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Universidade São Judas Tadeu Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado em Educação Física ALINE RODRIGUES SANTOS PEDAGOGIAS PARTICIPATIVAS E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UMA EXPERIÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL. São Paulo 2018

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Universidade São Judas Tadeu

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu

Mestrado em Educação Física

ALINE RODRIGUES SANTOS

PEDAGOGIAS PARTICIPATIVAS E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UMA

EXPERIÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL.

São Paulo

2018

Universidade São Judas Tadeu

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu

Mestrado em Educação Física

ALINE RODRIGUES SANTOS

PEDAGOGIAS PARTICIPATIVAS E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UMA

EXPERIÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL.

Dissertação apresentada à Universidade São

Judas Tadeu como requisito parcial à obtenção do

título de Mestre em Educação Física na linha de

pesquisa Educação Física, Escola e Sociedade,

sob orientação da Profa. Dra. Elisabete dos Santos

Freire. Linha de pesquisa: Educação Física, Escola

e Sociedade.

São Paulo

2018

Santos, Aline Rodrigues.

S237p Pedagogias participativas e educação física escolar: uma experiência no ensino

fundamental / Aline Rodrigues Santos. - São Paulo, 2018.

f.: il.; 30 cm.

Orientadora: Elisabete dos Santos Freire.

Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu,

São Paulo, 2018.

1. Educação física escolar. 2. Currículo. 3. Metodologia de ensino. I. Freire,

Elisabete dos Santos. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-

Graduação Stricto Sensu em Educação Física. III. Título

CDD 22 – 796.01922

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Universidade São Judas

Tadeu

Bibliotecária: Cláudia Silva Salviano Moreira - CRB 8/9237

DEDICATÓRIA

Dedico a todos meninos e meninas que partilharam suas infâncias comigo.

Dedico à minha rosa, pois ela é única no mundo.

AGRADECIMENTOS

À minha querida orientadora que teve a paciência e a compreensão nos

momentos certos, e a atenção e a disposição de sempre me atender e ouvir todas

as dificuldades desse árduo caminho. Muito obrigada por tudo!

Aos meus amigos de caminhada, que dividiram comigo suas expectativas,

angústias e conquistas. Obrigada, Uirá, pelos conselhos e a partilha nos

ensinamentos, obrigada, Polly, pelo constante bom humor e jeito de olhar o mundo

tão próximo do meu. Obrigada, Paulo e Vinicius, por partilharem com muita

generosidade seus ensinamentos e rotina pedagógica, vocês me mostraram que eu

não estava sozinha. Obrigada, Camila, pois você foi a primeira pessoa que me

relacionei nessa caminhada e já de cara me abraçou com muito carinho.

A CAPES, por ter concedido a bolsa para que eu pudesse realizar essa etapa

em minha formação.

Ao Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Física, Escola e Currículo que

oportunizou discutir a educação física escolar sobre a ótica de quem faz a escola, a

parceria e o contato com todos vocês me transformou.

À professora Graciele, que é a culpada de tudo isso! Se não fosse aquele

encontro casual eu não estaria aqui.

À professora Mônica que me deu uma aula na qualificação com muita

generosidade e carinho. Sua voz ecoa na minha prática desde então.

A Bel, que acompanha toda a minha trajetória de formação e foi fundamental

para que eu estivesse aqui hoje. Obrigada, Belita!

Aos meus pais, que mesmo sem entenderem o motivo de tudo isso, sempre

me apoiam em todas as minhas escolhas, se hoje sou essa pessoa devo a vocês

dois, obrigada!

À minha irmã que vem crescendo comigo e partilhando uma nova relação, cheia de

admiração, carinho, cuidado e respeito. A hora que a coisa aperta ela está sempre

lá! Obrigada Teaser!!!!

Às minhas companheiras de trabalho que me trouxeram o desafio cada vez maior.

Obrigada, Lu, por acreditar nessa menina sapeca, e me mostrar com tanta

generosidade o melhor lado de uma gestão escolar. Obrigada, Rê, por partilhar

todos os momentos comigo e não permitir que eu desistisse, o seu carinho e

confiança são fundamentais para mim, afinal eu sou eu e os outros são os outros.

Às amigueles que foram parceiras em momentos cheios de angústia e ansiedade,

obrigada Bruna e Leydi por fazerem parte da minha vida.

À Thayse, que me conhece e sabe o que exatamente eu sou e quero, obrigada

pelos lanches, pela parceria, carinho e dedicação, sem você isso não poderia ser

possível!

Aos meninos e meninas que mergulharam de cabeça nessa experiência e me

possibilitaram traduzir uma boa prática pedagógica. Gratidão!

A todos os meus amigos, de perto e de longe, que ajudaram a construir o que sou

hoje. Obrigada!

Mais que ontem...

Menos que amanhã...

RESUMO

A Educação Física escolar está em constante construção dentro da escola e tem

vários desafios, sendo um deles o foco desse estudo: a organização da prática

pedagógica condizente com o interesse das crianças para construir processos de

ensino aprendizagem mais significantes e participativos. A partir de uma lógica da

pedagogia da participação a abordagem de projetos se configura como uma

possibilidade de organização pedagógica, que efetive a participação do aluno na

construção do conhecimento sobre a cultura corporal de movimento e a constante

reflexão da prática pelo docente. O presente estudo pretende analisar uma

experiência na Educação Física Escolar pautada numa perspectiva participativa com

a abordagem de projetos e conhecer a percepção da professora e dos alunos

envolvidos em sua implementação. Para tal, utilizaremos a vertente qualitativa de

pesquisa. Utilizaremos como modalidade de pesquisa o estudo de caso. O estudo

tem como participantes 25 alunos do 2º ano do Ensino Fundamental I, 1 professora

polivalente e a professora pesquisadora que participaram da construção e aplicação

de um projeto didático. Configuram-se como instrumentos de coleta das

informações: a) observação participante, b) Diálogo com os participantes sobre as

aprendizagens e impressões das crianças, registro fotográfico feito pelos

professores e c) diário de campo das impressões da professora pesquisadora

quanto ao processo de implementação do projeto. As informações foram analisadas

com o olhar da análise de conteúdo. As informações nos revelam que a abordagem

de projetos efetiva a participação das crianças na construção significativa do

conhecimento e se traduz como uma possibilidade de organização pedagógica para

as aulas de Educação Física Escolar.

Palavras-Chave: Educação Física Escolar; Abordagem de Projetos; Pedagogia da

Participação.

ABSTRACT

The School Physical Education is constantly being built within the school and has

several challenges, one of them being the focus of this study: the organization of

pedagogical practice in keeping with the children's interest, in order to build more

meaningful and participative learning teaching processes. From a logic of the

pedagogy of participation, the approach of projects is configured as a possibility of

pedagogical organization, which effectively participates the student in the

construction of knowledge about the cultural body of movement and constant

reflection of the practice by the teacher. The present study aims to analyze an

experience in School Physical Education based on a participatory perspective with

the project approach and to know the perception of the teacher and the students

involved in the implementation. For this we will use the qualitative aspect of research.

We will use the case study as a research modality. The study has as participants 25

students of the 2nd year of Elementary School I, 1 polyvalent teacher and the

researcher teacher who will participate in the construction and application of a

didactic project. They are set up as instruments for collecting information: a)

participant observation, b) dialogue with the participants about the children's learning

and impressions, photographic record made by the teachers, and c) the field journal

of the teacher's impressions regarding the implementation process of the project. The

information will be analyzed with the look of content analysis. The information reveals

that the project approach effectively participates the children in the meaningful

construction of knowledge and is translated as a possibility of pedagogical

organization for the School Physical Education classes.

Keywords: School Physical Education; Project Work; Participatory Pedagogy.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Exemplo de construção dos quadros de análise

53

Quadro 2 – Exemplo de Apontamento feito pela professora

pesquisadora

54

Quadro 3 – Exemplo de Apontamento com recurso do registro

fotográfico durante a discussão

55

LISTA DE FIGURAS:

FIGURA 1 – Conjunto de imagens esportes 60

FIGURA 2 – Conjunto de imagens ginástica 60

FIGURA 3 – Conjunto de imagens dança 60

FIGURA 4 – Conjunto de imagens dança 60

FIGURA 5 – Conjunto de imagens brincadeiras 60

FIGURA 6 – Identificação das imagens coletivamente 61

FIGURA 7 – Discussão em grupos 62

FIGURA 8 – “Jogos infantis” – Pieter Bruegel 64

FIGURA 9 – “Brinquedos e Brincadeiras” – Militão dos Santos 64

FIGURA 10 – “Brincadeiras das crianças” – Rosária Silva 64

FIGURA 11 – “Brincadeiras que as crianças brincam" – Aracy 64

FIGURA 12 – “Várias Brincadeiras” – Ivan Cruz 65

FIGURA 13 – Obras Cândido Portinari 65

FIGURA 14 – “Brincadeiras de criança” – Associação C. Pintura Solidária 65

FIGURA 15 – Discussão sobre as imagens e a construção de argumentos 66

FIGURA 16 – Registro da votação das imagens 66

FIGURA 17 – Construção coletiva capucheta 69

FIGURA 18 – Construção da Piaba 71

FIGURA 19 – Vivência com a Piaba 71

FIGURA 20 – Construção da pipa em sala 72

FIGURA 21 – Construção da pipa em casa 72

FIGURA 22 – Início da construção do painel 73

FIGURA 23 – Vivências com os piões 74

FIGURA 24 – Confecção de registro artístico 74

FIGURA 25 – Confecção do painel para exposição 75

FIGURA 26 – Vivência com os aviões de papel 76

FIGURA 27 – Vivência com bolinha de gude 77

FIGURA 28 – Vivência com malabares de água 78

FIGURA 29 – Vivência com a fantasia de cavalheiro 78

FIGURA 30 – Construção do Plastibol 78

FIGURA 31 – Registro de texto instrucional do plastibol 79

FIGURA 32 – Construção da Abayomi 80

FIGURA 33 – Exposição “Arte e Movimento” 82

FIGURA 34 – Painel construído pelas crianças 82

FIGURA 35 – Interação com a família na exposição 82

FIGURA 36 – Interação das crianças para construir brinquedos 86

FIGURA 37 – Desafio criado pelas crianças – batalha de piões 86

FIGURA 38 – Organização das brincadeiras 86

FIGURA 39 – Escolha da obra de arte – foco do estudo 88

FIGURA 40 – Envolvimento nas atividades do projeto 88

FIGURA 41 – Discussão das obras de arte 93

FIGURA 42 – Construção de material 95

FIGURA 43 – Produções Artísticas 95

FIGURA 44 – Registros 98

FIGURA 45 – Momentos de Vivência 102

LISTA DE APÊNDICES

APÊNDICE I – Roteiro e Transcrição da entrevista com a professora

Glória

122

APÊNDICE II – Transcrição da entrevista com as crianças

132

APÊNDICE III – Exemplo de transcrição de vídeo

156

APÊNDICE IV – Categorias preliminares de análise das informações

161

APÊNDICE V – Indícios de participação das crianças

163

APÊNDICE VI – Indícios de aprendizagem das crianças

177

APÊNDICE VII – Indícios das estratégias utilizadas no projeto

295

APÊNDICE VIII – Indícios de dificuldades na construção

do projeto.

208

LISTA DE ANEXOS

ANEXO I - Termo de Autorização e Responsabilidade da Escola para

Execução da Pesquisa

213

ANEXO II – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

214

ANEXO III – Termo de Assentimento dos Participante da Pesquisa –

Alunos

217

ANEXO IV – Termo de Assentimento dos Participante da Pesquisa –

Professora

219

ANEXO V – Parecer Consubstanciado do CEP – Comitê de Ética em

Pesquisa

221

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 17

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 23

1.1 Problemas da Pesquisa ................................................................................... 28

1.2 Objetivo Geral ................................................................................................. 29

1.3 Objetivos Específicos ...................................................................................... 29

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 30

2.1. Da pedagogia tradicional às pedagogias participativas .................................. 30

2.2. Abordagem de projetos: Uma forma de organização

curricular participativa .................................................................................... 34

2.3. O ensino da Educação Física: Da pedagogia tradicional

às pedagogias participativas ........................................................................ 38

3. CAMINHO METODOLÓGICO .............................................................................. 45

3.1. Caracterização do Estudo ............................................................................. 45

3.2. Instrumentos e técnicas para a obtenção das informações ........................... 48

3.3. Análise das Informações ............................................................................... 51

4. DESCRIÇÃO DO PROJETO ................................................................................ 56

4.1. Escolha da turma ......................................................................................... 56

4.2. Aproximação do Contexto e Construção do conceito de

Educação Física ........................................................................................... 57

4.3. Escolha do Tema ......................................................................................... 63

4.4. Ações Pedagógicas do Projeto .................................................................... 67

5. PEDAGOGIAS PARTICIPATIVAS: AVANÇOS POSSÍVEIS ............................... 83

5.1. A participação ............................................................................................... 83

5.2. Estratégias utilizadas ................................................................................... 92

5.3. Situações de Aprendizagem .......................................................................101

5.4. Contribuições Pedagógicas ........................................................................105

CONSIDERAÇÕES PROVISÓRIAS .......................................................................108

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................112

APÊNDICES........................................................................................................... 122

ANEXO................................................................................................................... 213

17

APRESENTAÇÃO

A construção desse trabalho se dá em um momento de encontro, ou melhor,

de reencontro. Reencontrar a si e o mundo que nos cerca é um mergulho profundo

no que construímos e acreditamos, mas acima de tudo é se encontrar com o outro e

perceber que o caminho percorrido está cheio de conquistas, desafios e muitas

histórias, que são responsáveis pelo sujeito de ação no mundo. A procura de

sentindo e de compreensão do caminho foi meu ingresso para iniciar essa jornada,

que não poderia ser feita sozinha e, sim, precisava de muita coragem para enfrentar

essa história, sem esconder ou selecionar apenas os seus bons capítulos.

Encontrei-me, a Aline, professora de Educação Física, pós graduada em

Educação Física Escolar, uma apaixonada pela sua profissão... Será? Sim, após dez

anos do início desse caminho, eu tinha essa dúvida, que me acompanhava

diariamente em todas as minhas 34 aulas semanais com crianças de diversas

idades e com todos os desafios da escola contemporânea. Essa dúvida, se mesmo

depois de tantos anos de trabalho uma professora ainda poderia amar o que faz, foi

crescendo e virando uma insatisfação que precisava ser explorada, vivida, vista e

ouvida. Diante da rotina e do acúmulo de aulas e tensões isso foi ganhando espaço

no meu cotidiano e me gerando vários questionamentos: será que era isso mesmo?

Será que minha aula era boa? Será que a escola nunca vai mudar? Será que a

minha prática é adequada? Será que meus alunos aprendem? Enfim, foram tantos

serás, que me empurram para um único pensamento: como posso me aproximar de

respostas? Nesse instante, o mestrado surgiu como um lugar de reflexão, de

encontro com a Aline que sempre desejou ser professora.

Não posso deixar de recordar o início do caminho na docência, que como de

qualquer outra pessoa, começa na escola. A escola sempre foi um lugar incrível

para mim, desde as minhas mais remotas lembranças, afinal eu tinha uma certeza,

ali seria o lugar que eu passaria o resto da vida, pois desde muito cedo eu percebi

que seria professora.

Por toda a minha formação básica, observei meus professores com profundo

respeito e admiração, pois tinha certeza de que sem eles eu não poderia caminhar

na vida. Por ser uma menina de origem humilde, enxergava que a escola seria

18

minha única oportunidade de evolução, não apenas financeira, pois queria muito

mais do mundo.

Diante dos livros e de tudo o que me foi apresentado nos anos escolares,

percebi que o mundo era muito maior do que minha casa, meu prédio, meu bairro, e

eu queria conhecer, mas também queria mostrá-lo a outras pessoas e ter a certeza

de fazer a diferença na vida delas, como muitos dos meus professores fizeram na

minha. O caminho então se iniciou, pois a certeza era: eu seria uma professora!

Pensando em toda a minha trajetória na educação básica, havia duas

preferências: Geografia e Educação Física, pois passaram pelo meu caminho duas

pessoas incríveis, dois ótimos professores que me cativaram e me fizeram

participante do processo de aprendizagem. Conheci as Américas e os blocos

econômicos e todo o clima apostando pontos nas aulas do Carlos Eduardo que, com

maestria, me conduzia para o mundo inteiro sem me tirar do lugar. Ao mesmo

tempo, me encantava com as brincadeiras e jogos e diferentes manifestações da

cultura corporal com a Silvia que, além de ser professora, era mulher e me mostrou

como uma mulher deve ser guerreira e dona do seu destino. Assim, levei os dois

comigo para o vestibular e me inscrevi para ambas as licenciaturas com a certeza de

que o destino decidiria por mim.

Iniciei a licenciatura em Educação Física e, para minha surpresa, odiei. Havia

o predomínio de disciplinas da área biológica e me incomodava ver tanta gente

musculosa por metro quadrado. Parecia que estava muito longe do que eu havia

imaginado. No primeiro semestre, foi uma avalanche de contração muscular e

anatomia que me frustraram diante das minhas expectativas. Foi então que,

novamente, a figura de bons professores trouxeram outras possibilidades.

Quando iniciei as disciplinas voltadas para a licenciatura, tive a certeza que

esse trajeto era a escolha certa, pois ali me encontrei como profissional e como

pessoa. Já no segundo semestre, envolvida com todos os projetos possíveis na

graduação, fui convidada por uma das professoras a compor uma equipe de trabalho

que possuía como objetivo formar professores e conhecer suas práticas pelo Brasil.

Esta foi uma grande oportunidade que acabava de surgir no meu caminho. A

oportunidade de conviver e conhecer professores de Educação Física do Brasil todo,

suas escolas, seus alunos e, principalmente, suas aulas. Muitos adotavam uma

organização pedagógica diferente – a metodologia de projetos – o que trouxe a

necessidade de estudo para todos eles e elas, envolvidos no programa de formação.

19

Eu, ainda na graduação, tive a missão de produzir conteúdo sobre a metodologia e

as manifestações da cultural corporal.

O encantamento com essa forma de organização da prática pedagógica me

trouxe mais um elemento para o caminho, a parceria com os atores envolvidos no

processo de ensino aprendizagem poderia ser fator fundamental para o sucesso de

uma trajetória de ensino aprendizagem. Presenciei crianças criando jogos em

Coronel Fabriciano – MG, enquanto outros brincavam de malabaristas em Toledo –

PR. Conheci outras tantas experiências vividas em lugares e caminhos tão remotos,

coordenadas por uma ação educativa única: a participação dos seus agentes na

construção do seu conhecimento.

Foi assim que minha caminhada ganhou vários atalhos e lugares que jamais

imaginei estar. Mergulhei de cabeça nessa empreitada que foi concomitante com

todo o meu processo de formação inicial e que, ainda hoje, me faz suspirar, pois

conheci pessoas, lugares e práticas pedagógicas que, de novo, me levaram muito

além das cadeiras escolares e trouxeram vida para tudo que estudei. Assim, esse

projeto foi minha ponte, possibilitando a transposição, com a minha mochila cheia de

livros e conhecimentos teóricos, do imenso rio de incertezas e ansiedades. Durante

esse tempo, ainda pesquisei, participei de congressos, ouvi professores, fiz estágio,

observei aulas e me cerquei de todas as possibilidades e, novamente, coloquei tudo

dentro da minha mochila e segui no caminho, pensando que todos os artifícios

guardados e vividos até ali me dariam condições de enfrentar curvas sinuosas na

prática docente.

E assim, entrei na escola, cheia de anseios e esperança de uma Educação

Física que fosse capaz de compreender meus alunos e estabelecer a parceira que

tanto me encantava. Também construí circos, explorei a natureza, arremessei

brinquedos voadores, experimentei vários brinquedos e suas possibilidades,

questionei vários jogos, criei outros tantos e tudo isso em parceria com minhas

crianças, que pelo menos duas vezes por semana me acompanhavam nesse mundo

encantado para eles, a aula mais esperada, a mais legal: a aula de Educação Física.

Além dos momentos com os alunos e alunas durante as aulas, também tive a

oportunidade de ter o contato direto com professores e auxiliares de educação

infantil durante um processo de formação sobre a importância do brincar, em que

conduzi um processo de formação continuada em parceira com as agentes do

processo escolar. Então pude fazer muitas reflexões sobre a prática pedagógica

20

com o olhar para a criança pequena e compreender que os espaços e tempos da

escola necessitam ser repensados.

Durante o percurso, ainda tive outra experiência, a de coordenar professores

especialistas e lidar com os adolescentes no ensino fundamental II, que até então

representavam para mim o único lugar que eu não queria estar dentro da escola.

Aceitei esse desafio de lidar com as diferentes disciplinas do currículo e seus

interlocutores, compreendendo seus processos e formações para que fosse possível

pensar em um contexto formativo comum, missão muito difícil. Entretanto, foi nas

crianças maiores que eu encontrei o sentindo da minha presença e trabalho, pois o

potencial de diálogo e empatia com eles me trouxe novos e ótimos questionamentos,

principalmente na questão da participação.

As curvas do caminho muitas vezes me mostraram paisagens incríveis e

ainda me apresentaram momentos de chuvas torrenciais, que faziam desabar sobre

mim uma sensação de incapacidade e impotência diante de todos os desafios

enfrentados. Mas ao amanhecer, eu voltava a caminhar com a minha mochila cheia

de ideias e conceitos. Construí, nesse percurso, várias práticas e parcerias com

alunos e colegas de caminhada e, por muitas vezes, tive que parar, tomar fôlego e

refletir para seguir.

Segundo Perrenoud (2002), a prática pedagógica reflexiva pode nos trazer

insatisfações, mas, sobretudo nos traz dúvidas e questões sobre o desempenho e

como devemos olhar adiante e escolher os caminhos a serem seguidos. Olhando

para a capacidade de reflexão da prática pedagógica não apenas nas situações de

frustração e desconforto, mas, fundamentalmente, na busca por concretizar seu

trabalho, sendo convidado a experimentar diversas possibilidades com seus alunos,

pares, ambientes e recursos.

Então, voltar para a sala de aula querendo olhar adiante se tornou objetivo

diário, pois com a parceria com os meus alunos e nossas construções podemos

vivenciar novos percursos. Entretanto, me deparo constantemente com novas

curvas e obstáculos no caminho. Assim, permaneço construindo reflexões sobre

como a prática docente e as aulas de Educação Física têm me mostrado grandes

desafios em sua execução por todos esses anos e acredito que muitos professores

devam compartilhar minhas angústias. É na busca por compreender minha prática

pedagógica e construir novos conhecimentos que escolhi me reencontrar com todo

21

esse percurso, para seguir diante dos enormes desafios que enfrentamos na escola

hoje.

Nessa construção, concordo com Alarcão (2011) quando afirma que a escola

não é mais o único lugar do saber, as crianças estão em contato diário com muitos

dados e informações e deve ser papel do professor construir conhecimento com

seus alunos, iniciando um processo que envolve todos. Este processo não pode

mais se sustentar apenas pela transmissão de conceitos, mas na gestão e relação

na construção do saber.

Encaro hoje um imenso desafio de olhar para minha prática pedagógica com

o olhar de pesquisadora, desvendando processos e observando dificuldades sem os

costumeiros vícios, olhar de fato uma prática pedagógica a partir olhar da pesquisa e

de todos os seus critérios. Essa busca deverá me conduzir novamente há um

processo formativo cheio de curvas e atalhos. Nesse sentido, levo em consideração

os escritos de Stenhouse (1991), para quem o professor deve ser protagonista do

seu processo de formação, pois é a partir do seu protagonismo que a relação com a

sua imagem e o seu trabalho muda, se fortalece e culmina na produção de novos

conhecimentos que tem impacto no desenvolvimento do currículo, onde o professor

é a produtor de ciência e conhecimento se tornando membro da comunidade

científica.

Nesse sentido, deixo de ser apenas uma reprodutora de aulas e técnicas para

agir e refletir diante do meu objeto de estudo: a Educação Física Escolar.

Encaminho-me para uma nova perspectiva docente, que para Silva (2013) está

ligada ao protagonismo e autonomia do professor na construção dos saberes

profissionais, fortalecendo a perspectiva do professor pesquisador. Assim, a

formação de professores deve estar centrada na aprendizagem dos alunos, na

prática pedagógica e na realidade escolar concreta, ou seja, estar imersa na

profissão do professor, sendo protagonizada pelos mesmos.

Por isso mergulho na minha profissão para compreendê-la com maior

propriedade, o que para Lankshear e Knobel (2008) configura-se com a necessidade

dos professores estarem envolvidos na investigação da sua própria prática, visando

à melhoria do ensino e à qualidade da educação. Isso se dá porque, o envolvimento

do professor com a pesquisa pode instigar uma postura de autovalorização e de

militância da profissão, sendo que é a partir da pesquisa sistematizada e

22

compartilhada que os professores podem desenvolver novos conceitos e

conhecimentos, ampliando sua prática.

Compreendo que o meu papel de professora é de militância, com

responsabilidade diante dos meus alunos e, consequentemente, a Educação Física

não pode exercer apenas um papel de disciplina técnica no currículo escolar. Ela

precisa transgredir a lógica curricular, centrada no professor, e avançar para

processos de parceria, capazes de investigar, experimentar e construir novas

práticas dentro da escola. Para Bracht (2011), a Educação Física que, assim como

as outras disciplinas tem um conhecimento relevante socialmente, sendo esse o

conceito de cultura corporal de movimento, a escola tem como dever possibilitar que

as crianças experimentem, questionem e apreciem esse corpo de conhecimentos.

Utilizo desse conceito para construir minha prática pedagógica, acreditando

que a Educação Física é muito mais do que o fazer, pois deve estar orientada para

atos de apropriação e reflexão sobre essa vertente da cultura, capacitando os alunos

a interpretá-la e usufrui-la, para que possam questioná-la e transformá-la nesse

processo constante de aprendizagem.

Para tanto, encaminho meu olhar de professora, pesquisadora e, sobretudo,

de cidadã, partindo da premissa de que a formação e a prática docente necessitam

da pesquisa para construir novos conhecimentos que se materializam em inovações

no âmbito educacional, modificando o currículo, percebendo que a escola precisa

despertar para o seu novo papel social, deixando de lado a função de informar para

assumir a postura da formação, sendo ela dotada de uma postura investigativa de

todos os agentes envolvidos nos processos educacionais, pois, só a partir da lógica

da partilha e da resolução de problemas através da pesquisa e da discussão, a

escola e sua comunidade serão capazes de inovar.

A partir dessas preocupações e anseios, coloco-me aqui como pesquisadora

que tem como objetivo compreender como se constitui um trabalho na Educação

Física Escolar pautado na perspectiva da participação, utilizando a abordagem de

projetos e nesse movimento possa acompanhar as percepções dos alunos, a

construção de conhecimento nas aulas, para que possamos encontrar caminhos, ou

ao menos nos questionar pelo caminho, refletindo sobre a importância da Educação

Física e da parceria entre professor e aluno em busca de boas práticas que

possibilitem novos trajetórias educacionais.

23

1. INTRODUÇÃO

No contexto em que atuo, me deparo com grandes problemáticas diárias, de

uma comunidade que está envolta em uma dura realidade social, que deixa nossas

crianças à mercê de diversas situações de vulnerabilidade. Dedico meus esforços

para o ambiente escolar, acreditando que a escola pode ser um lugar saudável e

promotor de uma transformação social. Entretanto, ainda assisto uma escola

pautada na premissa da transmissão do conhecimento e percebo a falta de

participação dos alunos nos seus contextos de aprendizagem.

Essa escola infelizmente ainda vive cheia de ranços de um passado regado

de tradicionalismo, onde as crianças apenas são ouvintes e executores de tarefas,

sua aprendizagem é conduzida por livros didáticos feitos por pessoas que não os

conhecem e estão a muitos quilômetros de distância de suas comunidades. Nessa

escola, a figura do professor é o centro do processo educativo, como salienta

Saviani (2018), já que é ele que transmite o acervo cultural e os conhecimentos aos

alunos, que apenas tem a função de recebê-los. Nessa lógica os alunos

permanecem sentados, estáticos e são apenas receptores de conteúdos pré-

estabelecidos.

Acredito que essa escola deveria ter ficado pelo menos no século passado, e

que sua lógica não estivesse presente no cotidiano de nossas salas de aula, porém

assisto a esse cenário ainda. Mesmo depois de diversos escritos sobre sua função e

objetivo, a realidade escolar permanece quase intacta. Nesse contexto, tenho

procurado construir novas práticas que abandonem essa lógica, reconhecida por

Oliveira-Formosinho (2007) como “esquizofrenia educativa”, que perpassa os

processos educativos onde existe uma grande distância entre as propostas

pedagógicas e a realidade vivenciada na escola por adultos e crianças.

Começo a perceber que estou depositada e compartimentada na Educação

Física com seus conhecimentos e informações. Mas, me parece que ela ainda está,

como argumenta Morin (2011), com seu corpo de saberes fragmentado, com horário

e dia para ser retirado da gaveta, mobilizando a interação e aprendizagem dos

alunos apenas naquele momento.

Assim, vou me adequando e tentando construir práticas que sejam capazes

de dialogar com diferentes linguagens e mobilizar diferentes áreas do conhecimento

24

durante minhas aulas, nas quais as crianças possam ser bem mais que movimentos

e corpos saudáveis e que a área não represente apenas um momento de lazer e

pausa no currículo acadêmico. Nesse caminho, tento estabelecer parcerias e

construir novas perspectivas, mas o trajeto é árduo e tortuoso, com uma carga

horária cruel, que muitas vezes impossibilita o planejamento adequado, o

estabelecimento de parcerias e a necessária reflexão sobre a prática. Assim, os

desafios começaram a se somar, como Perrenoud (2002) argumenta, como os “não-

ditos” da trajetória de formação do professor, pois, a partir deles, foi possível suscitar

questionamentos e mobilizar a necessidade de novas aprendizagens. Minha rotina

se familiariza com o contexto de tantos outros professores, que assim como eu,

buscam fazer e mobilizar novas possibilidades no cotidiano escolar.

Este cenário deve estar estampado em várias realidades e me pergunto o que

posso fazer para modificar ou transgredir esse paradigma dominante. Ao enfrentar

essa situação, o professor se vê algumas vezes refém da necessidade de

sistematização dos conteúdos, ora para organizar sua prática, ora para reproduzir

um documento estático sem intervenção e reflexão da comunidade escolar

(ROSÁRIO; DARIDO, 2005).

Em um movimento contrário, busco uma Educação Física pautada na

interpretação do seu corpo de conhecimentos, reconhecidos como cultura corporal

de movimento, tendo a missão de fazer com que meus alunos se apropriem,

usufruam e transformem essa cultura, fazendo relações e interfaces com o seu

cotidiano (BRACHT, 2011). Iniciando, desta forma, um processo de reflexão e

transformação da minha prática pedagógica que para Fino (2008) deve ser

conduzida de dentro para fora, num processo de autocrítica e criatividade sem o

receio de esbarrar nas amarras do currículo, conduzindo a processos de inovação

pedagógica.

Para Perrenoud (2002), a reflexão deve estar envolvida na prática

pedagógica, não apenas nas situações de frustração e desconforto, mas

fundamentalmente na busca por concretizar seu trabalho, sendo convidado a

experimentar diversas possibilidades com seus alunos, pares, ambientes e recursos.

A prática pedagógica reflexiva pode nos trazer insatisfações, mas, sobretudo nos

traz dúvidas, questões sobre o desempenho e como devemos olhar adiante e

escolher os caminhos a serem seguidos.

A partir desse desafio inicio meus estudos na pedagogia da participação:

25

Uma pedagogia centrada na práxis de participação procura responder à complexidade da sociedade e das comunidades, do conhecimento, das crianças e suas famílias, com um processo interativo de diálogo e confronto entre crenças e saberes, entre saberes e práticas, entre práticas e crenças, entre polos em interação e os contextos envolventes. (OLIVEIRA-FORMOSINHO, 2007 p. 15)

Os pressupostos para essa lógica pedagógica estão em seus objetivos:

promover o desenvolvimento de habilidades e competências das crianças, estruturar

diferentes tipos de experiência, construir processos de aprendizagem capazes de

envolver os alunos e alunas, dando significado as suas experiências educativas.

Tendo como orientação, processos de aprendizagem ligados à descoberta, à

resolução de problemas e à investigação. Assim, durante o processo de ensino-

aprendizagem a criança tem o potencial de questionar, planejar suas ações de

aprendizagem, além de experimentar e testar diferentes hipóteses, orientando seus

estudos para uma lógica da experiência e da investigação (OLIVEIRA-

FORMOSINHO, 2007).

Oliveira-Formosinho e Araújo (2004) alertam que, para efetivar uma

participação da criança em seu contexto de aprendizagem, é necessário construir

ações que atendam às necessidades e expectativas das crianças, permitindo que a

criança se aproprie e se envolva no seu processo de aprendizagem, desenvolvendo

o potencial de exploração, criação e comunicação das mesmas.

Campos (2013) salienta a necessidade de uma “gramática pedagógica” que

possa orientar propostas de uma pedagogia em participação. Nesse sentindo,

Oliveira-Formosinho (2007) entende que a gramática pedagógica se operacionaliza

por modelos pedagógicos, que são baseados em referenciais teóricos, capazes de

contextualizar o processo educativo e ações dos seus atores, permitindo concretizar

as situações educativas numa prática pedagógica.

Para Oliveira-Formosinho (2007), o modelo pedagógico se configura como

uma janela de aprendizagens para professores e crianças: a partir da experiência e

da experimentação de uma ação dialógica, o cotidiano escolar deve ser construído

e, posteriormente, as aprendizagens comunicadas para a comunidade. Franco

(2015) argumenta que as práticas pedagógicas estão carregadas de

intencionalidade, que são o motor e dão sentido à ação pedagógica.

26

Buscando um modelo pedagógico capaz de conduzir meus estudos e prática

docente para uma perspectiva da participação, recorro à proposta da abordagem de

projetos. Esta abordagem, na perspectiva de Hernández e Ventura (1998), não pode

ser aplicada de uma forma generalizada, pois exige que o professor compreenda a

necessidade e o risco de uma mudança de cunho profissional. Para os autores, se o

professor não assumir a mudança no olhar e na interpretação da informação, não

será possível compartilhar experiências educativas que tenham a criança como

centro do processo.

A pedagogia de projetos é orientanda pela lógica da complexidade do

conhecimento defendida por Zabala (2002). Para este autor, os conhecimentos

escolares devem ser selecionados levando em consideração a intervenção na

realidade. Esse olhar compreende que a finalidade do ensino é potencializar nas

crianças as capacidades de responder aos problemas reais em todos os sentidos do

seu desenvolvimento social. Nessa perspectiva, Hernández (1998) apresenta a

necessidade de uma visão transgressora em diversos aspectos, como em sua visão

da aprendizagem, que já não pode mais se sustentar em processos mecânicos

promovidos por livros didáticos. Sendo assim, é também necessário abandonar uma

visão de currículo centrado nas disciplinas, onde o conhecimento está

compartimentado e oferecem ao aluno saberes que pouco tem relação com sua

realidade, dessa forma, a escola precisa repensar a sua função de maneira

permanente e ampliar o seu espaço de diálogo com a sociedade.

Oliveira-Formosinho e Araújo (2004) indicam uma carência nos estudos que

se dedicam compreender como se constroem os processos de aprendizagens das

crianças pautados numa lógica de integração curricular, sendo as crianças os

interlocutores desses processos. Nesse sentindo, partindo de um olhar da Educação

Física, voltada para os processos de seus alunos, podemos conceber que a

metodologia de projetos pode otimizar a organização pedagógica e favorecer o

processo de ensino-aprendizagem, construindo práticas pedagógicas inovadoras e

conscientes da sua função escolar.

Silva e Bracht (2012) argumentam que é na compreensão do interior dos

contextos escolares que é possível identificar os avanços e as práticas inovadoras.

Portanto, conhecer práticas pedagógicas que estejam atreladas à prática reflexiva

do professor sobre o processo de ensino-aprendizagem, pode evidenciar novos

caminhos para a Educação Física, pois como salienta Perrenoud (2002), é a partir

27

da reflexão que o professor aceita o convite de parceira com seu aluno e é capaz de

elaborar uma ação mais consciente de suas limitações e potencialidades.

Assim, concordamos com as autoras Delgado e Muller (2005) que, apesar da

criança ser o centro do processo educativo, poucos estudos dedicam-se em ouvi-las

e a produção acadêmica está sempre interessada em pesquisar as escolas,

currículos, conteúdos, mas pouco se preocupa com o ator principal desses

processos. Para as autoras, para que possamos nos debruçar sobre as percepções

da criança é preciso abandonar a lógica do adulto e estabelecer uma relação de

parceria e compreensão.

Acreditamos que o trabalho com projetos possa estabelecer essa parceria e

ainda ser otimizada por uma outra tendência nos estudos sobre educação, que se

materializa na investigação da própria prática pedagógica que, de acordo com Ponte

(2004), trata-se de uma ação complexa que deve ser realizada em conjunto com

outros atores sociais, encaminhando um processo de investigação do contexto de

sua prática, para assim realizar avanços na mesma.

Para alguns autores, como Lankshear e Knobel (2008); Anderson e Heer

(1999); Zeichner e Noffke (2001), a pesquisa sobre a própria prática pedagógica

pode ser um caminho para compreender as relações e processos no ambiente

escolar, contribuindo para a melhoria dos processos educacionais. Levando em

consideração essa perspectiva, o presente estudo se propõe a mergulhar no

universo da pesquisa da prática e considerar a criança como centro do processo

educacional, para buscar novos elementos para a prática pedagógica na Educação

Física.

Diante desse cenário transgressor da Educação Física, poucos estudos se

envolvem em descrever a implementação dessa nova organização pedagógica e

principalmente em considerar as percepções dos atores envolvidos no processo de

ensino aprendizagem: Oliveira, Martin e Bracht (2015); Rodrigues, Angos e Röças

(2008); Girotto (2003); Araújo (2008); Matos (2009) e Carolino (2007). Alguns dos

estudos que abordam a pedagogia de projetos se dedicam mais em apresentar os

autores que baseiam a metodologia do que apresentar a sistematização do processo

de implementação do projeto dentro e fora da Educação Física escolar.

O estudo de Mourão e Martínez (2006) aborda as questões da subjetividade e

comunicação na utilização da pedagogia de projetos, sendo um fator de

desenvolvimento da criatividade nas ações do professor, entretanto, não analisa as

28

crianças nessa construção. Já Silva e Ferreira (2004) propõem discutir os autores

que tratam da abordagem de projetos e suas diferentes perspectivas teóricas,

apresentando as características principais de três delas.

Encontramos ainda estudos com o foco em relatar experiências com a

abordagem de projetos em outras áreas de conhecimento, tais como educação

ambiental: Rodrigues, Anjos e Röças, 2008; Matos, 2009. Já o estudo de Castro e

Souza (2008) se dedicou a propor um modelo de pesquisa, através do uso de

projetos, na biblioteca escolar.

Em seus estudos, Santos et al. (2017) e Santos et al. (2017) procuram

descrever uma experiência com a metodologia de projetos na Educação Física na

Educação Infantil, tematizando a construção de jogos e o circo, nesses estudos

podemos observar a dinâmica de construção do projeto e a vivência das crianças

durante o mesmo, mas não trazem a preocupação da análise da construção do

projeto à luz da literatura e nem a preocupação em identificar e analisar a

participação das crianças.

Portanto, nosso estudo pretende compreender o percurso de construção de

uma prática ligada à participação na abordagem de projetos a partir do olhar

Educação Física e poder ouvir as percepções dos atores envolvidos e assim revelar

dificuldades e potencialidades de construir uma prática pedagógica que tenha como

foco principal a criança, seus interesses e necessidades.

1.1. Problemas da Pesquisa

Como construir um trabalho na Educação Física Escolar pautado numa

perspectiva Participativa?

Como construir uma proposta participativa com a abordagem de projetos nas

aulas de Educação Física?

Qual a percepção dos alunos e professores sobre o trabalho numa

perspectiva participativa nas aulas de Educação Física Escolar?

29

1.2. Objetivo Geral

O presente estudo pretende analisar uma experiência na Educação Física

Escolar pautada numa perspectiva participativa com a abordagem de projetos e

conhecer a percepção da professora e dos alunos envolvidos na implementação.

1.3. Objetivos Específicos:

Identificar momentos de participação das crianças durante a construção do

projeto;

Conhecer suas percepções e aprendizagens sobre o projeto numa

perspectiva participativa;

Identificar e analisar as estratégias utilizadas na construção do projeto numa

perspectiva participativa a partir dos conhecimentos da Educação Física.

30

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Da pedagogia tradicional às pedagogias participativas

Faz-se necessário discutir o percurso e os processos pelos quais a escola

vem passando, refletir sobre o seu papel e função social e como essa se dá na

sociedade. A partir dessa lógica pretendemos que esse capitulo seja capaz de nos

conduzir através de um percurso dentro da pedagogia e seu posicionamento na

relação professor e aluno. De acordo com Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), a

educação escolar possui diferentes concepções de educação, que se diferem por

suas modalidades, funções sociais e pedagógicas, seus objetivos educativos,

portanto seu currículo. Diante desse ponto, é necessário ressaltar que a formação

dos professores, os objetivos e funções educacionais estão intimamente ligadas com

a concepção de sociedade e atende o interesse de um determinado grupo social.

A partir dessa premissa, Silva (2002) alerta que no âmago das discussões

curriculares figura a questão da identidade ou da subjetividade, pois quando

pensamos em currículo ficamos presos à questão de qual conhecimento será

ensinado, deixando de lado muitas vezes aquilo que somos, ou seja, as questões de

identidade, pois além de uma questão de conhecimento, o currículo é também

identitário.

Assim é preciso ter clareza que o currículo tem suas intencionalidades e está

envolvido numa disputa de poder, em que se seleciona conteúdos em detrimento a

outros, e se constrói uma determinada visão de sociedade capaz de reproduzir

identidades individuais e coletivas. (FELÍCIO E MAGALHÃES, 2016)

Nessa dinâmica o desafio do professor é se posicionar em sua prática

pedagógica, pois como argumenta Perrenoud (1997), a ação do ensinar não pode se

resumir apenas às teorias, o ato de ensinar deve estar ligado com a tomada de

decisão e ação em momentos de incerteza. Ainda nessa premissa, Freire (2015)

argumenta que ensinar acima de tudo exige intervenção, sendo esse o motor de

mudança social e a negação de um status quo dominante.

Entretanto, como afirmam Libâneo (1990) e Saviani (2018) a maioria das

escolas ainda se organiza através do paradigma tradicional, centrado no

conhecimento e na formação intelectual, tendo a autoridade e o desejo do professor

31

como maior referência, centrada na mera transmissão de conhecimento. Ainda

nesse paradigma, encontramos uma abordagem tecnicista, que também está ligada

à transmissão de conteúdo, mas orienta seu currículo para apreensão de

habilidades práticas para o mercado de trabalho. (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI,

2012).

Ainda temos um currículo compartimentado em disciplinas escolares, dotadas

de uma lógica técnico científica, reservando ao aluno o papel de um mero

espectador no seu processo de aprendizagem, sendo constantemente avaliado pelo

acúmulo de conceitos estabelecidos num determinado período de tempo. Para

Freire (2015), essa prática se configura como uma “educação bancária”, que tem

como prerrogativa o educar para a submissão, para a crença em uma realidade

estática, tendo o propósito da reprodução e reprimindo a curiosidade. (STRECK,

REDIN; ZITKOSKI, 2016)

Diante de um projeto educacional hegemônico de um modelo neoliberal,

entendendo a educação como instrumento para metas econômicas que sejam

compatíveis com uma ordem de supremacia. Nessa lógica, o processo educacional

produz, de um lado, indivíduos privilegiados e adaptados ao ambiente competitivo na

lógica do mercado e, do outro extremo, pessoas preparadas para o trabalho

repetitivo, que vivem diariamente diversas formas de exclusão no sistema

educacional (NEIRA, 2006).

