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Wellington de Andrade Amaral
ABORTO E SUAS TENDÊNCIAS
Centro Universitário Toledo
Araçatuba
2014
Wellington de Andrade Amaral
ABORTO E SUAS TENDÊNCIAS
Centro Universitário Toledo
Araçatuba
2014
Monografia apresentada como requisito parcial
para obtenção do grau de Bacharel em Direito à
Banca Examinadora do Centro Universitário
Toledo, sob orientação do Prof. Emerson Sumariva
Junior.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Prof.(a) Dr. Emerson Sumariva Junior
______________________________________
Prof.(a) Me. Renato Alexandre da Silva
______________________________________
Prof.(a) Me. Luis Gustavo Boiam Pancotti
Araçatuba,_____ de ___________ de 2014.
Dedico este a trabalho a meu
Meu Pai;
Minha Mãe;
Meus Irmãos; e
Familiares e amigos.
AGRADECIMENTO
Agradeço em primeiro lugar a Deus, por ter dado a mim a possibilidade de estar
presente neste dia e momento, pelo Cristão que sou, pela minha existência, pela minha saúde,
pela minha perseverança, pela minha força, pelos meus problemas solucionados, pela minha
vida em si.
Agradeço minha família que esteve presente em todo momento de minha vida, apesar
de termos vividos passagens boas e ruins, mas que serviram de aprendizagem e experiência
para que quando estivesse aqui não viesse a demonstra fraqueza nem falta de coragem para
enfrentar os desafios impostos pela vida, e por fim agradeço todos aqueles que participaram e
contribuíram para que estivesse sede de vencer e provar minha capacidade. Sei que a luta vai
ser mais difícil a partir de agora, mas tenho em mente que tudo que quero, vou conquistar.
Agradeço com muita alegria e entusiasmo todas aquelas pessoas que contribuíram para
que esse trabalho tivesse efetivo acontecimento, tanto aquelas pessoas que tiveram papel
fundamental na criação e confecção deste, quanto àqueles que não tiveram papel fundamental,
mas intermediário.
Agradeço também aquelas pessoas que serviram de incentivo pessoal, que serviram de
incentivo profissional, educacional e emocional, pois acredito que sem estes não concluiria
este trabalho. Não poderia deixar de dar uma atenção especial no agradecimento dessa pessoa
que foi um grande orientador, com sabedoria, e um grande amigo que com o tempo,
demonstrou paciência, capacidade e muita força de vontade ao demonstrar o caminho a ser
percorrido para então chegar à concretização desse feito, ao Professor Me. Diego.
Não poderia deixar de agradecer também ao Prof.º MM.Emerson Sumariva, cujo papel
foi importantíssimo na elaboração dessa monografia, com muito talento e persistência.
Resumindo, agradeço todos que fizeram parte de minha história, todas aquelas pessoas
que me trouxeram alegria, prazer de viver, tristeza e solução para os problemas existentes.
Sou muito grato ao Centro Universitário Toledo, que além de ter tido papel fundamental nos
meus conhecimentos teve marcantes momentos, quanto ao bom tratamento, a preocupação
com os alunos já presenciada por mim, pelas boas escolha de funcionários que sempre são
atenciosos e gentis, e por fim tenho que agradecer a todas as amizades que conquistei nestes
anos inesquecíveis.
“Nunca peça desculpas, por aquilo que irá
fazer de errado novamente. Tenha o bom
senso de não errar novamente e demonstrar
arrependimento pelo que já errou”.
RESUMO
Nesse trabalho é demonstrado o conceito de aborto, as formas elementares do crime de
aborto, além de trazer conteúdo explicativo, de toda parte técnica, relacionado com o tema,
também colocamos as opiniões diversas que trazem relevantes questões do direito do embrião
quanto a sua formação e seu direito de permanecer vivo para fins Constitucionais e
Penais.Observamos as opiniões contrarias ao aborto e as favoráveis, bem com as questões que
polemiza o aborto, em âmbito nacional e internacional. Nesta monografia,abordaremos as
questões indagadas por instituições religiosas de grande influência no Brasil e
internacionalmente, quanto à questão do direito da mulher em permanecer gerando o feto e ter
o direito de optar em manter ou não com a vida do feto. Mostramos o direito que o feto,
embrião, ou neonato tem na legislação brasileira, trazemos opiniões da legalização do aborto,
bem como as formas sugestivas para sua concretização da prática, sem danos a vítima, ou
seja, o momento adequado para que a lei penal praticada por excelência.
Palavras-chave: Aborto. Vida e Opiniões.
ABSTRACT
In this work we demonstrate the concept of abortion, elementary forms of the crime of
abortion, in addition to providing explanatory content of the whole technical part, related to
the topic, also put the different opinions that bring relevant issues of the right of the embryo
as their training and their right to stay alive for purposes Constitutional and Criminal. Observe
the opinions contrary to abortion and favorable, as well as the issues that polemicizes
abortion, nationally and internationally. Are exposed in this monograph, the questions asked
by influential religious institutions in Brazil and internationally, as the issue of women's right
to remain causing the fetus and have the right to choose to keep or not to the life of the fetus.
Show the right of the fetus, embryo or neonate has Brazilian law, bring opinions of the
legalization of abortion, as well as suggesting ways for its implementation practice without
harm to the victim, or the right time so that the criminal law practiced par excellence.
Key-words: Abortion. Life and Opinions.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT
CNTS
STF
Associação Brasileira de Normas Técnicas
Confederação Nacional dos Trabalhadores de Saúde
Supremo Tribunal Federal
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 08
I – ABORTO........................................................................................................................... 10
1.1 Conceito e Terminologia.................................................................................................... 10
1.2 Evolução histórica.............................................................................................................. 12
1.3 Figuras típicas..................................................................................................................... 15
1.4 Objetividade Jurídica.......................................................................................................... 10
1.5 Aborto Anencefálico.......................................................................................................... 12
1.6 Provas necessárias para prática do aborto.......................................................................... 15
II – ARGUMENTOS CONTRÁRIOS E FAVORÁVEIS...................................................17
2.1 Argumentos contrários....................................................................................................... 17
2.2 Argumentos favoráveis....................................................................................................... 18
2.3 Discussão sobre qual o momento para a prática do aborto................................................ 19
2.4 Considerações sobre a vida ultra-ulterina.......................................................................... 19
III – DIREITOS FUNDAMENTAIS.................................................................................... 21
3.1 Quanto aos Direitos e Garantias Constitucionais............................................................... 21
3.2 Colisão de direitos.............................................................................................................. 26
3.3 Dignidade da pessoa humana............................................................................................. 27
3.4 Direito a vida...................................................................................................................... 27
CONCLUSÃO........................................................................................................................ 50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. 52
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INTRODUÇÃO
O Código Penal brasileiro tem como objetivo proteger todos os bens almejados pelo
ser humano inclusive sua própria vida, quando falamos que o Código Penal protege a vida do
ser humano, por este prisma, logicamente nos vem pela cabeça que a nossa vida em todos os
sentidos são protegidos, tanto após nosso nascimento, ou seja,extra-uterinaquanto, ultra-
uterina, antes do nosso nascimento.
No caso de crime cometido extra-uterina, será o homicídio, ou seja, crime contra o ser
humano que está em plenas condições de mante-se vivo e que sua questão sociológica já não
cabe nesse trabalho a discussão. Porém, o Código Penal brasileiro também observou os
crimes cometidos contra os seres humanos vivosultra-ulterinamente, aquele ser que se
encontra em desenvolvimento ao ventre materno, ou seja, o feto ou embrião.
Esta monografia tem como intuito demonstra quais as visões estabelecidas pela lei
brasileira quanto ao momento permitido para o aborto quando já existente o nascituro, ou feto,
ou zigoto. Observando também que há entendimentos que digam ser o Estado responsável por
eventuais danos sofridos por mulheres que vem a ser violentadas, observamos que o código
penal permite a prática do aborto quando o fruto da relação advém da uma violenta e
impermitida conjunção carnal, isto é, quando a mulher vem a ser estuprada, ou violentada, e
em outra hipótese que é o estado de necessidade ou quando não há outro meio de se continuar
com a gestação sem que a mãe venha a sofrer danos, ocorrente muito nos casos de gestação
anencefálica, causando grandes problemas físicos e psíquicos na gestante, há também casos
em que a gestante e o feto dividem a vida, ou o feto sobrevive ou a gestante sobreviverá, já
atentamos que é pacifico o entendimento de que nesses casos a gestante terá que permanecer
viva.
Nesta monografia também é citado à visão da igreja católica, que critica severamente
todos os métodos que tenham como fim a destruição da vida, esta instituição sem sombra de
dúvidas,considerada fervorosa e irretratável,bem como os patamares internacionais do alarme
contra o aborto, em qualquer hipótese, para esta instituição o aborto não é visto como solução
de problemas e, sim para destruição da vida. Entretanto, encontramos algumas outras
instituições religiosas que atualmente está com grande contribuição frente aos noticiários
brasileiros e mundiais que são totalmente contra o aborto em sua totalidade.
Não obstante, abordaremos nesse trabalho os meios permitidos do aborto nos casos
previstos na lei penal, ou seja, os casos de abortos excepcionais, bem como aspectos, morais,
11
religiosos, éticos, científicos e jurídicos. O objetivo é mostrar que há tutela jurídica para o
embrião, mas que em determinados pontos se mostraria como a melhor forma antes da
geração do ser, da um fim a este feto ou zigoto ou nascituro, pois advém de uma relação ou
conjunção carnal indesejada, forçada, ou por anencefalia.
Entretanto, é permitido a este zigoto, para que não venha a se formar o feto, pois a
proibição nestes casos causaria sintomas piores ao sujeito que viesse a ser gerado, ou até
mesmo ser vítima de clínicas clandestinas, que além de levar o feto à morte colocaria a vida
da gestante em perigo, ou trazer graves sequelas, ou até mesmo depois de nascido, com a
rejeição da criança, dando um fim a mesma, ou até se suicidar, pois claramente não foi
desejado e sim gerado de uma relação forçada, violenta. Imagine também a gestação de feto
anencefálico de nove meses sendo dissipada por minutos de vida, imagine o abalo psíquico,
moral, físico que essa gestante sofreria.
Este trabalho se inicia, no Capítulo I, tratando dos Conceitos, Histórico e suas
Evoluções, Conceito e terminologia, Figuras típicas, Objetividade jurídica, e todos os
conceitos elementares do crime de aborto, também citamos os meios utilizados e o
procedimento para se praticar o aborto segundo a lei penal e segundo as melhores doutrinas.
No Capítulo II, tratando das Opiniões contrárias ao aborto, Opiniões favoráveis ao
aborto, quais os meios admitidos em tese para pratica do aborto, bem como algumas
considerações finais sobre a questão do embrião, sobre opiniões de instituições religiosas.
No Capítulo III, tratando dos Direitos Fundamentais e Garantias Constitucionais,
Principio da Dignidade da pessoa humana, Direito a vida.
Este trabalho de pesquisa se encerra com as considerações finais, nas quais são
demonstrados pontos conclusivos destacados, seguidos de estimulação a continuidade dos
estudos, das pesquisas e das reflexões sobre este assunto tão antigo, mas que com tanta
divergência e caso acaba sendo mais atual do que nós pensamos. É claro que o intuito é
chegarmos a um fim pacificamente, de acordo com os parâmetros legais e acima de tudo
democraticamente e com plena certeza chegaremos a uma opinião clara e precisa sobre este
assunto.
Nas diversas fases da pesquisa foram acionadas pesquisas bibliográficas e eletrônicas.
Em relação à parte formal, segue-se o manual a ABNT e as normas internas da instituição.
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I. ABORTO
1.1. Conceito e terminologia
O aborto é a interrupção da gravidez com a efetiva e consequente morte do feto ou
produto da concepção.
Segundo Noronha Magalhães (1998, p. 65) ―Aborto de estuprada‖. ―Estupro é o
delito definido no art.213, que, sinteticamente, pode ser considerado como o coito
vagínico violento‖.
Sua terminologia preveem do termo ―aboriri”, que significa ―separar do lugar‖
assim dispõe
Etimológicamente a palavra aborto, isto é, o termo ―ab-ortus‖, traduz a idéia de
privar do nascimento, vez que, ―Ab‖ equivale à privação e ―ortus‖ a nascimento.
Entretanto, o termo aborto provém do latim ―aboriri‖, significando ―separar do lugar
adequado‖, e conceitualmente é: ―a interrupção da gravidez com ou sem a expulsão
do feto, resultando na morte do nascituro‖ (DE PAULO, 2002. p.13, apud
PACHECO, 2007).
