aprendendo a ser e a conviver_educando por uma cultura de paz
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8/17/2019 Aprendendo a Ser e a Conviver_educando Por Uma Cultura de Paz
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APRENDENDO A SER E A CONVIVER: EDUCANDO POR UMA CULTURA DE PAZ
CATAVENTOS ISSN: 2176-4867 – ANO 7, N. 01, 2015. 169
APRENDENDO A SER E A CONVIVER: EDUCANDO POR UMA
CULTURA DE PAZ
KRIPKA, Rosana Maria Luvezute 1; BEDIN, Silvio Antônio2; BRISTOTT ,
Maria Isabel3; ROMANZINI, Berenice Polita4; ALVES, Raphael Souza 5; MELLA,
Lisiane Lígia 6; SCHIMITZ, Helena Rita 7
RESUMO
Apresenta-se o trabalho realizado em curso de formação continuada de professores,desenvolvido em escola municipal de ensino fundamental, do município de PassoFundo-RS, Brasil, promovido pelo Observatório da Juventude, Educação eSociedade, da Universidade de Passo Fundo (UPF). O objetivo da atividade tevecomo pauta a vontade de sensibilizar a comunidade escolar, estimulando osaprendizados do ser e do conviver, bem como visou ao fortalecimento dos laços
afetivos do coletivo da escola. Tudo isso foi mediado pelo desenvolvimento de açõescriativas na construção de uma cultura de paz. A metodologia foi participativa,dialógica e de vivências coletivas, realizadas por meio de oficinas que propiciaramreflexões sobre a temática da educação por uma cultura de paz, nas quais foramsocializadas alternativas de resolução não violenta dos conflitos. Constatou-se,pelos resultados da avaliação, pela significativa participação de professores,funcionários e alunos; pelo interesse evidenciado pelos gestores e pela comunidadeescolar no projeto e pelos indicados nas expectativas apresentadas, que o cursocumpriu com seus objetivos. Percebe-se, no projeto, um grande potencial, individuale coletivo, no qual a reflexão pessoal, o diálogo, a escuta e, em especial, a decisãoem optar pela valorização das pessoas, motivados pelo respeito e pelo cuidado
1 Profa. Mestre da Universidade de Passo Fundo, Doutoranda da Pontifícia Universidade Católica doRio Grande do Sul. Colaboradora do Observatório. rkripka@upf.br.
2 Prof. Doutor da Universidade de Passo Fundo: Coordenador do Observatório. sbedin@upf.br.3 Mestre em Estudos Literários. Psicólogia e Professora. Colaboradora voluntária do Observatório.
mibristott@terra.com.br.4 .Graduada em Biologia. Professora. Representante da Ecopaz. Colaboradora voluntária do
Observatório. berepolita@gmail.com.5 Acadêmico de Filosofia da Universidade de Passo Fundo. Funcionário e Bolsista Paidex do
Observatório. raphaelsalves@upf.br.6 Graduada em Psicologia, Mestranda em Educação pela Universidade de Passo Fundo (UPF)..
Colaboradora voluntária do Observatório. lisiane.mella@yahoo.com.br.7 Graduada em Pedagogia pela Universidade de Passo Fundo. Colaboradora voluntária do
Observatório. helena-schimitz@hotmail.com.
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consigo e com os outros, podem possibilitar a promoção de mudanças significativasnas relações na comunidade educacional. Além disso, os resultados indicam que oscompartilhamentos de experiências alternativas, bem sucedidas, que podem serutilizadas nos ambientes escolares, incentivam a elaboração de novas práticas quepossam contribuir com processos educativos não violentos, voltados para aeducação por uma cultura de paz.
Palavras-chave: Observatório da Juventude. Aprender a ser e a conviver. Educaçãopara paz.
