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Brincadeiras infantis: um espaço para o letramento

Profª Drª Rosemeire Messa de Souza Nogueira

Projeto de extensão profª Drª Thaise da Silva

Infâncias, Brincadeiras e letramento

• Brincadeiras na infância;

• Brincadeiras no processo de letramento

• Sugestão de atividades

O menino mudo

Busca o menino a sua voz.(quem a tem é o rei dos grilos.)

Em uma gotinha de águabusca sua voz o menino.Não a quero para falar;

farei com ela um anelzinhoque o meu silêncio levará

no dedo, o seu dedo mindinho.Em uma gotinha de águabusca sua voz o menino.

(A voz dele, presa lá longe,veste uma roupa de grilo.)

Segundo Carvalho (2008)

• “As culturas infantis são constituídas por um conjunto de formas, significados, objetos, artefatos que conferem modos de compreensão simbólica sobre o mundo. Ou seja, brinquedos, brincadeiras, músicas e histórias que expressam o olhar infantil, olhar construído no processo histórico de diferenciação do adulto.”

• Em estudos que tratam da infância há o reconhecimento da brincadeira considerada como prática cultural e linguagem da criança no processo de significação do mundo.

• VEJA A IMAGEM A SEGUIR

IMAGEM 2: Jogos infantis. Peter Bruguel. Holanda, século XVI.Fonte: MICKLETHWAIT, 1997

Carvalho (2008)

• Mostra a pintura anterior como um documento histórico, por meio desse, podemos ver brincadeiras e brinquedos em vários contextos geográficos, sociais e históricos.

• Trata também de uma dimensão universal que podemos perceber ao comparamos gestos, coreografias e brinquedos comuns em contextos sociais diferentes.

BRINCADEIRAS

Brincadeiras semelhantes em contextos diferentes:Brincadeiras de roda;Pique – esconde;Brincar de casinha;Brincar de cavalinho;

Criança produtora de cultura

• A criança entendida como produtora de cultura torna-se também sujeito de pesquisas.

• Essas pesquisas estudam as brincadeiras como manifestações culturais, são linguagens das crianças, analisando “a brincadeira como prática cultural e linguagem de significação do mundo pela criança” (CARVALHO, 2008).

Segundo Carvalho (2008)

• A brincadeira no contexto cultural pode ser transmitida entre as crianças e pelos adultos.

• Outros brinquedos são produzidos em determinados lugares, devido aos materiais disponíveis e ao universo adulto que dialoga com as crianças. Como por exemplo o barco das crianças da aldeia Pataxó estudada pelo referido autor.

IMAGEM 4 : Canoa feita com palha de coqueiro. Mangue Seco- SE. 2000

Fonte: Acervo pessoal de Carvalho (2008)

Carvalho (2008) conclui

• Então existe uma diversidade da brincadeira como uma prática cultural e ao mesmo tempo uma universalidade com brincadeiras que estão presentes em espaços geográficos e históricos diferentes.

• Vejamos as imagens a seguir:

IMAGEM 5 : Casinhas de folha de bananeira. Aldeia Pataxó.

Fonte: Registro de campo. Carvalho (2008).

IMAGEM 6: Burrinhos de mandioca.Fonte: Registro de campo. Carvalho (2008)

IMAGEM 7: Vagem de fedegoso.Os adultos usam para o artesanato e as crianças brincam de estourar as

vagem e riem com o barulho.Aldeia Pataxó. Fonte: Registro de campo. Carvalho (2008)

• No CEIM e na escola também há produção de cultura.

• Pergunto quais são as brincadeiras das crianças na sua escola e no CEIM?

• A seguir apresento brincadeiras de crianças nesses locais.

Imagem 05: brincado de casinha

Imagem 06:Corrida de cavalinho organizada pelas crianças. Arquivo pessoal. Nogueira (2013)

Imagem 07: Brincadeira de casinha. Arquivo pessoal. Nogueira (2013)

A BRINCADEIRA COMO PARTE DO PROCESSO DE LETRAMENTO

O QUE É LETRAMENTO?

