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Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 1

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI

FACULDADES IDEAU

ANÁLISE DE ENDOPARASITAS E ECTOPARASITAS EM

COELHOS

BERTOLDO, Taiana Piana1

tai.pb.23@hotmail.com

CZIZEWESKI, Nicolas1

anthonicz@outlook.com

LEMOS, Eloiza1

eloiza_lemos@hotmail.com

PERUZIN, Raissa Antonya1

ra.peruzin@hotmail.com

PESSOA, Greiciele Hoffmann1

greici.pessoa@hotmail.com

MAHL, Deise Luiza2

deisemahl@ideau.com.br

PIEROZAN, Morgana Karin2

morganapierozan@ideau.com.br

RANGHETTI, Alvaro2

alvaroranghetti@ideau.com.br

ROCHA, Anilza Andréia da2

anilzarocha@ideau.com.br

ROSÉS, Thiago de Souza2

roses@ideau.com.br

URIO, Elisandra Andreia2

elisandra-urio@ideau.com.br

RIITER, Filipe²

veterinaria@ideau.com.br

¹ Discentes do Curso de Medicina Veterinária, Nível III 2016/1- Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.

² Docentes do Curso de Medicina Veterinária, Nível III 2016/1- Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.

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INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO

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RESUMO: A cunicultura, ou seja, a cultura ou criação de coelhos tem por objetivo a utilização da carne deste

animal, bem como a sua pele e filhotes (como animal de estimação). A carne do coelho é de alto valor proteico,

tendo em média 21,6% a mais do que a carne bovina, baixo teor de gordura e principalmente boa digestibilidade.

O objetivo deste trabalho foi observar os tipos de ectoparasitas e endoparasitas encontrados na cunicultura. As

técnicas utilizadas foram de raspagem de pele, flutuação em solução de cloreto de sódio e por fim a de

coprocultura. As amostras foram coletadas em coelhos de cinco propriedades distintas, onde foi determinada a

coleta de fezes (50 amostras) e de possíveis ectoparasitária por meio de raspagem de pele (20 amostras). Nas

amostras de pele coletadas por meio de raspagem não foi encontrado nenhum tipo de ectoparasita, nem na

observação e avaliação de pele e pelos feita a olho nu. Depois de realizada e analisada a Técnica da

Coprocultura, constatou-se que a presença de parasitas era inexistente, mesmo sendo uma técnica de resultados

satisfatórios, a mesma mostrou-se semelhante às outras técnicas realizadas. Nas análises de endoparasitas

realizadas através de fezes, foi encontrado na propriedade 3, oocistos semelhantes a Eimeria irresidua, que é um

parasita localizado no intestino delgado onde sua principal inflamação, ocorre no jejuno. Acredita-se que os

resultados encontrados, mesmo tendo sido adaptado para as diferentes técnicas, tenha sido devido à pouca

quantidade de fezes que se obteve nas coletas, mesmo nas propriedades maiores, pois o volume de defecação de

cada animal é mínimo.

Palavras-chave: Cunicultura; Parasitoses; Identificação

ABSTRACT: The rabbits, ie, culture or breeding rabbits aims to use the meat of this animal, as well as your

skin and puppies (as pet). Rabbit meat is high protein, averaging 21.6% more than the beef, low-fat and

especially good digestibility. The aim of this study was to observe the types of ectoparasites and endoparasites

found in rabbits. The techniques employed were skin scraping, floating sodium chloride solution and finally the

coproculture. The samples were collected at five different properties rabbits, which was determined to collect

feces (50 samples) and ectoparasitic possible through skin scraping (20 samples). All skin samples collected by

scraping any ectoparasite was not found, or the monitoring and assessment of skin and made by the naked eye.

After performed and analyzed Technical Coproculture, it was found that the presence of parasites was

nonexistent, even if a technique satisfactory results, it was similar to the other techniques performed. In the

analyzes performed by endoparasites stool was found in Property 3, similar to Eimeria irresidua oocysts, a

parasite which is located in the small intestine where the main inflammation, occurs in the jejunum. It is believed

that the results, although it has been adapted to the different techniques, has been due to the small amount of

feces that was obtained in the collections, even the largest properties, because the volume of defecation of each

animal is minimal.