ABSTRACT
We present the work done in course of continued teacher training, developed inMunicipal Elementary School, in the city of Passo Fundo, RS, BR, promoted byObservatory Youth, Education and Society, University of Passo Fundo (UPF) . Theaim was to sensitize the school community, stimulating the learning of being andliving together and aimed at strengthening the emotional ties of the collective school,mediated by the development of creative actions in building a culture of peace. Themethodology was participatory, dialogical and of collective experiences conducted
through workshops, where were socialized alternatives of non-violent resolution ofconflicts, which have led reflections on the theme of Education for a Culture ofPeace. We concluded that: the results assessment; the meaningful participation offaculty, staff and students; the interest shown by managers and school communitiesin the project, given the expectations presented, the course has met its objectives.We noticed a lot of potential, individual and collective, where the reflection personal ,dialogue, listening and, in particular, the decision to opt for valuing people, motivatedby the respect and care with yourself and with others can facilitate the promotion ofsignificant changes in relations in the educational community. In addition, the resultsindicate that the exchange of alternative experiences, successful, that can be used inschool settings, encourages for the development of new practices that may
contribute to non-violent educational processes, focused on Education for a Cultureof Peace.
Keywords: Youth Observatory. Learning to be and to live. Education for Peace.
INTRODUÇÃO
O tema de violências presentes nos ambientes escolares tem gerado
diversas pesquisas na área (BARROS, 2011; BEDIN, 2006; COUTINHO, MACIEL E
ARAÚJO, 2009; LIMA, LUCENA, 2009; PARRA, 2009; SILVA E SALLES, 2010).
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Atualmente, não somente vivemos em uma sociedade violenta, mas
construímos, cotidianamente, uma cultura de violência, seja nas famílias, nas
escolas ou por intermédio dos meios de comunicação, dentre outros (GUIMARÃES,
2006).
Eduardo Galeano (1999) afirma que vivemos, nos ambientes escolares e na
sociedade, no “mundo ao avesso”, ou seja, que, na escola, os valores morais estão
invertidos. Por exemplo, se valoriza a falta de escrúpulos, se despreza a
honestidade ou o trabalho. Segundo Galeano (1999), a escola ensina a nos
conformarmos com a realidade e a padecermos na sociedade em que vivemos, ao
invés de buscarmos formas para transformá-la, de acordo com valores éticos e
morais. Contudo, ele acredita na possibilidade da construção de uma nova
realidade, começando por repensar que “a natureza se realiza em movimento e
também [em] nós, seus filhos, que somos o que somos e ao mesmo tempo somos o
que fazemos para mudar o que somos”. Além disso, Delors (2001) apresenta a
importância, em contextos educacionais, do desenvolvimento de ações de
valorização dos aprendizados do ser e do conviver, apoiados nos quatro pilares da
educação: “aprender a conhecer”; “aprender a fazer”; “aprender a viver juntos,
aprender a viver com os outros” e “aprender a ser”, que colaboram com a construção
de uma cultura de paz.
Como participantes do Observatório, acreditamos que, da mesma forma
como aprendemos a ser violentos, também podemos ensinar e aprender a sermospessoas pacíficas, criadoras do bem-viver, que buscam resolver situações
conflituosas através da escuta e do diálogo, valores fundamentais na educação para
a paz, que contribuem para construir uma cultura de não violência, centrada na vida
e no bem-viver (MALDONADO, 2012).
Dessa forma, o Observatório da Juventude Educação e Sociedade da UPF,
desde 2010, quando foi criado, tem trabalhado por uma educação para a paz,
buscando reconhecer as diferentes realidades dos espaços escolares, propondoações que visem à formação de educadores e de estudantes, que possam trabalhar
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coletivamente, como protagonistas na prevenção e no enfrentamento de situações
conflitivas, nos espaços escolares.
O Observatório vem se constituindo como um centro multidisciplinar de
referência no desenvolvimento de ações coletivas, de produção de conhecimentos
relacionados à juventude e à violência nas escolas, com participações de
representantes de entidades governamentais, de ONGS, bem como com a
participação de professores e profissionais de diferentes áreas do conhecimento da
UPF, buscando ampliar o conhecimento de realidades a partir de diferentes olhares
sobre a problemática e sobre as experiências vivenciadas pelos integrantes do
grupo, tanto na prevenção quanto na resolução não violenta de conflitos.
Nesse sentido, foram realizadas, em 2012 e 2013, oficinas de sensibilização,
direcionadas tanto a alunos quanto a professores. Nesses encontros, foram
propostas reflexões sobre as violências presentes nos ambientes escolares em
várias escolas do município de Passo Fundo. Dentre essas, houve a manifestação
de uma escola municipal de ensino fundamental do município de Passo Fundo
formalizando o interesse na realização de um curso de extensão, como uma
parceria entre a Secretaria Municipal de Educação (SME) e o grupo do Observatório
da UPF, concretizada em 2014.