Nessa trajetória, encontramos escolas com uma lógica humanista moderna,

que está ligada a diversas correntes filosóficas voltadas para a existência humana e

suas experiências, tendo o seu currículo voltado para criança, suas expressões e

necessidades. Esse movimento chegou ao Brasil e ficou conhecido como Escola

Nova. Essa perspectiva do currículo está baseada nos interesses e ritmos de

aprendizagem das crianças, considerando o contexto e a interação social como

alicerces dos processos educativos (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012).

Um dos grandes expoentes dessa lógica, o americano John Dewey, possuía

como premissa no planejamento curricular os interesses e as experiências das

crianças, pois o processo educacional não era a mera preparação para vida adulta,

mas sim um local de vivência e construção de conhecimento com princípios

democráticos (SILVA, 2002). Na obra – “Vida e Educação” – traduzida em 1965 por

Anísio Teixeira, um dos grandes autores que difundiram o pensamento de Dewey no

Brasil, é salientado que o processo educativo não tem nenhum fim além de si

32

mesmo, visto que ele se dá na constante reorganização da vida, pois fazer com que

as crianças aprendam no processo de viver é o processo mais nobre que a escola

pode alcançar.

Para Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), a pedagogia da Escola Nova é ainda

hoje muito difundida e assumida pelas políticas públicas no Brasil, sendo que em

muitos casos são difundidas propostas equivocadas e ambíguas, pois misturam e

minimizam propostas construtivistas inspiradas em Piaget e Vygotsky. Apesar de

diversos documentos oficiais que orientam o sistema educacional brasileiro e as

escolas que se consideram construtivistas, ainda não assistimos à compreensão

completa dos ensinamentos desses grandes estudiosos.

Poderíamos aqui apenas apresentar esses dois paradigmas que já se

encontram em movimento contrário. Porém precisamos avançar e alinhar novos

conceitos para que a construção desse trabalho possa indicar avanços possíveis,

diante de uma realidade escolar ainda tradicional, irrigada de conservadorismo e

que, mesmo diante de currículos institucionais ligados a lógica da Escola Nova,

ainda rejeitam os avanços e submetem nossas crianças ao cerceamento na lógica

tradicional e tecnicista.

Nesse sentindo, as tendências sociocríticas surgem como uma possibilidade

de sobreposição ao modelo tradicional, indicando a necessidade da escola discutir

as desigualdades econômicas e sociais que a cercam, tendo como objetivo principal

sua participação crítica na sociedade. Para Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), o

currículo não deve se estabelecer sem críticas e resistência, pois sua

implementação deve ser constantemente discutida em virtude da sociedade que o

constrói e o reconstrói. Ainda assistimos a processos que carregam ambiguidade

entre o currículo prescrito e o currículo em ação, sendo que o a ação está ligada

com o cotidiano escolar, enquanto a prescrição é a elaboração de poucos do

governo.

Ainda nesse movimento, encontramos discussões e elaborações sobre os

currículos pós-críticos ligados às preocupações contemporâneas, como as relações

multiculturalistas, as de gênero, étnica e racial, estabelecendo a necessidade do

olhar e interpretação para a cultura, que para Silva (2002) consiste em uma

diminuição entre as fronteiras do conhecimento acadêmico, conhecimento escolar e

o conhecimento da cultura de massa. Para tanto, a pedagogia e a cultura devem se

envolver em processos de ensinar e de transformação, tendo como objeto a vida dos

33

alunos, abrindo espaços para as diferenças e para a participação, sendo que os

professores devem recuperar as experiências e práticas culturais para estabelecer

novas práticas educativas, levando os alunos a uma reflexão para além dos muros

de seu contexto social (NEIRA, 2007).

O movimento feito nesse estudo envolve as questões de um currículo em que

a criança é o centro das ações e protagonista de seu processo educativo.

Preferimos utilizar o referencial de Oliveira-Formosinho (1996) sobre a pedagogia da

participação, por compreender que suas características se aproximam mais das

intenções desse estudo. Entendemos que quando falamos de propostas de

organização do currículo, tal qual a abordagem de projetos, centros de estudos,

estamos falando também de suas tendências e tensões, entretanto compreendemos

que essa perspectiva já se localiza numa ideia de currículo que tem a criança como

protagonista do seu processo de aprendizagem.

A pedagogia da participação tem no centro de suas intenções os atores que

constroem o conhecimento, que são pensados como integrantes ativos,

competentes para conduzir o itinerário da apropriação da cultura, uma vez que a

participação e a interatividade entre os saberes centrados nos atores como

construtores do seu processo de aprendizagem, através da escuta, diálogo,

observação e negociação, indicam um modelo de fazer pedagógico caleidoscópico,

dado que o seu olhar é complexo e está irrigado por interações, capaz de construir

uma multiplicidade de aprendizagens (OLIVEIRA-FORMOSINHO, 1996).

Assim, a autora elabora uma síntese das tarefas centrais desse modo

pedagógico:

A primeira tarefa é a de construção de contextos educativos complexos que permitam a emergência das possibilidades múltiplas e que participem no processo de construir participativamente conhecimento. A segunda tarefa situa-se no coração relacional desse modo pedagógico, que o define como espaço de interação e escuta, a serviço da diferenciação pedagógica. A terceira tarefa é a de, dialogando com a história, escolher reflexivamente uma gramática pedagógica que permita pertencer a comunidade aprendente que partilhe um modo de fazer pedagógico, contribuindo para a construção do conhecimento sobre o modo de fazer. (OLIVEIRA-FORMOSINHO, 2007, p. 19)

Tendo esse olhar, esperamos que essa experiência seja capaz de dispor de

memória e de história de transformação do contexto, pois compreender a produção

34

e a relação cultural das crianças com o objeto de estudo configuram-se como

sementes para uma nova construção, que não tem intenção de ser única ou perfeita,

mas tem sim a intenção de ser vivida, compreendendo as competências das

crianças, ouvindo suas vozes, transformando a ação educativa num movimento

compartilhado (OLIVEIRA-FORMOSINHO, 2007).

2.2. Abordagem de projetos: uma forma de organização curricular participativa

De acordo com Silva e Ferreira (2004), um dos grandes dilemas dos

especialistas em educação na atualidade brasileira, diante da profundidade e

rapidez das modificações nos setores educacionais está em estabelecer propostas

que estejam de acordo com a diversidade, complexidade dos conhecimentos e

efetivação da participação das crianças nas práticas pedagógicas.

Para Pinazza (2007), os pressupostos de Dewey foram revisitados por muitos

estudiosos da educação e suas teorias durante o século XX. Segundo a autora, as

teorias de Dewey podem ser utilizados para compreender a formação da criança e

as contribuições para o adulto reflexivo. De acordo com a autora, Dewey sustenta

sua filosofia e pedagogia no campo da experiência e apresenta críticas aos modelos

tradicionais da escola, apresentando argumentos para uma educação progressista

pautada na conexão entre o processo educativo e as experiências pessoais.

Para Dewey os elementos fundamentais para o processo educativo são:

[...] de um lado, um ser imaturo e não envolvido – a criança, - e, de outro, certos fins, ideias e valores sociais representados pela experiência amadurecida do adulto. O processo educativo consiste na adequada interação desses elementos. A concepção das relações entre um e outro, tendente a tornar fácil, livre e completa essa interação, é a essência da teoria educativa. (DEWEY, 1965 p.42).

Nesse sentido, Pinazza (2007) argumenta que a escola e os educadores

devem oferecer ambientes físicos e sociais que valorizem as experiências, por isso

devem pensar na construção dos espaços, da natureza, na disposição dos

materiais, favorecendo um ambiente de construção, criação e investigação ativa das

crianças. As experiências devem ser encaradas como espaços de mudança, que só

terão significado se forem vistas como ato intelectual, onde a reflexão constrói novas

descobertas e indica novas ações.

35

Dewey renega, na sua perspectiva, que a criança ainda é um vir a ser, tendo

em seu papel de aluno apenas o receber e o aceitar, cumprindo suas tarefas de

maneira dócil e submissa e que a escola é capaz de realizar o seu amadurecimento,

alargando sua experiência. O autor entende que: “[...] A criança é o ponto de partida,

o centro e o fim. Seu desenvolvimento e seu crescimento, o ideal. Só ele fornece a

medida e o julgamento em educação.” (DEWEY, 1965 p. 46)

Os estudos e discussões feitas por Dewey colaboraram com a noção de uma

escola ligada à participação e interesse das crianças, tendo no trabalho com projetos

uma das suas mais fortes expressões no ambiente escolar. Pinazza (2004)

argumenta que as propostas feitas nas práticas educacionais só podem ter herança

dos princípios do autor, se compreendem e se pautam nos conceitos de educação

pela experiência e pela reflexão, com um potencial de interligação entre os saberes

da criança e os saberes das propostas curriculares.

Partindo da relação com a experiência e a resolução de problemas através da

ação, podemos observar que o professor tradicional não se encaixa na perspectiva

de uma escola voltada para o aluno, e que as discussões sobre o olhar do professor

frente sua prática pedagógica poderiam contribuir para construção dessas práticas

inovadoras que colocam o aluno como centro e tem a ação-reflexão-ação como

engrenagem preponderante na máquina educativa.

Para Castro e Souza (2008), a pedagogia de projetos se orienta numa

metodologia que valoriza a participação do aluno e do professor na prática

educativa, tendo como objetivo as interações e relações com o ambiente e as

múltiplas linguagens. Nesse sentido, Pinazza (2007) defende que o trabalho de

projetos só pode se concretizar na prática educativa quando o ponto de partida

dessa vivência são os interesses e as experiências das crianças, possibilitando a

ampliação das mesmas, tornando o processo educativo um ato de investigação

protagonizado pela criança e orientado pelo adulto.

De acordo com Oliveira (2006), o autor Kilpatrick apoiou e disseminou os

conceitos estabelecidos por Dewey baseados na teoria da experiência, no qual as

crianças adquirem conhecimentos através da relação com o meio e na solução de

problemas encontrados durante suas experiências.

Para Kilpatrick (1967), é preciso confiar numa escola fora dos padrões

mecânicos, que exige e aceita a criação como a melhor forma de construir o

36

conhecimento, pois não é mais possível compreender a escola com processos

tradicionais e estáticos.

Martins (2007) salienta a necessidade de compreender que a abordagem de

projetos é uma organização curricular que se orienta pela participação da criança,

além de propiciar a problematização de contextos culturais, pois através do contato

com diferentes situações e experiências a criança é capaz de construir novos

conhecimentos e capacidades.

O movimento da Escola Nova no Brasil, de acordo com Oliveira (2006),

alavancou uma reação ao ensino tradicional, apresentou uma proposta de ensino

mais ligada à realidade do aluno, tornando esse o centro do processo educativo,

tendo como autores desse movimento: Pestalozzi e Froebel, Ovide Decroly, Maria

Montessori, e Celestin Freinet. Podemos encontrar grandes semelhanças nos

escritos desses autores que comungam da ideia de que o aluno é o condutor do seu

processo de aprendizagem, que é capaz de pesquisar, produzir e agir sobre o

conhecimento, sendo assim, protagonista do seu processo educacional.

Entendemos que os preceitos descritos nas obras de Dewey e posteriormente

disseminados por diversos autores têm grande contribuição para a pedagogia, pois

ao serem colocados no cotidiano escolar trazem o potencial da criança e são

capazes de evidenciar experiências pedagógicas inovadoras.

Para esta pesquisa, optamos por orientar nosso olhar em duas perspectivas do

trabalho com projetos, sendo uma a proposta por Hernández e Ventura (1998), e a

outra proposta por Katz e Chard (1997). Na perspectiva elaborada pelos autores

Hernández e Ventura, os projetos são vistos como uma forma de organização

pedagógica que compreende os conteúdos de uma forma não linear e sequencial,

sendo o papel principal dessa organização criar diferentes estratégias sobre a

informação, quanto a sua organização e origem, facilitando a reflexão e a construção

do conhecimento que emergem das diferentes disciplinas do currículo, possibilitando

uma releitura de suas capacidades frente às situações reais do cotidiano.

Para Katz e Chard (1997), a abordagem de projetos corresponde à

possibilidade de ênfase que pode ser dada à parte do currículo que incentiva as

crianças a aplicar seus conhecimentos, e fomenta a descoberta de novos

conhecimentos de forma aberta, que se destinem a melhor compreensão do mundo

em que vivem.

37

Hernández e Ventura (1998) argumentam que a organização dos projetos de

trabalho se orienta fundamentalmente numa concepção globalizadora. De acordo

com Zabala (2002), rompem com as amarras de uma escola tradicionalista, que tem

como meta a formação funcional do seu aluno, para propor um caráter global dos

conteúdos, que tem como característica a organização por intermédio de situações

referentes à realidade do aluno, mobilizando-os para compreender e construir novas

demandas a fim de solucionar as situações problemas que lhe serão apresentadas,

modificando o olhar sistêmico das disciplinas escolares para a capacidade,

motivação e interesse dos alunos.

Além da concepção globalizadora, um dos grandes alicerces dessa

metodologia é o conceito de aprendizagem significativa. De acordo com Moreira

(1998), a aprendizagem significativa ocorre à medida que o conhecimento prévio é

usado para compreender um novo conceito, adquirindo novo significado pessoal,

pois a aprendizagem sem significado pessoal remete a uma aprendizagem

mecânica descontextualizada e, acima de tudo, desinteressante.

Podemos perceber que a junção do pensamento globalizado com a

aprendizagem significativa interage nessa abordagem, refletindo na atuação

consciente dos alunos no seu processo de aprendizagem e ainda exige destreza do

professor em buscar e construir o conhecimento com os aprendizes.

Na abordagem de projetos discutida por Katz e Chard (1997), salienta-se que as

crianças devem se envolver em um planejamento avançado e na construção de

várias atividades que requerem a manutenção do esforço coletivo.

Para tanto, é necessária uma mudança de paradigma da instituição escolar,

pois esses novos conceitos refletem a necessidade de uma organização e interação

entre os docentes e gestores escolares que possam transcender a visão disciplinar

preparatória, construindo uma escola voltada para a geração de cultura e não

apenas para a aprendizagem somativa de conteúdos.

Nos projetos de trabalho, percebemos a necessidade da integração curricular,

exigindo envolvimento da comunidade escolar ou, pelo menos, de parte dela,

considerando a relevância dessa empreitada, para que seja possível um trabalho

integral e que possa contribuir para a formação global do aluno.

Para Silva e Ferreira (2004), a organização dos projetos de trabalho

pressupõe uma sequência da prática educativa, sendo que o primeiro passo para a

construção do projeto é se questionar quanto à relevância e interesse do tema

38

elencado com as crianças. Após esse momento, o professor orienta tarefas e

elabora um fio condutor capaz de dialogar com o currículo, buscando diferentes

formas de apresentar o tema e construir diversas experiências para as crianças. As

crianças interagem com a temática estudada, levantando questões e construindo

novas perguntas, elaborando registros e construções de materiais. E por fim,

elabora-se um processo de avaliação que culmina na construção e comunicação de

um produto final que comunica as aprendizagens e orienta novos estudos.

Soares (2002) alerta que os projetos de trabalho podem ser uma possibilidade

de repensar os tempos e espaços escolares, além do currículo baseado em

disciplinas e ainda de avançar na construção do conhecimento global integrado à

vida dos alunos diante das mudanças no seu cotidiano, tendo em vista que essa

construção se dá diante de uma parceria entre crianças e adultos em diversas

experiências.

A lógica dos projetos de trabalho caminharem para uma prática educativa

ligada à participação das crianças no processo de ensino e aprendizagem, e estar

ligada com uma concepção de educação que compreende a necessidade e o

significado de cada ação educativa, alguns estudos se dedicam a descrever

processos que investigaram a utilização desses pressupostos no ambiente escolar.

Nas práticas ligadas à educação física escolar, a quantidade de estudos reduz

consideravelmente, o que nos sinaliza a necessidade de construção desse estudo.

Soares (2002), Oliveira, Martins e Bracht (2015), Santos et al. (2017) e

Santos, Santos et al. (2017) são estudos que se dedicaram a compreender a

dinâmica da implementação de propostas ligadas aos projetos de trabalho e nos

trazem argumentos para elaborar novas questões de pesquisa diante dessa

temática.

2.3. O ensino da Educação Física: da pedagogia tradicional às pedagogias

participativas

Iniciaremos este subitem considerando o movimento da Educação Física no

ambiente escolar e suas modificações durante os anos, como trouxeram novos

olhares para a prática pedagógica. De acordo com Maldonado e Silva (2017), a

educação física entra no ambiente escolar com influências médicas e militares,

tendo como pressuposto nas aulas um contexto ligado à saúde e métodos militares,

39

em que educar o corpo para a produção estava ligado à educação para a saúde.

Bracht (1999) argumenta que a entrada da educação física no ambiente escolar teve

a função de construir os corpos saudáveis e dóceis que permitissem uma adequada

ação no campo da produção e do trabalho.

Nessa lógica, a educação física, estava ligada com a realização de

movimentos domesticados, que tinham a sua orientação em conceitos anatômicos e

fisiológicos, sendo que o referencial nesse contexto está vinculado à regeneração da

raça e ao fortalecimento da moralidade e de defesa da pátria. Além disso, a

educação física favorecia a educação do corpo, tendo como objetivo um corpo

saudável, sendo menos acometido por doenças, conectando-se a um forte

pensamento de eugenista (SORAES, 2012).

Outra tendência ligada às questões biológicas e de rendimento surgiu

invadindo a lógica da educação física no ambiente escolar, pois adquiriu grande

significação social. A prática esportiva está desde cedo ligada a padrões de

competição e rendimento e, segundo Bracht (1999), a prática pedagógica incorporou

esses princípios sem reflexão para o contexto escolar e na ditatura militar encontrou

seu ambiente fértil para disseminar suas intenções: a construção de uma nação

pronta para o trabalho pela sua condição física e reconhecida pelo sucesso no

desporto.

A partir da década de 80, houve investimento em mudanças nas concepções

e um processo de reflexão sobre a prática pedagógica impulsionada pela pesquisa

acadêmica e a prática dos professores. Nesse momento, encontramos diversas

abordagens pedagógicas que foram incorporadas por muitos professores nas

escolas e que até nos dias de hoje se fazem presentes.

Para Silva (2013), a Educação Física enquanto fenômeno no contexto escolar

foi abordado por diferentes bases teóricas que irrigavam diferentes conceitos e

conhecimentos na prática pedagógica dos professores. Ainda hoje, encontramos o

embate de ideias e possibilidades de características, finalidades e deslocamentos da

área que refletem dentro do ambiente escolar, pois ainda estamos envolvidos num

embate entre a teoria e prática, que fomenta discussões e faz com que a Educação

Física esteja em constante movimento e modificação.

Partindo do pressuposto da necessidade de reflexão, diálogo e principalmente

da constante construção da disciplina escolarizada se faz necessário pensar sobre o

seu papel para a formação do aluno enquanto cidadão de direitos e deveres, capaz

40

de refletir e transformar seu contexto, seja dentro do ambiente escolar ou fora dele.

Para tal, é necessário considerar a Educação Física como componente curricular

obrigatório regulamentado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –

LDB (BRASIL, 1996), Artigo 26, Parágrafo 3º, posteriormente a passando a

obrigatória, e na educação básica, facultativa apenas no período noturno de ensino -

Lei nº 10.793 (BRASIL, 1996).

Nesse sentido, se a Educação Física quiser corresponder aos desafios da

contemporaneidade e adotar a justiça, equidade, inclusão e a diferença como

princípios de sua prática dentro do ambiente escolar é preciso romper com os

padrões perpetuados no componente curricular e adotar a cultura corporal como

objeto de estudo, além de desenvolver propostas orientadas pelo olhar do

multiculturalismo (NEIRA; NUNES, 2011).

Para Daolio (1996), a Educação Física deveria partir do conhecimento

popular, ou seja, da interpretação da Cultura Corporal construída e disseminada

pelos povos, possibilitando ao aluno o conhecimento, interpretação, critica e

transformação dessa face da cultura humana. A Cultura Corporal que, para Betti e

Zuliani (2002), é comercializada e consumida ativa ou passivamente, a valorização

desse segmento construiu uma nova aplicação para a Educação Física nas escolas.

Observamos a importância dessa cultura fora do contexto escolar e o desinteresse

dos alunos dentro dele.

As manifestações culturais corporais, ao discutirem a linguagem corporal,

proporcionam um contexto de transformação, produção de sentidos e significados

que possibilitam que os sujeitos da ação se comuniquem tornando esse movimento

reflexivo. Se as práticas educativas estiverem sensíveis a essa lógica, teremos a

formação de sujeitos autônomos e participantes, tendo uma educação física escolar

orientada a compreender as relações e identidades das diferentes manifestações

corporais (NEIRA; NUNES, 2011).

Essas novas discussões contribuem para uma mudança na Educação Física

Escolar, para que atenda às questões da realidade social e compreenda a função

escolar ligada à interpretação e interesse do educando, realizando um processo de

ensino-aprendizagem voltado para suas escolhas e necessidades no âmbito

corporal. Nesse sentido, Bracht (2002) sugere que a reflexão sobre a prática é um

caminho muito interessante para os avanços na Educação Física Escolar, pois é a

partir de uma lógica interativo-reflexiva que é possível considerar o conhecimento da

41

prática na própria ação, pois a tarefa de definir um corpo de conhecimentos passa

de maneira implícita pela prática do professor.

Caparroz e Bracht (2007) questionam o tempo e o lugar da didática nas aulas

de educação física, em seu estudo abordam a dificuldade dos conceitos e

conhecimentos adquiridos na formação inicial dos professores serem transpostos

para a realidade e cotidiano das aulas. Para os autores, a prática pedagógica de

cada professor é única e singular e deve possibilitar ao professor construir uma

prática pedagógica autônoma e reflexiva.

Compreendemos que a educação física está num processo de transição e

constante reflexão, e que é preciso abandonar as ideias de um professor que

sustenta suas aulas nas prática esportivas, ou apenas numa aula recreacionista do

famoso “rola a bola’’, assumimos aqui o conceito de inovação pedagógica

apresentado por Silva e Bracht (2012), em que o professor amplia o olhar para além

dos conteúdos tradicionais, contextualizando a cultural corporal e suas múltiplas

manifestações, envolve o aluno no processo de ensino aprendizagem, faz uso de

diversas formas de avaliação e constrói práticas interligadas com outras disciplinas

do currículo.

A fim de caminharmos para a inovação pedagógica nas aulas de educação

física, compreendemos que o olhar crítico para a prática pode nos ser a

possibilidade de modificar padrões e tendências antes estabelecidas e de

compreender as reais necessidades dos nossos alunos, para que a educação física

seja mais que um componente curricular obrigatório e emerja em sua real função

social.

Para construirmos práticas inovadoras nas aulas de educação física é preciso

avançar na compreensão da escola e do seu papel social, além de entender a área

como um dos alicerces de formação do cidadão que, desde sua entrada na escola,

já é capaz de escolher, refletir e agir sobre o seu processo de ensino-aprendizagem

e que, juntamente com o professor, será capaz de realizar um investimento

pedagógico na sua relação com o conhecimento.

Portanto, o investimento e parceria entre os atores do processo de ensino-

aprendizagem podem configurar uma alternativa para a inovação, além de construir

novos caminhos e possibilidades na prática pedagógica que possam refletir nas

aulas desse componente curricular e, consequentemente, no cotidiano escolar.

42

A educação física tem se deparado com grande dificuldade em objetivar seus

avanços epistemológicos e pedagógicos no cotidiano escolar, pois ainda

encontramos práticas irrigadas de tradicionalismo e conteúdos esportistas e

sanitários, além do extremo da não-aula, ou seja, da formatação da aula ser apenas

para o fornecimento de materiais sem nenhuma intenção pedagógica. Para que seja

possível olhar para práticas pedagógicas consideradas inovadoras é preciso

problematizar e refletir sobre as práticas que encontramos no cotidiano escolar no

âmbito da educação física, as quais rompem com a mesmice e muitas vezes com

desinvestimento da prática pedagógica (BRACHT, 2011).

Uma novidade no processo educativo que otimize uma consistente mudança,

assumindo um processo dinâmico, persistente e integrado com a melhoria

pedagógica pode ser considerado uma prática inovadora em educação. Ao olhar o

espaço pedagógico de maneira cotidiana, emergem práticas pedagógicas

inovadoras capazes de romper com a lógica linear e hegemônica, muitas vezes

motivadas por circunstâncias ainda desconhecidas (SILVA; BRACHT, 2012).

Para Bracht (2011), as práticas pedagógicas inovadoras entendem que a

Educação Física tem um aglomerado de conhecimentos relevantes socialmente que

devem ser trabalhados e discutidos no ambiente escolar para que os alunos sejam

capazes de se apropriar, refletir e transformar esse conjunto de conhecimentos.

Nessa perspectiva, os autores Silva e Bracht (2012) elencam algumas

características que podem identificar as práticas inovadoras, tais como: ampliação

dos conteúdos da Cultura Corporal, abandonando apenas a seleção do esporte

como conteúdo hegemônico e muitas vezes único no cotidiano das aulas. Além da

diversificação dos temas a serem tratados, há também o investimento em outras

possibilidades do conhecimento, como: fatores biológicos, antropológicos,

sociológicos para assim refletir sobre o conhecimento de forma integral e

contextualizada.

Além da diversificação dos conteúdos e do seu tratamento, se faz necessário

uma prática de ensino aprendizagem composta pela parceria entre os atores dessa

relação, consolidando o conhecimento a partir das reflexões e demandas dos

alunos.

Levando em consideração a parceria da ação pedagógica, o ato de avaliar

também perpassa todos os atores do processo educativo e deixa de ser centralizado

na figura do professor, adotando um caráter dinâmico e dialogado com o aluno,

43

fortalecendo o processo mediante a participação ativa e consciente do discente

envolvido. Diante dessa nova configuração, a educação física passa a integrar e se

efetivar de forma orgânica e propositiva ao projeto político pedagógico da escola,

compondo as características de uma prática inovadora.

Partindo dessa lógica, a educação física deve promover encontros com

diferentes textos culturais ligados à cultura corporal, assim ampliando a

interpretação do mundo, para que as crianças possam interagir e comunicar ideias e

sentimentos através da sua identidade e expressão. Portanto se torna indispensável

a necessidade de que a educação física como componente curricular ofereça

diferentes interações entre os grupos sociais, suas linguagens e culturas, incitando

os alunos a assumirem o seu papel de protagonismo nas ações educativas (NEIRA,

2016).

Muitos autores têm buscado compreender e observar a efetivação das

práticas inovadoras do âmbito da Educação Física Escolar (FARIA et al, 2010;

GONZÁLEZ, 2016; FENSTERSEIFER e SILVA, 2011) apontando que, mesmo

diante da dura realidade encontrada nas salas de aulas brasileiras, muitos têm

desconstruído uma prática tradicional e hegemônica, agindo com autonomia e

liberdade diante da construção da sua prática docente, que atende as necessidades

e conflitos do seu cotidiano.

Maldonado, Silva e Miranda (2014), em seu estudo sobre o estado da arte

das publicações sobre o cotidiano da Educação Física Escolar, concluíram que

17,5% da produção cientifica relacionada à temática esteve relacionada com

inovação pedagógica e observamos o aumento desses números com o passar dos

anos.

Para Neira (2017), a busca e a publicação de estudos que discorrem sobre o

cotidiano da educação física na escola, diante de suas tensões e inovações se

configura como uma ação política e pedagógica, pois reconhece o esforço dos

professores e professoras que estão resistindo aos atuais ataques à educação,

estimulam a criticidade e reconhecem o papel da educação física escolar como um

agente transformador na sociedade, estabelecendo com os alunos uma relação de

parceria, tematizando as manifestações corporais, além de criar um papel de

formação continuada com seus pares.

Bracht (2017) argumenta que a importância da construção e comunicação de

estudos que compreendam a cotidiano da educação física na escola pode ser fator

44

de aproximação dos professores que realizam os seus trabalhos de forma isolada,

sendo esse um exercício de solidariedade, evidenciando que, mesmo diante de

vários obstáculos, algo pode ser feito, que há uma vitalidade da educação física com

suas práticas inovadoras e um crescimento do investimento pedagógico nesse

componente.

Nesse sentido, Correia (2014) argumenta que a educação física escolar se

configura com uma prática socialmente reconhecida, irrigada de contradições e

condições muitas vezes precárias, entretanto com muitas possibilidades e

realizações. O autor salienta que o descrédito e a noção de imutabilidade da área

podem ser desconsiderados quando observamos uma crescente discussão em

diversos âmbitos, tais como: da pluralidade temática, dos aspectos de inclusão das

diferenças, da diversificação das bases epistemológicas, das possibilidades de lidar

com os conteúdos de forma transversal, otimizando processos educacionais mais

integrais, a participação e efetivação do seu corpo docente em reflexões sobre a

prática em congressos e simpósios sobre a temática e construção de proposta de

ensino da educação física sistematizadas, culminando na efetivação e legitimidade

do componente escolar.

O presente estudo se posiciona, lida com a educação física sobre um olhar

inovador, em que a participação das crianças e a parceria entre professores é o

motor para a construção de uma prática pedagógica mais condizente com a

realidade escolar, deixando as contradições e práticas ultrapassadas e arriscando e

construindo novas possibilidades pedagógicas na área. De acordo com Faria (2017),

vários autores têm se debruçado sobre o desafio de comunicar os avanços e

estudos mais aprofundados no chão da escola, Messina (2001), Bracht (2011),

Carlan, Kunz e Fensterseifer (2012), Faria et al. (2010), Fenstersaifer e Silva (2011),

González (2016), Neira (2007), Silva e Bracht (2012), Maldonado e Silva (2017),

Faria, Machado e Bracht (2012), Pereira e César (2016), Nogueira (2016), Farias,

Nogueira e Maldonado (2017) e Nogueira, Farias e Maldonado (2017).

45

3. CAMINHO METODOLÓGICO

3.1. Caracterização do Estudo

Diante dos objetivos propostos neste estudo, optamos por uma pesquisa de

vertente qualitativa. De acordo com Denzin e Lincoln (2006), essa vertente possui

um olhar na multiplicidade, refletindo a necessidade da compreensão profunda do

fenômeno estudado. Para as autoras, esse pesquisador é um construtor que se

utiliza de métodos e ferramentas para compreender o seu objeto de estudo, pois o

mesmo pode se modificar de acordo com as perguntas que são feitas no seu

contexto de pesquisa. Para Turato (2005), a pesquisa qualitativa se interessa pelo

significado do fenômeno, e este tem função estrutural no processo de pesquisa, a

fim de dar sentido às interpretações dos atores envolvidos no contexto.

Ludke e André (2015) apresentam algumas características da pesquisa

qualitativa, tais como: os dados coletados são descritivos, existe uma preocupação

com o processo muito maior do que com o produto, o pesquisador pode ser um

instrumento no ambiente de pesquisa, e o sentido e as relações serem foco principal

dos estudos.

A partir desses preceitos, a vertente de pesquisa adotada pode contribuir para

a compreensão da educação física, sendo útil verificar como se organiza e se

movimenta a educação física como fenômeno escolar, dentro de suas

peculiaridades e carências. Além de compreender e se dedicar a descrever o

processo de elaboração e sistematização do projeto numa perspectiva participativa

diante das percepções dos atores envolvidos na construção do projeto.

Utilizamos como modalidade de pesquisa o estudo de caso que, para Yin

(2005), é utilizado para compreender fenômenos individuais, de um caso especial,

tendo a necessidade de delimitação e contornos claros. Para tanto o foco do

pesquisador é aquilo que o caso tem de único, tendo valor singular podendo se

assemelhar com outras situações. Para o autor, quando o estudo se propõe a

compreender “como” e “por que”, deve-se encaminhar ao estudo de caso, já que tais

questões não são estáticas e operacionais.

O presente estudo de caso teve como contexto a construção de um projeto

didático numa escola municipal de Vinhedo, cidade do interior de São Paulo, em

46

uma turma com alunos de 2° ano do ensino fundamental I (7 anos de idade), com

aproximadamente 25 alunos que participaram de um projeto orientado por mim,

professora pesquisadora. Além da professora pesquisadora, participou do estudo a

professora Polivalente responsável da turma, professora Glória.

Assim, eu, Glória e as crianças participantes construímos um projeto apoiado

na abordagem de projetos proposta por Katz e Chard (1997), que compreende que o

projeto é o estudo profundo de um determinado assunto ou tópico, a partir do

interesse das crianças, pois as envolve em um planejamento avançado e na

execução de diversas tarefas e experiências. O tempo de processo de elaboração e

execução do projeto foi de aproximadamente 4 meses, no segundo semestre de

2017. Durante o primeiro mês do projeto, me aproximei do contexto de pesquisa

para conhecer as crianças e suas características, além de construir com elas o

conceito de Educação Física. Nesse trajeto, realizei um planejamento conjunto com

a professora Glória responsável pela turma.

O estudo tem uma relação direta com a compreensão e reflexão da própria

prática pedagógica, que segundo Alarcão (2001) está ligada com a noção de

professor investigador que é associada aos trabalhos de Stenhouse, produzidos na

década de 60. Vale a pena lembrar que entender o professor como produtor de

conhecimento é uma ideia que já foi antes discutida por Dewey, quando ele se refere

ao professor como investigador da sua ação, observador participante.

[...] uma antiga figura da reflexão sobre a educação, cujas bases podem ser encontradas em Dewey, sobretudo na noção de reflective action [...]. Encontramos a idéia – e não a expressão – em todos os grandes pedagogos que, cada um a seu modo, consideraram o professor ou o educador um inventor, um pesquisador, um improvisador, um aventureiro que percorre caminhos nunca antes trilhados e que pode se perder caso não reflita de modo intenso sobre o que faz e caso não aprenda rapidamente com a experiência. (PERRENOUD, 2002 p.13).

Utilizando essa noção, construímos o estudo buscando referências que

pudessem auxiliar na elaboração de uma pesquisa voltada à compreensão da

prática pedagógica. Para Bonifácio Silva (2011), as ideias difundidas por Stenhouse

permanecem atualizadas, pois a capacidade de analisar sua própria prática, refletir

na e sobre a ação pedagógica ainda hoje podem ser elementos primordiais para

aperfeiçoar o trabalho na sala de aula. Ludke (2001) argumenta que o trabalho de

47

Stenhouse coloca o professor num papel de destaque, considerado como um artista

que com diferentes materiais e conhecimentos procura diferentes soluções para a

sua obra, tendo um papel de pesquisador capaz de elaborar hipóteses de como

melhor ensinar seus alunos nos mais diferentes contextos.

Na construção desta pesquisa, utilizamos a perspectiva do professor como

investigador inspirada nos escritos de Stenhouse (1991). Este autor argumenta que

o desenvolvimento de pesquisas feitas por professores sobre sua prática

pedagógica deve refletir na melhoria das escolas e na mudança da imagem do

professor frente à sociedade e a si mesmo, tendo na sala de aula e na prática

educativa um campo de busca e comunidade para almejar uma melhor formação.

Nosso estudo se interessa em analisar a construção de uma proposta

curricular, considerada por Stenhouse (1975) como o objeto de estudo do professor,

pois é a partir de uma atitude investigativa da própria prática que ele ou ela será

capaz de construir e conduzir propostas curriculares inovadoras e condizentes com

seus alunos. Nesse sentido, nos apoiamos ainda na lógica da formação em contexto

defendida por Oliveira-Formosinho e Kishimoto (2002), que defendem o domínio do

educador sobre sua prática de forma autônoma, criando novas possibilidades, pois a

formação profissional deve estar ligada com sua experiência de trabalho reflexiva

que deve ser constantemente revista.

Com esse desafio fomos compreender o campo e atuação na prática

pedagógica, que além da reflexão durante os anos de docência, também deveria ser

sistematizada para que de fato tenha um caráter de pesquisa e possa atribuir uma

legitimidade, tendo maior amplitude, deixando a sala de aula e tendo espaço de

discussão e análise com a comunidade acadêmica, construindo um ciclo de

cooperação e reflexão sobre a prática pedagógica.

Ao pensarmos nos participantes desta pesquisa, nos deparamos com um

cenário singular, pois pelo objetivo e principalmente pela organização pedagógica,

que será ponto principal do contexto de pesquisa, há a necessidade de compreender

que ao ouvir a criança consideramos sua infância e cultura como parte principal do

contexto escolar, pois o olhar infantil deve ser considerado como protagonista das

ações. A partir desse novo olhar para a criança, algumas concepções da ciência

tradicional deixam de se sustentar e buscamos novos olhares para a criança

considerando-a capaz e atora de sua própria história (DELGADO e MULLER 2005;

RODRIGUES, BORGES e SILVA 2014).

48

Para compreender esse percurso de construção conjunto com os alunos,

adotamos uma lógica sob o olhar da pesquisa pedagógica que para Lankshear e

Knobel (2008), deve se comprometer com as questões da prática do professor para

atender suas necessidades e a relevância científica e prática da investigação. Essas

autoras corroboram com a perspectiva adotada por Stenhouse e argumentam que

os objetivos da pesquisa pedagógica estão ligados à melhor percepção e identidade

do professor, e na ideia que o engajamento do professor na pesquisa pedagógica

deve ter como resultado a melhoria das práticas pedagógicas e da qualidade do

ensino.

A partir da imersão nesse processo de ensino aprendizagem que se configura

como um caso único e de grande relevância para a construção de novos saberes,

utilizamos ainda a contribuição de Ludke e André (2015), que acreditam que o

estudo de caso procura retratar a realidade de forma completa e profunda, revelando

a multiplicidade das ações envolvidas no processo. Assim, acreditamos que esse

universo metodológico remeta a uma procura constante da pesquisadora em

construir uma prática pedagógica que atenda seus alunos de forma integral e uma

constante reflexão da sua prática visando um processo de ensino-aprendizagem que

busca uma ação participativa e autônoma de seus alunos.

3.2. Instrumentos e técnicas para a obtenção das informações

As informações obtidas no estudo de caso devem-se basear em várias

evidências. No presente estudo, utilizamos duas fontes de informação: a observação

participante e as entrevistas com a professora Glória e as crianças.

A observação participante foi utilizada para compreender o caso aqui

investigado. Para Yin (2005), esta é uma modalidade de observação na qual o

pesquisador não assume apenas o papel de observador passivo, mas pode assumir

papéis dentro do estudo de caso, o que no presente estudo se configurou com a

necessidade de construir uma prática pedagógica em parceria com a professora

Glória e as crianças.

O registro dos vídeos foi realizado com duas câmeras, sendo que uma estava

dentro do ambiente do encontro, fixada em um tripé, enquanto a outra estava presa

à professora pesquisadora, possibilitando ter a amplitude dos acontecimentos e

reações, além de compreender as interações feitas entre a professora pesquisadora

49

e os sujeitos de pesquisa. As filmagens foram feitas apenas quando me encontrei

com as crianças, sendo que obtivemos cerca de nove registros em vídeo de

aproximadamente 2 horas cada. As imagens foram fundamentais na construção de

um documento de análise.

Utilizamos como registro das observações o diário de campo que se

caracteriza como o registro das ações do projeto e suas características, além de

colaborar no ato reflexivo do professor na sua ação de ensino. O diário de campo foi

constituído por mim, realizei algumas anotações do cotidiano de aula e percepções

sobre o estado das crianças, ou sobre manipulações de materiais e interação com

crianças ou a professora da sala, sendo que esses registros foram incorporados à

transcrição dos vídeos para que fosse possível compreender seus apontamentos.

Os vídeos foram assistidos por mim e pela professora Glória.

Construímos um documento que possibilitou aliar as observações e registros

realizados pela professora pesquisadora, além de compreender as expressões e

necessidades das crianças a partir da análise e transcrição dos vídeos. Para Ludke

e André (2015), a observação ocupa lugar privilegiado nas pesquisas interessadas

em compreender o ambiente educacional, pois possibilita contato direto do

pesquisador com o contexto estudado e a utilização do registro em vídeo possibilita

a captação de diversas informações necessárias para a compreensão do fenômeno

estudado. Segundo as autoras, a observação participante dá condições para que o

pesquisador compreenda as perspectivas dos sujeitos, o que pode facilitar que ele

compreenda suas percepções sobre o mundo que o cerca.

A segunda fonte de informação foi a entrevista semiestruturada que possibilita

uma adequação no percurso de sua execução, com a criação de novos tópicos a

serem discutidos, flexibilizando as ações e assim criando novas possibilidades ao

estudo (FLICK, 2009).

Para que seja possível compreender as percepções dos atores envolvidos no

processo de construção do projeto utilizamos ainda a entrevista semiestruturada

com a professora Glória que, para Ludke e André (2015), tem caráter interativo e

possibilita a aquisição da informação sobre variados tópicos, permitindo uma visão

ampla sobre o fenômeno estudado. Neste tipo de entrevista, o pesquisador utiliza

um roteiro estabelecido previamente (APÊNDICE I), mas tem liberdade de realizar

outras perguntas para obter a informação (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2013). As

entrevistas foram transcritas posteriormente, facilitando a análise dos discursos.

50

O diálogo com as crianças participantes foi pensado para dar voz aos

participantes da pesquisa que foram nossos parceiros na construção do processo de

ensino aprendizagem, para que dessa forma possamos ouvir suas impressões,

experiências e aprendizagens durante o projeto. Entretanto, enfrentamos algumas

dificuldades na execução da entrevista com as crianças.

Optamos em realizar a entrevista em pequenos grupos compostos de acordo

com a preferência das crianças, o que trouxe certo desequilíbrio, pois eles se

agruparam de acordo com as afinidades e comodidades do cotidiano. Assim, em

alguns grupos tivemos a presença de crianças que gostam de verbalizar e se

sentem confortáveis e com alguns grupos em que havia mais dificuldade de

verbalizar. Nesse momento, foi necessário refletir sobre os desafios do envolvimento

das crianças na pesquisa sem deixar de respeitar suas características e

necessidades, pois a participação delas revela uma necessidade de mudança nos

métodos de pesquisa. De acordo com Alderson (2005), a pesquisa com crianças

instaura o desafio de reconhecer a criança, como que elas podem e devem

expressar suas experiências.

A entrevista com cada grupo foi realizada em uma sala de aula, sem outras

crianças, e foi toda filmada com uma câmera fixa, captando a imagem de todos os

alunos (APÊNDICE II). Realizar a entrevista foi bastante desafiador, pois as crianças

são objetivas nas respostas e não conseguiam construir grandes discursos sobre as

temáticas. Utilizamos os cadernos de registros do projeto e fotografias como apoio

para que as crianças pudessem elaborar seus discursos. Os recursos visuais foram

utilizados como reforço da memória, pois poderiam servir para desencadear

lembranças sobre detalhes do acontecimento, sobre os indivíduos participantes e

suas motivações. (SANTOS, 2009)

Ainda para obter informações sobre a criação de dados observáveis,

utilizamos o registro fotográfico realizado em todos os encontros pelo olhar da

professora Glória, que captou momentos de interação das crianças, de vivências e

experiências motoras e artísticas e registros em sala de aula. Para Boni e Moreschi

(2007), a fotografia se configura como um instrumento de reconstrução da história,

favorecendo uma melhor compreensão dos processos de transformação da

sociedade. Em virtude do seu caráter cultural, pode ser utilizada como fonte de

conexão entre os dados orais e a memória dos grupos estudados.