Keywords: Dairy Cattle; Parasitosis; Identification

1 INTRODUÇÃO

Segundo Cavalcanti (2004), as atividades alternativas têm ganhado espaço tanto na

produção quanto no mercado consumidor brasileiro com o passar dos anos. As possibilidades

de lucro oferecidas pelas criações em pequena escala são inúmeras. Pouco exigentes em

termos de espaço físico e investimentos, atividades como a cunicultura possuem um mercado

forte e em plena ascensão. Este tipo de criação teve início no Brasil em 1957, porém seu

destaque econômico surgiu apenas na década de 70. O estado de São Paulo é produtor e

consumidor de cerca de 40% da produção nacional, seguido do Paraná com 15% (ACBC,

2010).

Esta cultura de criação de coelhos tem por objetivo a utilização da carne deste animal,

bem como a sua pele e filhotes (como animal de estimação). A carne do coelho é de alto valor

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proteico, tendo em média 21,6% a mais do que a carne bovina, baixo teor de gordura e

principalmente boa digestibilidade. É um animal que se prolifera com muita facilidade, onde

em torno de 27-32 dias após o acasalamento a fêmea já está parindo. Estes animais já estão

prontos para o primeiro acasalamento com seis meses de idade, podendo ser desmamados aos

quarenta e cinco dias de vida. Em locais de criação, deve-se sempre manter cuidados

sanitários necessários simples e práticos, mas que se tornam necessários para o bem estar dos

animais e a alta da produtividade (DUARTE, 2016).

Os coelhos são afetados por diversas doenças que podem interferir na sua produção.

As doenças mais comuns em coelhos são as do trato respiratório e as intestinais. Muitas

dessas doenças são parasitárias e estão presentes no rebanho de forma subclínica, podendo

aparecer como surtos em consequência do estresse provocado por mudança de manejo ou

transporte (PEREIRA, 2002, p.105).

A Parasitologia é a ciência que estuda os parasitas, seus hospedeiros e a relação entre

eles. Parasitas são seres vivos que retiram de outros organismos os recursos para sua

sobrevivência e são considerados agressores por prejudicarem o hospedeiro. Existem várias

espécies de parasitas, dentre elas o parasita facultativo, que se destaca por não necessitarem

unicamente de um hospedeiro para sobreviver, sendo assim ele pode viver dentro do

organismo vivo (na forma de parasita), quanto fora (vida livre). Um caso que pode ser

descrito é o das larvas de moscas, que vivem tanto em feridas necrosadas, tanto em matéria

orgânica em decomposição. Os custos para o hospedeiro, na manutenção do parasita, podem

ser desprezíveis, mas podem também ser substanciais ou mesmo insuportáveis. Isso depende

do número de parasitas, do tipo e do grau das lesões que eles infligem, também do vigor e do

status nutricional do hospedeiro (BOWMAN, 2010).

As infecções endoparasitárias, que são infecções internas no organismo, podem ser

observadas em coelhos principalmente no trato gastrointestinal, desde o estômago, porções do

intestino e fígado, porém podem ser encontrados parasitas de importante relevância nos

sitemas respiratório, circulatório, nervoso e locomotor destes animais. Normalmente as

avaliações e diagnósticos são feitos através de análises de fezes ou após o óbito do animal por

meio de exames histopatológicos dos órgãos ou por observação de mudanças nas formas

anatômicas do determinado sistema parasitado (BRESSAN et al., 2010; FERREIRA et al.,

2013).

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Infecções parasitárias causadas por helmintos são obeservadas em animais domésticos

se estes forem expostos a ambientes que facilitem a contaminação, sendo mais frequentes em

animais silvestres. Já as infecções ectoparasitárias, ou seja, parasitas externos são encontrados

na pele e pelo dos animais, normalmente são ácaros e pulgas, mas podem ainda ser

acometidos por larvas de moscas como as do gênero Luciliasericata (BRESSAN et al., 2010).