A proposta formativa abordada neste trabalho teve como objetivo oferecer
aportes teóricos e metodológicos, visando contribuir para que educadores possam
repensar e ressignificar conceitos e práticas, capacitando-se para atuar na resoluçãode conflitos, operar na prevenção de violências e investir na produção de valores de
uma cultura de paz no convívio escolar.
Assim, o presente trabalho visa apresentar a proposta do curso de formação
continuada de professores, intitulado “Educação e cultura de paz: um novo olhar
sobre o conviver ”, oferecido pelo Observatório da Juventude Educação e Sociedade
da Universidade de Passo Fundo.
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Descrição do curso
Conforme apresentado, o curso responde à demanda da escola, destinado à
formação continuada de educadores (professores, pais e funcionários) e de
lideranças estudantis, dando continuidade à parceria formada entre a escola e o
Observatório da Juventude desde o início de 2013. O curso foi elaborado a partir de
necessidades evidenciadas por professores, funcionários e estudantes da própria
escola, a partir de encontros/oficinas de sensibilização, fase que foi denominada,
pelo Observatório, de “escutatória”.
Os objetivos do curso consistem em sensibilizar a comunidade escolar para
problemas cotidianos de violências e em promover a formação continuada, propondo
alternativas de resolução não violenta, por meio da realização de oficinas. Tem,
ainda, como proposta, e fortalecer o coletivo da escola, no desenvolvimento de
ações criativas na construção de uma cultura de paz no âmbito escolar.
METODOLOGIA
O curso teve duração total de 20 horas, sendo realizado por meio de cinco
oficinas, em sessões de quatro horas, ao longo do ano de 2014.
Nesses cinco encontros, ocorreram, simultaneamente, o atendimento a dois
grupos distintos: um constituído por educadores, funcionários e pais, e , outro,constituído por estudantes representantes das turmas, previamente inscritos e
mobilizados pela orientação educacional da escola.
As oficinas visaram integrar e favorecer a participação e a capacitação
teórica e metodológica dos participantes, num processo de ação e reflexão que
contribuísse para a ressignificação dos modos de ser, estar e conviver na escola,
incidindo na criação de vínculos de pertencimento e valorização das relações ético-
afetivas no ambiente escolar.
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Assim, foram propostas, aos professores, leituras de textos prévios à
realização das oficinas, que propiciaram discussões, abordando conceitos
pertinentes à importância da educação na formação humana, visando a uma
fundamentação teórica que possibilitasse a compreensão do multifacetado
fenômeno das violências e de suas origens, distinções e manifestações.
Além disso, cabe ressaltar que as elaborações das oficinas seguiram a
metodologia do Projeto de Alternativas à Violência (PAV), desenvolvida pelo
Observatório, que visa promover o exercício do poder, na perspectiva
transformandora, onde cada pessoa e/ou grupo pode utilizar para modificar
situações e comportamentos conflitivos, violentos e destrutivos em experiências
libertadoras, construtivas e cooperativas. Visa também à construção de redes com
pessoas que possam operar na prevenção de violências e resolução de conflitos nos
espaços sociais de convivência. Anteriormente à sua implantação no Observatório, a
experiência do PAV foi vivenciada ao longo de dez anos em escola pública do Rio
Grande do Sul, onde foi construída uma proposta de educação para a paz que
envolveu estudantes, professores e pais e possibilitou um trabalho educativo
coletivo. Também foram realizadas oficinas de formação, baseadas numa
perspectiva humanizadora e da ética do cuidado em educação. Na época, contou
com a participação de facilitadores de ONGs como a Ecopaz, além do Serpaz e de
entidades da sociedade civil que se dedicam a promover a cultura de paz em
espaços educativos e sociais (BEDIN, 2006).No caso desse curso de formação em questão, as oficinas foram realizadas
entre os meses de maio e dezembro de 2014, com encontros alternados nos
espaços da escola e junto à Faculdade de Educação da UPF. As datas e os temas
foram desenvolvidos conforme apresentado no Quadro 1.
Além dessas oficinas, também foi proposta a realização de uma oficina
extra, de quatro horas, realizada na escola, no dia 29 de outubro de 2014, no
período da tarde. O objetivo foi promover um encontro também com os professores
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dos Anos Iniciais da Escola (1º ao 5º ano), visando explorar o tema “Um novo olhar
sobre o conviver: partilhas de vivências na educação”.
