodomínio de interações que ele especifica como unidadetotal e não pelas interações individuais das célulascomponentes.

Acoplamento Estrutural

Dado que uma unidade autopoiética como tendo umaestrutura particular, ficará claro que as interações – seforem RECORRENTES entre unidade e meio – constituirãoperturbações recíprocas.

Acoplamento EstruturalTipo de acoplamento estrutural de cada célula é o estadopresente da história de transformações estruturais dafilogenia a que ela pertence.

É um momento na deriva natural dessa linhagem, queresulta da contínua conservação do acoplamento estruturalde cada célula no meio em que ele se realiza.

Acoplamento EstruturalA adaptação de uma unidade a um meio é umaconsequência necessária do acoplamento estrutural dessaunidade nesse meio.

A conservação da autopoiese e a menutenção daadaptações são condições necessárias para a existência deseres-vivos.

Acoplamento Estrutural

A evolução é uma deriva natural, produtoda invariância da autopoiese e da

adaptação.

Acoplamento Estrutural

Com ou sem sistema nervoso, o ser vivo funcionasempre em seu presente estrutural.

Todos os organismos, inclusive nós mesmos funcionamcomo funcionam e estão onde estão a cada instante,como resultado do acoplamento estrutural.

Perturbações

As mudanças que resultam da interação entre o servivo e meio são desencadeadas pelo agenteperturbador e determinadas pela estrutura do sistemaperturbado.

• Mudanças de estado – mudanças estruturais sem perdada organização

• Mudanças destrutivas – perda da organização

Comportamento

É a descrição – feita por um observador –das mudanças de estado de um sistemaem relação a um meio, ao compensar asperturbações que dele recebe.

Clausura Operacional

Sistema Nervoso – mecanismo que conserva asconstâncias internas, que são essenciais para amanutenção da organização.

Clausura Operacional – mudanças geram outrasmudanças para manter relações entre seuscomponentes (sensoriais e motores) invariantes.

Clausura Operacional

Mudança

Sistema Nervoso

AutonomiaOperação Circular

Conhecimento

Biologia do Conhecer

Teoria da Autopoiesis é uma Teoria geral da cogniç

COGNIÇÃO = AÇÃO = Fenômeno biológico

Teoria da Autopoiesis = Teoria do Conhecimento= Teoria da Enação

Teoria da ENAÇÃOCognição como ação incorporada

Enação, termo cunhado por Maturana e Varela, a partir daexpressão espanhola en acción.

Estudo da percepção da cor:As cores não estão “lá fora” (independentes de nossas capacidades perceptivas e cognitivas) nem “aqui dentro(independentes de nosso meio biológico e nosso mundocultural).

Processo de enação resultada inter-dependência entre percepção

ação e cognição.

PERCEPÇÃO

AÇÃO

COGNIÇÃO

Percepção é ação guiada pelapercepção

Ação

Percepção

O estudo da percepção mostra como o sujeito percebedoconsegue guiar suas ações em uma situação local

que se transformam constantementedevido à atividade do sujeito percebedor

Não há ponto de referência fixo e independente (ummundo dado anteriormente da percepção) paracompreender a percepção.

A referência é a própria estrutura sensório-motora dosujeito.

Pesquisa de Maturana, Lettvin,McCulloch e Pitts

O nervo ótico de um girino foi cortado e religado comuma rotação de 180º. O animal cresce nessas condiçõese observou-se que com seu olho virado coberto ele écapaz de capturar a sua presa. Com o olho normalcoberto o animal sua língua é sempre lançada a um ponque apresenta também rotação de 180º.

Esse comportamento demonstra a correlação internaentre o lugar da retina que recebe uma perturbação e umcontração muscular que move a língua, o pescoço e todoo corpo do sapo.

A operação do sistema nervoso é uma expressão dsua conectividade ou acoplamento estrutural.

E o comportamento resulta das relações das atividades internas do sistema nervoso.

A cognição emerge dos esquemas sensório-motoresrecorrentes, circulares, com fechamento operacional, quepermitem à ação ser guiada pela percepção.

É a estrutura sensório-motora, a maneira pela qual osujeito que percebe está incorporado em um corpo, quedetermina como o sujeito pode agir e ser modulado pelosacontecimentos do meio.

O conhecimento é dependente do contexto porquedepende dos tipos de experiência que decorrem do fatode se ter um corpo dotado de diversas capacidades sensório-motoras que se inscrevem num contexto biológico, psicológico e cultural mais amplo.

O problema da intencionalidade

Duas definições de intencionalidade:

1) “A intencionalidade é o referir-se ou o reportar-se do ato de consciência a outra coisalguma coisa que não é o próprio ato de consciência. Para Husserl, essa noção defprópria natureza da consciência em geral, que, por isso, é um transcender que consuma relação com o objeto "em pessoa” e não com uma imagem ou representação d(Abbagnano, p. 576).

