atividade rural familiar: enfoque em caso prático e uma granja de corte
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
LUÍS FELIPE GUIMARÃES PELLUZI
ATIVIDADE RURAL FAMILIAR: ENFOQUE EM UM CASO PRÁTICO
DE UMA GRANJA DE CORTE
CUIABÁ - MT
2013
LUÍS FELIPE GUIMARÃES PELLUZI
ATIVIDADE RURAL FAMILIAR: ENFOQUE EM UM CASO PRÁTICO
DE UMA GRANJA DE CORTE
Monografia apresentada junto ao Curso de Ciências
Contábeis da Universidade Federal de Mato Grosso,
como requisito para obtenção do título de Bacharel
em Contabilidade.
Orientador: Professor Doutor Benedito Albuquerque da Silva
CUIABÁ - MT
JANEIRO 2013
LUÍS FELIPE GUIMARÃES PELLUZI
ATIVIDADE RURAL FAMILIAR: ENFOQUE EM UM CASO PRÁTICO
DE UMA GRANJA DE FRANGO DE CORTE
Monografia defendida e aprovada em ____/____/____ pela banca examinadora constituída
pelos professores:
______________________________________Professor
______________________________________Professor
______________________________________Professor
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais e minha madrinha pelo incentivo e apoio necessário em toda minha jornada.
Aos professores da Faculdade de Ciências Contábeis, em especial ao Professor Benedito
Albuquerque da Silva pelo auxilio neste trabalho e ao Professor Adail José pelo apoio a volta
ao curso de Ciências Contábeis.
Aos amigos pela ajuda em diversos momentos.
À Rosângela Aparecida Vicente Söhn pelo suporte ao acesso às bibliografias.
RESUMO
Esta monografia tem como objetivo desenvolver um estudo sobre a atividade rural familiar, sendo demonstrada sua participação e importância para economia e sociedade brasileira, com um enfoque exclusivo na avicultura, criação de frango de corte. Através desta importância um caso prático real é estudado a fim de avaliar se esta granja é autossustentável e esta sob o que se espera para a atividade rural familiar. Os dados são levantados conforme leis e práticas contábeis pertinentes a este tipo de atividade, sendo estes expostos devidamente neste trabalho. Ao final, foi possível concluir que a contabilização inadequada pelo produtor não traduz a real situação de sua atividade, deste modo o mesmo não possui informações gerencias para tomada de decisões que solucionariam seus problemas.
Palavras-chaves: atividade rural familiar, frango de corte, custo de manutenção.
ABSTRACT
This monograph aims to develop a study on the rural family activity, and demonstrated its involvement and importance to the economy and society in Brazil, with an exclusive focus on poultry, rearing of broilers. Through this real importance of a practical case is studied in order to assess if this farm is self-sustaining and is under the expected activity for the rural family. Data are collected as laws and accounting practices relevant to this type of activity, which are exposed in this work properly. At the end, we concluded that the improper accounting by the producer does not reflect the real situation of their activity, so it does not have information for managerial decision-making that would sort their problems out.
Keywords: rural family activity, broiler, maintenance cost.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................12
1. ASPECTOS GERAIS SOBRE ATIVIDADE RURAL, ATIVIDADE RURAL
FAMILIAR E AVICULTURA..............................................................................................14
2. ASPECTOS CONTÁBEIS E FISCAIS NA ATIVIDADE DE AVICULTURA NA
ÁREA DE PRODUÇÃO DE CARNE...................................................................................18
1.1 ATIVO CIRCULANTE > ESTOQUE:.....................................................................18
1.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE > IMOBILIZADO:...................................................19
1.2.1 Depreciação.........................................................................................................19
1.3 ESCRITURAÇÃO.....................................................................................................20
1.3.1 Livro caixa..........................................................................................................20
1.3.2 Registros contábeis.............................................................................................23
1.3.3 Encerramento de exercício..................................................................................25
1.4 IMPOSTO DE RENDA.............................................................................................25
1.4.1 Formas de apuração............................................................................................25
1.4.2 Receita bruta.......................................................................................................26
1.4.3 Reconhecimento da despesa...............................................................................28
1.4.4 Despesa de custeio e investimento......................................................................29
1.4.5 Custo dos bens adquiridos..................................................................................30
1.4.6 Custo na alienação de imóvel rural.....................................................................31
1.4.7 Aquisição a prazo................................................................................................31
1.4.8 Resultado da Atividade Rural.............................................................................34
1.4.9 Compensação de Prejuízos.................................................................................34
1.5 Classificação Dos Custos...........................................................................................35
1.5.1 Gastos..................................................................................................................35
1.5.2 Investimentos......................................................................................................35
1.5.3 Despesas..............................................................................................................36
1.5.4 Custos..................................................................................................................36
1.5.5 Desembolso.........................................................................................................42
3. CASO PRÁTICO............................................................................................................43
1.6 ABORDAGEM DA GRANJA...................................................................................43
1.7 RESULTADO............................................................................................................43
1.7.1 Mapa de Custos...................................................................................................44
1.7.2 Fase de Confinamento.........................................................................................47
1.7.3 Fase de Piquete...................................................................................................49
CONCLUSÃO.........................................................................................................................53
REFERÊNCIAS......................................................................................................................55
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 – Consumo per Capita de Carne de Frango por quilogramas.................................16Gráfico 02 – Produção de Carne de Frango por milhões de toneladas.....................................16Gráfico 03 – Custos variáveis relativos da primeira fase.........................................................48Gráfico 04 – Custos variáveis relativos da segunda fase..........................................................50Gráfico 05 – Custos e despesas fixas........................................................................................51
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 – Tabela de depreciação de animais vivos 22Tabela 02 – Cálculo da mão-de-obra direta 44Tabela 03 – Cálculo do custo da ração 45Tabela 04 – Cálculo do custo da matéria-prima pintinhos 45Tabela 05 – Cálculo do custo da medicação 45Tabela 07 – Cálculo da depreciação do poço artesiano 46Tabela 08 – Cálculo do custo da energia elétrica 46Tabela 09 – Outros custos 46Tabela 10 – Custo Direto da fase de confinamento 47Tabela 11 – Custos Indiretos da fase de confinamento 47Tabela 12 – Total dos custos variáveis da primeira fase 47Tabela 13 – Custo direto da fase de piquete 49Tabela 14 – Total dos custos variáveis da segunda fase 49Tabela 15 – Custos fixos 50Tabela 16 – Demonstração de Resultado Econômico 51Tabela 17 – Demonstração de Resultado Financeiro 52
LISTA DE QUADROS E FIGURAS
Figura 01 – Livro Caixa 24Figura 02 – Livro Caixa Manual 25Figura 03 – Livro Caixa Eletrônico 26Figura 04 – Tabela de custos dos pintinhos em sua primeira e segunda etapa de criação 27Figura 05 – Classificação dos frangos no ativo circulante por qualidade 28Figura 06 – Recebimento de venda a prazo 30Figura 07 – Receita proveniente de cotação a maior conforme contrato celebrado 31Figura 08 – Exemplo escrituração livro caixa devolução de venda 32Figura 09 – Venda de frango com devolução parcial da venda 32Figura 10 – Despesas provenientes a cotação a menor conforme contrato celebrado 32Figura 11 – Pagamento das parcelas da aquisição a prazo 35Figura 12 – Despesas provenientes da aquisição do empréstimo e resevatório 35Figura 13 – Despesas provenientes do pagamento de encargos financeiros 36Figura 14 – Despesas provenientes de pagamento de consórcio 37Figura 15 – Diagrama da classificação de gastos 38Figura 16 – Diagrama de Custo Direto 40Figura 17 – Diagrama de Custo Indireto 42
11
LISTA DE ABREVIATURAS
MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
UBABEF União Brasileira de Avicultura
MCR Manual de Crédito Rural
RIR Resolução do Imposto de Renda
IR Imposto de Renda
VTN Valor relativo à Terra Nua
NBC
IAPAR
Normas Brasileiras de Contabilidade
Instituto Agrônomo do Paraná
PROAG
O
Programa de Garantia da Atividade Agropecuária
AGF Aquisições do Governo Federal
NBC Normas Brasileiras de Contabilidade
12
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa trata sobre a atividade rural familiar com um foque exclusivo para
avicultura, criação de frango de corte. A importância e a grande participação da atividade
familiar na economia brasileira, tanto para os produtores quanto aos consumidores destes
produtos.
A justificativa deste trabalho está em demonstrar a importância da contabilidade
custos e da sua devida mensuração, pois estes fatores demonstram o caminho que o produtor
está seguindo em sua produção, seja um caminho de lucro ou prejuízo, chegando até mesmo,
sem perceber, retirar recursos próprios para alimentar uma atividade sem retorno.
Em vista da importância exposta o estudo busca um caso prático real para se detectar
como anda a saúde financeira de uma granja, levando ao entendimento de como está o
resultado desta, bem como, apontar itens relevantes que poderão nortear os caminhos
contábeis a serem utilizados para mensurar os dados necessários.
A problemática é a relação entre o proprietário e seus levantamentos de dados. O
proprietário da granja apura seus custos? Se ele apura, há alguma metodologia contábil para
que haja uma mensuração adequada? Então como fazer para um controle mais adequado na
apuração dos dados?
Devido ao alto grau de informalidade que predomina na agricultura familiar, os
pequenos produtores não adotam as praticas do registro contábil então, isso pode levá-los ao
desconhecimento dos seus custos e do seu resultado real.
Para alcançar o objetivo deste trabalho o caminho a ser percorrido está em apresentar
os aspectos contábeis voltados para a produção de frango de corte, o regime contábil, neste
caso o regime de caixa, exposições das praticas e das leis vigentes para esta atividade, bem
como casos práticos teóricos para cada lei e por fim o levantamento de dados através
aplicação dos itens apresentados, chegando ao resultado da granja em estudo, usando de uma
tradução mais acessível possível, pensando que este trabalho seja instrumento de auxilio para
um publico não habituado com a contabilidade de custos.
Para atender a metodologia a granja em estudo será acompanhada por um período de
quatro meses consecutivos, este período é o ciclo para maturação do produto final, desde sua
aquisição até o momento de sua venda.