51

Bencostta (2001) alerta que a fotografia se materializa como um desafio para

o pesquisador, pois a interpretação da imagem está irrigada de memória e

representação, fruto de uma elaboração cultural e estética. Para a compreensão da

imagem é preciso submetê-la ao um olhar crítico sobre o objeto ou contexto

fotografado. Os registros fotográficos também foram elementos para a triangulação

dos dados de pesquisa.

3.3. Análise das Informações

Na busca por compreender o contexto da pesquisa, procuramos conhecer o

fenômeno através de vários olhares, na perspectiva dos alunos, através da sua fala

durante os diálogos, na perspectiva da professora, a partir da sua entrevista e

registro fotográfico, e ainda através da observação, imagens que foram capturadas

durante a dinâmica das aulas. A partir desse cenário pretendemos cruzar as

informações que serão obtidas, a fim de perceber suas aproximações e confrontar

suas diferenças para contemplar o objetivo do estudo.

Para Denzin e Lincoln (2006), a triangulação de dados é uma ferramenta de

validação, é uma maneira de compreender a complexidade e riqueza na

investigação. Yin (2005) discute que a triangulação pode facilitar a compreensão das

fontes com várias avaliações do mesmo fenômeno. Utilizamos essas fontes de

coleta para triangular os dados e compreender o processo de ensino e

aprendizagem preocupado com a construção do conhecimento, que contará com o

auxílio de uma organização pedagógica diferenciada, trazendo novas possibilidades

para as aulas de educação física, a fim de que as essas possam se organizar e

modificar seu olhar dentro das quadras e salas de aulas.

Para analisar o diálogo com os participantes sobre as suas percepções

durante o processo e as transcrições de vídeos feitos durante as observações,

utilizamos o procedimento da análise de conteúdo que, de acordo com Franco

(2007), configura-se como um procedimento metodológico que tem como ponto de

partida a mensagem – seja ela verbal, escrita, gestual, figurativa ou documental - e

procura trazer inferências para o pesquisador a partir de qualquer dos elementos da

mensagem.

Campos (2004) salienta a importância da semântica, ou seja, do sentido da

comunicação para que o procedimento da análise de conteúdo seja desenvolvido, o

52

autor argumenta ainda que é um processo dedicado à análise de dados qualitativos

e que se configura como uma ferramenta importante para compreender o universo

de pesquisa qualitativo. Para Bauer e Gaskell (2002), a análise de conteúdo é capaz

de construir “mapas de conhecimento”, considerando as inserções das pessoas e

criando uma teia de conceitos e dados que possivelmente serão transformados em

informações que, assim assimilados, terão como produto um novo conhecimento.

Buscamos compreender, organizar e apresentar as informações e percepções

das crianças e da professora Glória durante o processo de construção e vivência do

projeto e desta maneira ter clareza sobre os objetivos do estudo. Portanto, a

utilização de várias fontes de dados pode oferecer uma maior amplitude e

profundidade se forem obtidos por diversos atores do processo. Utilizamos algumas

técnicas como registro da observação participante: dados visuais (fotografia e

vídeo), auditivas (gravações das entrevistas), além das narrações do pesquisador

(diário de campo) (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2013).

Tendo em mãos o material bruto dos dados, iniciei a construção da pré-

análise do conteúdo, tendo como tarefa a sistematização e transcrição das fontes de

informação (APÊNDICE III). Após esse primeiro contato com as informações, realizei

a leitura de todas as transcrições e assisti a todas as gravações de aulas,

registrando observações que pudessem ter passado despercebidas do contexto da

pesquisa. Esse primeiro momento foi bastante desafiador e interessante, pois

possibilitou a percepção da construção do projeto e de suas dificuldades, como em

alguns momentos de realizar e mobilizar a atividade e a interação de todas as

crianças.

A partir desse mergulho nos registros, iniciei o processo de categorização,

tendo em vista o objetivo do estudo e suas questões de pesquisa, e foi através das

questões que criei as categorias de análise, sendo que a criação das categorias não

foi definida a priori, pois emergiram da fala e interação dos sujeitos e contou com a

constante interação com a teoria (FRANCO, 2012). A fase de construção das

categorias e o diálogo com a teoria foi um momento de grande descoberta e

aprendizado, pois a partir desse momento foi possível descobrir e perceber as

interações do estudo com a literatura.

Com base nas questões de pesquisa, iniciei uma análise temática buscando

encontrar temas ou unidades de significado no discurso dos sujeitos de pesquisa, e

assim fui separando e destacando os trechos de forma manual com o auxílio de

53

marcadores de texto de diferentes cores, para que fosse possível após essa

separação a relação com a literatura. Após esse passo realizei a construção de sub

categorias para definir ainda mais o foco de pesquisa, e contemplar as questões de

pesquisa de forma mais objetiva (APÊNDICE IV).

Após a construção desse quadro, iniciei a interação com a literatura, mas tive

muitas dificuldades para dar vida ao discurso das crianças e da professora, além dos

registros feitos durante as observações, então construí quadros por categoria, em

que realizei a inferência dos trechos de acordo com a subcategoria, facilitando a

construção da discussão e análise. Nesse momento, foi necessário reconstruir

algumas subcategorias ou até mesmo exclui-las, e assim ter a dimensão e

profundidade necessária para análise. Na construção desses quadros, me dediquei

em identificar a categoria, a subcategoria, o trecho que seria destacado

(apontamentos), além da etapa ou momento do projeto que estava presente naquele

fragmento e qual a fonte daquele dado. Todas as fontes de dados foram utilizadas

na construção dos quadros, inclusive as imagens e registros fotográficos. A seguir

temos um exemplo da configuração do quadro:

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(SU

BC

AT

EG

OR

IA)

Apontamentos Etapa do projeto Fonte de dados

“Então as escolhas

delas acabam

influenciando a escolha

de outros, mas eu acho

que deu a oportunidade

para que todos

colocassem sua

opinião, ninguém nunca

foi desrespeitado

quanto isso, acho que

nesse sentido foi

sempre tranquilo.”

Percepção da

professora sobre

as escolhas das

crianças

Entrevista sem-

estruturada com a

professora.

Quadro 1: Exemplo de construção dos quadros de análise

54

Os quadros foram criados de acordo com as categorias e foram nomeados:

indícios de participação das crianças (APÊNDICE V), indícios de aprendizagem das

crianças durante o projeto (APÊNDICE VI), indícios sobre as estratégias utilizadas

no projeto (APÊNDICE VII) e indícios de dificuldades na construção do projeto

(APÊNDICE VIII). A utilização da palavra indícios se refere à construção de

possibilidades para refletir sobre os dados através da literatura, e nessa interação

responder às questões de pesquisa.

Após essa análise detalhada na construção dos quadros, iniciei o processo de

discussão, relacionando os trechos e fala dos sujeitos de pesquisa com a literatura,

nesse momento preferi colocar em destaque a fala ou apontamento também

destacando o autor daquele trecho, além de identificar a fonte de dados. Utilizei

ainda, durante a discussão, o registro fotográfico que elucidou algumas questões e

pode aproximar o leitor do contexto de pesquisa. A seguir teremos exemplos dessa

construção:

- Acredito que construir um projeto diante do interesse deles pode requerer mais tempo e

contato de aula, por isso nos próximos encontros preciso propor vivências que possam

despertar algumas questões que sejam passíveis de estudo e construção.

- Confecção demorou mais tempo que o planejado, pois as crianças são bastante

detalhistas e ficaram bastante tempo elaborando a piaba, e tiveram dificuldades para lidar

com o papel crepom. A dinâmica da construção do brinquedo levou muito tempo, e tomou

bastante tempo da experimentação, que teve que ser remanejado para outro dia, talvez

perdendo um pouco dos conhecimentos e questionamentos que havíamos feito antes.

- Foi bastante desafiador fazer esse brinquedo e elaborar possibilidades de intervenção

junto com a professora de sala, pois eu ainda não tinha tido essa possibilidade, e fomos

pesquisar algumas coisas para preparar a intervenção, para que ambas soubessem o que

cada uma iria fazer, além de compreender algumas necessidades, como as orientações

para a confecção do piaba, que eu sempre achei que era muito simples e logo percebi que

as crianças não teriam grande autonomia se nós não explicássemos em detalhes a

utilização dos materiais, uma preocupação que surgiu da experiência da professora Glória

e facilitou bastante o trabalho.

- Acredito que o tempo de vivência e experimentação apenas na aula de Educação Física

não foi suficiente para esgotar as possibilidades de vivências corporais e discutir outras

possibilidades.

Notas de Campo – Professora Pesquisadora

Quadro 2: Apontamentos sobre as dificuldades na construção do projeto feitos pela professora pesquisadora nas notas de campo

55

A construção da análise e da discussão dos dados trouxe a necessidade da

constante reflexão e relação com a teoria num movimento de construção de

respostas, executando então o potencial da análise dos dados (SAMPIERI;

COLLADO; LUCIO, 2013).

Figura X: Envolvimento e concentração na experimentação do pião

Quadro 3: Exemplo de apontamento com recurso do registro fotográfico durante a discussão

56

4. DESCRIÇÃO DO PROJETO

4.1 Escolha da turma

A pesquisadora foi até a unidade escolar solicitar autorização para a

realização da pesquisa (ANEXO I), e a partir do aceite da instituição procurou a

professora polivalente da turma para que pudesse estabelecer uma parceria em

âmbito pedagógico, o que seria fundamental para a construção do processo. A

pesquisadora já conhecia a professora Glória, pois ambas já haviam trabalhado

juntas o que facilitou a construção do projeto.

A professora polivalente já tem como característica trabalhar numa

perspectiva diferenciada, o que também foi um facilitador para a construção do

projeto. Entendemos como prática diferenciada, uma relação de ensino que está

voltada para o aluno e considera suas necessidades e potencialidades na

construção do conhecimento. Entretanto, a professora apesar de ter uma prática

diferenciada nunca teve um olhar sistemático para compreender e refletir sobre suas

ações pedagógicas, sendo esse um atrativo no projeto.

O projeto foi realizado com a turma do 2° ano do Ensino Fundamental I, com

25 alunos (10 meninas e 15 meninos) com três alunos de inclusão – dois alunos com

deficiência intelectual e um com Transtorno Espectro Autista (TEA) – que já estavam

juntos pelo segundo ano com a mesma professora, característica fundamental para

o perfil da turma, pois as crianças já se conheciam e tinham um bom convívio na

sala de aula.

Antes de iniciar o projeto fizemos uma reunião com os pais ou responsáveis

para que eles tomassem ciência, e caso concordassem, autorizassem a utilização

da imagem e do conteúdo produzido pelas crianças, além de explicarmos aos pais

as ações pedagógicas que seriam adotadas e convidá-los a participarem do projeto

em alguns momentos. Durante a reunião, todas as crianças foram representadas

pelos seus responsáveis, sendo que eles foram muito receptivos com a proposta, e

apenas uma avó pediu para levar para casa e conversar com a mãe da criança, para

que fosse concedida a autorização posteriormente. Portanto, não tivemos problemas

com as permissões e durante o processo tivemos a participação efetiva da família, o

que também contribuiu muito para aprendizagem das crianças.

57

No primeiro encontro com as crianças, me apresentei e contei um pouco para

eles o que faríamos e apresentei o termo de assentimento (ANEXO III), tendo o

cuidado de ler junto com a turma e esclarecer quaisquer dúvidas. Diante desse

primeiro contato, pude perceber que a turma apesar de numerosa dificilmente

entrava em conflito, era bastante agitada e heterogênea, tinha algumas crianças que

participavam o tempo todo oralmente e algumas crianças que eu nem consegui ouvir

nesse primeiro contato, contudo todas as crianças me pareceram muito envolvidas e

disponíveis para participar do projeto.

A princípio, tive receio sobre como seria a participação das crianças e como

poderíamos organizar um momento para que todos os alunos participassem

efetivamente, além de analisar com cuidado o caso das crianças com deficiência,

pois talvez fosse necessário criar diferentes estratégias e adaptar algumas etapas

para que essas crianças fossem de fato incluídas na construção do projeto.

4.2. Aproximação do contexto e construção do conceito de Educação Física

Após o primeiro contato, iniciei o planejamento a partir de alguns pilares: a

participação das crianças, o interesse do grupo e as características da turma

descritas pela professora Glória1 anteriormente: a curiosidade, a capacidade de

trabalhar bem em grupos, e o bom relacionamento que eles mantinham em sala de

aula. Nesse processo de aproximação da turma realizamos 4 encontros:

O primeiro encontro foi de apresentação da professora pesquisadora e

reconhecimento da turma, além de ser um momento de levantamento de

conhecimento prévio sobre as seguintes questões: o que é Educação Física? E o

que eles gostariam de aprender nas aulas de Educação Física? Além de um

questionamento sobre o que seria um projeto?

Esse encontro foi bastante interessante, pois tive a oportunidade de conhecer

cada criança, e já me apropriar do seu nome e de algumas características, tais

como: quem mais participa oralmente, quem não participa oralmente, mas está

atento à proposta, além de reconhecer quais as percepções iniciais sobre a

Educação Física e os Projetos. Tivemos um momento de conversa, organizada por

mim sobre ambos os temas, e após a roda de conversa solicitei que as crianças

1 Utilização do nome fictício da professora responsável pela turma.

58

registrassem em forma de desenho e lista de palavras. Além desse primeiro contato

comigo, eles também tiveram o primeiro contato com a câmera, que nos

acompanharia por todo o processo, e a princípio isso foi um motivo de grande

interesse para alguns que se colocavam frente à câmera e perguntavam se

realmente estávamos gravando. Aproveitamos esse momento para esclarecer a

função do instrumento durante nossos encontros e ainda solicitar que todos

tomassem cuidado com o material diante das dinâmicas de aula. Acredito que essa

conversa inicial facilitou bastante o processo de construção do projeto e

consequentemente de obtenção de informações através das imagens gravadas.

Após o momento de registro das crianças, foi possível analisar as produções,

em que pude perceber que o contato que eles possuíam com a educação física

estava intimamente ligado com apenas um eixo da cultura corporal de movimento,

os jogos e brincadeiras, porém de uma forma repetitiva, pois eles trouxeram um

pequeno repertório de brincadeiras, como pega-pega com variações, a corrida pô e

brincadeiras livres com a manipulação de materiais, como: bola, corda e pneus.

Entretanto, nos seus escritos, eles e elas manifestaram interesse sobre algumas das

manifestações (ou modalidades) esportivas mais conhecidas: futebol, vôlei,

basquete. Tendo ainda duas crianças que manifestaram o interesse por futebol

americano e skate.

A partir desse primeiro contato, iniciei um movimento de aproximação com as

crianças em alguns encontros com vivências práticas de diversas manifestações da

cultura corporal, possibilitando um acesso a outras manifestações e tendo a

oportunidade de conhecer as crianças e me aproximar delas em outro contexto.

Acredito que esses encontros foram de fundamental importância para a sequência

do projeto, pois a partir das vivências práticas podemos nos conhecer e

experimentar outras possibilidades, além de auxiliar na construção da problemática

que iriamos estudar na elaboração do projeto.

Durante esses primeiros encontros, tive a preocupação de apresentar

diferentes manifestações da cultura corporal de movimento para as crianças, tendo

como objetivo a vivência de outras sensações e possibilidades corporais, ampliando

o olhar deles frente às aulas de educação física.

Pudemos fazer brincadeiras ritmadas e que mobilizaram a noção de ritmo e a

construção de pequenas coreografias, quando lidamos com as manifestações das

danças, discutindo um pouco sobre o que é dançar, quais ritmos eles conheciam, e

59

quais as preferências possuíam e a de suas famílias. Em outro encontro, levei

algumas brincadeiras de luta, com diversos desafios: como a conquista de território

e de materiais, mobilizando sensações de desequilíbrio e tomada de decisão rápida.

Utilizei ainda alguns jogos pré-desportivos de arremesso para construir momentos

de jogos, onde eles se desfiavam e criavam estratégias para superar os colegas

individualmente e em equipe. E, por fim, no último dos quatro encontros, realizamos

algumas vivências de movimentos ginásticos de desequilíbrio e estabilização, além

da construção de movimentos com materiais como a bola e a corda. Apesar dos

momentos de vivência e experimentação serem curtos, durante os encontros as

crianças estavam sempre envolvidas e me pareciam gostar do que estavam

vivenciando, em nenhuma proposta houve negação por parte das crianças, e em

diversos momentos eles me questionaram, pois desconheciam algumas

manifestações e queriam saber mais, trazendo às vezes elementos do seu

conhecimento prévio, por exemplo, quando fizemos uma vivência de conquista de

material e o aluno Pedro disse que se parecia com a luta de MMA, que havia

assistido na televisão.

Os momentos de vivência, interação e reflexão das crianças, com um novo

olhar sobre a aula de educação física trouxeram a necessidade de discutir o

conceito de educação física com as crianças, e nos possibilitaram iniciar dessa

perspectiva a escolha da temática do projeto. Diante desse desafio, planejamos um

momento em que as crianças tivessem que identificar as manifestações da cultura

corporal e representar essa manifestação para os colegas.

Essa ação do projeto foi planejada em conjunto com a professora Glória.

Assim pudemos discutir qual proposta pedagógica seria mais adequada para a

compreensão e envolvimento das crianças. Resolvemos utilizar as imagens das

manifestações da cultura corporal, para que as crianças as identificassem e

pudessem representá-las.

Selecionamos 25 imagens divididas em 5 grupos (danças, lutas, ginásticas,

esportes e jogos e brincadeiras), para que cada criança tivesse acesso a uma

imagem e pudesse refletir sobre qual manifestação da cultura corporal ela estava

tendo contato. Após esse primeiro momento, as crianças tiveram acesso às imagens

dos colegas e tiveram que se agrupar de acordo com a classificação feita

anteriormente.

60

Figura 1 - Conjunto de imagens esporte

Fig

Figura 2 - Conjunto de imagens ginástica

Figura 5 - Conjunto de imagens brincadeiras

Figura 4 - Conjunto de imagens lutas

Figura 3 - Conjunto de imagens

dança

Fonte: Google imagens Fonte: Google imagens

Fonte: Google imagens

Fonte: Google imagens Fonte: Google imagens

61

A proposta teve início com as crianças tendo que identificar individualmente

sua imagem e escrevendo o que achavam que ali estava representado. No segundo

momento, disponibilizaram a sua imagem e observaram a imagem de todos os

colegas. Após esse momento de identificação, solicitei que eles se agrupassem de

acordo com a manifestação (dança, lutas, jogos e brincadeiras, esportes e

ginásticas) e o espaço determinado na quadra.

Durante a realização da atividade, apenas duas crianças tiveram dificuldade de

encontrar seu grupo, o aluno Alisson2 que estava com a imagem do vôlei, foi até o

grupo das lutas. Quando chegaram as meninas que compunham o grupo, logo

identificaram para ele que sua imagem não fazia parte daquele grupo e que ele

deveria procurar o grupo do esporte. O outro aluno que teve dificuldade foi o Cauã,

que estava com a imagem da queimada, e tinha certeza que pertencia ao grupo do

esporte, e depois de muitos questionamentos dos colegas, dizendo que a queimada

não era esporte porque não passava na televisão, e sendo assim ela só poderia ser

um jogo e que o Cauã deveria ir para o grupo de jogos e brincadeiras. Nos dois

casos, o grupo que escolheram primeiro discutiu e trouxe argumentos para que eles

não permanecessem ali, enquanto o grupo que os recebeu, acolheu dizendo que

agora eles estavam no lugar certo. A dinâmica foi bastante interessante, pois eles

tiveram que construir argumentos sobre as manifestações representadas nas

imagens, utilizando um conhecimento prévio sobre as mesmas, o que possibilitou a

2 Os nomes dos alunos envolvidos na pesquisa são fictícios, respeitando sua identidade.

Figura 6 - Identificação das imagens coletivamente.

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

62

identificação e a categorização das manifestações da cultura corporal. Ao final da

identificação, os grupos se reuniram para discutir sobre o que eles já conheciam e

gostariam de conhecer da manifestação identificada, além de construir uma

apresentação para os demais colegas. Na imagem abaixo podemos observar os

grupos discutindo suas manifestações e ensaiando como se apresentariam para os

colegas.

Esse momento também foi importante para que junto com as crianças

pudéssemos definir nosso foco de estudo, pois a partir da vivência, discussão e

apropriação das manifestações da cultura corporal eles tiveram que escolher uma

das manifestações para ser o pano de fundo de nossa construção.

No final do encontro, todos os grupos apresentaram suas manifestações e

puderam falar um pouco sobre o que sabiam sobre elas, então propus que

escolhêssemos uma das manifestações da cultural corporal para estudar com maior

profundidade durante o projeto, e solicitei uma votação. A turma escolheu a

manifestação dos jogos e brincadeiras, acredito que essa opção foi feita por eles,

pois se familiarizam com a temática e quando questionei por que eles haviam

escolhido essa manifestação, uma aluna disse: “Por que existe vários jogos e

brincadeiras que a gente não conhece e precisa conhecer!”. Então abraçamos a

temática e iniciamos o planejamento pensando nas necessidades e possibilidades

pedagógicas da turma nas diferentes disciplinas.

Figura 7 - Discussão em grupos sobre as diferentes manifestações da Cultura Corporal

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

63

4.3. Escolha do tema

Os jogos e brincadeiras como manifestação da cultura corporal têm uma

imensidão de possibilidades que poderiam ser abordadas em um projeto didático,

então esse momento de escolha e de como tratar essa manifestação nos trouxe

algumas inquietações. Já que gostaríamos de realizar um trabalho que fosse capaz

de ampliar o conhecimento das crianças sobre a temática, além de agregar novas

aprendizagens e mobilizar diferentes conhecimentos do contexto escolar. Tendo isso

como grande desafio, realizamos um momento de planejamento conjunto, onde

apresentamos algumas possibilidades de trabalho.

Ao discutir com a professora Glória, pensamos em uma interlocução com

outra linguagem que seria próxima às crianças e poderia agregar à linguagem

corporal como mais uma possibilidade, construindo um projeto a partir do interesse

das crianças e ampliando seu repertório diante de aprendizagens realmente

significativas e integrais.

A professora polivalente trouxe uma proposta do livro didático, onde estava

previsto o contato das crianças com as obras de arte para analisar vários pontos do

cotidiano, então trouxemos essa proposta para o contexto que estávamos

vivenciando.

Como a utilização de imagens já tinha sido uma estratégia interessante e

motivadora quando discutimos as diferentes manifestações da cultura corporal de

movimento, pois as crianças trabalharam bem com a proposta e a compreenderam

com bastante habilidade, fizemos uma seleção de imagens que discutissem jogos e

brincadeiras a partir de obras de arte e as apresentamos às crianças, com o intuito

de que elas discutissem e escolhessem uma obra para uma análise mais profunda.

Além da proposta ter emergido de uma ação didática prevista no livro didático, a

professora Glória sugeriu esse recorte, pois as crianças apreciam bastante a

linguagem artística e poderiam ter maior facilidade na sua apropriação.

Partindo desse cenário, selecionamos sete obras que representavam jogos e

brincadeiras, sendo elas: “Jogos Infantis” (Peter Bruegel); “Brinquedos e

Brincadeiras” (Militão dos Santos); “Brincadeiras de Criança” (Rosária Silva);

“Brincadeiras que as crianças brincam” (Aracy); “Várias Brincadeiras” (Ivan Cruz);

“Coleção de obras de Cândido Portinari” (Cândido Portinari); “Brincadeiras de

Crianças” (Associação Cultural Pintura Solidária).

64

Figura 8 - “Jogos Infantis” – Pieter Bruegel

Fonte: Google imagens

Figura 9 - “Brinquedos e Brincadeiras” – Militão dos Santos

Fonte: Google imagens

Figura 11 – “Brincadeiras que as crianças brincam” - Aracy

Figura 10 – “Brincadeiras de Crianças” – Rosária Silva

Fonte: Google imagens

Fonte: Google imagens

65

Tendo em vista essas obras, iniciamos as ações do projeto intitulado: “Arte

em Movimento”, com uma dinâmica de análise das imagens em pequenos grupos,

assim como já havíamos feito anteriormente. Cada grupo teria a função de escrever

e apresentar para turma argumentos para que sua imagem fosse a escolhida para

Figura 12 – “Várias Brincadeiras” – Ivan Cruz

Fonte: Google imagens

Figura 13 – Obras Cândido Portinari

Fonte: Google imagens

Figura 14 – “Brincadeiras de Crianças” – Associação Cultural Pintura Solidária

Fonte: Google imagens

66

estudo aprofundado do projeto. Diante das imagens, as crianças foram divididas,

novamente em 5 grupos e puderam escolher a imagem que iriam discutir e defender.

Os grupos se organizaram aleatoriamente e ao escolher a imagem que seria

analisada construíram uma apresentação para turma, pontuando as características

da obra, além dos motivos para que essa fosse a escolhida. Os argumentos das

crianças foram desde as cores escolhidas pelos artistas, até a diversidade de

práticas corporais ainda não experimentadas por elas. Após a explanação de todos

os grupos, a professora Glória realizou uma votação que elegeria a obra para o

aprofundamento do estudo. Nessa dinâmica, duas imagens não foram escolhidas

pelas crianças - “Brinquedos e Brincadeiras” (Militão dos Santos) e “Jogos Infantis”

(Pieter Bruegel).

Figura 15 - Discussão sobre as imagens e a construção de argumentos

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

Figura 16 – Registro da votação sobre a escolha da imagem

67

A obra escolhida pelas crianças foi a do artista plástico Ivan Cruz – “Várias

Brincadeiras II”, e então essa seria nosso foco de estudo. Após a escolha das

crianças, eu a professora Glória tivemos um momento de planejamento, em que

discutimos as possibilidades didáticas para a utilização da obra, sobre quais outros

aspectos poderiam ser abordados além das manifestações corporais representadas.

Dentre os conteúdos, elegemos: paisagem (ambiente urbano e rural), produção

textual, clima, leitura e interpretação e gênero textual (biografia do autor). Dividimos

as ações pedagógicas em quatro partes: caracterização da obra, estudo sobre o

autor e a identificação, vivência das brincadeiras e registros das aprendizagens.

Para tanto, elencamos algumas expectativas de aprendizagem:

- Identificar as manifestações da cultura corporal;

- Diferenciar as diversas possibilidades de paisagem;

- Experimentar brincadeiras populares;

- Confeccionar registros artísticos;

- Valorizar a cultura popular;

- Adotar postura solidária frente aos colegas;

- Perceber suas sensações e preferências durante as vivências;

- Elaborar registros sobre suas aprendizagens;

- Construir brinquedos utilizando materiais recicláveis;

- Apreciar obras de arte;

- Perceber suas sensações e sentimentos durante a vivência do projeto.

4.4. Ações pedagógicas do projeto

A escolha feita pelas crianças foi a obra Várias Brincadeiras II – Ivan Cruz, a

partir desse momento elencamos alguns objetivos que perpassariam várias

disciplinas, e as ações do projeto teriam a intervenção planejada pelas professoras e

crianças. A ações tiveram os seguintes momentos: caracterização da obra, estudo

sobre o autor e a identificação das manifestações da cultura corporal, vivência das

manifestações e registros das aprendizagens, além do momento de avaliação. A

seguir, esses momentos são descritos.

Os alunos juntamente com a professora Glória e a professora pesquisadora

examinaram as características da obra, suas peculiaridades e identificaram as

manifestações da cultura corporal presentes ali, além de levantar questões sobre a

68

expressão do autor. Esse momento foi feito em sala de aula, sendo que os alunos

estavam divididos em grupos e o registro foi feito de forma oral pelas crianças,

realizamos o registro de alguns questionamentos, tais como: por que as crianças

que estavam representadas não tinham rosto? E por que todos estavam descalços?

As crianças também formularam hipóteses para esses questionamentos, pois

disseram que levaria muito tempo para fazer o rosto de cada criança, pois todos

somos diferentes e o fato das crianças representadas estarem descalças foi

encarado com muita naturalidade pelo Pedro que disse: “Eles estão brincando na

areia, é muito ruim ficar de chinelo!”. Após esse momento de conversa e troca, as

crianças realizaram um registro escrito sobre a obra no caderno do projeto. Na

imagem, a seguir, encontramos o registro feito pela Emilly que escreveu: “Os

desenhos são bem coloridos e as crianças estão brincando na areia. É um lugar com

muito espaço e que nenhuma criança fica sem brincar. Algumas brincadeiras que a

gente conhece e outras não. A maioria das brincadeiras parecem legal e dá para

fazer na escola, só algumas que não. Está fazendo um dia bem bonito de sol e as

crianças estão felizes.”

Esse registro feito no caderno do projeto ocorreu com a supervisão da

professora Glória e as crianças fizeram essa escrita argumentativa numa produção

textual separada e que foi revisitada pela professora para que, assim, pudesse fazer

parte do caderno do projeto. Realizamos ainda uma atividade no segundo encontro

após a escolha do tema, uma vez que que as crianças haviam se apropriado da

imagem e discutido suas características. Dedicamo-nos à identificação das

manifestações da cultura corporal, em que as crianças tinham um tempo para fazer

uma lista com os brinquedos e brincadeiras representadas na obra e assim

pudessem formular suas cartelas de bingo, e realizamos um bingo com as

brincadeiras representadas. Essa atividade foi bastante interessante, pois muitas

das brincadeiras as crianças não sabiam nomear, ou por que não reconheciam ou

por que atribuíam nomes diferentes, o que nos deu a possibilidade de discutir as

diferentes possibilidades de nomes e jeitos de brincar nas diversas culturas. Uma

das brincadeiras que gerou maior discussão foi a de bolinha de gude, pois algumas

crianças se referiram a ela como fubeca e a grande maioria a reconhecia, mas

nunca havia brincado com esse material.

Nessa dinâmica do bingo, também elencamos qual seria a primeira

manifestação que faríamos no próximo encontro, e diante de uma votação acirrada

69

as crianças elegeram a pipa como o primeiro momento de vivência no projeto.

Finalizamos a aula com o registro da lista de palavras no caderno do projeto.

Durante a semana, as crianças tiveram a possibilidade de conhecer e se

aprofundar na biografia do autor, além de ver imagens do mesmo, e assim puderam

se aproximar ainda mais da obra estudada. A partir da biografia do autor, ainda

conheceram obras de Cândido Portinari e suas fases, autor de inspiração de Ivan,

que optou por representar em seus quadros momentos da sua infância. A partir

disso foi possível discutir com as crianças as diferenças e semelhanças da infância

vivida pelo autor e a vivida por eles. Esses momentos de discussão e conhecimento

sobre o autor foram realizados pela professora Glória, entretanto foram diversas

vezes comentados em encontros com a pesquisadora durante os momentos de

vivência.

Como já havíamos decidido. no próximo encontro teríamos a missão de

brincar de pipa, porém como nos dias de hoje a pipa necessita de algumas

discussões prévias, optamos por iniciar com um brinquedo voador próximo da pipa,

a capucheta, para que durante a semana a professora Glória tivesse momentos de

discussão e leitura sobre a pipa, desde de sua origem, construção e utilização nos

dias atuais.

Nesse encontro, partimos então para a construção da capucheta com

materiais escolares (folha de sulfite, barbante e papel crepom), realizamos o

momento de construção no pátio da escola nas mesas do refeitório, em um

momento de construção coletiva que possibilitou a interação das crianças.

Figura 17 - Construção coletiva da capucheta.

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

70

Após a construção, as crianças exploraram o brinquedo no pátio externo da

escola, trocaram as capuchetas, correram, saltaram e perceberam a influência do

vento para que os brinquedos voassem. O momento de vivência foi mediado pela

pesquisadora que instigou as crianças a explorar diversos movimentos e as

diferentes possibilidades de interação com o espaço e material. Ao final do encontro,

fizemos uma roda de conversar para que as crianças contassem um pouco sobre as

sensações vividas e as diferentes possibilidades com aquele brinquedo. Nesse

encontro, um aluno em especial teve um papel de destaque, pois auxiliou vários

colegas na construção de suas capuchetas, além do brinquedo dele ser o que mais

voava, os colegas intrigados com essa conquista questionaram o Alisson, que foi

bastante enfático na resposta: “Eu fiz um estirante, e depois fiquei bem no alto

sentindo o vento bater no meu rosto para poder correr!” E assim, ao final desse

encontro, todos se posicionaram próximos ao Alisson e experimentaram a mesma

sensação.

Durante a semana seguinte, as crianças tiveram momentos de leitura e

escrita com a professora Glória, que se utilizou de um livro intitulado “Brincadeiras

de Criança com Ivan Cruz” (ANDE; LEMOS, 2016) – que conta a história de um

grupo de crianças no futuro e que encontram uma caixa com um manual de

brincadeiras com as imagens do Ivan Cruz, e as crianças levam o manual para os

pais e brincam. Esse momento de contação de história foi importante para discutir a

necessidade do registro da cultura popular com as crianças e a importância das

brincadeiras populares para as novas gerações, que cada vez mais estão envolvidas

com a tecnologia e muitas vezes não realizam essas brincadeiras. Além de ser um

momento do projeto em que eles puderam levar suas aprendizagens para casa, pois

a professora Glória solicitou que eles fizessem uma entrevista com os pais e avós

sobre as brincadeiras e os brinquedos que eles brincavam, além de conversar com a

família sobre quais as maiores lembranças da infância. O retorno dessa pesquisa

evidenciou momentos de descobertas e motivou ainda mais as crianças para

conhecer novas manifestações da cultura corporal, também vivenciadas pelos

familiares.

No próximo encontro com as crianças, escolhemos um brinquedo folclórico,

pois é a representação de um peixe das águas dos rios brasileiros e é construído no

interior do país para que as crianças brinquem e dancem, a piaba. Entretanto, antes

do momento de construção e vivência, a professora Glória trouxe uma cantiga de

71

roda para as crianças com a intenção de iniciar esse momento, a cantiga intitulada:

“Sai, Piaba”. Iniciou as discussões da semana, que ainda tiveram como estudo o que

seria uma piaba, além das crianças saberem suas características e onde podiam ser

encontradas, discutir a origem indígena do nome. Após esse estudo, tivemos um

momento de construção do brinquedo e vivência, assim como já havíamos feito com

a capucheta. Diante das características antes estudadas com a professora Glória, as

crianças foram moldando suas piabas com a ajuda dos colegas.

Durante a experimentação do brinquedo e a vivência da cantiga de roda, as

crianças se encantaram com os movimentos do peixe voador e também exercitaram

o potencial lúdico e simbólico com várias brincadeiras e experiências motoras.

Assim como na brincadeira com a capucheta, as crianças já ficaram atentas

com o vento e o seu efeito para que as piabas pudessem voar. Durante todo o

encontro, o que chamou mais atenção foi como eles brincavam sem disputas e a

Figura 19 – Vivência com a Piaba

Figura 18 - Construção da Piaba

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

72

todo tempo se ajudando, tanto na construção, quanto na hora de encarar diferentes

desafios motores, muitas vezes propostos por eles mesmos.

Seguindo os apontamentos feitos pelas crianças na obra de Ivan Cruz,

precisávamos fazer a pipa, então a professora Glória trouxe uma nova leitura – “A

Pipa e a Flor”, escrito por Rubem Alves e ilustrado por Mauricio de Souza, que conta

a história de uma aventura envolvendo o amor entre a pipa e uma flor. Além da

leitura realizada com as crianças, eles conheceram um pouquinho do autor e

discutiram alguns valores presentes no texto, como: inveja, liberdade, amor, raiva. E

fizeram um registro desses sentimentos numa expressão artística com diferentes

cores de tintas. O momento foi importante, pois as crianças conseguiram se

expressar e muitas vezes até contar um pouco do seu cotidiano e sensações.

Após esse momento de reflexão as crianças se debruçaram nas

características e origem da pipa, conhecendo sua história e as diferentes

possibilidades de construção. Nesse percurso, discutimos um pouco sobre os riscos

da utilização do cerol na linha e fizemos alguns cartazes de campanha para deixar

no mural da escola a pedido das crianças, pois muitos levantaram essa questão e

contaram histórias de amigos que utilizavam o cerol para soltar pipa. Os cartazes

foram construídos com frases de alerta sobre os perigos e ilustração das crianças,

um momento de comunicação das aprendizagens para a comunidade escolar. Então

realizamos a construção da pipa, entretanto a vivência não poderia ser feita na

escola, pois não havia um lugar adequado para que pudéssemos soltar as pipas

sem nenhum risco, então eles levaram para casa a pipa com o convite para família.

Figura 20 - Construção da pipa na sala Figura 21 - Construção da pipa em casa

Fonte: Registro fotográfico do Projeto Fonte: Imagem enviada pela família

73

Além de finalizar o processo de construção da pipa em casa, enviamos como

uma tarefa de casa um questionário para que as crianças pudessem registrar

juntamente com a família as impressões desse momento e possíveis sensações

durante o processo. Alguns pais registraram o momento com fotos e nos

encaminharam por redes sociais, escreveram bilhetes agradecendo a oportunidade

de reviver esse momento da infância com seus filhos.

Após a vivência e as discussões sobre a pipa, as crianças iniciaram o

processo de confecção de um painel artístico com as características da obra do

pintor Ivan Cruz, sendo que as crianças retratadas nesse painel seriam eles

mesmos, sem as suas expressões, apenas com o movimento e o brinquedo

escolhido, que foi a pipa. Além do registro artístico que acompanharia as crianças

durante as semanas, eles construíram uma escrita contando como foi a experiência

com as pipas, piabas e capuchetas.

Seguindo as manifestações que foram elencadas pelas crianças na obra de

Ivan Cruz, iniciamos um estudo sobre o pião e a professora Glória trouxe uma

cantiga para trabalhar com as crianças, além de um texto sobre a história do pião e

sua fabricação e algumas formas de brincar com ele. Despertou nas crianças muitas

curiosidades e motivou para o encontro e a construção do pião. Para construir um

tipo de pião utilizamos: cds velhos, bolinha de isopor e tampinha de garrafa, a

construção foi bem rápida, e a vivência foi cheia de descobertas e comparações,

pois ofertamos vários tipos de pião para que as crianças pudessem experimentar

várias possibilidades com esse brinquedo.

Figura 22 - Início da construção do painel inspirada obra de Ivan Cruz

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

74

Como registro dessa vivência, sugerimos que as crianças fizessem uma

pintura com os piões para que pudéssemos apresentar na exposição, uma interação

entre a cultura popular, a manifestação corporal e a manifestação artística. A seguir

algumas imagens da confecção das obras de arte.

Figura 23 - Vivência com os piões

Figura 24 - Confecção de registro artístico.

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

75

As crianças foram realizando intervenções no painel inspirados na obra de

Ivan Cruz, durante as ações e vivências do projeto, para que o mesmo pudesse ser

apresentado no dia da exposição.

A próxima manifestação também surgiu da obra do Ivan Cruz, os aviões de

papel, e foi mais um desafio, pois várias crianças disseram que sabiam fazer e

gostariam de ensinar os colegas. Iniciamos então a busca de diversas formas de

construir o avião e solicitamos que as crianças trouxessem um avião de casa para

ensinar aos colegas, e assim pudéssemos ampliar nosso repertório e discutir as

características de cada avião. Realizamos a montagem de vários tipos e formas de

avião e fomos experimentar todas as suas possibilidades. Elencamos algumas

funções principais para um bom avião de papel: distância, tempo de voo e

velocidade. Fomos até a quadra da escola com nossos aviões e a fita métrica e

cronômetros que pudessem nos auxiliar nas medidas e anotações. As crianças

mediaram e contaram suas distâncias até descobrirem qual avião era mais eficiente

e depois o autor do avião deu uma aula de como construir e arremessar melhor o

avião.

Figura 25 - Confecção do painel para exposição.

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

76

Seguindo as escolhas das crianças, realizamos uma vivência com a bolinha

de gude, conhecida por muitos como fubeca. Essa vivência foi muito interessante,

pois a maioria das crianças nunca tinha visto ou pego em uma bolinha de gude, e

não tinham ideia de como era o material. O primeiro contato foi encantador, pois eles

ficaram muito impressionados com o brilho das bolinhas quando refletidas com a luz

solar, além de perceberem que cada bolinha era capaz de ter um efeito diferente.

Realizamos o momento de vivência com esse material no parque da escola, em

pequenos grupos distribuímos as bolinhas e solicitamos que eles explorassem e

criassem brincadeiras com o material. Um dos grupos tinha um menino com mais

habilidade e vivência com as bolinhas e logo foi organizando e riscando a areia e

ensinando os colegas a forma de jogar a bolinha, os outros grupos ficaram atentos

aos ensinamentos do Júlio e logo todos estavam brincando da mesma forma.

A construção das crianças e as discussões nos pequenos grupos foram

capazes de enriquecer a vivência que, a princípio, tinha um caráter apenas

exploratório, pois tínhamos a intenção de trazer um repertório de possibilidades nas

próximas vivências, contudo esse movimento foi realizado pelas crianças que

ficaram encantadas. Após essa vivência recebemos alguns bilhetes dos pais,

perguntando onde eles poderiam comprar bolinhas de gude, pois as crianças

queriam tê-las em casa para brincar, uma prova de que a vivência e escolha deles

por esse material era regada de curiosidade e ampliou o repertório não só de

vivências motoras, mas da interação cultural com sua família.

Figura 26 - Vivência com aviões de papel.

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

77

No momento seguinte, optamos pela construção de brinquedos com materiais

reutilizáveis como a garrafa pet, ampliando a discussão das crianças para o

reaproveitamento de matérias em suas brincadeiras. Escolhemos a garrafa pet como

material básico para a construção de três vivências distintas: malabares de água,

plastibol e a fantasia de cavaleiro. Foi possível discutir com as crianças a

importância da reciclagem e as questões ambientais envolvidas no descarte de

material e na manipulação do lixo feito em casa. Essa iniciativa gerou alguns

reflexos, algumas crianças durante o recreio solicitaram a direção da escola que o

lixo fosse separado e identificado, para que as crianças pudessem descartar

corretamente e assim fizemos uma campanha de descarte consciente durante o

recreio. Após essa movimentação, realizamos os momentos de construção e

vivência dos brinquedos.

Figura 27 - Vivência com bolinha de gude.

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

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As vivências foram interessantes, pois instigaram o olhar das crianças para a

questão da reciclagem e ainda encantaram com práticas lúdicas e cheias de

simbolismo. A experiência com o malabares de água e a mágica feita para que a

água não caísse da garrafa encantou as crianças e seus irmãos e primos, pois todas

as crianças levaram o brinquedo para casa e se tornaram grandes mágicos por lá.

Durante a confecção das fantasias de cavaleiro, eles capricharam em seus escudos

e espadas sem esquecer a coroa feita de um dos pedaços da garrafa pet e travaram

grandes batalhas com sua espada de jornal e tendo contato com um tipo de luta, a

esgrima. E, por fim, inventaram diferentes formas de brincar com a boca da garrafa,

com diversos tipos de brincadeiras de rebater e pegar, assim disputaram várias

brincadeiras. Realizaram, ainda, após essas vivências um registro de um texto

Figura 29 - Vivência com a fantasia de cavaleiro.

Figura 28 - Vivência com o Malabares de água.

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

Figura 30 - Construção do plastibol.

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

79

instrucional que pudesse servir de manual para a confecção dos brinquedos, assim

como as crianças do livro encontraram.