Segundo Damásio Evangelista de Jesus (2005, p. 119), ―A palavra abortamento
tem maior significado técnico que aborto. Aquela indica a conduta de abortar; esta, o
produto da concepção cuja gravidez foi interrompida.‖ Ou seja, expressão utilizada por
nosso código é mais comum. O aborto pode ser natural, acidental, criminoso e permitido
(legal). Quando ocorre o aborto natural e ou o acidental não será considerado crime, pois
há no primeiro a paralisação da vida do feto espontaneamente sem que aja intenção da
gestante, caso natural, mas que mesmo assim causa a interrupção da gravidez. No segundo
caso, ocorre à interrupção da gravidez decorrente de abalos, quedas, traumatismos, que
venha a interromper a gestação. Há também em nosso código o aborto permitido pela lei,
que ocorre em duas hipóteses. Uma no caso de aborto necessário ou terapêutico onde o
médico não sofrerá punições se praticar pois, será para salvar a vida da própria gestante,
atentando que somente é admitido esta hipótese caso não aja outro meio, e o aborto em
que a gravidez resulta de estupro, sendo este chamado de aborto humanitário ou
sentimental.
13
1.2. Evolução histórica
O aborto ocorre quando é paralisada a gestação tendo como efeito ou resultado a morte
do produto da concepção. A prática configura crime e de forma alguma este pode ocorrer.
Atentamos que a morte do ovo no álveo materno, ou a sua violenta expulsão, cujos
doutrinadores mais antigos definem, não é essa a melhor definição, pois podem ocorrer de
iniciado as manobras abortivas, mas não concluída dependente de até que estágio se perfez
não será necessária essa expulsão. Alguns doutrinadores entendem que essa não expulsão
pode ocorrer de formas diversas, como por exemplo, a morte do ovo onde sua dissoluçãoé
reabsorvida pelo próprio organismo em caso de autólise, pode ocorrer também que o ovo
venha a morrer por conta de um processo de transformação em casos de álveo materno que o
retém por tempo indeterminado.
Esses autores que entendem que a terminologia ―expulsão do produto da concepção‖ é
um termo não completo, pois caso seja provocado a expulsão do feto antes do termo natural
seria antecipação do parto e não aborto.
Por estar sempre em pauta o aborto nos traz vários problemas, com certeza sendo uma
das questões mais repercussivas e com grande significação social e da humanidade, sendo sua
amplitude, diversificada e com grande amplitude chegando sua indagação até os dias de hoje.
Os desacertos de suas discussões cada vez mais distantes de se chegar a um fim, torna
com o passar do tempo mais precisa e atual. O aborto presente nas vidas dos povos. O aborto
nos passa a ideia de morte do produto da concepção, da privação do nascimento do feto e
interrupção voluntária da gravidez.
As pesquisas apontam que o lugar cuja notícia sobre métodos abortivos datam ao
século XXVIII A/C, sendo este descoberto na China. No entanto, constatou-se que os abortos
sempre forampraticados em todo o mundo, e mesmo sendo ―reprovadas pela grande maioria
das civilizações, em determinadas épocas foi aceita sob o pretexto de que servir para controlar
o crescimento, mas com o passar do tempo essa justificativa se enfraqueceu.
Com o decorrer do tempo, o abortamento foi discutido entre diversos povos antigos.
Não deixando de observar que o nosso atual Código Penal usou a palavra aborto e não
abortamento, pois caso fosse usado nesse sentido seria de melhor definição facilitando
tecnicamente a quem a interpreta.
Nesse sentido, há relatos históricos que Hipócrates, um grande estudioso dos métodos
até hoje utilizados por médicos da atualidade, se atentou para a questão do aborto, mas este
não se contentou com a análise como também com os meios clínicos do aborto, mas a sua
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pratica em si, ou seja, este não se preocupou tão somente com o quadro clinico, mas também
com os métodos para sua conclusão entrando em confronto com o clássico juramento
praticado até os dias de hoje por jovens formandos a medicina. Nesse sentido
Prometo que, ao exercer a arte de curar, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da
honestidade, da caridade ea da ciência. Penetrando no interior dos lares, meus olhos
serão cegos, minha língua calará os sergredos que me forem revelados, os quais terei
como preceito de honra. Nunca me servirei da profissão paa corromper os costumes
ou favorecer o crime. Se eu cumprir este juramento com fidelidade, goze eu, para
sempre a minha vida e a minha arte, de boa reputação entre os homens. Se o
infringir ao dele me afastar, suceda-me o contrário. (Hipócratis, apud, MATIELO,
1998, p.27)
Este que ora vem sendo indicado como problema, ora como solução, sem nenhuma
duvida a verdade é que os povos não primitivos e primitivos adotavam o aborto como meio de
punições duríssimas, surgiu estritamente como raridade em algumas legislações da
antiguidade. Segundo Fabrício Zamprogna Matielo
O Talmud, dos primeiros códigos surgidos em todos os tempos, depositário das mais
arraigadas trasições dos rabinos, não fez qualquer referencia ao ato de abortar,
caminho igualmente seguido por outro respeitável documento de remotas eras:
Pantateuco. A Bíblia Sagrada, porem, traz em sim punições a quém praticar ou
deixar que seja efetuado o aborto. (1998, p.24)
Como citado um dos primeiros códigos da antiguidade não fez menção ao aborto,
somente a Bíblia Sagrada quem citou este ato como reprovável. Observando que estas
palavras ditas pela bíblia têm reflexos do Código de Hamurabi que se limitou a punir aquele
que agride a mulher e essa venha a perder seu fruto de seu seio, mas que a punição para a
época se mostrava ínfima, código este considerado o mais antigo dos códigos jurídicos, mas
observem que tanto o código quanto a bíblia não dá ênfase ao aborto em si, ou seja, a vida que
ali está sendo gerada e sim ao prejuízo que a mulher sofrerá, mais especificamente ao cunho
patrimonial.
A Índia, os Assírios e os Pérsias, aplicavam penas que tinham como intuito a
mutilação de membros do corpo, além de pena de morte para aqueles que praticassem o
aborto.
Os Gregos, Romanos, Estóicos e Cínicos, da época aconselhavam a prática desvairada
do aborto, com isso os legisladores da época reprimidos pelos patriarcas, pela falta de
legislação do assunto e práticas de aborto ao momento que a mulher desejasse, começaram a
impor normas para acabar com as praticas do aborto.
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De certa forma deu certo, mas como a mulher era tida como um objeto do homem,
daquele período os gregos e os romanos não se preocupavam com a vida do feto que ali
permaneciam e não hesitavam aconselhar a prática do aborto. Nesse sentido Eliana Descovi
Pacheco
Renomados estudiosos Antigos, como Aristóteles e Platão pregavam a utilidade do
aborto como meio de conter o aumento populacional. Destarte, Aristóteles sugeria
que fosse praticado o aborto antes que o feto tivesse recebido sentidos e vida, sem
especificar, contudo, quando se daria este momento. Socrates, também admitia o
aborto, sem outra justificativa que não a própria liberdade de opção pela interrupção
da gravidez. (2007, p.58)
Na era Romana o feto era considerado um apêndice do corpo da mulher e esta poderia
dispor do feto extraindo ou não. Como era uma condição onde a mulher optaria em
permanecer dando vida ao produto da concepção, esta em muitas vezes não continuava com a
permanência do feto em seu ventre dando fim a vida do descendente familiar.
Contrariamente a este fim os Patriarcas ou Pater poder das famílias na era Romana não
se sentiam contente com esta situação visto que seu herdeiro não vivia para dar continuidade a
sua descendência, estes então passaram a pensar sobre este assunto proibindo a mulher de ter
esta opção, a partir daí começa a ser regulado este crime.
Logo no inicio dos tempos em Roma, a punição do aborto se tornou privado, pelo fato
do Pater familiae, ou chefe da família, cujo poder de toda família era seu meio de exercer
certo poder, caso a mulher tivesse o interesse de abortar ou até mesmo tentar o aborto esta
poderia sofrer pena de morte.
Ao passar do tempo com a República Romana, o aborto, foi considerado ato imoral,
mas mesmo assim as mulheres da época por ter uma grande preocupação com suas aparecias,
não davam importância ao produto da concepção, com isso o número de abortos da época
cresceu consideravelmente, em consequência disso, a lei Cornélia impôs pena de morte para
mulher que consentisse a prática do aborto, quanto aos que fazia, previu penal igual.
Com o Cristianismo a visão do aborto mudou e diante da crença do homem, pois em
sua ideologia o homem possuía uma alma imortal e que ele retornaria após a morte. Não
deixando de mencionar que o homem sido criado a imagem e semelhança de Deus, não
poderia ter poder de vida e morte de outro homem, cabendo exclusivamente ao criador.
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1.3 Figuras típicas
No caso de aborto praticado por terceiro com consentimento da gestante, esta coopera,
não somente por consentir, mas também se se deslocando para posições que facilitam a
pratica do aborto, a gestante responderá nesse caso por consentir. O terceiro como terá
participação na execução material, deveria este responder como incurso no mesmo dispositivo
que a gestante, pois o Código Penal adota a teoria Monista ou unitária, segundo a qual aquele
que vier participar de um crime responde por ele com os demais. Mas, o terceiro que executa
materialmente o crime do artigo 124, 2ª parte, responde pelo artigo 126, enquanto que a
gestante responderá pelos termos do artigo 124 do Código Penal. ―[...] Nesse caso a unidade
do artigo 29 é quebrada por disposição expressa [...] O consentimento da mulher não afasta a
ilicitude da conduta do terceiro, já que é elemento do tipo. (ALMEIDA. 2002, p.187).
No artigo 125, ―Provocar aborto, sem o consentimento da gestante‖, Neste caso a
interrupção da gravidez será contra a vontade da gestante, já atentando que esta também é
sujeito passivo desse crime. A não concordância da gestante ofendida pode ser real, quando
há emprego de violência física, grave ameaça ou fraude ou presumida, quando a ofendida é
maior de 14 anos, alienada ou débil mental.
Nos casos descritos a gestante deve ser vencida pela força física ou pela grave ameaça
ou não resiste por ter sido induzida a erro por fraude. Se caso seja presumida a violência, esta
resulta do fato ser a gestante portadora de doença mental segundo parágrafo único do artigo
126, ou não maior de 14 anos de idade, quando seu desenvolvimento ainda é incompleto,
presumindo-se a ausência de consentimento. (ALMEIDA.2002, p. 187).
No artigo 126, Provocar aborto com o consentimento da gestante, neste o agente
deveria ser coautor do crime do artigo124. [...] ―Porem, por disposição expressa, quebra-se a
unidade resultante da teoria monista para enquadramento do terceiro em disposição próprio‖.
Desse modo, a gestante estará incursa no artigo 124 2ª parte. Inexistindo consentimento (o
aborto será o do artigo 125) caso em que a gestante for alienada ou débil mental.
No artigo 127, se estende, ou relaciona-se nas hipóteses dos artigos 125 e no artigo
126, não se estendendo ao artigo 124. Segundo a doutrina a própria gestante que pratica o
crime de aborto pode acontecer as seguintes hipótese: 1º Caso a gestante vem a morrer,
ocorrerá extinção da punibilidade artigo 107, I, morte do agente; 2º se ocorrer lesão grave, tal
acontecimento já traduz ―punição natural‖, dispensando-se o aumento da reprimida.
(ALMEIDA, 2002, p. 188).
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Segundo o professo Romeu de Almeida Salles Junior (2002, p. 188)
O dispositivo contém formas preterdolosas de delito: o dolo do agente dirige-se ao
aborto; os resultados mais graves são punidos a título de culpa. Explica a doutrina
que a lesão que qualifica o crime é aquela rotulada de não-necessárias, uma vez que
o aborto, mesmo praticado por médico, importa sempre lesão grave. Seriam casos de
infecções, abscessos. Ficam excluídas do artigo 127 as lesões leves. A agravação do
artigo 127 não se verifica em relação à gestante, conforme já examinamos, autora de
auto-aborto (124). Em relação ao participe do auto-aborto[...]sugerido ou instigando,
o participe não responde pelo aborto qualificado, se ocorrer lesão grave ou a morte
da gestante, por ausência de participação material. Responde somente pelo delito do
artigo 124
E por últimos, temos o aborto legal, artigo 128 ―Não se pune o aborto praticado por
médico‖ Nesse caso a norma é permissiva afastando a antijuridicidade, com o fundamento de
que há estado de necessidade, artigos 23, I e 24. Justifica-se que se exclui a ilicitude. A
expressão ―não se pune‖ pode nos trazer a ideia de que seja dirimente, mantendo a ilicitude da
conduta, mas se elimina a culpabilidade (ALMEIDA, 2002, p. 188).