13
Após toda coleta, os dados serão processados através de uma planilha estruturada, de
maneira específica para este estudo e assim a ter informação para conclusões sobre os custos
de manutenção do objeto em estudo, juntamente com sua situação financeira.
A monografia está divida em seções sendo: na 1ª seção será apresentada uma
discussão teórico-conceitual acerca da atividade rural, agricultura familiar e avicultura, na 2ª
seção serão abordados os aspectos contábeis e fiscais pertinentes à atividade de avicultura e
por fim na 3ª seção será apresentando um caso prático de uma granja.
14
1. ASPECTOS GERAIS SOBRE ATIVIDADE RURAL, ATIVIDADE RURAL
FAMILIAR E AVICULTURA
Marion (2007 p. 24) define as empresas rurais sendo “aquelas que exploram a
capacidade produtiva do solo através do cultivo da terra, da criação de animais e da
transformação de determinados produtos agrícolas". Seguindo nesta definição, atividade rural
é o objeto que uma empresa exerce e que este objeto acaba por traduzir tal atividade em uma
empresa rural.
Assumindo a atividade rural como objeto, então ele pode ser exercido pela uma
empresa ou por outrem, no parágrafo acima foi exposta a definição de empresas rurais
conforme Marion, mas se esta atividade for exercida por uma pessoa física ela torna então
atividade rural família. Conforme definição do Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS) a atividade rural familiar é uma forma de produção rural que é
exercida pelo trabalho familiar, ou seja, é a pessoa física que utiliza desta produção como
fonte de renda.
A atividade rural familiar é responsável pela produção dos principais alimentos
consumidos pela população brasileira, logo que o último Censo Agropecuário (2006)
realizado Pelo Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstrou que cerca
de 60% dos alimentos consumidos pela população brasileira são provenientes de agricultores
familiares, aonde no plantel de aves é responsável por 50%.
Dentro da atividade rural há a atividade agrícola, zootécnica e a agroindustrial. Dentre
elas este trabalho seguirá na atividade zootécnica, criação de animais, em especial a
avicultura, que é a criação de aves e seus derivados para a produção de alimentos,
especialmente a carne e ovos.
Ela abrange em grande escala o frango, contudo em menor escala há também a criação
de gansos, codornas, marrecos, avestruzes e patos.
O setor da avicultura de frango é remanejado em três áreas:
a) Produção de ovos com as galinhas poedeiras;
b) Produção de carne com as aves mais pesadas;
c) A dupla produção (tanto produção de ovos e de carnes).
15
Quando relacionada com a produção de carne, é a atividade avícola é mais dinâmica
do setor, desenvolvida na Região Sudeste, principalmente em São Paulo, em 1950. Foi na
década de 70 o período que houve uma maior reorganização do complexo de produção de
carne no Brasil, deslocando-se para outras regiões sendo a atividade liderada então pelos
estados de Santa Catarina e Mato Grosso.
A qualidade, a ideia de um produto saudável e os preços mais acessíveis auxiliou uma
mudança no hábito de consumo de carnes de um país preponderantemente consumidor de
carne bovina para consumo da carne de frango. Haja vista que se trata de bens substitutos, ou
seja, a presença de um bem omite a presença de outro (empiricamente nota-se este fato nas
refeições na qual, em situação comum, ora escolhe carne bovina ora carne de frango).
Com este novo hábito de consumo de carne de frango, observa-se o crescimento do
consumo per capita do mesmo, que em 2000 estava em 29,91kg por habitante e que no ano de
2011 houve um significativo crescimento de 59%, ou seja, 47.38kg por habitante.
Evidente que este aumento da demanda interna leva no aumento da produção, então no
ano de 2000 a produção de 5.98 milhões de toneladas de carne de frango atingiu o número de
13,05 milhões, mais que duplicou.
Há também de notar que dentro do consumo da carne de frango existe também uma
parcela referente á exportação, todavia 70% do consumo são destinadas ao mercado interno, o
que demonstra o Relatório anual do ano de 2012 da União Brasileira de Avicultura
(UBABEF).
16
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
29.9131.82
33.81 33.34 33.89 35.48 35.68 37.02 38.47 38.47
44.0947.38
Consumo per Capita (kg/hab)
Gráfico 01 – Consumo per Capita de Carne de Frango por quilogramas
FONTE: UBABEF. RELATÓRIO ANUAL, 2012, p. 23
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
5.986.74
7.52 7.848.49 8.95 9.34
10.3110.94 10.98
12.2313.05
Produção de Carne de Frango (milhões toneladas)
Gráfico 02 – Produção de Carne de Frango por milhões de toneladas
FONTE: UBABEF. RELATÓRIO ANUAL, 2012, p. 22
O grande aumento do consumo da carne de frango leva o aumento da participação dos
produtores familiares na economia. Na oportunidade desta participação de agricultores
familiares o governo brasileiro, em 2002, criou o Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (PRONAF).
O PRONAF disponibiliza recursos para tais produtores de porte familiar, lembrando
que não somente para os criadores de frango, tenham como custear a sua produção e a
comercialização de seus produtos, deste modo a incentivar também a métodos de produção
17
mais eficientes, que por consequência trazem uma melhoria no uso dos recursos naturais e
puxando também o avanço no padrão de vida da população rural.
Então de acordo com Manual de Crédito Rural (MCR). Resolução nº 3.3559, o
PRONAF destina-se
“ao apoio financeiro das atividades agropecuárias e não-agropecuárias exploradas
mediante emprego direto da força de trabalho da família produtora rural,
entendendo-se por atividades não-agropecuárias os serviços relacionados com
turismo rural, produção artesanal, agronegócio familiar e outras prestações de
serviços no meio rural, que sejam compatíveis com a natureza da exploração rural e
com o melhor emprego da mão-de-obra familiar”
Para acessar os créditos do PRONAF é necessário obter nos sindicatos uma declaração
chamada de Declaração de Aptidão. Após o preenchimento desta declaração, haverá uma
avaliação conforme a renda anual do produtor e as atividades exploradas.
18
2. ASPECTOS CONTÁBEIS E FISCAIS NA ATIVIDADE DE AVICULTURA
NA ÁREA DE PRODUÇÃO DE CARNE
A Contabilidade Rural, apesar de seguir as Práticas Contábeis, possui características
próprias, pois o seu ciclo operacional tem um tempo maior que as empresas convencionais,
logo a definição para curto prazo costuma ser maior que um ano. Por exemplo, a criação de
gado, haja vista que o mesmo leva um período de tempo maior do que um ano para nascer,
crescer e estar com tamanho ideal para o abate. Outra característica notável é a presença
muito frequente da contra patrimonial reserva de contingência, devido à imprevisibilidade
das atividades agrícolas (secas, pragas, geadas etc). No entanto, neste estudo será
apresentada somente a contabilização no que toca mais a criação pecuária/avícola.
Para as atividades das Entidades Pecuárias, o registro contábil abrange desde a
fecundação, até a comercialização, dividindo-se em:
a) Cria e recria de animais para comercialização de matrizes;
b) Cria, recria ou compra de animais para engorda e comercialização;
c) Cria, recria ou compra de animais para comercialização de seus produtos derivados,
como.
1.1 ATIVO CIRCULANTE > ESTOQUE:
Portanto, os rebanhos que são de interesses à venda ou a consumo serão registrados
nessa conta e ficarão sujeitos à avaliação de estoque, devido a sua finalidade, pelo preço de
mercado, custo médio ou inventário físico conforme o Parecer Normativo Coordenador de
Sistema de Tributação nº 6/79.
Recomenda-se que a cria recém-nascida seja classificada de início Ativo Circulante >
Estoque até que atinja a idade necessária para realizar suas atividades, feito isto, esta cria
será analisada conforme sua finalidade podendo ser reclassificada para o Imobilizado.
O valor do custo das novas crias poderá ser apurado pelo preço real de custo ou pelo
preço corrente de mercado, nesse último caso podendo gerar uma receita de superveniência
ativa, isto é, aumento do ativo e como contrapartida o aumento líquido do patrimônio.
O produtor adquire para sua propriedade 1.000 unidades de pintinhos ao preço de
mercado de R$ 1,70, totalizando R$ 1.700,00. Ao final do seu exercício social ao inventariar
seu patrimônio ele faz uma nova pesquisa de mercado e verifica que seus pintinhos valem
19
agora R$ 2,00, ou seja, ele teve um ganho de R$ 300,00 (R$ 0,30 por unidade). Observa-se
que este ganho de Ativo ocorre sem um correspondente esforço realizado no Passivo, assim
ocasiona-se, como contra partida, o aumento direto do patrimônio.
O desaparecimento ou morte de animais terão seus valores registrados em conta de
resultado como insubsistências ativas, ou seja, diminuição do ativo em contra partida a
diminuição liquida do patrimônio.
Utilizando os dados do exemplo acima, o mesmo produtor que adquirir as 1.000
unidades de pintinhos, ao levantar o seu inventário percebe que houve um sumiço,
proveniente talvez de alguma fuga, de 200 unidades (ao preço de aquisição de R$ 1,70) no
total de R$ 340,00. Este prejuízo decorre independentemente de qualquer ação de terceiros
ou do proprietário, então sua contra partida acaba por ser a diminuição direta de seu
patrimônio.
1.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE > IMOBILIZADO:
a) Cria Reprodutora: representado por bovinos, suínos, ovinos, equinos e outros
animais destinados à reprodução, ainda que por inseminação artificial;
b) Cria de Renda: representado por bovinos, suínos, ovinos, equinos e outros animais
que o produtor explora para produção de bens que constituem objeto de suas
atividades;
c) Animais de Trabalho: representados por equinos, bovinos, muares, asininos
destinados a trabalhos agrícolas, sela e transporte.
Nota-se que os animais quando presentes no Imobilizado são passíveis de
Depreciação Acumulada, tal depreciação deverá ocorrer no momento que os animais forem
postos as suas atividades.