Psoroptes cuniculi é um parasita onipresente do canal auditivo externo e pode com

frequência ser evidenciado em coelhos com a formação de ácaros que causam otite externa

(BOWMAN, 2010).

Este estudo teve como objetivo coletar e identificar os principais endoparasitas e

ectoparasitas encontrados dentro da cunicultura em propriedades da região do Alto Uruguai

Gaúcho.

2 MATERIAL E MÉTODOS

As amostras foram coletadas em coelhos de cinco propriedades distintas, onde foi

determinada a coleta para investigação endoparasitária e ectoparasitária em animais de cada

criador, totalizando 20 amostras de raspagem de pele e 50 amostras de coleta de fezes. A tabela 1

apresenta o número de animais por propriedade, peso, idade, se realizado controle parasitário e

quantidade de amostras de pele e fezes. A tabela 1 apresenta o número de animais por

propriedade, peso, idade, se realizado controle parasitário e quantidade de amostras de pele e

fezes.

Tabela 1: Relação de animais por propriedade e coletas realizadas.

Propriedade Quantidade Peso

médio

Idade Controle

parasitário

Amostras de

Pele

Amostras

de fezes

Propriedade 1 4 4 kg 6 meses Sim 4 4

Propriedade 2 38 1kg - 3,5kg 2 a 10 meses Não 10 38

Propriedade 3 3 3 kg 6 meses Não 3 3

Propriedade 4 4 3 kg 8 meses Não 2 4

Propriedade 5 1 4 kg 11 meses Sim 1 1

Fonte: PESSOA, 2016. Cacique Doble - RS.

A coleta endoparasitária foi realizada através de estímulos no canal retal (Figura 1) com

consequente defecação do animal, o material coletado não teve contato com outras superfícies,

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sendo acondicionado em recipiente plástico e acondicionado em geladeira até ser relizada a

análise laboratarial.

Figura 1 – Estímulo no canal retal para defecação do animal. – Fonte: Lemos, 2016. Cacique

Doble - RS.

Um dos animais utilizados para análise encontrava-se com quadro avançado de

enfermidade da pele em decorrência de agressões por outros animais, sendo assim abatido para

descarte. Foi realizada uma abertura abdominal neste animal, para observação e coleta de material

do estômago e diretamente do intestino grosso, para posterior análise (Figura 2). Ainda foi

realizada raspagem na pele da região abdominal onde se encontrava maior número de lesões

(Figura 3).

Figura 2 – Coleta de material em animal abatido. - Fonte: Lemos, 2016. Cacique Doble – RS.

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Figura 3 – Raspagem de pele em animal abatido – Fonte: Lemos, 2016. Cacique Doble – RS.

A avaliação da presença de ectoparasitas foi feita por meio de raspagem da pele. O

material para observação de ectoparasitas foi coletado com auxílio de bisturi e óleo, fazendo-se a

raspagem na pele do animal, até observar pequena presença de sangue. Então o material foi

depositado sobre a lâmina e recoberto com lamínula para posterior observação microscópica

(Figura 4). A raspagem foi realizada na orelha dos animais saudáveis (Figura 5), e no animal

abatido foi coletado material da região ventral ondese encontravam as lesões. Algumas amostras

foram feitas sem o uso de óleo para verificar a ocorrência de diferentes resultados.

Figura 4–Depósito do material coletado – Fonte: Lemos, 2016. Cacique Doble - RS.

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Figura 5 – Raspagem de pele – Fonte: Lemos, 2016. Cacique Doble - RS.

As técninas de raspagem de pele, flutuação em solução de cloreto de sódio, método de

Willis (1921), método de Hoffman (1934) (Sedimentação Espontânea) e coprocultura foram

observadas em Laboratório de Análises.