Observamos que, o código permite duas hipóteses de aborto. Nas primeiras hipóteses,
verifica-se o aborto terapêutico ou necessário inciso I do artigo 128. Este se impõe quando há
necessidade de salvar a vida da gestante. Ocorre que no curso da gravidez podem surgir
algumas situações que importam perigo para a gestante.
Assim dois bens jurídicos entram em uma situação de conflito, quais sejam a vida da
gestante e a vida do produto da concepção, a lei autoriza que seja eliminada a vida de um
destes e segundo a doutrina dominante seria a vida da mãe, ou seja, o produto da concepção
pereceria. Atente que não se trata de legitima defesa, devendo ser executada por médico, em
casos excepcionais outra pessoa poderá executar o aborto, pois diante do estado de
necessidade poderá agir em favor de outrem. Não bastante atentar que o profissional técnico é
quem decide acerca da necessidade, que tenha o consentimento da gestante ou de parente.
Entretanto, na segunda hipótese encontra-se o aborto sentimental ou humanitário,
inciso II, este é o aborto da mulher que foi agredida em conjunção carnal sem sua vontade
resultou gravides, inobstante observar que se exigeque haja a fecundação oriunda de estupro.
Assim, ―O aborto humanitário, também denominado ético ou sentimental, é autorizado
quando a gravidez é consequência do crime de estupro e a gestante consente na sua
realização‖ (BITENCOURT, 2006, p. 170). No entanto, está previsto em 5 artigos do Código
Penal sendo 4 incriminadores e 1 permissivo ou explicativo.
Nos primórdios da humanidade especificamente na era Romana o feto era considerado
um apêndice do corpo da mulher e esta poderia dispor do feto extraindo ou não. Como era
uma condição onde a mulher optaria em permanecer dando vida ao produto da concepção,
18
esta em muitas vezes não continuava com a permanência do feto em seu ventre dando fim a
vida do descendente familiar.
Contrariamente a este fim, os Patriarcas ou Pater poder das famílias na era Romana
não se sentiam contente com esta situação visto que seu herdeiro não vivia para dar
continuidade a sua descendência, estes então passaram a pensar sobre este assunto proibindo a
mulher de ter esta opção, a partir daí começa a ser regulado este crime.
Este crime protege o direito a vida do feto ou produto da concepção, observando
sempre que este ser humano em desenvolvimento é protegido pela Constituição Federal de
1988 em seu artigo 5º ―Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade‖, e nos termos seguintes, a lei
civil em seu artigo 2o―A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a
lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro‖.
Não haverá aborto quando se tratar de gravidez extra-uterina, que se verifica no ovário
ou nas trompas, e no caso de gravidez molar, ou molar-hidatiforme, que são algo que vem a
ser gerando que não vem a ser um ser humano, mas uma massa que está no ventre da mãe
podendo ser extraído.
O objeto material desse crime é sempre a pessoa ou coisa, sendo somente no artigo
124 o produto da concepção e no caso do artigo 125 será o produto da concepção e a gestante.
O tipo subjetivo deste crime é representado pelo verbo provocar, ou seja, dar causa,
produzir a interrupção da gravidez com a morte do produto da concepção, podendo ser
praticado de forma livre, física química e psíquica, sendo a forma física mais eficaz.
A qualificação doutrinária se resume em crime matéria de dano instantâneo de efeito
permanente, comissivo plurissubsistente, ou seja, ação criminosa composta por vários atos.
Salientamos que este crime necessita de prova pericial visto que deixa vestígio ou provas que
devem ser periciados, sendo necessário ser constatado se a gestante é vitima ou autora do fato,
será necessário constatar se essa gravidez foi interrompida e provar que o produto da
concepção tinha vida. Isto porque se os meios foram inócuos não chegaram a um resultado
sendo hipótese de crime impossível também o caso de manobras abortivas que sejam
realizadas em mulher que não está grávida. Atentamos que não é necessário a vitalidade do
produto da concepção na vida extra-uterina, bastando a vitalidade na vida intra-uterina.
A consumação desse crime se concretiza com a morte do produto da concepção, com o
resultado da interrupção da gravidez, sendo irrelevante se a morte do feto venha a se dar
19
dentro ou forma do útero, mas o importante para o aborto é a morte do produto da concepção
na vida intra-uterina.
A tentativa é possível por ser este um crime material, ou seja, se o agente emprega
meios idôneos à interrupção, mas o resultado não se verifica, por circunstâncias alheias a sua
vontade.
Por fim, oelemento subjetivo desse crime é o dolo, ou seja, consiste na vontade livre e
consciente de produzir a interrupção da gravidez com a morte do produto da concepção,
atentamos que pode existir o aborto culposo, nos casos de acidentes e aborto natural, mas
estes não são punidos pelo Código Penal.
1.4 Objetividade jurídica
A tutela penal do crime de aborto é a vida do feto ou embrião, segundo Damásio
Evangelista de Jesus (2005, p. 120) ―A formação da objetividade jurídica do crime de aborto
ao deve ser desprezada, uma vez que é relevante no estudo de sua natureza e punibilidade‖, ou
seja, para o direito penal o produto da concepção vive e por isso deve ser protegido. O direito
civil não considera o feto como pessoa, assim nos ensina que:
No direito civil, o feto não é pessoa, mas spes personae, de acordo com a doutrina
natalista. É considerada expectativa de ente humano, possuindo expectativa de
direito. Entretanto para efeitos penais, é considerado pessoa. Tutela-se então, a vida
da pessoa humana. (DAMÁSIO, 2005, p.120).
Assim no aborto praticado pela própria gestante a objetividade jurídica é uma e
direcionada ao feto, quando o aborto é praticado por terceiro sem e com consentimento quem
sofre o dano imediato quanto ao direito à vida é o feto e mediata incide sobre a própria
gestante que permite ou não a conclusão do aborto, pois esta sofrerá tanto psiquicamente
quanto fisicamente.
1.5 Aborto anencefálico
O aborto anencefálico é uns dos casos que trazem muitas polêmicas e discussões no
âmbito judiciário, juntamente com o feto que tenha má formação. Anencefalia ocorre com
uma má-formação do tudo neural, se caracterizando pela ausência parcial do encéfalo e da
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calota craniana, podendo ser também proveniente de defeitos de fechamento do tubo neural
durante sua formação embrionária, ocorre isso geralmente no feto entre 16º e o 26º.
Contrariamente do que possa sugerir o termo anencefalia, no caracteriza somente
casos de ausência total do encéfalo, mas há casos onde observa-se graus variados de danos
encefálicos. Atente-se que a encefálica não tem uma definição exata, como se tivesse somente
a não formação do tubo neural, ou se não tivesse nada no interior do tubo neural ou mesmo se
não estivesse nada na parte externa do tubo neural, isto é não está ausente ou presente, ou
seja, a anencefalia trata-se de má-formação que passa sem solução, não tendo certeza do que
será grave ou não. Não é possível saber também com plena certeza de se ter uma classificação
rigorosa de cada caso.
Em termos práticos a palavra anencefalia geralmente é usada para caracterizar uma
má-formação, mas pode também o bebê em outros casos apresentar algumas partes do tronco
cerebral funcionando garantindo assim algumas funções vitais do organismo do feto. Os
embriões que possuem anencefalia possuem expectativa de vida curta, apesar de não ser
precisa essa afirmação. A anencefalia pode ser diagnosticada, com um pouco mais precisão a
partir da 12 semanas de gestação, através da ultrassonografia, sendo possível a visualização
do segmento cefálico fetal.
É bom atentar que o risco de incidência aumenta 5% na próxima gravidez, inclusive
mães diabéticas têm seis vezes mais probabilidade de gerar filhos com este problema, também
há maior incidência de casos de anencefalia com mães muito jovem ou de idade muito
avançada.
Diante dos avanços tecnológicos que permitem exames precisos para este tipo de má-
formação fetal, juízes têm dado autorizações para que as mulheres que tenham em seu ventre
fetos com anencefalia possam abortar, mas decisões comumente são alvos de grandes
protestos religiosos contrários ao aborto.
É demonstrada agora, a relevante questão da polêmica da impossibilidade da
ocorrência do aborto em casos de embrião anencefálico na nossa vigente legislação. Nossa
legislação é bem clara quanto a impossibilidade do aborto eugenésico, isto é, o embrião ou
zigoto que está com o deformidade incurável.
Este assunto é motivo de discussão tanto religiosa, e eticamente e também no aspecto
jurídico se demonstrando cada vez mais incontroverso, no entanto cabe somente a nós a
análise jurídica do caso.
Segundo o doutrinador Cezar Roberto Bitencourt (2002, p.205), quando se afirma que
não se distingue entre vida biológica e vida autônoma ou extra-uterina, sendo indiferente a
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capacidade de vida autônoma, sendo somente suficiente a presença da vida biológica. Mas se
os dizeres se fazem verdadeiros, em consequênciao aborto anencefálico enquadra-se em
crimes contra a vida, pois se o feto possui circulação sanguínea e batimentos cardíacos há
elementos para vida biológica.
Mas o que nos deixa mais perplexos é o fato de que o embrião somente terá vida no
ventre de sua genitora, e que ao nascer não conseguiria sobreviver, somente conseguindo
viver por no máximo 7 minutos e iria a óbito, assim pensamos que a mãe nutri esse embrião
durante 9 meses e ao fim de tudo isso esse feto vem a óbito, seria então desnecessário a
permanência desse feto durante tanto tempo no ventre materno se ao fim de tudo só traria
angustia e sofrimento a essa genitora.
Observemos que, no artigo 3º da lei 9.434 de 04 de fevereiro de 1997 a retirada post
mortem de tecidos, órgão ou partes do corpo humano, destinados a transplante ou tratamento
deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois
médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de
critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina‖.
Assim atentamos para esse prisma, pois é levada em consideração a morte encefálica do
paciente como prioridade pelo legislador para transplante e não é admissível o aborto
anencefálico, com isso há muita discussão em torno da ultrapassada proibição do aborto
eugênico.
No ano de 1992 uma comissão para reformulação do Código Penal foi criada, e na
parte dos crimes contra a vida foi se criado uma subcomissão com ampla orientação sobre o
assunto, esta comissão era presidida pelo desembargador Dr. Alberto Franco. E diante de
várias reformas autorizaria o aborto nos casos que o embrião apresentasse várias
deformidades ou anomalias irreversíveis tanto no quadro físico ou mentais que não seriam
possíveis a permanência sem que fossem levassem o feto a morte ou que viesse a trazer risco
a vida da mãe ou até a sua saúde mental.
A redação proposta pela Comissão foi a seguinte: "Não constitui crime o aborto
praticado por médico: Se se comprova, através de diagnóstico pré-natal, que o nascituro venha
a nascer com graves e irreversíveis malformações físicas ou psíquicas, desde que a
interrupção da gravidez ocorra até a vigésima semana e seja precedida de parecer de dois
médicos diversos daquele que, ou sob cuja direção, o aborto é realizado".
Atente-se que no dia 18 de junho de 2004, a Confederação Nacional dos
Trabalhadores (CNTS), emitiu nota ao Supremo Tribunal Federal (STF) na intenção que
nossa Corte Suprema fixe o entendimento de que a gestação de embrião anencefálico é
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desnecessária durante todo o tempo já percebida, isto porque a realização de tal pratica, não
traz em situação nenhuma a possibilidade de permanecer esse com vida, gerando danos a
saúde da genitora e danos a sua saúde psíquica e até física, e até mesmo perigo de vida desta
gestante, pois em muitos casos há óbito intra-uterino. Atentamos que a Confederação
Nacional dos Trabalhadores (CNTS), informa que mesmo com o grande numero de sentenças
que pró-aborto augenésico, há também um grande numero de decisões contra o aborto
eugenésico. Assim faz necessário o reconhecimento do Supremo em relação à inutilidade de
se permanecer com essa gravidez que se mostrará infrutífera no fim, sem possibilidade de
vida extra-ulterina. É certo que muitas instituições religiosas representaram para que não fosse
firmado entendimento do Supremo sobre o determinado assunto,
Sobre a luz da Constituição Federal e da jurisprudência da Suprema Corte e no tocante
a pertinência temática, mais uma vez, assevera que a sim compete a defesa judicial e dos
interesses individuais e tanto coletivo dos que integram a categoria dos profissionais da saúde
trazendo a inicial do estatuto desta.
Observando o arcabouço normativo com base na visão positivista pura, tem a
possibilidade de os profissionais da saúde virem a sofrer as agruras do enquadramento penal.
