apostila de atividade física adaptada 2012a
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Apostila de Atividade Física Adaptada 2012A
Essa apostila foi criada pelo professor Mestre em Estudos Avançados em
Atividade Física e Esporte, Richard Ferreira Sene, como material didático que servirá
como guia para as aulas de Atividade Adaptada do curso de Educação Física da
Universidade do Sul de Santa Catarina, localizada na cidade de Tubarao em Santa
Catarina – Brasil. Esta apostila segue as normas da ABNT na sua formatação. Tem
como base as referencias bibliográficas mundiais que abordam o assunto. Qualquer
duvida ou correção contatar com o e-mail: richard.sene@unisul.br ou pelo telefone
(48) 9911.1350.
2
SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS DE TRABALHO .....................................................................................3 2 HISTÓRICO DE ATIVIDADE ADAPTADA ............................................................................................3 3 ESPORTES MAIS PRATICADOS E AS ORGANIZAÇOES .................................................................8 4 SIGNIFICADO DE EDUCAÇAO FÍSICA ADAPTADA ..........................................................................9 6 CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA .... 13 7 DEFICIÊNCIA FÍSICA (DF) ................................................................................................................ 14 7.1 PARALISIA CEREBRAL (PC) ......................................................................................................... 15 7.1.2 Causadores ................................................................................................................................. 16 7.1.3 Incidência .................................................................................................................................... 16 7.2 LESÃO MEDULAR .......................................................................................................................... 16 7.2.1 Classificações ............................................................................................................................ 17 7.3 POLIOMIELITE ............................................................................................................................... 17 7.4 AMPUTAÇÕES ............................................................................................................................... 18 8 DEFICIÊNCIA VISUAL ....................................................................................................................... 20 8.1 CLASSIFICAÇÕES ......................................................................................................................... 21 8.1.1 Quanto às características físicas e de condicionamento físico ........................................... 22 8.2 RECOMENDAÇÕES ....................................................................................................................... 23 8.2.1 Considerações pedagógicas..................................................................................................... 24 9. DEFICIÊNCIA AUDITIVA .................................................................................................................. 26 9.1 GRAUS DE PERDA AUDITIVA:...................................................................................................... 26 9.2.1 As formas mais comuns ............................................................................................................ 27 9.2.2 Principais Características do Aluno Deficiente Auditivo ....................................................... 27 9.2.3 Considerações pedagógicas..................................................................................................... 28 9.2.3.1 Para alunos surdos ................................................................................................................. 28 9.2.3.2 Para alunos com pouca audição ........................................................................................... 29 9.2.4 Esportes praticados ................................................................................................................... 30 10. DEFICIÊNCIA INTELECTUAL (DI) ................................................................................................. 30 10.1 CLASSIFICAÇÃO DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL .................................................................. 30 10.2 CAUSAS DA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL (DI) ......................................................................... 32 10.2.1 Classificação para Prática Esportiva ..................................................................................... 33 10.2.2 Desenvolvimento Cognitivo segundo Piaget (1952) ............................................................ 34 10.2.3 Características Sociais e Emocionais .................................................................................... 34 10.2.4 Características Físicas e Motoras .......................................................................................... 35 10.3 CONSIDERAÇÕES PEDAGÓGICAS ........................................................................................... 35 10.3 SÍNDROME DE DOWN ................................................................................................................. 36 ANEXO I. QUADRO DE FUNCIONALIDADE DE DEFICIÊNCIA FÍSICA. ........................................... 37
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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS DE TRABALHO
a- Respeito com o deficiente
b- Convívio diário com o deficiente aumentará a segurança dele com o professor.
c- Nunca demonstrar impaciência quando não entender o que o deficiente quer
dizer.
d- Evite mudar constantemente as regras de uma determinada atividade e lembrar
sempre de considerar as limitações da pessoa com deficiência.
f- É importante que o professor conheça a caracterização de sua clientela, a sua
patologia e o que causou sua deficiência.
“Diga-se pra se trabalhar com qualquer indivíduo são necessárias essas
considerações.”
2 HISTÓRICO DE ATIVIDADE ADAPTADA
A origem do desporto adaptado é de difícil localização no tempo e na
literatura. Tudo indica que teve seu início após a 2a Guerra mundial. Isso porque,
vários soldados ao retornarem da guerra estavam mutilados e amputados assim o
governo do EUA resolveu investir em pesquisa nesta área.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pessoas com
necessidades especiais são aquelas que, por alguma condição motora, sensorial ou
mental, vêem-se limitadas de viver plenamente.
Atividade adaptada caracteriza-se como a busca da adequação de meios
para executar uma tarefa diante a ausência ou da impossibilidade de usarem os
meios convencionais. As experiências esportivas modificadas ou especialmente
resignadas para suprir as necessidades especiais de indivíduos. O esporte adaptado
inclui a integração de pessoas com necessidades especiais com as pessoas ditas
‘normais, e lugares nos quais se incluem apenas pessoas com condições de
deficiência.
4
De acordo com os autores Ganho (1981) e Winnick (1990) relatam que
atletas surdos, já no século XIX , em meados de 1870, as escolas de Ohio, EUA,
teve início as primeiras escolas de beisebol para surdos e 1885 o futebol no estado
de Illinois. Onde a primeira competição formal foi em Paris em 1924 com a
participação de nove nações e foi denominado de Jogos do Silêncio.
Em 1945 foi criado a Associação Atlética Americana para Surdos (AAAD),
essa foi criada para providenciar, sancionar e promover competições esportivas para
surdos.
A história nos mostra que pessoas com necessidades especiais podem
alcançar metas que muitos considerariam impossíveis. Wilma Rudolph – Pólio e
defeitos congênitos 3 medalhas de ouro. No revezamento de 100, 200 e 400 metros
nas Olimpíadas de Roma 1960.
Harry Cordellos: Cego, corredor de fundo, maratona de Boston, 1945
marca: 2horas, 57 minutos e 42 segundos.
Muitos que seguem carreira do ensino Educação Física e de treinamento
esportivo normalmente é porque apreciam atividade física e esporte. Entretanto,
muitos não tomam conhecimento da atividade adaptada. Com uma consciência mais
ampla, percebemos que a habilidade de pessoas com necessidades especiais pode
variar de muito baixa a extremamente alta, como citados anteriormente.
Quadro 01. Descrição sobre os períodos e evolução da deficiência no mundo.
Nº Descrição período
1.
Antiguidade anterior aos anos 1700;
2.
Emergência de um campo de 1700 a 1860;
3. Desilusão
de 1860 a 1890;
4. Recuo
de 1890 a 1925;
5. Movimento gradual
de 1925 a 1950;
6. Redespertamento
de 1950 a 1960;
7. Notoriedade
de 1960 a 1970;
8. Época de litígio
de 1970 a 1980;
9. Ação e reação
de 1980 até o presente.
Fonte: PATON; PAYNE & BEIRNESMITH (1985 apud BRASIL, 2000).
5
1. Antiguidade No início da era cristã, as pessoas com deficiência não
tinham o menor valor perante a sociedade. Isso pode ser constatado nos princípios
de Sêneca (filósofo e poetaromano nascido em 4 a.C.), ele sobressaltava que:
Nós matamos os cães danados, os touros ferozes e indomáveis, degolamos as ovelhas doentes com medo que infectem o rebanho, asfixiamos os recém-nascidos mal constituídos; mesmo as crianças, se forem débeis ou anormais, nós afogamos: não se trata de ódio, mas da razão que nos convida a separar das partes sãs aquelas que podem corrompê-las. (Sobre a Ira, I, XV). (MOISÈS, 1977 apud BRASIL, 1997, p. 14).
Já na Idade Média, o pensamento social se baseava naquilo que
particularmente, cada um sentia, isto é, medo, rejeição, respeito ou admiração,
sendo que as pessoas com deficiências eram consideradas revelações divinas,
demônios ou detentoras de dons e poderes. (BRASIL, 1997; PATON; PAYNE &
BEIRNE-SMITH, 1985 apud BRASIL, 2000).
