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8/4/2019 A+economia+brasileira+em+marcha+forçada

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A economia brasileira emmarcha forçada.

Antonio Barros de Castro

Aula: Prof. Marcelo Arend

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A sabedoria convencional e suasalternativas

• 1974: déficit em transações correntes,sobretudo na balança comercial, em razãodo crescimento explosivo dasimportações.

• Aumento dos gastos com matérias-primase petróleo.

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Que poderia fazer o governo brasileiro?

2 Alternativas convencionais para o problema nas contas externas.

a) Financiamento: governo evita as dificuldades e sacrifícios(recessão, desemprego; políticas contracionistas). O governo nãodeseja se adaptar a nova situação.

Condição necessária: disponibilidade de poupança externa, liquidezinternacional. Havia liquidez: bancos privados internacionaispassaram a reciclar fundos procedentes da OPEP. Disputavamconcessão de empréstimos a países em desenvolvimento e emexpansão.

Pressuposto de que o desequilíbrio de divisas é temporário e não

repetitivo.b) Ajustamento: desaquecimento da economia. Adaptação ao novo

quadro de recessão nos países avançados.

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Visão convencional• Estratégia brasileira: recusou o ajustamento, optou pelo

crescimento com endividamento. Opção desde meadosdos anos 1960.

Visão de autores críticos a estratégia do governo, de que eleentendia que o choque do petróleo seria transitório.

Resultado: por não ter feito o ajustamento em 1974/78, nosanos 1980 o país teve que pagar o preço de um ajustetardio.

“cigarras e formigas”: Brasil fez festa enquanto mundoestava em crise.

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Tese de Castro sobre a “estratégia de 1974”:

É fato que o governo negou-se a frear o crescimento.É fato que o governo recorreu a empréstimos internacionais,

a poupança externa.

Mas a opção de 1974 foi outra: não foi estratégia decrescimento com endividamento, como no período do“milagre”.

Foi uma correção de rota: o II PND levaria o país à condiçãode um país desenvolvido.

Crise energética: iria afetar a indústria e interromperia oprocesso de produção de insumos básicos e bens decapital.

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Era necessário:Combater a vulnerabilidade= auto-abastecimento e novas vantagens comparativas.É mm razão da vulnerabilidade, que a crise mundial revelou,

que se justifica o II PND.

A crise mundial tornou o II PND “imperioso e inadiável”. Omercado, deixado por si só, não resolveria os problemasestruturais do Brasil.

Discurso do governo: “O Brasil se empenhará em cobrir aárea de fronteira entre o subdesenvolvimento e odesenvolvimento”.

Ação: Estado.

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Principais objetivos:criar novas vantagens comparativas

• Tornar economia moderna: novos setores e tecnologias• Ajustamento à nova realidade mundial• Nova etapa de integração acional• Desenvolvimento nacional: aumentar renda real dos

trabalhadores e classe média, eliminar focos de pobrezaabsoluta.

• Setores: metalurgia, petroquímica (prospecção depetróleo, pólos petroquímicos), siderurgia, fertilizantes,exploração mineral, celulose, transportes urbanos,saneamento básico, telecomunicações, Programanuclear, Itaipu.

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Estratégia de longo prazo: maturação dosinvestimentos em uma década.

São setores pesados de rentabilidade direta baixae de prazo de maturação longo.

Necessidade de incentivos governamentais aosetor privado.

Proposta ousada: setores estratégicos

demandariam mais consumo de energia(solução no longo prazo, mas agravamento nocurto prazo).

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Modificar a estrutura produtiva que eradesbalanceada e vulnerável em meio a crisemundial.

Setor alavancador do crescimento, desde JK, eraBCD.

Faltava na estrutura industrial finalizar BK einsumos básicos.Indústrias, como a automobilística, deixariam de

receber incentivos do governo.Lógica era incentivar produção de bens

intermediários.