São correlacionados os preceitos fundamentais, como o principio da dignidade da pessoa
humana, da legalidade, em seu conceito maior, da liberdade e autonomia da vontade além, dos
relacionados com a saúde. Observando a literatura médica demonstram que a má-formação
por defeito do fechamento do tubo neural durante a gestação, não demonstram aos fetos os
hemisférios cerebrais e o córtex, levando a morte intra-uterina em 65% dos casos e extra-
uterina não passa de horas.
No entanto, a permanência do feto sem pleno desenvolvimento no útero da mãe se
mostraria perigosa, podendo trazer na maioria dos casos, danos à saúde da gestante. Desta
forma, os médicos não sairiam imunes as normas do Direito Penal, assim o Supremo decide
pela revogação da liminar que defere o aborto.
Na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental requerida pela
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde onde é solicitado que se firme
entendimento de aborto anencefálico, diante do Supremo não tem como resposta o
deferimento do pedido. O Tribunal por maioria, revogou a liminar deferida, na segunda parte,
em que reconhecia o direito constitucional da gestante de submeter-se a operação terapêutica
de parto de fetos anencefálicos, dizendo que a nossa legislação penal quanto, a própria
Constituição Federal tutelam a vida como o bem maior a ser preservado.
23
1.6 Provas necessárias para prática de aborto
Neste tópico, passaremos a análise das provas necessárias para a prática de aborto.
Assim, somente é autorizado o aborto humanitário, também chamado de aborto ético ou
sentimental quando a gravidez gerada em consequência de um crime de estupro e a gestante
ciente consente sua realização. No entanto para que seja concretizado o aborto são necessários
alguns requisitos para sua conclusão, ou seja, a gravidez deve ser resultante de estupro, haver
interesse da gestante em dar fim a vida do feto, isto é, tenha o prévio consentimento em caso
de ser esta capaz, em sendo incapaz fica a critério de seu representante a decisão. Para que se
tenha a autorização para concretização do aborto a gestante deve ter uma prova. Segundo
Bitencourt (2006, p. 170) dispõe:
A prova tanto da gestante ocorrência do estupro quanto do consentimento da
gestante deve ser cabal. O consentimento da gestante ou de seu representante legal,
quando for o caso, deve ser obtido por escrito ou na presença de testemunhas
idôneas, como garantia do próprio médico.A prova do crime de estupro pode ser
produzida por todos os meios em direito admissíveis. É necessária autorização
judicial, sentença condenatória ou mesmo processo criminal contra o autor do crime
sexual. Essa restrição não consta no dispositivo, e consequentemente, sua ausência
não configura o crime de aborto. O médico deve procurar certificar-se da
autenticidade da afirmação da paciente, quer mediante a existência de inquérito
policial, ocorrência policial ou processo judicial, quer por quaisquer outros meios ou
diligencias pessoais que possa e deva realizar para certificar-se da veracidade da
ocorrência de estupro.
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II. ARGUMENTOS CONTRÁRIOS E FAVORÁVEIS
2.1 Argumentos contrários
Antes de adentrarmos, faz-se mister, citarmos a visão da Igreja Católica uma das
instituições que vem distribuindo críticas severas ao aborto e as técnicas de inseminação
artificial. Nosso intuído é demonstrar que o feto está sim tutelado pela lei brasileira, tanto na
esfera criminal quanto na esfera patrimonial.
Atualmente a Igreja Católica não aceitou e nem se quer aceita, além de sempre ser
contra e condenar severamente, até mesmo aborto terapêutico, cujos mesmo é indicado para
os casos em que haja sério risco para saúde materna, pois caso não seja realizado o aborto
levará a um grande risco de óbito da gestante. Nem mesmo nestes casos, esta instituição
permite esta prática justificando que o dom da vida Deus Criador e Pai confiou ao homem
para procriação e não ao seu fim, exige que este tome consciência do seu valor que é de
extrema importância perante os olhos do Deus e assuma a responsabilidade do mesmo. O
homem é a única criatura que Deus o Criador quis por si mesma, a sua imagem e semelhança
sendo responsável pela confecção de cada alma espiritual, a vida é extremamente sagrada na
visão da igreja, pois desde seu inicio comporta a confecção de Deus e desde sua criação
permanece em consonância com o criador e ninguém em hipótese nenhuma tem o direito de
destruir ou acabar com a vida de outrem, a vida de todos os seres humanos devem ser
protegida e respeitada.
Entretanto, a Igreja Católica também condena os métodos artificiais de procriação não
em nome das ciências experimentais, tais critérios são adotados em respeito à defesa da
procriação e permanência do homem, e a seu direito primário e fundamental a vida, a
dignidade dotada de alma no campo espiritual e no campo moral da matéria. Segundo João
Paulo II, conforme publicação do portal Vatican que:
Não é em nome de uma particular competência no campo das ciências experimentais
que o Magistério da Igreja intervém. Após ter levado em consideração os dados da
pesquisa e da técnica, em virtude da própria missão evangélica e do seu dever
apostólico, ele pretende propor a doutrina moral correspondente à dignidade da
pessoa e à sua vocação integral, expondo os critérios de juízo moral sobre as
aplicações da pesquisa científica e da técnica, particularmente naquilo que diz
respeito à vida humana e aos seus inícios.
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A igreja católica também condena a criação de seres humanos, ou inseminações que
venham a gerar vida, com a fundamentação de que o homem não tem poderes de criação
cabendo somente a Deus criar o ser humano.
Desta forma, os progressos atuais de técnica a procriação artificial tornaram possível
uma pro-criação sexual, mediante o encontro in vitro, ou por inseminação artificial que são as
células germinais retiradas do homem e da mulher. Observamos definição
Na inseminação artificial, o esperma é preparado no laboratório depois de ser
colhido por masturbação e é injetado dentro do útero da mulher, por meio de uma
sonda de plástico no momento da ovulação. Do útero os espermatozóides "nadam"
espontaneamente para a trompa onde um deles vai fertilizar o óvulo. No caso da
Fertilização in vitro, o esperma é preparado no laboratório e o óvulo é retirado do
ovário da mulher por uma punção com uma agulha guiada por ultrasonografia. Os
óvulos são identificados e colocados no laboratório em contato com os
espermatozóides, os quais vão penetrar a membrana dos óvulos e fertilizá-los.
Deixados em cultura os óvulos fertilizados vão sofrer divisões em suas células e
serão então chamados de embriões. Depois de aproximadamente três ou cinco dias,
os embriões são colocados no útero da mulher. Se aderirem ao endométrio (a
camada interna do útero), tem-se o início da gravidez. (CHEDID, 2014)
Aliás, é importante destacarmos que, aquilo que é tecnicamente possível, não é por
esta mera razão, admissível ao ponto de vista moral, assim se torna indispensável a reflexão
acerca dos valores religiosos quanto a fundamentais direitos, como a vida e a procriação
humana, para se chegar a um juízo moral sobre as intervenções das técnica utilizadas nos ser
humano desde seus primeiros estágios de desenvolvimento.
Assim, o homem diante de sua capacidade e busca incessante de novas técnicas
cientificas chegou a relevantes feitos como as diversas formas no progresso das ciências
biológicas e médicas, o homem por sempre incansavelmente buscar a perfeição pode dispor
de recursos terapêuticos mais eficazes, mas com tanto desenvolvimento de suas técnicas pode
adquirir também novos poderes sobre a vida humana em seu inicio e nos seus primeiros
estágios, com consequências inimagináveis.
Esta instituição defende a ideia de que a procriação humana depende da colaboração
entre homem e mulher, onde se exige dos esposos uma colaboração, e com o amor de Deus.
Atente para o que a igreja católica opina para a questão das técnicas, que hoje em dia esta
cada vez mais abusada. Nesse sentido, João Paulo II, dispõe:
Hoje, diversas técnicas permitem uma intervenção não apenas para assistir mas
também para dominar os processos da procriação. Tais técnicas podem consentir ao
homem tomar nas mãos o próprio destino, mas expõem-no também à tentação de
ultrapassar os limites de um domínio razoável sobre a natureza. Por mais que
possam constituir um progresso a serviço do homem, elas comportam também
graves riscos. Desta forma, um urgente apelo é expresso por parte de muitos, a fim
de que, nas intervenções sobre a procriação, sejam salvaguardados os valores e os
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direitos da pessoa humana. Os pedidos de esclarecimento e de orientação provêm
não apenas dos fiéis, mas também da parte de todos aqueles que, de algum modo,
reconhecem que a Igreja, perita em humanidade, tem uma missão a serviço da
civilização do amor.
Resta mencionarmos que, o argumento utilizado pela igreja é que desde o instante da
concepção passa a existir um ser humano que também é dotado de sensibilidade e que apesar
da eventualidade teoricamente está pronto para a vida. O feto é considerado como uma pessoa
qualquer, mas com o desenvolvimento físico em formação.
Assim, é entendido que a Igreja Católica terá do embrião como sendo na verdade
―alguém‖ e não ―algo‖, e quem o pratica estaria cometendo um assassinato diante da pratica
abortiva.
Observamos que a teoria adotada pela Igreja Católica busca embasamento em dois
princípios religiosos. 1 – Não matarás e 2- O pecado original da desobediência, onde, pois,
para se livrar desse pecado a pessoa deverá ser batizada, e praticando o aborto esse ser não
teria possibilidade de sua alma ser salva, juntamente com aquele que o pratica, essa pratica é
vedada a todos os católicos, pois estaria cometendo uma infração diante da lei divina estando
quem pratica o aborto afrontando o Criador que envia o homem a vida terrestre.
Contudo, essa posição da Igreja Católica vem sendo preservada durante séculos,
mesmo com constantes inovações produzidas pelos legisladores mais renomados e recentes.
Para a Igreja Católica, quem tem autonomia para tirar a vida de outrem é somente Deus,
atentamos que a Igreja consente a aceleração do parto, mas não a aceleração de um feto que
não tenha condições físicas para sobreviver ao mundo terreno.
2.2 Argumentos favoráveis
Quanto a argumentos favoráveis, está tramitando no Congresso Nacional o projeto de
lei nº1135/91, de autoria dos ex-deputados Eduardo Jorge (PT/SP) e Sandra Starling
(PT/MG), prevê a revogação do artigo 124 do Código Penal, que determina detenção de um a
três anos a mulher que praticar o aborto, assim com a revogação desse artigo desse artigo não
será mais crime o aborto cujo interesse se mostra pela própria gestante, descriminalizando a
prática do aborto. Junto a esse projeto está apensado um projeto de lei proposto pelo José
Genoíno (PT/SP), onde é permitido a interrupção da gravides com até 3 meses e os hospitais
públicos realizarão o procedimento.
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São denominados pró-escolha, aquelas que defendem o ideal de que a mulher deve ter
controle total sobre seu corpo podendo interromper a gravidez ao momento que desejar. Esse
movimento é conhecido mundialmente como pro-choice, termos utilizado por países de língua
inglesa para defender o direito a escolha de ter ou não seus filhos e de abortar ao momento
desejado.
O entendimento desse grupo, caso não seja pressionada a manter uma gestação
indesejada, pois se desejada tanto a vida dos filhos como dos pais seriam mais positiva e
produtiva, e quanto à interrupção voluntária essa não é criminalizada. A justificativa desse
movimento se solidifica quando é demonstrado que com a não criminalização do aborto,
acabaria com os abortos ilegais ou clandestinos praticado na maioria das vezes de forma
insegura.
Em países como Portugal e Austrália a legalidade do aborto já é uma realidade, mas
com a descriminalização do aborto, outro índice aumentou rapidamente. É que devido à
legalidade do aborto esse se tornou um problema de saúde publica, e está levando o País em
crise, pois por ser liberado o aborto vem aumentando cada vez mais. Em 1985, foram
executados na Austrália 66 mil abortos, saltando em menos de 3 anos aumentou para 71 mil
abortos, em 1991 pulou para 83 mil, em 1995 passou para 92 mil, vindo a se estabilizar em 88
mil por ano até 2002, abortos executados legalmente.
Diante dessa situação observamos que, não seria uma boa ideia nos libertarmos de
antigos valores para aceitar acontecimentos iguais a este que ocorre em outros países, mas se
atentarmos para uma questão, certamente por essa questão já poderíamos pensar em uma
descriminalização do aborto, pois observem que como em qualquer lugar do mundo, o Brasil
não é diferente, pois pessoas lucram, com o aborto clandestino, gestante que sofrem
mortalidade por meios que não são sofisticados e na maioria das vezes trazem lesão, isso já
faz observarmos na questão da saúde publica.