Para tanto, Silva (1987 apud MAFRA, 2002) salienta que mesmo com
todas as concepções 16 místicas e mágicas existentes na Idade Média, senhores
feudais e governantes urbanos criaram hospitais e abrigos para o tratamento de
pessoas doentes e com deficiências.
2. Emergência. Predominava a imagem de que todos foram criados dentro
do princípio da igualdade, com direito à liberdade e a uma vida feliz. Essa ideia de
igualdade acarretou em mudanças no sentido de assistência às pessoas com
necessidades especiais. Pode-se dizer que esse período ficou marcado pelo
entusiasmo no atendimento às pessoas com deficiência. Os empenhos foram
sistematizados, dessa forma a educação especial passa a ser percebida na Europa,
nos primórdios dos anos 1800. (PESSOTTI, 1984; PATON; PAYNE & BEIRNE-
SMITH, 1985 apud BRASIL, 2000).
3. Desilusão. Esse período foi notadamente marcado pelo pensamento
pessimista no que diz respeito à possibilidade de integração da pessoa com
deficiência na comunidade. As medidas de atendimento não geraram mudança
suficiente, que capacitassem as pessoas com deficiência para a almejada integração
e participação, no nível das expectativas do grupo social a que pertenciam. (PATON;
PAYNE & BEIRNE-SMITH, 1985 apud BRASIL, 2000).
Para Castãneda (2003), a idéia de eugenia surgiu com Francis Galton (1883), que acreditava na hereditariedade como fator determinante na maioria das qualidades físicas, mentais e morais do ser humano. E ainda, segundo Cowan (1977, p. 137-142, apud CASTÃNEDA, 2003) no determinismo biológico,
6
onde “os indivíduos já nasciam prontos para serem brilhantes ou estúpidos, geniais ou medíocres, saudáveis ou doentes”. Desta forma, uma pessoa com deficiência intelectual não seria capaz de se desenvolver, de modo que sua continuidade biológica deveria ser impedida.
4. Recuo. O pensamento da época no que diz respeito à incapacidade e
inutilidade das pessoas com deficiência mostra-se relevante no texto de referência a
seguir (1912 apud BRASIL, 1997, p. 18):
Todo deficiente mental e, sobretudo o imbecil leve é um criminoso em potencial, que não tem necessidade de um ambiente favorável para desenvolver e exprimir suas tendências criminosas... torna-se então indispensável que essa nação adote leis sociais que assegurem que esses incapazes não propagarão a sua espécie.
5. Gradual. Nesse período, os idiotas foram definidos pela Mental
Deficiency Act (1927, Grã-Bretanha apud KOHLER, 1961, p. 82) como “indivíduos
que apresentam déficit mental tão grande que se mostram incapazes de zelar pela
própria integridade física”.
Porém, a necessidade de atender essas pessoas só foi despertada após a
I Guerra Mundial, onde muitos soldados regressavam dos conflitos apresentando
graves deficiências e reivindicando atendimento. Surgiram então, serviços de
reabilitação para atender essa demanda, bem como, as outras pessoas do mesmo
modo atingidas, mas que não tiveram a origem de suas deficiências na guerra.
(PATON; PAYNE & BEIRNE-SMITH, 1985 apud BRASIL, 2000).
A partir disso, a ciência genética alcançou mais desenvolvimento e
exatidão. As influências ambientais se fortaleceram na concepção da deficiência
intelectual, enquanto outros fatores etiológicos não hereditários passaram, também,
a ser identificados como determinantes dessa deficiência. Entre eles destacam-se:
as infecções, traumatismos e problemas endócrinos.
Desta forma a concepção genética perdeu a força, como etiologia única da
deficiência intelectual. (PATON; PAYNE & BEIRNE-SMITH, 1985 apud BRASIL,
2000).
6. Redespertamento. Período onde as pessoas com deficiência tiveram
mais aceitação, todavia, muitas ainda eram institucionalizadas e já haviam sofrido
esterilização. Tolerância e compaixão foram tomando os lugares de medo e rejeição.
Contudo, os programas educacionais ainda excluíam as pessoas que apresentavam
7
múltipla deficiência ou limitações mais graves. (PATON; PAYNE & BEIRNE-SMITH,
1985 apud BRASIL, 2000).
Na década de 50 a educação especial ganha poder em âmbito nacional
através de campanhas. Esclarecem essa fase a Campanha para a Educação do
Surdo Brasileiro (1957), a Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de
Deficientes da Visão (1958), e a Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de
Deficientes Mentais (1960). Porém, pessoas com deficiências múltiplas e severas
não eram nem mesmo mencionadas em nenhuma delas. (PATON; PAYNE &
BEIRNE-SMITH, 1985 apud BRASIL, 2000). Apesar dessas campanhas
representarem avanço, neste período ainda eram formados conceitos que
minimizavam as capacidades de pessoas com deficiências.
7. Notoriedade. As pessoas com deficiência foram favorecidas pelo
movimento dos direitos humanos. Sucederam-se pesquisas multidisciplinares que
trouxeram o entendimento das várias deficiências. Nos Estados Unidos, os bons
resultados dos programas de intervenção repercutiram nessas iniciativas e o
otimismo reapareceu naquele país. (PATON; PAYNE & BEIRNE-SMITH, 1985 apud
BRASIL, 2000).
Segundo Werneck (1997) no início dos anos 70 a deficiência intelectual
passou a ser diferenciada da doença mental, a partir disso as pessoas com esta
deficiência puderam deixar os hospitais psiquiátricos.
8. Litígio. Esses anos confirmaram as conquistas anteriores e buscaram
firmar o movimento dos direitos humanos, que afetou inclusive, a sociedade
brasileira. A legislação dos Estados Unidos garantia atendimento educacional para
as pessoas com deficiência, especialmente as mais comprometidas. Desta forma, as
famílias puderam contar com os direitos judiciais para que seus filhos tivessem
atendimento adequado. (PATON; PAYNE & BEIRNE-SMITH, 1985 apud BRASIL,
2000).
9. Ação – reação. A educação especial vem progredindo na maioria dos
países desenvolvidos e em desenvolvimento. No Brasil, essa evolução pode ser
observada na própria Constituição Federal (1988) que recomenda o “atendimento
educacional especializado preferencialmente na rede regular de ensino” (art. 208,
PATON; PAYNE & BEIRNE-SMITH, 1985 apud BRASIL, 2000, p. 32; PEREIRA p.
164, apud XVI CONGRESSO INTERNACIONAL DAS APAES, 1993).
8
Se instituições educacionais e demais órgãos oferecem tantas
oportunidades de educação física e esporte, é necessário que tais oportunidades
sejam oferecidas a pessoas com necessidades especiais.
3 ESPORTES MAIS PRATICADOS E AS ORGANIZAÇOES
Os esportes mais praticados são:
Basquete, natação, futebol, judô, voleibol, atletismo etc.
E as modalidades Esportivas disputadas Paraolímpicas são:
Arco e Flecha, Atletismo, Basquete em cadeira de rodas, Bocha, Ciclismo,
Esgrima, Futebol 5 e 7, Goalball, Halterofilismo, Hipismo, Judô, Natação, Rugby em
cadeira de rodas, Vela, Voleibol, Tiro, Tênis de mesa e em cadeira de rodas.
As principais organizações são:
AAHPERD – American Alliance for Healt, Physical, Education, Recreation
an Dance/ Aliança Americana de Saúde, EF, Recreação e Dança. – 1952 criou
definição de atividade física adaptada.
Adapted Physical Activity Council (1985) - Conselho de atividade física
adaptada, pertence a AAHPERD.
National Consortium for Physical Education and Recreation for Individuals
with Disabilities/ Consórcio Nacional de EF e Recreação para Indivíduos com
Necessidades Especiais. - incentivar a pesquisa nessa área, informalmente teve
início em 1960.
International Federation for Adapted Physical Activity/ Federação
Internacional de Atividade Física Adaptada (IFAPA) - Quebec, finalidade de
promover Simpósio Internacional a cada 2 anos.