1.2.1 Depreciação
Conforme a Instrução Normativa nº 162 de 31.12.98, publicada no Suplemento
Especial Informare nº 02/99, segue a baixo as taxas de depreciação para bens vivos:
TABELA DE DEPRECIAÇÃO
Taxa Anual de 20% Taxa anual de 50%
Bovino Aves vivas
Suíno Galos
Cavalar Galinhas
20
Assinino Patos
Muar Gansos
Ovino Peru
Caprino Peruas
---- Galinhas de angola
Tabela 01 – Tabela de depreciação de animais vivos
FONTE: INSTRUÇÃO NORMATIVA nº 162, 1998
Se por fins gerenciais o produtor deseje adotar taxas de depreciação maiores daquela
permitidas pela legislação fiscal, deve proceder a comprovação mediante laudo pericial do
Instituto Nacional de Tecnologia, ou de outra entidade oficial de pesquisa científica ou
tecnológica que valide o critério adotado.
O produtor pode utilizar taxas inferiores às admitidas, ou até mesmo deixar de
contabilizar os encargos de depreciação, haja vista a não há obrigatoriedade do cálculo e
registro da depreciação para esta atividade. Mas, se a produtor adotar esta prática em um
determinado período, não poderá recuperar os valores em períodos posteriores, mediante a
utilização de taxas superiores às máximas admitidas para cada exercício.
Um dado produtor adquire 1.000 unidades de aves vivas no ano de X1 pelo valor
1,50 cada unidade. Neste em que o produtor adquiriu estas aves, por motivos quaisquer, ele
decide não calcular a depreciação delas. Se ele tivesse calculado esta depreciação, este ativo
estaria na situação de R$ 750,00 (sendo R$1.500,00 menos a depreciação de 50%).
Como ele não calculou a depreciação em X1, ele não poderá recuperar este valor de
50% depreciando 100% no ano de X2, embora matematicamente fosse o mesmo que os
devidos 50% do ano de X1 e os 50% do ano de X2.
1.3 ESCRITURAÇÃO
Para a atividade rural de pessoa física utiliza-se para fins tributários o regime de
Caixa, conforme a Resolução do Imposto de Renda (RIR) publicada no Diário Oficial em
29/03/1999.
1.3.1 Livro caixa
O livro Caixa contém todas as entradas e saídas do dinheiro em cédula, não podendo
confundi-lo com o dinheiro disponível em contas de movimentação bancária. Logo uma das
21
coisas que se deve saber na hora de escriturar é que o depósito em banco é registrado como
saída e a retirada do banco é registrada como entrada.
O livro deve apresentar campos para o registro de entradas, saídas e saldos, ao lado
do campo histórico, ou seja, descriminação do valor registrado e a data da ocorrência do
fato.
LIVRO CAIXA
MOVIMENTO REFERENTE AO MÊS XX DO ANO YYYY
DATA HISTÓRICO ENTRADA SAÍDA SALDO
Figura 01 – Livro Caixa
FONTE: PORTAL TRIBUTÁRIO
No regime de caixa as despesas e as receitas são devidamente registradas e
reconhecidas somente no ato do seu desembolso ou recebimento. Assim as vendas ou as
aquisições realizadas a prazo somente serão escrituradas no ato financeiro.
No próximo subcapítulo, o qual trata sobre o Imposto de Renda, oportunamente será
estudado sobre os registros das receitas e despesas e a manutenção de seus documentos.
a) Livro caixa manual
Por mais que hoje seja fácil a aquisição de computadores, cada vez mais presente nas
famílias, ainda pode encontrar zonas de agricultura familiar carentes deste meio, ou até
mesmo pessoas ainda não habituadas com o seu uso, para isto o Livro Caixa pode ser
adquirido em papelarias especializadas no fornecimento de livros contábeis e fiscais.
Geralmente os vilarejos de zona rural costumam ter um mercado/papelaria que o
disponibilize, já que nestes lugares são sítios passivos para sua demanda.
22
Figura 02 – Livro Caixa Manual
FONTE. GOOGLE, ex LIVRO CAIXA MANUAL
b) Livro caixa eletrônico
Em vista de tal problema, erros possíveis na escrituração manual, a sua escrituração
pode ser feita de forma mecanizada ou em programas de computadores, além de evitar
rasuras e minimizar os erros de somatória, possibilita também, através de funções opcionais,
a assessoria dos controles de contas a pagar e a receber, desta forma auxiliando um melhor
gerenciamento.
Figura 03 – Livro Caixa Eletrônico
FONTE: GOOGLE, ex LIVRO CAIXA ELETRÔNICO
23
1.3.2 Registros contábeis
Os registros contábeis devem evidenciar as contas de resultado (receitas, custos e
despesas), com obediência Práticas Contábeis, segundo as Normas Brasileiras Contabilidade
(NBC) T-10, Atividades Agropecuárias.
A avaliação dos animais gerados da cria, ou da compra para recria ou engorda é dada
pelo seu valor original conforme sua formação, incluindo todos os custos (diretos e
indiretos) ocorridos no período, tais como: rações, medicamentos, vacinas, mão-de-obra e
respectivos encargos sociais, combustíveis, energia elétrica, depreciações de prédios,
máquinas e equipamentos utilizados na produção, seguros, fretes entre outros. Os
componentes patrimoniais devem ser analisados da seguinte maneira:
a) O nascimento de animais, conforme o custo acumulado do período (energia elétrica,
mão-de-obra, depreciação do prédio etc), dividido pelo número de animais nascidos;
b) Os custos com os animais devem ser agregados ao valor original à medida que são
incorridos, de acordo com as diversas fases de crescimento;
c) Os estoques de animais devem ser avaliados segundo a idade e a qualidade dos
mesmos;
Admita-se que o produtor adquira 500 unidades de pintinhos pelo valor de R$ 1,50
cada com a finalidade de engorda para posteriormente revende-los. Estes pintinhos possuem
duas etapas em seu ciclo de produção: sendo a primeira etapa o confinamento, com duração
de um mês, e a segunda o piquete, com duração de quatro meses.
Na primeira etapa os custos são: mão-de-obra R$ 560,00; energia elétrica R$ 120,00;
alimentação R$ 15,00; e depreciação do balcão R$ 100,00.
Na segunda etapa os custos são: mão-de-obra R$ 2.240,00; energia elétrica R$
200,00; alimentação R$ 80,00; e depreciação das instalações do piquete R$ 30,00.
24
TABELA DE CUSTOS
Primeira Etapa (Confinamento) Segunda Etapa (Piquete)
Custos Valor Custos Valor
Mão-de-obra 560.00 Mão-de-obra 2240.00
Energia elétrica 120.00 Energia elétrica 200.00
Alimentação 15.00 Alimentação 80.00
Depreciação 100.00 Depreciação 30.00
Total 795.00 Total 2550.00
Número de crias 500 Número de crias 500Total unitário 5.1000
Total unitário da etapa anteior 1.5900
Total Unitário 1.5900 Somatória dos totais unitário 6.6900
Figura 04 – Tabela de custos dos pintinhos em sua primeira e segunda etapa de criação
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
A tabela acima demonstra a composição dos custos conforme a fase da vida das
crias, ou seja, as crias do exemplo dado são divididas na fase de confinamento e piquete: a
primeira é quando ainda são pintinhos e não desenvolveram o porte suficiente para criação
em locais abertos. A segunda já é quando os pintinhos desenvolveram o porte necessário
para criação no ambiente aberto.
Nota-se que o custo da etapa anterior é transferido para o final da segunda etapa,
neste caso perfazendo o valor de R$ 6,69 por cria.
Com os dados do exemplo supracitado, admita-se uma nova hipótese, de qual, das
500 crias, já na segunda etapa, isto é, na forma de frango, 50 delas apresentam a bouba
aviária (doença), deste modo diminuindo a qualidade das mesmas.
Conforme o item (c) da NBC T-10, Atividades Agropecuárias, a classificação das
crias em estoque deve ser separadas de acordo com a idade e a qualidade de cada uma,
ficando então no Balanço Patrimonial classificadas da seguinte maneira:
ATIVO CIRCULANTE 3345.00
Estoque 3345.00
Frangos 3010.50
Frangos com doenças 334.50
Figura 05 – Classificação dos frangos no ativo circulante por qualidade
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
Os animais destinados à reprodução ou à produção de derivados, quando deixarem de
ser utilizados para tais finalidades, antes presente no Ativo Não-Circulante > Imobilizado
25
agora devem ter seus valores transferidos para o Ativo Circulante > Estoque, pelo seu valor
contábil unitário;
As perdas por morte natural devem ser contabilizadas como despesa operacional,
haja vista que este é um risco inerente à atividade;
Os ganhos decorrentes da avaliação de estoques do produto pelo valor de mercado
devem ser contabilizados como receita operacional, em cada exercício social.
1.3.3 Encerramento de exercício
Com o advento da Lei nº 7.450/85, o Imposto de Renda tornou-se obrigatório para
todas as empresas, o exercício social coincidindo com o ano civil, ou seja, de 1º de janeiro a
31 de dezembro.
Essa imposição legal causa sérios prejuízos à contabilidade rural, devido a seu
exercício social que não costuma coincidir com o ano social, por isso nada impede que se
faça o encerramento do exercício conforme o encerramento de sua atividade, ou seja,
coincidente com a época de compra, ou do nascimento das crias ou da venda dos produtos,
pois será de extrema relevância gerencial esta conciliação entre o exercício social rural e
incidência do Imposto de Renda (IR).
1.4 IMPOSTO DE RENDA
O conteúdo a ser apresentado sobre Imposto de Renda está fundamento com o
Regulamento do Imposto de Renda, baixado pelo Decreto nº 3.000, de 26/03/1009, editado
pelo Diário Oficial da União de 29/03/1999 – RIR/99.
O produtor rural é tributado do mesmo modo sob as mesmas regras aplicáveis às
demais pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado,
inclusive sujeitando‐se ao adicional do imposto de renda à alíquota de 10% (dez por cento).
Sendo ela uma micro ou pequena empresa ser facultível pelo sitema Simples Nacional.
1.4.1 Formas de apuração
A apuração do IR ocorre sobre o resultado contabilizado no Livro Caixa, este livro
que obrigatoriamente engloba as receitas, as despesas de custeios e os demais valores que
integram a atividade. (Lei n º 9.250, de 1995, art. 18)
O produtor deverá guardar os documentos, com valor e data, que identifiquem as
receitas e as despesas escrituradas no Livro Caixa, haja vista a comprovação da idoneidade
26
da contabilização. Quando uma fiscalização é ocorrida e reconhece a ausência dos
documentos comprobatórios, implicará então o arbitramento da base de cálculo no valor de
20% da receita bruta do ano-calendário.