Então qual seria a melhor forma de acabarmos com essa destruição que não se
restringe somente ao feto, mas também a sua genitora. Assim, surge a pergunta: Como seria a
descriminalização do aborto? Achamos que não deveria ser descriminalizado o aborto, pois
certamente o que haveria de meios fraudulento para dar fim a vida do feto não passa em
nossas cabeças do tamanho; Como agiria um pai vendo sua filha grávida? Uma moça nova
que carrega em seu ventre uma criança que veio a ser gerada de uma relação forçada? Como
agiria uma mulher que ainda não em independência financeira e não aceita o feto? Será que
casos como esse em sua maioria não traria a vontade de praticar o aborto?.
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Assim observamos que, a descriminalização seria uma grande porta para a mortalidade
de embriões. Poderíamos pensar que, se houvesse a descriminalização do aborto que esse não
fosse para fraudes e sim para fins relevantes.
Segundo a professora Samantha Buglione (2005, p.02)
Descriminalizar o aborto não significa promover o aborto, mas significa perceber
que a via penal não é a melhor forma de tratar a questão. Para compreender o que
significa sair da via penal um bom exemplo é o adultério. O adultério deixou de ser
crime este ano no Brasil. A sua descriminalização não implica no seu aceite moral
ou que a sociedade brasileira passou incentivá-lo, ou, ainda, que com a
descriminalização, o numero de adultérios irá aumentar. O aborto, ao contrário do
adultério, sempre será um tema limite. Causa polêmicas apaixonadas por lidar com
questões delicadas como vida, morte, pessoa e humanidade. No entanto, tem
incríveis semelhanças com o adultério, uma delas é o fato de que é uma prática,
apesar de condenada, pouco penalizada.
Assim, a relação com o adultério servirá para compreensão, com sentido a
descriminalização. Criminalizar o adultério ocorria não apenas para proteger a moral da
família, mas também garantir que a mulher não teria filhos fora. Tanto é que, os casos de
adultérios femininos que acabavam com a morte de mulher pelo marido, geravam absolvições
com o argumento de ―legitima defesa da honra‖, que nada mais é do que uma infeliz
construção retórica do direito e que a intenção em trazer este exemplo é fazer pensar que a
criminalização do aborto não é apenas para proteger a vida, pois se a vida fosse um bem tão
precioso à sociedade brasileira, deveríamos repensar nas várias práticas permissivas como,
por exemplo, com o meio ambiente. (BUGLIONE, 2005, p.02)
Diz esta ainda que, as recomendações do XI Fórum Interprofissional que abortamento
inseguro como forma de violência contra a mulher, é obvias ao tratar das alterações em nossa
legislação sobre aborto, sendo necessário revisar a legislação, para descriminalizar o aborto,
pois sendo este criminalizado não será evitado e tão pouco será resolvido o grande problema
de saúde publica que traz um custo social altíssimo.
O que é pautado na descriminalização é que se deve ser definido no Congresso
Nacional e nos Tribunais, pois para a questão de saúde publica é de grande importância.
Assim entende Buglione (2005, p.02)
Defender a descriminalização do aborto significa, em tese , a): exigir do Estado
outros meios para evitar a morte dos fetos, ou seja, políticas preventivas de
educação, acesso à saúde, acesso a métodos contraceptivos, minimizar os índices de
pobreza; b): que o conflito entre os direitos do feto e da mulher ou do casal o direito
à autonomia desta mulher irá prevalecer.
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Novamente, não se está promovendo a morte, apenas questionando a nossa prática,
afinal, se a vida fosse, realmente, um bem absoluto, não poderia, em nenhuma
hipótese, ser preterido por outros direitos, interesses ou estado de necessidade. O
que se quer afirmar, por fim, é que o crime de aborto promove mais a morte do que a
vida e viola um pressuposto básico da dignidade humana: a liberdade.
Contudo, quanto ao projeto de lei 1135/91 rejeitado em duas comissões (CSSF e
CCJC), o projeto ainda pode ser revisto se submetido a 51 assinaturas dos deputados ou um
décimo da Câmara. É claro que deverá ser interposto um recurso para que seja este apreciado
e chegue a um fim ou pelo menos uma conclusão.
2.3 Discussão sobre qual o momento para a pratica do aborto
O aborto é um tema que está sempre sendo discutido, ou seja, nunca é inoportuno nos
atentar as opiniões que há neste sentido, sua maior divergência se dá tecnicamente o aborto,
principalmente quanto ao seu limite temporal, pois em qual momento estaria para a pratica do
aborto?
Até que momento se poderia praticar o aborto sem uma relevante lesão ao feto, ou ao
menos que este feto não tenha sentido de vida para sentir, o que seria o ser pré-exitente?
Será que a pratica do aborto logo nas primeiras semanas surtiria algum tipo de tortura
ao ser ali se formando, ou seria um ser sem nenhuma formação?
O que mais vem sendo discutido sobre o aborto é a questão de sua liberação ou não.
Assim, não obstante a isso, observamos que vários Países criaram normas que permitem a
prática do aborto por pura opção da gestante.
No Brasil a discussão é acirrada, inúmeras são as ideias sugeridas, mas as que mais se
sobressaíram foram, uma dessas propostas nos traz a permissão total para que a mulher
pratique o aborto ao momento que bem entender, ou seja, a qualquer fase da gestação, essa
hipótese está presente nos países que se consideram totalmente identificados com o
movimento pro-escolha, ao ponto de dar a mulher a opção de gerar a vida em seu ventre ou
não, exemplo disso é países como a Holanda, Portugal, Austrália etc.
Entretanto, outra é a permissão do aborto em determinados casos, ou seja, casos que
necessitam de uma melhor análise, onde se necessitaria de provas para então se praticar o
aborto, afinal é uma vida que será penalizada, caso este que ocorre em nossa lei, quanto ao
momento da prática do aborto, não existe lapso de tempo para a pratica em nosso código
penal podendo ser praticado a qualquer momento ou estágio.
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E por fim, observamos que outra possibilidade gira em torno da liberação do aborto,
em praticas gerais deste até a oitava semana do feto após a fecundação, atentando que também
há quem se posicione buscando a total proibição do aborto.
Assim, o aborto criminoso se dá quando à interrupção ilícita da gestação permitida ou
não, não deixando de salientar que o período do perecimento do embrião pode ter importante
definição quanto a existência do crime, isso porque ocorrendo até na vigésima semana desde
da concepção, diz-se que a interrupção é precoce, assim entre a vigésima e oitava, há o aborto
intermediário, após este prazo há o aborto tardio, não deixando de observar que em Estados
que consideram totalmente proibido o aborto em qualquer desta fases há o aborto criminoso.
Segundo lei brasileira que está expressa no Decreto-Lei Nº2848 de 7 de dezembro de
1940 ―Código Penal‖ artigo 124 onde diz que o aborto provocado em si mesma ou com sua
permissão ou consentimento vier outrem constitui um ilícito penal.
Este é aborto ou será provocado pela própria gestante ou com seu próprio
consentimento, e o fim desse crime será sempre a morte do produto da concepção, ou feto,
atentando que apenas o parto prematuro não configura a pratica do delito, ou seja, a morte do
feto é buscado pela gestante ou quem lhe provoque a interrupção do desenvolvimento do feto
sem que tenha condições de sobreviver ao lado externo do útero, este seria um feto inviável,
ao passo que o parto prematura ocorre o nascimento normal ou não do produto da concepção
com plenas possibilidade de vida, do feto então viável anteriormente ao fato.
Nunca é bastante observar que, nossa lei não pune a acelerações abortivas sem
eficácia, pois mesmo que acontecesse o parto prematuro não seria crime visto que a intenção
do legislador é punir aquele que pratique com eficácia e intenção a pratica do delito, estes atos
somente irão trazer prejuízos quanto a saúde do nascituro ou do sujeito passivo na relação,
atentando que ao menos possa se provar a tentativa de aborto.
É importantíssimo salientar que o aborto ocorrerá com a morte do produto da
concepção ou feto, sem que seja exigível, para sua configuração técnica a expulsão do
material restante do aborto.
Não podemos deixar de vislumbrar que, conforme já estudado nossa norma penal
aceita duas hipóteses na pratica do aborto expressa pelo artigo 128 do Código Penal, chamada
de aborto legal, onde não se pune o aborto que venha a ser praticado por médico
especificamente, é bom lembrar que somente será permitida a pratica do aborto por outro em
casos especiais, ou seja, aqueles casos em que a mãe se encontra sem amparo técnico.
Mas, caso a gestante esteja com problemas de manter o feto com vida ou que este feto
esteja causando problemas para a gestante que lhe carrega no ventre, será permitido após uma
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analise técnica, ou uma reunião onde estejam todos os médicos do respectivo hospital para
que seja definido se o aborto será concretizado ou não. Não podemos deixar de atentar que a
doutrina majoritária entende que, nestes casos, os médicos que ali exercem sua profissão
devem optar para a vida da gestante, com o fundamento que esta teria mais condições de vida
pois está plenamente desenvolvida e poderá futuramente vir a engravidar novamente. Cita-se
casos: I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; II - se a gravidez resulta de
estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu
representante legal.‖
Não obstante, estes casos são a exceção da norma penal quanto a pratica do aborto, ou
seja, é possível a pratica do aborto nos casos em que a gestante está correndo risco de vida
com o desenrolar da gestação, e que por motivos diversos a vontade da gestante vem a
gestação confrontar com a vida da gestante fazendo com que esta tome uma decisão entre sua
vida ou a vida do feto.
Este é chamado de aborto necessário ou terapêutico, neste caso será interpretado como
Estado de necessidade e não legitima defesa isto porque nem a gestante e nem o feto criaram
essa situação, não havendo agressão um com o outro.
O problema desse caso é que será efetivado o aborto se constatado que o feto está
agredindo a vida da gestante. Se no caso a vida da mãe e do feto estiver em jogo quem será
obtenção da morte? Quando ocorre esse fato surge a polêmica qual vida é mais importante?
Dessa forma, para doutrina e jurisprudência dominante, o procedimento adotado pelo
médico será fazer uma reunião com médicos que estejam presentes no hospital para que seja
decidido pelo aborto, esta decisão é fundamentada pelo fato da gestante ter mais possibilidade
de vida com grande chance de novamente ter uma gestação.
No caso do aborto por decorrência de estupro, este também é um caso grave visto que
esta também é uma opção da gestante, mas, notória é a aceitação do aborto, neste caso pelo
particular em geral, devido ao fato da repulsa sentida pelas mulheres violentadas, por seus
familiares e para a população em gera, assim não haveria possibilidades morais de uma
mulher com toda uma vida de prosperidade, se limitar por conta de um fruto indesejado.
Esta questão é muito polêmica no ponto de vista jurídico, pois de um lado temos os
direitos humanos que protegem a vida do sujeito independente de que erro cometeu e do outro
temos a aceitação de uma lei infraconstitucional para pratica de exclusão de uma vida.
Há aqueles que entendem que o Estado deve se responsabilizar pela vida do produto
da concepção sem a necessidade de eliminá-lo, fundamento se dá pelo fato do produto da
concepção não ter culpa nenhuma do erro cometido por seus pais.
32
Mas de outro lado observamos que, nada fácil seria a vida de uma mulher que tenha
dado a luz a uma criança que seria rejeitada pela própria mãe, e o abalo psicológico que traria
as esta mãe pelo fato de ser rejeitada por sua família, e por pessoas que estão a sua volta.
Assim entendemos que, por mais injusto que seja com o produto da concepção o fato
de retirar sua vida sem que este não tenha feito nada, pior seria sua vida externamente, pois
sofreria psicologicamente muito mais, pois haveria rejeição de sua própria genitora, imagine
de pessoa que próxima dela fosse, então ficamos com a ideia de que deve-se prevenir do que
remediar.
Atentamos que os aborto punidos será o aborto criminoso, e que o aborto humanitário
será apenas utilizado em casos ressalva, assim o aborto espontâneo não será punido, pois é
derivado de reações patológicas e naturais no interior do corpo da gestante, o aborto acidental
também não e punido, pois decorre de traumas físicos ou indesejáveis.
2.4 Considerações sobre a vida ultra-uterina
Os profissionais do ramo do Direito devem ser consciente de que seu papel é de
estrema importância na sociedade sendo que este tem a obrigação de proteger os bens
tutelados pela ordem jurídica, como a vida, a liberdade de expressão, a tudo que envolva os
direitos fundamentais expressos em lei.
Com isso chegamos à conclusão que a vida deve ser protegida não se importando sua
forma.
Mas o direito deve em prioridade cuidar da vida humana, mesmo não estando
plenamente formada ou mesmo estando em seus primórdios. Estamos atentando para essa
questão, pois hoje em dia estão comuns às manipulações a este ser humano em formação, que
está cada vez mais sendo tratada como objeto de experiências cientifica, além do próprio
desejo pessoa em tê-los ou não.