1977 – Quebec/ 79 – Bruxelas/ 81 – New Orleans/ 83 – Londres/ 85 -
Toronto/ 87 – Brisbane/ 89 – Berlim/ 91 – Miami/ 93 – Yokohama/ 95 – Oslo/ 97 –
Quebec/ 99 – Barcelona/ 01 – Viena.
Office of Special Education and Rehabilitation Service, subordinado ao
departamento de educação é responsável pelo monitoramento dos serviços
educacionais.
9
4 SIGNIFICADO DE EDUCAÇAO FÍSICA ADAPTADA
A Educação Física Adaptada (EFA) designa um programa individualizado
de aptidão física e motora, habilidades e padrões motores fundamentais e
habilidades de esportes aquáticos e dança, além de jogos e esportes individuais e
coletivos; um programa elaborado para suprir as necessidades especiais dos
indivíduos.
Normalmente o verbo adaptar = ajustar = modificar. EFA tem como o
objetivo de suprir necessidades especiais de longo prazo. (mais de trinta e dias). As
pessoas com necessidades especiais incluem os deficientes especificados na
Individual with Disabebilities Education Act (IDEA)
De acordo com IDEA o termo criança com necessidades especiais,
designa a criança que necessita de educação especial e de serviços relacionados,
por deficiência intelectual, comprometimentos auditivos (inclusive a surdez),
comprometimentos de fala ou linguagem, comprometimentos visuais (inclusive
cegueira), distúrbio emocional grave, comprometimentos ortopédicos, autismo,
traumatismo crânio-cefálico, outros problemas de saúde, distúrbios de aprendizagem
específicos, surdez-cegueira ou deficiências múltiplas.
Pode-se classificar a criança com necessidades especiais, aquelas com
idade de 03 a 09 anos, podem, a critério de cada estado e órgão de ensino local,
incluir as crianças que apresentam atraso de desenvolvimento. Isso quer dizer que
de acordo com a definição do estado e a aferição por instrumentos e procedimentos
adequados de diagnóstico físico, cognitivo, comunicativo, adaptativo, social ou
emocional e que, em virtude desse atraso, precisam de uma educação especial e de
serviços relacionados. Office of Special Education and Rehabilitative Services
(OSE/RS, 1988). Também pode incluir bebês e crianças com menos de 3 anos de
idade, que necessitam de serviços de intervenção precoce por apresentarem atraso
em uma ou demais áreas a seguir: desenvolvimento físico, cognitivo, comunicativo,
adaptativo, social ou emocional e ainda, que tenham diagnóstico de problema físico
ou mental com probabilidade de ocasionar atraso em seu desenvolvimento. E
também o bebê ou criança com risco, que é definido como o indivíduo com menos
de 3 anos de idade que estaria em risco de apresentar um substancial atraso de
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desenvolvimento caso os serviços de intervenção precoce não lhe fossem prestados
(IDEA, 1997).
De acordo com IDEA toda a pessoa com necessidades especiais, dentre
os 03 e 21 anos, deve participar de um programa de educação individualizada (IEP),
desenvolvido por um comitê de planejamento. A disciplina de Educação Física é
obrigatória nesse planejamento. Também existe o plano individualizado de serviço a
família (IFSP), embora não seja obrigatório por lei federal existe o programa de
educação física individualizada (IPEP), que deve ser desenvolvido pela equipe de
avaliação também para pessoas que tem necessidades especiais, mas as quais a
escola não considerou com pessoas com deficientes.
IDEA afirma que a EFA pode ocorrer em aulas que vão de:
- Integradas: ambientes regulares de educação
- Segregadas: somente com pessoas que fazem educação física
adaptada.
Sempre que for possível devem-se colocar os alunos com a Ed. Física
regular. O bom é sempre relacionar a atividade física adaptada como voltada para
instrução e não competição.
O esporte adaptado é definido como o esporte modificado ou criado para
suprir as necessidades especiais dos indivíduos com essas necessidades. Pode ser
praticado em ambientes integrados, em que as pessoas interagem com as pessoas
não deficientes, ou em ambientes segregados, nos quais a participação esportiva
envolve apenas pessoas deficientes.
Ex.: basquetebol e basquetebol em cadeiras de rodas, goalball que foi
criado para deficientes visuais, onde tentam rolar a bola contra a trave adversária.
(bola com som)
Os programas educacionais geralmente são desenvolvidos nas escolas
(atividades internas ou externas). Com esportes interescolares.
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5 LEIS IMPORTANTES E DESENVOLVIMENTO DELAS DURANTE OS ANOS NO
BRASIL
Desde 1969, universidades e faculdades de muitos estados têm recebido
fundos federais para a preparação de profissionais, pesquisa e outros projetos de
aperfeiçoamento dos programas para pessoas com necessidades especiais.
Professor de EF foi beneficiado com esse apoio.
Órgão governamental encarregado da administração e financiamento
desses projetos é a Secretária de Educação Especial e Serviços de Reabilitação
(OSE/RS), vinculado ao departamento de educação.
4 leis- Seção 504 da IDEA de 1973:
1- onde o indivíduo com necessidades especiais tem o direito de educação
gratuita e adequada;
2- EF à disposição de crianças com necessidades especiais;
3- oportunidades iguais em atividades e serviços não acadêmicos e
extracurriculares, um programa individualizado;
4- realização de programas em ambientes menos restritos, testes não
discriminatórios e critérios objetivos para colocação, processo justo e assistência dos
serviços relacionados na Educação Especial;
1973/504- impedir discriminação, oportunidades iguais
1975- garantir as crianças uma educação apropriada e gratuita
1978- coordenar esforços nacionais no que diz respeito à atividade
amadora, inclusive os jogos paraolímpicos. Essa foi levada ao Comitê Olímpico de
Esportes para Deficientes, como órgão permanente dentro do comitê olímpico dos
USA que coordena os jogos paraolímpicos.
1983- Incentivo aos estados, serviços para bebês, crianças e pré-
escolares.
1986- Serviços educacionais para crianças 03 a 05 anos de idade.
Planejar e desenvolver um programa abrangente e interdisciplinar.
1990- doenças incapacitadas para deficiências, ampliação dos serviços/
proteção de direitos civis a todas as pessoas com necessidades especiais em todos
os aspectos da vida norte americana.
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1997- Várias alterações, escola pública e gratuita para todas as crianças
(03 a 21 anos). Cláusula de atraso de desenvolvimento nas crianças de 03 a 09
anos. Criação do IEP.
1998- Comitê Olímpico dos USA assume o Comitê Paraolímpico dos USA.
Ex. De Aplicação: Colocação de aluno
Situação: Reunião do comitê de planejamento de programas
individualizados
Aluno: 10 anos, problemas comportamentais, aptidão física inadequada
(evidenciada pelo fato de não ter atingido os padrões específicos e gerais do
Brockport Physical Fitness Test) e também desenvolvimento motor abaixo da média
(um desvio padrão ou mais abaixo da média obtida num teste padronizado de
desenvolvimento motor).
Questão: Qual o ambiente adequado para a instrução?
Aplicação: O aluno receberá um programa de EFA. O programa será
realizado em ambiente integrado, com serviços de apoio, sempre que o grupo de
colegas do aluno receber Educação Física (EF). O aluno fará uma aula de EF a mais
por semana, junto com mais dois colegas que também precisam de EFA.
Ex.: O Juliano é aluno do ensino fundamental e tem paralisia cerebral,
poderia beneficiar-se com o programa individualizado?
Qual o melhor ambiente a ser inserido? Integrado?
Quanto tempo ele deve passar na EF? Mesmo tempo dos alunos sem
deficiência?
Tem que fazer fisioterapia?
A escola deve ter um programa para esses alunos?
A resposta é SIM
Quais profissionais deveram fazer parte deste programa?
Prestadores de Serviços... Diretos: Professores, técnicos, terapeutas,
voluntários e outros.
EFA deve sempre ser ministrada por profissionais especializados na área.
Mas também deve ser encarregadas pelo profissional de EF regular.