Quadro 1. Temas das oficinas desenvolvidas
Oficina Data Tema
1 27/05/14 Um novo olhar sobre o conviver: reconhecer-se paratransformar
2 26/08/14 Um novo olhar sobre o conviver: os nós da convivência
3 23/09/14Um novo olhar sobre o conviver: emoções e linguagem na
convivência
4 28/10/14Um novo olhar sobre o conviver: a resolução dos conflitos da
convivência
5 10/12/14Um novo olhar sobre o conviver: avaliando e
confraternizando
Relato das oficinas
A primeira etapa do curso ocorreu na Faculdade de Educação da
Universidade de Passo Fundo.
Geralmente, as oficinas eram iniciadas com a apresentação de vídeos,
elaborados pelo grupo da escola ou pelo grupo do Observatório, constituídos de
fotos de encontros anteriores e com músicas de fundo que remetiam à reflexão dos
temas propostos no encontro. As produções eram compartilhadas entre professores,
funcionários e alunos (ver Fig 1).
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Figura 1. Foto de todo grupo da escola na primeira oficina.
(Fonte: autores)
Em seguida, os grupos se separavam e eram propostas aos grupos – tanto
de professores quanto de alunos – dinâmicas (ver Figura 2) e brincadeiras, de modo
a estimular a reflexão, a participação e a colaboração entre os participantes. Isso se
justifica pelo fato de que acreditamos que uma educação para uma cultura de paz se
constrói primeiro por meio da constituição de uma comunidade comprometida com
esse fim.No primeiro encontro, fomentou-se a integração dos participantes, com
quem foi compartilhada a proposta. Assim, foram escolhidos adjetivos que
identificassem qualidades dos participantes e foram combinados sinais que seriam
utilizados em todas as oficinas. Também foram construídas “guias de convivência”
pelo grupo, que possibilitariam o convívio harmonioso e pacífico nos encontros.
Figura 2. Dinâmica “Escola, inquilino, terremoto” –
Grupo de professores, na primeira oficina.
(Fonte: autores)
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No grupo de professores, se propôs uma reflexão sobre o tema “um olhar
sobre o nosso viver: reconhecer-se para transformar”. Durante os trabalhos, alguns
comentários foram tecidos, dentre eles: “se não acreditarmos que vai dar certo,
nossos alunos também não vão, eles se espelham em nós”.
Também foi realizada uma dinâmica chamada “afirmação em duplas”, que
possibilitou a apresentação em duplas na qual cada participante teria que apresentar
um outro ao grupo, a partir do que havia escutado em suas apresentações em
duplas. Uma atividade semelhante foi realizada com o grupo dos alunos, na qual os
facilitadores fizeram uma encenação sobre como “ouvir bem, ouvir mal”. Nos dois
casos, o objetivo foi a reflexão sobre a importância da escuta e do cuidado com o
outro nas relações humanas. No grupo dos alunos, também foi proposto, em grupos,
que fosse realizada a construção da árvore da violência e da não violência, fazendo
com que os alunos refletissem sobre as raízes (origens), o caule (sustentação) e os
frutos (consequências) de ambos.
Ainda na primeira oficina, com o grupo de professores e funcionários, foi
proposta a leitura do texto “Os quatro pilares da educação”, do livro Educação: um
tesouro a descobrir , de Jacques Delors et al., para que suas ideias fundamentassem
o trabalho da segunda oficina.
Assim, na segunda oficina, após a recepção com o vídeo e a música, que
propiciaram o resgate de lembranças do último encontro, foram retomados os
nomes-adjetivos, sinais e guias de convivência. Em seguida, para dinamizar oencontro, foi realizada uma brincadeira para descontrair os participantes, visando à
aproximação e à integração do grupo. Prosseguindo com as atividades, o grupo de
professores foi subdividido em quatro grupos, para que pudessem ser elaboradas
apresentações – por meio de encenação, música, etc. – dos quatro pilares da
educação, quais sejam: “apreender a aprender, aprender a fazer, aprender a
conviver, aprender a ser ”, relativos ao texto disponibilizado para leitura.
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O primeiro grupo, que abordou o pilar “aprender a aprender ”, trabalhou com
uma música no pátio da escola, convidando os professores a participarem de uma
dança da harmonia.