Observamos que existem meios ou métodos para procriação artificial, e que em leis de
conteúdo fundamental há proteção ao direito a vida embrionária.
Antes de tudo é bom lembrar que a constituição dispõe em seu artigo 5º nas garantias
fundamentais que os embriões já são protegidos pelos princípios constitucionais do direito a
vida e dignidade da pessoa humana, sem observar que há a proteção de seus direitos da
personalidade.
33
Na vida intra-uterina, os embriões ou fetos ou nascituro estão em fase de gestação, são
estes detentores de diretos expressos no código civil quanto ao direito patrimonial e quanto a
definição da sua personalidade, e ao Código penal, que se reflete ao âmbito criminal quanto a
proteção a sua vida e eventual lesão.
Mas há o embrião que se encontra ao lado externo do útero, esses são os e
excedentários e extranumerários, esse são também denominados de embriões pré-
implantatórios ou concepturos
Citar que a igreja católica não admite essa situação, pois o ser humano deve ser gerado
pelas mãos de Deus, como o fruto do amor entre duas pessoas que se relacionam e não por
métodos utilizados por simples seres humanos que brincam de ser Deus.
Os concepturos como os pré-implantatórios ainda não foram concebidos, apesar de se
ter esperanças que venham em futura fecundação, não deixando de atentar que os
concepturostem seu direito assegurado ao artigo 1799 do Código Civil onde o testador poderá
lhe conceder direitos desde que estejam vivas, ou seja, essa característica de assumir direitos e
contrair deveres ela tem inicio com a nascimento com vida, e a personalidade jurídica se
inicia com o nascimento com vida. Mas o artigo 2º do Código Civil põe a salvo os direitos do
nascituro desde o momento da concepção.
Com isso, nos deparamos com discussão na doutrina e jurisprudência que apesar de já
pacífica ainda nos é válido citar. A primeira teoria é a Natalista, para essa teoria o nascituro
não é pessoa, porque ainda não nasceu com vida, ele foi concebido, porém não nasceu e por
não nascer com vida não adquiriu personalidade jurídica. A alguns doutrinadores admitem
que o código adota a teoria Natalista.
Porém, devemos levar em consideração algumas questões importantes, por exemplo,
se para os natalistas o nascituro não é pessoa seria o que então? Coisa?
Atente que a dificuldade que ocorreria em justamente se entender que nascituro é
coisa. Não deixando de lembrar que existiria outro problema que se dá com relação aos outros
direitos da personalidade, os direitos da personalidade que são direitos contemplados não só
pelo código civil, mas também pela Constituição Federal de 1988, tais como: o nome, a
imagem, a honra, a vida humana em principal, todos estes direito da personalidade são
inerentes a aquela pessoa natural dotada de personalidade
Bom se entendermos como entende os defensores da tese natalista, o nascituro não
seria pessoa e não teria personalidade.
34
Mas em contrapartida, temos a teoria Concepcionista, para essa teoria, o que acontece
o nascituro é pessoa, nascituro por ser pessoa desde a concepção já tem personalidade
jurídica, já tem proteção dos direitos da personalidade e não vai ser tido como coisa.
A teoria atualmente adotada de forma majoritária pelos tribunais e em nossa
jurisprudência e doutrina está pendida para a teoria concepcionista, entendendo que o
nascituro é pessoa quem por isso terá os direitos da personalidade.
Segundo, o nascituro ele tem uma personalidade jurídica formal, por quê? Isso porque
ele terá desde a concepção a personalidade para adquirir esses direitos da personalidade.
Mas quando a questão patrimonial, quando a personalidade material este nascituro só
adquire se nascer com vida.
Então o Código Civil permite doação ao nascituro, se eu quiser doar ao nascituro de
uma determinada pessoa, eu posso fazer escritura e registrá-la no oficio imobiliária, porem
essa escritura de doação, esse contrato de doação, é um ato que existe que é válido, mas que
não produz efeitos, isso porque o fato de do efeitos está condicionado ao nascimento com vida
do nascituro.
Assim, essa questão é muito importante, principalmente, quando se pensa nas técnicas
e reprodução assistida, na fecundação artificial, homologa e heteróloga, ou mesmo nas
fertilizações ―in vivo‖ ou ―in vitro‖, técnicas que a nossa medicina de forma moderna e
arrojada faz com que pessoas que tenham problema para gerar a concepção possam ter filhos,
possa a gerar uma vida então com relação aos embriões, estes já tem proteção do direito
personalidade, por isso vamos estender, não só ao nascituro, mas também aos embriões ―em
vitro‖ que está congelado também terá os direitos da personalidade.
Então, a personalidade da pessoa natural se inicia com o nascimento com vida,
(personalidade plena), adquirir direitos, contrair deveres, mas desde o momento da concepção
e também o embrião, já possui a proteção dos direitos da personalidade, então é uma pessoa
que só tem personalidade jurídico formal, a personalidade material só se dará com inicio da
personalidade jurídica plena com o nascimento com vida.
35
III - DIREITOS FUNDAMENTAIS
3.1. Quanto aos direitos e garantias constitucionais
Os direitos fundamentais estão consagrados na Constituição Federal brasileira e
através de anos, veio se arrastando ao tempo e passando por gerações, revoluções até os dias
atuais. E por um caráter de universalidade, ou seja, não são direitos restritamente a um grupo
seleto de pessoas, e este deve ser destinado a todos os seres humanos sendo sempre
assegurados e garantidos pelo Estado e reivindicados pela sociedade. Não é segredo que sua
titularidade pertence a todos os sujeitos de direito, tendo este ou não nacionalidade brasileira.
Segundo o professor Gomes Canotilho (apud ARAUJO; NUNES JUNIOR, 2006, pgs.
108-109)
As expressões ‗direito do homem‘ e ‗direitos fundamentais‘ são frequentemente
utilizados como sinônimas. Segundo a sua origem e significado poderíamos
distinguí-las das seguinte maneira: direito do homes direitos válidos para todos os
povos e em todos os tempos [...]; direitos fundamentais são os direitos do homem,
jurídico-intitucionalmente garantidos e limitados espácio-temporalmente. Os direitos
do homem arrancariam da própria ente natureza humana e daí o seu caráter
inviolável, intemporal e universal; os direitos fundamentais seriam os direitos
objetivamente vigentes numa ordem jurídica concreta.
Estes direitos são limitados, ou seja, não são absolutos, isto é, no caso de conflito de
interesse a solução vem as vezes descrita na própria constituição ou ao caso concreto o
representante do estado, ou magistrado, decidirá, este caso é aquele em que se há dois
interesses, mas também podem ser cumulativas, não deixando de atentar que não é
irrenunciável, não se podendo alienar esse direito.
Os direitos do homem e direitos fundamentais são palavras sinônimas, mas quanto a
sua origem e significado poderíamos subdividi-las em direitos do homem que não são para
todos os povos a qualquer tempo, ou direitos fundamentais que são os direitos do homem,
juridicamente garantidos e limitados.
Os direitos fundamentais do homem são aqueles que têm aplicação imediata e por seu
valor arrancaria da própria natureza humana e daí o seu caráter inviolável, intemporal e
universal; assim os direitos fundamentais do homem seriam os direitos objetivamente
vigentes numa ordem jurídica real.
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A expressão que dignifica interiores direitos individuais são os ―direitos públicos
subjetivos‖ que abrange as relações o sujeito particular entre este e o Estado e não carrega em
seu significado os deveres coletivos.
Assim, a expressão ―direitos fundamentais‖ é o único que mostra a realidade jurídica,
pois são passiveis de reivindicação judicial já que são reconhecidas no sistema jurídico.
A expressão foi utilizada por nosso ordenamento jurídico por se mostrar a ordem
publica razões convenientes
A Constituição Federal do Brasil reconhece e garante explicitamente no seu artigo 5º. ,
direitos onde o objeto é imediato são estes a liberdade: de locomoção; de pensamento; de
reunião; de associação; de ação; de profissão; liberdade sindical; direito a greve; do domicilio;
direitos cujo objeto imediato é a propriedade: propriedade em geral; artística; literária e
cientifica; hereditária.
Os direitos fundamentais visam proteger o ser humano, e essa proteção, como o
próprio artigo 5º menciona, realiza-se ―sem distinção de qualquer natureza‖. Logo, ao
interpretarmos o texto constitucional, chegamos a conclusão de que os direitos fundamentais
destinam-se a todos os indivíduos, independentemente de sua nacionalidade ou situação no
Brasil.
Assim, prevê o artigo 5º da CF: ―5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes‖.
Todos esses direitos devem ser respeitados, pois é indispensável para sobrevivência
humana em condições dignas. Mas, não é bem essa a realidade que encontramos. Além disso,
eles são acumuláveis pelo indivíduo, ou seja, uma conduta pode encontrar proteção
simultânea em duas ou mais normas constitucionais que abriguem direitos fundamentais.
Assim, importante mostrar o ensinamento de Canotilho de Vital Moreira (apud ARAUJO;
NUNES JUNIOR, 2006, p. 125):
Num mesmo titular podem acumular-se ou cruzar-se diversos direitos. Assim, por
exemplo, o direito de expressão e informação (art.37) está acumulado com a
liberdade de imprensa (art.38), com o direito de antena (art.40), com o direito de
reunião e manifestação (art.45).
Esses direitos são irrenunciáveis. Todo ser humano é dotado de um patamar mínimo
de proteção, referente a sua condição humana.
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Os Direitos fundamentais visam à proteção da dignidade humana em todas as
dimensões, prestando-se ao resguardo do ser humano na sua liberdade (direito e garantias
individuais), nas suas necessidades (direitos econômicos, sociais e culturais) e na sua
preservação (direitos a fraternidade e a solidariedade). Cada pessoa, portanto, tem o direito de
exigir que a sociedade respeite sua dignidade e garanta os meios de atendimento as suas
necessidades básicas.
Esses níveis de proteção do individuo constituem produto de conquistas humanitárias
que, passo a passo, foram sendo reconhecidas pelos ordenamentos jurídicos de muitos países.
Por isso, ao decorrer da vida cotidiana e ao longo da história modificaram-se e
continuarão se modificando a medida que a sociedade evolui, para atender os interesses
sociais. Eles foram nascendo em determinadas circunstancias, com o fim de lutar por
liberdade, contra poderes, etc. segundo Luís Alberto David de Araújo (2006, p. 115), ―com o
passar do tempo os Direitos fundamentais [...]constituíram um processo expansivo de
acumulação de níveis de proteção de esferas da dignidade da pessoa humana‖.
Com relação ao conteúdo, os Direitos fundamentais podem ser classificados segundo
os valores específicos que estão destinados a proteger, pois existe um valor genérico que faz
parte da noção de Direitos Fundamentais, qual seja a proteção da dignidade humana em todas
suas gerações.
Esses direitos se classificam em três subcategorias de acordo com os valores
protegidos por cada um deles, quais sejam, direitos fundamentais protetivos da liberdade ou
direitos de resistência, são constituídos das clausulas limitativas do Estado, fixando limites na
atuação deste diante a liberdade individual; direitos protetivos do individuo diante das
necessidades materiais são aqueles que compensam as desigualdades sociais e visando a vida
digna a todos. E por fim, direitos protetivos da preservação do ser humano ou direitos de
solidariedade, fraternidade que visam preservar e proteger a espécie humana. É o direito que
busca garantir a paz, ao desenvolvimento de Países que não tenha condições baixas de vida,
isto é, países subdesenvolvidos, e países que estão em inicio de desenvolvimento.
A preocupação com a garantia da liberdade, ez com que fossem criados institutos que
tutelam as necessidades materiais e, consequentemente, tutelar a preservação e proteção do
ser humano.
No entanto, os direitos fundamentais se dividem em três gerações assim definidos
processo evolutivo- cumulativo desses direitos. Assim, nos ensina o autor Luiz Alberto David
de Araújo (2006, p. 116)
38
Diz-se da existência de uma evolução cumulativa porque o processo de positivação
jurídica dos direitos fundamentais é denotado por um aumento progressivo de
aspectos da dignidade humana que passaram a ser objeto de proteção. Logo, além da
verificação da evolução do ordenamento jurídico, constatou-se um processo de
acúmulo, visto que as antigas formas de proteção somaram-se outras positivadas
sucessivamente ao longo dessa evolução.
Observe que, os primeiros direitos fundamentais, isto é de primeira geração são
aqueles direitos e garantias individuais, políticos e civis como, por exemplo, o direito a vida, a
intimidade, a inviolabilidade de domicilio etc., criados institucionalmente a partir da
constituição federal de 1988 e que pertencem ao individuo ser humano.