As construções e diferentes jeitos de brincar foram devidamente registrados e

problematizados em diversos momentos, a professora Glória incluiu algumas

vivências e registros nesse imenso universo dos brinquedos e brincadeiras,

aproveitando para discutir alguns conteúdos previstos no planejamento anual das

crianças. Além do caderno de registro, que serviu como diário de bordo das crianças

para que eles pudessem registrar e refletir sobre as experiências vividas durante

todo o projeto, as crianças construíram a abayomi (uma boneca de origem ioruba,

africana), e realizaram uma discussão sobre diversidade e as diferentes

manifestações folclóricas. A construção das bonecas foi um momento muito rico,

pois foi possível discutir as relações de gênero e nesse momento as crianças

trouxeram várias questões de gênero do ambiente familiar, e algumas conversas

chegaram à relação de gênero nas brincadeiras, como, por exemplo, se havia

brincadeiras de meninos e outras de meninas. A discussão gerou grande polêmica

entre as crianças e podemos ver que a discussão era regada de senso comum e

experiências que muitos traziam de suas casas. Entretanto, algumas crianças

tinham experiências de pais que ajudavam nas tarefas domésticas e também

contaram para os colegas. Ao fim das discussões, eles tiveram como unanimidade

que todos são iguais e construíram e brincaram com a boneca.

Figura 31 - Registro de texto instrucional do Plastibol.

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

80

Ao final das vivências e registros, tivemos um momento de preparação da

exposição que culminaria como nosso produto final e seria o momento de comunicar

as aprendizagens para toda a comunidade escolar. Nesse momento, realizamos

algumas discussões com as crianças para formatar esse encontro. Levantamos com

as crianças quais registros seriam expostos, numa espécie de curadoria da

exposição, além de discutir como e em qual espaço da escola poderíamos montar a

exposição. Então as crianças escolheram as obras de registro com tinta, pois muitos

disseram que numa exposição precisa ter quadros, e como eles haviam produzido

com as brincadeiras deveriam ser expostos, portanto as primeiras obras que seriam

expostas eram as pinturas com a bolinha de gude e pião.

O painel que foi idealizado no princípio do projeto a partir da primeira

manifestação da cultura corporal seria a atração principal, pois a obra era muito

grande, segundo as crianças, e tinha o corpo de cada aluno que construiu o projeto,

seria como se eles estivessem emoldurados. O painel foi um dos registros mais

intensos feito pelas crianças, pois além de unir a expressão motora e artística, foram

necessários vários encontros e momentos para sua confecção, que, segundo a

professora Glória, foram momentos de entrega das crianças e de muito empenho.

Além das manifestações gráficas e artísticas, as crianças sugeriram que

fizéssemos uma seleção de fotos para compor o momento da exposição, pois era

importante mostrar como cada coisa tinha sido feita, além de como eles se

divertiram nos encontros com os brinquedos e brincadeiras. Essa escolha trouxe a

necessidade de que, em parceria com as crianças, víssemos todas as fotos feitas

muitas vezes pelas professoras e algumas por seus colegas de sala. Durante a

Figura 32 - Construção da Abayomi

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

81

seleção, tivemos alguns conflitos, pois as preferências das imagens nem sempre

eram consenso, mas resolvemos esses conflitos mediante votações e escolhas

democráticas, tanto das imagens, quanto dos momentos, tendo ainda a

preocupação com um limite de imagens.

Durante as discussões sobre a exposição, uma das alunas, a Maria Eduarda,

trouxe a seguinte questão, dizendo: “Quando fomos ao museu é muito legal ver as

coisas, mas é muito chato não poder encostar e nem mexer nelas!”, trazendo a

necessidade de que a exposição tivesse um momento de interação, em que fosse

possível também brincar e se divertir com os brinquedos e as brincadeiras. Diante

desse desafio, as professoras pediram que as crianças dessem sugestões de como

poderíamos criar momentos de interação com o que eles tinham selecionado. As

crianças solicitaram dois espaços, um onde pudéssemos disponibilizar os

brinquedos que foram construídos, com os manuais de construção e como brincar

com eles, assim como as crianças encontraram o baú com os manuais, no livro que

foi foco do nosso estudo. E outro local onde pudéssemos disponibilizar os

brinquedos como pião, corda, bolinha de gude entre outros para que um grupo de

crianças pudesse convidar os espectadores para brincar.

Após essas discussões, iniciamos a divulgação da exposição com convites e

cartazes na escola e para os pais, fazendo o convite para exposição e um momento

de confraternização da turma e de todos os envolvidos.

Antes do momento da exposição realizamos uma avaliação em grupos

através de um momento de entrevista com as crianças. A professora pesquisadora

solicitou que as crianças se organizassem em grupos e em um ambiente fora da

sala de aula realizou as entrevistas, conversando um pouco sobre as experiências

vividas e quais as percepções das crianças sobre o projeto.

Finalizamos o projeto no dia da exposição com a presença da família, que

brincou com nossos pequenos e pode acompanhar suas vivências muitas vezes

sendo arrastados pela mão para ver suas obras de artes e poses nas fotos que

documentavam suas aprendizagens e sensações diante de um mergulho no mundo

dos brinquedos e brincadeiras pelo olhar e pinceladas do artista Ivan Cruz,

evidenciando o seu protagonismo no processo de ensino e aprendizagem, pois

foram capazes de contar seu percurso formativo na expressão corporal e artística.

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Figura 35 – Interação com a família na exposição

Figura 33 – Exposição “Arte e Movimento”

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

Figura 34 – Painel construído pelas crianças

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

Fonte: Registro fotográfico do Projeto

83

5. PEDAGOGIAS PARTICIPATIVAS: AVANÇOS POSSÍVEIS

Para analisar a constituição desse projeto pedagógico pautado na perspectiva

participativa na Educação Física Escolar, procuramos respostas a algumas

perguntas orientadoras, já apresentadas. A partir dessas perguntas, analisamos

como foi a participação das crianças durante o projeto, as estratégias de ensino

implementadas, a aprendizagem dos alunos e as contribuições pedagógicas.

Apresentaremos os resultados desta análise a seguir.

5.1. A participação

Um aspecto fundamental do projeto que aqui apresentamos era estimular a

participação das crianças nas decisões e nos diferentes momentos que o

constituíram. Ao concluir o projeto, desejávamos saber se conseguimos alcançar

este objetivo e compreender como foi essa participação. Para isso, procuramos

informações nas notas de campo, nas imagens disponíveis, nos registros produzidos

pelas crianças e nos relatos da professora e dos próprios alunos. Nos dedicaremos,

a seguir, a responder essas questões, evidenciando os momentos e as formas de

participação e interação identificados.

Constatamos que a participação se manifestou de diferentes maneiras. A

primeira forma que identifiquei foi a expressão verbal, quando as crianças interagiam

diretamente comigo, principalmente quando respondiam algum questionamento que

lhes apresentava.

Durante o primeiro encontro, quando eu procurei identificar o que eles

compreendiam por projeto, Matheus, Dandara e João, por exemplo, verbalizaram

seus pontos de vista:

Projeto é uma coisa que sai da sua cabeça, também pode ser né e

que você também pode construir e isso é um projeto. Por exemplo se

eu quiser construir um foguete de palito, sabe ai eu faço um foguete

e isso é o projeto. (Matheus Henrique)

Aqui na classe a gente faz projeto, a gente tava querendo fazer o

projeto sobre o filme ai a gente vai fazer! (Dandara)

O projeto é negócio que a gente constrói, igual o menino do desenho

que montou uma máquina e tirou 10 no projeto. (João)

84

Essa mesma forma de diálogo se fez presente durante todo o projeto, a cada

encontro, quando as crianças eram provocadas a apresentar seus pontos de vista,

construindo respostas às problemáticas levantadas. Assim, durante o terceiro

encontro, questionei a turma sobre o que era uma obra de arte. João, Pedro Lucas e

Enzo dialogaram comigo:

É um negócio que tem que pintar, e tem um cara que fez a sua primeira arte, a Monalisa! (João) Uma obra de arte é uma coisa que você pinta (Pedro Lucas) Você também pode escrever (Enzo) Em outro momento, ao tematizar a pipa perguntei o que eles fizeram para que sua pipa voasse. Algumas crianças apresentaram seus pontos de vista: Corremos mais rápido! (Dandara) A gente correu e levantou a mão! (João) Ela voa por causa da rabiola. (Pedro Lucas) A gente segura para correr, para voar, nossa. (Enzo)

Este diálogo direto comigo também aconteceu por iniciativa das próprias

crianças, quando elas tinham alguma dúvida ou quando desejavam me informar

algo. Um exemplo foi identificado nas notas de campo, como destaco a seguir:

Algumas crianças já tiveram a iniciativa na construção. O Alisson, por exemplo, já iniciou fazendo segundo ele o estirante, e a dobra da folha, e logo percebeu que faltava algo e me perguntou: “A rabiola pode ser isso aqui?”, apontando para o papel crepom, após terminar sua pipa ele foi ajudar os colegas com dificuldade. (Notas de Campo – Encontro 4 - 02/10/2017) Iniciaram ainda brincadeiras, Lucas, Maria Eduarda, Matheus Henrique, Cauã, Luiz Gustavo e Larissa me pediram para observar qual pipa ficava mais alta enquanto eles corriam. (Notas de campo - Encontro 4- 02/10/2017) Na primeira experiência feita pelo Lucas, ele disse correndo com sua pipa: “Essa experiência é demais!”. (Notas de campo - Encontro 4 - 02/10/2017) Pedro Lucas foi enfático em dizer que sim, pois dava pra fazer muitas coisas com ela, e ela parecia mesmo uma pipa só que tinha formato de peixe. (Notas de Campo – Encontro 5 – 10/10/2017)

Assim, foi possível identificar alguns momentos em que as crianças

participaram oralmente, dialogando comigo. Esses momentos são fundamentais

para a aprendizagem e, como afirma Oliveira-Formosinho (2016), o diálogo está

ligado com o desenvolvimento das identidades plurais, possibilitando que as

crianças sejam pertencentes e participativas no seu contexto de aprendizagem,

85

explorando a comunicação e narrando suas aprendizagens de forma significativa. A

autora afirma também que a possibilidade de participação está na escuta e no

diálogo entre os atores. Desse momento, surge a complexidade do fazer

pedagógico, pois a interatividade entre os saberes foge da definição prévia do ato de

ensinar e aprender, pois exige agir na urgência e interpretar um cotidiano complexo.

Embora a participação verbal tenha sido frequente e importante, durante o

projeto, encontrei algumas dificuldades quanto à expressão e participação oral de

algumas crianças, pois percebi que muitas delas têm dificuldade em verbalizar suas

aprendizagens, ou até mesmo suas necessidades. Assim, durante os encontros

percebi que apenas um grupo de crianças verbalizava, enquanto algumas não

haviam participado oralmente ainda, deixando registrado essa preocupação nas

notas de campo:

Pensando em como ouvir a todos e como identificar a percepção de todas as crianças durante o processo, acredito que será necessário criar estratégias diferentes que não apenas a fala ou a entrevista, pois durante a observação tive dificuldade de fazer todos participar. (Notas de Campo – Encontro 1 – 11/09/2017) Alguns momentos de dispersão entre as crianças na formação dos grupos atrapalharam o processo. Percebo ainda que a discussão no grupo grande ainda privilegia a fala de algumas crianças (Pedro Lucas, Viviane, João, Dandara) que são crianças que se expressão mais. (Notas de Campo – Encontro 2 – 18/09/2017)

Esse apontamento sobre a dificuldade de ouvir e formar ambientes de

aprendizagem que motivem a participação de todos também foram identificados na

fala da professora Glória. Durante a entrevista, quando a questionei sobre a

efetivação da participação das crianças durante o projeto, ela afirmou que é

necessário olhar atentamente para essa participação.

[...] infelizmente a gente fica muito preso aquela participação da sala de aula, que você vai falar na frente de todo mundo, sendo avaliado por todo mundo e não em uma brincadeira. (Professora Glória) Acho que (a participação) em todas as etapas, tanto nas decisões, nas construções, em todos os momentos. É algumas crianças não participam da aula de forma oral, se expondo na frente de todo mundo, mas tem uma participação quando está em grupo, quando tá entre pares, isso aconteceu no projeto, às vezes você pede para fazer uma avaliação, para falar, ele não vai falar, mas não significa que ele não participou de outra forma, interagindo ou construindo. (Professora Glória.)

86

Para algumas crianças é difícil, mas pontual você vê no vídeo aquelas crianças que não estão prestando atenção. (Professora Glória).

Durante as etapas do projeto podemos perceber que as crianças efetivam sua

participação nas ações e construções de aprendizagem e foi desafiador perceber

essas interações com o objeto de estudo sem que as crianças falassem

efetivamente, foi necessário aguçar os sentidos e compreender as características de

cada criança, para perceber sua participação. A partir desse ponto de vista, aos

poucos fiquei mais atenta a outras formas participação das crianças: ao dialogar

com os colegas; ao se envolver nas atividades, buscando solucionar os

problemas propostos; ao elaborar seus registros escritos e fotográficos.

O diálogo entre as crianças esteve presente em diversas situações e me

permitiram reconhecer e aprender as potencialidades e necessidades de cada aluno

na construção do objeto comum de estudo, num movimento de cooperação e

resolução de problemas instigante para os pequenos. Exemplos dessa interação são

apresentados nas imagens abaixo:

Figura 38 – Organização das brincadeiras

Figura 36 – Interação das crianças para construir brinquedos

Fonte: Registro Fotográfico do Projeto

Figura 37 - Desafio criado pelas crianças – batalha de piões.

Fonte: Registro Fotográfico do Projeto

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A interação e o diálogo também foram registrados nas notas de campo:

...mas na grande maioria eles terminavam a sua pipa e logo se dedicavam a ajudar o colega, em um clima bastante amistoso sem nenhum conflito. (Notas de campo – Encontro 4 – 02/10/2017) Eles começaram a criar estratégias paras as pipas voarem, Matheus, Michael e Dandara seguravam a pipa um do outro o mais alto que conseguissem para o colega sair correndo, enquanto o Lucas e a Maria Eduarda ficavam correndo sem parar pelo pátio. (Notas de campo – Encontro 4 - 02/10/2017) As crianças exploram suas pipas individualmente e em grupos e puderam perceber suas sensações e demonstraram em suas expressões empolgação, encantamento e diversão. (Notas de campo - Encontro 4 - 02/10/2017) O grupo de crianças trabalha muito bem assim, eles são bastante solidários e gostam de trocar durante a construção de materiais ou confecção de tarefas. (Notas de campo – Encontro 5 – 10/10/2017)

Para Oliveira-Formosinho (2007), as interações e relações são centrais para

construção de comunidades educativas em que o sentimento de participação e

pertencimento é cultivado e se reflete na construção de contextos de aprendizagem,

pois além da interação entre os atores da aprendizagem, nas práticas participativas

os contextos familiar, da escola e das atividades também precisam interagir.

A participação das crianças no projeto também se manifestou quando elas se

envolveram nas atividades propostas e nas decisões do projeto e não ficaram

alheias ao que acontecia. Na elaboração das etapas tivemos a necessidade de ouvir

as crianças de forma democrática para definir e ajustar nosso caminho formativo, e

nesses momentos mobilizamos outras participações, além de indicar o rumo

partilhado de nossas buscas e descobertas sobre o tema.

As crianças participaram, por exemplo, quando tiveram que escolher qual

manifestação da cultura corporal seria objeto de vivência e estudo. Participaram

também ao decidir a obra de arte que analisariam, momento registrado na imagem

apresentada abaixo:

88

Em várias outras situações este envolvimento foi percebido, como nas

imagens apresentadas a seguir:

Nas notas de campo, registrei outros exemplos de momentos em que as

crianças se envolveram diretamente com as atividades:

[...] os grupos elegeram: pula sapo, pipa, bicicleta, perna de pau. e decidimos pela pipa, pois além da possibilidade de construção também pensamos na possibilidade de organização para a próxima semana. (Notas de campo – Encontro 3 – 25/09/2017) Cada criança ou seu grupo optou por iniciar o trabalho de um ponto, alguns iniciaram na confecção dos olhos, outros pelas barbatanas, pude perceber que cada um elaborou um processo diferente a partir de seus interesses e habilidades. (Notas de campo – Encontro 5 – 10/10/2017)

Fonte: Registro Fotográfico do Projeto

Figura 39 - Escolha da obra de arte - foco do estudo

Fonte: Registro Fotográfico do Projeto

Figura 40 – Envolvimento nas atividades do projeto

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Fomos então para a área do pátio externo da escola, pois as crianças sugeriram esse local, pois lá segundo eles tinha vento e seria melhor de brincar do que a quadra. (Notas de campo – Encontro 3 – 25/09/2017) A criação das provas ficou por conta das crianças que decidiram medir os seguintes critérios: o avião que iria mais longe e mais alto. (Notas de campo – Encontro 7 – 26/10/2017) A partir desse momento eles se agitaram bastante para estabelecer suas duplas para iniciarmos a confecção. As duplas foram escolhidas por eles por uma questão de afinidade. (Notas de campo – Encontro 6 – 16/10/2017)

Diante dos desafios e hipóteses criadas pelas crianças em algumas vivências,

também escolheram os espaços e contexto onde faríamos as vivências. Para Katz e

Chard (1997), a possibilidade de escolher seus companheiros de aprendizagem

otimiza a diversidade das experiências interpessoais, além de valorizar descobertas

importantes sobre amizade, colaboração e comunicação que os conflitos sugerem.

Girotto (2006) salienta que, no trabalho com projetos, a responsabilidade e

autonomia são essenciais, pois os alunos são corresponsáveis pelas escolhas e os

encaminhamentos durante a construção do projeto e, em diversos momentos, fazem

isso em grupos, fomentando o poder da ação colaborativa nas aprendizagens.

Segundo a autora, as crianças devem opinar sobre o tipo de projeto que pretendem

se dedicar, propor e discutir as atividades durante o projeto, escolher e organizar

espaços e materiais e definir com o professor as diferentes etapas do projeto

redefinindo o foco do estudo diante de seus interesses.

Durante as vivências do projeto, foi possível perceber que as crianças

estavam muito envolvidas e concentradas nas ações e nas discussões que

permearam nosso percurso, para Laevers (2004), o envolvimento está ligado com a

total motivação e fascinação em torno da atividade que vem sendo executada,

sendo que os altos níveis de envolvimento são capazes de trazer altos níveis de

aprendizagem e prazer. O autor argumenta que o estado de envolvimento não se

refere apenas à empolgação de uma criança, mas ao nível de concentração,

curiosidade, à necessidade de experimentar e compreender as ações que a cercam.

Portanto, se pretendemos que a aprendizagem seja profunda, faz-se necessário que

o nível de envolvimento também seja.

Observamos, durante os encontros do projeto, o quanto as crianças

demonstraram envolvimento, interesse e motivação na realização das propostas e

na construção dos objetos que foram fundamentais para a elaboração do produto

90

final, a exposição, que revelou a interação entre a educação física e seus

conhecimentos com o universo das artes plásticas. Detalhes do comportamento das

crianças foram registrados nas notas de campo:

As crianças me pareciam ansiosas e agitadas com a novidade, além de estarem bastante curiosas com o que iria acontecer. As crianças me pareceram bastante abertas e empolgadas com a proposta, além de serem bastante curiosas sobre o que faríamos. (Notas de campo – Encontro 1 – 11/09/2017) Eles inicialmente estavam totalmente envolvidos, pois foi uma tarefa desafiadora para eles, e ao finalizarem o corte corriam contar vitoriosos com as partes da garrafa separadas. Enquanto aguardavam o furo e o barbante, brincaram de montar novamente a garrafa, de beber algo imaginário, de empilhar a garrafa para equilibrar sobre a mesa. As crianças pareciam muito envolvidas com a atividade e demonstravam estar gostando bastante, a Larissa girava e ria, quando cheguei perto dela ela me disse: Esse negócio é loco! (Notas de campo – Encontro 7 – 26/10/2017) E, nesse momento as crianças foram tomadas de ludicidade, pois algumas duplas criaram histórias, guerrilhavam fazendo os sons das espadas, sentiam os golpes e lamentavam suas feriadas marcadas pela tinta na camiseta. Algumas crianças trocavam de duplas e se enfrentavam em grandes exércitos de 4 pessoas, enquanto algumas crianças se mantinham estáticas e limpas, com grande receio de sujar a roupa (Maria Eduarda, Ellen, Emilly, Júlio, Luiz Gustavo). (Notas de Campo – Encontro 9 – 22/11/2017)

Na entrevista com a professora Glória, ela aponta, como um diferencial do

projeto, a relação entre o corpo e suas expressões, tendo papel fundamental para

fomentar a participação das crianças de diferentes formas, instigando ainda a

interação com a família.

Por que quando você trabalha um projeto que as crianças participam, as crianças ficam entusiasmadas, elas sempre chegam em casa e contam o que tá acontecendo, o que eles estão fazendo e os pais participam, mesmo que como ouvintes eles sabem o que está acontecendo, dificilmente uma criança chega em casa pra contar as atividades que ela ficou fazendo de matemática. (Professora Glória) Aí você vê que na brincadeira do pião, no meio de uma brincadeira, pelo vídeo você percebe o quanto ele explora, participa e troca com os colegas, não se expondo perante o adulto, mas junto dos pares participa. Então essa coisa da atividade prática, de participar com o corpo e suas expressões, faz com que eles tenham outras possibilidades de participação, sendo esse o diferencial do projeto é que a gente vê o entusiasmo na participação, a questão da curiosidade. (Professora Glória)

91

Percepções sobre sua própria participação

Ao final do projeto, procurei conhecer a percepção das próprias crianças

sobre sua participação no projeto. Durante as entrevistas em grupo, foi possível

observar que elas perceberam a sua participação efetiva nas escolhas durante o

projeto, pois quando questionados sobre se apenas as professoras escolheram as

vivências, eles pontuaram sua participação e a importância de suas escolhas na

elaboração do projeto. Apresentamos, a seguir, alguns exemplos de respostas das

crianças quando questionadas sobre os responsáveis pelas decisões do projeto:

Nós todos! O projeto, porque aquele dia que você foi perguntar se a gente queria participar do projeto ou não. (Pedro) E também quando a gente escolheu se era perna de pau essas coisas, a gente escolheu a pipa. (Gerson) A gente também porque quem não quiser fazer parte não precisa fazer, na hora que a gente for fazer fica olhando. (Viviane) Também por que dá pra gente decidir as coisas junto com vocês! (Vitor) Foi muito fácil no nosso grupo! Mas o grupo da Dandara e do Pedro Lucas queria esse aqui (apontando para imagem no caderno) e a gente também e ninguém escolheu esse e dava pra gente escolher, mas a gente escolheu esse! (Emilly) Oh tia! Eu queria escolher esse aqui (apontando para imagem), mas meu grupo escolheu esse, e eu tive que concordar! [...] Sabia que tem coisas que a gente escolheu, tipo pião, corda. (Safira) A gente ajudamos. (Michael) Todos os 25 alunos ajudaram, alguns faltaram. (Otávio) A gente, o grupo, a gente teve que defender os nosso desenho, teve que falar porque o nosso era importante, porque o nosso é legal, é... porque tem vários desenhos bonitos, legais, mas o desenho mais votado não é o nosso grupo foi o do Ivan Cruz, o desenho que foi votado não foi a gente. (Matheus) Nós escolhemos as brincadeiras pelo quadro do Ivan Cruz. (Julio)

A professora Glória na sua entrevista também enfatizou a importância de

escolhas das crianças durante o processo de construção do projeto, destacando que

as dinâmicas criadas para ouvir as crianças foram efetivas.

Então as escolhas delas acabam influenciando a escolha de outros, mas eu acho que deu a oportunidade para que todos colocassem sua opinião, ninguém nunca foi desrespeitado quanto isso, acho que nesse sentido foi sempre tranquilo. (Professora Glória)

Dessa forma, percebemos na construção do projeto que as crianças

efetivaram sua participação em vários momentos, como: nas discussões e

92

construções dos conceitos de Educação Física e de projetos, na escolha do tema do

projeto, fizeram diversos questionamentos e construíram uma postura de

envolvimento e prazer nas etapas do projeto.

Para Pires (2013), o desenvolvimento de práticas pedagógicas deve ser

sensível à voz da criança, considerando seus anseios e necessidades na construção

do conhecimento. Para a autora, o desafio de ouvir e considerar as crianças é

definitivo para a construção de pedagogias participativas, pois já não é mais possível

apagar as vozes dos atores sociais do processo de aprendizagem.

Durante o projeto, as crianças puderam expressar suas aprendizagens e

discutir com colegas e professora. Tomás e Fernandes (2013) argumentam que criar

condições para esse diálogo é um desafio para escola, já que é necessário iniciar

uma nova lógica que encare adultos e crianças no mesmo processo, mobilizando as

competências e expressões de ambos, tendo como objetivo a participação e

parceria nos processos de ensino-aprendizagem. A construção do processo de

ensino-aprendizagem para autoras deve ser partilhado diante dos conflitos do

cotidiano, promovendo práticas educativas sociais significativas vividas pelos atores

do processo, crianças e adultos.

5.2. Estratégias utilizadas

Oliveira (2006) salienta que o processo de aprendizagem deve ser conduzido

pelo aluno na experimentação e iniciativa do conhecer o mundo que o cerca, tendo

uma experiência social no ato de aprender. Procuramos construir um ambiente que

fosse capaz de atender essas características, no qual a iniciativa e questionamento

das crianças fossem válvula propulsora para o processo de ensino-aprendizagem.

Entretanto, como explicaremos a seguir, enfrentamos alguns desafios no caminho,

superados a partir de uma prática pedagógica reflexiva e pronta para mudar o rumo

das ações, o que poderemos compreender na utilização de diferentes estratégias de

ensino e na construção do planejamento.

De acordo com Oliveira-Formosinho e Formosinho (2017), construir uma

prática com a criança implica observar e recriar os espaços e tempos, além de

desenvolver um ambiente educativo cercado de relações, experiência e sentido, com

o foco no aprender da criança em um contexto interativo, reflexivo e comunicativo

93

que seja capaz de compreendê-la como um ser que possui identidade, que se

desenvolve através de uma mediação pedagógica respeitosa e consciente.

Para tanto, iniciaremos a discussão sobre as estratégias utilizadas na

construção do projeto, além das dificuldades encontradas em suas ações e

planejamento. A construção do projeto tem um planejamento vivo e constante, pois a

cada etapa e interação das crianças com o objeto de estudo é possível reconstruir

ações e novas aprendizagens.

Assim, o planejamento foi construído, tendo como referencial a experiência

das crianças e suas necessidades e anseios de acordo com a temática discutida. O

primeiro desafio enfrentado foi a escolha do foco do estudo, estratégia que se

repetiu algumas vezes durante a elaboração do projeto, pois o objetivo era ter foco

no interesse das crianças durante todo o processo.

Para Hernández e Ventura (1998), o envolvimento dos estudantes na busca

de informações sobre a temática tem ligação direta com a intencionalidade educativa

do projeto que lhes fora apresentado. Essa busca faz com que as crianças assumam

seu papel frente à aprendizagem e amplie esse processo para fora dos muros

escolares, explicitando que a aprendizagem é um ato comunicativo, para além das

disciplinas escolares.

Durante o processo de construção do projeto, observamos que as crianças

tiveram a oportunidade de escolher o trabalho que iriam realizar quando escolheram

a obra de arte que analisariam, além das manifestações da cultura corporal que

seriam objetos de vivência e estudo.

Figura 41 - Discussão das obras de arte

Fonte: Registro Fotográfico do Projeto

94

Essas estratégias também foram registradas nas notas de campo:

Conversamos um pouco sobre a dinâmica das imagens que fizemos sobre as manifestações da Educação Física. (Notas de campo – Encontro 1 – 11/09/2017) Após essa primeira identificação solicitei que as crianças construíssem uma lista de palavras identificando todas as manifestações presentes na gravura. (Notas de campo – Encontro 3 – 25/09/2017) As crianças fizeram a lista de brincadeiras e depois discutimos um pouco a imagem como por exemplo o contexto da imagem. (Notas de campo – Encontro 3 – 25/09/2017) A escolha da vivência da aula surgiu das discussões sobre a imagem do Ivan Cruz, pois quando o grupo de crianças foi fazer a caracterização do ambiente junto com a professora de sala. (Notas de campo – Encontro 4 – 02/10/2017)

A professora Glória salientou a necessidade de conhecer o interesse das

crianças na construção do projeto além de possibilidade de escolha e participação

sobre as temáticas que seriam estudadas.

Importante conhecer por que a gente acaba partindo de um interesse deles né! Não simplesmente eu trazendo um conteúdo que não é de interesse da maioria, então como ele tem oportunidade de falar, de escolher o que de fato interessa para ele, ele acaba se envolvendo mais. Você consegue envolver um número maior de crianças. Trazer um repertório das obras de arte para que eles pudessem ter de onde fazer escolhas, a ideia do projeto mesmo de partir da construção das crianças, do interesse das crianças. (Professora Glória)

Para Katz e Chard (1997), o trabalho de projetos possibilita que as crianças

façam escolhas em diversos níveis, atribuindo sentido e implicações educacionais

diversas que podem culminar no sucesso ou insucesso do processo educativo. Para

as autoras, há alguns aspectos práticos da escolha durante o trabalho de projetos,

como: sobre o que fazer, onde, como e com quem, e segundo Hernández e Ventura

(1998), a escolha do tema está ligada com a organização curricular e deve estar

baseada no interesses dos estudantes, deve ultrapassar a barreira do apenas gostar

de um assunto para buscar o estabelecimento de novas relações com a informação

e a elaboração de múltiplas aprendizagens, tanto para os alunos quanto para os

docentes.

Nas etapas do projeto, construímos diversos momentos de interação das

crianças com o contexto, momentos de vivências motoras, experiências e

95

construções com materiais, reflexões e leituras, além da interpretação e relação com

os colegas e professoras. As estratégias utilizadas na construção do projeto foram:

construção de materiais e brinquedos, vivência com os brinquedos construídos,

registros e avaliação das vivências.

Acredito que a construção dos seus próprios brinquedos e materiais de

exploração foi uma das estratégias mais importantes durante o projeto, mesmo esse

não sendo o foco principal, foi um dos momentos que a professora Glória indicou

como importante no projeto: “A eu acho que todas as partes de construção, que eles

construíram alguma coisa foi bem legal, porque você ver o resultado de algo que

você construiu é muito interessante”. (Professora Glória)

As interpretações feitas sobre as obras de arte e a construção de novos

registros artísticos a partir do movimento também se configuraram como uma

estratégia interessante para que as crianças entrassem em contato com o universo

artístico e pudessem criar novas expressões artísticas através da sua interação com

os brinquedos e movimentos. Exemplos desses momentos são apresentados nas

imagens abaixo:

Figura 42 - Construção de material

Figura 43 - Produção Artísticas

Fonte: Registro Fotográfico do Projeto

Fonte: Registro Fotográfico do Projeto

96

Na maioria das ações do projeto, optamos que as crianças trabalhassem em

grupo de sua preferência e tivessem liberdade na organização dos espaços e

materiais para interagir e a partir dessas relações, instigar novas descobertas e

aprendizagens. Situações que foram registradas nas notas de campo:

Disse a eles que agora eles teriam que se dividir em 5 grupos, pois haviam cinco manifestações diferentes e eu identifiquei 5 lugares diferentes para que cada grupo se dirigisse, se a criança achasse que sua imagem fazia parte do grupo. (Notas de campo – Encontro 1 – 11/09/2017) A formação de grupos pequenos também favoreceu que as crianças pudessem trocar mais. Acredito que isso possa ser uma estratégia para ouvir mais as crianças. (Notas de campo – Encontro 3 – 25/09/2017) Solicitei então que eles resgatassem os grupos que haviam se formado na aula passada a fim de analisar a obra. (Notas de campo – Encontro 3 – 25/09/2017) As crianças se dividiram em duplas e pegaram os materiais para construir a piaba, a proposta da dupla foi feita, para que um pudesse ajudar o outro. (Notas de campo – Encontro 5 – 10/10/2017)

A professora Glória também destacou a importância das crianças terem

trabalho em grupo durante o projeto:

Até o próprio trabalho do grupo, sempre terem trabalhado em grupo. Mas como a maioria das avaliações a gente foi fazendo em grupo, então um ia resgatando o outro ia complementando, então foi bem tranquilo. Acho que é uma coisa que, como eles vivenciaram é uma coisa que fica marcada, é uma coisa mais difícil de esquecer como uma coisa que você só falou ou alguém leu entendeu, e algo que você viveu, pelo fato da vivência acho que o registro foi tranquilo. (Professora Glória)

O trabalho com a abordagem de projetos sugere que os percursos de

aprendizagem sejam partilhados e construídos em comunidade, o que, para Cunha

(1994), configura-se como um aprendizado genuíno, pois quando as experiências e

participação são vivenciadas pelo grupo, são matérias primas dotadas de elementos

democráticos e de uma interpretação da realidade, configurando-se como um

aprendizado significativo e nutrido de relação e contexto.

Em diversos momentos do projeto, as crianças tiveram a oportunidade de

escolher suas companhias e parcerias de aprendizagem. Segundo Katz e Chard

(1997), durante o trabalho com projetos, as crianças têm a oportunidade de

97

desenvolver competências sociais e cabe ao professor elaborar estratégias que

favoreçam essas situações. Nesse sentindo, as crianças partilharam suas dúvidas e

conquistas uma com as outras, tendo atitudes solidárias e colaborativas na

construção de suas aprendizagens.

Na construção desse percurso, foram necessárias outras estratégias para que

o estudo fosse efetivo e conduzisse as crianças na elaboração de suas

aprendizagens e descobertas. O projeto contou com momentos de registro, leituras

e discussões no campo matemático, além de momentos constantes de retomada

das aprendizagens ora realizados por mim ora realizados pela professora Glória.

Diante dos conteúdos formais necessários para a idade e série das crianças,

a professora Glória e eu conduzimos o percurso do projeto sempre atentas às

questões ligadas a leitura, escrita e oralidade, eixos que nortearam todo o processo,

e através do caderno de registro do projeto as crianças puderam se apropriar dessas

aprendizagens. Esses momentos foram registrados nas notas de campo:

Então solicitei que eles fizessem o registro com desenho e escrita sobre dois aspectos: o que eles conheciam da Educação Física (já tinham tido contato, já fizeram na aula) e o que eles gostariam de conhecer da Educação Física. (Notas de campo – Encontro 1 – 11/09/2017) Após a escolha da obra a professora Glória trabalhou com eles a biografia do autor para que eles entrassem em contato com o criador e tivesse acesso a sua história. (Notas de campo – Encontro 3 – 25/09/2017) Trabalhar com as crianças a escrita da parlenda. (Notas de campo – Encontro 5 – 10/10/2017) [...] pois a professora já havia feito as atividades do projeto com as crianças no caderno de registros e iniciado a construção do material da aula de hoje. (Notas de campo – Encontro 6 – 19/10/2017) Nessa dinâmica dos aviões a professora Glória utilizou das diferentes categorias para trabalhar com tabelas e gráficos que foram realizados durante a vivência e serviram de base para aprendizagens do campo matemático. (Notas de campo – Encontro 7 – 26/10/2017) [...] as produções artísticas feitas durante a semana, a pintura do painel que eles estavam confeccionando para o produto final, a pintura do pião de madeira, além dos registros feitos no caderno de cada vivência. (Notas de campo – Encontro 7 – 26/10/2017)

Durante os momentos de registro foi possível perceber que as crianças

estavam bastante envolvidas. Esses momentos também foram registrados pelas

imagens:

98

Nas vivências do projeto, os registros e as retomadas foram fundamentais,

pois em alguns momentos, em virtude do tempo e da dinâmica do encontro, algumas

questões tinham a necessidade de serem aprofundadas ou até mesmo revistas,

caracterizando muitas vezes algumas dificuldades para mim e para a professora

Glória em reorganizar momentos ou vivências. Nesse sentido em sua entrevista a

professora Glória ressalta a importância desses momentos.

Então eles precisavam contar para você, por que você precisava saber, porque você fazia parte daquele projeto e a mesma coisa, era comum quando uma criança faltava esse compartilhar do que tá acontecendo, era uma coisa que eles costumavam fazer. Até pelo entusiasmo das atividades, então na própria aula eles retomavam aquilo, nossa por que foi muito legal, se viu o que aconteceu e eu percebi assim no momento em que eles viram as fotos também das vivências deles, eles se empolgavam naquilo, um registro de algo que foi bem bacana. (Professora Glória)

Contudo, em todo o processo de planejamento e execução do projeto,

enfrentamos algumas dificuldades, principalmente em relação ao tempo de

execução de cada etapa, pois em se tratando de um projeto sentimos a necessidade

de aprofundamento em algumas situações, além da dificuldade de tempo e

planejamento conjunto com a professora Glória, sendo que em diversos momentos a

execução de algumas vivências ficou apenas com a professora Glória sem a minha

participação. Durante o projeto, realizei registros dessas dificuldades nas notas de

campo:

Figura 44 - Registros

Fonte: Registro Fotográfico do Projeto

99

Confecção demorou mais tempo que o planejado, pois as crianças são bastante detalhistas e ficaram bastante tempo elaborando a piaba, e tiveram dificuldades para lidar com o papel crepom. A dinâmica da construção do brinquedo levou muito tempo, e tomou bastante tempo da experimentação, que teve que ser remanejado para outro dia, talvez perdendo um pouco dos conhecimentos e questionamentos que havíamos feito antes. (Notas de campo – Encontro 5 – 10/10/2017) Foi bastante desafiador fazer esse brinquedo e elaborar possibilidades de intervenção junto com a professora de sala, pois eu ainda não tinha tido essa possibilidade, e fomos pesquisar algumas coisas para preparar a intervenção, para que ambas soubessem o que cada uma iria fazer, além de compreender algumas necessidades, como as orientações para a confecção do piaba, que eu sempre achei que era muito simples e logo percebi que as crianças não teriam grande autonomia se nós não explicássemos em detalhes a utilização dos materiais, uma preocupação que surgiu da experiência da professora Glória e facilitou bastante o trabalho. (Notas de campo – Encontro 5 – 10/10/2017) Acredito que o tempo de vivência e experimentação apenas na aula no encontro não foi suficiente para esgotar as possibilidades de vivências corporais e discutir outras possibilidades. (Notas de campo – Encontro 7 – 26/10/2017)

A relação e as dificuldades com o tempo foram apontadas pela professora

Glória como fator complicador na elaboração do projeto, pois sua reflexão vai de

encontro não apenas com a experiência vivida no projeto, mas em seu cotidiano

escolar:

O tempo! Eu acho que a escola cobra muitas coisas burocráticas e a gente acaba tendo pouco tempo para desenvolver um projeto, então a gente fica tendo que cumprir protocolos de documentos, avaliações, papéis e papéis e o tempo é pequeno, mesmo por que era um projeto pontual, e seria interessante que a escola pudesse ser assim o tempo todo. Eu acho que o tempo é essa coisa dos HTPIs que a gente tem, que um tempo que a gente consegue as vezes encontrar, no caso você não era professora da escola, então eu consegui encontrar com você, mas por exemplo a professora de Educação Física, meu HTPI é o tempo que ela está com as crianças então já não conseguiria encontrar com ela. Essa própria organização da grade dificulta sim! Então teria que ser um trabalho que a gente conseguisse um maior envolvimento. Não! Acho que nem em questão de tempo, nem questão de organização, primeiro por exemplo que o produto final que foi o painel que a gente fez, a gente demorou praticamente 3 meses para fazer, então não é uma coisa que acontece todos os dias, alguns dias a gente se empenha mais outros dias menos, ele precisa secar, precisa de um espaço pra ser feito e precisa desse tempo de amadurecimento na produção.

100

E de ponto negativo que eu vejo é a questão do tempo mesmo, a questão da escola, de ainda ser um trabalho que tem que fazer sozinho, não ter apoio, não é o que a escola acredita, a questão do material, que você acaba tendo que se virar pra conseguir fazer aquilo, por que a escola ainda acha que a educação se resume em livros, no caderno e aquilo que a gente já acostumado a ver. (Professora Glória)

Na fala da professora Glória podemos identificar além da questão do tempo

de execução das propostas, a necessidade de uma nova organização curricular e de

que a escola tenha outra finalidade e orientação, pois mesmo vivendo uma

experiência rica e cheia de desafios, a narrativa dela ainda está envolta de uma

práxis irrigada numa escola cheia de burocracias, onde a repetição de padrões é o

aceitável, e quando se ousa reverter esse quadro existe uma solidão para construir

práticas que encarem as crianças como seres dotados de direitos e voz.

Girotto (2006) argumenta que o professor, nessa perspectiva, assume um

papel organizador e mediador nessa busca conjunta com as crianças pelo

conhecimento, sendo necessário que o professor tenha tempo e momentos de

reflexão sobre as rotas a seguir, caso o contrário essa experiência se encaminhará

para execução do senso comum e muitas vezes ligada à mera reprodução.

Para Oliveira-Formosinho e Formosinho (2017), a escola precisa estar

preparada para uma mediação pedagógica como função profissional, onde se

admite o silenciar do adulto para dar voz e espaço à criança, para que sua prática

não recrie modelos ultrapassados em que a criança é encarada como espectador de

sua aprendizagem, pois o grande desafio da mediação pedagógica é criar espaços e

tempo respeitosos e generosos onde a criança seja capaz de explorar com

autonomia processos educativos.

Encaramos esse desafio mesmo reconhecendo que não estávamos vivendo

um cotidiano escolar já liberto das amarras de um currículo tradicional, entretanto

nos arriscamos e construímos uma prática pedagógica preocupada e respeitosa com

o papel e história da criança e com a necessidade constante de se distanciar de

ações ligadas à reprodução, tendo como objetivo que nossa experiência se

aproximasse a cada momento de uma escola e comunidade escolar que mude seu

próprio corpo, sua aprendizagem e relação, configurando novas experiências, e que

diante desse novo contexto a escola e seus agente deixem de fazer metástase e

façam metamorfose (RODRIGUES, 2006).

101

5.3. Situações de Aprendizagem

A partir desse ponto era preciso revisitar as situações de aprendizagem que

construímos em conjunto com as crianças para que pudéssemos comunicar nossas

reais aprendizagens para a comunidade escolar, num movimento complexo que

compreende, desde o seu princípio, que a produção de conhecimento deve estar

ligada a criação de possibilidades de aprendizagem, e se distancia de uma lógica de

transferência de conhecimento, pois ensinar inexiste sem o aprender e vice-versa

(FREIRE, 2015).

Morin (2011) argumenta que é fundamental criar espaços de diálogos,

criativos, reflexivos capazes de viabilizar contextos de aprendizagem, que

transformem a realidade e estejam interessados no desenvolvimento da

compreensão, da sensibilidade e da diversidade cultural para a construção de futuro

viável para as novas gerações.

Durante as etapas do projeto, os espaços de diálogo foram criados e

tematizamos diferentes assuntos com as crianças para que o estudo fosse

significativo, discutimos questões de diversas disciplinas, mobilizando diferentes

aprendizagens. Realizei o registro dessas discussões nas notas de campo:

[...] eles já haviam discutido com a professora que lhes apresentou as imagens do peixe e suas características, como ser um peixe de água doce, além de apresentar uma parlenda que utilizasse da vivência do peixe. (Notas de campo – Encontro 5 – 10/10/2017) As crianças ficaram por um tempo nessa discussão, até quando a Viviane disse eu já fui no rio e a agua tem gosto de agua não é doce, apenas assim o João aceitou e finalizou essa discussão. (Notas de campo – Encontro 5 – 10/10/2017) Pedro Lucas disse o peixe tem escamas, o Enzo disse tem calda, e o João acrescentou: que sem as escamas o peixe não consegue viver e morre! O Lucas disse que ele tem nadadeiras e João acrescentou que ele tem nadadeiras para ele nadar e fez um movimento de nadar como se fosse um peixe, sem mexer as mãos apenas balançando o corpo. Eu disse as crianças as características do peixe para respirar, pois todos concordaram que o nariz do peixe não é como o nosso, e alguns peixes respiram pelas escamas e pela boca. Após a discussão e as características dos peixes, podemos iniciar a construção da nossa piaba que voaria junto com a corrida deles. (Notas de campo – Encontro 5 – 10/10/2017)

102

Durante o projeto, construímos juntos diferentes situações educativas, e

muitas vezes elas foram organizadas pelas crianças diante das suas necessidades e

escolhas a partir do objeto de estudo. Katz e Chard (1997) apontam que as escolhas

podem ter implicações educacionais diferentes, tendo aspectos processuais,

estéticos, sociais e morais. As escolhas e situações de aprendizagem podem

envolver o professor na construção de parceria e partilha sobre as situações

educativas.