O segundo grupo, que tratou do pilar “aprender a fazer ”, propôs que, juntos,
construíssemos um painel, por meio de ilustrações, que remetessem à educação
para paz. A atividade teve como fundo sonoro a música “Aquarela”, do artista
Toquinho.
O terceiro grupo trabalhou com o pilar “aprender a conviver”. Fez uma
encenação de um conselho de classe, abordando questões cotidianas escolares
envolvendo problemas de convívio, sugerindo maneiras alternativas para resoluções
de conflitos de forma não violenta.
O quarto grupo, por sua vez, trabalhou o pilar “aprender a ser ” e fez,
também, uma encenação, sobre uma conversa entre amigos, que envolvia uma
discussão sobre escolha de time de futebol, abordando os problemas que podem
existir pela falta de respeito pela opinião do outro e o cuidado que se deve ter em
relações tanto consigo mesmo quanto com o outro.
Em seguida, foi feita uma reflexão sobre as percepções do grupo em relação
à leitura prévia e às formas de apresentação escolhidas. Os participantes se
manifestaram favoráveis à proposta, ressaltando que as diferentes propostas
contribuíram ainda mais para a significação dos quatro pilares propostos por Delors.
Nessa oficina, na avaliação em grupo do encontro, ao serem questionados“No que esses encontros estão contribuindo com a sua formação?”, alguns
participantes afirmaram que esses eventos “estão contribuindo na nossa vivência
diária, nos nossos relacionamentos e integrações com os outros e também na
reflexão sobre as atitudes e diferenças do outro, na forma de pensar e agir, bem
como na nossa maneira de agir também”.
Para a terceira oficina, foi disponibilizado, para leitura prévia, o texto “ Amor e
raiva: a transformação dos sentimentos”, extraído do livro Os construtores da paz:
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caminhos da prevenção da violência, da autora Maria Tereza Maldonado (2012, p.
47-89).
Para reflexão, foi proposta uma dinâmica do PAV chamada “círculos
concêntricos”, na qual, de dois em dois, os participantes foram convidados a
partilhar vivências e experiências relacionadas ao tema “raiva”, instigados pelas
situações propostas: “uma ocasião em que eu controlei minha raiva e canalizei para
uma ação positiva”; “um jeito que tenho de reagir quando alguém expressa raiva
contra mim”; “acho difícil lidar com a raiva de alguém quando...”; “é fácil lidar com a
raiva de alguém quando...”, “uma coisa que funciona para acalmar minha raiva” e
“uma vez que refleti e isso me ajudou a lidar com minha raiva”.
Após as reflexões sobre o texto, foram distribuídas folhas aos participantes,
solicitando que escrevessem sobre "como podemos transformar nossos
sentimentos?". Dentre os relatos, eles escreveram: “sendo mais amoroso; ouvindo
mais; vendo sempre o lado bom das coisas; refletindo; tendo fé em Deus; foco;
sentindo; cuidado; educação; através da escuta e se colocando no lugar do outro;
amor; confiança". Após suas manifestações, foi solicitado pelo grupo do
Observatório que aqueles papéis onde estavam escritas suas sugestões ficassem
na escola, para que eles pudessem criar um painel, ou uma mandala, sobre o tema
“como podemos transformar nossos sentimentos?" . Nesse encontro, também foram
apresentadas ao grupo a Mandala da ONG Ecopaz e as bases do “Poder
Transformador ”. Na avaliação, ao final do encontro, ao serem consultados a respeito de
“uma coisa que aprendi e levo desta oficina”, indicaram que “os sentimentos de
angústia, raiva e tristeza são iguais a nível de equipe escolar, mas o que nos alegra
é que eles têm solução. O poder transformador acontece quando deixamos o amor
entrar e, a partir daí, nos sentimos fortalecidos e aptos a enfrentar os problemas a
nós apresentados. Salientamos a importância do trabalho em equipe”; “ouvir mais o
outro. É possível educar as pessoas. Autoconhecimento é muito decisivo naformação do ser humano que compreende o outro”; “necessidade de
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refletir...desacelerar...É possível transformar, modificar e aprender a aceitar o que
não podemos modificar. Persistência é estar sempre tentando buscar soluções para
os conflitos.” e “Ser paciente. Controlar a raiva. Desacelerar. Valorizar o outro.