Todo o professor deve estar disposto a contribuir com o desenvolvimento
destes alunos. Isso vai além de registros de “vitória e derrota”.Profissional deve
priorizar o desenvolvimento de uma auto-estima positiva e ter uma postura de
aceitação, empatia, amizade e afeto, garantindo um ambiente seguro e controlado.
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Seleciona e adota abordagens e estilos de ensino benéficos para os alunos. Sempre
trabalhar as instruções desses indivíduos individualmente, personalizando o
trabalho. Adotar abordagem de elogios e incentivos, sempre enfatizar o positivo.
Trabalhar como uma pessoa com necessidade especial, ou seja, sempre se colocar
na situação dela.
Início no século XIX nos EUA inicia o Movimento pela Inclusão – pessoas
com necessidades especiais em um ambiente educacional regular.
6 CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
ADAPTADA
Implementação de programas – administradores da escola
Orientação Programática e Curricular – estrutura do programa
Identificação dos alunos – às vezes é óbvia, necessita avaliação.
Colocação em ambientes menos restritivos – ambientes adequados
Orientação para Instrução - planejamento
Tamanho da classe – geralmente excessivo, mas não pode mais que trinta
alunos.
Horário - mesmo horário que EF regular
Tempo – buscar a comparação do programa de EF. Regular
Esportes – todo aquele que estimule o indivíduo a participar
Locais – acessíveis para os alunos com deficiência, planos sem rachaduras,
1,20m de largura, portas com 90 cm e leves, bebedouros acionados com os
pés ou mãos, sinalização coloridas, mapas tácteis para deficientes visuais,
banheiros com barras para apoio, vasos apropriados, bancos, espelhos,
largura para cadeira de rodas...
professor
médico
enfermeiro
psicólogo Trabalho interdisciplinar
fonoaudiólogo
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fisioterapeuta
assistente social
terapeuta ocupacional
Muito importante fazer uma avaliação do programa.
Figura 1. Ambientes mais e menos restritos. Fonte: Winnick (2004).
7 DEFICIÊNCIA FÍSICA (DF)
É toda e qualquer alteração no corpo humano, resultado de um problema
ortopédico, neurológico ou de má formação, levando o indivíduo a uma limitação ou
dificuldade no desenvolvimento de algumas tarefas motoras. (COSTA, 1992).
Formas mais comum:
Paralisia cerebral
Lesão medular
Amputações
Poliomielite (Paralisia Infantil)
Acidente Vascular Cerebral
Toda a deficiência física deve ser classificada segundo:
Distúrbios funcionais = capacidade de realizar movimentos, evidenciando
as potencialidades dos músculos lesados pela deficiência bem como os não
atingidos. Procede-se também testes médicos e de força muscular.
Nível 1 – colocação em aula regular Nível 2 - colocação em aula regular com serviço de apoio Nível 3 - colocação em aula regular com assistência complementar ou sala de recursos Nível 4 - colocação em aula especial com tempo parcial Nível 5 – aula especial em tempo integral Nível 6 - colocação em aula individual em tempo parcial Nível 7 – aula individual em tempo integral Nível 8 – escolas especiais Nível 9 – Hospitais e centros de tratamento
Ambiente Menos Restrito
Deslocar o mais rápido possível
Ambiente Mais Restrito
Deslocar somente quando necessário
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Para a prática esportiva a classificação dependerá da modalidade
esportiva. Ex.: Atletismo a letra F corresponde as provas de Campo e a letra T
corresponde as provas de Pista. Ex.: de T50 a T53/ F50 a T57, T42 a T46/ F40 a
F46 e T30 a T37/ F30 a F37. Já na modalidade de Natação as letras são: S para o
nado de Crawl, costas e borboleta; a letra B para o nado Peito e a letra M para o
nado Medley, individual ou revezamento. S1 a S10 indicam provas Livre, costas,
borboleta, B1 a B10 provas do nado Peito e M1 a M10 as provas individual e
medley.
7.1 PARALISIA CEREBRAL (PC)
É um grupo de sintomas incapacitantes permanentes, resultantes de dano
às áreas do cérebro responsáveis pelo controle motor. É um problema não
progressivo que pode ter origem antes, durante ou depois do nascimento e se
manifesta na perda ou no comprometimento do controle sobre a musculatura
voluntária. Pode ser leve (somente a fala) até severos (incapacidade total de
controlar os movimentos corporais).
7.1.1 Tipos de PC
Monoplegia - somente um braço ou perna que é menos freqüente, raro é
pode virar uma hemiplegia (bom controle da cabeça).
Diplegia - todo o corpo, mas as pernas mais que os braços (fala
comprometida).
Hemiplegia – somente um do lado do corpo é afetado.
Quadriplegia – todo o corpo, mas os braços e tronco são mais afetados
(fala e cabeça comprometida).
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7.1.2 Causadores
A rubéola, incompatibilidade de Rh, prematuridade, trauma no parto,
meningite, envenenamento, hemorragias ou tumores cerebrais e outras formas de
lesão causadas por abusos ou acidentes. Prematuro corre 5 vezes mais de risco.
7.1.3 Incidência
De acordo com a United Cerebral Palsy Associations (Associação de
Paralisia Cerebral) 1998 – 500 mil crianças e adultos nos EUA têm PC. Sendo que
de1200 – 1500 pré-escolares não receberam o diagnóstico anteriormente.
Exercício: Atualmente quais são as estatísticas?
7.2 LESÃO MEDULAR
São problemas que decorrem de uma lesão ou doença nas vértebras e/ou
nos nervos da coluna vertebral. Quase sempre está associada a certo grau de
paralisia, devido ao dano à medula espinhal. O grau de paralisia depende do local
da lesão medular e o número de fibras nervosas destruídas em consequência dessa
lesão.
Tipos mais comuns
- Tetraplegia e paraplegia
- Poliomielite
- Espondilose
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7.2.1 Classificações
Médica: de acordo com a coluna vertebral (cervical, torácica, lombar ou
sacral) e o número da vértebra que se encontra a lesão. Conforme quadro abaixo.
Esporte Classe
Arco e flecha Arqueiros tetraplégicos em cadeira de rodas
AR1 Lesões cervicais superiores e tríceps não funcional contra a resistência notas de 0 – 3 nos testes.
Lesões cervicais inferiores e boa potencia normal de tríceps notas de 4- 5 nos testes, potencia normal nos flexores e extensores do punho.
AR2 Classe Aberta
AR3 Alguns eventos em pé.
Natação Classe
Nado livre, costas, borboleta
S1 – S10
Nado de peito SB1 – SB 10
Medley individual SM1 – SM10
Atletismo Classe
Provas de Campo F1 – F8
Provas de Pista T1 – Nível neurológico C6
T2 –
T2A - Nível neurológico C7
T2B - Nível neurológico C8
T3 - Nível neurológico T1 – T7
T4 - Nível neurológico T8 – S2 Quadro 2: Esportes e classes esportivas adaptadas.
Fonte: Winnick (2004)
7.3 POLIOMIELITE
Também conhecida como pólio, é uma forma de paralisia causada por
uma infecção viral que afeta as células motoras da medula espinhal. A gravidade
varia de uma pessoa para outra, pois dependem da quantidade e do local das
18
células afetadas. Pode ser temporária (células motoras não são destruídas) ou
permanente (se forem destruídas).
As principais características são: Durante a fase aguda, a criança fica
acamada. Os sintomas geralmente são febre alta e paralisia dos músculos afetados.
Requer cuidados e dependerá do grau podendo precisar de muletas, suporte para
braços ou cadeiras de rodas. Podem ocorrer deformidades nos quadris, joelhos,
tornozelos ou pés e requerem cirurgia corretiva.
O professor de EF tem que avaliar e respeitar as limitações dos seus
alunos. O objetivo será sempre de desenvolver as capacidades dos músculos ativos.
7.4 AMPUTAÇÕES
A perda de um membro inteiro ou de um segmento específico do membro.
Pode ser adquiridas = resultados de doença ou traumas; ou congênitas = má
formação do feto nos três primeiros meses de gestação.