É POSSIVEL A BRINCADEIRA SER UTILIZADA DENTRO DO PROCESSO DE LETRAMENTO?

COMO ?

Segundo Magda Soares (2009)

• “*...+ se denomina letramento, de que são muitas as facetas – imersão das crianças na cultura escrita, participação em experiências variadas com a leitura e a escrita, conhecimento e interação com diferentes tipos e gêneros de material escrito.”

Magda soares (2009) afirma:

• “a alfabetização, de que também são muitas as facetas – consciência fonológica e fonêmica, identificação das relações fonema–grafema, habilidades de codificação e decodificação da língua escrita, conhecimento e reconhecimento dos processos de tradução da forma sonora da fala para a forma gráfica da escrita.”

Segundo Corsino (2005), em suas pesquisas afirma:

• “Vários relatos trazem o trabalho com diferentes tipos de textos em sala de aula, como trabalho com o letramento. Enumeram indiscriminadamente suportes textuais (jornal, cartaz, lista telefônica) e gêneros discursivos a serem trabalhados na sala de aula. Assim, entendem que na roda de leitura podem levar uma carteira de identidade ou uma lista telefônica para mostrar para as crianças...

Segundo Corsino (2005)

• “A parcialidade na abordagem do conceito fica evidente ao excluírem os gêneros do discurso do seu contexto de enunciação, como se a simples demonstração do texto possibilitasse a apropriação de um gênero. Como afirma Bakhtin (1992b), existem tantos gêneros de discursos quanto atividades humanas. Vivenciar diferentes contextos de enunciação e seus gêneros discursivos é ter acesso à universalização da cultura. Diferentes tipos de textos só fazem sentido em contexto de uso, em práticas sociais em que as crianças participam.”

Corsino (2005) afirma que

• “Do relato sobre a professora que entendeu letramento como o trabalho com as letras do alfabeto aos que se remetem a observações de situações significativas na sala de aula, foi possível identificar a existência de concepções de leitura e escrita [...] antagônicas. É tanto possível encontrar professoras dando cópias e repetições de letras para as crianças quanto registro de situações vividas e projetos interessantes onde perpassam diferentes gêneros do discurso e suas práticas sociais.”

• Segundo a referida autora , a leitura de histórias foi assumida por todas as professoras, mas “Conforme foi observado, a mediação da leitura está centrada nos professores, da escolha dos textos aos espaços abertos à interlocução. Num relato sobre um momento de formação de professores, a seleção dos livros de literatura teve como critério predominante o tema a ser desdobrado em trabalhos, o que se concretizou na maioria dos momentos observados em sala de aula. (...)

• “A relação laboriosa e utilitária do livro pareceu predominar. Nas observações, as crianças tiveram poucas oportunidades de, como diz o poeta Manuel de Barros, carregar água na peneira. Brincaram pouco com a imaginação e com a linguagem, registraram pouco suas releituras, reproduziram sentidos mais que produziram. Foi também observado que ter livros de qualidade e organizados em salas de leitura nem sempre garante a utilização do acervo e o trabalho desinteressado com o texto literário.” (...)

• “As cantigas, os versos que acompanham gestos, toques e carinhos e as histórias são os textos que partilham as brincadeiras e nutrem o imaginário da criança. Os textos literários, pela proposta ficcional, fazem a criança entrar no jogo de significações, compondo outros mundos e ampliando sua experiência. Nas entrevistas e observações, a literatura apareceu como acompanhante dos temas trabalhados. Com isso, muitas vezes, este jogo de significações ficou limitado”. (...)

• “Os relatos das entrevistadas indicam que é a maneira como a linguagem é abordada [...] que faz a diferença, tornando o trabalho interessante. Mas a linguagem percebida como eixo que perpassa os projetos de trabalho, apresentou-se presa à escrita e à informação. A voz dos in-fans, que se constitui enquanto sujeito na medida em pode se dizer e deixar marcas,” (...)

• “foi muitas vezes silenciada em textos que tomam a sua voz sem pedir autorização, em soluções já prontas, em propostas amarradas, em explicações simplificadas e gestos contidos. Para a linguagem ser fio condutor, não bastam atividades integradas a um tema, é preciso ser tomada como instância [...] de enunciação e, portanto, de produção de sentido.”