Aprender a ouvir. Trabalhar em grupo. Parceria. Compartilhar ”.
Para a quarta oficina, a leitura prévia consistiu em um trabalho com o texto
“Conclusão: o que precisamos fazer para sermos construtores da paz”, do livro Os
construtores da paz: caminhos da prevenção da violência, da autora Maria Tereza
Maldonado (2012, p. 185-192).
No início do quarto encontro, após a acolhida, a revisão de sinais e de guias,
foi solicitado aos professores que apresentassem a mandala construída na escola, a
partir das palavras que foram escritas no encontro anterior, na atividade “Pensar a
Paz?????”, inspirada nas reflexões acerca do texto “Amor e raiva – a transformação
dos sentimentos”. Foi sugerido que a mandala fosse passada de mão em mão, para
que cada um pudesse ler uma frase. Conforme se constata na Figura 3, no centro da
mandala está escrito “Como transformamos nossos sentimentos?” e as frases que a
compõem são:
Passando amor, compreensão, afeto, confiança e experiência.
Amor e confiança.
Reforçando a autoestima e a empatia.
Ser simpático.
Sentindo a necessidade outro. Ser transformador.
Fé em Deus
Cuidado consigo, com o outro e com o ambiente.
Praticando o autoconhecimento me reconheço no outro, proporcionando,
assim, uma integração maior com os que convivem comigo. Só amo o
que conheço e respeito.
Olhando o outro. Ver sempre o lado bom das coisas.
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Foco, observar mais...
Através da escuta se colocando no lugar do outro.
Lendo as emoções das pessoas.”
No quarto encontro, ao propor a reflexão sobre o texto de Maria Tereza
Maldonado, "O que precisamos fazer para sermos construtores da paz?", os
professores ressaltaram que “se os recursos naturais, como a água, vierem a faltar,
isso será muito caro pra sobrevivência das pessoas no planeta”, “todos têm que ter
consciência”, “existem vários movimentos para a paz”, “cada um construindo um
pouquinho e passando pra outra pessoa é possível mudar”, “é algo demorado”, “a
natureza devolve o que nós damos a ela”, “respeito ao trabalho das pessoas
envolvidas na cadeia de produção, onde todos são fundamentais no processo”,
“investir na primeira infância”.
Figura 3. Mandala construída por professores da Escola Municipal
(Fonte: autores).
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Outra atividade desenvolvida nesse encontro foi a dinâmica da construção
da “Rosa dos Ventos” da escola. Incialmente, foi solicitado que individualmente
escolhessem “oito palavras que possam definir a escola que queremos”. Em
seguida, tendo as oito palavras posicionadas em suas Rosas, foi solicitado que cada
professor elaborasse uma frase, texto ou poema que contivesse as oito palavras
escolhidas. Logo depois, os professores foram divididos em três grupos, e,
considerando os trabalhos individuais, cada grupo formou uma única rosa, com um
texto. Na sequência, reunidos no grupo maior, foram socializadas as diferentes
Rosas dos Ventos, para que pudessem construir, juntos, uma única Rosa, que
orientasse as ações da escola, a fim de constituir a sua filosofia. Primeiro, foram
escolhidas as palavras que se repetiam e, depois, por consenso, foram escolhidas
as outras. Foram definidas as palavras “amor-acolhimento; motivação-suporte;
respeito; comprometimento; sustentabilidade; alegria; ética; conhecimento”. A
elaboração da frase, texto ou poema ficou como atividade a ser desenvolvida pelo
grupo após a oficina, devendo ser apresentada no último encontro.
Nessa quarta oficina, fizemos a avaliação do encontro com o desenho “A
mala”, solicitando aos professores que dissessem o que levariam na mala desses
encontros, para suas vidas e o que deixariam fora. Eles disseram que levariam
“experiências, compreensão, respeito, aprendizado, consciência, trabalho, união,
alegrias, parceria, conhecimento, esperança, aceitação, otimismo, coragem, amor,
sorrisos, inspiração, comprometimento, dança, música, apoio, fé, sonhos, paz,saúde, reflexão, oportunidade e entusiasmo”. Deixam fora da mala: “comodismo,
raivas, angústias, doenças, violência, desilusões, tristeza, julgamentos, dúvidas,
tristezas, individualismo, preconceito, descrença, medos e mentira”.