A Classificação é segundo a Disabled Sports (DS/USA) International Sports
Organization for Disabled (ISOD) Esportes para Deficiente e Organização
Internacional de Esportes para Deficientes. Utilizam nove classes conforme tabela
abaixo:
Tabela 1: Classificação esportiva segundo amputação.
Classe Característica
A1 Bilateral acima do joelho
A2 Unilateral acima do joelho
A3 Bilateral abaixo do joelho
A4 Unilateral abaixo do joelho
A5 Bilateral acima do cotovelo
A6 Unilateral acima do cotovelo
A7 Bilateral abaixo do cotovelo
A8 Unilateral abaixo do cotovelo
A9 Amputações combinadas de membros superiores e
inferiores
Fonte: Winnick (2004)
19
Em quase todos os casos o médico prescreve e seleciona uma prótese
para o amputado. Essa serve para compensar o tanto quanto possível a capacidade
funcional da perda do membro amputado. É recomendado que a pessoa use a
prótese o mais rápido possível, pois o dispositivo fica mais fácil de incorporar os
movimentos naturais da pessoa (Síndrome do Membro Fantasma). O aprendizado
de uso leva tempo e esforço para o amputado. Muito importante o trabalho do
professor de sala de aula, pois esse pode desenvolver e manter habilidades
necessárias para a recuperação do amputado. Habilidades finas como recortar,
colar, desenhar são muito importantes para o amputado e a manutenção delas
também. Já o professor de EF pode auxiliá-los a desenvolver habilidades amplas ou
grosseiras como arremessar, agarrar e até manusear objetos. (Taco, raquete) Já
existe prótese para atletas que causam a sensação mais realista possível, pois tem
impulso ativo do pé tanto na vertical como na horizontal. Funciona de forma gradual,
suave e funciona dependendo da pressão utilizada pelo atleta.
Esporte Benefícios
Basquete em cadeiras de rodas Integração, equilíbrio, força, valorização, convívio social,
autoestima, autoconfiança.
Natação Espasmos musculares, - dor na articular e muscular, baixa
temperatura da água = vasoconstrição, melhora do equilíbrio
estático e dinâmico (água auxilia na sustentação do corpo),
explorar e vivenciar movimentos desconhecidos ou impossíveis
de realizar em terra e ainda, proporciona momentos de
descontração, prazer, criatividade e valorização do indivíduo.
Futebol (mesmo)
Atletismo (mesmo)
Voleibol (mesmo)
Judô (mesmo)
Quadro 3: Esportes e benefícios para as pessoas com necessidades especiais.
Objetivos do Esporte adaptado para a pessoa com deficiência física
segundo Winnick (2004):
1) O esporte como fator curador
Para os DF, o esporte é a forma mais natural de executar exercícios
terapêuticos, complementando o trabalho do fisioterapeuta. Isso por trazer
benefícios à força muscular, coordenação, resistência, etc. E faz com que a DF
20
aprenda a superar a fadiga, que é um dos sintomas mais comuns nas fases mais
tenras da recuperação nos casos de amputações de membros.
2) O esporte como componente recreativo e seu significado psicológico
A grande vantagem do esporte em relação a fisioterapia é o valor
recreativo. Não se tem mais dúvida de que muitos dos efeitos positivos do esporte
sobre o DF perdem-se se ela não consegue estimá-lo. Assim, o componente
recreativo do esporte é um fator importante para o restabelecimento do equilíbrio
psicológico, o qual capacita o indivíduo a lidar com a sua deficiência. Além disso, o
esporte adaptado tem o objetivo de desenvolver a atividade mental, a autoestima, a
dignidade pessoal, a autodisciplina e o sentido de grupo.
3) O esporte como meio de reintegração social
Considerando o objetivo mais nobre, este deve facilitar e acelerar a
reintegração ou a integração da DF na sociedade.
Já Costa (1992) lista, uma série de objetivos mais específicos do esporte
adaptado ao DF. Dentre eles, destacam-se os seguintes:
Desenvolver e aperfeiçoar a técnica e o manejo de cadeiras de rodas;
Estimular as funções do tronco e dos membros superiores;
Adaptar o movimento devido as suas limitações;
Prevenir deficiências secundárias;
Melhorar o equilíbrio e a coordenação, principalmente dos amputados;
Desenvolver as funções gerais do corpo adaptando-o ao potencial residual.
8 DEFICIÊNCIA VISUAL
É a redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor olho
mesmo após a melhor correção ótica. Deficiência visual: termo geral que engloba
cegueira total e baixa visão. Está dividida em cegueira e visão subnormal tanto pode
ser congênita ou adquirida. (Congênita – ocorre antes do nascimento. Adquirida –
durante ou após a infância).
21
8.1 CLASSIFICAÇÕES
Baixa visão quando o individuo consegue ler impressos grandes ou com
ampliação. Cegueira quando há uma incapacidade de ler impressos grandes,
mesmo com ampliação. E, a Cegueira legal quando acuidade visual igual ou inferior
a 20/200 no melhor olho após a correção, ou campo visual tão restrito que seu maior
diâmetro compreende uma distância angular inferior a 20° (20/200). A visão de
percurso é capacidade de enxergar a uma distância de 1,52 a 3,04 m o que o olho
normal consegue ver a 60,96 m (5/200 a 10/200). Já a percepção de movimento se
caracteriza pela capacidade de enxergar a uma distância de 91,4 cm a 1,52 m o que
o olho normal consegue ver a 60,96 m; essa capacidade se limita quase a
totalmente à percepção do movimento. A percepção de luz é a capacidade de
distinguir uma luz forte colocada a 91,4 cm do olho, associada à incapacidade de
detectar o movimento de uma mão a 91,4 cm do olho (< 3/200). Quanto à cegueira
total se caracteriza pela incapacidade de reconhecer uma luz forte direcionada
diretamente aos olhos.
Exemplo:
Visão Normal: 20/20
Visão subnormal moderada: 20/80 a 20/150
Visão subnormal grave: 20/200 a 20/400
Visão subnormal profunda: 20/500 a 20/1000
Quase cegueira: 20/1200 a 20/2000
Perda Visual Características
Degeneração macular Causa da perda de acuidade e um ponto cego central no campo visual. (dificuldade de leitura, visão próxima) Hipermetropia: Dificuldade para focalizar o que está próximo dos olhos, o que torna a imagem embaçada.
Retinoblastoma Um tipo de câncer que frequentemente leva a remoção de um olho. Costuma-se usar um globo ocular protético
Rubéola Durante o terceiro trimestre de gestação, as complicações da rubéola podem causar limitação no aproveitamento visual
Albinismo Falta de pigmentação na íris e em todo o corpo. Os olhos ficam sensíveis a luz; talvez necessite usar óculos escuros para reduzir luminosidade. Pode ocorrer o nistagmo – curto e rápido movimento involuntário do globo ocular de um lado para outro. Onde trabalhar? Ginásio fechados, longe de janelas
Retinose Pigmentar doença hereditária e progressiva na qual ocorre inicialmente a cegueira noturna, seguida pela possibilidade de perda de visão periférica. (cegueira noturna e visão em túnel)
Síndrome de Usher causa da surdez cegueira, é uma condição hereditária que provoca perda auditiva (normalmente surdez profunda) e está
22
presente no nascimento ou logo após o nascimento. Também ocorre perda progressiva da visão, causada pela retinose pigmentar
Glaucoma Causado por um distúrbio na drenagem do fluído intra-ocular. O conseqüente aumento da pressão pode acabar levando à cegueira total. A perda da visão pode ser gradual, súbita, ou estar presente desde o nascimento.
Catarata a perda da transparência característica da lente, o torna cristalino opaco, desencadeando, possível sensibilidade à luz e ao ofuscamento e tendência ao estrabismo para compensar a visão comprometida. A catarata pode ocorrer em conseqüência da rubéola. (visão totalmente embaçada, incapacidade de enxergar os detalhes).
Retinopatia da Prematuridade ocorre em alguns casos bebês nascidos prematuramente, causando redução da acuidade ou cegueira total.
Miopia Não dá pra enxergar claramente o que está distante dos olhos
Astigmatismo Irregularidades na córnea distorcem a visão tanto de perto quanto de longe
Quadro 4: Causas de perda visual. Fonte: Winnick (2004).