Partilhamos várias situações educativas que foram evidenciadas nas imagens

abaixo:

Percepção sobre as aprendizagens

Na avaliação com as crianças realizamos conversas em grupo, o que me

trouxe diversos elementos para compreender suas aprendizagens. Esse momento

foi interessante, pois foi possível perceber que as crianças pontuaram

aprendizagens comuns, como a questão da construção de um novo repertório de

brincadeiras.

A gente aprendeu muitas brincadeiras e muitos brinquedos com material reciclável e muitas outras coisas. (Viviane) A gente aprendeu é... brincadeiras boas, brincadeiras legais e como fazer e a gente já pode ensinar pros nossos amigos, pros nossos primos, pra quem eles não conhecem. (Matheus Henrique)

Fonte: Registro Fotográfico do Projeto

Figura 45 – Momentos de Vivência

103

A gente pode ensinar para as outras pessoas, que querem saber disso e não sabem. (Emily) Como a gente levou alguns brinquedos né, talvez a gente pode treinar as brincadeiras e ensinar para os nossos amigos, nossos pais né e a gente também pode brincar bastante com essas brincadeiras e se os outros quiser brincar e quiser um pra eles é só ensinar eles fazerem e ajudar eles. E é muito importante para nós e a gente tem que falar para eles o quanto é importante essas brincadeiras. (Matheus)

Diante dessas afirmações, podemos perceber que as crianças tiveram contato

com aprendizagens de todas as dimensões, pois além de um novo repertório eles

elencaram que suas aprendizagens podem servir para ensinar outras pessoas.

Temos a dimensão de que as aprendizagens das crianças não ficaram apenas no

plano da construção e execução de tarefas, mas se ampliaram para o seu cotidiano.

Como argumenta Oliveira-Formosinho (2007), o valor da escola reside na aquisição

e na utilização da informação, pois apenas a criança pode determinar a finalidade

das suas aprendizagens, que é o alimento da sua realização pessoal.

Nesse sentido, as crianças ainda verbalizaram a importância dos registros

feitos durante o projeto, como um elemento de resgate de suas vivências e de

possibilidade de comunicação de suas aprendizagens mesmo depois do término das

ações do projeto.

Quando a gente brincou com essas brincadeiras, a gente pode escrever aqui a brincadeira que a gente mais gostou, assim a gente pode mostrar para os nossos pais e pros nossos irmãos para eles aprenderem a brincadeira, para quanto mais gente mostrar, mais as pessoas podem brincar e falar para o mundo inteiro. (Matheus) Eu achei legal esse caderno de registro porque se a gente esquecer alguma coisa, a gente pode lembrar, tipo reviver quando a gente era criança. (Dandara) Pra essas brincadeiras serem passadas de geração em geração. (Otávio) Porque senão as... porque senão essa brincadeira acaba, porque senão ninguém vai conseguir reconhecer, ninguém mais vai conseguir brincar. (Matheus Henrique)

No discurso das crianças, fica nítido o potencial da brincadeira como meio,

capaz de perpetuar a cultura infantil, sendo essa uma das aprendizagens em que

mais as crianças pontuaram. A professora Glória também ressaltou as

aprendizagens ligadas às brincadeiras e atribuiu a importância do projeto à

104

construção das crianças quanto ao significado de suas vivências, quando os

mesmos atribuem às aprendizagens na perpetuação da cultura infantil.

E eu achei muito interessante, que no final do projeto eles apontam como aprendizado essa coisa do resgate a brincadeira, então que se eles não forem um portador dessas informações, desse conteúdo isso pode se perder com o tempo, então eles veem a importância do projeto nesse sentido e foi uma leitura que eles fizeram do texto e que eu não foquei tanto nisso, a ideia era trabalhar as obras, as brincadeiras, a proposta do Ivan Cruz, mas no momento eu não tinha apontado essa coisa então vocês são responsáveis agora pelo futuro, vocês vão passar isso de geração em geração, e a gente percebe que isso aparece na avaliação deles, é algo que não foi pontuado no momento de trabalhar o texto e que para eles foi significativo e eles construíram isso. (Professora Glória)

Além da questão das brincadeiras, as crianças também indicaram as

aprendizagens do campo artístico, quando foram questionadas sobre quais

aprendizagens construíram:

A pintura, construir as coisas. (Maria Eduarda) A gente aprendeu também a fazer desenhos mais bonitos e a gente aprendeu cada vez mais com essas artes ai, como desenhar com canetinha, contornar e também a gente aprendeu como todo mundo falou muitas brincadeiras a gente já pode fazer mais em casa e ajudar os amigos. (Matheus)

Segundo Salomão, Martini e Jordão (2007), no trabalho com as artes visuais

a criança se envolve num percurso de escolhas, experiências pessoais,

sensibilidade, pois interpreta e percebe diferentes símbolos, estabelecendo relações

que constroem crianças sensíveis ao mundo e capazes de interpretar a linguagem

da arte.

Outro ponto no discurso das crianças foi a construção dos brinquedos e a

utilização de materiais alternativos e recicláveis, nesse sentindo foi possível

perceber que a utilização desses materiais capacitou as crianças, além de conhecer

a aplicação dessas aprendizagens em seu cotidiano.

A gente aprendeu muitas brincadeiras e muitos brinquedos com material reciclável e muitas outras coisas. (Viviane) A gente aprendeu que reciclar é bom! E que dá pra fazer um monte de brinquedos e materiais para brincar. (João) [...] e que se você não quisessem mais brincar você não podia jogar no lixo orgânico, você tinha que jogar no lixo reciclável.” (Emily)

105

Portanto percebemos que o brincar e a seus significados foram de fato as

aprendizagens percebidas pelas crianças e que, além suas vivências, também

realizaram uma transposição das suas aprendizagens. Nesse sentindo, utilizamos as

afirmações de Brunello, Murasaki e Nóbrega (2001) que consideram o brincar uma

expressão infantil livre e criativa propulsora de descobertas, sendo elemento

primordial no universo infantil, conduzindo as crianças a um estado de transição

entre o imaginário e o real, efetivando aprendizagens significativas. As autoras

salientam que o brincar é necessidade humana, pois é a partir dessa experiência

que a criança recria, reconstrói e reconhece a si mesma no ambiente.

Outras aprendizagens também foram percebidas pela professora Glória: “A

tomada de decisão, o trabalho em grupo, o envolvimento, a questão da própria

construção da escrita, das habilidades.” (Professora Glória)

Nesse sentindo, Oliveira-Formosinho (2007) salienta que o envolvimento dos

alunos nos projetos é indispensável para que suas ações e aprendizagens ganhem

significado, sendo essencial para a construção da lógica de aprender a aprender.

5.4. Contribuições Pedagógicas

Esse projeto representa um olhar para dentro para conhecer e discutir o que

de fato nos motiva todos os dias nas salas de aula, reconhecer que muitas vezes

falhamos e construímos propostas não tão adequadas e que isso não é o fim, mas

apenas uma parte do caminho, é talvez a maior aprendizagem que eu poderia ter

nesse processo, pois ouvir as crianças e efetivar uma prática da participação, inspira

e também assusta.

Um dos grandes desafios durante o projeto foi estar atenta e ouvir as

crianças. Sobre esta escuta a professora Glória apontou que a utilização dos vídeos

para a reflexão sobre a participação das crianças nos trouxe novas possibilidades de

diálogo.

Acho que a retomada dos vídeos, as discussões que a gente conseguiu fazer a partir deles muda o olhar na questão dos próprios alunos, então alguns alunos que você acha que não estão participando, porque não fala, mas você vê a atenção deles, então você fazendo a mediação da aula não consegue fazer essa observação e ai no vídeo você consegue perceber então tem aluno que você acha que não está participando, mas ele está. Ele não falou propriamente ele, mas falou para um amigo que acabou respondendo uma coisa que foi ele que pensou. Então acho que o

106

vídeo ajuda bastante nisso. E até alguns momentos que você vê que diante a quantidade de alunos você acaba não percebendo muitas coisas que acontecem e reforçando alguns alunos que de fato não tem maturidade, não consegue, não tem a atenção aquilo que está sendo discutido, então que acho que essas discussões e essa retomada do vídeo ajudaram bastante nisso. (Professora Glória)

Como pontua Alarcão (2011), a busca pela identidade profissional, pode levar

à descoberta das qualidades profissionais, observando ainda os pontos frágeis

dessa constante procura.

Perrenoud (2002) afirma que essa busca aumenta as capacidades de

inovação, pois refletir e transformar a própria prática são mobilizadores de uma

tomada de consciência na construção de novos projetos. Observamos que esse

processo necessita do diálogo e da comunicação para efetivar-se numa identidade

inovadora.

Assim, o exercício de partilhar a prática pedagógica com as crianças e com a

professora Glória me nutriu de novas aprendizagens e me colocou em um momento

de reflexão sobre minha trajetória docente, instigou novas descobertas.

A construção do projeto em parceria também foi indicada pela professora

Glória como uma possibilidade de reflexão da própria prática:

Foi interessante! Por que é um outro olhar sobre a minha própria prática e sobre as crianças, e a gente por estar um tempo com os alunos às vezes tem um olhar diferente do que quando vem uma pessoa de fora e poder discutir, compartilhar e trocar ideias enriquece o trabalho. Avaliar as aulas anteriores, os vídeos para poder planejar um próximo encontro, olhar a própria prática também, foi uma coisa que eu nunca tinha feito e que foi interessante, então o apontamento do que poderia ser mudado nas próprias intervenções. (Professora Glória)

Para Alarcão (2001), a observação e a compreensão do que está

acontecendo são fundamentais para a elaboração de práticas pedagógicas. A

construção da parceria entre os professores está ligada aos processos de

aprendizagens em suas práticas. Campos (2002) acredita que os professores devem

ser autores de sua própria prática, pois a capacidade de autonomia pessoal e a

identidade profissional são qualidades adquiridas ao longo da formação profissional

e de uma experiência de trabalho constantemente revista e refletida.

107

A professora Glória aponta ainda como diferencial na organização da prática

pedagógica na abordagem de projetos a relação entre os conteúdos e a efetiva

participação das crianças, o que trouxe motivação e tornou suas aprendizagens

mais significativas.

A própria qualidade do ambiente, por que eu acho que essa coisa do projeto do diferencial do projeto é que a gente vê o entusiasmo na participação, a questão da curiosidade, então não é só porque ai agora a gente vai ter aula do projeto, mas eles acabaram incorporando vários conteúdos, várias coisas que a gente estava trabalhando no projeto, então é como se a todo momento eu tivesse buscando relacionar o que estava trabalhando na sala de aula com o projeto, então deu uma motivação maior para sala. Se você tem um ambiente mais motivado o processo de aprendizagem se consolida melhor. Por que eles mesmos acabavam sempre buscando relacionar o que a gente tava vendo com o projeto. (Professora Glória)

Nesse sentido, buscamos construir esse percurso de ensino aprendizagem

orientado por essas características, tendo como pressuposto que esse processo

está ligado desde o princípio com a premissa discutida por Freire (2015), “que

ensinar não é transferir conhecimento, pois não há docência sem discência”. Apesar

das diferenças que os cercam, ambos não podem ser objeto um do outro, pois quem

“ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.”

Esta experiência na educação teve como principal objetivo que os alunos se

insiram no mundo que os cercam e continuem com a curiosidade e vontade de

aprender. Quando as práticas educativas conseguem ter o aluno como protagonista

do seu processo de aprendizagem, percebemos que as experiências educativas são

agradáveis e significativas, sendo capazes de elaborar e buscar novos

conhecimentos (KATZ; CHARD, 1997).

108

CONSIDERAÇÕES PROVISÓRIAS

Após esse longo percurso, me reencontro com a Aline que sempre sonhou

em ser professora, que foi por muitos anos aluna observadora, que teve vários

professores como seus modelos. Me deparei com uma professora em constante

transformação, não sendo a mesma do início do projeto com essas crianças, pois já

me reinventei, aprendi e ensinei. Nossa busca inicial com essa pesquisa era

compreender como efetivar um trabalho pautado na perspectiva da participação na

Educação Física Escolar e devo confessar que mais do que ver essa participação,

eu também participei.

Acredito que conseguimos efetivar uma prática que tem como prerrogativa a

participação das crianças, em suas escolhas, necessidades e preferências. Mas,

acima de tudo, entendo que criamos um ambiente colaborativo, solidário e humano.

Olhar e ouvir devem ser, sim, ensinados na escola, pois esse talvez seja o ambiente

onde a criança tenha essa oportunidade, e nós como atores desse processo

precisamos favorecer esse tipo de aprendizagem.

Sendo assim, foi possível perceber nas falas das crianças o potencial das

práticas pedagógicas ligadas à perspectiva participativa, pois mesmo em seus

discursos regados de inocência e naturalidade as crianças perceberam sua

participação e aprendizagens. Acredito que além da percepção, eles viveram

intensamente todo o projeto, e isso está expresso em suas falas, sorrisos,

produções artísticas, brinquedos e brincadeiras.

Em suas aprendizagens, as crianças demonstraram compreender a

necessidade de registrar seu percurso formativo, para que seja possível partilhar

com outras pessoas suas conquistas e descobertas, além de ser instrumento de

interpretação e reconstrução da cultura infantil e popular. Ao evidenciar essa

importância, as crianças se encontram com o objetivo principal dessa empreitada,

deixar de serem apenas consumidores da cultura para protagonizar processos de

relação e interpretação dela, criando novas faces e aprendizagens.

Durante todo o processo de construção e vivência do projeto, orientamos

nosso olhar utilizando as contribuições de Oliveira-Formosinho e Araújo (2004), que

alertam sobre a necessidade do contexto educativo compreender a criança como

participante e não como objeto ou sujeito da intervenção pedagógica. E foi diante

109

desse olhar que enfrentamos diversos desafios, como a construção de estratégias

que permitissem a participação de todos, uma vez que pude compreender que esta

participação não se dá apenas pela interação verbal.

Esse movimento durante a prática pedagógica é bastante desafiador. Se não

houvera registro da prática pedagógica que envolva diversas possibilidades de

compreender o contexto de aprendizagem, cada vez menos seremos sensíveis a

essa questão. Essa constatação está em consonância com as discussões de

Oliveira-Formosinho e Formosinho (2017), que defendem a documentação

pedagógica como a chave para efetivar processos de participação das crianças, pois

ajuda a ver e compreender o cotidiano educativo.

A construção da pesquisa e seus elementos de coleta e análise das

informações se tornaram uma sistematização de todo o processo educativo vivido

por nós, e foi capaz de contar nosso trajeto de desafios e descobertas. Entretanto

efetivar esses registros e reflexões diante de um cotidiano burocrático e tradicional,

como nos alertou diversas vezes a professora Glória, se materializa como um

grande desafio a ser superado diariamente.

Tentamos instaurar uma prática investigativa, construindo um processo de

descoberta constante de nossa própria prática, tendo em vista o envolvimento nessa

empreitada, configurando ainda um movimento de autovalorização e militância da

profissão, que sofre ataques constantes da sociedade atual. A partir dessa lógica,

entendemos que nosso processo de construção está intimamente ligado com as

discussões feitas por Stenhouse (1991), para quem o professor é o protagonista do

seu processo de formação, pois é a partir do seu protagonismo que a relação com a

sua imagem e o seu trabalho muda, se fortalece e culmina na produção de novos

conhecimentos.

Contudo, estamos cientes da existência de muitos obstáculos no cotidiano

escolar, e por diversas vezes foi necessário vencê-los durante o projeto. O tempo de

execução das ações do projeto e as dificuldades e espaços para o planejamento

conjunto, por exemplo, refletiram a realidade de um cotidiano estático, que tem

muitas dificuldades em se movimentar e deixar-se mover. A construção dessa

prática em parceria, sobre a perspectiva da participação e orientada pela abordagem

de projetos, se insinua como oportunidade de movimento e instaura a necessidade

de mudar o estado de inércia, infelizmente ainda encontrado nas salas de aula. A

adoção dessas perspectivas se configurou como uma possibilidade, já que

110

estávamos interessados em compreender o movimento que essas podem dar ao

cotidiano e à realidade escolar.

Assim, ao final deste estudo podemos entender que a construção de um

trabalho na educação física pautado na perspectiva participativa deve trabalhar com

a interdisciplinaridade e parceria entre os professores, uma vez que é a parceria que

minimiza as dificuldades com o tempo e espaço dentro do ambiente escolar, além de

construir diferentes aprendizagens para professores e alunos.

Dentro desse complexo e conflituoso contexto, partimos o nosso olhar do

âmbito da Educação Física, que ainda enfrenta processos tradicionais, como a

reprodução de modelos esportivos centrados em conteúdos e capacidades motoras,

sem a interpretação da cultura corporal e suas intenções no ambiente escolar.

Orientamos nossos esforços para ressignificar a Educação Física durante o projeto,

trazendo seu corpo de conteúdos e possibilidades para além do currículo

formalizado de disciplinas, como pontua Bracht (2011). Buscamos construir uma

prática que comunica e interage com a cultura corporal e seus elementos, capaz até

de produzir obras de arte regadas de corporeidade e sentido, em que as vivências

motoras foram transcritas e inundadas de criatividade, cooperação e significado.

Na busca desse significado, assistimos à interação das crianças com essa

cultura e percebemos que as elaborações criadas por eles sinalizam que as práticas

corporais vivenciadas criaram novas interpretações e discursos, mobilizando novas

aprendizagens e descobertas. Assim, como argumentou Neira (2016), houve a

construção de significados e a interpretação das práticas corporais.

Portanto, nosso percurso de pesquisa evidenciou a participação das crianças

através da interpretação de uma educação física preocupada com o processo de

ensino-aprendizagem autônomo, construído mediante a apreciação da cultura

corporal de movimento, onde a experiência da criança não se reduz no gesto motor,

mas ganha vida na valorização do sujeito protagonista dessa cultura.

Acreditamos que, assim como nós, muitos outros professores estão

interessados em investigar a sua prática pedagógica e deflagrar suas conquistas,

dificuldades e anseios pelo novo. A efetivação desses estudos nos trazem enormes

desafios e nos posicionam em um movimento constante de questionamento, pois, a

partir de uma experiência como a nossa, podemos realizar novas questões de

pesquisa, que deverão mobilizar novos estudos. Nessa dinâmica de busca e

reflexão, orientaremos nosso olhar, munidas do constante desafio de questionar

111

nossa própria prática pedagógica em comunhão com a participação efetiva das

crianças no processo de ensino aprendizagem.

Encararemos esse desafio com o olhar na multiplicidade das ações, como se

estivéssemos diante de um caleidoscópio, que sem a interação e movimento se

finda em apenas uma imagem. Buscaremos instaurar o movimento no caleidoscópio

da escola, pois é a partir dele que poderemos olhar a diversidade e complexidade

dos contextos de ensino aprendizagem, e (trans)formar nossa prática e nossas

crianças, indicando processos educativos de qualidade, democracia e participação.

A partir das discussões realizadas no presente estudo, assumimos um

compromisso de construir e divulgar novas reflexões acerca de nossa experiência,

para que seja possível incitar novos questionamentos em parceria com a

comunidade científica, mobilizando dessa forma novas investigações, capazes de

construir múltiplas aprendizagens.

112

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122

APÊNDICE I – Roteiro e Transcrição da entrevista com a professora Glória

1) Como foi a participação das crianças?

2) Como foi construir o projeto em parceria?

3) Houve dificuldades? Quais?

4) Quais estratégias você utilizou?

5) Quais aprendizagens acredita ter mobilizado durante o projeto?

___________________________________________________________________

Aline: Como foi a participação das crianças no projeto?

Glória: Eles gostaram bastante! Se envolveram bastante em todas as etapas, todos

os dias eles perguntavam se você vinha.

Aline: E você acha que todos participaram igual?

Glória: Não! Os mesmos alunos que a gente vê que não participa de outras

atividades da aula, se envolveram mais no projeto, mas não oralmente.

Aline: E você acha que eles participaram mais como?

Glória: Como assim?

Aline: Oralmente? ...

Glória: Acho que em todas as etapas, tanto nas decisões, nas construções, em

todos os momentos.

Aline: Você destaca a participação deles, de alguém ou de uma pessoa que você

percebe que não participa tanto oralmente, mas durante o projeto estava bastante

envolvido?

Glória: É algumas crianças não... participam da aula de forma oral, se expondo na

frente de todo mundo, mas tem uma participação quando está em grupo, quando tá

entre pares, isso aconteceu no projeto, às vezes você pede para fazer uma

avaliação, para falar, ele não vai falar, mas não significa que ele não participou de

outra forma, interagindo ou construindo.

Aline: E você acha que a participação deles nesse formato, em um projeto é mais

efetiva?

Glória: Do que na aula normal?

Aline: É! Do que na aula dividida por disciplinas.

Glória: Sim por que a gente acaba partindo de um interesse deles né! Não

simplesmente eu trazendo um conteúdo que não é de interesse da maioria, então

123

como ele tem oportunidade de falar, de escolher o que de fato interessa para ele, ele

acaba se envolvendo mais. Você consegue o envolver um número maior de

crianças.

Aline: Como foi construir o projeto em parceria?

Glória: Foi interessante! Por que é um outro olhar sobre a minha própria prática e

sobre as crianças, e a gente por estar um tempo com os alunos às vezes tem um

olhar diferente do que quando vem uma pessoa de fora e poder discutir,

compartilhar e trocar ideias enriquece o trabalho.

Aline: Você pode dar um exemplo disso?

Glória: Um exemplo... Avaliar as aulas anteriores, os vídeos para poder planejar um

próximo encontro, olhar a própria prática também, foi uma coisa que eu nunca tinha

feito e que foi interessante, então o apontamento do que poderia ser mudado nas

próprias intervenções.

Aline: Você acha que houve alguma dificuldade na construção do projeto?

Glória: O tempo! Eu acho que a escola cobra muitas coisas burocráticas e a gente

acaba tendo pouco tempo para desenvolver um projeto, então a gente fica tendo que

cumprir protocolos de documentos, avaliações, papéis e papéis e o tempo é

pequeno, mesmo por que era um projeto pontual, e seria interessante que a escola

pudesse ser assim o tempo todo.

Aline: Quais estratégias você mais utilizou durante o projeto? Que você se recorda

que mais mobilizou as crianças.

Glória: A retomada do que foi feito na aula anterior, até na expectativa de esperar o

que a gente poderia pensar para o próximo momento

Aline: Que mais?

Glória: Trazer um repertório das obras de arte para que eles pudessem ter de onde

fazer escolhas, de onde pensar o projeto, trazer e também pensar estratégias que

envolvessem várias linguagens: a música, a expressão corporal e artística.

Aline: Quais aprendizagens você acredita ter mobilizado nas crianças durante o

projeto?

Glória: Todas! A tomada de decisão, o trabalho em grupo, a questão da própria

construção da escrita, das habilidades.

Aline: Como você utilizou os conteúdos previstos no projeto?

Glória: A cada momento uma parte, um assunto que aparecia acabava se

relacionando ao conteúdo que a gente tinha no nosso planejamento, então a gente

124

conseguiu trabalhar matemática, como foi na atividade que a gente fez dos aviões,

então a questão de altura, mais perto mais longe, de distância, então a questão do

cálculo; quando a gente trabalhou a piaba, a questão do vento, então em ciências, a

necessidade do vento para que ela voasse, a necessidade da envergadura da pipa

para que ela subisse, a questão da rabiola para dar estabilidade, então todas essas

questões , quando a gente falou e trabalhou a cantiga, a questão histórica da

cantiga, das brincadeiras de roda, as próprias pinturas que foram trazidas para eles,

a questão cultural que tinha por trás, então de que momento se tratava, o que estava

sendo retratado, então tudo se ligava a conteúdos que a gente tem para trabalhar.

Então a própria questão do registro, do trabalho com a escrita que a gente fazia, os

diferentes textos, então a biografia do Ivan Cruz, a legenda das fotos, também são

conteúdos que a gente tinha em língua portuguesa e a gente conseguia casar o

trabalho com o projeto.

Aline: Você acredita que a maior dificuldade seja o tempo, tanto o tempo de planejar

conjuntamente, quanto o tempo de construção com as crianças?

Glória: SIM! Eu acho que o tempo é essa coisa dos HTPIs que a gente tem, que um

tempo que a gente consegue as vezes encontrar, no caso você não era professora

da escola, então eu consegui encontrar com você, mas por exemplo a professora de

Educação Física, meu HTPI é o tempo que ela está com as crianças então já não

conseguiria encontrar com ela. Essa própria organização da grade dificulta sim!

Então teria que ser um trabalho que a gente conseguisse um maior envolvimento.

Aline: A escola não está preparada para essas propostas?

Glória: Não! Acho que nem em questão de tempo, nem questão de organização, a

gente vê que quando você tem o produto final, primeiro por exemplo que o produto

final que foi o painel que a gente fez, a gente demorou praticamente 3 meses para

fazer, então não é uma coisa que acontece todos os dias, alguns dias a gente se

empenha mais outros dias menos, ele precisa secar, precisa de um espaço pra ser

feito e precisa desse tempo de amadurecimento na produção. Então a escola não

está preparada pra isso e nem para entender muito as propostas, por exemplo

quando você vê lá no final, você monta uma exposição, você tem um resultado

fantástico a escola fala UOU, que trabalho! Só que em meio do planejamento desse

trabalho pouco se acredita que isso traga frutos, então ainda há uma desconfiança

de que seja uma proposta válida. Então a gente precisa praticamente fazer, para

que as pessoas possam acreditar que dá certo!

125

Aline: Você acha que os pais mesmo com participações esporádicas conseguiram

compreender o processo ou participar de alguma forma do projeto? Mesmo que isso

não tenha sido um foco.

Glória: Com certeza! Por que quando você trabalha um projeto que as crianças

participam, as crianças ficam entusiasmadas, elas sempre chegam em casa e

contam o que tá acontecendo, o que eles estão fazendo e os pais participam,

mesmo que como ouvintes eles sabem o que está acontecendo, dificilmente uma

criança chega em casa pra contar as atividades que ela ficou fazendo de

matemática, então se a gente não tem um despertar no interesse da criança a

família consequentemente participa pouco, então quando você chama os pais pra

escola não só para uma reunião de pais e chama para ver o resultado final do

projeto, do qual ele acabou participando, porque ele estava sabendo do que estava

acontecendo, ele se sente participante também.

Aline: Você acha que o produto final comunicou bem as aprendizagens das

crianças?

Glória: sim, com certeza! Por que a gente vê que a gente fez uma proposta de uma

exposição, um momento de interação entre as famílias e como tinha a

disponibilidade de alguns jogos, algumas brincadeiras as quais a gente trabalhou

durante o projeto, assim que eles chegaram, já se interessaram em pegar aquele

material para explorar, explorar junto com a família, então nem era uma proposta do

produto final que a gente fizesse naquele momento a interação com as famílias, mas

aconteceu de forma natural pelo próprio interesse das crianças. Então de explorar o

pião, de chamar o pai e saber como o pai do amigo fazia, é uma coisa que surgiu de

interesse deles, não era uma proposta.

Aline: Acho que voltando um pouquinho nas estratégias, te ajudou essa troca,

assistir os vídeos pensando nas estratégias que podem melhorar ou serem

diferentes?

Glória: Sim! Acho que a retomada dos vídeos, as discussões que a gente conseguiu

fazer a partir deles muda o olhar na questão dos próprios alunos, então alguns

alunos que você acha que não estão participando, porque não fala, mas você vê a

atenção deles, então você fazendo a mediação da aula não consegue fazer essa

observação e ai no vídeo você consegue perceber então tem aluno que você acha

que não está participando, mas ele está. Ele não falou propriamente ele, mas falou

para um amigo que acabou respondendo uma coisa que foi ele que pensou. Então

126

acho que o vídeo ajuda bastante nisso. E até alguns momentos que você vê que

diante a quantidade de alunos você acaba não percebendo muitas coisas que

acontecem e reforçando alguns alunos que de fato não tem maturidade, não

consegue, não tem a atenção aquilo que está sendo discutido, então que acho que

essas discussões e essa retomada do vídeo ajudaram bastante nisso.

Aline: Fazendo uma avaliação do projeto, o que você colocaria como ponto positivo

e como pontos negativos?

Glória: Pontos positivos é essa... a ideia do projeto mesmo de partir da construção

das crianças, do interesse das crianças, o interesse que isso traz neles, então você

vê que mudou um pouco a aula, acho até por eles já estarem comigo há 2 anos,

então vai ficando uma coisa que acaba se repetindo, então não tem muita novidade,

ai você vê que eles começam a se interessar mais, até eu enquanto professora, por

que pra mim também não era uma coisa comum, então que forma eu vou amarrar, o

fato de eu ter que pensar, criar novas estratégias de trabalho também fez com que a

aula se tornasse mais interessante. E de ponto negativo que eu vejo é a questão do

tempo mesmo, a questão da escola, de ainda ser um trabalho que tem que fazer

sozinho, não ter apoio, não é o que a escola acredita, a questão do material, que

você acaba tendo que se virar para conseguir fazer aquilo, por que a escola ainda

acha que a educação se resume em livros, no caderno e aquilo que a gente já

acostumado a ver.

Aline: Uma coisa que me chamou bastante atenção que ao mesmo tempo que a

gente fazia o projeto eles tinham aula de Educação Física, com outra professora,

uma outra proposta, outros conteúdos e em nenhum momento eles fizeram menção

dessa aula de Educação Física pelo menos pra mim, eles acreditaram mesmo que

aquilo era uma continuidade e na sua aula apareceu alguma coisa?

Glória: Não! Talvez por que eles não relacionem o projeto com a aula que eles estão

acostumados de educação Física, então o projeto de fato não tem nada a ver com

que eles conhecem de aula de Educação Física, eles ainda têm aquela coisa que a

aula de Educação Física é o jogo com bola ou sem bola, mas é um jogo pontual, eu

não vejo uma construção da aula de Educação Física como um processo que

retome, que avalie, mas simplesmente do que a gente vai brincar hoje.

Aline: Tem algumas crianças que naturalmente já participam mais oralmente, que

são provavelmente as mesmas crianças que participam na sua aula, dentre as

crianças que não participam assim, você percebeu uma mudança de

127

comportamento, já que ela não participa oralmente? Por exemplo O Alisson na aula

que a gente fez da capucheta, ele tinha uma experiência, um conhecimento prévio

sobre aquilo e ele acabou se destacando mesmo sem participar oralmente.

Glória: Sim, é uma criança que pouco participa da aula de forma oral, pois tem muita

dificuldade, uma criança de inclusão e que naquele momento ele participou por que

ele conseguiu e sabia mais que os outros. Então ele não precisava de pré requisitos

que você acaba precisando quando você tem uma aula mais tradicional, que ele

acaba ficando de fora da dinâmica, ele pode trazer da vivência dele, pode participar.

Outras crianças por exemplo, o Rafa que nunca participa oralmente, por uma

questão de timidez, você vê que na brincadeira do pião, no meio de uma brincadeira,

pelo vídeo você percebe o quanto ele explora, participa e troca com os colegas, não

se expondo perante o adulto, mas junto dos pares participa. Então essa coisa da

atividade prática, de participar com o corpo e suas expressões, faz com que eles

tenham outras possibilidades de participação, infelizmente a gente fica muito preso

aquela participação da sala de aula, que você vai falar na frente de todo mundo,

sendo avaliado por todo mundo e não em uma brincadeira.

Aline: Então a gente percebe vários tipos de participação durante o processo, na

sala tinha 3 crianças de inclusão o João, a Larissa e o Alisson, acho que cada um dá

sua maneira conseguiu atingir os objetivos proposto para o projeto e conseguiu se

manifestar, cada um do seu jeito. Existem várias possibilidades de participação,

claro há alguns que fazem isso através da oralidade e outros que fazem de uma

forma que a gente precisa estar mais atenta, para mim isso também é uma

dificuldade, perceber essa participação não tão claramente, durante a sua aula

também aconteceu isso?

Glória: Sim!

Aline: Por exemplo, em alguns momentos eu percebo que algumas crianças estão

discutindo, quando a gente fez grupos isso fica muito evidente que quem tem um

domínio sobre o grupo...

Glória: Uma liderança né!

Aline: uma liderança, mas isso não deixou, não fez com que os outros não

participassem nas escolhas, então você acha que as estratégias que a gente criou

otimizaram essa participação?

Glória: Sim! Até o próprio trabalho do grupo, sempre terem trabalhado em grupo,

mas a própria dinâmica. Então eles tinham a princípio quando a gente fez a escolha

128

da obra do Ivan Cruz eles tinha várias obras e cada grupo tinha que defender a sua

obra, a ideia era que eles defendessem por que a sua obra deveria ser a escolha da

sala toda, então aquela coisa de você defender, dar a oportunidade, pois não

significa que eu defendi a minha obra que eu vou escolher a minha obra, por que

cada grupo tinha que escolher uma obra que não era sua, então eu tinha q sair do

meu papel, eu escolhi aquele, aquele foi o que eu mais gostei, ai eu tenho que dar

voz, eu tenho que ouvir o outro também para eu poder fazer minha escolha.

Aline: Esses momentos de escolha foram tranquilos durante o processo? Foi algo de

consenso mesmo ou gerou algum conflito?

Glória: Sempre tem algumas crianças que exercem uma liderança, então as

escolhas delas acabam influenciando a escolha de outros, mas eu acho que deu a

oportunidade para que todos colocassem sua opinião, ninguém nunca foi

desrespeitada quanto isso, acho que nesse sentido foi sempre tranquilo.

Aline: Durante as avaliações e registros as crianças tiveram dificuldade de resgatar

coisas que aconteceram, ou isso sempre foi um processo esperado e tranquilo?

Glória: Para algumas crianças é difícil, mas pontual você no vídeo aquelas crianças

que não estão prestando atenção, então para essas crianças é um pouco mais

difícil, mas como a maioria das avaliações a gente foi fazendo em grupo, então um

ia resgatando o outro ia complementando, então foi bem tranquilo. Acho que é uma

coisa que, como eles vivenciaram é uma coisa que fica marcada, é uma coisa mais

difícil de esquecer como uma coisa que você só falou ou alguém leu entendeu, e

algo que você viveu, pelo fato da vivência acho que o registro foi tranquilo.

Aline: Durante as minhas aulas eu não presenciei, ou talvez não mediei nenhum tipo

de conflito, era um perfil da sala eu acho, eles tinham uma capacidade de trabalhar

junto, durante a sua aula aconteceu algum conflito?

Glória: Não acho que isso sempre foi muito tranquilo, acho que até pelo fato de já

estar juntos há 2 anos, essa questão do respeito a opinião do outro, sempre foi difícil

de acontecer, eles nunca tiveram problema de fazer grupo, então isso já era uma

coisa bem tranquila.

Aline: O que você coloca como diferencial do projeto, se não tivesse o projeto e com

o projeto, o que pra você as crianças aprenderam com o projeto?

Glória: A própria qualidade do ambiente, por que eu acho que essa coisa do projeto

do diferencial do projeto é que a gente vê o entusiasmo na participação, a questão

da curiosidade, então não é só porque ai agora a gente vai ter aula do projeto, mas

129

eles acabaram incorporando vários conteúdos, várias coisas que a gente estava

trabalhando no projeto, então é como se a todo momento eu tivesse buscando

relacionar o que estava trabalhando na sala de aula com o projeto, então deu uma

motivação maior para sala.

Aline: É isso você acredita que otimizou as aprendizagens deles?

Glória: Com certeza! Se você tem um ambiente mais motivado o processo de

aprendizagem se consolida melhor.

Aline: Então as aprendizagens foram mais significativas em todos os campos?

Glória: Sim! Em todos os campos! Por que eles mesmos acabavam sempre

buscando relacionar o que a gente estava vendo com o projeto.

Aline: Eles faziam esse exercício de discussão com você? De relação com o

projeto?

Glória: Sim!

Aline: A gente fez várias etapas do projeto conjuntamente e algumas que foram mais

direcionadas por você, alguma etapa que você possa destacar assim que foi mais

legal ou que você perceba que eles tiveram um pouco mais de dificuldade?

Glória: A eu acho que todas as partes de construção, que eles construíram alguma

coisa foi bem legal, por que você ver o resultado de algo que você construiu é muito

interessante. Então eu também me identifico muito com essa coisa da construção,

da arte, então acho que isso possibilita várias construções, não só do próprio

produto mas também construções internas que você faz, o momento que você se

dedica a uma construção e eram momentos também que a gente podia ver a

questão da solidariedade, então como eles conseguiam interagir um com o outro,

observando a necessidade do outro e se dispor a ajudar o outro, mesmo sem o outro

pedir, você perceber as necessidades e as dificuldades do outro, para mim foram

momentos especiais.

Aline: É uma coisa que eu percebi bastante durante o projeto e assistindo os vídeos

depois e pensando um pouco é essa interação entre as crianças voltada exatamente

para essa ajuda, e que muitas vezes era sem pedir, como você falou mesmo. Você

acha que o projeto contribui com isso? Ou eles já eram assim?

Glória: Olha todo o trabalho que foi feito já direcionava para isso, por que eu sempre

trabalhei discutindo essas questões, mas com certeza quando você tem um projeto

que não traz a disputa, a competição e proporciona um ambiente cooperativo faz

com que as ações deles sejam assim, então se estivesse fazendo um projeto que

130

vamos ver quem faz melhor, vamos ver qual é o melhor talvez tivesse incentivando

para que ele não ajudasse, por que a ideia é que o meu tem que ser bom, então

quanto pior do outro melhor. Então com certeza a forma que foi pensado e a forma

que foi trabalhado o projeto foi um facilitador para essas relações.

Aline: No aspecto conceitual, eles já estavam a grande maioria alfabetizados e eles

tiveram uma certa facilidade para produzir os registros que eram fruto das

discussões durante o projeto, nessa questão mais conceitual, você percebeu algo de

maior interesse deles?

Glória: Acho que uma coisa bem interessante é que sim eles já estão alfabéticos,

talvez não alfabetizados todos, então a questão da interpretação do texto, de

compreender a linguagem é uma coisa que ainda está em construção, e ai em meio

ao projeto a gente trabalhou o livro que conta uma história que no ano de 2020, não

lembro a data, mas anos para frente, a gente já numa civilização diferente do que a

gente vive um grupo de crianças encontra um livro de brincadeiras, e lá seria o livro

com as imagens do Ivan Cruz que ele conta as brincadeiras, como se fosse uma

receita das brincadeiras e essas crianças resgatam essas brincadeiras. E eu achei

muito interessante, que no final do projeto eles apontam como aprendizado essa

coisa do resgate a brincadeira, então que se eles não forem um portador dessas

informações, desse conteúdo isso pode se perder com o tempo, então eles veem a

importância do projeto nesse sentido e foi uma leitura que eles fizeram do texto e

que eu não foquei tanto nisso, a ideia era trabalhar as obras, as brincadeiras, a

proposta do Ivan Cruz, mas no momento eu não tinha apontado essa coisa então

vocês são responsáveis agora pelo futuro, vocês vão passar isso de geração em

geração, e a gente percebe que isso aparece na avaliação deles, é algo que não foi

pontuado no momento de trabalhar o texto e que para eles foi significativo e eles

construíram isso.

Aline: Alguma das atividades propostas, além das construções, que você falou que

eles estavam sempre muito ativos para isso, teve algum momento durante o projeto

todo que você destacaria?

Glória: Acho que uma atividade que foi bastante interessante, que acabou entrando

um pouco a questão da competição, foi a do avião, então quando eles fizeram o

avião a gente tinha um aluno que não se destaca em sala de aula, mas que na

situação o avião dele era o que ia mais longe, mais alto, mas a gente vê que não era

uma competição, a eu quero que o meu voe mais alto, não eu quero entender por

131

que o seu foi mais alto, então a ideia é que o avião que tivesse maiores habilidades,

conseguisse ir mais longe e que a gente conseguisse discutir então como foi feito

esse avião, como eu posso fazer para que o meu vá mais longe, vá mais alto, então

achoo que essa troca foi interessante.

Aline: Você acha que os momentos de resgate feito com as crianças foram

motivadores para uma aprendizagem mais significativa?

Glória: Com certeza! É uma forma da gente avaliar que eles percebiam que isso

tudo fazia parte de um projeto e estava uma coisa amarrada com a outra. Então eles

precisavam contar para você, por que você precisava saber, porque você fazia parte

daquele projeto e a mesma coisa, era comum quando uma criança faltava esse

compartilhar do que tá acontecendo, era uma coisa que eles costumavam fazer. Até

pelo entusiasmo das atividades, então na própria aula eles retomavam aquilo, nossa

por que foi muito legal, se viu o que aconteceu e eu percebi assim no momento em

que eles viram as fotos também das vivências deles, eles se empolgavam naquilo,

um registro de algo que foi bem bacana.

132

APÊNDICE II - Transcrição da Entrevista com as crianças

Grupo João, Viviane, Julia, Sofia e Vitor

Aline: Então vamos começar então! Lembra que eu falei sobre avaliação?

Todos: Sim!

João: Esse caderno ai é do divertidamente!

Aline: Vamos então começando! Eu quero saber o que vocês aprenderam com o

projeto?

João: LEGAL!

Viviane, Vitor e Joao levantam a mão.

Viviane: A gente aprendeu muitas brincadeiras e muitos brinquedos com material

reciclável e muitas outras coisas.

Aline: Fala Vitor!

Vitor: Nós aprendemos muitas coisas legais, aprendemos muitas coisas.

Aline: Fala João

João: A gente aprendeu que reciclar é bom! E que dá pra fazer um monte de

brinquedos e materiais para brincar.

Aline: Muito bem João! E o que vocês mais gostaram do projeto?

Todos: LEVANTARAM A MÃO!

João: o negócio do cavaleiro, o negócio da tampinha e também do futebol e também

aquilo lá de ontem.

Viviane: Daquele brinquedo giratório com água.

Aline: dos malabares de água?

Viviane: É!

Aline: Julia?

Julia: do malabares!

Sofia: do malabares!

Vitor: o PIÃO!

Aline: O que vocês acham que serve as coisas que vocês aprenderam no projeto?

O João, vivi e Vitor levantam a mão

Aline: Fala João

133

João: o negócio de cima é um negócio de cavalheiro e o negócio da garrafa e

igualzinho do Chaves e o cavaleiro eu já falei que tem o escudo, uma espada e a

coroa.

Vivi: Eu acho que serve pra gente, por exemplo a gente aprende e pode ensinar pros

nossos pais, pros nossos primos né, e para as outras pessoas que a gente conhece.

Vitor: Isso para aprender!

Aline: Vocês acham que quem decidiu as coisas do projeto? Vocês acham que foi eu

e a Glória ou que foi vocês junto com a gente?

Vitor e Viviane: A gente junto!

Aline: É isso é mais legal? O que vocês preferem só a professora decidir ou vocês

também?

Viviane: A gente também por que quem não quiser fazer parte não precisa fazer, na

hora que a gente for fazer fica olhando.

Vitor: Também por que dá pra gente decidir as coisas junto com vocês!

Aline: Meninas querem falar alguma coisa?

Julia e Sofia fazem sinal de negativo com a cabeça.

Aline: Vocês levaram umas lições para casa, sim ou não?

Todos: Sim!

Aline: Quem fez as lições de casa com vocês?

Vitor: Minha mãe, meu pai e meus irmãos.

Aline: E vocês falaram sobre o projeto em casa?