Para a última oficina, foi disponibilizado, para leitura prévia, o texto
“Humanizar é educar – O desafio de formar pessoas através da Educação”, de
autoria de Carlos Rodrigues Brandão.
No último encontro, após a acolhida, a revisão de sinais e guias, a equipe daescola apresentou um vídeo produzido com depoimentos de professores, alunos e
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funcionários que participaram do processo. Foi muito emocionante para todos (ver
Figura 4).
Figura 4. Grupo de professores, alunos e fincionários da escola
na quinta oficina
(Fonte: autores).
Foi solicitado aos professores que apresentassem a “Rosa dos Ventos da
Escola” (ver Figura 5) e a frase indicando a filosofia desse educandário: “Na busca
da formação integral do educando e de uma escola comprometida com todos e com
o conhecimento, as relações humanas devem observar os princípios da ética e do
respeito. O amor é a motivação e o suporte para uma aprendizagem com alegria,
contribuindo, assim, para a construção de um mundo de paz e sustentabilidade”, que
foi aprovada pelo grupo.Em seguida, pedimos aos participantes que idealizassem um planejamento
de ações a serem realizadas em 2015, em grupos, por séries ou afinidades,
inclusive estudantes e direção, de modo a pensar as ações que poderiam
transformar a escola em um espaço mais humano e dialogado. Como questões
orientativas, sugerimos: “como agir para termos na escola experiências de uma
vivência solidária, de criação de sentidos ao longo de toda a permanência neste
espaço? Que tipo de pessoas queremos formar?”. Foram elaborados dois
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planejamentos, dos professores e dos alunos, apresentados nos quadros 2 e 3, com
atividades previstas a serem desenvolvidas em 2015.
Figura 5. Rosa dos ventos da escola municipal
(Fonte: autores).
Após o planejamento, foi realizada uma plenária, para socialização das
propostas de todos, estudantes, professores, direção e funcionários. Na ocasião, foi
discutido o que seria ou não possível realizar no ano de 2015. Encerramos com uma
avaliação escrita e a com a chamada “dança da harmonia” realizada com todos os
grupos (ver figs. 6 e 7).
Quadro 2. Planejamento de atividades a partir do curso de 2014 (Professores)
Fragilidades ou
interesses
Ações que
podem
contribuir
para superar
essa
fragilidade
ou
desenvolver
os novos
interesses
Responsável
(Quem puxa
atividade?)
Público-alvo
(quem
participa?)
Data
prevista
Observações
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Falta de união
e afetividades
Resgatar
através de
atividades
lúdicas
(brincadeira
s folclóricas
eensinament
os das
tradições da
família -
peteca,
cinco
marias, jogo
de lata,
contação de
histórias...)
visando a
integração
de toda a
comunidade
escolar.
Em cada
grupo, haverá
um líder para
organizar as
atividades
através das
contribuiçõesdos colegas
Comunidade
escolar
Sábados
letivos,
dia das
mães e
pais
Construção
de
brinquedos
com material
alternativo
Falta de
motivação para
o mercado de
trabalho
“Feira das
profissões”
Toda a escola Comunidade
escolar
Sábados
letivos de
maio
Solicitar
depoimento
voluntário
dos pais
Transição do
5º para 6º ano
Oportuniza
dinâmicas
que
envolvam
Professores
de 5º e 6º
anos
disciplina a
Alunos de 5º
e 6º anos
Ano letivo
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discussões
sobre:
identidade,
organização
e “mudança”
uma dinâmica
direcionada
Administrar
reuniões
pedagógicas e
equipe
Estabelecer
e seguir
pauta com
sugestões
Equipe
diretiva
Professores
e
funcionários
Todas as
quartas-
feiras
Inclusão como
trabalhar
Convidar
psicóloga do
CEMAE;
Prô da sala
de recursos;Professora
que já
trabalhou
com alunos
Coordenação
e orientação
Professores Reuniões
pedagógi
cas
Quadro 3. Planejamento de atividades a partir do curso (Alunos)
Interesses Ações que
podem
contribuir para
superar esta
fragilidade ou
desenvolver os
novos
interesses
Responsável
(quem puxa
atividade?)
Público-
alvo (quem
participa?)