Para a técnica de flutuação (Mollay, 1921) pesou-se aproximadamente 2g (gramas) de

fezes em Becker, juntamente com 25 ml de solução hipersaturada de Cloreto de Sódio, para

dissolução das fezes com auxílio de um bastão de vidro. Em seguida, com o auxílio de uma

gaze e funil, as fezes dissolvidas na solução foram transferidas para um recipiente Borel, logo

após, o mesmo foi completado com a solução hipersaturada de Cloreto de Sódio e

acrescentado uma lâmina em cima por cerca de 10 a 20 minutos. Para finalizar, logo após 20

minutos, a lâmina foi virada para acrescentar gotas de Lugol e em seguida ser posta a

lamínula em cima e com isso, conseguir visualizar os possíveis parasitas nas fezes, utilizando

o microscópio óptico.

Esta técnica foi adaptada para obter uma melhor visualização dos resultados. Foi

utilizado em regra de 3 (três), por exemplo, quando eram utilizados 2 (dois) gramas de fezes

usava – se 25 (vinte e cinco) mL de solução hipersaturada, e 0,4 gramas de fezes, utilizou-se 5

(cinco) mL de solução hipersaturada de cloreto de sódio.

Optou-se por adaptar as técnicas à quantidade de material coletado por regra de três. O

material foi pesado em duas partes, apresentando dois resultados diferentes, 0,5g e 0,6g. Para

0,6g foi adaptado o método de Willis (1921), onde foi dissolvido em 1,2 ml de solução

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saturada de NaCl, filtrado e em seguida completado com essa solução, foi depositada a lâmina

nas extremidades do frasco permanecendo nesta posição por aproximadamente cinco minutos,

foi montado três lâminas e observadas no microscópio. Para 0,5g de material foi adaptado o

método de Hoffman (1934) onde foi utilizado para dissolver 0,5ml de água e em seguida

filtrado e completado com água, depois disso foi depositada a lâmina nas bordas do frasco

aguardando por trinta minutos e por fim foi montado três lâminas para observá-las. Todas as

lâminas, de ambos os métodos utilizados, receberam uma gota de lugol para melhor

visualização microscópica.

Utilizou-se também a Técnica De Roberts E O’sullivan (1950) (Coprocultura) que teve

como objetivo a identificação genérica de nematoides gastrintestinais através da morfologia

das larvas e com isso a incubação de ovos de helmintos presentes nas fezes até sua eclosão e

liberação das larvas dos nematoides.

Em um recipiente de vidro, foram misturadas às fezes com a vermiculita ou serragem,

na proporção de cerca de duas partes de vermiculita para uma de fezes, borrifando a cultura

com água, fazendo com que a mistura ficasse homogênea e solta. Logo após, o frasco foi

coberto com gaze para entrada de ar e permaneceu em temperatura ambiente, durante 7 dias.

Foi verificado diariamente o grau de umidade da cultura e borrifada com água para melhor

aproveitamento e absorvação das larvas. A Figura 6 mostra o processo durante o período da

eclosão das larvas.

Figura 6: Período de eclosão das larvas – Fonte: Bertoldo, 2016. Laboratório de Bioquímica

da Faculdade Ideau/ Getulio Vargas - RS.

Transcorrido o período de sete dias na estufa, foi realizada a coleta do material, da

seguinte maneira: encher o frasco de cultivo com água à temperatura de 45º C até a borda,

tampar o frasco com placa de Petri, invertendo-se bruscamente, para evitar que a água

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derrame, colocar água a 45º C até a metade da placa de Petri, após 12 horas, retirada com

pipeta Pasteur o conteúdo da Placa de Petri, transferindo-o para um vidro de relógio,

observando em lupa, transferindo uma ou duas gotas do líquido em uma lâmina,

adicionadolugol para matar e corar as larvas, acrescentando uma lamínula e procedendo à

identificação microscópica das larvas.

3. RESULTADOS E ANÁLISE

Dentre todos os animais analisados, não foram encontrados ectoparasitas nas

observações a olho nu, como pulgas, carrapatos, sarnas, nem nas placas de raspagem

analisadas em microscopia óptica.

