cânone da harmonia, margarida santos

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Catálogo exposição temporária, de 21 de Maio de 2016 a 31 de Dezembro de 2016, na Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro. Com poema de Aurora Gaia

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MARGARIDA

SANTOS

Ficha Técnica

Edição Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro CuradoriaVieira Duque

Escultura Margarida Santos

DesignJoão Teixeira, Estagiário em Arte e Design, Escola Superior de Educação de Coimbra Catarina Martins, Estagiária em Técnica de Multimédia, Instituto do Emprego e Formação Profissional de Águeda

Fotografias: António Santos João Teixeira

Secretariado:António Santos

Maio/2016

Cânone da Harmonia

Para te encontrar na minha vida

bastou simplesmente olhar-te E

com olhos nos meus dedos acariciei o teu corpo

feito estátua de bronze cor antracite fogo

fogo que funde dois corpos dos pés até ao beijo

Deixa que o fogo que funde o bronze , o ferro, o ouro e a prata

me puri�que do meu vício de ti

E é em ti que eu me dobro – sobre ti

E é em ti que eu me debruço – sobre ti e apago o fogo

E é nesta água que corre desta gruta perdida bem

no centro deste des�ladeiro tormentoso

Nesta vertigem inebriante dos sentidos E

como se fosses um anjo eu imploro

Como podes meu anjo não ouvires os meus gritos

Como podem as tuas maõs desprender-se

Como podem ao de leve tocar meus mamilos túrgidos

Como podem as tuas mãos soltar-se do bronze

Como pode a tua palma da mão fundir-se na palma da minha mão

Tudo aconteceu quando vi a escultura

Cânone da Harmonia de Margarida Santos

Como pode uma estátua queimar assim

Como podes beber avidamente desta água da minha fonte

Como podes beber mais e mais ainda ainda deste rio que de mim corre

Como pode a tua língua qual chicote fustigar o meu corpo até desfalecer

Como posso viver sem o teu fogo que funde o bronze o ferro o ouro e prata

Como posso

Como posso

E nesta fusão dos corpos em Harmonia

tal cânone dos sentidos aconteceu o espanto

O espanto em que �quei quando te vi e toquei

com os meus olhos feitos dedos

Em ti feito estátua de bronze tal Cânone da Harmonia

Aurora Gaia

Em Cânone da Harmonia, escultura em bronze, Margarida Santos conjuga o material e a mestria com a sensualidade e o Ser, de uma forma sublime que permite considerar este trabalho como a sua obra-prima de excelência.

Margarida Santos Nasceu em 1946. Obteve a Licenciatura em Escultura na E.S.B.A.P., 1968. Foi bolseira da Gulbenkian antes e depois do Curso. Foi professora entre 1968 e 2006. Orientadora pedagógica da Direcção Geral do Ensino Básico; Orientadora da equipa da Educação Visual da Telescola; Autora, apresentadora e colaboradora de programas culturais da imprensa, da rádio e da televisão; directora artística da Galeria da Praça. Autora de obra pública e privada na área da Escultura: bustos, retratos, relevos, troféus, múltiplos, medalhas e monumentos; de programas radiofónicos e de artigos de opinião, crítica e crónicas na imprensa falada e escrita; de textos críticos para catálogos de exposições. Responsável por cursos para orientadores de professores, filmes pedagógicos e didácticos, diaporamas. Autora e ilustradora de poesia e de obra gráfica. Autora de monumentos de grande escala implantados no país e no estrangeiro. Realizou deze-nas de exposições individuais dentro e fora do país. Participou em centenas de mostras colecti-vas. Desde 1968 até à actualidade desenvolve profícua actividade na área Literária e nas Artes Plásticas - escreve, desenha, pinta e sobretudo esculpe. A sua casa-atelier situa-se em Canelas, Gaia.

Recordo o que disse aquando da minha primeira visita ao seu atelier: “Porque vale pela sensuali-dade, pelas formas, pela estética... Enfim, pela Arte! Margarida Santos, porque vale bem a pena para balizarmos o BOM!”