São direitos que procuram evitar a intervenção estatal na esfera da vida privada. ―são
direitos que surgiram com a ideia de Estado Democrático de Direito, sujeito a submissão de
uma Constituição‖ (ARAÚJO, 2006, p. 116), e que impede a concentração de poderes de um
ou de outro grupo de pessoas
Estes direitos são direitos de defesa do individuo em controverso ao Estado, definindo
a área de domínio deste. O estado deveria ser apenas o guardião das liberdades, sem que
interfira no relacionamento social.
Os direitos e garantias individuais são cláusulas pétreas, isto é, torna essa espécie de
direito fundamentais imodificáveis mesmo com eventuais reformas na Constituição. Assim
dispõe o artigo 60,§4º. , IV, da Constituição Federal.
Já os direitos fundamentais de segunda geração, estes são direitos sociais, econômicos
e culturais, com criação no inicio do século, possuindo estrita relação com os princípios de
igualdade e justiça social, tendo como preocupação a necessidade humana. Segundo o
professor Alexandre de Moraes (2005, p. 26)
O começo do nosso século viu a inclusão de uma nova categoria de direitos nas
declarações e, ainda mais recentemente, nos princípios garantidores da liberdade das
nações e das normas da convivência internacional. Entre os direitos chamados
sociais, incluem-se aqueles relacionados com o trabalho, o seguro social, a
subsistência, o amparo á doença, á velhice etc.
Refletem uma nova etapa de evolução na proteção da dignidade humana. O homem
em liberdade agora manifesta para uma nova forma de proteção da sua dignidade, Isto é,
deseja ver satisfeita as necessidade mínimas para se ter dignidade na vida humana.
Assim esses direitos exigem uma pratica positiva do Estado a fim de proporcionar sua
efetivação e execução. Trata-se aqui da intervenção estatal, ao contrário do que ocorre.
Assim nos ensina Luiz Alberto David de Araujo (2006, p. 117) em sua lição
39
Essa forma de alforria coloca o Estado em uma posição diametralmente inversa
aquela em que foi colocada com relação aos direitos fundamentais de primeira
geração. Se o objetivo dos direitos aqui estudados é o de dotar o ser humano das
condições materiais minimamente necessárias ao exercício de uma vida digna, o
Estado, em vez de se abster, deve fazer-se presente, mediante prestações que
venham a imunizar o ser humano de injunções dessas necessidades mínimas que
pudessem tolher a dignidade de sua vida. Por isso, os direitos fundamentais de
segunda geração são aqueles que exigem uma atividade prestacional do Estado, no
sentido de buscar a superação das carências individuais e sociais para atender as
necessidade e atingir o objetivo de acabar com as carências individuais.
Nesse sentido, os direitos fundamentais de terceira geração são ―[...] os chamados
direitos de solidariedade ou fraternidade, que englobam o direito a um meio ambiente
equilibrado, uma saudável qualidade devida, ao progresso, a paz, a autodeterminação dos
povos e a outros direitos difusos‖ (MORAES, 2005, pgs. 26-27).
Segundo Luiz Alberto David de Araujo (2006, p. 117), "a essência desses direitos se
encontra em sentimentos como a solidariedade e a fraternidade, constituindo mais uma
conquista da humanidade no sentido de ampliar os horizontes de proteção e emancipação dos
cidadãos‖.
Assim, os direitos surgiram segundo entendimento de que a qualidade de vida e a
solidariedade entre os humanos, independem de etnia, nem de raça, nem de Estado são tão
importantes quanto à liberdade e a igualdade, levando o ser humano a se relacione entre si
pacificamente, não se importando com as condições físicas ou econômicas. É o direito a paz
vingando em nossas leis, a preservação do ambiente, do patrimônio comum da humanidade e
a comunicação.
No entanto, em linhas gerais os direitos de primeira geração se demonstram no direito
de liberdade, os de segunda geração ao direito de igualdade e os de terceira geração, a
fraternidade.
Já os direitos fundamentais de quarta geração que de um jeito ou de outro são
aguardados ainda não foram admitido mundialmente, mesmo que muitos autores sustentem o
reconhecimento de tais direitos como sendo direita a democracia, a informação e ao
pluralismo. Diante da imprecisão da proposta de aceitá-los, tais direitos estão longe da
institucionalização, tanto no âmbito nacional quanto no internacional.
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3.2 Colisão de direitos
Não são absolutos os direitos fundamentais, mas sim limitáveis. Acontece que nem
sempre é possível aplicá-los em todo seu alcance. O que impede para aplicação de uma norma
jurídica não é do plano normativo, mas é fenômeno conhecido como ―colisão de direitos‖.
Este ocorre no momento em que dois indivíduos, com titularidade de direitos distintos,
verificam o confronto entre suas posições subjetivas.
Entretanto, esta colisão de posições subjetivas são amparadas por igual pela nossa
Constituição Federal, que dispõe sobre a limitabilidade dos Direitos fundamentais.
Nesse sentido Edilson Pereira de Farias (apud ARAÚJO; NUNES JUNIOR, 2006,
p.123)
Os direitos fundamentais são direitos heterogêneos, como evidencia atipogia
evidenciada. Por outro lado, o conteúdo dos direitos fundamentais é, muitas vezes,
aberto a variável, apenas revelado no caso concreto a nas relações de direito entre si
ou nas relações destes com outros valores constitucionais (ou seja, posições jurídicas
subjetivas fundamentais prima facie). Resulta, então, que é frequente, na prática, o
choque de direitos fundamentais ou choque destes com outros bens jurídicos
protegidos constitucionalmente. Tal fenômeno é o que a doutrina tecnicamente
designa de direitos fundamentais. A colisão dos direitos fundamentais podem
suceder de das maneiras: (1) o exercício de um direito fundamental colide com o
exercício de outro direito fundamental (colisão entre os próprios direitos
fundamentais); (2) o exercício de um direito fundamental colide com a necessidade
de preservação de um bem coletivo ou do Estado protegido constitucionalmente
(colisão entre direitos fundamentais e outros valores constitucionais).
Não é a melhor interpretação de que o caráter absoluto de algum dos direitos
envolvidos acaba com o outro. Não é correto negar a vigência e eficácia de um dispositivo
igualmente constitucional. Nenhum dos dois direitos em conflito é melhor ou tenha eficácia
absoluta é correto observar o caso concreto.
As colisões de direito são situações em que o concreto em funcionamento comparado
com ou outro direito fundamental implica no funcionamento de uma colisão de ambos em
pleno direito e funcionamento.
Caracterizada a colisão, devem-se conciliar os valores em confronto, pois se pode
negar a vigência e aplicabilidade a nenhum dos direitos colididos. A regra de solução do
conflito é a máxima observância dos direitos fundamentais envolvidos e a mínima restrição
compatível com a salvaguarda ao outro direito fundamental ou outro interesse constitucional.
Segundo Rizzatto (2008, p.55) o princípio da proporcionalidade conectado ao da
dignidade solucionará o problema:
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Assim, por exemplo, o principio da intimidade, vida privada, honra, imagem da
pessoa humana etc. Deve ser entendido pelo da dignidade. No conflito entre
liberdade de expressão e intimidade é a dignidade qual dá a direção para a solução.
Na real colisão de honras, é a dignidade que servirá – via proporcionalidade para
sopesar os direitos, limites e interesses postos, e gerar a resolução.
Assim, segundo se explica o principio da dignidade que será a via que levará resolução
dos limites existentes entre os dois direitos fundamentais em conflito, ou seja, na real colisão
de honras.
3.3 Dignidade da pessoa humana
Vários autores admitem como sendo a melhor opinião que é a isonomia como a
principal garantia constitucional. No entanto, no modelo atual de texto constitucional, o
principal direito fundamental constitucionalmente garantido serio ou é o da dignidade da
pessoa humana.
Este princípio é observado e considerado como o maior para a interpretação de todos
os direitos e garantias conferindo as pessoas em nossa Constituição. Na lição de Rizzatto
Nunes (2002, p. 45): ―é ela, a dignidade, o último arcabouço da guarida dos direitos
individuais e o primeiro fundamento de todo o sistema constitucional. A isonomia, [...] servirá
para gerar equilíbrio real, visando concretizar o direito a dignidade‖.
A dignidade da pessoa humana aparece como fundamento da república brasileira na
constituição federal
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade
da pessoa humana.
Corrobora ainda, Rizzato Nunes (2002, p.46)
A dignidade é um valor supremo a ser respeitado, construído pela razão jurídica.
Desde o inicio a dignidade é garantida por um principio e por isso e absoluta, plena,
não pode sofrer lesões e nem ser coloca numa posição relativa, pois ela está ligada a
um grande conjunto de condições ligadas a existência humana, principalmente a
própria vida, seguida pela integridade física e psíquica, moral, liberdade, e outras
condições materiais de bem-estar. Por isso a realização da dignidade da pessoa
humana depende da realização de outros direitos fundamentais expressamente
previstos pela lei maior.
42
Entretanto, isso não quer dizer ou significar que a dignidade não seja autônoma e
juridicamente relevante, pois é um direito que impõe deveres ao Estado, bem como aos
demais membros da sociedade, isso se dá em muitas situações, como atentaremos logo em
adiante, a dignidade entra em confronto com outros direitos fundamentais.
Dignidade da pessoa humana é uma conquista da razão ético-jurídica, que vem de uma
longa história de barbaridade e atrocidades que marcaram a experiência humana durante anos
e décadas vividas, pois por esse motivo se tem esse como o mais principio quantas pessoas
não passaram tanto no Brasil quanto no exterior não sofreram por regimes que pregavam em
sua teoria a igualdade, mas que em sua prática, somente um pequeno grupo se beneficiava das
belezas naturais, o cidadão se quisesse viver em paz, tinha que se alongar nos campos ou no
interior da metrópole para que não for humilhado.
A dignidade já nasce com o ser humano, chame à atenção de uma criança a frente de
qualquer pessoa para ver sua reação, ou ela disfarça, ou chora, está é dignidade porque ela
nasce com o individuo a pessoa humana, todos temos, ninguém gosta de ser enxotado sendo
assim, importante destacar o ensinamento de Rizzatto Nunes (2008, p. 49)
Mas acontece que nenhum indivíduo é isolado. Ele nasce, cresce e vive no meio
social. E ai, nesse contexto, sua dignidade ganha – ou, como veremos, tem o direito
de ganhar – um acréscimo de dignidade. Ele nasce com integridade física e psíquica,
mas chega um momento de seu desenvolvimento que seu pensamento tem de ser
respeitados, suas ações e seu comportamento – isto é , sua liberdade - , sua imagem,
sua intimidade, sua consciência – religiosa, cientifica, espiritual – etc., tudo compõe
sua dignidade.
A dignidade não admite diferença, não admite discriminação ou qualquer outro tipo de
adjetivo que tenha por objetivo diferencia o ser humano, quer em razão do nascimento, da
crença que a pessoa venha a ter, quer pela inteligência, saúde mental, ou crença religiosa. Ela
só é garantida se não ferir a outras garantias.
Mas também, não pode o indivíduo, vir a agir contra a própria dignidade, em ambos os
casos, deve o Estado zelar por sua saúde psíquica, mental e física.
Entretanto, o estado está incumbido de proteger esses direitos para manter a ordem,
tem a obrigação de confeccionar, criar condições favoráveis ao respeito a pessoa por parte de
todos os que dependem de sua soberania.
Desta forma, o poder de qualquer autoridade de proteger o respeito pela dignidade das
pessoas não pode ser tirânico e arbitrário, ele deve ser limitado.
Segundo, Rizzatto Nunes (2002. p. 51) ensina que
43
Para começar a respeitar a dignidade da pessoa humana tem-se de assegurar
concretamente os direitos sociais previstos no artigo 6º da Constituição federal, que
por sua vez está atrelado ao caput do artigo 225, normas essas que garantem como
direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma da Constituição, assim como direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, essencial a saída qualidade de vida.
Qualquer pessoa que não tenha a dignidade garantida, se não foi assegurada saúde a
esta pessoa, educação, vida sadia, intimidade e liberdade e lazer, o Estado deve garantir tudo
isso, pois se o que interessa mesmo é garantir a vida, então esta tem que ser digna, caso
contrário o estado não estará desenvolvendo e nem cumprindo com o seu dever perante o
cidadão, pois não existe vida sem dignidade. Tem que ter o mínimo (saúde, educação,
habitação etc) para ser garantida a dignidade humana.
3.4 Direito a vida
A dignidade da vida fez-se direito, ter direito a vida significa viver, isto é, ter vida
assegurada; existir com dignidade; perdurar; subsistir. A palavra vida possui inúmeros
significados, facilitando ou até mesmo dificultando assim, um sentido pronto e acabado.