Todos: Sim!

Aline: O que vocês falaram?

João: Eu falei do malabares, do pião e do negócio do Chaves. E também o negócio

da coroa.

Vivi: Eu e a minha irmãzinha brincamos com o escudo, a espada e a coroa e os

malabares de água a gente também brincou. Por que a gente mora em apartamento

e brinco no parquinho de lá.

Julia: Eu ensinei a minha mãe brincar com os malabares.

Sofia: Ensinei a minha mão brincar com malabares.

Vitor: Eu ensinei meus irmãos a brincar com o pião e ensinei também a brincar com

a garrafa.

Aline: Então se vocês tivessem que apresentar esse projeto para alguém, como

vocês fariam isso?

134

Viviane: É um projeto de brincadeiras e que a gente aprende várias brincadeiras e

brinquedos e muitas outras coisas.

Aline: Vocês só fizeram as brincadeiras ou fizeram outras coisas? Por exemplo hoje

a hora que eu entrei na sala vocês estavam fazendo o que?

Todos: pintando a corda!

Viviane e Vitor: a gente pintou o pião.

Aline: Vocês estão todos com o caderno de registro, vocês fizeram essa parte com a

professora Glória certo? Essas coisas ajudaram vocês entender melhor as

brincadeiras ou não?

Todos: Sim!

Vivi: Porque teve brincadeiras que a gente não conhecia, só que a gente começou a

conhecer as brincadeiras e os brinquedos.

Aline: Lembra da escolha da obra de arte? Que vocês ficaram em grupos e tudo

mais

Todos: Sim!

Aline: depois teve gente que ficou observando a imagem né João? O que você

queria fazer da imagem e a gente não conseguiu fazer?

João: O telefone sem fio!

Viviane: Eu já brinquei de telefone sem fio, se fala assim no ouvida da pessoa e a

outra tem q tentar adivinhar, daí outra pessoa tenta adivinhar também.

Aline: Então vocês escolheram em grupos a imagem, certo? O grupo de vocês votou

nessa imagem, vocês lembram?

Vitor: Todo meu grupo votou nessa imagem

Aline: O que vocês acharam dessa parte do projeto?

Viviane: Legal! Porque teve muitas brincadeiras que a gente fez e é muito legal, por

exemplo o malabarista da vassoura né, a gente nunca tinha feito né, eu nunca tinha

feito, daí a gente aprendeu também.

Vitor: A gente aprendeu muitas coisas daquela imagem e a gente acabou votando

nela!

Aline: Vocês querem falar mais alguma coisa sobre o projeto?

Viviane: Eu gostei muito do projeto porque a gente aprendeu muitas coisas e eu não

conhecia você.

Aline: Você gostou de me conhecer então?

Viviane: Sim!

135

Aline: Na aula de Educação Física que vocês têm descem pra quadra, brincam e

voltam né?

Todos: Sim!

Aline: No projeto a gente fez as brincadeiras, vocês fizeram o caderno de registro,

depois fizeram as obras de arte com a Glória, o que vocês preferem? Descer na aula

de educação física e subir e não falar mais ou do jeito que a gente fez no projeto?

Vitor e Viviane: Do jeito que a gente fez no projeto!

Aline: Porque?

Viviane: Por que se você desce e brinca de uma brincadeira ou algum jogo e nunca

mais fala, daí não tem nem graça de fazer a brincadeira, porque você já não vai

mais falar mesmo. Mas o projeto, por exemplo se a gente faz e ensina e tem um

caderno de registro a gente pode pegar o caderno de registro, pode olhar e pode

lembrar das brincadeiras quando a gente quiser fazer.

Aline: Alguém quer falar mais alguma coisa?

João: O telefone sem fio é feito de lata, duas latas e também um fio, e o negócio que

a gente fez era feito de garrafa e agora a gente precisa fazer um negócio que o

material é de lata.

Aline: Quem sabe um dia a gente faz né João?

João: É!

Aline: Muito obrigada! Podem ir pra sala e chamar o próximo grupo.

136

Grupo Maria Eduarda, Lucas, Cauã, Júlio e Ellen.

Aline: Vou fazer as perguntas e a gente vai conversando, tudo bem? Então a

primeira é o que vocês aprenderam com o projeto?

Júlio: Muitas coisas!

Lucas: Brincadeiras!

Aline: O que mais?

Júlio: Diversão!

Maria: Brincadeiras novas

Lucas: Criamos novos brinquedos

Cauã: e era muito legal!

Aline: O que vocês mais gostaram?

Júlio: Eu gostei da Piaba.

Lucas: Eu gostei da pipa, do pião e dessa armadura que a gente fez.

Cauã: Do pião, e da pipa e aquele negócio de por água.

Aline: os malabares de água?

Ele fez um sinal afirmativo.

Ellen: Malabares de água, pião, a pipa e só.

Maria: O pião, a pipa e as armaduras.

Aline: Vocês acham que durante o projeto, vocês participaram dando sugestões e

criando coisas ou vocês acham que só eu e a Glória que fizemos as coisas?

Lucas: A gente!

Júlio: Todo mundo!

Aline: Em que momento vocês acham que vocês participaram?

Maria: Na parte de fazer as brincadeiras.

Aline: E vocês acham que aprenderam mais coisas do que só as brincadeiras? O

que mais vocês acham que aprenderam?

Maria: A pintura, construir as coisas.

Aline: Quando vocês estão com a Glória, vocês estavam falando do projeto

também?

Todos responderam que sim!

Aline: E durante as aulas da Glória o que vocês aprenderam?

Lucas: Lição!

Ellen: Lição do Ivan Cruz

137

Aline: O que vocês fizeram no projeto de brincadeiras que vocês fizeram com ela e

não fizeram comigo?

Ellen: Pular corda!

Aline: Ai o caderninho que vocês estão na mão, vocês fizeram comigo ou com ela?

Todos disseram com ela

Aline: Para que vocês acham que serviu esse projeto?

Maria: Para ensinar para as outras pessoas

Aline: O que mais? Para que vocês acham que fizeram esse caderno de registro?

Ellen: Para aprender outras brincadeiras

Aline: E por que quando a gente aprende a gente registra?

Ellen: Por que se um dia a gente esquecer a gente pode olhar nesse caderno pra

lembrar.

Aline: Tem alguma coisa que vocês fizeram que não gostaram?

Eles permaneceram em silêncio.

Aline: Tem alguma coisa que vocês queriam muito aprender e conseguiram?

Júlio: Eu queria aprender a brincar de malabares de água, é isso?

Lucas: Eu queria aprender a brincar de bolinha de gude, por que eu não sabia,

pensava que era só jogar.

Maria: Eu queria aprender a soltar pião!

Ellen: Eu queria aprender a soltar pipa.

Aline: Vocês contaram para mais alguém sobre o projeto? Em casa?

Maria: Sim!

Ellen: EU TAMBÉM

Cauã: Não

Lucas: Eu contei pro meu pai que eu fiz novos brinquedos!

Júlio: Eu contei também.

Aline: Deve algumas coisas que vocês fizeram em casa, de lição de casa, quem

ajudou vocês em casa?

Júlio: meu amigo!

Ellen e Maria: Meu pai!

Cauã: Minha mãe.

Aline: Vocês acham que todo mundo participou do projeto?

Todos disseram sim

138

Aline: Como vocês acham que vocês participaram, além de fazer as brincadeiras?

Na hora de escolher como foi?

Júlio: Nós escolhemos as brincadeiras pelo quadro do Ivan Cruz.

Aline: Vocês lembram que foram lá na frente defender o quadro? De quem era o

quadro do Ivan Cruz de vocês?

Maria: Era. Só que a Ellen não tava.

Lucas: Quem votou na gente foi o grupo da Dandara e da Emily.

Aline: Se vocês tivessem que apresentar o projeto para alguma criança, como vocês

falariam?

Lucas: é tipo uma plateia e a gente contar o projeto?

Aline: Isso!

Lucas: Eu só falaria como era projeto, as brincadeiras que vai ter.

Aline: Então conta como foi?

Lucas: A gente brincou, montou, fez as brincadeiras se divertiu!

Aline: Mais que brincadeiras? O que vocês fizeram?

Lucas: A gente fez uma pipa, pião, brincamos de bolinha de gude, várias coisas.

Aline: E as coisas que vocês fizeram com a Glória, fora as brincadeiras.

Lucas: A gente pintou as pessoas.

Júlio: A caixa de pizza

Maria: Pintamos com as bolinhas de gude e o pião.

Aline: Vocês querem falar mais alguma coisa?

Todos disseram que não

Aline: Deixa eu perguntar uma última coisa - Vocês preferem fazer um projeto, onde

o tempo todo vocês estão falando a mesma coisa ou vocês preferem ir na aula de

Educação Física, fazer a brincadeira e voltar e não falar mais daquilo?

Todos falaram o projeto

Aline: E por que o projeto?

Lucas: Eu prefiro o projeto porque a gente pode voltar e continuar falando pros pais

e para as pessoas.

Aline: Vocês acham que no projeto vocês participam mais da aula?

Todos Disseram que sim

Maria: A gente tá sempre conversando daquilo, se a gente esquece o outro lembra e

mais fácil de aprender.

139

GRUPO Dandara, Larissa, Otávio, Michael, Matheus

ALINE: O que vocês aprenderam no projeto?

OTÁVIO: Várias brincadeiras que a gente não sabia.

MICHAEL: Muitas brincadeiras novas.

MATHEUS: Brincadeiras que se faz com coisas recicláveis.

OTÁVIO: Vários jeitos de brincar.

LARISSA: Algumas brincadeiras que a gente já conhecia.

MICHAEL: Depois eu falo.

DANDARA: A gente aprendeu brincadeiras novas e brincadeiras muito diferentes

que algumas pessoas não conheciam.

ALINE: Dessas brincadeiras que vocês falaram ai pra mim, o que vocês mais

gostaram?

OTÁVIO: Do que a gente tá fazendo, eu gostei.

ALINE: O que?

OTÁVIO: De fazer.

MICHAEL: Eu também.

ALINE: De fazer o que?

OTÁVIO: As brincadeiras. Ainda mais de me sujar no dia da espada.

DANDARA: Eu também gostei.

LARISSA: Eu também.

OTÁVIO: Não, mas só uma coisa que eu não gostei naquele dia, que a espada

parecia um chicote.

risos

ALINE: O que mais?

MATHEUS: Há eu, ha... estou tentando lembrar aqui.

ALINE: Vocês viram as imagens. Vocês conseguem falar para mim tudo o que a

gente fez?

MICHAEL: Sim.

OTÁVIO: Nossa, tudo?

ALINE: Bastante coisa.

MICHAEL: Deixa eu ver... (foi mexer nas imagens)

ALINE: Sem olhar né Michael.

140

OTÁVIO: Professora, a gente não fez o pega pega Bela?

ALINE: Fizemos o pega pega Bela antes de começar o projeto das brincadeiras.

Fala Matheus. (estava com o braço levantado)

MATHEUS: A gente aprendeu é... a gente aprendeu...

ALINE: Vai ajudando ó..., o Matheus vai falando e vocês vão ajudando, por isso

vocês estão em grupo.

MATHEUS: A gente aprendeu é... brincadeiras boas, brincadeiras legais e como

fazer e a gente já pode ensinar pros nossos amigos, pros nossos primos, pra quem

eles não conhecem.

DANDARA: Pros nossos pais.

MATHEUS: Nossos pais.

ALINE: Fala Otávio. (estava com a mão levantada)

OTÁVIO: Pra essas brincadeiras serem passadas de geração em geração.

MATHEUS: Porque senão as... porque senão essa brincadeira acaba, porque senão

ninguém vai conseguir reconhecer, ninguém mais vai conseguir brincar.

ALINE: Por exemplo, que brincadeiras que vocês poderiam ensinar que pode como

disse o Otávio... (interrompida)

OTÁVIO: A da piaba.

LARISSA: Da piaba.

ALINE: A piaba que passa de geração em geração.

MATHEUS: A da brincadeira mágica lá.

ALINE: Do malabares.

MATHEUS: É do negócio, que joga assim e depois pega.

MICHAEL: E da luta, e da luta.

OTÁVIO: É mesmo.

DANDARA: Do pião.

ALINE: Do pião.

OTÁVIO: Do pião.

MICHAEL: Ééééééé...

ALINE: E em casa? Vocês brincaram de alguma brincadeira que a gente fez aqui?

MATHEUS: Sim.

OTÁVIO: Sim.

MICHAEL: A da vassoura, a pipa.

LARISSA: Aquele negócio mágico. (faz o movimento de rotação com o braço)

141

MATHEUS: A piaba.

DANDARA: A piaba, o negócio mágico.

MATHEUS: Há, e do negócio mágico.

MICHAEL: Eu tenho dois negócios mágicos, eu fiz.

OTÁVIO: O malabares de água.

ALINE: O malabares de água.

MICHAEL: Eu tentei fazer mais um desse, e eu consegui.

LARISSA: Eu também.

OTÁVIO: Eu não tentei fazer porque eu não tinha garrafa. E eu não tenho tesoura.

ALINE: E o que vocês acham? Que essas coisas que vocês aprenderam é

importante ou não?

LARISSA: É importante.

MATHEUS: É muito importante.

OTÁVIO: É importante, porque se a gente nunca brincasse.

MATHEUS: A gente não ia aprender.

OTÁVIO: A não... já esqueci.

MICHAEL: É muito importante.

MATHEUS: Se a gente não brincasse, a gente não podia ensinar os nossos amigos,

e assim...

DANDARA: E as brincadeiras iam ser esquecidas.

OTÁVIO: É... igual no livro.

MATHEUS: Ninguém poderia lembrar, brincar delas.

OTÁVIO: Só que também ia ser bom.

ALINE: Deixa eu perguntar uma coisa, vocês sentiram que vocês participaram do

projeto, assim, dando opiniões , construindo o projeto? Ou vocês acham que foi tudo

eu e a Glória que fizemos?

MATHEUS: A gente.

OTÁVIO: A gente.

MICHAEL: A gente ajudamos.

OTÁVIO: Todos os 25 alunos ajudaram. (alguns faltaram)

LARISSA: É.

ALINE: Em que momento vocês acham que vocês ajudaram?

MATHEUS: A gente fez tudo junto, em grupo.

MICHAEL: Péra eu sei.

142

OTÁVIO: Em todo o tempo.

ALINE: Espera... um de cada vez. Não, me dá um exemplo. Vai Matheus.

DANDARA: Como assim um exemplo?

ALINE: Um exemplo de um momento que vocês acham que vocês ajudaram.

MICHAEL: Eu não sei não.

MATHEUS: É... um exemplo, quando a gente ajudou ...

DANDARA: A desenhar

MATHEUS: É... a fazer aquela boneca, a fazer as armaduras.

ALINE: Há, fala Otavio. (estava com a mão levantada)

DANDARA: A desenhar na armadura.

OTÁVIO: Professora, pode falar antes do projeto começar?

ALINE: Como assim?

OTÁVIO: Antes do projeto das brincadeiras começar.

ALINE: Não, no projeto eu estou perguntando.

OTÁVIO: Então parei de falar.

ALINE: Fala Michael?

MICHAEL: Esqueci o que eu ia falar.

ALINE: Por exemplo, como que foi a escolha do projeto? Quem fez a escolha da

imagem, por exemplo?

OTÁVIO: A gente.

MICHAEL: A gente.

DANDARA: O grupo.

MATHEUS: A gente, o grupo, a gente teve que defender os nosso desenho, teve

que falar porque o nosso era importante, porque o nosso é legal, é... porque tem

vários desenhos bonitos, legais, mas o desenho mais votado não é o nosso grupo foi

o do Ivan Cruz, o desenho que foi votado não foi a gente.

ALINE: Agora vamos fazer uma coisa assim, se vocês tiverem que contar para

alguém, imaginando que vocês fossem um apresentador de televisão.

OTÁVIO: Nossa.

ALINE: E vocês tiverem que contar para alguém, como foi o projeto, em poucas

palavras, dai eu vou filmar aqui, ó, um de cada vez.

OTÁVIO: Poucas palavras? Geová.

ALINE: Poucas palavras, ó, o projeto foi assim, foi, a gente fez isso, foi assado... e

ai, e pronto.

143

OTÁVIO: Nossa, eu já falo num texto inteiro.

ALINE: Então vai, vai Matheus, quer ir primeiro?

MATHEUS: Não, eu quero ser o último.

ALINE: Quem quer falar primeiro? (Dandara levantou a mão) Vai Dandara.

DANDARA: Eu achei, agente... muitas crianças acharam o projeto legal, a gente

conheceu muitas brincadeiras, algumas brincadeiras a gente já conhecia, e.. a

gente, a gente achou que a gente também ajudou a fazer várias coisas.

ALINE: Muito bem, quem mais quer falar?

MATHEUS: Você vai filma ali na parede?

ALINE: Não, não precisa, pode ser sentado.

OTÁVIO: Há, queria ser na parede também.

ALINE: Vocês querem lá na parede?

MATHEUS: Sim.

OTÁVIO: Há, quem quer levanta a mão.

ALINE: Então vai Michael, vai você agora.

OTÁVIO: Há, eu quero.

MICHAEL: Não, não pérai, (deita o rosto na mesa, se esconde) deixa a vez dele.

ALINE: Então vai Otávio.

OTÁVIO: Nossa só porque...

risos

(o aluno foi até a parede)

ALINE: Vai..., cuidado com a porta aí para não abrir.

OTÁVIO: Tá bom. Pode ser sentado?

risos

ALINE: Decide Otávio.

OTÁVIO: Vou sentado. (sentou novamente)

risos

OTÁVIO: É..., posso pegar as imagens? Pegar todas?

ALINE: Não, todas não vai dar tempo, de pegar todas de novo.

MATHEUS: Pega só duas (pegou duas folhas para o Otávio)

MICHAEL: (também pegou uma imagem) eu vou falar dessa aqui ó.

OTÁVIO: (vendo as imagens) A gente fez a bolinha de gude, o pião que a gente fez

(pegou a folha do Michael, risos) a pintura do pião (mostrou a imagem).

MICHAEL: (puxou outras folhas de imagem)

144

ALINE: Há, antes da gente...

MATHEUS: (tenta impedir) Deixa, não dá tempo

ALINE: Hó, não vai dar tempo, dá aqui (recolhe as folhas). Antes de vocês falarem

deixa eu perguntar outra coisa que eu tinha esquecido.

MICHAEL: Tá.

ALINE: Vocês acham que vocês aprenderam coisas só na aula de educação física?

MATHEUS: não

OTÁVIO: não

LARISSA: não

MICHAEL: não

OTÁVIO: Na aula da Glória a gente aprendeu a fazer abayomi.

LARISSA: Na aula da Glória

ALINE: Mas por exemplo

LARISSA: A piaba

ALINE: Vocês conseguem me dizer assim ó, que mais, por exemplo, que mais

disciplinas, sabe, educação física, geografia, história, português, sabe isso?

Disciplina

MICHAEL: Sim

ALINE: Quais disciplinas que vocês perceberam que estava no projeto?

MATHEUS: Educação física

ALINE: E o que mais? E isso ai hoje que vocês estão fazendo? (aponta para o

caderno de registros) Que disciplina vocês acham que é?

MATHEUS: Caderno de registro.

ALINE: É. Mas que disciplina que é isso ai vocês acham?

OTÁVIO: Educação física?

MATHEUS: Não.

MICHAEL: Quadros, tem quadros.

OTÁVIO: Eu pensei que fosse. Ué é quadros aqui ó (mostra a capa do caderno)

quadros

ALINE: Hó, hoje vocês leram por exemplo A Glória fez a leitura

OTÁVIO: História

MICHAEL: História

ALINE: Da história do Ivan Cruz, certo? Quando a gente faz uma leitura é de que

disciplina?

145

OTÁVIO: História, leitura

DANDARA: Geografia

ALINE: Não, língua portuguesa né, quando a gente le e escreve

OTÁVIO: É eu falei tipo isso

ALINE: Língua portuguesa. E as pinturas? Vocês fizeram a pintura de várias coisas.

É aula do que que vocês fazem mais pinturas?

MATHEUS: De arte

OTÁVIO: De artes

MICHAEL: De artes

OTÁVIO: Só que agora a professora Rose partiu

ALINE: Então o que vocês acham? Vocês acham que vocês aprenderam coisas só,

no projeto dá para perceber que tem outras coisas que vocês aprenderam, não só

educação física?

DANDARA: Sim, são várias matérias

ALINE: Tipo?

OTÁVIO: História, Geografia, Ciências, Educação Física

ALINE: Mas quando eu aprendi, por exemplo ciências no projeto?

OTÁVIO: Há, sei lá.

ALINE: Ué, você está falando que aprendeu.

DANDARA: Arte

MICHAEL: Você falou que aprendeu

DANDARA: Arte

OTÁVIO: Não, não é isso não é que eu só tô falando todas as matérias que eu sei,

entendeu

ALINE: Há, entendi.

OTÁVIO: Eu não sei não

ALINE: Em que momento artes Dandara?

DANDARA: No momento que a gente fez.. (foi olhar nas imagens)

MATHEUS: A hora que a gente fez pintura com os piões, a hora que a gente fez, é...

OTÁVIO: Fez pintura com as canetinhas...

MATHEUS: (puxa o amigo que o interrompeu e continua) é... quando a gente fez

pintura no escudo e quando a gente brincou com a bolinha de gude que a gente

pegou a caixa de pizza, lá, que era do, do negócio, se, se pingou cinco pingo de tinta

e jogou 3 bolinhas de gude pra fazer um rabisco.

146

ALINE: Legal, fala Dandara.

DANDARA: A gente também, nessa imagem (mostra folha de imagem) a gente

usou tinta com pincel pra gente fazer...

ALINE: O painel

DANDARA: É... os personagens, como fala... do livro, da gente... usou tinta bastante

tinta. Também a de pião, e a gente também pintou

MATHEUS: Há, professora é...

ALINE: Fala Matheus.

MATHEUS: É... quando a gente aprendeu essas coisas, a gente já começou a ficar

feliz e quando você entrava e abria a porta a gente gostou de aprender essas

brincadeiras, a gente ficava feliz, muito feliz, todo mundo falava oi pra você, era

muito legal as brincadeiras, por isso que todo mundo falou, e a gente gostou tanto

da brincadeira, é..., a gente aprendeu várias brincadeiras legais.

MICHAEL: Verdade

ALINE: Hó, deixa eu perguntar uma coisa. É diferente quando a gente faz um projeto

assim que eu e a professora Glória fala sobre a mesma coisa, e só ir na aula de

educação física? O que vocês preferem?

MATHEUS: Fazer arte

DANDARA: Os dois

MICHAEL: Os dois

OTÁVIO: Os dois

ALINE: Mas por que? Não..., assim ó, quando a gente fala do projeto, a gente fala

na aula de educação física, fala na aula da Glória faz coisas da aula de artes, e isso

é uma coisa. Só ir na aula de educação física, ir lá, fazer a brincadeira e voltar, não

tem outras coisas, certo? É assim a aula de educação física , beleza?

MATHEUS: É

MICHAEL: Sim

DANDARA: certo

ALINE: E aí? O que é mais legal? Quando vocês falam o tempo todo sobre aquilo ou

quando vai lá... tem que escolher uma coisa né?

DANDARA: Quando a gente fala o tempo todo, porque se a gente fala um momento

as vezes a gente tipo... fica assim... (pensamento)

MATHEUS: Mais inspirado com a brincadeira , né

ALINE: Como é que é Matheus?

147

MATHEUS: Mais inspirado com a brincadeira

ALINE: Inspirado?

DANDARA: É e a gente não pode falar naquele assunto que não tá na hora de falar

daquele assunto, a gente acaba guardando, a gente acaba guardando as coisas

ALINE: Entendi... Larissa você não quer falar alguma coisa?

MATHEUS: Ela não falou nada até agora.

ALINE: É então. Como que foi para você o projeto?

LARISSA: Legal

MATHEUS: E o que mais?

ALINE: O que mais?

LARISSA: Divertido

MICHAEL: Só legal?

ALINE: O que que você mais gostou?

LARISSA: Eu gostei da corda

ALINE: Dá corda?

ALINE: Agora vocês vão escolher, cada um vai escolher uma coisa, tá?

DANDARA: A brincadeira da Luta!

MICHAEL: Hum...perai, esqueci! Falsa baiana!

LARISSA: Do pião!

OTAVIO: Eu gostei da Luta!

MATHEUS: Oh malabares de girar!

ALINE: Alguém quer falar mais alguma coisa?

DANDARA: No projeto a gente se envolveu com várias brincadeiras!

ALINE: Como assim se envolveu?

DANDARA: A gente fez várias brincadeiras.

MATHEUS: Quando a gente brincou com essas brincadeiras, a gente pode escrever

aqui a brincadeira que a gente mais gostou, assim a gente pode mostrar para os

nossos pais e pros nossos irmãos para eles aprenderem a brincadeira, para quanto

mais gente mostrar, mais as pessoas podem brincar e falar para o mundo inteiro.

DANDARA: Eu achei legal esse caderno de registro porque se a gente esquecer

alguma coisa, a gente pode lembrar, tipo reviver quando a gente era criança.

MATHEUS: E acho importantes essas brincadeiras porque a gente já pode brinca de

todas essas brincadeiras que estão nesse quadrinho aqui e já pode aprender a fazer

148

mais brincadeiras novas e a gente aprendeu também que com esses materiais

recicláveis a gente pode fazer várias brincadeiras.

ALINE: Legal! Alguém que falar mais alguma coisa?

DANDARA: Eu acho que todo mundo gostou das brincadeiras, porque não paravam

de falar nesse assunto.

ALINE: E em casa vocês falaram do projeto?

Todos disseram que sim.

DANDARA: Eu queria falar que não só a gente ajudou e que os pais também

ajudaram.

MATHEUS: Como a gente levou alguns brinquedos né, talvez a gente pode treinar

as brincadeiras e ensinar para os nossos amigos, nossos pais né e a gente também

pode brincar bastante com essas brincadeiras e se os outros quiser brincar e quiser

um pra eles é só ensinar eles fazerem e ajudar eles. E é muito importante para nós e

a gente tem que falar para eles o quanto é importante essas brincadeiras.

DANDARA: Eu queria falar do avião de papel. Que os pais ajudaram a fazer e o

Júlio era o melhor e a gente tentou fazer igual o dele.

MATHEUS: A gente aprendeu também a fazer desenhos mais bonitos e a gente

aprendeu cada vez mais com essas artes ai, como desenhar com canetinha,

contornar e também a gente aprendeu como todo mundo falou muitas brincadeiras a

gente já pode fazer mais em casa e ajudar os amigos.

OTAVIO: A gente aprendeu a pintar com o pincel.

DANDARA: Eu também gostei que todas as partes da garrafa dão para fazer

brinquedo.

149

Grupo Pedro Lucas, Mateus, Gerson e Rafael

Aline: Boa tarde! Primeira pergunta, o que vocês aprenderam com o projeto?

Todos levantaram a mão

Pedro: Brincadeiras!

Gerson: Várias brincadeiras

Rafael: Brincadeiras que nós nunca fez!

Gerson: Brincadeiras que a gente pode fazer em casa!

Aline: Qual a importância de aprender essas coisas?

Pedro: Bastante!

Aline: Por que Pedro?

Pedro: Há, por que é boa, as brincadeiras são legais.

Rafael levanta a mão.

Aline: Fala Rafa

Rafael: Por que quando a gente não tem nada para fazer a gente pode brincar

Gerson: Por que a gente pode pegar os materiais

Mateus: Pegar uma garrafa e fazer!

Rafael: Coisas recicláveis

Gerson: Pra fazer!

Aline: Vocês acham que o projeto ajudou vocês então?

Todos disseram que sim.

Aline: Por que vocês me falaram que aprenderam coisas novas...

Pedro: e legais!

Aline: O que do Projeto vocês mais gostaram?

Mateus: Tudo!

E o Rafael levantou a mão.

Rafael: A capucheta!

Pedro: Eu gostei de tudo!

Mateus: A pipa!

Gerson: todos! Mas o que eu mais gostei foi aquele lá da fantasia.

Aline: E o que vocês não gostaram?

Gerson: Nenhum!

Mateus: Nada!

150

Aline: Vocês gostaram de tudo então?

Todos disseram sim!

Aline: Entendi! E das partes do projeto que vocês fizeram com a Glória, por que a

gente fez coisas todos juntos e teve coisas que vocês fizeram com a Glória, por

exemplo?

Pedro: A pipa!

Aline: Por exemplo o caderno de registros que vocês estão ai na mão. Esse caderno

de registro que vocês fizeram vários registros ai, certo?

Todos disseram sim.

Aline: Vocês podem me falar um pouquinho sobre esses registros? O que vocês

registraram ai nesse caderno.

Eles começam a foliar o caderno.

Pedro: Brincadeiras, aviões..

Mateus: Pipas

Pedro: Garrafas, o abayomi

Rafael: As brincadeiras do Ivan Cruz

Pedro: aviãozinho

Mateus: Pião!

Aline: Deixa eu fazer uma pergunta para vocês. O que é mais legal para vocês ir na

aula de Educação física fazer a brincadeira e subir e não falar mais daquilo? Ou

fazer igual a gente fez no projeto?

Pedro: Fazer igual a gente fez no projeto!

Aline: Por que?

Pedro: Por que é mais legal e a gente faz brincadeiras.

Aline: Mais na aula de Educação Física também faz brincadeiras

Gerson: Mas a gente não corre na suas

Mateus: A gente fica com o brinquedo que a gente faz.

Gerson: Você sabia que a gente jogou jogo de botão

Pedro: Esse ai eu também gostei!

Aline: O Pedro, porque vocês gostam mais do projeto do que dá aula de Educação

Física?

Pedro: Por que a gente faz brinquedos e leva pra casa, mas alguma coisa a gente

faz, leva pra casa e traz de volta.

Aline: Para quê?

151

Pedro: Para fazer só uma experiência com o brinquedo.

Aline: Ai vocês fazem experiências, entendi.

Aline: Se vocês tivessem alguma criança, perguntasse para vocês como foi esse

projeto?

Pedro: Muito legal!

Aline: e por que?

Gerson: Por que a gente faz várias brincadeiras que a gente nunca brincou.

Mateus: A gente faz muitas brincadeiras novas.

Aline: Entendi! E as lições de casa que vocês fizeram, vocês contaram do projeto

para alguém?

Pedro: Minha mãe e meu pai!

Rafael: Pro meu irmão, pro meu pai, pro meu avô e pra minha mãe e pra minha avó

e pro meu tio.

Aline: O que vocês contaram para eles?

Gerson: Eu esqueci!

Pedro: Eu também esqueci.

Aline: Deixa eu ver se eu tenho mais alguma pergunta? Há, vocês acham que eu e a

Glória decidimos tudo do projeto ou a gente decidiu tudo junto?

Pedro: Nós todos! O projeto, porque aquele dia que você foi perguntar se a gente

queria participar do projeto ou não.

Gerson: E também quando a gente escolheu se era perna de pau essas coisas, a

gente escolheu a pipa.

Aline: Quando vocês fizeram a dinâmica das imagens, que vocês ficaram em grupo?

Todos afirmaram se lembrar. E o Pedro abriu o caderno para localizar o registro do

que estávamos falando.

Aline: O grupo de vocês votou em qual imagem? Votou na imagem do Ivan Cruz?

Gerson: Sim! Eu votei na imagem do Ivan Cruz.

Mateus: Eu não! Eu votei no 5.

Pedro: Eu votei no da Emilly

Aline: Vocês querem falar mais alguma coisa?

Pedro: Há! A gente também fez uma brincadeira lá no parque com as bolinhas de

gude.

Aline: Há essa parte foi legal né! Quem era a pessoa da sala que sabia jogar.

Todos levantaram a mão

152

Pedro: O Júlio sabia mais que todo mundo!

Mateus: Ele faz assim oh, e vai maior lonjão!

Fazendo o gesto com a mão. Enquanto o Pedro também fazia o gesto.

Pedro: Eu aprendi um pouco com ele. Eu não tenho bolinha de gude na minha casa.

Gerson: Eu queria que minha mãe comprasse um saco.

Aline: Eu queria falar uma coisa, eu gostei muito de conhecer vocês. Alguém quer

falar mais alguma coisa do projeto?

E eles disseram que não.

153

Grupo Emily, Lorena, Luiz Gustavo e Safira

Aline: O que vocês aprenderam com o projeto?

Emily: A gente aprendeu a fazer brinquedos com coisas recicláveis e que se você

não quisessem mais brincar você não podia jogar no lixo orgânico, você tinha que

jogar no lixo reciclável.

Safira: A gente fez muitas coisas legais.

Aline: O que vocês mais gostaram do projeto?

Emily: Eu gostei mais daquela lá da coroa, que a gente fazia a guerrinha.

Safira: Eu gostei da espada e do escudo.

Luiz: Aquele lá do pião.

Lorena: Plastibol!

Aline: O que vocês não gostaram no projeto?

Safira: Não a gente gostou de tudo!

Aline: Vocês levaram lição para casa do projeto, sim ou não?

Todos disseram sim!

Aline: Vocês contaram para alguém do projeto?

Todos disseram sim

Aline: Para quem vocês contaram?

Emily: Pra minha mãe, pra minha tia, só que eu não consegui fazer aquela mágica lá

por que a minha prima pegou pra ela e eu deixei, ai eu não to indo mais na casa

dela e ficou na casa dela.

Aline: Vocês acham que eu e a Glória decidimos tudo no projeto? Ou a gente decidiu

eu, a Glória e vocês junto?

Safira: A gente junto!

Emilly: A gente junto também!

Aline: Quando vocês vão para aula de Educação Física fazem a brincadeira na

quadra e voltam, certo?

Todos disseram sim!

Aline: O que vocês preferem fazer o projeto ou igual a aula de Educação Física?

Emily: Igual a gente fez no projeto. Porque na Educação Física a gente só faz dois

dias e no projeto a gente faz muitas brincadeiras e não precisa comprar e só ver se

tem essa coisa e fazer!

154

Aline: Das coisas que vocês fizeram com a Glória, o que vocês conseguem me

contar?

Todos começam a foliar o caderno de registro

Luiz: A gente fez a pipa!

Emily: A gente pintou o pião, pintou a corda

Safira: A gente fez o avião!

Aline: Quando vocês fizeram a votação das imagens, lembram disso?

Todos disseram que sim

Aline: O grupo de vocês escolheu a imagem do Ivan Cruz?

Emily: Sim! O meu grupo escolheu!

Então eles começaram a apontar no caderno de registro a imagem que o grupo

havia escolhido.

Aline: Na hora de escolher essas imagens, foi fácil ou foi difícil?

Emilly: Foi muito fácil no nosso grupo! Mas o grupo da Dandara e do Pedro Lucas

queria esse aqui (apontando para imagem no caderno) e a gente também e ninguém

escolheu esse e dava pra gente escolher, mas a gente escolheu esse!

Safira: Oh tia! Eu queria escolher esse aqui (apontando para imagem), mas meu

grupo escolheu esse, e eu tive que concordar!

Aline: É por que a maioria vence, né?

Aline: Se uma criança chegasse hoje lá na sala de vocês e vocês tivessem que

contar para ela sobre o projeto, como vocês fariam?

Safira: Falaria que muito legal, a gente pintou o pião, pintou a corda.

Emily: A gente podia falar, a gente podia trazer os brinquedos se não tivesse jogado

fora e falar

Safira: Abayomi!

Emily: Se fosse eu traria todas essas coisas para essa pessoa ver e tentar fazer ou

ajudar ela.

Aline: Deixa eu fazer uma última pergunta – Qual a importância do projeto para

vocês? Por que é importante aprender essas coisas?

Emily: Por causa das brincadeiras, a gente gosta muito desse projeto por que a

gente é criança e a gente ama brincadeiras e também por que a gente pode ensinar

as outras pessoas, tipo se a gente tiver um primo a gente pode ensinar ele.

Safira: A gente leu um livro do Ivan Cruz Emily?

155

Emily: A professora leu um livro pra gente que tem imagens do Ivan Cruz, mas não

foi ele que escreveu, e foi... hum (procurou o nome do livro no caderno de registro)

O livro chama Brincadeiras de Criança com imagens do Ivan Cruz, que fala como

pode estar o mundo em 2073.

Safira: Sabia que tem coisas que a gente escolheu, tipo pião, corda.

Aline: Lorena quer falar alguma coisa?

Ela fez uma negativa com a cabeça

Aline: Vocês querem falar mais alguma coisa sobre o projeto?

Emily: Eu! Eu gosto muito de brincar e fazer coisas, por que o importante é... para

crianças o importante é ser criança e também porque a gente vai aprendendo coisas

e vai largando as coisas e eu nunca quero largar meus brinquedos e eu sempre

quero me divertir. Eu nunca quero brigar nunca.

Aline: Quer falar Luiz?

Ele fez uma negativa com a cabeça.

Aline: Alguém quer falar mais alguma coisa:

Luiz Gustavo: E muito fácil de fazer o brinquedo e a gente pode fazer para os

amigos.

Emily: A gente pode ensinar para as outras pessoas, que querem saber disso e não

sabem.

Aline: Muito obrigada!

156

APÊNDICE III – Exemplo de Transcrição de Vídeo

Notas de campo – Encontro Piaba

Data: 10/10/2018 (terça-feira)

Cheguei na escola por volta das 16h00 e novamente trabalhamos nas duas últimas

aulas do período. A escolha da vivência da aula surgiu das discussões sobre a

imagem do Ivan Cruz, pois quando o grupo de crianças foi fazer a caracterização do

ambiente junto com a professora de sala, as crianças pontuaram algumas questões,

como: o fato das crianças que estavam na imagem não estarem de calçados, do

ambiente ser parecido com um ambiente de praia, já que o chão era de areia e todas

as crianças estavam de shorts e camiseta, por isso o lugar poderia ser quente. A

partir dos questionamentos das crianças e a discussão feita no grupo eles acharam

que se tratava de uma paisagem no nordeste brasileiro, pois já conheciam as

características da região de outro projeto que eles haviam feito com a professora

sobre cordel. Ainda na análise da imagem eles elegeram a pipa como uma

manifestação de interesse, resolvi ampliar o repertório das crianças com uma

brincadeira e material típico do folclore, que as crianças do interior do Brasil

constroem e brincam. Portanto, levamos a proposta para as crianças, desde a

construção do brinquedo até a exploração dele como mais uma opção de brinquedo

voador. No início da aula dentro da sala, conversamos um pouco sobre o que seria a

piaba, pois eles já haviam discutido com a professora que lhes apresentou as

imagens do peixe e suas características, como ser um peixe de água doce, além de

apresentar uma parlenda que utilizasse da vivência do peixe. Trabalho com as

crianças a escrita da parlenda (SAI, SAI O PIABA, SAIA DA LAGOA, SAIA, SAIA,

SAIA O PIABA SAIA DA LAGOA, UMA MÃO VAI CABEÇA, A OUTRA NA CINTURA

DA UM REMELEXO GOSTOSO E DA UM ABRAÇO NO OUTRO), essa parlenda é

uma brincadeira de início de aula, para que as crianças entre em contato com as

outras, além de estimular o conhecimento do corpo e as sensações e o cuidado com

o corpo do colega, a rima final pode ter várias proposições. Fizemos a brincadeira e

as crianças gostaram bastante, principalmente dos momentos de encontro com os

colegas. Após a realização da brincadeira perguntei para as crianças se eles já

conheciam a música ou já haviam brincado e todos disseram que não conhecia. O

João ainda intrigado com as características do peixe e do seu ambiente perguntou: a

lagoa tem água doce? Eu disse sim! Ele ainda intrigado com esse fenômeno,

157

questionou: tem gosto doce? Tem açúcar? Eu disse não João não tem açúcar e ele

me mostrando que sabia do que estava falando retrucou: o mar é salgado e tem

gosto de sal. As crianças ficaram por um tempo nessa discussão, até quando a

Viviane disse eu já fui no rio e a agua tem gosto de agua não é doce, apenas assim

o João aceitou e finalizou essa discussão. Iniciamos então a construção do

brinquedo, pensando nas caraterísticas dos peixes, pois a professora Glória já havia

iniciado o material fazendo sua estrutura, logo as crianças começaram a descrever o

peixe, Pedro Lucas disse o peixe tem escamas, o Enzo disse tem calda, e o João

acrescentou: que sem as escamas o peixe não consegue viver e morre! O Lucas

disse que ele tem nadadeiras e João acrescentou que ele tem nadadeiras para ele

nadar e fez um movimento de nadar como se fosse um peixe, sem mexer as mãos

apenas balançando o corpo. Eu disse as crianças as características do peixe para

respirar, pois todos concordaram que o nariz do peixe não é como o nosso, e alguns

peixes respiram pelas escamas e pela boca. Após a discussão e as características

dos peixes, orientem as crianças sobre a construção do material, dizendo-lhes que

iriamos construir em duplas, mas que cada uma faria a sua piaba. A partir desse

momento eles se agitaram bastante para estabelecer suas duplas para iniciarmos a

confecção.

A professora Glória mostrou uma piaba já construída para as crianças apresentando

os materiais (papel crepom, cola, tesoura e barbante) e suas características, por

exemplo ela mostrou como o papel crepom interage com a cola, e pode rasgar com

facilidade. Enquanto ela dava instruções de como construir a piaba, o Enzo disse: oh

prô eu entendi uma coisa, o rabo do peixe é grande a gente não precisa cortar o

papel, e ela disse isso, mas essa parte a gente vai fazer por último. Enquanto a

professora orientava a construção a maioria das crianças estavam atentas aos

comandos e a confecção, apenas a Safira e a Lorena estavam dispersas mexendo

em seus materiais. Ao final da orientação da Glória, retomei com as crianças as

características do peixe, lembrando que nossa piaba não iria nada e sim voar, então

questionei as crianças sobre qual a necessidade de colocar as barbatanas e o rabo,

se a gente estava falando de pipa. E o Matheus Henrique rapidamente respondeu é

a rabiola igual a da capucheta. Questionei as crianças se a capucheta que nós

havíamos feito voaria sem rabiola, o Gerson foi enfático dizendo que não, e nem a

pipa voaria sem rabiola e o Matheus Henrique respondeu: mas a raia voa sem

rabiola. E eu questionei as crianças, por que será que a raia voa sem rabiola?

158

Matheus Henrique disse que essa resposta ele não sabia. Então ficamos de

pesquisar para discutir na próxima aula.

As crianças se dividiram em duplas e pegaram os materiais para construir a piaba, a

proposta da dupla foi feita, para que um pudesse ajudar o outro, pois o grupo de

crianças trabalha muito bem assim, eles são bastante solidários e gostam de trocar

durante a construção de materiais ou confecção de tarefas (essa característica foi

indicada pela professora Glória), as duplas foram escolhidas por eles por uma

questão de afinidade. Durante a confecção pude observar que as crianças são

organizadas e prestativas, sempre emprestam os materiais e auxiliam os colegas,

gostam de trabalhar em grupo e não se limitam a sua dupla, interagem com os

outros colegas e se possível os ajudam também. O interessante do processo de

construção é que cada criança ou seu grupo optou por iniciar o trabalho de um

ponto, alguns iniciaram na confecção dos olhos, outros pelas barbatanas, pude

perceber que cada um elaborou um processo diferente a partir de seus interesses e

habilidades. Algumas crianças como o Lucas e a Maria Eduarda demonstraram

ainda a necessidade de direcionamento diante da confecção, por exemplo

perguntando se podiam pintar o olho e se poderiam fazer dois olhos, respondi a eles

que o brinquedo era deles e eles poderiam fazer do jeito que eles quisessem. A

maioria do grupo demonstrou autonomia nas escolhas e na confecção do brinquedo,

mesmo tendo algumas dificuldades de manipular alguns materiais. Durante a

confecção eles estavam bastante concentrados na tarefa e trocando informações

sobre a confecção. O tempo de confecção demorou mais tempo que o planejado,

pois as crianças são bastante detalhistas e ficaram bastante tempo elaborando a

piaba, e tiveram dificuldades para lidar com o papel crepom. Entretanto, algo que me

chamou atenção foi que em nenhum momento eles estavam inquietos para sair da

sala, mesmo as crianças que já haviam finalizado o material foram ajudar os colegas

com mais dificuldade para que todos pudessem brincar juntos, o grupo é bastante

solidário e tem prazer em brincar juntos, não tendo pequenos grupos, todos

interagem muito bem, e não brigam nem entram em conflitos verbais. Após longo

tempo de confecção, constatamos que não seria possível realizar a vivência do

brinquedo naquele encontro, e eu disse para as crianças que ainda tinha alguns

colegas que precisariam finalizar sua piaba e que no dia seguinte faríamos a

vivência eles concordaram e sem o menor problema, voltaram-se para a finalização

do material. Na confecção do material o aluno João teve muitas dificuldades de

159

construir alguns passos e a aluna Dandara que rapidamente confeccionou a sua

ajudou-o o tempo todo.