Na propriedade 3, foram encontrados oocistos semelhantes a Eimeria spp, como pode

ser observado na Figura 7.

Comparando-se com reproduções da literatura conforme Figura 8, se observam

imagens semelhantes a oocistos descobertos em laboratório. Nos demais animais não foram

encontrados ovos, oocistos ou larvas de endoparasitas através da análise das fezes, nem

mesmo no que foi realizada a coleta diretamente do intestino grosso e do estômago.

Figura 7: Lâmina parasitológica com possível Oocisto de protozoários- Fonte: Bertoldo, 2016.

Laboratório de Bioquímica da Faculdade Ideau/ Getulio Vargas - RS.

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Figura 8: Eimeria irresidua. Fonte: Parasitologia Veterinária, 2014.

Diversos fatores podem interferir no diagnóstico de doenças causadas por parasitas,

tais como o método de coleta e transporte das amostras e a forma de avaliação laboratorial. A

maioria dos parasitas podem ser identificados em amostragens de fezes, sangue, esputo ou

raspados de pele, porém infecções imaturas ou latentes pedem apresentar maior dificultade no

diagnóstico. Outros fatores importantes na avaliação devem ser levados em conta, sendo eles

a idade do hospedeiro, a resistência por exposição prévia parasitária, o período do ano que

interfere na carga de microrganismos, o estado fisiológico do animal como período pré-parto

que também aumenta a quantidade de parasitas, a localização geográfica, tratamentos

helmíntico já administrado e o histórico patológico clínico (FOREYT, 2005).

De acordo com Bressan et al. (2010), apesar de existirem outros meios de análise, o

método mais utilizado e mais prático para diagnóstico de endoparasitas helmintos é o exame

fecal, por meio do qual podem ser observados ovos, larvas e helmintos. A coleta das fezes

deve ser feita preferencialmente direto da região do reto, usando-se luvas podendo esta ser

utilizadas como receptáculo, ou por serem animais pequenos pode ser coletado com auxílio de

termômetro ou um bastão de vidro. A análise deve ser feita nas fezes ainda frescas, em média

de 5 a 10 gramas é suficiente, devendo ser armazenadas se necessário em geladeira, já que os

ovos se tornam embrionados de forma rápida (FOYRET, 2005; BRESSAN et al., 2010).

Os resultados negativos nas análises de endoparasitas foram provavelmente associados

a pouca quantidade de fezes que se consegue coletar diretamente no canal retal dos animais,

pois mesmo na propriedade maior foi conseguido numa coleta realizada de todos os animais,

um máximo de 8 gramas, o que se tornou insuficiente para adaptar às técnicas propostas.

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Após coleta, de acordo com o método de análise escolhido, as lâminas devem ser

observadas com aumento baixo e se necessário uma maior ampliação, permitirá a observação

da morfologia e dimensões dos ovos ou larvas (BRESSAN et al., 2010).

De acordo com Souza (2011), coelhos quando doentes podem demonstrar sintomas

como quadro depressivo, olhar triste e ofuscado, queda das orelhas, isolamento, além de

anomalias físicas como pelos mais ásperos, opacos, sem viço, pele mais enrugada, presença

de tumores, feridas, edemas, crostas e calombos. A boca pode desenvolver abcessos e

inflamações, e maior formação de cera nas orelhas. O apetite fica comprometido e o animal

passa a perder peso, podem ainda apresentar a formação de secreções como pus ou catarro,

quadros de hemorragia, febre e diarreia.

Os animais dos quais foram realizadas as coletas de material não apresentavam

nenhum dos quadros a cima citados, exceto em alguns com certo grau de desnutrição, e falhas

em áreas na pelagem por agressões entre os animais mantidos nas mesmas gaiolas na

Propriedade 2.