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Empenho do governo em obter capitais privados:

recursos PIS PASEP sob controle do BNDES =financiamento de setores prioritários

+ empresas estatais (sustentáculo do programa:

Eletrobrás, Petrobras, Sedebrás e Embratel;também suas encomendas incentivavam aprodução do setor privado).

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Tese de Castro:

O Brasil não adiou o seu problema (ajustamento), mas o atacou pelaraiz.

Buscou uma solução duradoura, e não transitória para a crise dopetróleo.

Portanto, Castro critica outros autores que afirmam: “estava implícitana estratégia o caráter transitório do choque do petróleo”.

Se o choque fosse transitório, não haveria necessidade do II PND.

Optou-se pela transformação: da economia e do seu relacionamentocom o exterior.

A resposta brasileira não pode ser reduzida a qualquer dasalternativas convencionais.

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A racionalidade econômica da estratégia de 1974

A escolha não foi uma cega opção pelo crescimento aqualquer custo. Ao evitar uma crise conjuntural, e ao abrir novas possibilidade futuras, as escolhas de 74confirmavam uma estratégia econômica oportuna epromissora.

Diante do conturbado contexto mundial, não adiantariatravar a economia ou reorientar o gasto interno. Odesaquecimento da economia e retração de certossetores não modificaria a estrutura econômicadesbalanceada e vulnerável.

Além disso, a correção de insuficiências existentes exigia apreservação de uma conjuntura estimulante, o quecontra-indicava soluções que implicassem em recessão.

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II PND sustentaria a conjuntura expansiva do período do“milagre”.

Absorção do surto anterior de investimentos, recém-iniciados, em conclusão, a meio caminho.Se a “safra do milagre” de investimentos sofresse uma

baixa, detonaria uma movimento de reversão conjunturaldesastroso. Efeito multiplicador negativo.

Comprometido o estado de animo dos capitalistas (animalspirit), sendo impossível sua adesão ao II PND. Aproveitou-se a “safra de 74” para impulsionar o II PND.

Também, o governo exagerou a expectativa de crescimentoeconômico para os anos posteriores a 74, exatamentepara estimular o investimento privado.

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Criticas a opção de 1974:

1) Delfim Netto e a necessidade do ajustamentoem 74.

Mas a política de 74 não postergou os problemas,

foram as soluções que ficaram adiadas, devidoa maturação dos grandes investimentos. Além disso, a estratégia de 74 supunha

justamente que o mundo estava em turbulência,

sendo necessário enfrentá-la com redução dadependência externa (1979 viria a validar essediagnóstico).

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2) Estatização da economia.O II PND estaria se estendendo a setores que pertenciam

ao setor privado: siderúrgico, fertilizantes, exploraçãomineral, celulose, petroquímica, industria de base,comercialização de certos produtos agrícolas, áreascreditícia e financeira.

Jornais da época: “onda estatizante”; “os caminhosestatização”; “economia brasileira é uma economiasocialista”.

Paradoxo do movimento revolucionário de 64: a estatizaçãoda economia estaria sendo processada por governoconvictamente privatistas.

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2) Estatização da economia.Porém, o avanço da ação reguladora do

Estado = políticas de estímulo eorientação das decisões privadas e oaumento de empresas públicas era algoinerente ao objetivo maior de desenvolver o país em meio à crise e responder aoestrangulamento externo através dareestruturação produtiva.

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3) Carlos Lessa.“O II PND faz da crise do petróleo a justificativa para a

proclamação serena e não traumática do projetopotência nascido no interior do aparelho do Estado”.

O plano teria como objetivo tático o equilíbrio das contasexternas.

A partir de 76 “é letra morta”, continuou só no discurso.

O II PND não morreu em 76. Permitiu sustentar umaelevada taxa de crescimento até o final da década de

1970. Transformou a estrutura produtiva, masfracassou a estratégia social e não teve apoio dasociedade. Seria necessário realizar políticasredistributivas enquanto o bolo crescia.