Data
prevista
Observações
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Música no
recreio
Falar com as
turmas e
professores
Grêmio
estudantil
Alunos Duas vezes
por semana
Sem
vulgaridade
Reunião do
Grêmio
Conversa com
os professores
e reunião na
quarta depois
da aula
Grêmio
estudantil
A escola Uma vez a
cada 15 dias
Participação
Recuperação Falar com
professores e
alunos
Todos (grupo
do
Observatório)
Alunos Final de
cada
trimestre
Só no final do
ano fica muito
difícil
Professores
escutarem os
alunos /
respeito entre
todos
Mais
conversas;
Convocação
para expor o
que sentem;
Usar sinais
para
comunicação;
A escola /
grupo do
Observatório
A escola Começo do
ano
Melhorar a
relação/convi
vência
escolar
Figura 6. Encerramento da quinta oficina
(Fonte: autores).
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Figura 7. Grupo de professores, alunos e funcionários da escola
na quinta oficina
(Fonte: autores).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acreditamos que a educação para a paz é um processo possível, que pode
ser desenvolvido por meio de ações como a apresentada no presente artigo.
O Observatório tem buscado promover cursos de formação continuada para
escolas do município de Passo Fundo e da região, com o intuito de divulgar as
propostas de alternativas metodológicas e pedagógicas, que possibilitem uma
mudança nos paradigmas da escola, sobre conceitos de violência e de paz, por meio
da reflexão, do diálogo e da construção coletiva de ambientes que promovam uma
educação visando a uma cultura de paz.
Neste artigo, apresentamos a proposta do curso de formação continuada
sobre cultura de paz, promovido pelo Observatório da Juventude, educação e
sociedade da UPF.
Acreditamos que, pelos resultados da avaliação; pela significativa
participação de professores, funcionários e alunos; pelo interesse evidenciado pelos
gestores e pela comunidade escolar no projeto, indicados nas expectativas
apresentadas, o curso cumpriu com seus objetivos. Percebe-se um grande potencial
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que pode possibilitar a promoção de mudanças significativas no ambiente escolar,
por meio da reflexão pessoal, do diálogo, da escuta e, em especial, da decisão em
optar pela valorização das pessoas, motivados pelo respeito e pelo cuidado consigo
e com os outros e das relações nos ambientes escolares.
Os resultados indicam que o curso correspondeu às necessidades
identificadas pelos membros da comunidade escolar, bem como que propiciou a
expectativa de novas ações. Também indicam que os aportes teóricos e
metodológicos contribuíram para ressignificar conceitos e práticas no convívio
escolar, além de possibilitarem o conhecimento de alternativas para atuarem na
resolução de conflitos, operando na prevenção de violências, investindo na produção
de valores de uma cultura de paz.
As mudanças não são rápidas, mas, por se tratar de processos históricos e
culturais, a transformação de uma cultura apoiada na violência para uma cultura de
paz precisa respeitar o tempo e a trajetória de cada um. O curso foi desenvolvido
em curto espaço de tempo, mas o trabalho não se encerra ao final das atividades.
As vivências podem inspirar outras ações, que possibilitarão rever conceitos e jeitos
de trabalhar em suas práticas, na busca de recursos para construção de uma cultura
de paz.
REFERÊNCIAS
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BARROS, Marcelo. Para colaborar com o parto de uma humanidade nova. Disponível em http://www.marcelobarros.com/2011/10/palestra-em-passo-fundo.html> . Acesso em 12 de nov de 2011.
BEDIN, Silvio Antônio. Escola: da Magia da Criação - as éticas que sustentam a
Escola Pública. Passo Fundo: editora da UPF, 2006.
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DELORS, J., et all. Educação, um tesouro a descobrir . São Paulo: Cortez, 2001
GALEANO, Eduardo. De pernas para o ar: a escola do mundo ao avesso. Porto Alegre, L&M, 1999.
GUIMARÃES, Marcelo Rezende. A educação para a paz como um exercício da açãocomunicativa: alternativas para a sociedade e para a educação. Educação. Porto Alegre – RS, ano XXIX, n. 2 (59), p. 329 – 368, Maio/Ago . 2006.
LIMA, J. S. e LUCENA, F. C.. O Bullying e suas Implicações no Processo de Ensinoaprendizagem: procedimentos para o descomprometimento do cidadão com o social.Ágora, v. 4, p. 6-18, 2009.
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