Algumas características afetivas e sociais da pessoa deficiente visual são
Movimentos Repetitivos, maneirismos ou autoestimulação como balançar o corpo,
acenar com a mão, agitar os dedos e introduzi-los no olho.
8.1.1 Quanto às características físicas e de condicionamento físico
Fica evidente que a falta de visão não ocasiona, diretamente, nenhuma
característica motora ou física. Mas as reduzidas oportunidades de movimentação
podem causar diferentes características.
Característica: As reduzidas brincadeiras de mão com os pais, exagero
dos instintos protetores dos pais e cuidadores, medo que a própria criança sente de
ser bruscamente movimentada, a falta de visão que motiva o movimento e a falta de
oportunidade de observar os outros se movimentando – tudo isso pode contribuir
para atrasos motores entre os alunos que são cegos. Quanto a implicação: Os
alunos devem se movimentar em ambientes seguros para minimizar o
desenvolvimento de atrasos motores.
Característica: Os indivíduos com baixa visão podem ter problemas
posturais, principalmente por se manterem em uma determinada postura,
principalmente com a cabeça, para maximizar a visão. Implicação: Exercícios de
23
correção postural podem ajudar na correção da postura e desgaste do corpo.
(levantar a cabeça, sentar com as costas eretas).
Característica: Os alunos cegos podem ter imagem corporal e equilíbrio
menos desenvolvidos. (talvez por não ter uma atividade física regular) Implicação:
Participar de atividades como dança, ioga e educação do movimento podem ser
excelentes para desenvolver imagem corporal e equilíbrio.
Característica: Andar com os pés arrastando e em marcha lenta. (tente
caminhar pela sala com os olhos fechados) Implicação: Professor de Ed. Física deve
auxiliar para que o comprimento do passo aumente, criando uma maior extensão do
quadril. (caminhadas e corridas auxiliadas)
Característica: Condicionamento físico baixo, pois não fazem exercícios
regularmente, assim como as pessoas que enxergam. Implicação: Implementação
de programas físicos para deficientes visuais, pois os mesmos podem ter potencial
equivalente das pessoas que enxergam. (trabalhos com as famílias para que seja
implantado atividade em casa, com guias, corridas e caminhadas, o que falta para o
cego é a experiência no esporte)
8.2 RECOMENDAÇÕES
Solicite auxílio para a família e de outros cuidadores para requisitar os
sistemas de apoio adequados
Perguntas necessárias:
O que você consegue enxergar?
Quando ocorreu a perda de visão?
Durante que período ocorreu a perda de visão?
Continua evoluindo?
Existe alguma atividade contraindicada? Consulte o médico, saber: causa da
cegueira e características dela, assim você poderá trabalhar com ele plenamente. Ë
muito difícil o aluno com cegueira total ter alguma restrição contra atividade física, já
os alunos com baixa visão poderá ser mais complicado, pois o mesmo pode ter
passado por alguma cirurgia corretiva há pouco tempo.
24
8.2.1 Considerações pedagógicas
- A criança com cegueira congênita pode precisar de mais detalhes na
explicação já que nunca vivenciou visualmente o ocorrido. Ex: pule como um coelho,
ele nunca viu um coelho pular, convém explicar o pulo do coelho.
- Aprenda com o aluno qual a melhor forma de ajudá-lo a enxergar;
- Mudar a cor da bola;
- Ter um especialista em atividade adaptada para ajudar o aluno com
deficiência severa;
- Colegas tutores ou voluntários treinados para ajudar a oferecer comandos
cinestésicos a alunos deficientes visuais;
- Equipamentos especializados com bolas sonoras;
- Professor assistente, instrutor de mobilidade, fisioterapeuta ou especialistas
em baixa visão;
- Glaucoma, esportes com pressão ocular pode ter algum problema (mergulho,
natação);
- Nos casos de deslocamento de retina também não se pode sacudir a cabeça;
- Desenvolva atitudes positivas em relação aos alunos com deficiências visuais;
- Incentive a participação dos alunos nas atividades físicas;
- Ajude os pais a perceber a capacidade dos filhos;
- Desafie os alunos com deficiências visuais, para que eles possam se sentir
bem-sucedidos;
- Recompense-os e reconheça suas conquistas (melhora auto-estima e
motiva);
- Tenha a expectativa que ele se movimente com maior independência possível
durante a atividade física. (apresente-o as instalações);
- Identifique os pontos de referência para que ele possa se orientar sozinho;
- Narre os acontecimentos, apesar de cotidianos é importante o estímulo
sonoro;
- Algumas coisas não fazem parte da experiência direta da criança. Fale com
ela sobre acontecimentos tais como os passarinhos que passaram sobre a sua
cabeça e deixe-a tocar neles;
- A criança pode precisar de ajuda para juntar as partes para formar um todo.
Deixe-a sentir todas as partes como trampolim, balanço, gira-gira;
25
- A imitação é mais difícil, a conduza fisicamente ao longo do movimento em
vez de mostrá-lo;
- O feedback é necessário porque a criança nem sempre sabe como está se
saindo. Ex.: prenda sinos nos alvos para que elas saibam quando acertaram neles;
- Use termos simples;
- Use o modo preferido de comunicação da criança;
- Repita sempre quando ela não entender;
- Escolha um narrador para todos os eventos para que as crianças possam
acompanhar as atividades. (de preferência o mais criativo e engraçado);
- Faça sempre a demonstração dentro do campo visual de seu aluno;
- Para evitar assustar o aluno, sempre o avise-o antes de prestar assistência
física;
- Deixe o aluno sentir através do tato um colega ou o professor executando
uma atividade;
- Diga a ele onde e quando deve tocar o instrutor e o colega;
- Relate a assistência prestada, quando e onde e por que ele tateou o instrutor
e colega para ele entender;
- Repita várias vezes quando forem necessárias para que o aluno entenda;
- Para melhor entendimento associe o tato com outros métodos de ensino.
Esportes mais praticados por DV são: Atletismo, ciclismo em tandem,
goalbal, halterofilismo, judô, luta e natação. Cada um é praticado com algumas
particularidades. Atletismo geralmente é com guia, os outros tem uma menor
adaptação.
Quadro 5: Categorias esportivas de DV e suas características.
Categorias
Características
B1 Ausência total de percepção de luz incapacidade de
reconhecer objetos ou contornos em qualquer direção
B2 Desde a capacidade de reconhecer objetos e contornos até
acuidade visual de 2/60 e/ou campo visual limitado a 5°.
B3 Visão de 2/60 a 6/60 (20/200) e/ou campo visual entre 5° e
20°
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Os Materiais utilizados são: Guia, Cordão, Cabo guia, Fonte Sonora a
Distância, Fonte sonora, camiseta em guias videntes, corrida independente, esteira
ergométrica e corrida de cadeira de rodas.
Considerações Finais:
- O aluno deficiente visual tem, em muitas vezes, a mesma condição de
se desenvolver plenamente o importante é o educador adaptá-lo da melhor forma
para incluí-lo na classe de atividade física regular.
- Temos que cuidar que a inconveniência de um comprometimento visual
não leve o indivíduo a ser fisicamente inativo e inexperiente.
9. DEFICIÊNCIA AUDITIVA
É caracterizada pela diminuição da percepção de sons, evidenciando o
mal funcionamento do mecanismo auditivo. A deficiência pode existir sem que haja a
surdez. Geralmente as pessoas surdas utilizam-se de outras formas de
comunicação. Já os deficientes auditivos, devido perda auditiva, que torna difícil,
mas não impossível, a compreensão da fala através do ouvido, utilizam o aparelho
de surdez e/ ou a ajuda terapêutica na comunicação. (fonoaudiólogo). Pode ser
Congênita (de nascença) ou Adquirida (que se desenvolve após o nascimento).
9.1 GRAUS DE PERDA AUDITIVA:
Leve – Perda média de 20 a 40 dB – dificuldade de entender a fala baixa.
Média - Perda média de 40 a 70 dB – uso do aparelho - fala normal.