Os documentos citados no parágrafo acima deverão ser mantidos em poder do
proprietário até a sua decadência ou prescrição. Todavia, um produtor que em um aufira
uma receita anual no valor máximo de R$ 56.000,00 torna-se facultativo a guarda dos
documentos, deste modo sendo dispensado o Livro Caixa, porém de qualquer modo a
contabilização dos fatos ocorridos é de suma importância para fins gerenciais.
a) Declaração em conjunto
Os cônjuges poderão facultar pela tributação em conjunto de seus rendimentos,
mesmo que estes rendimentos sejam provenientes de bens que tenham cláusula prevendo a
incomunicabilidade ou inalienabilidade, da atividade rural e das pensões de gozo privativo.
b) Arrendatários, condôminos e parceiros
Os arrendatários, os condôminos e os parceiros na exploração da atividade rural, que
esteja comprovada documentalmente esta situação, pagarão o imposto separadamente, na
proporção dos rendimentos que couberem a cada um.
Na hipótese de parceria rural, o pagamento individual somente ocorrerá aos
rendimentos para o qual o parceiro tiver assumido os riscos inerentes à exploração da
respectiva atividade.
1.4.2 Receita bruta
Constituem a Receita Bruta, conforme o RIR/99:
a) Somatória das Vendas;
b) Valores recebidos de órgãos públicos, tais como auxílios, subsídios, subvenções,
indenizações recebidas do PROAGO (Programa de Garantia da Atividade
Agropecuária) e as Aquisições do Governo Federal (AGF);
c) Montante ressarcido ao produtor agrícola, pela implantação e manutenção da cultura
fumageira (criação de fumo);
d) O Valor dos produtos agrícolas entregues em permuta com outros bens ou então
entregues como forma de pagamento;
27
e) O valor pelo qual o produtor subscreve os bens utilizados na atividade rural, os
produtos e os animais dela decorrentes, a título da integralização do capital;
f) O valor da alienação de bens utilizados, exclusivamente, na exploração da atividade
rural, exceto o valor da terra nua, ainda que adquiridos pelas modalidades de
arrendamento mercantil e consórcio.
Na atividade rural o reconhecimento das receitas e das despesas se dá pelo regime de
caixa, entretanto o adiantamento de recursos financeiros, recebidos mediantes contrato de
compra e venda, será contabilizado como receita somente no mês da efetiva entrega do
produto. No entanto se após a entrega do produto haja também a devolução de algum valor
(referente a este contrato de compra e venda) está devolução é reconhecida como despesa no
mês em qual ela ocorreu, porém este caso será devidamente tratado no próximo tópico
(Despesas de Custeio e Investimentos).
Se um produtor realizar uma venda a prazo, devido o regime de caixa, ele não
reconhecerá como receita no momento da venda, mas sim no momento do recebimento da(s)
parcela(s), inclusive com a atualização monetária, quando houver.
Hipoteticamente, um produtor, em janeiro, vende a prazo 400 unidades de frango por
R$ 10,00 cada, no total de R$ 4.000,00 para receber este dinheiro somente em abril, ele terá
somente a receita reconhecida quando efetivamente receber os R$ 4.000,00.
DATA HISTÓRICO ENTRADA SAÍDA SALDO
ABRIL Recebimento da realizada em
Janeiro
4.000,00 4.000,00
Figura 06 – Recebimento de venda a prazo
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
Quando se tratar de venda de produtos sujeitos à cotação do mercado, pode ocorrer
uma diferença entre o preço vendido e o preço cotado pelo mercado, esta diferença, a maior,
na venda é reconhecida como receita, lembrando que deve ser mês de seu recebimento.
Um produtor celebra um contrato no mês de janeiro com seu cliente para entregar
10.000 unidades de frango dentro de dois meses. Quando este contrato foi celebrado ele
previa o preço unitário do frango conforme o preço de mercado, que na época estava no
valor de R$9,00 por unidade. Passado os dois meses, em março, a cotação do frango estava
no valor de R$10,00 por unidade, havendo então um ganho de R$1,00 por unidade.
28
DATA HISTÓRICO ENTRADA SAÍDA SALDO
JANEIRO Venda de 10.000 unidades de
frango conforme contrato
90.000,00 90.000,00
MARÇO Recebimento do valor a maior da
cotação conforme contrato
celebrado
10.000,00 100.000,00
Figura 07 – Receita proveniente de cotação a maior conforme contrato celebrado
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
1.4.3 Reconhecimento da despesa
Já que a atividade rural é contabilizada sob as práticas contábeis de regime de Caixa,
deste modo às despesas são reconhecidas no mês de seus respectivos pagamentos, o mesmo
ocorre na realização de investimentos. (Lei nº 8.023, de 1990, art. 4º, §§ 1º e 2º).
Na seção sobre Receita Bruta, houve o tratamento de contratos de compra e vendas,
quando após a entrega do produto houver também a devolução de algum valor, este valor é
reconhecido como despesa no mês desta devolução. Agora cabe ressaltar que se o valor for
devolvido antes da entrega do produto, não constitui despesa, o que deve ocorrer é a
diminuição do valor recebido pela parte da venda para entrega futura.
Supondo que um produtor vende 100 unidades de frango a R$10,00 para um cliente
no mês de maio e, por descordo qualquer, o cliente devolve 10 unidades de frango, total de
R$100,00 no mês corrente de junho, o vendedor teve uma receita de R$ 1.000,00
inicialmente pela venda das 100 unidades, mas no mês de junho teve uma despesa de
R$100,00 provenientes da devolução.
DATA HISTÓRICO ENTRADA SAÍDA SALDO
MAIO Venda de 100 unidades de frango 1.000,00 1.000,00
JUNH
O
Devolução de venda de 10
unidades de frango
100,00 900,00
Figura 08 – Exemplo escrituração livro caixa devolução de venda
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
Ainda no mesmo exemplo citado acima, se o vendedor devolve, por qualquer motivo,
o valor de R$100,00 ainda no mês me maio, porém o cliente somente devolverá as unidades
de frango em junho, então o que acontece é uma receita no valor total de R$900,00, isto é,
R$9,00 por unidade vendida.
29
DATA HISTÓRICO ENTRADA SAÍDA SALDO
MAIO Venda de 100 unidades de frango 900,00 900,00
Figura 09 – Venda de frango com devolução parcial da venda
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
Diga-se, num exemplo, quando um contrato é celebrado no dia 23 de março de um
ano X, com a data de entrega do produto para o dia 15 de abril deste mesmo ano corrente,
este contrato já prevê o preço de mercado cotado no dia de sua celebração, 23 de março,
porém na data de sua entrega, 15 de abril, são possíveis que haja alguma variação no preço
de mercado do produto, então o preço é corrigido e a diferença a maior é devolvida para o
contratante, respeitando o reconhecimento como despesa conforme a data de sua devolução.
Seguindo em um exemplo, um produtor celebra este contrato no dia 23 de março
com seu cliente para entregar 10.000 unidades de frango dentro de dois meses. Quando este
contrato foi celebrado ele previa o preço unitário do frango conforme o preço de mercado,
que na época estava no valor de R$ 11,00 por unidade. Passado o tempo devido, 15 de abril,
a cotação do frango estava no valor de R$9,50 por unidade, havendo então uma perda de
R$1,50 por unidade.
DATA HISTÓRICO ENTRADA SAÍDA SALDO
MARÇ
O
Venda de 10.000 unidades de
frango a R$11,00
110.000,00 110.000,00
ABRIL Pagamento do valor a menor da
cotação conforme contrato
celebrado
15.000,00 95.000,00
Figura 10 – Despesas provenientes a cotação a menor conforme contrato celebrado
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
1.4.4 Despesa de custeio e investimento
A prosseguir com a definição de despesas de custeio e investimentos, em aval ao
RIR/99:
a) Gastos ocorridos em prol dos rendimentos e à manutenção da fonte produtora,
relacionados com a natureza da atividade rural exercida.
b) O Valor dos produtos rurais entregues em forma de pagamento de dívida;
c) Os investimentos são a aplicação de recursos financeiros (exceto a parcela desta
aplicação que corresponder ao valor da terra nua), durante o ano-calendário, com
30
objetivo de desenvolvimento das atividades, expansão e/ou a melhoria da
produtividade.
No artigo 62, parágrafo 2 º da RIR/99, é possível encontrar os incisos que elucidam o
item (c):
I. As benfeitorias resultantes de construção, instalações, melhoramentos e reparos;
II. Culturas permanentes, essências florestais e pastagens artificiais, lembrando que a
terra nua não é considerada como investimento;
III. A aquisição de utensílios e bens, tratores, implementos e equipamentos, máquinas,
motores, veículos de carga ou utilitários de emprego exclusivo na exploração da
atividade rural;
IV. Os animais de trabalho, de produção e de engorda;
V. Os serviços técnicos especializados, devidamente contratados, visando elevar a
eficiência do uso dos recursos da propriedade ou exploração rural, isto é, a
contratação de uma consultoria/assessoria;
VI. Insumos que contribuam destacadamente para a elevação da produtividade, tais
como reprodutores e matrizes, girinos e alevinos, sementes e mudas selecionadas,
corretivos do solo, fertilizantes, vacinas e defensivos vegetais e animais;
VII. Atividades que visem especificamente à elevação sócio-econômica do trabalhador
rural, tais como casas de trabalhadores, prédios e galpões para atividades recreativas,
educacionais e de saúde;
VIII. Estradas que facilitem o acesso ou a circulação na propriedade, ou seja, melhoria da
logística;
IX. Instalação de aparelhagem de comunicação e de energia elétrica;
X. Fornecimento bolsas para formação de técnicos em atividades rurais, inclusive
gerentes de estabelecimentos e contabilistas.
1.4.5 Custo dos bens adquiridos
Os bens adquiridos, entre o período de 1º de janeiro de 1992 até 31 de dezembro de
1995, são contabilizados pelo seu montante de aquisição, isto é, somatório de todo valor
despendido na aquisição do mesmo, por exemplo, frete, juros de empréstimo, juros passivos,
parcelas, etc, bem como correção monetária do até esta data.