Trata-se de assunto cujo conceito é tido como inextrincável por muitos autores. Alguns
cientistas, da Ciência da Saúde, dizem ser a vida a continuidade de todas as funções de um
organismo vivo, ou o período compreendido entre a concepção e a morte.
Ter direito a vida é surpreendente e o mais fundamental de todos os direitos, já que se
constitui em pré-requisito, sem essa você não contrai nenhum direito, observe o caso de um
embrião que se encontra numa câmara aguardando se fecundar, este tem direitos
indeterminados testamentários, mas que sem sua efetiva fecundação e nascimento não são
adquirido, observe que será necessário a execução de todos os atos anteriores ao nascimento
para que passe a ser detentor do direito, seja ele patrimoniais, reais ou qualquer que seja, à
existência e exercício de todos os demais direitos. Como se não fosse nada as pessoas tratam a
vida como se tivessem sete, mas não se atentam que nossa vida é única, se perdê-la, acabou
não haverá mais outra para repor.
Assim, além do artigo 5º da Constituição Federal, há previsão legal de que são
protegidos desde a concepção os direitos do nascituro, conforme o artigo 4º do Código Civil,
bem como o artigo 7º ―A criança e o adolescente tem o direito a proteção à vida e à saúde,
mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o
desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência‖ do Estatuto da
44
Criança e do Adolescente, onde é expresso em lei o direito a vida resguardado do feto
enquanto está sendo gerado, o artigo ainda vai além, deve-se ter condições mínimas de
desenvolvimento sadio e harmonioso.
Importante mencionar que, a vida humana é composta de elementos materiais que se
subdividem em: físicos e psíquicos, e imateriais (espirituais) – para algumas pessoas. O
aspecto constitucional ―vida‖ envolve dignidade, privacidade, integridade físico-corporal e,
principalmente, direito a existência. Este consiste no direito de estar vivo, será que o estado
está cumprindo seu papel? Primeiro ele deve garantir o direito de continuar vivo e depois
garantir uma vida digna quanto à subsistência. A constituição, é importante ressaltar, protege
a vida de forma geral inclusive uterina (MORAES, 2005, p. 31).
O Estado deve garantir além de outras garantias, o principal que é a garantia da vida,
de duas formas:1º É o direito de continuar vivo e a 2º forma é a de nascer e de iniciar a vida
sadiamente e harmoniosamente, devendo esta ser digna. Não obstante, surge a pergunta: Mas
será que o estado está cumprindo suas atribuições quando a propiciar uma vida digna para a
pessoa?
Dependendo da análise feita na interpretação que se dá a Constituição federal,
chegaremos a conclusão que a pessoa deveria ter o direito de morrer quando o Estado não
consegue garantir uma vida digna, com todos os direitos expressos nela, mas em muitos casos
não é bem interpretado e repudiado essa questão, pois já foi levado a discussão a questão do
Estado se responsabilizar sobre um embrião ser gerado por consequência de estupro, qual a
responsabilidade do Estado. Segundo Noronha (2000, p.65):
Permite a lei que a mulher, vítima dessa cópula, aborte. É o chamado aborto
sentimental, que muito discutido por ocasião da Primeira Conflagração
Mundial(1914-1918).1º visão : Defendem-no uns, dizendo não ser humano se
imponha à mulher trazer nas entranhas um ser que não é gerado pelo amor, que só
lhe recorda o momento de pavor que viveu, como desumano também será impor-lhe
alimente e crie esse ente.2º visão Outros, entretanto, impugnam a prática,
argumentando que a origem delituosa de uma vida não pode justificar sua
destruição, cabendo ao estado a criação do filho. Acrescentam ser a ação dirigida
contra quem nenhuma culpa teve. Atende a lei – e a nosso ver com acerto—a
primeira corrente. A mulher violentada, agravada na honra e envilecida por abjeta
lubricidade, tem o direito de desfazer-se do fruto desse coito. Diversos Códigos
também assim dispõem: o da Polônia, Uruguai, equador, cuba, argentina e outros.
Observe que, mesmo sendo uns dos poucos que tratam essa questão de o Estado ser o
responsável pelo dano sofrido pela então gestante de um fruto indesejado e por meio violento.
Segundo o autor Noronha Magalhaes, ainda se mostra contraente da 1º corrente onde a mulher
possa a ter a opinião de abortar o feto, pois carrega em seu ventre um fruto indesejado.
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Assim, o direito a vida será que não é absoluto. Significa então dizer que, em
determinados casos esse direito é relativo, porém difícil é saber em que medida o direito a
vida pode ser realizado. Exemplo disso nos vem quando observamos a constituição federal
prevê a pena de morte em seu artigo 5º inciso. XLVII, da Constituição Federal salvo em caso
de guerra declarada. Artigo 84º inciso, XIX. Outras formas de se interromper uma vida estão
descritas e também proibidas pelo texto constitucional como eutanásia e aborto.
E no caso de aborto em decorrência de estupro, também não atinge o direito a vida?
Conforme observamos a menor parte da doutrina e jurisprudência não entende como sendo a
melhor escolha aquela que retira da pessoa agredida o direito de escolher entre ficar com um
produto indesejado, atente que esse caso é diferente do caso banal, onde pessoas que não
procuram buscar a prevenção aborte a hora que quiser a qualquer momento. Mas atente que,
mesmo assim é injusto pois não poderia ser autorizado retirar a vida de um ser que não teve
culpa nessa história, porque o ser concebido pode ser punido por fatos não queridos que
determinaram sua vida, assim esse sofrerá uma pena sem que tenha praticado um crime.
Nesse caso direito a vida deixa de ser fundamental nesse caso? Mas como já foi dito é muito
fácil quando só imaginamos, observe o caso na vida real. Será que você iria querer que sua
mulher ficasse uma gestação inteira para gerar o filho de outro? Será que você conseguiria
criar uma criança que tenha sido fruto de uma relação indesejada? Estas questões são muito
complexas, quando pensamos estar de um lado logo imaginamos os futuros danos.
Diante do exposto, observe que há uma contradição ao que diz nossa Constituição
Federal de 1988 e o Código Penal, pois enquanto uma diz que é inviolável o direito a vida,
outro permite que uma vida seja sacrificada, atente que existe uma enorme contradição legal
sob a ótica jurídica aqui, exposta, surgindo um grande questionamento.
Diante desse questionamento atentamos que não poderia em hipótese alguma uma
legislação ordinária poder permitir em relação a prática do aborto sendo que a lei maior que
está hierarquicamente superior e no patamar máximo estabelece, em seu artigo 5º a
inviolabilidade do direito a vida, assegurando a todos indistintamente. Note que no caso do
aborto há exceções que não teria como não haver, pois carregar no ventre um ser que não seja
desejado em hipótese nenhuma iria fazer a mulher manter esse feto vivo, a não ser em casos
excepcionais O que se pode concluir é que a vida não é um bem tão precioso assim, pois se
assim fosse não seria admitido nenhum tipo de aborto.
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CONCLUSÃO
Hoje em dia se o aborto é um problema ou não cada vez mais não se tem certeza, pois
diante de tanta discussão está cada vez mais difícil se definir qual a melhor medida a ser
tomada. Acontece que vai e vem ano e o assunto continua sempre na mesma essa questão já
por incrível que pareça, esta dependendo da necessidade de cada um que tem como
necessidade o aborto ou é vítima de estupro e por questão de permissão da lei se utiliza do
aborto.
Apesar de haver diversas opiniões sobre a questão do aborto no Brasil e no mundo,
tendo também a discussão de que se deve descriminalizá-lo através de novas leis ou
permanecer com a lei regular, isto é, manter do jeito que está, procuramos demonstrar nossa
opinião sem deixar de observar outras opiniões pertinentes. No decorrer da pesquisa observei
que todas as questões tratadas não chegam a um fim e permanece tudo como está, isto é, o
assunto não tem um fim perante o Congresso Nacional, que não definem se irá
descriminalizá-lo ou não.
Tudo isso se dá pelo fato de existir incontroversas sobre o aborto, mas esse assunto
não está sendo uma questão de legislação, pois todos sabem que tudo tem seu lado positivo e
negativo, no aborto não é diferente, isso porque todos quando vão analisar observam de forma
pessoal, ou institucional, isto é a igreja observa de um jeito, a saúde pública de outro e o povo
desordenadamente de outro. Esta questão vai além, e não é por coincidência que até os dias de
hoje esse assunto é discutido.
Todos sabem que, atualmente no Brasil ocorrem muitos abortos de forma clandestina,
pois as clínicas na maioria das vezes pratica o aborto as escondidas, pelo fato de ser feito na
maioria das vezes escondido e além de estar sendo feito em lugar com poucos recursos
tecnológicos, além de estarem em más condições, muitas mulheres sofrem pós-aborto, pois
ocorrem várias complicações infecções e outras causas que agrava ainda mais o caso. Em
muitos casos a vítima de estupro não denúncia o agressor e quando vê já está com a barriga
aparente, e por não ter como provar, pois seria necessário fazer prova para após prática o
aborto, e na maioria das vezes não denunciam, calando-se ao fato, assim procuram meios para
que não permaneçam com esse feto, e logo vem às clinicas clandestinas.
Como já foi observado, em momento passado o aborto no Brasil é crime e somente em
duas hipóteses, será permitida sua prática, chegamos a parte mais discutida e sem duvida é o
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ponto máximo da questão, pois nossa lei penal entende que quem pratique aborto está
cometendo um crime como outro qualquer e sujeito a pena.
De fato nossa lei penal é punitiva para quem pratica esse crime, mas mesmo sendo
essa lei vigente há quem diga que não poderá praticar o aborto em hipótese alguma, esse
dizem que o Estado deverá se encarregar de sustentar esta criança, além de dar condições na
gravidez.
Contudo, a nossa lei admite a pratica do aborto em caso de estado de necessidade e em
caso de gravidez produzida por estupro. No decorrer da análise se observa que a igreja em
todos os gêneros não admite o aborto, mas será que na prática essa ideia contra o aborto
mesmo para dar fim a um abalo psíquico que sofre uma mulher se mantem? Fica a dúvida,
todos analisam o aborto de forma individual, ou seja, quando isso acontece com uma vítima
distante parece ser normal, sendo assim, fácil analisarmos, pois não esta acontecendo com sua
família. Agora, caso isso ocorra com algum membro de sua família, a pessoa diz que ainda
pode abortar e acabar com o sofrimento daquela mulher, que sente repulsa de si mesma.
Nosso País é laico, como consta em nossa Constituição Federal de 1988 e não tem
uma religião oficial. Alguns dizem que os ditames da Igreja Católica têm muitas influencia
sobre o povo brasileiro, como tem em países cuja religião oficial é esta de fato. Sobre o Brasil
a questão do aborto está em discussão no Congresso Nacional e todos os representantes do
povo que ali trabalham buscam o interesse de sua instituição religiosa o que transforma essa
discussão cada vez mais distante de se concluir e exercer de fato a democracia.
Entretanto, decidir por uma ou outra religião é decisão de cada uma, mas devem-se
decidir os parâmetros do aborto, qual será o momento apropriado, quais hipóteses, quais os
meios para se provar se haverá ou não descriminalização, já observando não ser esta a melhor
opção.
Quando conversamos ou olhamos para uma mulher que é vítima ou foi estuprada,
claramente vemos que esta sente sintomas que perduram durante anos para ser sanado, pois o
abalo psíquico é muito grande, mesmo que ocorra o aborto a pessoa que foi vítima ainda
carrega sequelas.
Assim, se uma mulher que foi estuprada e efetivou a pratica do aborto ainda assim não
leva a vida de antes imagine uma mulher que tenha que carregar uma gestação inteira,
imaginarmos que com certeza alguma coisa de bom não vai acontecer.
Nosso objetivo nesse trabalho foi demonstrar que os embriões têm sim vários direitos
expressos na lei brasileira, direitos expressos na Constituição Federal de 1988, no Código
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Civil, além do Estatuto da criança e do adolescente, bem como a proteção do Código Penal
para pratica do aborto.
Demonstramos também a permissão do aborto em casos previsto na lei penal,
especificando as hipóteses permitidas, os momentos apropriados para pratica do aborto o que
os doutrinadores dizem sobre estas hipóteses.
Concluído, que deveria ser definido o quanto antes a questão do aborto, quanto a
aprovação ou não da nova lei de aborto, quanto aos seus critérios, ou buscar de forma direta
ou indireta um planejamento familiar, garantir segurança a população, apoiar a mãe solteira,
bem como desenvolver instituições de adoção com condições de dar vida digna para essas
crianças que residem nestes locais.
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