Severa - Perda média de 70 a 90 dB - perda sensoneural – fala gritada
Profunda - Perda média de mais de 90 dB - uso dos sinais – qualquer fala.
Como é medida? A perda auditiva é medida em decibéis (dB), uma medida relativa
do som através de um teste chamado de audiometria.
27
9.2.1 As formas mais comuns
Hipoacusia ou Perda Condutiva – o som não é transmitido corretamente
para o ouvido interno. É como o rádio com o volume baixo. As palavras soam baixas,
mas não ocorre distorção. Algumas crianças com perdas condutivas podem ter uma
fala inteligível.
Pode ser corrigida através de intervenção médica ou cirúrgica, já que se trata de um
problema mecânico, no qual os nervos não são danificados. Com freqüência, os
aparelhos auditivos são úteis para aumentar o volume.
A otite média serosa é geralmente tratado com a inserção de um tubo plástico
através do tímpano durante vários meses, para permitir que o fluído solidificado seja
drenado da cavidade onde estão situados os ossículos responsáveis pela condução
do som.
Disacusia ou Perda Senso neural – se deve a um dano neurológico, é
muito mais grave do que a condutiva e pode se tornar permanente. E ainda, as
crianças que apresentam esse tipo de perda terão mais dificuldade com a fala do
que as condutivas. É como um rádio mal sintonizado. As palavras podem soar altas,
distorcidas e truncadas. Mesmo com aparelho auditivo ou elevação da voz pode-se
ter um comprometimento na compreensão das palavras. Deve-se ressaltar que
apenas 20 a 30% da fala é visível nos lábios. Lesões, alergias a drogas, exposição
contínua à música alta, infecções como as por vírus de herpes e toxoplasmose
causam perda auditiva.
Perda Mista – é a combinação da perda condutiva e da senso neural.
9.2.2 Principais Características do Aluno Deficiente Auditivo
- Impulsividade – por aprenderem mais visualmente querem sempre olhar as
redondezas. E também poderia estar associada à surdez porque o ouvido
28
interno está localizado em um conjunto de vias que levam ao cérebro,
inclusive a via das emoções.
- Maior incidência de distúrbios de comportamento – motivo acima.
- Desequilíbrio – por não terem as mesmas oportunidades de atividades físicas.
- Dificuldade na Comunicação – na fala
- Rigidez - tenso
- Dificuldade de movimentação
9.2.3 Considerações pedagógicas
- Quanto o aluno consegue ouvir?
- Qual a forma de comunicação que ela prefere?
- Há alguma contra indicação? – A maioria não tem. Protetores para natação
- Não subir em lugares altos
- Atividades acrobáticas só com supervisão
- Mantenha sempre o contato visual durante a conversa
- Use papel e caneta para ajudar
- Sinalize que entendeu apenas quando tiver compreendido (não finja que
entendeu)
- Tenha boas maneiras para atrair a atenção de uma pessoa surda
- Evite interrupções nas conversas
- Corrija erros de português somente quando ela pedir
- Leve em conta que para muitas pessoas surdas o aparelho auditivo não
funciona
9.2.3.1 Para alunos surdos:
- Conseguir se possível um intérprete que fique perto do professor
- Forneça a ele os planos de aula com antecedência – verificar o vocabulário
- Reunir-se para tirar dúvidas antes da sessão
29
9.2.3.2 Para alunos com pouca audição
- Diminua ruídos da sala – espere o silêncio de todos para explicar;
- Incentive o aluno a tirar o aparelho quando houver muito ruído de fundo –
música, ginásio;
- Considere a hipótese de usar um microfone na aula;
- Use comandos visuais;
- Distribua cópias do plano de aula para os alunos com linguagem adaptadas a
eles;
- Utilize cartões de instruções;
- Empregue sinais claros para iniciar e interromper as atividades;
- Utilize amplamente as demonstrações;
- Crie sinais fáceis de reconhecer e enxergar mesmo à distância;
- Em jogos tente usar placar e cronômetro visual;
- Em ambientes externos, fique perto do aluno e quando necessário toque o
ombro do aluno para chamar-lhe atenção;
- Facilite a leitura labial e a visão das expressões faciais;
- Evite mascar chiclete, usar barba ou bigode para cobrir a boca;
- Posicione o aluno diretamente na frente do professor;
- Em lugares cobertos, providencie iluminação forte;
- Quando estiver ao ar livre, certifique-se de que o aluno não fique olhando
contra o sol;
- Verifique se eles entenderam. Antes de iniciar a atividade, pergunte aos
alunos surdos e com dificuldade de audição se eles enxergam;
- Promova atividades de liderança entre os alunos surdos;
- Dê opções aos alunos e deixem que eles escolham;
- Incentive de eles serem capitães das suas equipes e líder como os árbitros;
- Façam que eles ajudem os outros e vice-versa;
- Dê informações claras e que os alunos não precisem esperar os outros
começar para eles começarem;
- Se você estiver lecionando para alunos que usam a língua dos sinais aprenda
o que puder sobre ela para se comunicar melhor;
- Incentive sempre os alunos surdos a participarem da Educação Física regular.
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9.2.4 Esportes praticados:
- Atletismo, Badminton, Basquete, Beisebol, Boliche, Ciclismo, Esportes de tiro,
Esqui, Futebol, Golfe, Handebol, Hóquei, Luta, Natação, Pólo Aquático,
Softbol, Tênis, Tênis de mesa, Vôlei.
10. DEFICIÊNCIA INTELECTUAL (DI)
Entende-se como o estado de redução notável do funcionamento intelectual
significativamente inferior à média, associado a limitações pelo menos em dois
aspectos do funcionamento adaptativo: comunicação, cuidados pessoais,
competências domésticas, habilidades sociais, utilização dos recursos comunitários,
autonomia, saúde e segurança, aptidões escolares, lazer e trabalho. O deficiência
intelectual se manifesta antes dos 18 anos.
10.1 CLASSIFICAÇÃO DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Existem muitos sistemas de classificação de deficiência intelectual:
Comportamental
Etiológico
Educacional
Até 1992, os testes de inteligência também determinavam o nível de severo
da deficiência intelectual:
Classificação de severidade de Deficiência Intelectual baseado em Escores
de Coeficiente de Inteligência (QI) antes de 1992
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Escorre do Teste de Inteligência Nível de Deficiência Intelectual
50-55 a 70-75 Leve
35-40 a 50-55 Moderado
20-25 a 35-40 Severo
Inferior a 25 Profundo
Quadro 5. Classificação de severidade baseado em escores de QI. Fonte: Winnick (2004)
A partir de 1992 a American Association on Mental Retardation (AAMR),
mudou essa classificação: Tem ou não tem deficiência intelectual e subdivide-se em
Leve ou Severo – que se classificam em grau de limitação. Esses níveis se baseiam
na funcionalidade das dez áreas de habilidades adaptativas, relacionadas na
definição de deficiência intelectual, e no grau de apoio de que o indivíduo necessita
num ambiente em particular (p. Ex., escola, casa, comunidade, etc). O novo sistema
tem 4 níveis de apoio:
Intermitente: apoio de curto prazo se fazem necessários durante transições da
vida (p.ex. perda de emprego)
Limitado: apoio regular durante um período curto (p.ex., treinamento para o
trabalho).
Extensivo: apoio constante, com comprometimento regular, sem limite de
tempo (p.ex., apoio de longo prazo no trabalho ou na vida doméstica).
Generalizado: constante e de alta intensidade; possível necessidade de apoio
para a manutenção da vida.
Obs. Importante:
O problema dos sistemas é o fato de rotularem as pessoas. Esses rótulos
tendem a desencadear expectativas comportamentais absolutas e reações
emocionais negativas por parte da sociedade. E ainda, provocam ideias
preconcebidas em relação às capacidades, às deficiências e ao potencial do
indivíduo. Em geral, os indivíduos com deficiência intelectual têm várias capacidades
e potenciais, e o professor deve estar preparado para aceitar essa diversidade.