Para os bens adquiridos até do dia 31 de dezembro de 1991 o custo do bem é
mensurado pelo valor de mercado avaliado nesta data. E para os bens aqduiridos depois a
31
partir do dia 1º de janeiro de 1996 os bens são contabilizados pelo seu montante de
aquisição, porém não é permitda qualquer correção monetária.
a) Quando recebido por meio de permuta
Se por ventura o produtor adquiriu tal bem por meio de permuta, o custo deste bem
adquirido é equivalente ao valor da mercadoria dada em permuta acrescido da torna paga.
b) Quando recebido por meio de doações
Na hipótese do bem ter sido por intermédio de doações ou herança, o custo deste
bem pode ser dado: pelo valor mensurado na avaliação do inventário; ou então pelo valor a
qual este bem foi atribuído para que seja base de cálculo do imposto sobre transmissões.
1.4.6 Custo na alienação de imóvel rural
Considera-se o custo do imóvel rural o valor relativo à terra nua (VTN). Porém existe
um detalhe no que toca a data de aquisição deste imóvel e a finalidade do mesmo.
Se a terra foi adquirida para fins de ganhos de capital deve-se observar a sua data de
aquisição, pois se a mesma foi adquirida a partir de 19 de dezembro de 1996, considera-se o
seu custo o valor da terra nua conforme o Documento de Informação e Apuração do ITR,
todavia se ela foi adquirida antes desta data, será considerado o custo de aquisição o valor
que consta na escritura pública deste imóvel.
Nos demais fins, ou seja, excluindo-se a hipótese de aquisição para o intuito de
ganhos de capital, utiliza-se como regra geral o custo VTN.
1.4.7 Aquisição a prazo
Devido à disponibilidade de dinheiro ou outros fatores, o produtor pode fazer alguma
aquisição a prazo, esta aquisição será considerada somente como despesa no mês do
desembolso de cada parcela.
Um produtor decide por adquirir um reservatório de 50.000 litros no valor de
R$6.000,00 para auxiliar em sua produção. Porém ele não disponibiliza de todo este valor,
recorrendo então ao financiamento em três parcelas iguais de R$ 2.000,00, a ser pagas todo
dia 25 de cada mês, a começar pelo mês de sua aquisição, mês de julho.
32
DATA HISTÓRICO ENTRAD
A
SAÍDA SALDO
JULHO Pagamento da primeira parcela 2.000,00 (2.000,00)
AGOSTO Pagamento da segunda parcela 2.000,00 (4.000,00)
SETEMBRO Pagamento da terceira parcela 2.000,00 (6.000,00)
Figura 11 – Pagamento das parcelas da aquisição a prazo
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
a) Empréstimos
É comum a utilização de empréstimo para aquisição de bens, financiamento rural,
todavia será considerada despesa o mês em que o bem adquirido foi pago e não no mês do
pagamento do empréstimo.
Utilizando do exemplo citado anteriormente, o produtor para adquirir o reservatório
de 50.000 litros opta por fazer um empréstimo bancário. Ele efetua no mês no final de maio
para pagamento no mês de agosto. E com o dinheiro do empréstimo ele adquire o devido
reservatório. Sendo então no mês de julho feita a aquisição do resevatório e o devido
reconhecimento da despesa proveniente aquisição do bem
DATA HISTÓRICO ENTRAD
A
SAÍDA SALDO
MAIO Aquisição de empréstimo
bancário
6.000,00 6.000,00
JUNHO Aquisição do reservatório de
50.000 litros
6.000,00 0,0
Figura 12 – Despesas provenientes da aquisição do empréstimo e resevatório
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
Muitas vezes os empréstimos estão embutidos de alguns encargos financeiros, sejam,
por exemplo, os juros, taxas administrativas, etc, tais encargos ocorridos poderão ser
deduzidos da receita bruta no mês de seus pagamentos, ressaltando que a atualização
monetária, se presente, para este caso não é dedutível.
Ainda no exemplo do resevatório de 50.000 litros, o produtor ao contrair o
empréstimo teve como encargos financeiros o valor de R$300,00, que serão pagos em duas
parcelas iguais de R$150,00 a patir do mês de junho. Nestes dois de junho e julho, o
produtor teve respectivamente a receita bruta de R$1.000,00 e R$800,00, oriunda da venda
de frangos.
33
DATA HISTÓRICO ENTRAD
A
SAÍDA SALDO
JUNHO Venda de frangos 1.000,00
JUNHO Pagamento da primeira parcela do
encargo financeiro
150,00 850,00
JULHO Venda de frangos 800,00 1.650,00
JULHO Pagamento da segunda parcela do
encargo financeiro
150,0 1.500,00
Figura 13 – Despesas provenientes do pagamento de encargos financeiros
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
Os empréstimos destinados ao financiamento da atividade rural, devidamente
comprovado que foram utilizados tão exclusivamente para este fim, não poderão ser
utilizados para justificar um acréscimo patrimonial.
Seguindo com o exemplo, caso o produtor após a contração do empréstimo tenha
efetuado uma nova cotação de resevatórios e encotrasse um mais barato, no caso, ao valor de
R$5.500,00, a diferença dos R$500,00 totalizados da diferença entre o preço da primeira
cotação, R$6.000,00, e da segunda cotação, não poderá ser adicionado em seu patrimonio, já
que o empréstimo previamente contraido previa como objeto a aquisição do resevatório de
50.000 litros no valor de R$6.000,00.
a) Consórcios
Todavia o produtor pode escolher por formas alternativas para fomentar sua
aquisição, como, por exemplo, o consórcio. Entretanto nem sempre o pagamento do
consórcio acarreta na aquisição do bem, então (em conformidade com RIR/99) o pagamento
das parcelas deste consórcio ainda não contemplado não poderão ser reconhecidas como
despesa, mesmo que este evento seja o devido desembolso. Então somente com a devida
contemplação do bem é que as parcelas pagas serão conhecidas como despesas e
devidamente deduzidas das receitas.
Um produtor projeta a expansão de seus negócios para um futuro não muito perto,
para tal ele planeja adquirir um novo veículo. Não havendo muita pressa para aquisição
deste, o produtor decide por contrair uma carta de consórcio que será paga em 24 parcelas
mensais no valor de R$500,00 cada.
34
O consórcio foi contraído no mês de fevereiro do ano X1 tal como o pagamento da
primeira parcela também ocorreu neste. Então no mês de novembro deste mesmo ano
corrente este produtor foi contemplado pelo consórcio, logo as oito parcelas anteriores a
contemplação passam a ser reconhecidas como despesas, bem como todas as demais depois
da carta contemplada.
DATA HISTÓRICO ENTRAD
A
SAÍDA SALDO
NOVEMBRO Reconhecimento das parcelas
pagas antes da contemplação
4.000,00
NOVEMBRO Pagamento parcela de nº 09 500,00 (4.500,00)
Figura 14 – Despesas provenientes de pagamento de consórcio
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
1.4.8 Resultado da Atividade Rural
O resultado da atividade rural a diferença entre o valor da receita bruta recebida e o
das despesas pagas no ano-calendário (regime de Caixa), correspondente a todos os imóveis
rurais da pessoa física. (Lei n º 8.023, de 1990, art. 4 º, e Lei n º 8.383, de 1991, art. 14).
Se a atividade rural é exercida em comum ao casal, deverá ser apurado o IR aos
cônjuges conforme a participação proporcional de cada um nesta atividade, podendo ser
apurado opcionalmente na declaração em conjunto dos cônjuges.
1.4.9 Compensação de Prejuízos
Na presença de resultado positivo a pessoa física poderá compensar este resultado
com prejuízos apurados em anos-calendário anteriores. (Lei n º 9.250, de 1995, art. 19).
Todavia existem alguns tópicos que devem ser observados, porque nem todas as despesas
são passiveis de dedução, conforme as condições a seguir:
a) Resultado positivo obtido no exterior, com resultado negativo obtido no País;
b) Atividade rural, exercida no Brasil o proprietário é residente ou domiciliado
no exterior.
O IR permite que, quando o saldo do prejuízo apurado não foi absorvido pelo
produtor principal, haja o rateio deste saldo entre os outros produtores e/ou sucessores
legítimos. Esta divisão é dada de forma proporcional conforme a parcela de participação da
unidade rural de cada beneficiário. Deve-se observar que estes beneficiários não podem ser
35
optantes pelo Lucro Presumido. É evidente que esta compensação é mediante somente a
apresentação do Livro Caixa.
1.5 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS
Cotidianamente quando se trata de gastos, custos e despesas todos tendem a
apresentar o mesmo significado, porém se tratando da Contabilidade de Custos estes itens
citados acima possuem significados distintos, logo é necessário conhecer seus respectivos
significados para que se tenha a apuração sistemática da apuração dos custos.
1.5.1 Gastos
Em Megliorini (2007 p. 07)
“gastos correspondem aos compromissos financeiros assumidos por uma empresa
no tocante à aquisição de recursos que serão consumidos no ambiente fabril para
fabricação do produto; mercadorias para revenda; recursos para a realização de
serviços; recursos a ser consumidos no ambiente de admnistração; recursos a ser
consumidos no ambiente comercial.”
Quando um produtor adquire tanto a vista ou a prazo algum compromisso financeiro,
seja pagamento de alguma despesa, seja custo de algum serviço contratado ou mesmo
aquisição de um bem é traduzido como gasto.
Muita atenção neste conceito de gasto, porque facilmente pode se confundi-lo com
investimentos, despesas e custos, entretanto estes itens na verdade são subclassificações dos
gastos, a ser explicados abaixo:
Figura 15 – Diagrama da classificação de gastos
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
1.5.2 Investimentos
Segundo Megliorini (2007 p. 07)
“investimentos correspondem à parcela dos gastos registrada em contas do ativo da
empresa. Podem se referir à aquisição de matéria-prima, mercadorias para revenda
36
e materiais diversos (registrados em contas representativas de estoque), à aquisição
de máquinas ou veículos (registrados em contas do imobilizado) ou mesmo à
aquisição de ações de outras empresas”.
Nada mais que um gasto efetuado com objetivo de adquirir um bem que irá
engendrar um bem ou produto, sendo este bem adquirido algum dos itens descritos
conforme a definição acima.