Cânone da Harmonia irá estar patente ao público no Espaço Projectos Memorium – Jardim de Inverno do Museu da Fundação, a partir do dia 21 de Maio de 2016, e permanecerá até ao dia 31 de dezembro de 2016, como força motriz que impulsará diálogos sobre a Arte como génese e fruição do Ser.

“Feito estátua de bronze cor antracite fogo

fogo que funde dois corpos dos pés até ao beijo”.

Aurora Gaia, in Cânone da Harmonia

CÂNONE DA HARMONIA

Vieira Duque

Cânone da Harmonia 2003Margarida Santos Escultura em Bronze2160x600x600Valor Comercial: €75.000,00

Cânone da Harmonia 2003Margarida Santos Escultura em Bronze2160x600x600Valor Comercial: €75.000,00

Cânone da Harmonia 2003Margarida Santos Escultura em Bronze2160x600x600Valor Comercial: €75.000,00

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Há apenas afazeres Nada é velho a não ser a solidão e o desejo de ternura

Margarida Santos, in Fragmentos de uma Biografia Roída

Clarice Lispector, in Água Viva (1973)

Mas a palavra mais importante da língua tem uma única letra: é. É.Estou no seu âmago. Ainda estou.Estou no centro vivo e mole. Ainda. Tremeluz e é elástico. Como o andar de uma negra pantera lustrosa que vi e que andava macio, lento e perigoso. Mas enjaulada não - porque não quero. Quanto ao imprevisível – a próxima frase me é imprevisível. No âmago onde estou, no âmago do É, não faço perguntas. Porque quando é – é. Sou limitada apenas pela minha identidade. Eu, entidade elástica e separada de outros corpos.

Olhado do interior de mim mesmo, tudo é eu.

José Ortega y Gasset, in Ensaios de Estética

Stig Dagerman, in A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer

… a liberdade começa na escravidão e a soberania na dependência. O sinal mais vivo da servidão é o medo de viver. O definitivo sinal da liberdade é o facto de o medo deixar espaço ao gozo tranquilo da independência. Dir-se-á que preciso de ser depen-dente para conhecer o gozo de ser livre!

Felicidade é aquela que te escraviza ao cotidiano, ao pão nosso de cada dia, e não altera a rota das tuas quimeras fracassadas. Felicidade é quando alguém apara as tuas asas, justo aquelas que te levam a sonhar, para que tenhas como escusa do teu tropeço o nome do teu algoz.

Nélida Piñon, in Coração andarilho

No princípio era o verbo e o verbo tornou-se carne”. É como se repetisses a história da criação. A dualidade que divinizas é o desespe-ro, a bancarrota da lógica e da filosofia; é a ilusão que mantém coeso o sistema planetário humano. É a grande mentira da criação que empresta a perfurante nota de tristeza a todas as grandes obras de arte.

Excerto da carta de Henry Miller a Anais Nïn13 de Outubro 1992

Amo-te ao ponto de já não ver De já não ouvir Morrer…

Marguerite Duras, in India Song

Ah! momentos de fraqueza e loucura! Agora vejo que teria mutilado a minha vida, arruinado a minha arte, quebrado as cordas musicais que fazem uma alma perfeita. Mesmo enlamea-do te louvarei, desde os abismos mais profundos clamarei por ti.

Excerto da carta de Oscar Wilde a Lord Alfred Douglas20 de Maio de 1895

Amo-vos muito, meu Castorzinho…

Derradeira despedida de Sartre a Beauvoir1980

Tanta água correndo por baixo das pontes Tanto fogo consumindo paisagens Tanta agitação Aviação variada Cruzeiros fabulosos Leituras infindáveis Um cansaço bom Uma intensa preguiça na exaustão de nada produzir

Margarida Santos, in Fragmentos de uma Biografia Roída

Margarida Santos:Arte desde 1946.

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