No dia seguinte, após a professora Glória deixar um período anterior ao final do

período para que as crianças pudessem finalizar a piaba, eu cheguei por volta das

16h30 para que a gente fizesse juntos a vivência prática. Fomos então para a área

do pátio externo da escola, pois as crianças sugeriram esse local, pois lá segundo

eles tinha vento e seria melhor de brincar do que a quadra. As crianças fizeram

várias experiências com o material, algumas com minha sugestão, por exemplo

correr para que a piaba se inflasse, e realizar movimentos circulares. Após as

primeiras experiências eles começaram a explorar o material e o espaço, subindo

nos bancos, aguardando as rajadas de vento e observando a interação do material

com seus movimentos. As alunas Ellen e Maria Eduarda criaram danças com a

piaba, movimentos artísticos, enquanto o desafio da Dandara, Pedro Lucas,

Matheus, Gerson era ver quem corria mais rápido com a piaba. Enquanto Lucas e o

Kauan cantarolavam a parlenda e faziam seus movimentos com a piaba agora

materializada em brinquedo. Enzo, Vitor, Michael e Matheus Henrique se utilizaram

do material, para brincar que estavam pescando e diziam: “Nossa peguei uma piaba

das grandes”. As crianças foram se desafiando e descobrindo possibilidades de

experimentação e repassando para os colegas e vinham contar e me desafiar

também. Num ambiente bastante dinâmico e cheio de possibilidades e

aprendizagem no aspecto motor, com os desafios e movimentos diferenciados, nas

habilidades ligadas a observação e interferência do vento no brinquedo e nas

habilidades de interação com os colegas, o respeito as limitações e opiniões dos

outros.

Finalizamos a aula numa roda de conversa, onde eu perguntei se eles haviam

gostado de brincar com a piaba, o Pedro Lucas foi enfático em dizer que sim, pois

dava pra fazer muitas coisas com ela, e ela parecia mesmo uma pipa só que tinha

formato de peixe, o Vitor constatou que quanto mais rápido eles corressem mais

inflada e alta a piaba ficava, enquanto o João nos acariciou novamente com um

pensamento bastante inteligente, tínhamos acabado de ter a experiência com um

peixe voador, as crianças se divertiram e concordaram com ele. Então contei para

as crianças que eles teriam uma missão: construir uma pipa para convidar alguém

na casa deles para soltar junto com eles, e eles terminaram a aula mais empolgados

e ansiosos do que começaram.

160

Dificuldades encontradas/questões pedagógicas: A dinâmica da construção do

brinquedo levou muito tempo, e tomou bastante tempo da experimentação, que teve

que ser remanejado para outro dia, talvez perdendo um pouco dos conhecimentos e

questionamentos que havíamos feito antes. Acredito que a motivação das crianças

permaneceu intacta, e a observação do momento de construção foi muito

interessante, pois pude ter contato com as crianças em outro contexto diante de

outras necessidades e habilidades, o que me ajudou perceber outras aprendizagens

e características, que a possibilidade de ampliar o tempo com as crianças me

ofereceu. O trabalho anterior da professora Glória obre os peixes, e a escrita e

discussão da parlenda, facilitou e motivou as crianças ainda mais para o restante

das intervenções, acredito que as discussões feitas por eles trouxeram várias

aprendizagens e duvidas para as crianças, ampliando suas aprendizagens. Foi

bastante desafiador fazer esse brinquedo e elaborar possibilidades de intervenção

junto com a professora de sala, pois eu ainda não tinha tido essa possibilidade, e

fomos pesquisar algumas coisas para preparar a intervenção, para que ambas

soubessem o que cada uma iria fazer, além de compreender algumas necessidades,

como as orientações para a confecção do piaba, que eu sempre achei que era muito

simples e logo percebi que as crianças não teriam grande autonomia se nós não

explicássemos em detalhes a utilização dos materiais, uma preocupação que surgiu

da experiência da professora Glória e facilitou bastante o trabalho.

O Michael pescando a

piaba Vitor analisando como

fazer as barbatanas.

Lucas preferiu fazer no chão

com mais espaço.

161

APÊNDICE IV – Categorias preliminares de análise das informações

Estratégia /

Planejamento

Participação das

Crianças

Aprendizagem/

Conhecimento

Dificuldades Interação

ESTR1.

Discussão da

imagem com as

crianças

PC1.

Participação oral

sobre a temática

AC1.

Conhecimento

de outras

disciplinas/

conhecimento

prévio

D1. Manter

atenção e

participação

de todos

I1. Interação

em grupo

ESTR2.

Construção de

brinquedo/

exemplos

PC2. Escolha do

foco do estudo

AC2.

Aprendizagem

procedimental

D2. Tempo

de cada

etapa

I2. Interação

para auxiliar

o colega

ESTR3.

Escrita/tarefa de

casa/ registros

PC3. Escolha de

como trabalhar

AC3.

Aprendizagem

conceitual

D3.

Planejamento

conjunto

I3. Interação

com a

professora

ESTR4.

Brincadeira

motora/vivência/

exploração

PC4.

Envolvimento e

concentração

AC4.

Aprendizagem

atitudinal

D4. Expertise I4. Interação

entre as

professoras

ESTR5.

Organização das

crianças

PC5.

Questionamentos

AC5. Aplicação

das

aprendizagens

D5. Estrutura

e

organização

I5. Interação

com a família

ESTR6.

Apresentação

dos materiais e

sua utilização

PC6. Iniciativa na

experimentação

ESTR7.

Adaptação do

planejamento

(mais tempo)

PC7. Expressões

162

ESTR8.

Caracterização

da temática

anteriormente

(outras

disciplinas

envolvidas)

ESTR9.

Questionamento

e desafios para

turma

ESTR10. Utilizar

a experiência das

crianças

163

APÊNDICE V – Indícios de participação das crianças P

art

icip

açã

o O

ral

Apontamentos Etapa do Projeto Fonte de dados

o Matheus Henrique me disse:

“Projeto é uma coisa que sai da

sua cabeça, também pode ser

né e que você também pode

construir e isso é um projeto.

Por exemplo se eu quiser

construir um foguete de palito,

sabe ai eu faço um foguete e

isso é o projeto.” A Dandara

levantou a mão dizendo: Aqui

na classe a gente faz projeto, a

gente tava querendo fazer o

projeto sobre o filme ai a gente

vai fazer!”. O João animado

levantou dizendo: “O projeto é

negócio que a gente constrói,

igual o menino do desenho que

montou uma máquina e tirou 10

no projeto”.

Construção do conceito de

Projeto e Levantamento de

conhecimento prévio

Observação/

filmagem e diário de

campo

Algumas crianças falaram um

pouco sobre a semelhança das

imagens (Viviane), o Pedro

Lucas disse as imagens eram

desenhos e o João disse que

tinha imagens de vários

esportes, de brincadeiras como

o pega pega.

Construção de Conceito de

Educação Física

Observação/

filmagem e diário de

campo

enquanto eles sentavam foram

olhando a imagem dos colegas

e o Gerson afirmava: “há o dele

é dança, deixa eu ver o seu, o

seu também é!”.

Construção do conceito de

Educação Física, dinâmica das

imagens

Observação/

filmagem e diário de

campo

A justificativa das crianças para

essa escolha, foi que haviam

muitas brincadeiras e que ao

Discussão da obra do Ivan Cruz,

caracterização da obra

Observação/

filmagem e diário de

campo

164

verem a imagem eles tiveram

vontade de brincar, além se ser

uma imagem colorida e alegre.

o Pedro Lucas disse: lutas,

Matheus Henrique: Ginástica, e

eles estavam todos falando ao

mesmo tempo, então pedi

calma e o Pedro Lucas

levantou a mão dizendo:

esportes, o Matheus Henrique

também com o braço

levantado: brincadeiras! A

Larissa que estava aguardando

sua vez, disse: Dança!

Novamente o Matheus

Henrique: Ginásticas e o Pedro

Lucas completou dizendo: e o

futebol! O Vitor se levantou

contrariado: Futebol é um

esporte! Então conversamos

sobre as manifestações da

cultura corporal serem o foco

de estudo da Educação Física.

Sobre a dinâmica das imagens no

conceito de Educação Física

Observação/

filmagem e diário de

campo

. O João levantou a mão

dizendo: “É um negócio que

tem que pintar, e tem um cara

que fez a sua primeira arte, a

Monalisa!” e eu perguntei a ele:

“quem fez essa arte?”, ele me

respondeu: “ Leonardo da

Vinci, ele fez vários quadros da

Monalisa e fez ele num quadro

diferente que está na casa do

meu avó, dois quadros da

Monalisa e um do Leonardo da

Vinci”.

Pedro Lucas: “uma obra de arte

é uma coisa que você pinta”

e o Enzo disse: “você também

Após o questionamento do que é

obra de arte?

Observação/

filmagem e diário de

campo

165

pode escrever”. E discussão

sobre obras de arte continuou

com alguns exemplos do

cotidiano das crianças.

o Lucas disse que estavam na

praia, a Viviane disse num

parque, por que tem areia,

perguntei então se eles

achavam que aquela imagem

era um local urbano ou do

campo e o Pedro Lucas

levantou-se dizendo: no campo

por que tem pouca casa,

continuei o questionamento: se

eles achavam que era um lugar

quente ou frio, e o Matheus

Henrique logo respondeu:

“Quente, por que tá sol! A

imagem tá clara!” E o Otávio

complementou: “As pessoas

estão vestindo roupa de calor”.

Discussão da obra do Ivan Cruz,

caracterização da obra

Observação/

filmagem e diário de

campo

o Vitor iniciou sua resposta

dizendo: “é um negócio que

serve para voar”, e o Pedro

Lucas levantou a mão e

completou fazendo os

movimentos de soltar pipa: “É

um negócio que você solta e

ela fica voando no vento!”

e o Vitor argumentou lá do

fundo: “Tipo um peixinho”.

Discussão sobre a pipa e suas

funções

Observação/

filmagem e diário de

campo

Na primeira experiência feita

pelo Lucas, ele disse correndo

com sua pipa: “Essa

experiência é demais!”.

Vivência com a capucheta Observação/

filmagem e diário de

campo

a Dandara falou que só tinha

uma rabiola, o João disse que

tinha muitos desenhos e o

Lucas disse: tem uma linha a

Vivência com a capucheta,

elencando as diferenças entre os

brinquedos

Observação/

filmagem e diário de

campo

166

mais.

O Matheus Henrique disse que

não se recordava da imagem, e

o Enzo rapidamente olhou para

ele disse: “Lembra aquela vez

que tava nós 4, e que nosso

grupo escolheu a bicicleta?”,

ajudando o Matheus Henrique

a se lembrar do momento

anterior.

Recordando momentos e

aprendizagens

Observação/

filmagem e diário de

campo

a Viviani logo ergueu o braço

para dizer: “acho que vamos

fazer um pião”

E o Vitor já atento aos

materiais que estavam

disponíveis na mesa, iniciou a

fala: ‘É só você pegar uma

tampinha e colar aqui e pegar

uma bolinha de gude e colar do

outro lado do CD, ai se gira!”

e a Viviani logo me deu o

exemplo fazendo os gestos da

brincadeira enquanto falava:

“Você pega ele e roda numa

corda e depois solta ele”

Discussão sobre o material (pião)

e sua construção e utilização.

Observação/

filmagem e diário de

campo

E todas as crianças

responderam brinquedos

voadores, e o pião seria um

brinquedo? O Vitor utilizando-

se da lógica disse: “o pião é um

brinquedo girador!”.

Construção do pião e discussão

sobre as possibilidades do

brinquedo

Observação/

filmagem e diário de

campo

o Pedro Lucas foi enfático em

dizer que sim, pois dava pra

fazer muitas coisas com ela, e

ela parecia mesmo uma pipa

só que tinha formato de peixe,

o Vitor constatou que quanto

mais rápido eles corressem

mais inflada e alta a piaba

ficava, enquanto o João nos

Construção e vivência com a

piaba, roda de conversa final

Observação/

filmagem e diário de

campo

167

acariciou novamente com um

pensamento bastante

inteligente, tínhamos acabado

de ter a experiência com um

peixe voador, as crianças se

divertiram e concordaram com

ele.

O Cauã levantou a mão

timidamente e disse: precisa

girar! Fazendo o movimento de

giro com as mãos enquanto

falava.

Como brincar com o malabares

de água.

Observação/

filmagem e diário de

campo

e o Enzo de pé já colocou sua

mão na boca e sussurrou: Uau!

Muda mesmo! Só pode ser

mágica!

Encantamento com o brinquedo e

suas descobertas

Observação/

filmagem e diário de

campo

a Viviane disse: Há, o corante

faz ficar grudendo, por isso não

cai!

Construção de hipóteses sobre o

brinquedo e suas possibilidades

Observação/

filmagem e diário de

campo

o Otávio relatou que fez um

show de mágica, vestindo-se

de mágico e conseguiu brincar

com a mãe.

Contando experiências vividas

em casa

Observação/

filmagem e diário de

campo

o Pedro Lucas me disse: “Muito

legal, por que tem vários jeitos

de brincar com essa garrafa!”.

Roda de conversa final,

impressões sobre as vivências

Observação/

filmagem e diário de

campo

a Larissa levantou a mão e

disse: “Foi muito divertido!”, a

Viviane argumentou: “Muito

legal, por aprendemos muitas

brincadeiras!” e o Michael

complementou: “Muitas

brincadeiras novas”, o Luiz

Gustavo disse: “Fáceis de

fazer!” e a Dandara finalizou

dizendo: “Eu achei muito legal

e divertido, as brincadeiras

novas e a gente fez muitos

trabalhos!”.

Roda de conversa impressões

sobre as vivências do projeto

Observação/

filmagem e diário de

campo

Acho que em todas as etapas, Pergunta sobre a percepção da Entrevista semi

168

tanto nas decisões, nas

construções, em todos os

momentos.

É algumas crianças não...

participam da aula de forma

oral, se expondo na frente de

todo mundo, mas tem uma

participação quando está em

grupo, quando tá entre pares,

isso aconteceu no projeto, às

vezes você pede para fazer

uma avaliação, para falar, ele

não vai falar, mas não significa

que ele não participou de outra

forma, interagindo ou

construindo.

professora Glória sobre a

participação das crianças no

projeto

estruturada com a

professora.

Escolha do tema e foco do estudo

Escolh

a d

o t

em

a e

foco d

o e

stu

do

Apontamentos Etapa do Projeto Fonte de dados

Escolha da obra

de arte que seria

foco do estudo.

Registro

fotográfico do

projeto.

os grupos elegeram: pula sapo, pipa,

bicicleta, perna de pau. e decidimos pela

pipa, pois além da possibilidade de

construção também pensamos na

possibilidade de organização para a

próxima semana.

Escolha das

manifestações da

cultura corporal

em parceria com

as professoras

Observação,

filmagens e

diário de campo

as crianças tinham escolhido como

primeira vivência a pipa.

Escolha da

manifestação da

cultura corporal de

interesse

Observação,

filmagens e

diário de campo

A partir desse momento eles se agitaram

bastante para estabelecer suas duplas

para iniciarmos a confecção.

As duplas foram escolhidas por eles por

uma questão de afinidade.

Escolha do grupo

de trabalho

Observação,

filmagens e

diário de campo

169

Cada criança ou seu grupo optou por

iniciar o trabalho de um ponto, alguns

iniciaram na confecção dos olhos, outros

pelas barbatanas, pude perceber que cada

um elaborou um processo diferente a partir

de seus interesses e habilidades.

Escolha do foco

de interesse e

percurso de

aprendizagem.

Observação,

filmagens e

diário de campo

Fomos então para a área do pátio externo

da escola, pois as crianças sugeriram esse

local, pois lá segundo eles tinha vento e

seria melhor de brincar do que a quadra.

Escolha dos

espaços de

aprendizagem

Observação,

filmagens e

diário de campo

Organização das

brincadeiras

Registro

fotográfico do

projeto.

A criação das provas ficou por conta das

crianças que decidiram medir os seguintes

critérios: o avião que iria mais longe e mais

alto,

Escolha e

construção de

regras

Observação,

filmagens e

diário de campo

Pedro: Nós todos! O projeto, porque

aquele dia que você foi perguntar se a

gente queria participar do projeto ou não.

Gerson: E também quando a gente

escolheu se era perna de pau essas

coisas, a gente escolheu a pipa.

Vitor e Viviane: A gente junto!

Viviane: A gente também por que quem

não quiser fazer parte não precisa fazer,

na hora que a gente for fazer fica olhando.

Vitor: Também por que dá pra gente

decidir as coisas junto com vocês!

Safira: A gente junto!

Emilly: A gente junto também!

Emilly: Foi muito fácil no nosso grupo! Mas

o grupo da Dandara e do Pedro Lucas

queria esse aqui (apontando para imagem

no caderno) e a gente também e ninguém

escolheu esse e dava pra gente escolher,

mas a gente escolheu esse!

Safira: Oh tia! Eu queria escolher esse

aqui (apontando para imagem), mas meu

Percepção sobre

as escolhas

durante as

entrevistas

Entrevista com

as crianças

170

grupo escolheu esse, e eu tive que

concordar!

Safira: Sabia que tem coisas que a gente

escolheu, tipo pião, corda.

MATHEUS: A gente.

OTÁVIO: A gente.

MICHAEL: A gente ajudamos.

OTÁVIO: Todos os 25 alunos ajudaram,

alguns faltaram.

OTÁVIO: A gente.

MICHAEL: A gente.

DANDARA: O grupo.

MATHEUS: A gente, o grupo, a gente teve

que defender os nosso desenho, teve que

falar porque o nosso era importante,

porque o nosso é legal, é... porque tem

vários desenhos bonitos, legais, mas o

desenho mais votado não é o nosso grupo

foi o do Ivan Cruz, o desenho que foi

votado não foi a gente.

Júlio: Nós escolhemos as brincadeiras

pelo quadro do Ivan Cruz.

Então as escolhas delas acabam

influenciando a escolha de outros, mas eu

acho que deu a oportunidade para que

todos colocassem sua opinião, ninguém

nunca foi desrespeitado quanto isso, acho

que nesse sentido foi sempre tranquilo.

Percepção da

professora sobre

as escolhas das

crianças

Entrevista semi

estruturada com

a professora.

171

Envolvimento/ Questionamentos/ Iniciativa/ Expressões E

nvolv

ime

nto

/ Q

uestion

am

ento

s/ In

icia

tiva

/ E

xpre

ssõe

s

Apontamentos Etapa do Projeto Fonte de dados

as crianças me pareciam ansiosas

e agitadas com a novidade, além

de estarem bastante curiosas com

o que iria acontecer.

As crianças me pareceram

bastante abertas e empolgadas

com a proposta, além de serem

bastante curiosas sobre o que

faríamos.

Percepção da

professora

pesquisadora no

primeiro encontro com

as crianças

Observação e

diário de campo

A turma é bastante agitada com

crianças que falam bastante,

enquanto outros pouco se

manifestam.

Percebo ainda que as crianças são

bastante criativas e participativas,

Percepção da

professora sobre as

características da

turma

Diário de campo

Enquanto a professora Glória

enrolava a fivela do pião as

crianças pareciam hipnotizadas

naquela imagem, todos olhavam

atentos e curiosos a Dandara

desafiou a professora Glória “mais

você sabe brincar com isso?” e o

Vitor tentando auxiliar disse: “

Agora é só você jogar!”.

Se levantaram da cadeira para

observar.

Momento de

contemplação e

interesse da

manifestação corporal

Observação,

filmagem e diário

de campo.

as crianças levantaram a mão,

dizendo que tinham coleções, e o

João foi enfático e disse: “Eu não

sei o que é?” Pedi para que alguma

criança explicasse para ele e o

Pedro Lucas se levantou

empolgado: “É tipo um pião!”

Iniciativa colaborativa

para os colegas

Observação,

filmagem e diário

de campo.

bastante intrigados com o

movimento do pião e as diferentes

formas de jogar, incitei que eles

Percepção da

professora sobre o

envolvimento e

Observação,

filmagem e diário

de campo.

172

realizassem o lançamento do pião

do alto, para experimentarem um

novo desafio motor, imediatamente

todas as crianças iniciaram a

brincadeira, mas a princípio poucos

obtiveram sucesso, o Otávio foi um

dos que conseguiram que o pião

caísse no chão rodando e foi ajudar

a Viviani também realizar o

movimento. Durante esse desafio

algumas crianças que tiveram

dificuldades na execução, logo

voltaram a brincar com seus piões

no chão (Alisson, Luiz Gustavo,

Cauã e o Julio), demonstrando

interesse na atividade, mas não

diante dos desafios criados.

iniciativa dos alunos

Atentos e curiosos

para uma

demonstração

Registro fotográfico

do projeto

Desafio criado pelas

crianças, interesse

diversos

Observação,

filmagem e diário

de campo.

e o Matheus levou a mão na

cabeça expressando sua

preocupação, Dandara com um

tom de preocupação me

questionou: “mas pro e quem não

sabe fazer a pipa?” e algumas

crianças imediatamente se

dispuseram dizendo que sabiam

fazer (Vitor, Matheus Henrique,

Pedro Lucas, Gerson),

Iniciativa na

construção da

capucheta

Observação,

filmagem e diário

de campo.

Dandara novamente me Questionamento sobre Observação,

173

interrompeu dizendo: “As vezes a

pessoa não sabe fazer a pipa e a

outra está tentando ajudar, só que

a outra pensa que tem q ser

idêntica, tipo a mesma cor de linha

e não precisa ser assim né?”

as relações e

interações

filmagem e diário

de campo.

Algumas crianças já tiveram a

iniciativa na construção, o Alisson,

por exemplo já iniciou fazendo

segundo ele o estirante, e a dobra

da folha, e logo percebeu que

faltava algo e me perguntou: “A

rabiola pode ser isso aqui?”,

apontando para o papel crepom,

após terminar sua pipa ele foi

ajudar os colegas com dificuldade.

Iniciativa na

construção da

capucheta

Observação,

filmagem e diário

de campo

Eles começaram a criar estratégias

paras as pipas voarem, Matheus,

Michael e Dandara seguravam a

pipa um do outro o mais alto que

conseguissem para o colega sair

correndo, enquanto o Lucas e a

Maria Eduarda ficavam correndo

sem parar pelo pátio. O Alisson ia

sempre no ponto mais acima do

pátio e colocava sua pipa no chão,

assim que o papel crepom

começava a se mexer ele saia

correndo em linha reta,

atravessando o espaço. Iniciaram

ainda brincadeiras, Lucas, Maria

Eduarda, Matheus Henrique, Cauã,

Luiz Gustavo e Larissa me pediram

para observar qual pipa ficava mais

alta enquanto eles corriam. As

crianças exploram suas pipas

individualmente e em grupos e

puderam perceber suas sensações

e demonstraram em suas

expressões empolgação,

Iniciativa e

envolvimento na

vivência com a

capucheta

Observação,

filmagem e diário

de campo

174

encantamento e diversão.

a Dandara disse: corremos mais

rápido e o João levantou a mão e

disse: “A gente correu e levantou a

mão!” Pedro Lucas insinuou: “Ela

voa por causa da rabiola”, a

Dandara reafirmou sua teoria: “Eu

achei que pelo meu gosto, a gente

precisa correr”, o Enzo disse: “Eu

acho que é a linha vermelha!” e o

Pedro Lucas rebateu: “Não é a

linha vermelha, a linha vermelha a

gente só segura!”, o Enzo não

contente com a indagação do

colega, reafirmou: “A gente segura

para correr, para voar, nossa!”,

abaixando a cabeça indignado.

Discussão sobre as

vivências

Observação,

filmagem e diário

de campo

eles iniciavam estavam totalmente

envolvidos, pois foi uma tarefa

desafiadora para eles, e ao

finalizarem o corte corriam contar

vitoriosos com as partes da garrafa

separadas.

Enquanto aguardavam o furo e o

barbante, brincaram de montar

novamente a garrafa, de beber algo

imaginário, de empilhar a garrafa

para equilibrar sobre a mesa.

As crianças pareciam muito

envolvidas com a atividade e

demonstravam estar gostando

bastante, a Larissa girava e ria,

quando cheguei perto dela ela me

disse: Esse negocio é loco!

Percepção da

professora

pesquisadora sobre a

vivência com materiais

recicláveis

Observação,

filmagem e diário

de campo

175

Experimentação do

material

Registro

Fotográfico do

projeto

enquanto isso eles já iniciaram a

brincadeira, o Pedro Lucas

começou arremessar a garrafa no

chão com um movimento giratório

das mãos indicando para o Enzo:

“Olha meu pião, isso parece um

pião”, e logo o Enzo já estava

testando a invenção do Pedro

Lucas.

que já iniciam a exploração do

material bem antes de qualquer

comando.

eles passaram bastante tempo

envolvidos e não trocaram de

proposta como haviam feito antes.

Gerson, Dandara e Michael ainda

exploraram o espaço tentando

rodar a garrafa em cima do banco.

Iniciativa e construção

de novas

possibilidades com o

material e espaço.

Observação,

filmagem e diário

de campo

e nesse momento as crianças

foram tomadas de ludicidade, pois

algumas duplas criaram histórias,

guerrilhavam fazendo os sons das

espadas, sentiam os golpes e

lamentavam suas feriadas

marcadas pela tinta na camiseta.

Algumas crianças trocavam de

duplas e se enfrentavam em

grandes exércitos de 4 pessoas,

enquanto algumas crianças se

mantinham estáticas e limpas, com

grande receio de sujar a roupa

(Maria Eduarda, Ellen, Emilly, Júlio,

Envolvimento e

iniciativa na vivência

com a espada e

escudo

Observação,

filmagem e diário

de campo

176

Luiz Gustavo).

Por que quando você trabalha um

projeto que as crianças participam,

as crianças ficam entusiasmadas,

elas sempre chegam em casa e

contam o que tá acontecendo, o

que eles estão fazendo e os pais

participam, mesmo que como

ouvintes eles sabem o que está

acontecendo, dificilmente uma

criança chega em casa pra contar

as atividades que ela ficou fazendo

de matemática.

você vê que na brincadeira do pião,

no meio de uma brincadeira, pelo

vídeo você percebe o quanto ele

explora, participa e troca com os

colegas, não se expondo perante o

adulto, mas junto dos pares

participa. Então essa coisa da

atividade prática, de participar com

o corpo e suas expressões, faz

com que eles tenham outras

possibilidades de participação

diferencial do projeto é que a gente

vê o entusiasmo na participação, a

questão da curiosidade

Percepção da

professora sobre o

envolvimento das

crianças no projeto

Entrevista semi

estruturada com a

professora

177

APÊNDICE VI - Indícios das aprendizagens das crianças

C

onh

ecim

ento

pré

vio

e o

utr

as d

iscip

linas e

nvo

lvid

as

Apontamentos Etapa Fonte de dados

o Matheus Henrique me disse:

“Projeto é uma coisa que sai da

sua cabeça, também pode ser

né e que você também pode

construir e isso é um projeto. Por

exemplo se eu quiser construir

um foguete de palito, sabe ai eu

faço um foguete e isso é o

projeto.” A Dandara levantou a

mão dizendo: Aqui na classe a

gente faz projeto, a gente tava

querendo fazer o projeto sobre o

filme ai a gente vai fazer!”. O

João animado levantou dizendo:

“O projeto é negócio que a gente

constrói, igual o menino do

desenho que montou uma

máquina e tirou 10 no projeto”

Conhecimento

prévio sobre

projetos

Transcrição do

vídeo

mas cada uma realizando seu

registro, sendo que na sua

maioria o que eles conheciam

eram brincadeiras e algumas

manifestações esportivas,

enquanto o que eles queriam

conhecer ficou muito próximo

dos esportes mais tradicionais:

futebol, basquete e vôlei.

Conhecimento

prévio sobre

Educação Física

Notas de campo

Registro das

vivências

conhecidas das

aulas de Educação

Física

Registro fotográfico

do projeto

enquanto eles sentavam foram

olhando a imagem dos colegas e

o Gerson afirmava: “há o dele é

dança, deixa eu ver o seu, o seu

Conhecimento

prévio sobre as

manifestações da

cultura corporal

Transcrição do

vídeo.

178

também é!”.

fizeram o mesmo processo do

grupo anterior e a Viviane

olhando para imagem da

Dandara, logo identificou: “é um

tipo de luta, capoeira!”.

o Alisson ficou sozinho sem

nenhum grupo quando perguntei

para ele o que tinha na sua

imagem ele logo respondeu:

basquete!

Dandara disse: vôlei é esporte, e

esporte é lá do outro lado!

E o Pedro Lucas me respondeu:

“É brincadeira!”.

durante a

construção do

conceito de

Educação Física

“ Leonardo da Vinti, ele fez

vários quadros da Monalisa e fez

ele num quadro diferente que

está na casa do meu avó, dois

quadros da Monalisa e um do

Leonardo da Vinti”.

Conhecimento

prévio sobre obras

de arte

Transcrição do

vídeo

o Vitor iniciou sua resposta

dizendo: “é um negócio que

serve para voar”, e o Pedro

Lucas levantou a mão e

completou fazendo os

movimentos de soltar pipa: “É

um negócio que você solta e ela

fica voando no vento!”,

Conhecimento

prévio sobre as

pipas

Transcrição do

vídeo

A partir dos questionamentos

das crianças e a discussão feita

no grupo eles acharam que se

tratava de uma paisagem no

nordeste brasileiro, pois já

conheciam as características da

região de outro projeto que eles

haviam feito com a professora

sobre cordel.

Conhecimento

prévio na discussão

das características

das imagens

Notas de campo

pois eles já haviam discutido

com a professora que lhes

Discussão de outras

disciplinas

Notas de campo e

transcrição de vídeo

179

apresentou as imagens do peixe

e suas características, como ser

um peixe de água doce, além de

apresentar uma parlenda que

utilizasse da vivência do peixe.

As crianças ficaram por um

tempo nessa discussão, até

quando a Viviane disse eu já fui

no rio e a agua tem gosto de

agua não é doce, apenas assim

o João aceitou e finalizou essa

discussão.

Pedro Lucas disse o peixe tem

escamas, o Enzo disse tem

calda, e o João acrescentou:

que sem as escamas o peixe

não consegue viver e morre! O

Lucas disse que ele tem

nadadeiras e João acrescentou

que ele tem nadadeiras para ele

nadar e fez um movimento de

nadar como se fosse um peixe,

sem mexer as mãos apenas

balançando o corpo. Eu disse as

crianças as características do

peixe para respirar, pois todos

concordaram que o nariz do

peixe não é como o nosso, e

alguns peixes respiram pelas

escamas e pela boca. Após a

discussão e as características

dos peixes,

O Lucas durante a construção

me perguntou se não estava

faltando material, pois ele

conhecia esse brinquedo, mas

precisava amarrar a tampinha e

tentar fazer ela entrar na garrafa,

Conhecimento

prévio sobre o

brinquedo e outra

possibilidade de

construção

Transcrição do

vídeo

180

Mom

ento

s d

e a

pre

ndiz

ag

em

nas d

imensões d

e c

onte

údo

Apontamentos Etapas Fonte de

dados

Matheus logo olhou para a imagem da

Safira e disse: “Você não é esporte!”

enquanto o Pedro Lucas gritava: “João a

sua é esporte, vem pra cá”.

Identificação das

manifestações da

cultura corporal

Transcrição do

vídeo

Registro

fotográfico do

projeto

181

Expressão das

manifestações

corporais

discutidas

Registro

fotográfico do

projeto

O Vitor se levantou contrariado: Futebol

é um esporte! Então conversamos sobre

as manifestações da cultura corporal

serem o foco de estudo da Educação

Física.

a discussão entre eles e a identificação

de algumas brincadeiras que para um

tinha um nome e para o outro tinha outro

nome.

Discussão sobre

as manifestações

e a classificação

das

manifestações

corporais

Transcrição do

vídeo

Diário de

campo

Discussão e

escrita das

manifestações da

cultura corporal

e a Dandara disse: corremos mais

rápido e o João levantou a mão e disse:

“A gente correu e levantou a mão!”

Fechamento do

encontro e a fala

das crianças

Transcrição do

vídeo

182

Pedro Lucas insinuou: “Ela voa por

causa da rabiola”, a Dandara reafirmou

sua teoria: “Eu achei que pelo meu

gosto, a gente precisa correr”, o Enzo

disse: “Eu acho que é a linha

vermelha!” e o Pedro Lucas rebateu:

“Não é a linha vermelha, a linha

vermelha a gente só segura!”, o Enzo

não contente com a indagação do

colega, reafirmou: “A gente segura para

correr, para voar, nossa!”, abaixando a

cabeça indignado.

sobre suas

aprendizagens

Aprendizagem

entre pares

Registro

fotográfico do

projeto

Construção da

capucheta

Registro

fotográfico do

projeto

183

Vivência com a

capucheta

Registro

fotográfico do

projeto

o Gerson foi enfático dizendo que não, e

nem a pipa voaria sem rabiola e o

Matheus Henrique respondeu: mas a

raia voa sem rabiola.

Aprendizagem

conceitual sobre a

pipa

Transcrição do

Vídeo

A maioria do grupo demonstrou

autonomia nas escolhas e na confecção

do brinquedo, mesmo tendo algumas

dificuldades de manipular alguns

materiais.

Aprendizagem

atitudinal

Diário de

campo

Após as primeiras experiências eles

começaram a explorar o material e o

espaço, subindo nos bancos,

aguardando as rajadas de vento e

observando a interação do material com

seus movimentos. As alunas Ellen e

Maria Eduarda criaram danças com a

piaba, movimentos artísticos, enquanto

o desafio da Dandara, Pedro Lucas,

Matheus, Gerson era ver quem corria

mais rápido com a piaba. Enquanto

Lucas e o Kauan cantarolavam a

parlenda e faziam seus movimentos

com a piaba agora materializada em

brinquedo. Enzo, Vitor, Michael e

Matheus Henrique se utilizaram do

material, para brincar que estavam

pescando e diziam: “Nossa peguei uma

piaba das grandes”. As crianças foram

se desafiando e descobrindo

possibilidades de experimentação e

repassando para os colegas e vinham

contar e me desafiar também. Num

ambiente bastante dinâmico e cheio de

possibilidades e aprendizagem no

Vivência e

aprendizagens

procedimentais

com a piaba

Diário de

campo

184

aspecto motor, com os desafios e

movimentos diferenciados, nas

habilidades ligadas a observação e

interferência do vento no brinquedo e

nas habilidades de interação com os

colegas, o respeito as limitações e

opiniões dos outros.

Vitor constatou que quanto mais rápido

eles corressem mais inflada e alta a

piaba ficava,

Análise da

vivência

Transcrição do

vídeo

Aprendizagem

procedimental

Registro

fotográfico do

projeto

Aprendizagem

procedimental

Registro

fotográfico do

projeto

185

186

187

e inventar movimentos, a Dandara

começou a girar em volta do corpo, o

Allison em cima da cabeça, o Michael

ficou em uma perna só enquanto girava,

a Larissa veio até a mim contar que ela

conseguia girar apenas com um dedo

Construção de

movimentos e

possibilidades

com o brinquedo

Transcrição do

vídeo

e a Emilly retomou todo o processo:

cortamos a garrafa, amarramos um

barbante, depois colocou corante e

giramos para brincar!

Retomada da

aprendizagem

Transcrição do

vídeo

Todas as crianças começaram

arremessar a tampinha com a garrafa,

rodar ela dentro da garrafa,

Vivência com o

material

Diário de

campo

Michael depois de algumas tentativas

frustradas foi até o Gerson e ficou

observando como ele fazia, sem dizer

nada, e após algumas observações

executou o movimento e comemorou

seu feito.

Aprendizagem em

grupo

Diário de

campo

No final da aula a Maria Eduarda e a

Ellen foram até mim e mostraram um

jeito de brincar que descobriram

Construção de

novas

possibilidades,

exploração do

material

Diário de

campo

Vivências e

experimentação

do material

Registro

fotográfico do

projeto

188

o Pedro Lucas logo se recordou e disse:

A gente fez esgrima! Quase né por que

a espada da esgrima tem isso assim,

amassando o jornal e formando uma

pegada.

Conhecimento

prévio das

discussões sobre

o conceito de

educação física

Transcrição do

vídeo

Quadro - Percepção das aprendizagens pelos alunos.

Apontamentos Etapas Fonte de dados

Perc

epção

da

s

apre

ndiz

ag

ens

Lucas: Brincadeiras!

Maria: Brincadeiras novas

Lucas: Criamos novos brinquedos

OTÁVIO: Várias brincadeiras que a

gente não sabia.

MICHAEL: Muitas brincadeiras

novas.

MATHEUS: Brincadeiras que se faz

Resposta das

crianças quando

foram questionados

o que aprenderam

com o projeto

Entrevista com as

crianças

189

com coisas recicláveis.

OTÁVIO: Vários jeitos de brincar.

LARISSA: Algumas brincadeiras

que a gente já conhecia.

MATHEUS: A gente aprendeu é...

brincadeiras boas, brincadeiras

legais e como fazer e a gente já

pode ensinar pros nossos amigos,

pros nossos primos, pra quem eles

não conhecem.

DANDARA: Pros nossos pais.

MATHEUS: Nossos pais.

OTÁVIO: Pra essas brincadeiras

serem passadas de geração em

geração.

MATHEUS: Porque senão as...

porque senão essa brincadeira

acaba, porque senão ninguém vai

conseguir reconhecer, ninguém

mais vai conseguir brincar.

DANDARA: No projeto a gente se

envolveu com várias brincadeiras!

Pedro: Brincadeiras!

Gerson: Várias brincadeiras

Rafael: Brincadeiras que nós nunca

fez!

Gerson: Brincadeiras que a gente

pode fazer em casa!

Viviane: A gente aprendeu muitas

brincadeiras e muitos brinquedos

com material reciclável e muitas

outras coisas.

João: A gente aprendeu que

reciclar é bom! E que dá pra fazer

um monte de brinquedos e

190

materiais para brincar.

Maria: A pintura, construir as

coisas.

Ellen: Lição do Ivan Cruz

MICHAEL: Eu tenho dois negócios

mágicos, eu fiz.

OTÁVIO: O malabares de água.

ALINE: O malabares de água.

MICHAEL: Eu tentei fazer mais um

desse, e eu consegui.

LARISSA: Eu também.

OTÁVIO: Eu não tentei fazer

porque eu não tinha garrafa. E eu

não tenho tesoura.

MATHEUS: A gente aprendeu

também a fazer desenhos mais

bonitos e a gente aprendeu cada

vez mais com essas artes ai, como

desenhar com canetinha, contornar

e também a gente aprendeu como

todo mundo falou muitas

brincadeiras a gente já pode fazer

mais em casa e ajudar os amigos.

OTAVIO: A gente aprendeu a pintar

com o pincel.

DANDARA: Eu também gostei que

todas as partes da garrafa dão para

fazer brinquedo.

Rafael: Por que quando a gente

não tem nada para fazer a gente

pode brincar

Gerson: Por que a gente pode

pegar os materiais

Mateus: Pegar uma garrafa e fazer!

Além das

brincadeiras

Entrevista com as

crianças

191

Rafael: Coisas recicláveis

Gerson: Pra fazer!

Gerson: Por que a gente faz várias

brincadeiras que a gente nunca

brincou.

Mateus: A gente faz muitas

brincadeiras novas.

Emily: A gente aprendeu a fazer

brinquedos com coisas recicláveis

Maria: Para ensinar para as outras

pessoas

Ellen: Por que se um dia a gente

esquecer a gente pode olhar nesse

caderno pra lembrar.

OTÁVIO: É importante, porque se a

gente nunca brincasse.

MATHEUS: A gente não ia

aprender.

MATHEUS: Se a gente não

brincasse, a gente não podia

ensinar os nossos amigos, e

assim...

DANDARA: E as brincadeiras iam

ser esquecidas.

OTÁVIO: É... igual no livro.

MATHEUS: Ninguém poderia

lembrar, brincar delas.

MATHEUS: Quando a gente

brincou com essas brincadeiras, a

gente pode escrever aqui a

brincadeira que a gente mais

gostou, assim a gente pode mostrar

para os nossos pais e pros nossos

irmãos para eles aprenderem a

brincadeira, para quanto mais gente

Importância dos

registros

Entrevista com as

crianças

192

mostrar, mais as pessoas podem

brincar e falar para o mundo inteiro.

DANDARA: Eu achei legal esse

caderno de registro porque se a

gente esquecer alguma coisa, a

gente pode lembrar, tipo reviver

quando a gente era criança.

MATHEUS: Como a gente levou

alguns brinquedos né, talvez a

gente pode treinar as brincadeiras e

ensinar para os nossos amigos,

nossos pais né e a gente também

pode brincar bastante com essas

brincadeiras e se os outros quiser

brincar e quiser um pra eles é só

ensinar eles fazerem e ajudar eles.

E é muito importante para nós e a

gente tem que falar para eles o

quanto é importante essas

brincadeiras.

Emily: e que se você não

quisessem mais brincar você não

podia jogar no lixo orgânico, você

tinha que jogar no lixo reciclável.

Emily: Por causa das brincadeiras,

a gente gosta muito desse projeto

por que a gente é criança e a gente

ama brincadeiras e também por que

a gente pode ensinar as outras

pessoas, tipo se a gente tiver um

primo a gente pode ensinar ele.

Luiz Gustavo: E muito fácil de fazer

Aplicação das

aprendizagens

Entrevista com as

crianças

193

o brinquedo e a gente pode fazer

para os amigos.

Emily: A gente pode ensinar para

as outras pessoas, que querem

saber disso e não sabem.

Vivi: Eu acho que serve pra gente,

por exemplo a gente aprende e

pode ensinar pros nossos pais, pros

nossos primos né, e para as outras

pessoas que a gente conhece.

Quadro – Percepção da professora Glória sobre as aprendizagens dos alunos no projeto

Perc

epção

da p

rofe

ssora

Glo

ria

sobre

as a

pre

ndiz

gen

s

Apontamentos Etapas Fonte de dados

Todas! A tomada de decisão, o

trabalho em grupo, a questão da

própria construção da escrita,

das habilidades.

Quais

aprendizagens o

projeto mobilizou

Entrevista com a

professora Glória

E eu achei muito interessante,

que no final do projeto eles

apontam como aprendizado essa

coisa do resgate a brincadeira,

então que se eles não forem um

portador dessas informações,

desse conteúdo isso pode se

perder com o tempo, então eles

veem a importância do projeto

nesse sentido e foi uma leitura

que eles fizeram do texto e que

eu não foquei tanto nisso, a ideia

era trabalhar as obras, as

brincadeiras, a proposta do Ivan

Cruz, mas no momento eu não

tinha apontado essa coisa então

vocês são responsáveis agora

pelo futuro, vocês vão passar

Importância do

projeto para as

crianças

Entrevista com a

professora Glória

194

isso de geração em geração, e a

gente percebe que isso aparece

na avaliação deles, é algo que

não foi pontuado no momento de

trabalhar o texto e que para eles

foi significativo e eles

construíram isso.