Para Souza (2011) e Pereira (2002, p.110), as patologias mais comuns em coelhos são

disenteria, coriza, sarnas auriculares, coccídeose no fígado, vermes no aparelho intestinal,

parasitas externos, toxoplasmose, conjuntivite em animais pequenos e casos de torcicolo.

Segundo Bressan et al. (2010), os ectoparasitas mais importantes na veterinária são

dos grupos Insecta como moscas, piolhos e pulgas e Arachnida como carrapatos e ácaros,

podendo ser temporários ou permanentes na pele ou sob ela. O diagnóstico é realizado através

da coleta e identificação deles.

A coleta de ectoparasitas pode ser feita por meio de raspagem da pele, principalmente

quando se suspeita da presença de ácaros (FOYRET, 2005).

De acordo com Pereira (2002, p. 110), a sarna auricular uma das principais patologias

nesta espécie, de rápido contágio entre os animais. Os sintomas são intensa irritação na pele,

com consequente inflamação e produção de secreções serosas e amareladas, que se não

tratadas formam crostas na pele que podem chegar a trancar o ouvido do animal, além da

formação de pus e perda de sangue (Figura 9). Souza (2011) relata que a infecção pode ser

ocasionada por Psoroptes communis e Chorioptes cuniculis, parasitas que se alojam dentro do

pavilhão auricular, podendo levar a morte do animal se não for tratado.

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Figura 9: Lesões por sarna aurícular. Fonte: Souza, 2011.

Infestações por ácaros causam enfraquecimento do animal, perdem peso e tendem a

permanecerem com a cabeça inclinada para o lado lesionado, tentando coçar a região. As

medidas de prevenção contra esta enfermidade são o isolamento do animal infectado e

desinfecção das gaiolas, o tratamento consiste em fazer a remoção das crostas com auxílio de

uma pinça e aplicação de sarnicida em spray, também a administração de medicamento

antiparasitário (SOUZA, 2011; SERRA-FREIRE et al.,2013).

Segundo Pereira (2002, p. 111) e Souza (2011), a sarna que acomote o corpo de

coelhos também é contagiosa, caracterizada pela presença de prurido, lesões em forma de

arranhões, crostas na cabeça, boca, olhos e nariz, pode ainda ser observada nas patas e

genitais. É oriunda do contato com parasitas, desenvolvendo irritação local, formação de

secreção que ao secar forma a crosta, com cor amarela acinzentada, a pele fica enrugada e

edemaciada, com perda dos pelos no local. O parasita se aloja abaixo da pele e se nutre do

sangue do hospedeiro. Quando os locais de lesão são a boca ou as narinas, o animal apresenta

muito dificuldade para se alimentar e tem sua respiração dificultada, ficando muito debilitado

e dificultando o tratamento. A medida mais eficaz no controle da doença é o abate do animal

acometido

Animais contaminados com vermes intestinais apresentam um quadro de

enfraquecimento, perda de apetite e de peso, também convulsões e paralisias. No intestino

destes animais pode ser observado um grau elevado de enrijecimento dificultando o corte na

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necrópsia, alem da presença de grande quantidade de helmintos em seu interior (SOUZA,

2011).

A Eimeriose é uma doença que afeta os coelhos, principalmente jovens, sendo causada

pelo protozoário do gênero Eimeria pertencente à classe coccidia, causando diarreia que pode

levar a uma enterite mais grave, devendo-se considerar a intensidade dos sinais clínicos e a

idade do hospedeiro (FERREIRA et al., 2013).

Para Almeida et al. (2006), o gênero Eimeria é o mais frequente em infecções de

coelhos por endoparasitas, sendo o causador da coccideose. São oocistos muito resistentes

quando na forma esporulada, liberados nas fezes, vindo à forma de esporulados de acordo

com a temperatura, umidade e oxigenação do ambiente. São normalmente parasitas

gastrointestinais, porém já foram observados no sangue, no baço e em linfonodos na região

mesentérica, sendo uma forma mais agravada da infecção. As espécies de Eimeria se

diferenciam principalmente pela forma dos oocistos e estruturas endógenas destes, além dos

diferentes tipos de hospedeiros.