32
10.2 CAUSAS DA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL (DI)
Existem mais de 500 distúrbios nos quais o DI pode ocorrer como uma
manifestação específica. Esses distúrbios podem ocorrer de acordo com o período
gestacional: pré-natal, perinatal e pós-natal.
Período Gestacional DI Leve DI Severo
Pré-natal 7-23% 25-55%
Perinatal 4-18% 10-15%
Pós-natal 2-4% 7-10%
Quadro 6. Incidência de deficiência intelectual segundo período gestacional. Fonte: Winnick (2004)
Embora a causa mais conhecida mais prevalente de deficiência intelectual
seja a síndrome alcoólica fetal, segundo recentes pesquisas sofisticadas,
mapeamento genético constataram que distúrbios relacionados ao cromossomo X
são os distúrbios genéticos hereditários mais prevalentes que manifestam deficiência
intelectual ( 1 em cada 450 nascimentos).
Cerca de metade da população com DI tem mais de um fator causal
possível, que costuma refletir os efeitos cumulativos ou interativos desses fatores
(MCLAREN & BRYSON, 1987; SCOTT, 1988). Por exemplo, baixo peso ao nascer
costuma ser considerado uma etiologia orgânica, mas outros fatores psicossociais,
como maternidade na adolescência, pobreza, falta de instrução e um pré-natal
inadequado, também contribuem para o baixo peso ao nascer. A abordagem
multifatorial para etiologia leva em conta se os fatores causais afetam os pais da
pessoa com deficiência intelectual, a própria pessoa, ou ambos – e classifica os
tipos de fatores etiológicos em quatro grupos:
Biomédicos – relacionam-se aos processos biológicos, como distúrbios
genéticos ou nutrição.
Sociais – relacionam-se à integração familiar e social, como a estimulação e a
responsabilidade dos adultos.
Comportamentais – relacionam-se a comportamentos que podem ser a causa
do problema, como atividades perigosas (lesionantes) ou abuso de drogas por
parte da mãe.
33
Educacionais – relacionam-se à disponibilidade de apoios educacionais que
promovem o desenvolvimento mental e das habilidades adaptativas
(AAMR,1992).
De forma semelhante, os esforços de prevenção são dirigidos aos pais e/
ou a pessoa que corre risco de desenvolver o DI.
Esforços primários de prevenção: programas contra o alcoolismo, são
dirigidos aos pais da pessoa com DI e visam evitar que o problema ocorra.
Esforços secundários de prevenção: como programas nutricionais para o
tratamento de pessoas nascidas com fenilcetonúria1 estão voltadas à pessoa
que nasceu com um problema que pode causar deficiência intelectual, e
procuram limitar ou reverter os efeitos dos problemas existentes.
Esforços terciários de prevenção: programas de habilitação física,
educacional e vocacional, são dirigidos à pessoa com DI e buscam melhorar o seu
nível de funcionalidade.
10.2.1 Classificação para Prática Esportiva
Menos comprometida (leve) – A pessoa tem possibilidades de dominar
habilidades básicas, bem como manter-se independente ou semi-
independente no grupo social quando adultos.
Pouco comprometida (moderado) – A pessoa apresenta, em sua maioria,
problemas neurológicos (distúrbios motores), sendo capaz de aproveitar os
programas de treinamento sistematizado, principalmente quando da
aprendizagem de atividades ocupacionais da vida diária. No entanto, o
desenvolvimento de habilidades acadêmicas ou vocacionais é bastante
limitado.
1 Fenilcetonúria - É hereditária e se caracteriza pela falta de uma enzima em maiores ou menores
proporções, impedindo que o organismo metaboliza e elimine o aminoácido fenilalanina. Este, em
excesso no sangue é toxico, atacando principalmente o cérebro e causando deficiência mental.
34
Muito comprometida (profundo) – A pessoa poderá beneficiar-se pouco de
qualquer tipo de treinamento ou educação, necessitando de assistência por
toda a vida.
Ex.: Futebol, atletismo, natação.
10.2.2 Desenvolvimento Cognitivo segundo Piaget (1952)
Estágio Idade Característica
Sensório-motor 0 a 02 anos Brincadeira prática e
ritualização) individual
Pré-operacional 02 a 07 anos (Simbólico) Grupo Egocentrismo
e brincadeira paralela,
brincadeira recíproca em
duplas, trios, etc.
Operações concretas 07 aos 11 anos (Jogos com regras) Grupo:
brincadeiras em grupos grandes
Operações formais 11 e 12 anos até idade adulta
Quadro 7. Desenvolvimento segundo Piaget (1952) Fonte: Winnick (2004)
Quanto maior o grau de RM, mais baixo é o nível cognitivo da pessoa. A
maioria dos adultos com limitações severas esta no estágio sensório-motor.
O adulto com limitação leve é possível que não sejam capazes de ir além
do nível das operações concretas.
10.2.3 Características Sociais e Emocionais
Frequentemente as crianças com RM não compreendem totalmente o que
se espera delas, podendo reagir inadequadamente por interpretarem mal a situação
e não porque não tem um comportamento adequado. Os programas educacionais
têm que sempre incluir experiências que ajudem as pessoas com RM a desenvolver
comportamentos sociais e reações emocionais a situações do cotidiano.
35
10.2.4 Características Físicas e Motoras
Embora a maioria das crianças com DI evidencie atrasos no
desenvolvimento motor, esses atrasos parecem estar mais relacionados a fatores
cognitivos de atenção e compreensão do que a déficits psicológicos ou motores.
Escorres mais baixos de medidas de força, resistência, agilidade,
equilíbrio, velocidade na corrida, flexibilidade e tempo de reação.
Deficiência DI leve DI severo
Autismo 9% 20%
Epilepsia 4-7% 20-32%
PC 6-8% 25-30%
Déficits sensoriais 2% 11%
Quadro 7. Outras deficiências relacionadas com o DI. Fonte: Winnick (2004)
10.3 CONSIDERAÇÕES PEDAGÓGICAS
O professor deve sempre oferecer atividades variadas para que os alunos
consigam realizar os movimentos propostos, estando assim sempre abertos a
alterações nos processos metodológicos da aprendizagem.
Sempre olhar seu aluno de forma individual e evidenciar suas
potencialidades.
Atividades de acordo com o comprometimento motor, idade cronológica e
desenvolvimento intelectual do aluno.
Elogie sempre suas tentativas e reforce o seu bom desempenho.
Conquistar a confiança dos seus alunos, sempre cuidando não causar
frustrações.
Criar programas com objetivos bem definidos, podendo ser terapêutico,
recreativo ou treinamento para competições.
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Sempre progredir lentamente e oferecer atividades familiares em um primeiro
momento da aula.
Dê orientações claras sobre a atividade a ser realizada, apresente suas ideias
de forma lenta.
É importante criar uma ficha de cada aluno, para seu conhecimento e
avanços e dificuldades que ele apresentará.
As pessoas com Síndrome de Down não devem ser submetidas a atividades
que envolvam pressão sobre os músculos da cabeça e do pescoço ou então,
praticá-las com restrições até que seja diagnosticada a presença ou não de
instabilidade atlantoaxial.
10.3 SÍNDROME DE DOWN
É uma condição genética associada com o DI. Porem, recentes estudos
mostram pessoas com as características abaixo que não apresentam a deficiência
intelectual.
Características: baixa estatura, boca pequena, lábios finos, cabeça
pequena, cabelo esparso e fino, dificuldades de percepção, falta de equilíbrio, língua
protusa e fissurada, manchas brancas na íris dos olhos, mãos e pés largos, nariz
pequeno e ponta achatada, obesidade leve a moderada, olhos inclinados para cima
e para fora, pernas e braços curtos em relação ao torso, pescoço curto e orelhas
implantação baixa, sistemas respiratório e cardiovascular subdesenvolvidos, visão e
audição limitadas, hipotonia (baixo tônus muscular).
Para criar qualquer programa físico tem que ter a liberação médica por
causa de todas as fragilidades físicas que o aluno possui.
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ANEXO I. QUADRO DE FUNCIONALIDADE DE DEFICIÊNCIA FÍSICA.
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