Letramento

• Letramento é trabalhar a partir da linguagem da criança, inserindo-a no processo de produção de textos, de significados para os textos escritos.

• Viver o texto em seu contexto social;• Buscar nas histórias trazidas pelas crianças o

motivo de ler e escrever.• Buscar nas brincadeiras o motivo de ler e

escrever.• É preparar um ambiente que contribui para a

compreensão da função social da escrita.

Crianças desenham e escrevem no chão

A observadora coloca no chão um tapete cheio de livros e ...Noutro canto uma caixa de brinquedos e...As crianças vão brincar nesse pátio;Encontram os livros e logo começam a ler, encontram os brinquedos e começam a brincar;Pedem a professora ler um, dois livros;O tempo passa, há crianças brincado de corre-corre, outras de bonecas e carrinhos;Uma criança traz um giz e começa a desenhar . A professora coloca mais giz colorido em um cantinho, rapidamente as crianças pegam .Um grande grupo começa a desenha e escrever palavras no chão.

Dentro da caixa de brinquedos há ...

Há Brinquedos,cartazes com poesias;bonecas,há advinhas,carrinhos,Bilhetes eHistórias escritas por eles mesmos.

Na caixa tem também

Ciranda(Cecília Meireles)

Eu queria ser a rosalá-lá-rá-lá-lá-lá-lá,E, vivendo num jardim,.Ter besouros, borboletas,lá-lá-rá-lá-lá-lá-lá,Cirandando ao pé de mim ! ...Eu queria ser a praia,Ló-ló-ró-ló-ló-ló-ló.Onde as ondas vão brincar;

.E seria toda a vida,Ló-ló-ró-ló-ló-ló-ló.Bem querida pelo mar !.Eu queria ser estrela,Li-li-ri-li-li-li-li,sendo a noite minha irmã,.Para despontar à tarde,Li-li-ri-li-li-li-li,E esconder-me de manhã ! ...

Encontrei um

Bilhete, Uma bolinha, a minha história, um aviãozinho, uma ...As crianças vão brincar no campinho, fora da escola com a professora.Lá começam a brincar de bola,Logo percebem que tem coisas escondidas na areia

Encontrei uma advinha e...

Vamos contar história no ...

Desenhos de crianças

Produção de materiais

Sugestão de atividade

• Desenvolver uma atividade com as crianças.• Uma atividade que coloque a língua escrita como

linguagem da criança, estimulando-a a dialogar com o texto e com os colegas.

• Nesse momento, procure valorizar a produção da criança. Ela pode produzir: falas, organizar brincadeiras, produzir histórias orais que podem ser escritas/reescritas junto com a professora e ilustradas por elas, brinquedos com ajuda, ler textos com orientação, ler imagens, fazer a escrita por imagens, escrever palavras significativas memorizadas anteriormente, ou escrever texto quando já sabe.

Referências

• CARVALHO, Levindo Diniz. Infância, Brincadeira e cultura. 31ª Reunião ANPED Caxambu MG outubro de 2008. Disponível em http://www.anped.org.br/reunioes/31ra/1trabalho/GT07-4926--Int.pdf. Acesso em 20/08/2013.

• CORSINO, Patrícia. Infância, Educação Infantil e letramento na Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro: das políticas à sala de aula. Diponívelem: ww.anped.org.br/reunioes/28/textos/gt07/gt07499int.rtf‎. Acesso em: 07/07/2013

• MELLO, Suely Amaral. O processo de aquisição da escrita na educação infantil: contribuições de Vigotsky. IN: FARIA, Ana Lúcia Goulart e MELLO, Suely Amaral (orgs.). Linguagens infantis: outras formas de leitura.Campinas: Autores Associados, 2005, p.23-40

• Nogueira, Rosemeire Messa. Projeto de pesquisa o Jogo imaginário na educação infantil. Dourados MS: UFGD/FAED, 2012-2013.

• SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Disponível em www.sielo.br. Acesso em 04/02/2012.

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