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Vicissitudes do II Delfinato

1979: 2º choque do petróleoconsequentemente, elevação da taxa de

juros internacional, queda demanda por produtos primários exportados, recessãopaíses industrializados, colapso sistemainternacional de crédito privado.

Resultado: queda da capacidade deimportar, mas II PND ainda não completo.

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Segundo Castro, poderia ter sido feito umajuste: abreviar o II PND.

A situação era diferente de 1974:• velocidade da economia inferior;• safra do milagre digeridos;

• safra do II PND em maturação;• não se pretendia uma nova onda deinvestimentos

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Delfin Netto:inconsistência, heterodoxia e ortodoxia.

Interpretação do desequilíbrio externo:culpa do II PND.Em 1973 deveria ter sido feito um tratamento de choque, um

ajustamento. O Brasil enfrentava estrangulamento

externo por falta de poupança, por excesso de consumointerno.

São argumentos ortodoxos para os problemas, similaresaos recomendados pelo FMI. Deveria ser feito ajuste

interno para resolver o problema externo. Reduzir consumo e investimento, e consequentemente gerar umsaldo comercial positivo.

A ajuste foi feito em 1981-83!

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Realização de megasuperávits comerciais em1983-84.

Para Castro: ganho de divisas foi decorrente dosgrandes programas setoriais iniciados em 74,que deram resultado uma década depois.

Foram dólares poupados por substituição deimportações.

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Portanto, o destaque do ajustamento não foi arecessão interna, mas a substituição deimportações.

O mérito não se deve a política de Delfin Netto.Castro: “a substituição de importações se fez deuma vez por todas”. ?

Exemplo: em 1984 México teve crescimento de2,5 e suas importações subiram 30p.p.Brasil teve crescimento de 4,5, mais expressivo,com redução das importações em 7p.p.

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Crítica a Maria da Conceição Tavares

“falso problema” da substituição de importações.Somente teria ocorrido no Plano de Metas de JK,

sendo falso a ocorrência na década de 1980.

Tavares: importações aumentam no augeexpansivo, e se reduzem na recessão.Coeficiente de importações no fim do ciclo é igual

ao do inicio.

Somente na década de 1950 ocorreu uma baixatendencial.

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Ultimo ciclo industrial1967/80. Para Tavares não há substituição de importações.Coeficientes iguais.Castro rebate: 1967 é o último ano de crise, 1980 é o últimoano de crescimento. Não é comparável!Comparação deve ser entre 1967 e 1983. coeficiente caipela metade, comparável a década de 1950, que caiu pela

metade.

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Economia em mutação

Países em desenvolvimento tardio = industrialização =mutações: implantação de grandes setores ou blocos deatividades que alteram o funcionamento da economia.

O significado das mutações, das estratégias, não pode ser definido ex ante. Os projetos sempre são consideradosinadequados, não atendem a interesses imediatos.

Projetos: reações adaptativas e criativas capazes depromover assimilação da mudança ocorrida, originandouma nova realidade.

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Brasil: experiência de industrialização.Volta Redonda provou tal mutação.Industria automobilística = introduziu nova

mutação.Estratégia de 74: tornou a estrutura industrial

completa.

• Antes: 1955-73. foram privilegiados setores deconsumo para classe média e alta, processotecnologicamente passivo. Aceleração docrescimento no “milagre’ mostrou tais limitações.

• Pós-1974: sob marcha forçada o processochegou as indústrias capital-intensivas etecnológico-intensivas. Garantiram crescimentoelevado.

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• Síndrome da Belindia: crescimento econcentração, não pode mais ser atribuída a

lógica perversa da economia.• O parque industrial brasileiro é negação do

receituário “neoliberal”. Deficiências superadas,não com liberalização, mas com interferênciagovernamental direta no processo deindustrialização.

• “O parque manufatureiro aqui existente nãomais cabe – sequer como caso limite – dentrodo perímetro do subdesenvolvimento”.

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