1.5.3 Despesas
Para Megliorini (2007 p. 07) “despesas correspondem à parcela dos gastos
consumida para administrar a empresa e realizar as vendas, isto é, para gerar a receita”. São
os gastos de caráter administrativos que o produtor contrai a fim de atingir o objeto da
empresa.
1.5.4 Custos
Os custos conforme Megliorini (2007 p. 07) “correspondem à parcela dos gastos
consumida no ambiente fabril para a fabricação do produto, pela aquisição de mercadorias
para revenda e para a realização de serviços”.
É quando o produtor está consumindo seus recursos disponíveis (Ativo) para
transformá-lo em seu devido produto, e é este produto que muitas vezes é o objetivo final do
produtor. Em regra geral, os custos são todos os gastos ocorridos para produção. A aquisição
de insumos seja ela matéria-prima ou até mesmo a mão-de-obra ambos têm um valor
expresso em moeda, então quando se combina estes insumos para se produzir os produtos se
têm também uma combinação de valores monetários que representam o custo da produção.
Estes custos são apurados conforme a transformação dos seus respectivos insumos,
mas devido a diversos processos de produção, imposições legais, metodologia de estudo, os
custos começam adquirir outras faces menos familiares entre si, levando a subclassificações
e até mesmo a não-identificação total de seu valor monetário, deste modo a necessitar de
arbitrariedades do gestor para ele defina a respectiva origem deste custo, realizando a sua
apuração monetária, todavia lembrando que esta apuração não mais estará completamente
fiel a sua apropriação de insumos, haja vista a subjetividade do seu gestor.
Em face deste dado impasse existe outros métodos, tidos como contemporâneos, que
buscam chegar cada vez mais fiel a seu devido valor monetário, como, destaque de exemplo,
37
o custeio ABC, no entanto neste trabalho somente será abordado o custeio tradicional
conhecido como variável.
Contudo, antes de entrar no custeio variável é necessário o estudo dos custos
segundo sua classificação: quanto a sua apropriação no processo produtivo (direto e
indireto) e quanto ao seu comportamento nos diversos volumes de produção (fixo e
variável).
Na ideia de custos, qualquer insumo despedindo para produção é um custo, pode ser
a matéria-prima, energia elétrica ou até mesmo a alimentação de algum funcionário do
quadro de produção. Para tanto, existem custos que mesmo incorridos na produção não é
possível a sua identificação/contagem direta com o produto, neste caso trata-se de custo
indireto.
a) Custo direto
Segundo Megliorini (2007 p. 09) “são os custos apropriados aos produtos conforme o
consumo”, em regra, para que seja classificado como custo direto é necessária que haja
possibilidade de mensuração exata do custo ligado com a produção. Esta ligação entre o
custo e o produto não pode conter interferência de métodos matemáticos ou outros auxílios
que apenas demonstrem abstratamente ou aproximadamente o custo. O que deve proceder é
a utilização de métodos e/ou equipamentos com capacidade de revelar precisamente o custo
de ocorrido em cada produto, para então classificá-lo como custo direto.
Figura 16 – Diagrama de Custo Direto
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
Suponha que um produtor ao criar 100 unidades de frango utilize mensalmente 1,50
kg de ração por cabeça, totalizando 150 kg de ração no mês, Este exemplo é uma boa
38
situação que permite identificar um custo direto (ração), pois é visível a fácil a fiel
mensuração da quantidade de ração utilizada na criação de frango, quer dizer que, para cada
cabeça de frango o produtor facilmente registrará 1,50 kg de ração por cabeça.
b) Mão-de-Obra direta
Megliorini (2007 p. 31) cita a mão-de-obra direta
“os funcionários que atuam diretamente na transformação da matéria prima em
produto. No entando, o custo em que esses funcionários representam não pode ser
tratado como cusgto direto sem que antes se analise seu trabalho sobre as horas
trabalhadas”.
Por natureza a mão-de-obra direta é um custo direto, mas desde que esta mão-de-
obra esteja sendo utilizada para concretizar o objeto da atividade.
Suponha que um funcionário é contratado por um salário mais os encargos no total
de R$1.000,00, onde sua função seja o manejo necessário para produção de ovos em uma
granja e que sem este manejo a produção não ocorreria. Este funcionário está disponível
para granja num total de 176 horas no mês, isto quer dizer que, dividindo seu salário mais
encargos pela disponibilidade de horas, R$1.000,00 / 176 horas, o custo da mão-de-obra
deste funcionário é R$5,68 por hora.
Caso destas 176 horas o dado funcionário desempenha 10 horas para executar outras
tarefas que não estão diretamente ligadas com objetivo da empresa, por exemplo, para
limpeza da granja, então estas 10 horas serão classificada como mão-de-obra indireta, desta
maneira será um custo indireto.
c) Matéria-Prima
É considerada matéria-prima segundo Megliorini (2007 p. 21)
“os materiais adquiridos que integram os produtos. [...] Para que a matéria prima
seja considerada custo direto, além de ela ter de integrar o produto, é preciso
quantificar seu consumo no produto.”
Em uma atividade em que o produto final é o frango de corte, o pintinho adquirido é
considerado matéria-prima direta pelo fato dele ser o “material” adquirido que dará origem
ao produto final, pois de fato sem o material pintinho não haverá o frango. Naturalmente a
matéria-prima é classificada como custo direto.
39
É evidente que o pintinho precisa da ração para então atingir a fase de frango, mesmo
sendo a ração importante para a formação do frango ela não integram fisicamente o produto
e por isto eles são classificados como materiais indiretos, isto é, um custo indireto.
d) Custo indireto
Os custos indiretos também fazem partem do produto final, porém a sua identificação
não está disponível de primeira vista, isto quer dizer que, o produtor deve utilizar de algum
critério de rateio para sua mensuração, deixando o custo encontrado não mais fiel com o que
de fato ocorreu. Para Megliorini (2007 p. 09) os custos indiretos “são os custos apropriados
aos produtos em função de uma base de rateio ou outro critério de apropriação”.
Diga-se que este mesmo produtor que cria 100 unidades de frango utiliza um
climatizador em seu galpão de criação para manter as crias em condições adequadas e ao
final do mês chega à fatura da energia elétrica da propriedade no valor de R$280,00.
Nesta circunstância o produtor jamais identificará quanto cada frango consumiu
desta conta, já que não existe nenhum medidor/método exato que diga quanto um frango
gasta exatamente da luz. Além disso, pode haver que, esta mesma conta englobe outros
consumos, além do climatizador, que não estão relacionados com a produção, em outras
palavras, a identificação do consumo fiel ocorrido na produção (crias de frango) não é
facilmente identificável. Mas o que fazer então? É aqui que entra os rateios, o produtor
utiliza de algum critério para fazer a divisão do custo indireto por cada unidade de produto
(conforme o exemplo leia-se cabeça de frango).
Mantendo a mesma circunstância, o produtor sabe (via auxílio de algum engenheiro
eletricistas) que o climatizador consumiu, daquela conta de R$280,00, o valor aproximado
de R$130,00, isto quer dizer que, se ele dividir os R$130,00 pelo número de crias (100
cabeças) ele encontrará o custo médio unitário de energia elétrica de R$1,30.
Perceba que mesmo alcançando um valor unitário de R$1,30 o produtor teve que
forçar uma interferência para ligar o ponto entre cada unidade de produto com o consumo da
energia elétrica, para tanto utilizou de um auxilio técnico para identificar o custo médio do
climatizador (o que não torna mais um valor fiel), além do fato que ele adotou um critério de
rateio neste processo, dividiu os R$130,00 pelo número de produtos (crias de frango), outro
fato que também força a conexão entre o custo da energia e o produto.
40
Figura 17 – Diagrama de Custo Indireto
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
Já observado anteriormente que os custos se comportam de maneira direta ou indireta
conforme a possibilidade de identificação/mensuração, contudo os custos também podem se
comportar conforme o volume de produção, permanecendo fixos ou indiretos.
e) Custos fixos
Para Megliorini “são aqueles que decorrem da manutenção da estrutura produtiva da
empresa, independendo da quantidade que venha a ser fabricada dentro do limite da
capacidade instalada.”, ou seja, independente da quantidade produzida ele permanece o
mesmo.
Um balcão utilizado para o confinamento das novas crias (pintinhos) possui,
conforme critérios gerenciais, uma depreciação de R$100,00. Nota que quem possui tal
depreciação é o galpão (estrutura de produção) e não as crias, isto quer dizer que,
independente de qualquer quantidade de novas crias produzidas neste galpão, sua
depreciação vai permanecer fixa no valor de R$100,00.
Segundo o exemplo acima, se o produtor produzir 01 ou 100 unidades de crias, o seu
custo total será o mesmo, porém o seu custo unitário tende a diminuir com o aumento das
crias, a lógica, de que, a produzir 01 unidade seu custo é de R$100,00 por unidade, mas ao
produzir 100 unidades seu custo já cai para R$1,00 por unidade, e, assim sucessivamente.
41
1 10 19 28 37 46 55 64 73 82 91100
R$ 0.00
R$ 20.00
R$ 40.00
R$ 60.00
R$ 80.00
R$ 100.00
R$ 120.00
Custo fixo
Custo Fixo TotalCusto Fixo Unitário
Unidades de frango
Cust
o em
reai
s
Gráfico 03 – Custo variável total e unitário
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
f) Custos variáveis
Segundo Megliorini “os custos variáveis são aqueles que aumentam ou diminuem
conforme o volume de produção”. Estão ligados em si com o produto, então, quanto maior a
produção necessariamente o custo variável deverá aumentar, o mesmo vale para o processo
inverso, quanto menor a produção menor o custo variável. Lógica contrária do custo fixo.
No mesmo exemplo dado no custo fixo, adota-se que o produtor para adquirir um
cria (pintinhos) ele paga R$2,00 por unidade. Assim, para iniciar uma nova cadeia produtiva
ele decide comprar mais 100 unidades de cria, alcançando o montante de R$200,00.