2) “O termo intencional é usado por filósofos em geral não aplicado às ações, mas é uspara significar ‘dirigido a um objeto’. Mais coloquialmente, para uma coisa ser intencé preciso que seja sobre algo. Paradigmaticamente, os estados mentais e eventos sintencionais neste sentido técnico (que originou-se com os escolásticos e foi reintrodem tempos modernos por Franz Brentano). Por exemplo, crenças, desejos earrependimentos são sobre as coisas ou ter ”objetos intencionais": Eu tenho crençassobre Boris Yeltsin, eu quero uma cerveja e a paz mundial, e lamento concordar emescrever tantas artigos de enciclopédia” (The MIT Encyclopedia of the CognitiveSciences, p. 413-414).

O que ocorre em um sistema vivo é análogo ao que ocorre em uvôo instrumental onde o piloto não tem acesso ao mundo exterideve funcionar somente como um controlador dos valoresmostrados nos seus instrumentos de vôo.

Sua tarefa é assegurar um caminho para a leitura dos seusinstrumentos, de acordo com um plano prescrito, ou de acordocom um especificado a partir da própria leitura.

Daí conclui-se que um sistema vivo não tem entradas (inputs).Na organização dos sistemas vivos o papel da superfície efetorsomente manter constante um conjunto de estados da superfícireceptora, não é agir sobre o ambiente, não importa quãoadequada uma descrição possa parecer para a análise daadaptação, ou qualquer outro processo.

Os Fenômenos Sociais

Acoplamento de Terceira Ordem• São de extrema importância para a continuidade da

espécies compostas por organismos sexuados, uma vezque ao menos os gametas devem se encontrar e se fundi

• São importantes também para criação de filhotes. Pode- scitar o exemplo de um pássaro (macho/fêmea) que produum líquido leitoso no seu papo que é regurgitado para osfilhotes.

• Acoplamento de terceira ordem: Trata- se de umacoplamento estrutural entre organismos com sistemanervoso que permita a manutenção da individualidade deambos.

Insetos Sociais• Embora praticamente universais, os acoplamentos sexua

e de criação de filhos não são os únicos possíveis.• O mecanismo de acoplamento entre a maioria dos insetos

sociais se faz por meio de intercâmbio de substâncias.Trata- se de um intercâmbio químico.

• Ex: Nas colônias de formigas, as mesmas trocam sucogástrico entre si sempre que se encontram. Nesseintercâmbio químico são definido o papel de cada formigana colônia.

Vertebrados Sociais• Ex 1: Rebanho de ungulados fogem quando um animal

estranho se aproxima.• Ex 2: Uma matilha de lobos é capaz de perseguir e matar

um gigantesco alce.• Em nenhum desses exemplos citados apenas um

componente da matilha ou do rebanho conseguiria realizao comportamento mencionado sozinho. Trata- se de umcomportamento social.

• Toda vez que há um fenômeno social, como os citados, hum acoplamento estrutural entre os indivíduos.

• Os organismos satisfazem suas ontogenias (característicada espécie) individuais por meio de seus acoplamentosmútuos, na rede de interações recíprocas formada comindivíduos da mesma espécie.

Condutas Culturais

• Alguns pássaros possuem condutas culturais ontogênicas

• Alguns se acasalam por meio do seu canto. E esse cantopertence exclusivamente ao casal que o criou. Essacoordenação do canto é ontogênica, pois trata- se dacaracterística da espécie.

Condutas Culturais

• Os vertebrados tem uma tendência de imitação.

• A imitação permite que um certo modo de interação váalém da ontogenia individual e se mantenha invariante pogerações.

Condutas Culturais• Estudos feitos com macacos primatas no Japão, mostrara

que a imitação também é feita por eles.

• No estudo uma macaca inteligente aprendeu a lavar obatata e o trigo no mar para tirar as impureza.

• A batata e o trigo eram deixados por cientistas na areia.

Condutas Culturais

• O comportamento passou a ser imitado por outros macace se tornou comum no comportamento da espécie.

• Esse comportamento é chamado de conduta cultural.

Referências Bibliográficas• Capra, Fritjof. A teia da vida. Uma Nova Compreensão Científica dos Sistema

Vivos. São Paulo, Cultrix, 2004.• Maturana, H. e F. Varela. A árvore do conhecimento. As bases biológicas da

compreensão humana. São Paulo, Palas Athena Editora. 8ª. Edição, 2010.• Maturana, H. R. , Lettvin, J. T., McCulloch, W. S., Pitts, W. H. Evidence that c

optic nerves fibres in a frog regenerate to their proper places in the tectum.Science 130: 1709. 1959.

• Lettvin, J. T., Maturana, H. R., McCulloch, W. S., Pitts, W. H. What the frog's tells the frog's brain? Proc. of the I. R. E. 47 (11): 1940- 1951, 1959.(http://www.citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.117.4995).

• Sperry, R. W. Optic Nerve regeneration with return of vision in anurans.Neurophysiol 7: 57–69, 1944 (http://jn.physiology.org/cgi/reprint/7/1/57).

• Varela, F. Conhecer. Lisboa, Instituto Piaget, 1994.• The MIT Encyclopedia of the Cognitive Sciences editado por Robert A. Wilso

Frank C. Keil. Massachusetts Institute of Technology, 1999.• Abbagnano, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo, Martins Fontes, 2007.

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