as trincheiras da reforma agrária do ronaldo valência
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As trincheiras da reforma agrária
do Ronaldo Valência
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 7 • nº1178
Setembro/2013
Augusto Severo
A reforma agrária continua
sendo um passo fundamental para
promoção da qualidade de vida no
semiárido nordestino. A existência de
tantas famílias rurais sem terra e ao
mesmo tempo a disponibilidade de
grandes extensões de propriedades
rurais improdutivas fazem da
distribuição de terra uma condição
essencial para o desenvolvimento da
agricultura familiar brasileira.
O assentamento Ronaldo Valência
No município de Augusto
Severo/RN (Campo Grande/RN) está
localizado o assentamento Ronaldo
Valência que beneficiou 48 famílias
com terra e investimento. Mas a
conquista só foi possível graças a muita
luta desenvolvida em mais de 5 anos de
espera que envolveu ocupação, despejo, justiça, avaliação técnica e resistência até a aquisição de 2.295,588
hectares pelo Governo Federal.
Nesta história se destacou a figura de Ronaldo Valência, militante do Movimento Sem Terra e dirigente do
Núcleo Sertão Verde. Foi ele um dos principais líderes que mobilizou e ajudou na organização das famílias que
viviam no entorno do local que foi desapropriado para a reforma agrária. “As coisas que conseguimos sempre
são com muita luta”, esta é a frase mais repetida que se tornou marca de Ronaldo Valência, um agricultor que se
transformou em liderança regional da agricultura familiar. Ele morreu antes do assentamento ser entregue as
famílias que resolveram homenageá-lo dando o nome do projeto.
A Agrovila Joazeiro com 28 famílias é a maior dentre as 3 que formam o assentamento
A agrovila Petrolina com 10 famílias tem aproveitado a proximidade com a barragem de Umari para criação de tilápias
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Rio Grande do Norte
Realização Apoio
Vida melhor para 48 famílias assentadas no assentamento Ronaldo Valência
Apesar das dificuldades as famílias depois de
assentadas melhoraram suas vidas, como relata o
assentado Severino Barreto. “A gente não tinha casa
própria e muito menos um lugar para criar os nossos
animais. A maioria vivia de propriedade em propriedade à
custa de uma diária de trabalho braçal. Eu mesmo perdi
muita plantação com os donos da terra jogando os animais
dentro das vazantes antes da colheita. Hoje tudo mudou e a
gente passou a ter direito a nossa produção e nossa renda.
Hoje vemos que valeu a pena ter dormido debaixo de lona e
não ter desistido do nosso direito de ter um pedaço de
terra”, conta Severino.
De fato, as famílias em 5 anos de assentamento
construíram boas moradias, adquiriram rebanhos bovinos,
ovinos, caprinos, aves e muares. O assentamento está
dividido em 3 agrovilas que possuem diferentes fontes de
abastecimento de água. Nas agrovilas Petrolina e Joazeiro a facilidade de água é bem maior em face da proximidade com
a barragem de Umari que possui capacidade para armazenamento de 300.000.000 m3. Neste caso, as estratégias de
convivência com o semiárido têm passado por criações de peixes, plantios de frutas e hortaliças nos quintais, e formação
de capineiras para alimentação dos animais.
Na terceira agrovila, a Tanques, as famílias dispõem
de 2 açudes pequenos de onde se utilizam para plantios de
alimentos em regimes de vazantes e produções de capineiras.
As fontes de água são insufientes para a segurança hídrica
das famílias e neste caso, o grupo conseguiu através do
Programa P1+2 (Sertão Verde/ASA/MDS-Governo Federal) o
reforço com as escavações de 5 barreiros trincheiras. “O
projeto foi tão abençoado que nesta seca está minando água
no nosso barreiro”, comemora Galego de Zé de Vigário que já
começou a plantar capim dentro da tecnologia social.
As vidas das famílias assentadas estão melhores e
como “qualidade de vida cobra mais qualidade de vida” a
turma está cada vez mais disposta para conquistarem novos
direitos. “Toda vez que vou a uma reunião eu fico com inveja
quando vejo a história das comunidades nos informativos e
nos banner. Aí fico pedindo a Deus para vê um dia que a nossa
luta no assentamento Ronaldo Valência vire um jornalzinho desse”, dizia sempre a presidenta Eliane antes de se vê
iluminada por este Candeeiro.
Eliane Quaresma (presidenta da associação):
*84 9957.8173
Sr. Severino Barreto: "Valeu a pena resistir porque agora a gente terra prá viver e prá plantar".
"A escavação do barreiro trincheira encontrou uma veia de água que permitiu o plantio de capim no período de estiagem.
P Eliane Quaresma residentaAgrovila Tanques tem 10 famílias. Assentada D. Iraní em seu quintal produtivo.
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