Observa-se que o custo variável esta ligado com o produto e não mais com a
estrutura produtiva, isto quer dizer que, o custo variável aumenta ou diminui conforme a
quantidade produzida. Se no exemplo acima o produtor fosse adquirir 200 unidades de cria
seu custo variável seria de R$400,00. Logo, no custo variável o seu custo total varia
conforme a quantidade produzida, mas permanece fixo/constante se o for observado
unitariamente, dado, tanto para 200 unidades quanto para 100 unidades de cria o seu custo
de aquisição é de R$2,00 por unidade.
42
1 11 21 31 41 51 61 71 81 91R$ 0.00
R$ 50.00
R$ 100.00
R$ 150.00
R$ 200.00
R$ 250.00
Custo variável
Custo Variável TotalCusto Variável Unitário
Unidades de frango
Cust
o em
reai
s
Gráfico 04 – Custo variável total e unitário
FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
1.5.5 Desembolso
Padoveze (2009 p. 314) cita o desembolso como “os atos financeiros de pagar uma
dívida, um serviço ou um bem ou um direito adquirido. É a execução financeira dos gastos e
investimentos da empresa”, ou seja, ele ocorre no exato momento que o produtor paga com
seu caixa/banco o gasto. Assim quando um gasto é contraído a vista este é ao mesmo tem
um desembolso, porém quando um gasto é assumido via duplicata, por exemplo, este será
desembolso exclusivamente no momento que a duplicata for efetivamente paga.
Nota que no regime de caixa os gastos são contabilizados somente no momento de
seu desembolso, pode-se assegurar para este caso específico que os gastos são os mesmo que
desembolsos.
43
3. CASO PRÁTICO
Nesta ultima seção será realizado um estudo do custo de manutenção de uma granja
de frangos de corte. Seu tamanho e características se enquadram nos moldes de atividade
rural familiar. Ela está situada no cinturão verde do município de Cuiabá – MT.
1.6 ABORDAGEM DA GRANJA
Nela são produzidos frangos da raça Label Rouge, trata-se de uma raça francesa,
desenvolvida na década 80 com o intuito de substituir o faisão. Sua criação é diferente da
criação industrial, aproxima-se do que usualmente fala-se de frango caipira.
O ciclo de produção (desde a aquisição dos pintinhos até a engorda suficiente para a
revenda do frango) é de 120 dias, no final deste ciclo os frangos estão com o peso
aproximadamente de 3,0 a 3,5kg e prontos para a revenda e destino final de abate. Sendo
que a primeira deste ciclo (fase de pintinhos) é de 30 dias.
O produtor trabalha de modo informal em sua granja, desde a não contabilização dos
fatos ocorridos até a não emissão fiscal sobre as vendas efetuadas. Por este fato o trabalho
analisa o resultado somente a fins gerenciais, os impostos incidentes sobre as compras e
vendas são apurados.
1.7 RESULTADO
Nesta subseção serão apresentados os itens que integram os custos de produção desta
granja, bem como sua definição e sua natureza.
A metodologia de custeio abordada neste caso é a do custeio variável. O custeio
variável segundo Megliorini (2007 p. 119) “os custos fixos não são apropriados aos
produtos”. Os custos fixos são apurados separadamente, sendo os custos variáveis apurados
de acordo com sua fase de acontecimento, neste caso, confinamento e piquete, em
conformidade com a NBC T-10.
Os custos diretos e indiretos na fase de confinamento são apurados e totalizados. Este
total é então transferido para segunda fase, piquete. Os custos diretos e indiretos na fase de
piquete são apurados e totalizados. Com os custos totais das duas fases encontra-se o custo
variável total de produção desta granja
44
Das vendas realizadas pelo produtor é deduzido o custo variável total da receita, esta
diferença dá origem à margem de contribuição, que é definida por Megliorini (2007 p. 114)
como “o montante que resta do preço de venda de um produto depois da dedução de seus
custos e despesas variáveis”. Dividida a margem de contribuição pelas unidades vendidas dá
o resultado da margem de contribuição unitária.
Como no método de custeio variável os custos fixos não são apropriados no produto
iguais aos custos variáveis, então com a dada margem de contribuição que os custos fixos
fazem as deduções e por fim chegando ao resultado, seja lucro ou prejuízo.
1.7.1 Mapa de Custos
Mapa de Custos
Mão de Obra Total
Jornade de trabalho horas 8
Dias disponíveis no mês dias 22
Total de horas disponíves horas 176
Salário R$ 622.00
Inss (12%) R$ 74.64
13o Salário R$ 51.83
Férias R$ 69.10
Tabela 02 – Cálculo da mão-de-obra direta
FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO
A mão-de-obra refere-se ao zelador contratado para o manejo das crias, pequenas
manutenções das instalações, limpeza e outras atividades conforme necessidade desta granja.
Considera-se esta mão-de-obra direta, pois o emprego da mesma esta diretamente
ligada com objetivo da atividade desta granja.
Jornade de trabalho horas 8
Dias disponíveis no mês dias 22
Total de horas disponíves horas 176
Salário R$ 622.00
Tabela 03 – Cálculo do custo da ração
FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO
A ração integra diretamente na formação dos frangos, considera-se ela custo direto.
45
Salário R$ 622.00
Inss (12%) R$ 74.64
Tabela 04 – Cálculo do custo da matéria-prima pintinhos
FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO
Os pintinhos são a matéria prima que se transformarão no frango, dando origem ao
produto final da granja. Por ser a matéria prima são por natureza custo direto.
Salário R$ 622.00
Inss (12%) R$ 74.64
13o Salário R$ 51.83
Férias R$ 69.10
Tabela 05 – Cálculo do custo da medicação
FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO
A medicação refere-se ao Tylan 200, remédio utilizado para combater a bouba
aviária, doença muito comum entre os pintinhos, causando a sua cegueira e depois sua
morte, quando não tratada.
Ela é considerada como custo indireto, porque ela não é aplicada em todas as crias,
mas os custos dessas aplicações são absorvidos por todos sofrendo então processo de rateio
arbitrário.
Ração Total
Saco de ração R$ 30.00
Quantidade disponível quilos 40
Custo por quilo R$ 0.75
Tabela 06 – Cálculo da depreciação do barracão
FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO
O barracão é o piquete no qual as crias, já em fase de frango, ficam. Seu custo é fixo,
sendo a depreciação calculada mensalmente conforme a vida útil de 25 anos. Esta data é
adotada segundo práticas contábeis para instalações e edificações.
Quantidade disponível quilos 40
Custo por quilo R$ 0.75
Pinto Total
Custo unitário R$ 1.65
Tabela 07 – Cálculo da depreciação do poço artesiano
FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO
46
O poço artesiano é utilizado para o abastecimento da água que integra a nutrição das
crias. Sua depreciação é calculada mensalmente conforme a vida útil de 25 anos. Esta data é
adotada conforme estipulação médica da duração de um poço artesiano.
Quantidade disponível quilos 40
Custo por quilo R$ 0.75
Tabela 08 – Cálculo do custo da energia elétrica
FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO
A energia elétrica refere-se ao consumo mensal da mesma. Ela é dada como um
custo fixo, pois seu consumo não esta ligado ao número de produção das crias.
Seu valor apresentado é um valor médio, pois parte do consumo representa o
consumo familiar não referente à atividade granja. Outro ponto é que o nível e o tipo de
atividade apresentada na granja possui um padrão para com o consumo da energia que
viabiliza sua mensuração media apresentada.
Depreciação mensal R$ 20.83
Tabela 09 – Outros custos
FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO
Outros custos e despesas representam os gastos não mensurados pelo proprietário e
que também se encontra em uma situação inviável de calcular, por causa não arquivamento
de informações relevantes. Porém mesmo não havendo um conhecimento concreto destes
valores estes gastos existem.
O valor de R$300,00 foi um valor arbitrário fomentado conforme conhecimento
empírico do proprietário.
1.7.2 Fase de Confinamento
Conforme as NBC T-10, Atividades Agropecuárias, as crias devem ser separadas
segundo sua fase, sendo sua primeira esta de confinamento.
A produção de frango começa com a criação de 1000 pintinhos, aplicação da mão-
de-obra para os devidos cuidados na formação do frango e o consumo de 1200 quilos ao
total desta fase.
47
Os pintinhos ficam confinados em um quarto por um período de 30 dias, até
ganharam o devido porte para serem transferidos para o piquete. As instalações físicas deste
confinamento faz parte de um cômodo da residência particular da família.
A existência de confusão entre a entidade familiar e a granja tornou inviável a
mensuração dos custos desta instalação, devido à carência de informações.
Primeira Etapa (Confinamento)
Custo Direto Total
Mão de Obra R$ 4.6453 176 horas R$ 817.58
Pinto R$ 1.6500 1000 unidades R$ 1,650.00
Tabela 10 – Custo Direto da fase de confinamento
FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO
Mapa de Custos
Tabela 11 – Custos Indiretos da fase de confinamento
FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO
Total R$ 3,367.58
Custo Indireto Total
Medicação R$ 0.38 200 doses R$ 76.00
Total R$ 76.00
Tabela 12 – Total dos custos variáveis da primeira fase
FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO
O custo unitário total é a somatória de todos os custos variáveis diretos e indiretos
nesta fase de confinamento, dividido pelo numero de crias, neste caso 1.000 unidades,
perfazendo o valor de R$3,4436 por unidade.
Porém este custo é válido caso as 1.000 unidades estivessem vivas, entretanto como
houve a quebra de 500 unidades há então o rateio desta quebra pelas demais crias
remanescentes.
Para fazer o rateio foi acolhido o valor de R$1.721,79, que é o total equivalente das
500 unidades mortas nesta fase. Na medida em que as unidades remanescentes acabam por
absorver os custos das unidades mortas, então o custo total passa ser a somatória do custo
inicial de R$3.443,58 mais o custo não financeiro de R$1.721,79 da quebra, em outras
48
palavras, foi como se para idealizar a produção das 1.000 nesta etapa tivesse saído por
R$5.165,37.
Sabendo da metodologia de causa e efeito da ciência contábil, o que no traduz em
para todo crédito há um débito, a saída dos pintinhos pela sua morte necessariamente dá
entrada a entrada aos custos derivados desta morte, mesmo embora não demonstrado uma
saída financeira.
16%
32%
17%
1%
33%
Custo Variável(fase de confinamento)
Mão de ObraPintinhoRaçãoMedicaçãoQuebra
Gráfico 03 – Custos variáveis relativos da fase da primeira fase.
FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO
Observa-se a grande participação da quebra na composição dos custos sendo ela
responsável por 33% do custo total. Esta composição é evidentemente alta, pois desde logo
observa seu custo maior que o próprio custo para aquisição dos pintinhos.
O custo da quebra se torna maior que os próprios custos para aquisição dos pintinhos,
pois junto a ele, está toda a mão-de-obra, ração e até mesmo medicamentos que foram
despendidos, mas que por fim acabaram se perdendo com a morte das crias.
É normal que uma produção apresente uma quebra em seus processos, entretanto
verifica-se que esta quebra é devida uma anomalia em seus processos, a doença da bouba
aviária. É imprescindível que o produtor busque as causas da doença e faça os devidos
tratamentos em suas crias para tornar a quebra um valor comum desta atividade, 0,5 a 1,5%
segundo manual de boas práticas disponível no Instituto Agrônomo do Paraná (IAPAR).
49
1.7.3 Fase de Piquete
Esta fase é a segunda e a última fase na produção nesta atividade, após alcançarem o
porto necessário, o que ocorre num período de 30 dias, os pintinhos são transportados para o
piquete.
O piquete é um balcão aonde há a presença dos custos fixos da depreciação do
mesmo e do poço artesiano. Alem dos custos fixos se matem a mão-de-obra do manejo dos
frangos e outras ações diretas para a sua produção.
O tempo de duração desta ultima fase é de três meses, até que os frangos atinjam o
porte aproximado de 3,5 kg.
Total
Custo Indireto
Medicação R$ 0.38 200 doses
Total
Tabela 13 – Custo direto da fase de piquete
FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO
O custo do frango nada mais é que o valor total dos custos na primeira fase e que foi
transportado para esta segunda fase de produção, porém aquele valor unitário de R$5,1654
passa a ser R$10,3307, pois como agora há 500 unidades, logo o valor total que antes era
dividido por 1.000 unidades é dividido pelas 500 unidades presentes.
Total
Tabela 14 – Total dos custos variáveis da segunda fase
FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO
50
27%
57%
16%
Custo Variável(fase de piquete)
Mão de ObraFrangoRação
Gráfico 04 – Custos variáveis relativos da segunda fase
FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO
A composição do custo variável do gráfico acima demonstra uma grande
participação do frango, porque dentro dele há a grande participação das quebras dos
pintinhos que vieram absorvidas naquela primeira fase de confinamento.
Seguindo a metodologia de custeio variável da qual os custos fixos não são
absorvidos pelo produto, segue no final os custos fixos ocorridos neste processo de
produção, período de quatro meses.
Total dos Custos Variáveis 1000 unidades
Custo unitário total
Quebra 500 unidades
Custo da quebra 500 unidades
Tabela 15 – Custos fixos
FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO
51
45%
55%
Custo e Despesa Fixa
Energia EletricaDepreciação
Gráfico 05 – Custos e despesas fixas
FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO
Na subseção 4.2.1. Mapa de Custos está discriminado os itens que compõem a
depreciação, sendo o barracão com R$133,33 e o poço artesiano com R$20,83,
mensalmente.
Com todos os custos apurados e com a informação de que o preço de venda dos
frangos praticado pelo produtor é de R$ 15,00 a unidade, segue na tabela abaixo a
demonstração de resultado desta atividade. Nota que para esta atividade não há incidência
de impostos.
Total
R$ 1.65 Segunda Etapa (Piquete)
Total Custo Direto
R$ 38.00 Mão de Obra
100 Frango
R$ 0.38 Ração
Tabela 16 – Demonstração de Resultado Econômico
FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO
No final deste ciclo de quatro meses o produtor ao invés de auferir lucros ele acaba
por ter um resultado negativo no total de R$2.959,77. Em uma primeira análise é possível
dizer que este prejuízo vem das mortes causadas pela doença, pois sem esta morte o custo
unitário do frango dos frangos que é de R$10,3307 por 500 unidades passaria ser
R$3,4436, mas por 1.000 unidades.
52
Com este resultado hipotético de R$3,4436 o custo unitário variável do frango
passaria ser então R$11,11991, gerando uma margem de contribuição de R$3,80 por
unidades. Além de uma margem contribuição positiva, há outro fator muito importante que
é mais 500 unidades disponibilizadas para venda.
Caso o produtor efetivasse a venda ideal das 1.000 unidades, ele chegaria a um
resultado positivo de R$2384,23.
A tabela a seguir irá demonstrar o resultado financeiro desta atividade. A
Demonstração de Resultado Financeiro abrange somente os custos e despesas que de fato
representam o desembolso, logo a depreciação e a despesa com a quebra dos pintos não
serão incluídas.
R$ 20.83 Preço de Venda
Custo Variavel
Total Margem de Contribuição
R$ 125.00 Custo e Despesas Fixas
Outros Custos e Despesas
Resultado
Tabela 17 – Demonstração de Resultado Financeiro
FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO
Nesta demonstração financeira o produtor já consegue auferir algum lucro, porém
este lucro esta longe do ideal que pode ser alcançado, pois além de ter sido ignorado os
custos não financeiros ele ainda tem a quebra de 500 unidades do frango.
Mesmo embora o custo com a quebra não for considerado, sendo então os R$
R$3.443,58 o custo unitário não é necessariamente R$3,4436 conforme está na Tabela 13 –
Total dos custos variáveis da primeira fase, porque este valor está para 1.000 unidades,
logo, por razões matemáticas, este custo deve duplicar, já que as unidades caíram pela
metade, significando R$R$6,8872.
Além do custo unitário ainda maior, o produtor tem 500 unidades a menos para
efetuar sua venda e estas 500 unidades são crucias, já que a margem de contribuição da
mesma é extremamente baixa (R$0,3574, o que não representa nem 1% do preço de
venda), então seu ganho, neste caso, deveria vir pela venda em grande quantidade.
53
CONCLUSÃO
No caso prático verificou-se que o produtor tem um grande prejuízo com as mortes
dos pintinhos causadas pela doença da bouba viária. O Prejuízo é devido ao fato de que estas
mortes mais que duplicam o custo unitário, fato que diminui drasticamente a margem de
contribuição do mesmo.
Não somente com custo unitário maior, houve também o desperdício da mão-de-
obra, ração e medicamentos empregados, pois estes elementos não se converteram no
produto final frango. Explica o custo unitário ser maior do que o dobro, mesmo com a
quebra pela metade.
Uma observação sobre esta atividade é que por se tratar de uma atividade rural
familiar ela acaba por se misturar com assuntos familiares, até pela própria natureza desta
atividade, ou seja, o principio contábil da Entidade não é praticado, deste modo a dificultar a
ótica dos custos, isto é, torna-se muitas vezes infactível levantar dados importantes para
gestão.
Observou-se o produtor não detém conhecimentos relevantes de contabilidade, fato
que leva para o problema no parágrafo anterior sobre o levantamento de dados e outras
ações adjacentes, como mapeamento dos custos, identificação de resultado, segregação da
atividade fim da atividade familiar.
Todos os fatores mencionados anteriormente, desde a segregação das atividades até o
levantamento de dados, acabam por camuflar o prejuízo desta atividade, pois ele é em sua
grande parte ocasionado por fatores não financeiro. Então o produtor não habituado com a
percepção de custos que não sejam explícitos em desembolso imediato não consegue fazer a
boa gestão destes e assim auferir ganhos em seu resultado, até mesmo acaba por retirar
dinheiro de sua família para custear sua atividade sequer sem perceber isto.
A pesquisa teve sua utilidade em demonstrar e instruir o produtor a necessidade da
contabilização adequada, bem como a aplicação do princípio contábil da Entidade. Assim
obter informações úteis e necessárias para gerenciar suas atividades, pois como dito
anteriormente o custo pode não ter um caráter de desembolso, o que torna mais difícil sua
percepção e deste modo seu controle efetivo.
54
Recomenda-se em primeiro passo que o produtor saiba separar os recursos
particulares familiar dos recursos de sua atividade rural, assim respeitando o principio
contábil da Entidade. Com as devidas segregações o produtor consegue mais facilmente
levantar os dados necessários e referentes à sua atividade rural, gerenciando-a de maneira
mais adequada e obtendo mais sucesso em suas tomadas de decisões.
A primeira etapa de um trabalho que visa somar a qualidade da atividade rural
familiar indica-se a apuração contábil de outros produtores familiares brasileiros. Já que tal
carrega demasiada importância para a economia e sociedade nacional, apontada na primeira
seção deste trabalho.
Além destas apurações segue em conjunto o trabalho de orientação e “alfabetização”
contábil para esses produtores para viabilizar uma produção rentável e que ao invés
desperdiçar os recursos da família venha a ser outra fonte de renda, pois conforme a hipótese
inicial apresentada eles não efetuam a devida contabilização de sua atividade. Para fazer
com que a atividade rural familiar permaneça sustentável em sua essência e até mesmo
evitando que ela torne-se uma atividade autodestrutiva para seu produtor é crucial a
contabilização adequada.
O trabalho informal deste produtor carrega consigo além do prejuízo não percebido
por causa das desinformações, como o prejuízo a nação, pois a informalidade neste caso está
acompanhada também da sonegação fiscal, na medida em que o produtor não emite a nota
fiscal sobre as vendas efetuadas.
55
REFERÊNCIAS
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Produção de frango de corte. [Espírito Santo]: Universidade Federal do Espírito Santo,
2007.
CARNEIRO J. et Al. Frango de corte: Integração produtor/indústria. [Paraná]: [s.n],
2004.
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Técnica nº 1186 de 28 de agosto de 2009. Ativo Biológico e Produto Agrícola. Brasília,
2009.
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UBABEF. Relatório Anual 2012. [São Paulo]: [s.n], 2012
BACEN. Manual de Crédito Rural. Resolução nº 3.3559. Brasília, 2008.
MEGLIORINI, Evandir. Custos: Análise e Gestão. 2ª Ed. São Paulo: Editora Pearson
Prentice Hall, 2007.
PADOVEZE. Clóvis Luís. Contabilidade Gerencial. 6ª Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2009.
MARION, José Carlos Marion. Contabilidade Rural. 8ª Ed. São Paulo: Editora Atlas,
2007.
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