195

APÊNDICE VII - Indícios das estratégias utilizadas no projeto. E

str

até

gia

s e

Pla

neja

me

nto

Apontamentos Etapa Fonte de dados

Questionei as crianças sobre o que seria um

projeto? Se eles já haviam participado de

algo parecido? E como eles poderiam me

explicar o significado desse momento.

Discussão sobre o

que é projetos?

Observação, filmagem

e diário de campo

Então partindo do conceito de projetos das

crianças, convidei a eles estudarem alguma

coisa da Educação Física,

Convite para o

projeto

Observação, filmagem

e diário de campo

Então solicitei que eles fizessem o registro

com desenho e escrita sobre dois aspectos:

o que eles conheciam da Educação Física (já

tinham tido contato, já fizeram na aula) e o

que eles gostariam de conhecer da

Educação Física,

Construção de

registro de

aprendizagem

Observação, filmagem

e diário de campo

Registro sobre as

manifestações da

cultura corporal

Registro Fotográfico

do projeto

já havia selecionado 25 imagens sobre as

manifestações da cultura corporal, divididos

em 5 grupos de imagens: jogos e

brincadeiras, esportes, dança, ginásticas,

lutas, todas as imagens eram gravuras ou

desenhos, dando preferência para a melhor

interpretação das crianças.

Discussão da

imagem com as

crianças

Observação, filmagem

e diário de campo

E contei um pouco de como seria a dinâmica

da aula, cada criança receberia uma imagem

de forma aleatória para analisar, sem mostrar

para o colega e depois iriamos para o outro

ambiente, para que todos pudessem olhar

todas as imagens que ficariam disponíveis

para que eles analisassem. Após entregar as

imagens e eles observaram as suas

imagens, solicitei que eles identificassem a

imagem escrevendo no verso da folha o que

eles achavam ser a sua imagem.

Apresentação dos

matérias e dinâmica

da aula.

Observação, filmagem

e diário de campo

196

Na quadra eles sentaram no círculo central e

deixaram suas imagens expostas.

Organização das

crianças

Observação, filmagem

e diário de campo

perguntei se eles tinham percebido alguma

coisa de próximo nas imagens? Se elas se

pareciam ou eles identificavam o mesmo?

Questionamento

sobre o objeto de

estudo

Observação, filmagem

e diário de campo

disse a eles que agora eles teriam que se

dividir em 5 grupos, pois haviam cinco

manifestações diferentes e eu identifiquei 5

lugares diferentes para que cada grupo se

dirigisse, se a criança achasse que sua

imagem fazia parte do grupo.

Organização das

crianças para

identificar as

manifestações da

cultura corporal.

Observação, filmagem

e diário de campo

Questionei o Matheus e o grupo sobre sua

imagem, perguntei: Queimada é esporte?

Questionamento

sobre o objeto de

estudo

Observação, filmagem

e diário de campo

Após a identificação e classificação eu

passei em todos os grupos solicitando que

eles pensassem numa forma de apresentar a

manifestação corporal que eles tinham,

apenas através de movimentos, não

poderiam falar. Dei um tempo para que eles

pensassem na apresentação e construíssem

os movimentos que identificassem a sua

manifestação corporal, afim de perceber

como eles se relacionavam e conheciam

aquela prática corporal, além de observar

como eles organizavam em grupo e como

fariam a organização das apresentações.

Desafio sobre o

objeto de estudo.

Observação, filmagem

e diário de campo

fizemos uma roda de conversa para fechar o

conceito de Educação Física e anunciar que

nós dedicaríamos a estudar uma das

manifestações.

Organização das

crianças

Observação, filmagem

e diário de campo

A formação de grupos pequenos também

favoreceu que as crianças pudessem trocar

mais. Acredito que isso possa ser uma

estratégia para ouvir mais as crianças.

Organização dos

grupos e reflexão

sobre a estratégia

adotada

Observação, filmagem

e diário de campo

197

um momento de planejamento com a

professora da sala e conversamos um pouco

sobre os momentos que havíamos tido com

as crianças e quais as necessidades de

aprendizagem em outras disciplinas. Então

ela antes do próximo encontro meu com as

crianças disponibilizou algumas obras de arte

para que as crianças apreciassem e

escolhessem uma obra para se estudar.

Sendo que essa dinâmica ela fez durante o

período de aula.

Planejamento com a

professora Glória e

ação em outras

disciplinas e

momentos

Observação, filmagem

e diário de campo

Após a escolha da obra a professora Glória

trabalhou com eles a biografia do autor para

que eles entrassem em contato com o

criador e tivesse acesso a sua história.

Ação em outras

disciplinas e

momentos

Observação, filmagem

e diário de campo

conversamos um pouco sobre a dinâmica

das imagens que fizemos sobre as

manifestações da Educação Física,

Retomada do

encontro anterior

Observação, filmagem

e diário de campo

Solicitei então que eles resgatassem os

grupos que haviam se formado na aula

passada afim de analisar a obra.

Organização das

crianças

Observação, filmagem

e diário de campo

após essa primeira identificação solicitei que

as crianças construíssem uma lista de

palavras identificando todas as

manifestações presentes na gravura.

Momento de registro

das aprendizagens

(escrita)

Observação, filmagem

e diário de campo

As crianças fizeram a lista de brincadeiras e

depois discutimos um pouco a imagem como

por exemplo o contexto da imagem

Discussão sobre a

imagem

Observação, filmagem

e diário de campo

organizei os materiais em cima da mesa,

para que as crianças tomassem contato

antes mesmo de iniciarmos a aula.

Organização dos

materiais

Observação, filmagem

e diário de campo

comuniquei as crianças que a construção

seria feita na mesa do refeitório, pois eles

teriam mais espaço. Lembrei as crianças que

Organização das

crianças para a

construção de

Observação, filmagem

e diário de campo

198

ele deveriam criar uma estratégia e

trabalharem em equipe e que se surgissem

conflitos nós resolveríamos juntos.

materiais

O tempo de construção e disponibilidade dos

materiais foi bem interessante, pois eles não

tinham que disputar o material e puderam se

organizar melhor, ao fim da construção eles

iam aos poucos testar sua pipa.

Tempo e

organização da

construção de

materiais

Observação, filmagem

e diário de campo

Questionei as crianças sobre como eles

tinham usado para ela funcionar

Questionamento

sobre a vivência com

o material

Observação, filmagem

e diário de campo

Solicitei que o Alisson se levantasse e

trouxesse sua pipa, e questionei as crianças

se o brinquedo dele tinha algo de diferente

da pipa deles,

Desafio com o

material

Observação, filmagem

e diário de campo

Construção de

material

Registro Fotográfico

do projeto

A escolha da vivência da aula surgiu das

discussões sobre a imagem do Ivan Cruz,

pois quando o grupo de crianças foi fazer a

caracterização do ambiente junto com a

professora de sala,

Discussão as

imagem e

construção da

próxima vivência

Observação, filmagem

e diário de campo

resolvi ampliar o repertório das crianças com

uma brincadeira e material típico do folclore,

que as crianças do interior do Brasil

constroem e brincam. Portanto, levamos a

proposta para as crianças, desde a

construção do brinquedo até a exploração

dele como mais uma opção de brinquedo

voador. No inicio da aula dentro da sala,

conversamos um pouco sobre o que seria a

piaba,

Construção de

material para

vivência

Observação, filmagem

e diário de campo

Trabalho com as crianças a escrita da

parlenda

Registro escrito e

utilização das outras

linguagens no

Observação, filmagem

e diário de campo

199

projeto

essa parlenda é uma brincadeira de inicio de

aula, para que as crianças entre em contato

com as outras, além de estimular o

conhecimento do corpo e as sensações e o

cuidado com o corpo do colega,

Vivência de

brincadeira

Observação, filmagem

e diário de campo

Iniciamos então a construção do brinquedo,

pensando nas caraterísticas dos peixes, pois

a professora Glória já havia iniciado o

material fazendo sua estrutura, logo as

crianças começaram a descrever o peixe

Construção de

material e discussão

sobre características

dos peixes.

Observação, filmagem

e diário de campo

orientem as crianças sobre a construção do

material, dizendo-lhes que iriamos construir

em duplas

Organização das

crianças

Observação, filmagem

e diário de campo

A professora Glória mostrou uma piaba já

construída para as crianças apresentando os

materiais (papel crepom, cola, tesoura e

barbante) e suas características, por

exemplo ela mostrou como o papel crepom

interage com a cola, e pode rasgar com

facilidade.

Apresentação dos

materiais

Observação, filmagem

e diário de campo

As crianças se dividiram em duplas e

pegaram os materiais para construir a piaba,

a proposta da dupla foi feita, para que um

pudesse ajudar o outro,

Organização das

crianças

Observação, filmagem

e diário de campo

constatamos que não seria possível realizar

a vivência do brinquedo naquele encontro, e

eu disse para as crianças que ainda tinha

alguns colegas que precisariam finalizar sua

piaba e que no dia seguinte faríamos a

vivência eles concordaram e sem o menor

problema, voltaram-se para a finalização do

material.

Adaptação do tempo

de construção e

vivência

Observação, filmagem

e diário de campo

por exemplo correr para que a piaba se

inflasse, e realizar movimentos circulares.

Experiências

motoras

Observação, filmagem

e diário de campo

Então contei para as crianças que eles

teriam uma missão: construir uma pipa para

convidar alguém na casa deles para soltar

junto com eles, e eles terminaram a aula

mais empolgados e ansiosos do que

Discussão sobre a

próxima vivência do

projeto

Observação, filmagem

e diário de campo

200

começaram.

pois a professora já havia feito as atividades

do projeto com as crianças no caderno de

registros e iniciado a construção do material

da aula de hoje,

Retomada das ações

do projeto

Observação, filmagem

e diário de campo

Então iniciamos a aula conversando um

pouco sobre as construções e encontros

anteriores onde fizemos os brinquedos

voadores (capucheta e piaba) e a tarefa que

eles haviam levado para casa, a confecção

da pipa que foi iniciada com a professora de

sala e foi levada para casa como tarefa de

casa,

Discussão sobre as

vivências anteriores

e suas

aprendizagens

Observação, filmagem

e diário de campo

e depois pedi que eles resgatassem na

memória a imagem inicial do IVAN CRUZ,

lembrando as crianças do bingo que fizemos

a partir das manifestações corporais

retratadas na imagem para que eles

pudessem identificar o que faríamos com

aquele material,

Retomada da

imagem e o foco do

estudo

Observação, filmagem

e diário de campo

Então questionei as crianças sobre qual

material eles acham possível construir diante

da imagem que discutimos,

Discussão sobre a

imagem

Observação, filmagem

e diário de campo

Estr

até

gia

s e

Pla

neja

me

nto

Perguntei para as crianças se todos já

haviam brincado de peão, a grande maioria

das crianças já haviam brincado

Levantamento de

conhecimento prévio

Observação, filmagem

e diário de campo

Iniciei novamente a fala retomando a

experiência da Viviani, pois ela contou sobre

um pião que precisa de fivela para girar

Utilização do

conhecimento das

crianças para

tematizar a vivência

Observação, filmagem

e diário de campo

Continuamos conversando sobre os piões e

falei sobre vários tipos de piões, e perguntei

a eles se eles conheciam uma coisa

chamada blayblade

Discussão sobre o

material da aula

Observação, filmagem

e diário de campo

Pedi para que alguma criança explicasse

para ele

Utilizar a

experiências das

crianças

Observação, filmagem

e diário de campo

Perguntei para as crianças qual o brinquedo

que todo mundo tem hoje em dia que

também se assemelha com o pião.

Relação com o

cotidiano das

crianças

Observação, filmagem

e diário de campo

201

Então falei como seria a construção e que

materiais iriamos utilizar e que utilizaríamos a

cola quente,

Apresentação dos

materiais

Observação, filmagem

e diário de campo

Então chamei eles para um outro espaço

mais áspero para que depois a gente

discutisse qual era o melhor espaço para

girar aquele tipo de material.

Discussão sobre a

utilização e vivência

do material

Observação, filmagem

e diário de campo

incitei que eles realizassem o lançamento do

pião do alto, para experimentarem um novo

desafio motor,

Desafio motor Observação, filmagem

e diário de campo

Depois juntei as crianças e questionei-os

onde foi mais fácil o pião rodar

Discussão sobre as

vivências com o

material

Observação, filmagem

e diário de campo

Então combinei das crianças levarem o

brinquedo para casa e experimentarem lá,

para contar nas próximas aulas e utilizar para

a construção do registro artístico que a

professora vai construir com eles.

Tarefa para casa Observação, filmagem

e diário de campo

por isso as crianças precisam continuaram

as experiências com o material em outros

momentos com a professora de sala,

acreditamos que isso seja importante para

que as crianças possam ter contato

significativo com as manifestações corporais

e agregar outras linguagens ao material.

Ampliação dos

momentos de

vivência

Observação, filmagem

e diário de campo

As crianças já estavam à espera da aula, e

iniciamos conversando um pouco sobre a

experiência que eles tiveram com o avião de

papel na aula anterior

Retomada da

vivência

Observação, filmagem

e diário de campo

então organizamos um momento em que o

Júlio ensinou seu avião para os colegas,

compartilhando seu conhecimento com os

demais.

Utilização do

conhecimento das

crianças para

tematizar a vivência

Observação, filmagem

e diário de campo

Nessa dinâmica dos aviões a professora

Glória utilizou das diferentes categorias para

trabalhar com tabelas e gráficos que foram

realizados durante a vivência e serviram de

base para aprendizagens do campo

matemático.

Utilização das

vivências motoras

para a discussão de

conteúdos de outras

disciplinas

Observação, filmagem

e diário de campo

as produções artísticas feitas durante a Momentos de Observação, filmagem

202

semana, a pintura do painel que eles

estavam confeccionando para o produto final,

a pintura do pião de madeira, além dos

registros feitos no caderno de cada vivência.

registro das

vivências e

produções artísticas

e diário de campo

Retomamos novamente a imagem do Ivan

Cruz para iniciar a aula de hoje

Retomada da

imagem e foco do

estudo

Observação, filmagem

e diário de campo

Estr

até

gia

s e

Pla

neja

me

nto

eu trouxe garrafas pet para confeccionarmos

3 brinquedos (malabares de água, plastibol e

a coroa), no encontro de hoje

confeccionamos o malabares.

Apresentação dos

materiais

Observação, filmagem

e diário de campo

Iniciei a orientação sobre a construção com

as garrafas

Construção de

material

Observação, filmagem

e diário de campo

Mostrei então para as crianças as três partes

da garrafa e comuniquei que faríamos um

brinquedo de giro, os malabares

questionando-os sobre o que seria

malabares?

Discussão sobre o

material

Observação, filmagem

e diário de campo

Então contei a eles, que para usar o

brinquedo era necessário falar as palavras

mágicas: SIM SALABIM, FAZ ESSA ÁGUA,

NÃO CAIR EM MIM! Após as palavras

mágicas fiz o movimento de giro e as

crianças ficaram espantadas

Ação lúdica para

utilização do material

Observação, filmagem

e diário de campo

Antes deles iniciarem a vivência orientei

como deveria ser o movimento de giro

Orientação sobre a

utilização do material

Observação, filmagem

e diário de campo

e fomos para sala realizar o fechamento da

aula. Perguntei para eles o que eles tinham

achado do brinquedo,

Discussão final do

encontro

Observação, filmagem

e diário de campo

Pedi que as crianças levassem o brinquedo

para casa e apresentassem para alguém da

família como se fosse uma mágica para

depois contar a reação deles.

Tarefa de casa Observação, filmagem

e diário de campo

Orientação para

brincar

Observação, filmagem

e diário de campo

203

Desafios motores Observação, filmagem

e diário de campo

solicitei que as crianças pegassem a tesoura

e fossemos para quadra, assim poderíamos

ter mais tempo na exploração do material, já

que sua construção era mais simples.

Quando entramos na quadra pedi que as

crianças se sentassem a princípio na

arquibancada,

Organização das

crianças no espaço

Observação, filmagem

e diário de campo

Então solicitei que eles pegassem a garrafa e

a tesoura e sentassem no círculo central da

quadra, pois assim todos podiam se ver e

interagir.

Organização das

crianças

Observação, filmagem

e diário de campo

e retomei com as crianças o que havíamos

feito na aula anterior, todos levantaram a

mão

Retomada das

vivências

Observação, filmagem

e diário de campo

e eu questionei as crianças sobre sua

confecção em casa,

Retomada da tarefa

de casa

Observação, filmagem

e diário de campo

Estr

até

gia

s e

Pla

neja

me

nto

retomamos a imagem do Ivan Cruz e

discutimos um quadro especifico onde

apareciam umas crianças utilizando materiais

recicláveis durante suas brincadeiras,

Retomada da

imagem do Ivan

Cruz

Observação, filmagem

e diário de campo

gostaria que eles descobrissem novos jeito

de brincar com aqueles materiais. Solicitei

que eles brincassem individualmente de

diferentes formas para experimentar o

brinquedo.

Incentivo na

exploração do

material.

Observação, filmagem

e diário de campo

Chamei as crianças para fazer um desafio,

que eles brincassem em duplas no chão,

utilizando a garrafa como forma de rebater a

tampinha.

Desafio motor Observação, filmagem

e diário de campo

Percebi que as crianças estavam se

dispersando, pois não tinham mais interesse

na proposta e reuni eles novamente, e pedi

para que o Gerson mostrasse para os

colegas como ele estava brincando com a

Utilização do

conhecimento das

crianças para

tematizar a vivência

Observação, filmagem

e diário de campo

204

garrafa (girando-a como pião) e solicitei que

as crianças tentassem fazer.

Solicitei que eles novamente sentassem no

círculo central da quadra para finalizarmos a

aula,

Organização das

crianças

Observação, filmagem

e diário de campo

então solicitei que eles rebatizassem o

brinquedo, para que fosse possível entender

o que ele faz, sendo essa a tarefa de casa:

que eles escolhessem três nomes para o

brinquedo e desenhar também 3 jeitos de

brincar.

Tarefa de casa Observação, filmagem

e diário de campo

Discussão durante o

encontro

Observação, filmagem

e diário de campo

Para a elaboração dessa aula tivemos que

ter uma organização e planejamentos

anteriores, pois seria necessário a

elaboração de vários materiais

antecipadamente, a professora Glória ficou

então responsável em elaborar o escudo,

utilizando-se de habilidades artísticas para

sua construção

Construção anterior

para vivência

Observação, filmagem

e diário de campo

a conversa inicial relembramos a parte da

garrafa que havia sobrado, e eles estavam

intrigados para saber o que um pedaço de

garrafa poderia ser,

Retomada sobre a

construção dos

materiais.

Observação, filmagem

e diário de campo

Iniciei o recorte do plástico em formato de

coroa, e imediatamente eles decifraram,

iriamos fazer uma fantasia, assim como eles

tinham visto na história da turma da Mônica

onde o Cebolinha era um cavalheiro.

Construção de

material e relação

com outras

disciplinas

Observação, filmagem

e diário de campo

Então criamos uma espada com folha de

jornal, algumas crianças tiveram dificuldades

Construção de

material e orientação

Observação, filmagem

e diário de campo

205

na execução da espada. Após toda a

construção convidei as crianças para irmos

no corredor próximo a quadra, para que eu

pudesse explicar o que faríamos com nossas

fantasias.

para vivência

Expliquei ainda que cada um teria na ponta

de sua espada um pouco de tinta e o objetivo

era acertar o colega na camiseta, para isso

faríamos duplas.

Organização das

crianças e suas

vivências

Observação, filmagem

e diário de campo

Retomei a orientação sobre as espadas e os

movimentos, discutindo uma pouco sobre a

esgrima

Discussão sobre a

vivência motora

Observação, filmagem

e diário de campo

Entretanto quando perguntei se eles se

lembravam da imagem que nós utilizamos na

discussão do que era educação física no

grupo de lutas

Relação com o

conceito de

Educação Física

Observação, filmagem

e diário de campo

Roda de conversa –

organização das

crianças

Observação, filmagem

e diário de campo

Orientação para

vivência motora

Observação, filmagem

e diário de campo

Sim por que a gente acaba partindo de um

interesse deles né! Não simplesmente eu

trazendo um conteúdo que não é de

interesse da maioria, então como ele tem

oportunidade de falar, de escolher o que de

fato interessa para ele, ele acaba se

envolvendo mais. Você consegue o envolver

um número maior de crianças.

Sobre a construção

do projeto

Entrevista com a

professora Glória

A retomada do que foi feito na aula anterior,

até na expectativa de esperar o que a gente

poderia pensar para o próximo momento

Estratégias mais

utilizadas

Entrevista com a

professora Glória

Trazer um repertório das obras de arte para

que eles pudessem ter de onde fazer

Utilização das obras

de arte para

Entrevista com a

professora Glória

206

escolhas, tematizar as ações

do projeto

a ideia do projeto mesmo de partir da

construção das crianças, do interesse das

crianças

Avaliação do projeto,

pontos positivos

Entrevista com a

professora Glória

Então ele não precisava de pré requisitos

que você acaba precisando quando você tem

uma aula mais tradicional, que ele acaba

ficando de fora da dinâmica, ele pode trazer

da vivência dele, pode participar.

Sobre a construção

de espaços de

participação

Entrevista com a

professora Glória

Até o próprio trabalho do grupo, sempre

terem trabalhado em grupo

Organização das

crianças

Entrevista com a

professora Glória

a gente fez a escolha da obra do Ivan Cruz Seleção da imagem Entrevista com a

professora Glória

mas como a maioria das avaliações a gente

foi fazendo em grupo, então um ia

resgatando o outro ia complementando,

então foi bem tranquilo. Acho que é uma

coisa que, como eles vivenciaram é uma

coisa que fica marcada, é uma coisa mais

difícil de esquecer como uma coisa que você

só falou ou alguém leu entendeu, e algo que

você viveu, pelo fato da vivência acho que o

registro foi tranquilo.

Sobre as vivências e

registros

Entrevista com a

professora Glória

A eu acho que todas as partes de

construção, que eles construíram alguma

coisa foi bem legal, por que você ver o

resultado de algo que você construiu é muito

interessante.

Construção de

materiais

Entrevista com a

professora Glória

A gente trabalhou o livro.

Utilização de

diferentes materiais

Entrevista com a

professora Glória

foi a do avião, então quando eles fizeram o

avião a gente tinha um aluno que não se

destaca em sala de aula, mas que na

situação o avião dele era o que ia mais

Momento de

destaque feito pela

professora sobre a

utilização da

Entrevista com a

professora Glória

207

longe, mais alto, mas a gente vê que não era

uma competição, a eu quero que o meu voe

mais alto, não eu quero entender por que o

seu foi mais alto, então a ideia é que o avião

que tivesse maiores habilidades,

conseguisse ir mais longe e que a gente

conseguisse discutir então como foi feito

esse avião, como eu posso fazer para que o

meu vá mais longe, vá mais alto, então

achoo que essa troca foi interessante.

experiência das

crianças.

Então eles precisavam contar para você, por

que você precisava saber, porque você fazia

parte daquele projeto e a mesma coisa, era

comum quando uma criança faltava esse

compartilhar do que tá acontecendo, era uma

coisa que eles costumavam fazer. Até pelo

entusiasmo das atividades, então na própria

aula eles retomavam aquilo, nossa por que

foi muito legal, se viu o que aconteceu e eu

percebi assim no momento em que eles

viram as fotos também das vivências deles,

eles se empolgavam naquilo, um registro de

algo que foi bem bacana.

Importância dos

momentos de

retomada e registro

para a construção do

projetos.

Entrevista com a

professora Glória

Lição de casa, caderno de registro,

construção de brinquedos, escolha das

imagens, leitura e escrita durante o projeto

Percepção das

crianças sobre as

estratégias utilizadas

no projeto

Entrevista com as

crianças.

208

APÊNDICE VIII - Indícios de dificuldades na construção do projeto

Dific

uld

ades n

a c

onstr

uçã

o d

o p

roje

to

Apontamentos Etapas Fonte de dados

As crianças ficaram bastante agitadas e por

diversas vezes dispersas com a atividade,

sendo que alguns queria terminar rápido na

esperança de irmos para quadra brincar,

mas a atividade rendeu aproximadamente

40 min

Manter atenção e

envolvimento das

crianças

Observação,

filmagem e diário de

campo

Pensando em como ouvir a todos e como

identificar a percepção de todas as

crianças durante o processo acredito que

será necessário criar estratégias diferentes

que não apenas a fala ou a entrevista, pois

durante a observação tive dificuldade de

fazer todos participar

Dificuldade em ouvir

e garantir a

participação de todas

as crianças

Notas de campo

Acredito que construir um projeto diante do

interesse deles pode requerer mais tempo

e contato de aula, por isso nos próximos

encontros preciso propor vivências que

possam despertar algumas questões que

sejam passíveis de estudo e construção.

Dificuldades com o

tempo de cada etapa

Notas de campo

A utilização das câmeras gerou um

desconforto e agitação nas crianças, a

princípio... tirei poucas fotos pois estavam

mais interessadas na observação e fala

das crianças.

Utilização das

câmeras

Notas de campo

Mas o deslocamento da sala até a quadra

dispersou bastante as crianças e também

tomou bastante tempo, poderia ter feito

todo o processo na quadra sem maiores

problemas.

Utilização do espaço

e otimização do

tempo

Notas de campo

Alguns momentos de dispersão entre as

crianças na formação dos grupos

atrapalharam o processo. Percebo ainda

que a discussão no grupo grande ainda

privilegia a fala de algumas crianças (Pedro

Lucas, Viviane, João, Dandara) que são

crianças que se expressão mais.

Dificuldade em ouvir

e garantir a

participação de todas

as crianças

Notas de campo

A dinâmica da aula ficou muito confusa, Organização das Notas de campo

209

alguns grupos se dispersaram, pois havia

apenas uma lista que na maioria dos

grupos ficava com uma criança apenas, o

que gerou um pouco de conflito. Além de

que a formação dos grupos dentro da sala

demandou muito tempo na organização

das carteiras e deixou a sala muito

apertada. Ainda teve grupos que

trabalharam bem juntos e todos estavam

muito envolvidos, enquanto percebi que

algumas crianças estavam dispersas e

afastadas da proposta (Safira, João, Sofia).

crianças e

dificuldade para

garantir a

participação e

envolvimento de

todos

Envolver o João nessa atividade foi muito

difícil, pois as crianças estavam muito

empolgadas e fazendo muito barulho o que

incomoda bastante ele.

Envolver o aluno

autista nas

atividades em grupo

Notas de campo

a maioria das crianças estavam atentas

aos comandos e a confecção, apenas a

Safira e a Lorrena estavam dispersas

mexendo em seus materiais.

Dificuldade para

garantir a

participação e

envolvimento de

todos

Notas de campo

Confecção demorou mais tempo que o

planejado, pois as crianças são bastante

detalhistas e ficaram bastante tempo

elaborando a piaba, e tiveram dificuldades

para lidar com o papel crepom.

A dinâmica da construção do brinquedo

levou muito tempo, e tomou bastante

tempo da experimentação, que teve que

ser remanejado para outro dia, talvez

perdendo um pouco dos conhecimentos e

questionamentos que havíamos feito antes.

Tempo para

construção e

dificuldades com o

material

Notas de campo

Foi bastante desafiador fazer esse

brinquedo e elaborar possibilidades de

intervenção junto com a professora de sala,

pois eu ainda não tinha tido essa

possibilidade, e fomos pesquisar algumas

coisas para preparar a intervenção, para

que ambas soubessem o que cada uma iria

fazer, além de compreender algumas

Tempo para

construção e

dificuldades com o

material

Notas de campo

210

necessidades, como as orientações para a

confecção do piaba, que eu sempre achei

que era muito simples e logo percebi que

as crianças não teriam grande autonomia

se nós não explicássemos em detalhes a

utilização dos materiais, uma preocupação

que surgiu da experiência da professora

Glória e facilitou bastante o trabalho.

Neste momento, todos estavam bastante

agitados e cada um com sua história do

pião, precisei intervir para que pudéssemos

organizar as expressões de cada criança.

Manter a atenção na

atividade

Notas de campo

Iniciamos a construção dos peões e as

crianças ficaram bastante impacientes, pois

conversamos um pouco sobre a

necessidade de deixar o material secar e o

cuidado com a cola quente que precisava

esfriar para não machucá-los e só ai

poderíamos brincar.

Dificuldades com a

manipulação dos

materiais

Notas de campo

Durante a vivência com o brinquedo, toda a

vez que precisava intervir e conversar com

as crianças tive um pouco de dificuldade,

pois eles não queriam parar de brincar e

continuavam rodando e comparando seus

piões.

Dificuldades de

realizar discussões

sobre a vivência

Notas de campo

Acredito que o tempo de vivência e

experimentação apenas na aula de

Educação Física não foi suficiente para

esgotar as possibilidades de vivências

corporais e discutir outras possibilidades,

Tempo de vivência Notas de campo

As crianças estavam muito agitadas e a

cada passo da construção era necessário

dizer para que eles se controlassem, pois

se não teríamos tempo suficiente para

realizar a atividade proposta

Manter atenção na

atividade

Notas de campo

mas a princípio eles tiveram muita

dificuldade de cortar com tesouras

escolares, então passei nas mesas para

fazer o primeiro corte para que fosse mais

fácil eles cortarem.

Dificuldade com a

manipulação dos

materiais

Notas de campo

211

A dinâmica de furar uma garrafa de cada

vez, mesmo que rápida dispersa um pouco

as crianças, pois eles ficam ociosos e

ansiosos para fazer a atividade.

e começaram a falar, pedi que eles se

organizassem e falassem apenas um por

vez para que todos entendessem.

Manter a atenção e

concentração nas

atividades

Notas de campo

No momento de formar as duplas o Alisson

se afastou de todos e ficou por alguns

minutos deitado no chão se retirando da

vivência da aula, eu não notei e quando

pude perceber o Julio tinha ido ao encontro

dele convidando-o para brincar, talvez a

dinâmica das duplas possa ter dificultado a

experimentação dele.

Organização das

crianças

Notas de campo

O espaço escolhido para aula, não foi

adequado, pois eles ficavam muito

espalhados e distantes, não ouvindo as

instruções e prejudicando as discussões na

aula.

Utilização do espaço

e otimização do

tempo

Notas de campo

Quando solicitei que eles fizessem duplas

houve uma grande confusão e correria,

pois algumas crianças queria as mesmas

duplas e isso gerou certo conflito, que foi

resolvido pelas próprias crianças.

Organização das

crianças

Notas de campo

O grande interesse das crianças acabou

sendo acertar o colega com a tinta na

ponta da espada, o que tirou o foco da

experimentação do movimento da esgrima

que eu retomaria com eles ao final da aula,

Foco na

experimentação

Notas de campo

O tempo! Eu acho que a escola cobra

muitas coisas burocráticas e a gente acaba

tendo pouco tempo para desenvolver um

projeto, então a gente fica tendo que

cumprir protocolos de documentos,

avaliações, papéis e papéis e o tempo é

pequeno, mesmo por que era um projeto

pontual, e seria interessante que a escola

pudesse ser assim o tempo todo.

Dificuldade para

construir práticas

participativas no

cotidiano da escola.

Entrevista da

professora Glória

SIM! Eu acho que o tempo é essa coisa Dificuldade para Entrevista da

212

dos HTPIs que a gente tem, que um tempo

que a gente consegue as vezes encontrar,

no caso você não era professora da escola,

então eu consegui encontrar com você,

mas por exemplo a professora de

Educação Física, meu HTPI é o tempo que

ela está com as crianças então já não

conseguiria encontrar com ela. Essa

própria organização da grade dificulta sim!

Então teria que ser um trabalho que a

gente conseguisse um maior envolvimento.

construir práticas

participativas no

cotidiano da escola.

professora Glória

Não! Acho que nem em questão de tempo,

nem questão de organização, primeiro por

exemplo que o produto final que foi o painel

que a gente fez, a gente demorou

praticamente 3 meses para fazer, então

não é uma coisa que acontece todos os

dias, alguns dias a gente se empenha mais

outros dias menos, ele precisa secar,

precisa de um espaço pra ser feito e

precisa desse tempo de amadurecimento

na produção.

Dificuldades em

relação do tempo de

cada etapa

Entrevista da

professora Glória

E de ponto negativo que eu vejo é a

questão do tempo mesmo, a questão da

escola, de ainda ser um trabalho que tem

que fazer sozinho, não ter apoio, não é o

que a escola acredita, a questão do

material, que você acaba tendo que se virar

pra conseguir fazer aquilo, por que a escola

ainda acha que a educação se resume em

livros, no caderno e aquilo que a gente já

acostumado a ver.

Dificuldades em

relação do tempo de

cada etapa

Entrevista da

professora Glória

infelizmente a gente fica muito preso

aquela participação da sala de aula, que

você vai falar na frente de todo mundo,

sendo avaliado por todo mundo e não em

uma brincadeira.

Para algumas crianças é difícil, mas

pontual você no vídeo aquelas crianças

que não estão prestando atenção,

Dificuldades para

garantir a

participação de todos

Entrevista da

professora Glória

213

ANEXO I - TERMO DE AUTORIZACÃO E RESPONSABILIDADE DA ESCOLA

PARA EXECUÇÃO DA PESQUISA

214

ANEXO II – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, _________________________________________________________, nascida

(o) em _____/_____/______, portador (a) do RG nº. __________________, estou

ciente que ao assinar este documento declaro que concordo com a participação de

meu (minha) filho (a) __________________________________________________

na pesquisa intitulada “Pedagogias participativas e Educação Física Escolar:

Uma experiência no Ensino Fundamental”, realizada pela Profª. Aline Rodrigues

Santos e pela Profª. Dra. Elisabete dos Santos Freire.

Ao assinar este Termo de Autorização, estou ciente de que:

1. Os objetivos desta pesquisa são: analisar uma experiência na Educação Física

Escolar pautada numa perspectiva participativa com a abordagem de projetos e

conhecer a percepção da professora e dos alunos envolvidos na implementação

2. Participarão desta pesquisa 25 alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental

do ano de 2017, autorizados por seus pais ou responsáveis, por intermédio da

assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e que concordem em

participar do estudo de forma voluntária, manifestada pela assinatura do Termo de

Assentimento Livre e Esclarecido.

3. A pesquisa será desenvolvida na própria escola, com a aplicação de uma

proposta pedagógica, construída com a participação dos estudantes, adotando uma

organização pedagógica diferenciada para as aulas de Educação Física. Assim, às

práticas pedagógicas já adotadas, serão somadas outras atividades, como debates,

exposição dos conceitos por parte da professora, dinâmicas de grupo, envolvimento

dos alunos no registro das aulas em fotografias.

4. O projeto será aplicado por um semestre letivo. Serão utilizados alguns

instrumentos para auxiliar na obtenção das informações, como a) a observação

participante, b) o diálogo com os estudantes (por meio de entrevistas coletivas;

rodas de conversa, registro fotográfico e outras dinâmicas de grupo) c) a construção

de diário de campo, registrando as impressões da professora quanto ao processo de

implementação do projeto. d) entrevista com os professores. As aulas e o diálogo

entre professora e alunos serão registrados em áudio e em vídeo.

5. A participação na pesquisa é voluntária e poderá ser interrompida a qualquer

momento, se eu ou meu (minha) filho (a) desejarmos.

215

6. Todos os dados pessoais dos envolvidos serão mantidos em sigilo. As aulas e

dinâmicas gravadas em áudio e vídeo, serão transcritas. Os registros serão

guardados por cinco anos e, posteriormente, serão apagados. Os resultados gerais

obtidos através da pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos

expostos acima, incluindo sua publicação na literatura científica especializada.

7. Os procedimentos adotados envolvem riscos, que normalmente se apresentam

nas aulas de Educação Física. Dessa forma, ao participar de jogos e atividades

motoras diversas, acidentes e lesões podem acontecer. Para evitar danos físicos

aos estudantes, a professora tomará diversas medidas, como eliminação de

obstáculos no espaço utilizado em aula, bem como o uso de colchonetes ou outros

equipamentos de segurança, quando adequados. Caso algum acidente aconteça

com meu filho, serei avisado imediatamente. Entendo que este procedimento é

tomado normalmente, independente da realização do estudo aqui proposto. Além

disso, em caso de emergência, o estudante poderá ser encaminhado ao serviço

médico de saúde indicado pelos pais ou ser atendido pelo Serviço de Atendimento

Móvel de Urgência – SAMU

8. Há ainda o risco de que meu filho se sinta desconfortável ao perceber que a

professora o observa ou ao participar de debates ou dinâmicas de grupo. Para evitar

que esse desconforto apareça, a professora explicará todos os procedimentos da

pesquisa aos estudantes e construirá um ambiente de aprendizagem que não se

diferenciará das aulas normalmente conduzidas. Caso este desconforto seja

identificado, meu (minha) filho (a) poderá desistir de participar da pesquisa, se assim

o desejar. Se necessário, poderá ser atendido (a) pela coordenadora pedagógica da

escola.

9. A realização desta pesquisa poderá trazer benefícios à Educação Física, à

instituição de ensino e aos estudantes. Será possível ampliar os conhecimentos

sobre o tema, o que é relevante para a área. A instituição de ensino poderá

aperfeiçoar a prática pedagógica adotada a partir dos resultados obtidos, que

estarão disponíveis aos responsáveis pela instituição e aos participantes do estudo.

Meu (minha) filho (a) poderá ser beneficiado (a) ao participar ativamente no seu

processo de ensino aprendizagem, tendo a possibilidade de selecionar temas e

conteúdos de seu interesse, construindo uma aprendizagem mais autônoma e

consciente. Além disso, ele terá oportunidade para apresentar sua análise pessoal

sobre a pesquisa e sobre as aulas de Educação Física.

216

10. Poderei entrar em contato, através dos telefones apresentados abaixo, com o

Profa. Aline Rodrigues Santos ou com a Profa. Elisabete dos Santos Freire. Poderei,

também, entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da USTJ, através do

telefone (11) 2799-1944, para apresentar recursos ou reclamações em relação à

pesquisa.

11. Este Termo de Autorização possui duas vias e, após a assinatura e rubrica de

todas as páginas, uma delas permanecerá em meu poder e outra com os

pesquisadores.

Vinhedo, ____ de ______________ de ______

Assinatura do pai ou responsável

Profa. Aline Rodrigues Santos

Pesquisador

Telefone: (11) 98125-1708

Profa. Dra. Elisabete dos Santos Freire

Pesquisadora

Telefone: (11) 99571-9600

217

Anexo III – Termo de Assentimento dos Participante da Pesquisa – Alunos

Eu, ________________________________________________, concordo em

participar da pesquisa: “Pedagogias participativas e Educação Física Escolar:

Uma experiência no Ensino Fundamental”. Elaborada pela professora Aline.

Ao apresentar a pesquisa, a professora Aline explicou os objetivos da pesquisa e

como nós participaremos delas. Ela leu este termo conosco e respondeu nossas

questões, para que não tivéssemos nenhuma dúvida. Depois da explicação da

professora, eu entendi que:

1. O objetivo é aplicar uma nova proposta nas aulas de Educação Física e

analisar o que nós achamos bom e o que foi ruim nesta proposta.

2. A pesquisa acontecerá na nossa escola, durante as aulas de Educação

Física e todos os alunos que quiserem e que forem autorizados pelos pais

poderão participar.

3. Não sou obrigado ou obrigada a participar da pesquisa e, mesmo que eu

participe, poderei desistir a qualquer momento.

4. Durante a pesquisa, a professora ensinará alguns conhecimentos e realizará

atividades para saber se conseguimos aprender esses conhecimentos.

5. Minha participação na pesquisa não influenciará na nota final da Educação

Física.

6. A professora nos observará e, em alguns momentos, anotará o que acontece

nas aulas. Além disso, participarei de diversas atividades, como debates,

entrevistas e dinâmicas em grupo, que serão gravadas em áudio e vídeo.

Caso eu me incomode com isso, poderei cancelar minha participação.

7. Também participarei das aulas, tirando foto daquilo que eu achar importante.

8. Não serão divulgadas informações a meu respeito ou a respeito de meus

colegas.

9. Caso aconteça algum acidente ou ferimento durante as aulas, meus pais

serão informados e serei atendido por profissionais preparados.

10. Ao participar desta pesquisa poderei aprender novos conhecimentos sobre a

Educação Física.

218

11. Uma cópia deste documento ficará comigo e outra com a professora.

Vinhedo, ____ de ______________ de ______

_________________________________

Participante da pesquisa

Profª. Aline Rodrigues Santos

Pesquisador

Telefone: (11) 98125-1708

219

Anexo IV – Termo de Assentimento dos Participante da Pesquisa – Professora

Eu, _________________________________________________________, nascida

(o) em _____/_____/______, portador (a) do RG nº. __________________, estou

ciente que ao assinar este documento declaro que concordo com a minha

participação na pesquisa intitulada “Pedagogias participativas e Educação Física

Escolar: Uma experiência no Ensino Fundamental”, realizada pela Profª. Aline

Rodrigues Santos e pela Profª. Dra. Elisabete dos Santos Freire.

Ao apresentar a pesquisa, a professora Aline explicou os objetivos da pesquisa e

como nós participaremos delas. Ela leu este termo conosco e respondeu nossas

questões, para que não tivéssemos nenhuma dúvida. Depois da explicação da

professora, eu entendi que:

1. Os objetivos desta pesquisa são: analisar uma experiência na Educação

Física Escolar pautada numa perspectiva participativa com a abordagem de

projetos e conhecer a percepção da professora e dos alunos envolvidos na

implementação

2. A pesquisa acontecerá na nossa escola, durante as aulas de Educação

Física e todos os alunos que quiserem e que forem autorizados pelos pais

poderão participar.

3. O projeto será aplicado por um semestre letivo. Serão utilizados alguns

instrumentos para auxiliar na obtenção das informações, como a) a

observação participante, b) o diálogo com os estudantes (por meio de

entrevistas coletivas; rodas de conversa, registro fotográfico feito pelos

alunos e outras dinâmicas de grupo) c) a construção de diário de campo,

registrando as impressões da professora quanto ao processo de

implementação do projeto. d) entrevista com os professores. As aulas e o

diálogo entre professora e alunos serão registrados em áudio e em vídeo.

4. A participação na pesquisa é voluntária e poderá ser interrompida a qualquer

momento.

220

5. Todos os dados pessoais dos envolvidos serão mantidos em sigilo. As aulas

e dinâmicas gravadas em áudio e vídeo, serão transcritas. Os registros serão

guardados por cinco anos e, posteriormente, serão apagados. Os resultados

gerais obtidos através da pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os

objetivos expostos acima, incluindo sua publicação na literatura científica

especializada.

6. Poderei entrar em contato, através dos telefones apresentados abaixo, com

o Profa. Aline Rodrigues Santos ou com a Profa. Elisabete dos Santos Freire.

Poderei, também, entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da

USTJ, através do telefone (11) 2799-1944, para apresentar recursos ou

reclamações em relação à pesquisa.

7. Este Termo de Autorização possui duas vias e, após a assinatura e rubrica

de todas as páginas, uma delas permanecerá em meu poder e outra com as

pesquisadoras.

Vinhedo, ____ de ______________ de ______

_________________________________

Participante da pesquisa

Profª. Aline Rodrigues Santos

Pesquisador

Telefone: (11) 98125-1708

221

ANEXO V – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP – COMITE DE ÉTICA EM

PESQUISA

222

223