Existem muitas espécies de coccídeos que infectam os coelhos, entre elas as principais

são a Eimeria stiedae, Eimeria flavescens e Eimeria intestinalis. Esses parasitas podem causar

a destruição da parede intestinal que resultam em diarréia principalmente em animais jovens,

no período de desmame, causando também a coccidiose hepática. Infecções acarretadas por

coccídeos são observadas em fazendas de criação comercial e na cunicultura industrial, sendo

uma das principais causas em perdas econômicas. A identificação da espécie de Eimeria se dá

pela observação das lesões hepáticas e intestinais, bem como sua localização no exame pós

morte. Também a identificação de oocistos nas fezes do animal, sendo que grandes

quantidades de oocistos nas fezes são indicativos de que os coelhos necessitam de tratamento.

A limpeza diária de gaiolas ou instalações, bem como a disponibilidade de comedouros

higienizados são influentes no controle das infecções por coccidioses, sendo que em unidades

de grandes proporções, consegue-se controle através do manejo dos animais em instalações

com assoalho de fios de arame e através da administração de coccídeostáticos incorporados à

alimentação, desta forma em cuniculturas destinadas à indústria percebem-se bons métodos de

higiene, gaiolas de metal sem contato com o solo, e ainda a manutenção através de

medicamentos profiláticos (BRESSAN et al., 2010; FERREIRA et al., 2013).

A coccideose hepática é uma enfermidade que causa grandes prejuízos aos produtores,

pois causa grande taxa de mortalidade. Desenvolve-se pela presença de protozoários, os quais

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tem seus ovos expelidos junto às fezes, atacando preferencialmente coelhos entre 2 e 4 meses.

Coelhos adultos são mais resistentes, podendo ser apenas portadores e propagadores dos

parasitas, sem desenvolver a sintomatologia. Os sintomas são abatimento, tristeza, inibição de

apetite, diarréia, pelos arrepiados e edema ventral, além de casos de convulsões e paralisia nas

patas. A infecção pode ocorrer pela água e alimentos que estejam contaminados pelos

parasitas. A morte do animal pode acontecer em alguns dias, ou até dentro de 3 meses.

(SOUZA, 2011)

Eimeria spp tem seu ciclo de vida a partir de quatro estágios de merogonia. Na

primeira geração os merontes infectam as criptas, na segunda estão localizados na lâmina

própria, os de terceira e quarta geração juntamente com os gamontes atacam o epitélio das

vilosidades no jejuno e no íleo. O período pré-patente é de 9 dias e o tempo de esporulação é

de 4 dias. Pode causar redução no ganho de peso e desencadear casos de diarreia. Durante

esse período, há diminuição no consumo de alimentos e água, podendo causar morte do

animal dependendo do grau de infecção. Sua patologia pode ocasionar inflamação catarral do

intestino delgado, podendo se observar no exame pós-morte a presença de enterite, com

espessamento intestinal. Podem ser encontrados merontes e famontes nas raspagens da

mucosa, aparecendo também no exame histopatológico uma mucosa espessa, atrofiada, com

as vilosidades fundidas entre si, hiperplasia das criptas e diversos estágios parasitários dentro

da mucosa. (BRESSAN et al., 2010)

Depois de realizada e analisada a técnica da Coprocultura, constatou-se que a presença

de parasitas era inexistente, mesmo sendo uma técnica de resultados satisfatórios, a mesma

mostrou-se semelhante às outras técnicas realizadas.

4 CONCLUSÃO

Apesar de terem sido realizadas diversas coletas de fezes e adaptadas diferentes

formas de análises laboratoriais, foi possível fazer a identificação de poucos endoparasitas,

como na Propriedade 3, semelhantes aos oocitos de Eimeria.

Nas coletas para observação de ectoraparitas realizadas através de observação da pele

e pelos do animal e nas análises feitas através de raspagem não foram identificados nenhum

tipo de parasita externo.

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INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI

FACULDADES IDEAU

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